CONTROLE DE DEMANDA DE ENERGIA DE UM SISTEMA ELÉTRICO

Ueslei Barbosa Fernandes, Décio Bispo, Jan Henrique Santos Ferraz

Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Elétrica, Uberlândia – MG,
[email protected], [email protected], [email protected]

Resumo – O presente trabalho tem a finalidade de relatar médias de um sistema elétrico, medida em intervalos de
os principais conceitos relativos ao equipamento 15 minutos, durante 24 horas.
denominado controlador de demanda, assim como A partir da curva de carga e tomando como referência
realizar o controle de demanda de potência de um Resolução ANEEL no 414, são definidos os seguintes
sistema elétrico real através do mesmo. Neste controle termos:
busca-se evitar ultrapassagens de demanda contratada,  Demanda contratada: Demanda de potência ativa
de modo que o nível de conforto do usuário seja que é obrigatoriamente e continuamente
minimamente prejudicado, fazendo o uso da energia disponibilizada pela concessionária, no ponto de
disponibilizada de maneira eficiente. entrega;
 Demanda medida: maior demanda de potência
ativa, verificada por medição, durante o período de
Palavras-Chave – Demanda de Potência, Curva de faturamento, expressa em quilowatts (kW);
Carga, Controlador de Demanda, Métodos de Controle.  Demanda de ultrapassagem: parcela da demanda
medida que excede o valor da demanda contratada,
DEMAND CONTROL OF AN ELECTRIC expressa em quilowatts (kW);
POWER SYSTEM  Demanda máxima (DMÁX): É a demanda de maior
valor verificado durante certo período (diário,
Abstract - This paper aims to report the main concepts mensal, anual, etc.);
related to equipment called demand controller, as well as  Demanda média (DMED): É a relação entre a
make the control of the power demand of a real electrical quantidade de energia elétrica (kWh) consumida
system through it. In this control we try to avoid durante certo período de tempo e o número de horas
overtaking demand hired, so that the user's comfort level desse período
is minimally affected, making the use of the available  Fator de Carga (FC): É a razão entre a Demanda
energy as efficiently as possible. média e a demanda máxima da unidade
consumidora, ocorridas no mesmo intervalo de
Keywords – Power Demand, Load Curve, Demand tempo (Δt) especificado, dado pela equação:
Controller, Control Methods. D D .t kWh (2)
FC  MED  MED 
DMÁX DMÁX .t DMÁX .t
I. INTRODUÇÃO
O Fator de Carga expressa se a energia elétrica
Pela definição da resolução 414/10 [1], demanda é a disponibilizada ao sistema elétrico esta sendo utilizada na
média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas íntegra.
ao sistema elétrico pela parcela da carga instalada em
operação na unidade consumidora, durante um intervalo de
tempo especificado, podendo ser expressa pela equação:
t
1 2 (1)
t 2  t1 t1
D p(t ).dt

A demanda é um dos principais fatores utilizados para o

dimensionamento dos circuitos elétricos, é através deste dado
que se dimensionam cabos, transformadores, equipamentos
de proteção, etc.1
Para melhor entendimento sobre as definições e
conceitos relacionados à demanda consideremos a Fig. 1. Curva de Carga genérica. [2]
curva de carga da Figura 1, que representa as potências II. CONTROLE DE DEMANDA

O controle da demanda é feito a partir da elevação do

fator de carga do sistema elétrico mantendo-a mais
próxima do limite da especificação do consumidor
através da programação da utilização das cargas, desta
forma, fazendo o melhor uso da eletricidade.
 Entre os vários benefícios que um sistema de controle de saída digital, no qual é usada pelos equipamentos de controle
demanda pode trazer para uma instalação, destacam-se: de demanda, como entrada de dados.
 Redução da potência ativa e reativa; Os dados obtidos dos medidores da concessionária
 Redução da conta de energia elétrica; juntamente com os dados de entrada específico do usuário,
 Aumento do rendimento e da vida útil dos são variáveis necessárias para a tomada de decisões dos
equipamentos; controladores de demanda, sendo assim, as principais
 Funcionamento do sistema próximo a carga variáveis são:
nominal;  Demanda instantânea;
 A garantia da manutenção dos limites de carga das  Demanda máxima estabelecida;
proteções;  Estrutura tarifária;
 A redução das perdas térmicas - efeito Joule.  Cargas controláveis;
O controle pode ser feito de duas maneiras, manual ou  Cargas não-controláveis;
automático. O controle manual se dá pela observação do  Potência das cargas controláveis,
operador em determinar a distribuição das cargas, o que se  Intervalo de integração dos medidores de energia
torna complicado e ineficiente à medida que aumenta o elétrica;
número de equipamentos da unidade consumidora. Já o  Estado dos equipamentos (ligado/desligado).
controle automático atua em tempo real, isto é, tomam as Analisando as variáveis e as especificações do usuário o
decisões instantâneas de modo a manter a carga dentro da controlador verificará a necessidade de se retirar ou não
meta pré-estabelecida. O presente trabalho propõe um alguma carga elétrica da instalação a fim de manter a
controle de demanda automático das cargas. O método demanda abaixo dos limites pré-estabelecidos.
proposto é vantajoso visto que evita imprevistos e
possibilita atingir os objetivos prescritos pelo C. Métodos de Controle
Com a finalidade de gerenciar a demanda instantânea
consumidor de forma mais eficiente e racional.
adequando-a conforme as especificações do consumidor
A. Controlador de Demanda surgem os métodos de controle que na verdade são
O controlador de demanda automático é um equipamento algoritmos que definem as estratégias de decisões, captando
ou um conjunto de equipamentos com a finalidade de as variáveis de entrada, processando e decidindo a melhor
supervisionar a demanda de energia elétrica de uma solução. É pelo método de controle que determinamos o grau
instalação em tempo real, para adequar características de de precisão de um controlador.
funcionamento das cargas previamente estabelecidas pelo Os medidores de energia registram a demanda integrando
consumidor. a área da curva de demanda da Figura 2 no período ∆t. O
Um controlador de demanda automático deve basicamente período compreendido entre t1 e t2 ou ∆t é chamado de
atender os seguintes fatores: intervalo de integração, e que no caso do Brasil é de 15
minutos. [2]
 Manter o fator de carga o mais próximo possível da
unidade com o mínimo de manobras de cargas;
 Permitir manobras de forma instantânea para
atendimento das especificações;
 Obter os dados de medição do fornecedor em tempo
real para tomada de decisões;
 Delimitar o uso das cargas conforme configuração
do usuário;
 Controle e ordenação das cargas a serem iniciadas;
 Evitar ligação de cargas desnecessárias para o
período especificado. Fig. 2. Intervalo de Integração. [4]

O controlador de demanda não deve atuar sempre que haja Dependendo do método de controle de demanda, saber
tendência de ultrapassagem da demanda, ou seja, não deve quando inicia e termina o intervalo de integração do medidor
retirar cargas de forma prematura, mas agir no momento de energia, torna-se peça fundamental na eficiência do
certo e sobre a quantidade exata de cargas. controlador de demanda.

B. Variáveis de Decisão 1) Método da janela móvel

Para controlar precisamente necessita medir corretamente. Neste método de processamento é como se o controlador
Em termos gerais as informações para controle deverão vir estivesse analisando uma “janela de tempo”, sendo esta
do medidor de energia elétrica da concessionária, pois deste dividida em compartimentos, desta forma, a “janela de
equipamento obtém-se os sinais de controle e as variáveis a tempo” representa a demanda média e os compartimentos da
serem controladas. Por meio do Módulo 5 do PRODIST [3] janela as demandas instantâneas registradas.
que tem como base a norma NBR 14522/2000, os medidores O controlador não está em sincronismo com o medidor da
eletrônicos fabricados no Brasil são obrigados a terem uma concessionária, pois neste método o controlador analisa a
demanda média dos últimos minutos do intervalo, ou seja, o
controlador armazena a demanda média da “janela de conjuntos Fuzzy chega-se ao algoritmo de controle que se
tempo”. A demanda média da janela calculada é comparada adequa as preferências que variam de usuário para usuário.
com a demanda máxima permitida especificada pelo A tomada de decisão do método de controle Fuzzy é
consumidor, e obedece a seguinte lógica de decisão: dividida em quatro etapas. O diagrama da Figura 4 mostra a
 Se a demanda média calculada for menor que a seqüência de operação como também as interações entre as
demanda máxima permitida, ocorre a restauração etapas.
das cargas, se estiverem desligadas, obedecendo as
prioridades e tempos mínimos de ligação;
 Se a demanda média for maior que a máxima
permitida, ocorre o desligamento das cargas
obedecendo à programação.

2) Método preditivo adaptativo

Este método calcula a projeção da demanda dentro do
intervalo de integração, fazendo uma previsão de valor de
potência das cargas em qualquer período do intervalo. Fig. 4. Método de Controle lógica Fuzzy. [6]
O algoritmo preditivo trabalha com a demanda média e
também com a derivada da curva de demanda acumulada, Logo abaixo temos as definiçoes de cada etapa:
verificando tendência e projeções continuadas, o que  Fuzzificação: é a mudança de variáveis reais de
possibilita melhoramentos no chaveamento das cargas e entrada em variáveis difusas, permitindo o
verificação de tendências de demanda da instalação. entendimento pelo algoritmo de controle;
O termo adaptativo significa que o controle se adapta as  Base de conhecimento: é entendida como a
condições atuais do processo, significando que as prioridades memória do método de controle, sendo dividida em
sobre as cargas controláveis podem variar automaticamente dois ramos: base de dados e base de regras. A base
de acordo com as necessidades do processo. de dados tem alojado os conjuntos Fuzzy tanto os
A Figura 3 mostra como o algoritmo se comporta. O de entrada de processo como os de saída de
algoritmo verifica uma variação da taxa de crescimento da processo. A base de regras esta relacionada com as
demanda em t1 e faz a previsão que em t2 ocorrerá uma tomadas de decisões do método;
ultrapassagem, portanto após t1, já são adotadas medidas no  Inferência difusa: é a mente pensante do método,
sentido de não deixar essa ultrapassagem ocorrer. pois verifica as entradas e compatibiliza a saída no
mesmo nível das entradas analisando a base de
regras;
 Defuzzificação: transforma as variáveis de saída
difusas em valores reais.

4) Método utilizando Algoritmo Genético

Algoritmos Genéticos (AG’s) é uma estratégia de busca
de soluções, inspirada na Biologia Evolutiva, onde os
indivíduos mais aptos sobrevivem pela seleção natural,
carregando características genéticas de seus pais e estando
sujeitos a variações aleatórias em seus genes. A ciência da
computação adaptou esses conceitos, codificando os
Fig. 3. Método Preditivo Adaptativo. [5] parâmetros da solução de um problema como cromossomos
ou indivíduos, dentro de um conjunto de soluções chamado
3) Método de controle utilizando lógica Fuzzy população [7].
A Lógica Fuzzy, também nomeada de Lógica Nessa População há uma competição entre seus indivíduos
Nebulosa ou Lógica Difusa tem o objetivo de para a reprodução, sendo assim, os indivíduos mais aptos tem
compreender e tomar decisões mediante situações maior probabilidade de transmitir suas características.
incertas ou confusas, procurando raciocinar como o ser O escopo do método é fazer com que os cromossomos
humano, um método capaz de traduzir expressões verbais evoluam ao longo das gerações, também chamadas de
que em grande parte são vagas, imprecisas e qualitativas iterações, produzindo soluções cada vez melhores até que se
comuns na comunicação humana e associá-las a valores chegue a uma boa solução do problema, que não é
numéricos compreensíveis para os computadores necessariamente a solução ótima. A cada geração, a
possibilitando a inclusão das experiências de operadores população é avaliada a partir da aplicação de uma função
humanos na tomada de decisões de problemas complexos aptidão que reflete a qualidade da solução que ele apresenta.
encontradas no controle de processos. Os cromossomos mais aptos são selecionados e os menos
Na lógica Fuzzy o nível de conforto, necessidades aptos são descartados [8].
econômicas individuais por carga são parâmetros Ultimamente vem sendo desenvolvido trabalhos pra
adicionados na tomada de decisão, desta forma, com a otimização de demanda e faturamento de energia elétrica,
utilização de algumas ferramentas matemáticas como os objetivando encontrar a menor demanda a ser contratada para
a instalação, mas muito se pode fazer com o uso desta III. ESPECIFICAÇÃO DO CONTROLADOR DE
ferramenta no parâmetro de controle de demanda, sendo uma DEMANDA
delas, verificar a melhor programação das cargas para que a
demanda contratada não seja ultrapassada. Para correta especificação de um controlador de demanda
propõe-se atender as seguintes etapas:
5) Método utilizando Redes Neurais Artificiais  Obter o diagrama unifilar da instalação;
Uma Rede Neural Artificial (RNA) é um modelo  Obter a curva de carga do sistema elétrico;
computacional que compartilha algumas propriedades do  Verificar a estrutura tarifária contratada;
cérebro humano, sendo que a propriedade mais relevante das  Realizar um estudo da instalação, determinando os
redes neurais é a habilidade em aprender e com isso melhorar hábitos de consumo, as possíveis cargas que
seu desempenho. Uma RNA consiste de elementos de possam ser desconectadas em determinados
processamento (neurônios) e suas conexões (sinapses) – períodos e verificar a melhor forma de seqüência
Figura 5. Cada neurônio pode ter várias entradas, porém de manobra dos equipamentos;
somente uma saída.  Determinar as cargas a serem controladas
verificando o tipo, o número de equipamentos, a
sua localização na instalação e a existência de rede
de comunicação para o mesmo;
 Escolher o método de controle mais adequado para a
instalação;
 Escolher uma forma de comunicação com os
equipamentos, montando uma rede de
comunicação.
Em termos práticos será realizado paralelamente à
Fig. 5. Rede Neural Artificial. [9]
especificação do controlador o estudo de um caso real,
respeitando as etapas para o melhor dimensionamento deste
As RNA’s apresentam duas fases de processamento. A equipamento para uma instalação elétrica.
primeira fase é denominada por treinamento, onde se
A. Levantamento dos dados
caracteriza pela apresentação de padrões de entrada com o
objetivo de mapear o conhecimento que a rede deve 1) Diagrama Unifilar
aprender. Nesta fase o erro é medido pela diferença entre a O diagrama unifilar é um importante elemento gráfico que
saída obtida a cada iteração do treinamento e o resultado que representa os equipamentos instalados com também uma
se deseja obter. Quando o erro atinge um valor satisfatório, o visualização hierárquica do sistema elétrico implantado. Por
processo de treinamento é encerrado e o conhecimento meio dele, podemos verificar as características principais de
obtido é armazenado sob a forma de uma matriz numérica, uma instalação como ponto de ligação, medição,
conhecida como matriz de pesos sinápticos. A segunda fase é transformação, proteção e controle.
a fase de execução. O fornecimento de energia para UFU campus Santa
Na fase de execução cada entrada Xi - Figura 5, no Mônica é em media tensão – 13,8 kV, a partir de um
neurônio é multiplicada pelo peso sináptico correspondente alimentador aéreo da CEMIG (Companhia Energética de
Wij (peso da entrada i do neurônio j), O resultado de cada Minas Gerais), e tem seu ponto de entrega na subestação da
multiplicação é então somado, logo depois, a soma é aplicada Biblioteca do campus, onde se encontra o medidor da
a uma função de ativação F, obtendo-se a saída do neurônio – concessionária, local em que se liga o controlador de
equação 3. demanda. A distribuição interna se dá por várias subestações
 n  (3) de média tensão, conforme ilustrado na Figura 6, onde se tem
OUT  F   X iWij 
 i 1  4 destas cabines de distribuição em destaque.
No controle de demanda a utilização deste método pode
ser feita criando uma RNA pra cada dia da semana, sendo
que os padrões de entrada podem ser compostos pelo horário
no qual se deseja realizar o controle, pelos últimos valores de
medição da demanda e pelo valor de demanda da última
semana, no mesmo horário e dia da semana, no qual o
controle será realizado. A partir dessas informações, que
formam um padrão de entrada, a RNA é capaz de fornecer
uma resposta, ou seja, uma previsão de carga para o horário
desejado permitindo o controle por parte de um equipamento Fig. 6. Cabines de distribuição UFU-Santa Mônica.
destinado a esse fim.
2) Curva de Carga
A curva de carga é a representação gráfica das demandas
registradas com as devidas variações horárias, diárias e
mensais. O medidor da concessionária é quem faz o registro
da demanda. Os medidores da concessionária possuem um controlador de demanda, que na maioria das vezes vem
registro das grandezas elétrica, chamada de memória de especificado junto à escolha do controlador. Muitos
massa, onde são registrados normalmente 3 grandezas fabricantes destes equipamentos já especificam o software e
elétricas: demanda ativa, demanda reativa e tensão. Todo conseqüentemente o método de controle adotado, portanto
mês a memória de massa da instalação é lida por um este parâmetro tem de ser verificando junto à escolha do
funcionário da concessionária e baseado nesta leitura emite a controlador.
fatura da instalação. Tabela 1- Descrições das cargas controláveis.
Pela memória de massa do campus foi possível traçar a
curva de carga do dia 18 de março/2010 – Figura 7, podendo
assim verificar o hábito de consumo durante o decorrer de
um dia no campus.

Curva de Carga ‐ Santa Mônica

1400

1200

1000

800

600
Tabela 2 – Sequência de manobras
400

200

0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
:0 :3 0
: :3 :0 3
: :0 :3 0
: :3 :0 3
: :0 :3 0
: :3 :0 3
: :0 :3 0
: :3 :0 3
: :0 :3 0
: :3 :0 3
: :0 :3 0
: :3 :0 3
: :0 :3 0
0 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 0 0 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 0 0 1 1 2 2 3 3 :0
: :3 :0 3
: :0 :3 0
: :3 :0 3
: 0
0
: 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 0
0
0 :0

Demanda Ativa(kW)

Fig. 7. Curva de carga do campus em 18 de março/2010.

3) Estrutura Tarifaria
A fatura de energia elétrica é uma síntese dos parâmetros
de consumo e uma análise histórica destas faturas apresenta
uma boa diversidade de informações e permite estabelecer
relações importantes entre hábitos e consumo. Importantes 6) Comunicação Equipamentos
dados que podem ser retirados das faturas de energia elétrica A comunicação do controlador de demanda com o
é a estrutura tarifária contratada assim como as demandas medidor de energia e os demais equipamentos do processo
contratadas da instalação. Pela fatura do campus Santa como extensores de controle de carga e computadores são
Mônica obteve-se a seguintes informações: feitas das seguintes maneiras:
 Estrutura Tarifaria: Horo-Sazonal Azul;  Por cabo: Porta serial RS-485 ou RS-232;
 Demanda Ativa contratada HFP: 1320 kW;  Ethernet;
 Demanda Ativa contratada HP: 900 kW;  Por radio freqüência: GSM/GPRS, WI FI;
 Horário de Ponta escolhido: 18h às 21h.  Por Fibra Óptica.
4) Definições de Controle B. Análise de Controle
As definições de controle referem-se a determinar as Para melhor entendimento da análise do controle de
cargas que serão controladas, as suas potências e a ordem demanda do campus será feito uma suposição em que todas
que serão manobradas. as cargas definidas a serem controladas estejam ligadas.
Para o sistema elétrico do Campus Santa Mônica foi Portanto analisando a curva de carga da instalação –
adotado como definições de controle os condicionadores de Figura 8, verifica-se dois pontos de ultrapassagem, sendo
ar dos anfiteatros de alguns blocos. eles o “ponto 1”, que representa uma ultrapassagem no
a) Cargas controláveis: Condicionadores de ar dos blocos horário fora de ponta e o “ponto 2” que representa uma
1X, 1B, 3C e 3Q, em que as localizações das cargas pelo ultrapassagem no horário de ponta.
campus podem ser vistas pela Figura 6. Pela tabela 3 verifica-se o momento e a potência
b) Potência das cargas controláveis: A tabela 1 mostra as excedente nesses dois pontos.
definições e características das cargas controláveis. Através da Tabela 3 pode-se observar seis instantes em
c) Ordem das cargas a serem manobradas: Por definição que se tem ultrapassagens sobre a demanda contratada. No
de prioridade os primeiros condicionadores de ar a serem “ponto 1”, tem-se medições realizadas no horário fora de
desligados serão os do bloco 3Q. A tabela 2 mostra a ponta, neste ponto observa-se que as ultrapassagens não
seqüência de desligamentos das cargas e iniciação após a excedem a tolerância permitida, ainda assim a ultrapassagem
adequação da demanda da instalação. pela demanda contratada já deve ser motivo de preocupação,
pois evidencia uma tendência de subida da curva de carga. Já
5) Método de controle
no “ponto 2” tem-se três medições de demanda no horário de
O método de controle é tão importante para o correto
ponta, e observa-se inclusive que em um destes intantes esta
funcionamento da instalação quando na presença de um
demanda excede à demanda contratada somada a tolerância IV. CONCLUSÕES
permitida (5%). Com isso sobre o que excedeu a demanda
contratada seria aplicada a tarifa de demanda aplicada no O método proposto é bem simples e aplicável, porém para
horário de ponta multilicada por dois. especificar um controlador de demanda para uma instalação
elétrica deve-se levantar uma grande quantidade de dados
antes da escolha do equipamento, o que muitas vezes pode
ser trabalhoso. Sendo assim o presente trabalho nos dá uma
síntese de como pode ser feito o estudo possibilitando
agilidade e dinâmica na especificação de um controlador de
demanda. É bom destacar que esse equipamento pode ser
utilizado para controle do fator de potência o que amplia o
seu raio de atuação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica (2010).

Fig. 8. Pontos de ultrapassagem da demanda contratada. Estabelece, atualiza e consolida as Condições Gerais de
Tabela 3 – Descrição dos pontos de Ultrapassagem.
Fornecimento de Energia Elétrica de forma atualizada e
consolidada. Resolução 414 de 09 de setembro de
Ultrapassage
Medida (kW)

contratada +
Contratada

contratada

Tolerância
(5%) (kW)
Demanda

Demanda

Demanda
demanda
Horário

2010,124 p.
Ponto

m da
(kW)

(kW)

[2] SANTOS, A.H.M.;SIMÕES,A. A; e outros.

Conservação de energia:eficiência energética de
1 15:00 1327 1320 7 1386 instalações e equipamentos. Itajubá: FUPAI, 2001.467
1 15:15 1332 1320 12 1386 p.
[3] ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica (2010).
1 15:30 1327 1320 7 1386
Procedimento de distribuição de energia elétrica no
2 18:45 922 900 22 945 sistema elétrico nacional – PRODIST.Módulo 5:Sistema
2 19:00 924 900 24 945 de medição de 01 de janeiro de 2010, 32 p.
2 19:15 950 900 50 945 [4] NEUSSER, Lukas. Bases teóricas e experimentais para o
gerenciamento da demanda em prédios públicos de
Como observado, necessita-se efetuar o controle nas ensino: o caso da Universidade Federal de Santa Maria.
cargas disponíveis obedecendo à seqüência de desligamento 2009. 149 f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de
adotada. Pela tabela 2 verificamos que a primeira carga a ser Centro de Tecnologia, Universidade Federal de Santa
desligada é do bloco 3Q-Split 8, e pela tabela 1 têm-se a Maria, Santa Maria-RS, 2009, il.color.
potência da carga que neste caso é de 14,08kW. [5] ANDREOLI, André L.. Sistema de Controle de
No caso do “ponto 1”, apenas o desligamento da unidade Demanda e Fator de Potência aplicado a consumidores
Split 8 já adequaria a demanda abaixo da demanda de pequeno e médio porte. XV Congresso Brasileiro de
contratada. Já no caso do “ponto 2” seria desligado no Automática - CBA, UFRGS. Gramado - RS.,
horário 18:45 a carga Split8 e Split7 e a demanda média Setembro/2004. 6 p.,il. color.
neste momento estaria em torno de 893,84kW. [6] RODRIGUES, Humberto de Ávila. Gerenciamento da
No horário 19:00 seria de 895,84kW, e neste instante o demanda de energia elétrica em um restaurante
controlador já analisaria a possibilidade de desligamento de universitário utilizando a lógica difusa: análise da
outra carga. No horário 19:15 seria necessário o composição deste insumo nos custos da refeição. 2004.
desligamento além do Split8 e Split7 as cargas Split6 e Split5 151 f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Pós-
totalizando 56,32 kW de retirada de carga, sendo assim, a graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal
demanda média neste instante seria de 893,68 kW, a partir de Uberlândia, Uberlândia, 2004, il.
deste instante, como verificado na curva de carga da Figura 8 [7] VISCONTI. I. F.; SOUZA. L. F. W. D. Modelagem de
a demanda média está abaixo da contratada e as cargas carga baseada em medições utilizando algoritmos
podem ser restabelecidas obedecendo a seqüência de ligação. genéticos. Décimo Tercer Encuentro Regional
Se a demanda continuasse a aumentar as cargas seriam Iberoamericano de Cigré (2009). Puerto Iguazú –
desligadas obedecendo à seqüência da tabela 2, para desta Argentina.
forma, manter a demanda média abaixo da contratada. [8] SOKEI. C.T.; RAMOS. D.S.; SILVA FILHO D. Modelo
Lembrando que este controle é feito de forma genérica já para sanolização de contratos de energia utilizando
que existem métodos de controle que se adaptam ao sistema algoritmos genéticos. Décimo Tercer Encuentro
naquele instante, desligando cargas próximas da potência Regional Iberoamericano de Cigré (2009). Puerto Iguazú
necessária para manter a curva de carga abaixo da demanda – Argentina.
contratada. [9] ARAUJO, K. A. M.; LOTUFO, A. D. P. Previsão de
cargas eletricas através de uma rede neural feedforward
com treinamento por Levenberg – Marquardt utilizando
as Toolboxes do Matlab. Faculdade de Engenharia
Elétrica de Ilha Solteira - Unesp.