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Otoplastia

O documento apresenta uma técnica de otoplastia para correção de orelhas proeminentes, utilizando raspagem da cartilagem auricular e pericondrioplastia com fixação na mastóide. A experiência foi baseada em 80 pacientes, resultando em um aspecto natural e evitando o estigma de orelha operada, com baixa taxa de recidiva. A abordagem combina várias técnicas cirúrgicas para garantir resultados estéticos satisfatórios.

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Otoplastia

O documento apresenta uma técnica de otoplastia para correção de orelhas proeminentes, utilizando raspagem da cartilagem auricular e pericondrioplastia com fixação na mastóide. A experiência foi baseada em 80 pacientes, resultando em um aspecto natural e evitando o estigma de orelha operada, com baixa taxa de recidiva. A abordagem combina várias técnicas cirúrgicas para garantir resultados estéticos satisfatórios.

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ARTIGOOtoplastia

ORIGINAL Vendramin
Franco
com técnica de raspagem de cartilagem auricular T FS et al. com pontos no pericôndrio e fixação na mastóide
et al.
e remodelação

Otoplastia com técnica de raspagem de cartilagem


auricular e remodelação com pontos no pericôndrio e
fixação na mastóide
Otoplasty using cartilage abrasion and perichondrioplasty and conchamastoide
suture

Silvio Frizzo Ognibene1 RESUMO


Aymar E. Sperli2 Introdução: A deformidade congênita conhecida como orelha proeminente já foi tratada
José Octavio G. de Freitas3 com diferentes técnicas. Diversos métodos utilizados para a correção do ângulo céfalo-
Silvio de Freitas Ognibene4 auricular e escafo-conchal são utilizados tanto por autores estrangeiros como brasileiros.
Método: Este trabalho foi realizado com 80 pacientes, visando demonstrar a experiência
do autor sênior na combinação de diversas técnicas. O tratamento da anti-hélix foi feito por
meio da raspagem da cartilagem, buscando seu enfraquecimento, e posterior modelação,
com a pericondrioplastia, enquanto o tratamento da concha foi feito pela sua fixação na
mastóide após esvaziamento. Todos os pacientes foram operados no período da manhã sob
anestesia local e sedação, com alta no mesmo dia. Resultados: A técnica resulta em aspecto
visual bastante natural, evitando assim o “estigma de orelha operada”, já que a cartilagem
não é quebrada, sendo somente enfraquecida e posteriormente remodelada com pontos.
Descritores: Orelha externa. Cirurgia plástica. Otopatias/cirurgia.

SUMMARY
Introduction: Prominent ear has been treated with many different methods. The surgical
correction of the conchoscaphal angle and of the distance between the antihelix rim and
temporal scalp has been performed both by Brazilian and foreign surgeons. Methods:
Trabalho realizado nos Serviços This paper describes our experience with the combination of different surgical techniques
Integrados de Cirurgia Plástica - in the correction of prominent ears of 80 patients. The method includes the abrasion of the
Hospital Ipiranga - SBCP/MEC, antihelix, so as to weaken it, and then its reshaping with perichondrioplasty. Concha was
São Paulo, SP.
attached to the mastoid after removal of the posterior auricular muscle. Results: All patients
Artigo submetido no SGP were operated in the morning, with local anesthesia and sedation, and were discharged in
(Sistema de Gestão de
Publicações) da RBCP.
the same day. The result shows a very natural look due to the weakening of the cartilage
by abrasion, not breakage, and its reshaping with adequate sutures.
Artigo recebido: 3/4/2010
Artigo aceito: 26/4/2010 Descriptors: External ear. Plastic surgery. Ear diseases/surgery.

1. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica; Preceptor de ensino de residentes do Hospital Ipiranga.
2. Membro Titular da SBCP; Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC); Regente dos Serviços Integrados de Cirurgia Plástica - Hospi-
tal Ipiranga (SICP-HI - Hospital Ipiranga).
3. Membro Titular da SBCP; Membro Titular do CBC; Chefe dos SICP-HI - Hospital Ipiranga.
4. Membro Titular da SBCP.

Rev. Bras. Cir. Plást. 2010; 25(2): 271-7 271


Ognibene SF et al.

INTRODUÇÃO A

A “orelha em abano” é uma deformidade que se caracte-


riza pelo aumento da projeção do pavilhão auricular distante
do crânio, e de aspecto disforme.
A deformidade em abano pode ser decorrente da hiper-
trofia da concha, do apagamento da anti-hélix, ou de ambas as
alterações. As diferentes deformidades implicam em técnicas
diversas para sua correção e a associação de técnicas possi-
bilita a obtenção de resultado estético mais natural e redução
da necessidade de novas operações1-3.
Na orelha em abano ocorre a alteração da medida de dois
ângulos: o céfalo-auricular e o escafo-conchal.
O ângulo céfalo-auricular é o que fica entre a orelha e o
crânio; normalmente, mede entre 20 e 30o1,4,5, sendo conside-
rado limítrofe até 45o2, ou ainda de 1,8 a 2 cm4,3,6. O ângulo
escafo-conchal é medido entre a anti-hélix e a concha, e deve
ser próximo a 90o2,4.
O objetivo desse trabalho é demonstrar a experiência do
autor sênior na combinação de diversas técnicas de otoplastia
para correção de distintas deformidades da orelha. B

MÉTODO

Nosso trabalho é um estudo dos resultados cirúrgicos


obtidos em 80 pacientes submetidos à cirurgia de otoplastia,
todos pela mesma técnica cirúrgica descrita a seguir. Setenta
e oito (97,5%) pacientes foram operados bilateralmente e dois
(2,5%) unilateralmente.
As cirurgias foram realizadas no período entre fevereiro
de 2000 e agosto de 2003 (três anos e seis meses) em clínica
particular e em hospital público.
A idade dos pacientes variou de 8 anos a 53 anos, com
média de 19,17 anos e 46 deles (57,5%) eram do sexo
masculino. Quanto à raça, 30 (37,5%) eram negros, 48 (60%)
brancos e dois (2,5%) tinham ascendência asiática.

Marcação dermatológica
A pele de todos os pacientes foi marcada com caneta Figura 1 – A: Demarcação pré-operatória, face anterior;
dermatológica, com os indivíduos em posição ortostática. B: Demarcação pré-operatória, face posterior.
Primeiramente, foram feitas marcações de referências da
anti-hélix na sua porção superior e inferior (Figura 1A). Em
seguida, foi realizada a marcação cutânea da parte posterior
da orelha, indicando a porção a ser ressecada, mais ou menos sulco retroauricular. Ressecou-se a faixa de pele, descolando-
larga, conforme o caso (Figura 1B). se a pele e o tecido subcutâneo do pericôndrio (Figura 3).
Incisou-se o pericôndrio, descolando-o da cartilagem e
Técnica operatória isolando-o (Figura 4).
A cirurgia teve início com infiltração com solução de lido- Procurou-se obter pericôndrio espesso, com completa
caína (20 ml a 2%) mais adrenalina (solução milesimal, 1 ml, limpeza da cartilagem. Realizou-se incisão de aproxima-
a 1:200.000) em soro fisiológico (180 ml a 0,9%) (Figura 2). damente 2 mm na porção posterior da cartilagem ao nível
Incisou-se uma faixa de pele demarcada na região poste- da concha, por onde foi introduzido o descolador para a
rior do pavilhão auricular, sendo a cicatriz resultante final no confecção de um túnel na face anterior da cartilagem, em

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Otoplastia com técnica de raspagem de cartilagem auricular e remodelação com pontos no pericôndrio e fixação na mastóide

Figura 2 – Infiltração local. Figura 5 – Introdução de descolador pela face posterior.

Figura 3 – Descolamento da pele, separando-a do pericôndrio. Figura 6 – Raspagem da face anterior da anti-hélix.

Figura 4 – Incisão e descolamento do pericôndrio. Figura 7 – Ressecção do músculo auricular posterior.

Rev. Bras. Cir. Plást. 2010; 25(2): 271-7 273


Ognibene SF et al.

Foram passados dois pontos de sutura para apro-


ximação da concha à mastóide, com fio de náilon 4.0
(Figura 8).
Após o tratamento da concha, retomamos à anti-hélix.
Foram então passados pontos (com fio de náilon 5.0) no
pericôndrio que foi descolado, primeiro na porção ante-
rior e depois na posterior, como se fosse um “jaquetão”,
e que, dependendo da tensão produzida, arredondou mais
ou menos a anti-hélix (Figura 9).
O restante do pericôndrio na porção inferior foi
aproximado também com fio de náilon 5.0. A pele foi
suturada com pontos (fio de náilon 6.0) separados em U
e em sutura simples.

Curativo
O curativo foi feito com algodão molhado, para
moldar a orelha na sua porção anterior, e gaze e compressa
Figura 8 – Sutura de aproximação da concha à mastóide. tipo Zobec®, para auxiliar na proteção e acolchoamento
da orelha. Foi feito curativo com “capacete” de atadura,
que permaneceu por 48 horas, e foi trocado, no ambula-
tório, por uma faixa de helanca, que protegeu a orelha de
eventuais traumas e foi mantida por 30 dias.

Orientações e conduta pós-operatórias


Foram administrados antibioticoterapia, antiinflama-
tório não-hormonal e analgésicos e os retornos ambulato-
riais ocorreram no segundo dia pós-operatório, no 6 o dia
e no 10 o dia, 1 mês, 2 meses, 6 meses e 1 ano

RESULTADOS

Foram operados 80 pacientes pela mesma asso-


ciação de técnicas. As deformidades foram corrigidas
pela raspagem da cartilagem com pericondrioplastia
associada à fixação da concha na mastóide conforme a
extensão e o posicionamento da deformidade (o “abano”).
Os resultados foram bastante satisfatórios e preser-
Figura 9 – “Jaquetão” de pericôndrio (modelagem da anti-helix). varam a harmonia e a suavidade das curvas naturais da
orelha (sem “dentes”, “degraus” ou arestas), eliminando
assim o aspecto e o estigma da “orelha operada”.
todo o trajeto da anti-hélix que se pretendia moldar em Não foram observadas complicações precoces, tais
sua porção superior e inferior (Figura 5). como infecções, hematomas ou necroses. A observação
Pelo túnel que foi descolado, foi introduzido um dos pacientes pelo período de um ano mostrou que não
instrumento curvo apropriado, com o qual foi feita a houve casos de condrite ou extrusão de fios de sutura.
raspagem na face anterior da anti-hélix, de modo a apenas Um (1,25%) paciente apresentou hipertrofia cicatricial,
enfraquecê-la o suficiente para torná-la débil, e tendo-se sendo tratado com corticoterapia local, com resolução
o cuidado de não fraturá-la (evitando-se dobras agudas completa do quadro. Houve um caso (1,25%) de reci-
ou cortantes) (Figura 6). diva de abano no pólo superior do pavilhão auricular; o
Procedemos, então, à ressecção do músculo auricular paciente foi um dos primeiros a serem operados.
posterior (Figura 7), criando-se, assim, espaço para rodar As Figuras 10 e 13 ilustram alguns pacientes operados
a concha e embuti-la na mastóide. pertencentes à casuística.

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Otoplastia com técnica de raspagem de cartilagem auricular e remodelação com pontos no pericôndrio e fixação na mastóide

A A

B B

Figura 10 – Paciente 1. A: aspecto pré-operatório; B: aspecto Figura 11 – Paciente 2. A: aspecto pré-operatório; B: aspecto
após 12 meses. após 12 meses.

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Ognibene SF et al.

Figura 13 – Detalhes pós-operatórios de vários pacientes. Vista


lateral demonstrando o aspecto natural após 1 ano.

DISCUSSÃO

Acreditamos que diferentes deformidades de orelha


devam ser corrigidas por técnicas diversas7, levando assim
a maior naturalidade e harmonia do conjunto. A técnica de
otoplastia utilizada por nós nesses 80 pacientes não é solução
para todo tipo de orelha “em abano”, e sim uma associação de
diversas técnicas já descritas e consagradas. Trata-se de uma
associação sistemática de técnicas, com que conseguimos
melhorar e padronizar nossos resultados.
Utilizamos a raspagem anterior da cartilagem8, buscando
uma quebra da mola cartilaginosa e seu melhor arredonda-
mento. A vantagem da raspagem é conseguirmos melhor
Figura 12 – Paciente 3. A: pré-operatório; B: aspecto após 24 controle na espessura da cartilagem, apenas enfraquecendo-
meses. a, sem riscos de fraturá-la. A taxa de recidiva do abano que

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Otoplastia com técnica de raspagem de cartilagem auricular e remodelação com pontos no pericôndrio e fixação na mastóide

encontramos (1/80 ou 1,25%) foi bastante baixa. Na litera- realização da cirurgia (estigma da orelha operada), o que nos
tura, a taxa de recidivas relatada é de 3,7% 9. motiva a manter esta conduta como a de primeira escolha no
A pericondrioplastia “em jaquetão” apenas estabiliza o tratamento de nossos pacientes.
formato dado pela raspagem, diminuindo a força de resis-
tência contrária na área de sutura9-11. AGRADECIMENTOS
Para o tratamento do ângulo céfalo-auricular, é utilizado o
esvaziamento da mastóide e a rotação da concha, embutindo- Aos Drs. Daniel Ferraz Rodrigues Branco e Fernando
a e suturando-a no periósteo da mastóide, o que resultou em Aranha Fróes Filho, pelo trabalho de documentação fotográ-
aspecto bastante natural. Esse mesmo resultado já havia sido fica e revisão do texto final.
relatado na literatura3,7,12.
Os melhores e mais naturais resultados no tratamento da
REFERÊNCIAS
concha são percebidos nas pequenas e médias hipertrofias.
Nas grandes hipertrofias, deve-se ter a atenção para não 1. Vianna RR. Cirurgia estética das orelhas. In: Mélega JM, Zanini SA,
estenosar o conduto auditivo externo1,3,4, nem provocar uma Psillakis JM, eds. Cirurgia plástica reparadora e estética. 2a ed. São
proeminência da cruz da hélix de aspecto indesejável 3,13. Paulo:Medsi;1992. p.665-73.
2. Souza AM, Jorge RC. Cirurgia estética da orelha. In: Cardim VL,
As complicações são muito raras3,4, podendo contudo
Marques A, Morais-Besteiro J, eds. Sociedade Brasileira de Cirur-
ocorrer como em qualquer cirurgia. O índice de complicações gia Plástica, Estética e Reconstrutiva - Regional São Paulo. São
e intercorrências da associação das técnicas utilizadas por Paulo:Atheneu;1995. p.145-50.
nós não é superior ao das outras técnicas, tanto no que diz 3. Spira M. Otoplasty: what I do now. A 30-year perspective. Plast Re-
respeito a infecções, hematomas ou necrose. As condrites constr Surg. 1999;104(3):834-40.
4. Franco T, Rebello C. Otoplastias. In: Franco T, Rebello C, eds. Cirurgia
e extrusões de fios ocorrem com mais frequência quando estética. Rio de Janeiro:Atheneu;1977. p.181-201.
a sutura é feita na cartilagem3. Não observamos, em nossa 5. Tanzer RC, Converse JM. Deformities of the auricle. In: Converse
casuística, nenhum caso de condrite ou extrusão, por não JM, ed. Reconstructive plastic surgery. Principles and procedures in
termos suturado cartilagem, apenas pericôndrio. correction, reconstruction and transplantation. Philadelphia:W. B.
Saunders;1964. p.1073-106.
Os pacientes submetidos à otoplastia, em geral, queixam- 6. Spira M, McCrea R, Gerow FJ, Hardy SB. Correction of the principal de-
se de dor leve, principalmente com o uso da faixa. A dor de formities causing protruding ears. Plast Reconstr Surg. 1969;44(2):150-
forte intensidade pode ser alerta para infecção ou hematomas, 4.
ou ainda por excesso de compressão do curativo ou da faixa 7. Furnas DW. Correction of prominent ears by conchamastoid sutures.
Plast Reconstr Surg. 1968;42(3):189-93.
elástica.
8. Stenstroem SJ. A “natural” technique for correction of congenitally
prominent ears. Plast Reconstr Surg. 1963;32:509-18.
CONCLUSÃO 9. Sperli AE. Tratamento cirúrgico da orelha em abano: técnica pessoal.
Rev Latino-Am Cir Plást. 1969;XIII(1-4):3-7.
10. Ohlsén L, Vedung S. Reconstructing the antihelix of protruding ears
Concluímos que, para o tratamento da orelha proemi- by perichondrioplasty: a modified technique. Plast Reconstr Surg.
nente, podemos obter bons resultados quando associamos 1980;65(6):753-62.
técnicas já consagradas, satisfazendo assim tanto paciente 11. Sperli AE. Oto-pericondrioplastia: atualização da técnica. Rev Soc Bras
como cirurgião. A associação das técnicas é de fácil reali- Cir Plást. 1998;13(3):7-14.
12. Owens N, Delgado DD. The management of outstanding ears. South
zação e aprendizado e, na nossa casuística, não gerou Med J. 1965;58:32-3.
complicações. O resultado estético final tem aspecto natural, 13. Hatch MD. Common problems of otoplasty. J Int Coll Surg.
sem irregularidades perceptíveis ou que deixem evidente a 1958;30(2):171-8.

Correspondência para: Silvio Frizzo Ognibene


Av. Rebouças, 353 cj. 61/62 – Cerqueira César – São Paulo, SP, Brasil – CEP 05401-000
E-mail: [email protected]

Rev. Bras. Cir. Plást. 2010; 25(2): 271-7 277

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