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Boletim Do Ouro

Legalidade da Produção de Ouro no Brasil - UFMG

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Legalidade da Produção de Ouro no Brasil - UFMG

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Boletim do Ouro

2021-2022
Bruno Antônio Manzolli & Raoni Rajão
Centro de Sensoriamento Remoto (CSR)
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Contato: [email protected]

Manzolli, B. A., Rajão, R. (2022) Boletim do Ouro 2021-2022.


CSR/UFMG.
Em julho de 2021 foi lançado o estudo "Legalidade da Produção de Ouro no Brasil" [1], fruto
de uma parceria entre pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais com
procuradores da república, que de forma inédita apresentou uma metodologia para estimar
o nível de conformidade legal da mineração de ouro, sobretudo aquela realizada em
garimpos. Este boletim visa atualizar as informações para o período de janeiro de 2021 até
junho de 2022, com um breve panorama do cenário nacional. O ano de 2021 foi marcado
por uma estabilização da cotação internacional do ouro sobretudo se comparado com 2020,
quando o metal atingiu o seu maior preço já registrado. Em março de 2022, o valor em
USD/oz, pela London Bullion Market Association (LBMA) se aproximou da máxima de USD
2.067,15/oz, alcançando USD 2.039,05/oz [2] (ver figura 1).

Fig. 1: Cotação do ouro em USD/oz. Fonte: LBMA

A alta valorização do metal no mercado internacional estimulou a prospecção por novas


frentes de lavra pelo mundo. No Brasil não foi diferente, com o avanço ocorrendo sobretudo
na região amazônica por meio do garimpo. Entre janeiro de 2021 e junho de 2022, foram
protocolados na Agência Nacional de Mineração (ANM) 1.585 requerimentos de lavra
garimpeira, etapa inicial para quem busca obter o título de lavra garimpeira que autoriza a
exploração, e 252 títulos outorgados. Já os requerimentos de pesquisa somaram 4.375, com
3.140 títulos publicados e 85 guias de utilização emitidas. Ao avançar no processo de
pesquisa da área de interesse, e ter o relatório final de pesquisa aprovado, o processo pode
ensceaefawea
seguir para a fase de Concessão de Lavra. No período foram protocolizados 62
requerimentos de lavra e 33 portarias de concessão de lavra foram publicadas.

Alvará Concessão de
PLGs Req de
UF Req de PLG Pesquisa GU Publicado Req de Lavra Lavra
Publicadas Pesquisa
Publicado Publicado
AL ̶ ̶ 11 7 ̶ ̶ ̶
AM 97 ̶ 110 85 ̶ ̶ ̶
AP 12 ̶ 52 17 2 ̶ ̶
BA 22 ̶ 375 368 8 2 ̶
CE ̶ ̶ 111 31 2 ̶ ̶
ES ̶ ̶ 8 10 ̶ 2 ̶
GO 191 2 800 697 18 13 7
MA 8 ̶ 26 8 ̶ ̶ ̶
MG 18 1 697 537 24 25 16
MS ̶ ̶ ̶ 11 ̶ ̶ ̶
MT 395 112 696 541 13 ̶ 3
PA 579 133 670 302 8 7 2
PB ̶ ̶ 53 50 ̶ ̶ ̶
PE ̶ ̶ 52 35 ̶ ̶ ̶
PR 7 ̶ 19 9 ̶ 2 1
PI 1 ̶ 32 31 ̶ ̶ ̶
RJ ̶ ̶ 10 6 ̶ 1 1
RN 6 ̶ 29 23 1 1 ̶
RO 70 1 98 46 1 6 ̶
RR 149 ̶ 166 26 4 1 ̶
RS ̶ ̶ 7 13 ̶ ̶ ̶
SC ̶ ̶ 11 4 ̶ 1 3
SE ̶ ̶ 2 2 ̶ ̶ ̶
SP 1 ̶ 20 24 ̶ ̶ ̶
TO 29 3 291 257 4 1 ̶
Total 1585 252 4346 3140 85 62 33

Tabela 1: Frequência de eventos registrados na ANM entre 01/01/2021 e 30/06/2022. PLG:


Permissão de Lavra Garimpeira. Req: Requerimento. Pub: Publicado. GU: Guia de Utilização.

No mesmo período, os alertas para mineração, emitidos pelo DETER/INPE [3], também
atingiram patamares históricos desde o início da série histórica em 2015 (Ver figura 2). O
ano de 2021 teve uma área agregada de 121,31 km2 convertidos à mineração na Amazônia
Legal, e o primeiro semestre de 2022 cerca de 38,5 km2, acumulando aproximadamente 16
mil hectares. Como os dados do DETER não analisam a conformidade legal da área
explorada, cruzamos os dados divulgados com Unidades de Conservação de Proteção
Integral, Reservas Extrativistas, Terras Indígenas.

Da área detectada pelo sistema DETER entre janeiro de 2021 e junho de 2022, de 159,81
km2, foram detectados 2.873,74 hectares em Terras Indígenas, sendo 82% dessa área
escreverumsitedoweij
apenas nas TIs Kayapó (1.359,82 ha) e Munduruku (995,7 ha). Já em Unidades de
Conservação de Proteção Integral foram 857,39 hectares, e nas Reservas Extrativistas,
11,70 ha. De forma geral, 23% da área dos alertas do DETER estão inseridos em regiões
onde a mineração/garimpo é estritamente proibida.

Fig. 2: Áreas degradas para mineração na Amazônia Legal. Dados atualizado até 12/8/22. Fonte:
TerraBrasilis DETER, INPE.

Fig. 3: Distribuição espacial dos alertas do DETER para mineração.


Devido a urgência do problema, a presente nota tem como objetivo atualizar o nível de
legalidade da produção de ouro no Brasil entre janeiro de 2021 e junho de 2022 (veja nota
metodológica abaixo). A produção de ouro foi categorizada como:
• Legal: quando a atividade, além de autorizada pela ANM, apresenta evidências de
exploração respeitando os limites do processo minerário;
• Potencialmente ilegal: quando a lavra se estende além o processo minerário em direção
a áreas sem autorização;
• Ilegal: nos casos onde o processo minerário ainda não obteve o título de outorga ou
quando a produção é registrada em áreas sem evidências de exploração (confirmado por
imagens de satélite)
• NA: quando não foi possível obter as coordenadas geográficas do processo minerário ou
na ocorrência de alta cobertura de nuvens, o que impede a classificação do uso do solo
na área citada como origem do ouro.

A fim de facilitar a compreensão dos resultados, denominamos como produção irregular, a


soma da quantidade ilegal com a potencialmente ilegal.

Quantidade Irregular = Quantidade Ilegal + Quantidade Potencialmente Ilegal

A produção de ouro, entre janeiro de 2021 e junho de 2022 foi estimada em 158 toneladas,
totalizando um valor de 44,6 bilhões aproximadamente. Minas Gerais segue como o maior
produtor do Brasil, concentrando 30,7% do volume produzido, com a totalidade da
produção ocorrendo sob regime de Concessão de Lavra. Já nos estados do Pará e Mato
Grosso, o segundo e terceiro maiores produtores, com 28,2% e 19,0% respectivamente,
predomina o regime de lavra garimpeira.
UF 2021 2022 Total Participação

AM 181,7 83,6 265,3 0,20%


AP 3.196,70 1.214,30 4.411,10 2,80%
BA 8.081,10 4.067,70 12.148,70 7,70%
GO 6.371,60 2.358,50 8.730,10 5,50%
MA 4.519,20 1.678,30 6.197,40 3,90%
MG 34.471,60 14.123,70 48.595,30 30,70%
MT 21.835,10 8.126,00 29.961,10 19,00%
PA 30.969,70 13.521,30 44.491,00 28,20%
PE 0,8 - 0,8 0,00%
PR 358,6 116,9 475,5 0,30%
RO 1.558,60 663,3 2.221,80 1,40%
TO 494,9 47,2 542,1 0,30%
Total 112.039,50 46.000,70 158.040,30
Tabela 2: Quantidade produzida (kg) por estado entre 2021 e 2022.

UF 2021 2022 Total Participação

AM 53.114,80 23.815,25 76.930,05 0,20%


AP 837.484,56 324.254,84 1.161.739,40 2,60%
BA 2.326.014,33 1.181.241,33 3.507.255,66 7,90%
GO 1.928.151,22 756.899,80 2.685.051,02 6,00%
MA 1.302.181,91 481.435,41 1.783.617,32 4,00%
MG 10.272.645,53 4.270.978,07 14.543.623,60 32,60%
MT 4.792.110,18 2.162.496,06 6.954.606,23 15,60%
PA 9.051.190,69 3.922.894,78 12.974.085,47 29,10%
PE 262,55 - 262,55 0,00%
PR 109.258,04 36.615,99 145.874,02 0,30%
RO 445.509,60 167.150,77 612.660,37 1,40%
TO 150.724,20 13.571,39 164.295,59 0,40%
Total 31.268.647,59 13.341.353,70 44.610.001,29
Tabela 3: Valor movimentado (em milhares de reais) entre 2021 e 2022.
Req. de
Apto para Aut. de Concessão Lavra Req. De
UF NA Lavra Total
Disponibilidade Pesquisa de Lavra Garimpeira Lavra
Garimpeira

AM - - - 24 - - - 24
AP - 43 83 - 37 12 - 175
BA - - 87 - - - - 87
GO - 13 68 16 19 1 - 117
MA - - 20 7 - - - 27
MG - 9 272 - - 35 - 316
MT 15 29 132 9.744 69 1 - 9.990
PA - 14 50 5.175 34 31 7 5.311
PE - 5 - - - - - 5
PR - - 15 - - - - 15
RO - - - 768 2 - - 770
TO - - 15 80 - - - 95
Total 15 113 742 15.814 161 80 7 16.932
Tabela 4: Frequência dos Regimes de Exploração citados na CFEM, por estado, entre 2021 e 2022

Req. de
Apto para Aut. de Concessão Lavra Req. De
UF NA Lavra Total
Disponibilidade Pesquisa de Lavra Garimpeira Lavra
Garimpeira
AM - - - 265,25 - - - 265,25
AP - 185,59 4.193,08 - 21,62 10,78 - 4.411,07
BA - - 12.148,75 - - - - 12.148,75
GO - 42,5 8.653,11 23,56 9,69 1,29 - 8.730,15
MA - - 6.169,73 27,69 - - - 6.197,42
MG - 2,66 48.506,79 - - 85,85 - 48.595,30
MT 20,96 90,28 11.419,36 18.196,46 198,08 36 - 29.961,14
PA - 106,14 14.365,86 26.227,87 21,69 3.768,93 0,48 44.490,96
PE - 0,83 - - - - - 0,83
PR - - 475,52 - - - - 475,52
RO - - - 2.210,08 11,74 - - 2.221,82
TO - - 119 423,05 - - - 542,05
Total 20,96 428 106.051,20 47.373,97 262,82 3.902,85 0,48 158.040,27

Tabela 5: Quantidade produzida (kg) por estado e regime entre 2021 e 2022.
Das 158 toneladas totais produzidas no período (jan/21 - jun/22) no Brasil, 110,7 t foram
atribuídas como legais (70%), 35,7 t como potencialmente ilegais (23%) e 10,5 t como ilegais
(7%). Ou seja, 30% do ouro produzido no Brasil pode ser considerado como irregular. A
análise de cada ano separadamente, desde o início da aplicação da metodologia pode ser
visualizado na figura 4.

Fig. 4. Classificação histórica da produção de ouro no Brasil


Fig. 5. Evolução histórica da produção de ouro no Brasil

As figuras acima, permitem visualizar que, de 2020 para 2021, houve um aumento de 44%
na quantidade ilegal de ouro. Já para a quantidade irregular, também identificamos um
aumento de 13% em relação ao ano anterior.

Enquanto que as tabelas abaixo ilustram a classificação da produção com maiores níveis de
detalhamento. Assim como nos outros anos, o estado do Pará e o regime de lavra garimpeira
são os que concentram o maior volume de ouro ilegal. Apenas três cidades do Pará, Itaituba,
Cumaru do Norte e Novo Progresso acumulam 98% das 10,5 toneladas ilegais. Itaituba
aparece em primeiro lugar, com 75%, seguido por Cumaru do Norte, com 15% e Novo
Progresso, com 9%. Já o regime de lavra garimpeira concentra 68% da quantia de ouro
ilegal.
Potencialmente
UF Ilegal Legal NA Total
Ilegal
AM - - 265,3 - 265,3
AP - 3.053,80 1.335,60 21,6 4.411,10
BA - - 12.148,70 - 12.148,70
GO 79,4 44 7.788,60 818,1 8.730,10
MA - 6.169,70 27,7 - 6.197,40
MG 33,2 3.772,60 44.789,50 - 48.595,30
MT 52 11.431,00 18.280,00 198,1 29.961,10
PA 10.351,30 11.154,00 22.964,00 21,7 44.491,00
PE - - 0,8 - 0,8
PR - - 475,5 - 475,5
RO 1 - 2.209,10 11,7 2.221,80
TO - 83 459,1 - 542,1
Total 10.516,90 35.708,20 110.743,90 1.071,30 158.040,30
Tabela 6: Classificação da produção (kg), entre 2021 e 2022, por estado..

Potencialmente
UF Ilegal Legal NA Total
Ilegal
AM - - 24 - 24
AP - 87 51 37 175
BA - - 87 - 87
GO 7 20 68 22 117
MA - 20 7 - 27
MG 12 34 270 - 316
MT 84 3.831 6.006 69 9.990
PA 1.691 1.986 1.600 34 5.311
PE - - 5 - 5
PR - - 15 - 15
RO 4 - 764 2 770
TO - 10 85 - 95
Total 1.798 5.988 8.982 164 16.932
Tabela 7: Classificação dos registros da CFEM por UF, entre 2021 e 2022.
Potencialmente
Regime Ilegal Legal NA Total
ilegal

Apto para disponibilidade 20,8 0,1 21


Aut. de Pesquisa 168,1 259,9 428
Concessão de Lavra 79,4 17.615,7 87.547,7 808,5 106.051,2
Lavra Garimpeira 7.182,7 17.315,3 22.876,0 47.374,0
NA 262,8 262,8
Req. de Lavra 3.233,5 60,2 3.902,8
Req. de Lavra Garimpeira 0,5 609,2 0,5
Total 10.516,9 35.708,2 110.743,9 1.071,3 158.040,3

Tabela 8: Classificação da quantidade de ouro (kg) por regime de exploração, entre 2021 e 2022.

Potencialmente
Regime Ilegal Legal NA Total
ilegal

Apto para disponibilidade 12 3 15

Aut. de Pesquisa 66 47 113


Concessão de Lavra 7 173 559 3 742
Lavra Garimpeira 1.749 5.724 8.341 15.814
NA 161 161
Req. de Lavra 23 25 32 80
Req. de Lavra Garimpeira 7 7
Total 1.798 5.988 8.982 164 16.932
Tabela 9: Classificação dos registros da CFEM por regime de exploração, entre 2021 e 2022.

Se a espacialidade da produção ilegal está concentrada em poucos municípios e em um


determinado regime de exploração, a situação não é diferente quando observamos os atores
envolvidos, como os titulares de processos minerários e os primeiros compradores do ouro
de garimpo. Ao considerar apenas as 7,2 toneladas ilegais do garimpo, cerca de cinco
titulares de lavras acumulam 68% das ilegalidades, sendo três pessoas físicas e duas
cooperativas. Enquanto que cinco DTVMs e um laboratório, que foram os primeiros
compradores do ouro, declararam 94% da quantia ilegal. A relação entre os responsáveis
pelo processo minerário com os primeiros compradores pode ser visualizada na figura 6.
Fig. 6. Origem/Destino dos principais titulares de lavra garimpeira e compradores do ouro classificado
como ilegal entre 2021 e 2022.

As três tabelas abaixo ilustram como o regime de lavra garimpeira não é capaz de
regulamentar a produção de ouro no país através dos garimpos e como o foco desse
problema ocorre no Pará. Dos 671 PMs de lavra garimpeira citados na CFEM, em todo o
país, 153 (23%) estão ilegais, e 150 (22%) potencialmente ilegal, ou seja, 45% dos processos
minerários de lavra garimpeira apontados como origem do ouro possuem irregularidade. Já o
estado do Pará, concentra 88% dos PMs ilegais no Brasil e 46% dos potencialmente ilegais.
Ou seja, a cada dez PLGs registradas na CFEM como origem do ouro no Pará, 7 apresentam
algum tipo de irregularidade. Outra situação preocupante no que diz respeito ao controle da
produção mineral pelas lavras garimpeiras é a média anual de 322 Relatórios Anuais de
Lavra (RAL) não entregues entre 2010 e 2021 (entre todas as substâncias garimpáveis). No
RAL o titular deve reportar à ANM informações básicas como o método de lavra,
quantidadeefewfdew
produzida e até mesmo a distribuição no mercado consumidor. O titular que omitir ou
prestar declaração falsa no RAL estará sujeito às sanções previstas em lei. Já a não
apresentação do documento constitui infração à legislação mineral, podendo o titular ser
multado em R$ 4.091,27 (valor atualizado em fevereiro de 2022).

RALs de PGLs não


Ano
entregues
2010 317
2011 334
2012 351
2013 371
2014 371
2015 454
2016 257
2017 282
2018 260
2019 269
2020 293
2021 309
Média 322
Tabela 10: Quantidade de RALs de lavras garimpeiras não entregues.

Req. de
Apto para Aut. de Concessão Lavra Req. De Total
UF Disponibilidade Lavra
Disponibilidade Pesquisa de Lavra Garimpeira Lavra Geral
Garimpeira
AM - - - - 1 - - 1
AP - 2 3 - - 1 - 6
BA - - 5 - - - - 5
GO - 1 4 - 1 1 - 7
MA - - 1 - - - - 1
MG - 3 8 - - 3 - 14
MT 1 2 8 1 308 1 1 322
PA - 3 2 - 320 2 - 327
PE - 1 - - - - - 1
RO - - - - 39 - - 39
TO - - 1 - 2 - - 3
Total 1 12 32 1 671 8 1 726
Tabela 11: Quantidade de processos citados na CFEM em 2021 de acordo com o regime e o estado.
Potencialmente Total
Regime de Exploração Ilegal Legal
Ilegal Geral

Apto para Disponibilidade - - 1 1


Aut de Pesquisa 1 7 4 12
Concessão de Lavra 1 22 9 32
Disponibilidade - - 1 1
Lavra Garimpeira 153 368 150 671
Requerimento de Lavra 1 4 3 8
Requerimento de Lavra Garimpeira - 1 - 1
Total Geral 156 402 168 726
Tabela 12: Classificação dos processos minerários citados na CFEM 2021, por regime de exploração.

Pot.
UF Ilegal Legal Total
Ilegal
AM - 1 - 1
AP - 2 4 6
BA - 5 - 5
GO 1 5 1 7
MA - - 1 1
MG 1 12 1 14
MT 16 224 82 322
PA 137 112 78 327
PE - 1 - 1
RO 1 38 - 39
TO - 2 1 3
Total 156 402 168 726
Tabela 13: Quantidade de processos citados na CFEM em 2021 de acordo com o regime e o estado.

Entre janeiro de 2021 e junho de 2022, o Estado brasileiro arrecadou cerca de 703 milhões
de reais a partir da CFEM (exclusivamente para o ouro) e do IOF-Ouro. Contudo, o prejuízo
socioambiental, das 10,6 t, calculado pela ferramenta “Calculadora de Impactos do Garimpo”
[4], desenvolvida pelo MPF em parceria com a Conservação Estratégica (CSF-Brasil), é
estimado em 39 bilhões de reais, para uma metodologia de valores médios.

Aprofundando a análise sobre a legalidade do ouro, foi realizado um cruzamento entre os


dados da ANM e o programa social Auxílio Brasil, destinado a famílias de baixa renda, assim
como para os programas Bolsa Família e Seguro Defeso.

A partir disso foram identificados uma beneficiária do programa com processo minerário,
porém sem indicação de produção, e onze pessoas físicas na base do auxílio emergencial
iustaefe
que, ao mesmo tempo, são os responsáveis por processos minerários, que movimentaram
cerca de 366,35 kg de ouro, totalizando um valor de 100,4 milhões de reais. A maior parte
dessa quantidade concentra-se em apenas um indivíduo, que possui cinco processos
minerários (todos classificados, originalmente, como ilegais) que foram indicados na CFEM
como a origem de 214,37 kg de ouro (ou 57,53 milhões de reais).

Quanto ao Bolsa Família, nosso cruzamento retornou uma beneficiária, titular de um


processo minerário sem evidências de exploração, movimentando ao longo do período cerca
de 4,4 kg de ouro (R$ 1.387.430,67). O Seguro Defeso não retornou nenhum match. Essas
situações podem indicar o uso de “laranjas” nos processos de lavra garimpeiras, que podem
estar vinculados a casos de corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado.
Notas metodológicas

Para quantificar os processos minerários protocolados e outorgados na ANM, foi utilizado o


portal de pesquisas de processo da própria agência [5]. Para a busca, selecionamos o
intervalo de interesse, 01/01/2021 até 30/06/2022, assim como para as substâncias:
minério de ouro, ouro, ouro nativo e ouro pigmento. Para a situação do processo, incluímos
tanto os ativos como os inativos. Já para os eventos de interesse, utilizamos os seguintes:
"100 - REQ PESQ/REQUERIMENTO PESQUISA PROTOCOLIZADO"; "321 - AUT
PESQ/ALVARÁ DE PESQUISA 01 ANO PUBLI"; "322 - AUT PESQ/ALVARÁ DE PESQUISA
02 ANOS PUBL"; "323 - AUT PESQ/ALVARÁ DE PESQUISA 03 ANOS PUBL"; "964 - AUT
PESQ/ALVARÁ DE PESQUISA 04 ANOS PUBL"; "201 - AUT PESQ/ALVARÁ DE PESQUISA
PUBLICADO"; "285 - AUT PESQ/GUIA UTILIZAÇÃO AUTORIZADA PUBLICADA"; "350 -
REQ LAV/REQUERIMENTO LAVRA PROTOCOLIZADO"; "2132 - CONC LAV/PORTARIA
CONCESSÃO DE LAVRA ANM PUB"; "REQ PLG/REQUERIMENTO LAVRA GARIMPEIRA
PROTOCOLIZADO"; "513 - PLG/PERMISSÃO LAVRA GARIMPEIRA
PUBL".

Como foco central deste estudo, buscou-se atualizar os dados de conformidade legal da
produção de ouro de acordo com a metodologia elaborada em [1]. Em comparação com o
estudo publicado em julho de 2021, foi possível reduzir de forma significativa a quantidade
de ouro atribuída anteriormente, como "NA“ devido a ausência do processo minerário na
base de dados do SIGMINE. Para tal, foi necessário separar os grupamentos mineiros e
então coletar cada processo pertencente ao grupo.

As imagens de satélite foram obtidas respeitando as datas de registro do recolhimento da


CFEM, de forma com que a data de captura da imagem seja posterior ao do recolhimento.
Assim, os recolhimentos de 2021 foram analisados a partir de imagens de 2022, o mais
próxima de 2021 e a classificação do primeiro semestre de 2022, com imagens entre julho e
agosto de 2021. A coleta se deu por meio do webservice do Sentinel Hub.
A classificação seguiu o mesmo protocolo desenvolvido pelo MPF em parceria com a UFMG,
adotando quatro categorias. Ilegal, quando não há evidências de exploração mineral no
processo minerário indicado como origem do ouro no ato do recolhimento da CFEM ou
quando a extração ocorreu fora da cobertura do título minerário. Potencialmente ilegal,
quando a lavra extrapola os limites autorizados em direção a áreas sem título minerário que
outorgue a exploração. Legal, quando a lavra ocorre dentro dos limites autorizados. Os
processos minerários localizados em rios foram atribuídos como legais, dado que a extração
de ouro por meio de balsas deixa menos evidências do que a por desmonte e jateamento
hidráulico. Por fim, a última categoria é a "NA", cujos processos não foram classificados ou
pela não localização do processo na base do SIGMINE ou devido à cobertura de nuvens na
região. O termo produção irregular será utilizado para representar a soma da produção ilegal
com a potencialmente ilegal.

Para o cruzamento de dados com programas de assistência social, utilizamos os dados


disponíveis no Portal da Transparência para o auxílio emergencial, seguro-defeso, bolsa
família, junto com a base do SIGMINE coletada em dezembro/2020, julho/2021 e
julho/2022. Os matches obtidos passaram ainda por uma segunda verificação através dos
CPF’s para que possíveis homônimos, mas com diferença entre o quarto e o nono dígito do
cadastro, não fossem registrados.

Além de ser encontrado de forma isolada na natureza, o ouro também pode estar associado
à outras substâncias como o cobre. Por isso, a ANM inseriu no anuário mineral brasileiro de
2021 e 2020, referentes à 2020 e 2019 respectivamente, a categoria "Ouro-cobre“ como
forma de divulgar uma estimativa da produção de ouro em minas não produtoras de
concentrados de ouro. Contudo, no anuário mineral brasileiro de 2022, ano base de 2021, a
categoria foi removida, de forma com que o valor informado foi coletado dos informes
anuais/trimestrais aos investidores, das principais empresas produtoras de cobre do país,
localizadas em Marabá/PA e em Apesar de contabilizada para a produção nacional de ouro,
as 15,8 toneladas não foram classificadas já que não foram obtidas diretamente da base de
dados da CFEM.
Referências

1. B. Manzolli, R. Rajão, A. C. Haliuc Bragança, P. de Tarso Moreira Oliveira, G. Kenner de


Alcântara, F. Nunes, B. Soares-Filho, “Legalidade da Produção de Ouro no Brasil”,
Online, 2021, URL: http://www.lagesa.org/wp-content/uploads/documents/Manzolli_
Rajao_21_Ilegalidade%20cadeia%20do%20Ouro.pdf.
2. London Bullion Market Association, “LBMA Precious Metal Prices”, Online, 2022, URL:
https: //www.lbma.org.uk/prices-and-data/precious-metal-prices#/.
3. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS COORDENAÇÃO GERAL DE
OBSERVAÇÃO DA TERRA, “PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA AMAZÔNIA E
DEMAIS BIOMAS. Avisos – Amazônia Legal”, Online, 2022, URL: http://terrabrasilis.
dpi.inpe.br/downloads/.
4. Ministério Público Federal and Conservação Estratégica (CSF-Brasil), “Calculadora -
impactos do garimpo ilegal de ouro;”, Online, 2022, URL:
http://calculadora.conservation-strategy. org/#/.
5. Agência Nacional de Mineração, “Pesquisar processos”, Online, 2022, URL:
https://sistemas. anm.gov.br/SCM/Extra/site/admin/pesquisarProcessos.aspx.

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