EDUCAÇÃO INFANTIL NO
CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
AULA 1 – O DIREITO À
EDUCAÇÃO INFANTIL E
O DESENVOLVIMENTO
DA CRIANÇA
Olá!
Nesta aula compreenderemos que a infância é um período crucial para o
desenvolvimento da criança, incluindo suas habilidades de expressão e
comunicação. No entanto, essa compreensão nem sempre foi assim e enfrentou
uma longa batalha, principalmente no final do século XIX e início do século XX.
Essa luta continua até os dias atuais para alcançar um entendimento mais profundo
da infância e da criança como seres em constante desenvolvimento.
Ao longo desses anos, foram estabelecidos diversos marcos legais, como a
Constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, a Lei de
Diretrizes e Bases a partir de 1996 e as Diretrizes Curriculares para Educação
Infantil de 2009. Esses documentos reconheceram a criança como sujeito de
direitos, garantindo seu direito à educação proporcionada pelo Estado, pela família
e pela comunidade, especialmente nas instituições escolares.
Nesta aula, serão abordadas as lutas e conquistas sociais que contribuíram
para essa visão e os principais elementos que identificam a criança como um sujeito
de direitos, destacando a importância da legislação nesse processo.
Bons estudos!
1 O DIREITO À EDUCAÇÃO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA
Korczak (1984) sustentava a perspectiva de que a infância representava os
prolongados e cruciais anos na vida de um indivíduo. Ele afirmava que as crianças
possuíam o direito de expressar suas ideias de maneira livre, enfatizando que os
adultos deveriam levar em consideração as opiniões, sugestões e perspectivas
infantis. O filósofo Rousseau, um destacado pensador do século XVIII, defendia que
o processo educativo deveria respeitar o desenvolvimento natural da criança,
prestando atenção às diversas etapas de seu crescimento (ROSSEAU, 2004).
A concepção da criança como um sujeito de direito é um fenômeno
relativamente recente, moldada por debates e mobilizações da sociedade civil, bem
como pela promulgação de políticas e legislação correspondente. No século XIX,
período em que a população estava predominantemente ligada à vida rural, as
mulheres assumiam a responsabilidade pelo cuidado das crianças enquanto os
homens se dedicavam ao trabalho. Entretanto, apenas com o processo de
urbanização no século XX e as mudanças na estrutura familiar, incluindo a
participação crescente das mulheres no mercado de trabalho, começou a surgir a
demanda por serviços de cuidado infantil. À medida que os movimentos operários
lutavam por melhores condições de empregos e salários, uma das reivindicações das
mulheres trabalhadoras era a disponibilização de locais adequados para deixar seus
filhos durante o horário de trabalho (SOUZA e GARCIA, 2015).
No Brasil, aproximadamente nos anos 1920, a partir das ideias da Psicologia
que enfatizavam o papel ativo do indivíduo na aquisição e construção do
conhecimento, surgiu o movimento da Escola Nova. Através desse movimento,
iniciou-se uma discussão sobre a necessidade de reformular o atendimento às
crianças nos jardins de infância. No entanto, é importante notar que essa discussão
inicial estava limitada ao atendimento das crianças pertencentes às classes sociais
mais privilegiadas (ROMANELLI, 2012; SOUZA e GARCIA, 2015).
Conforme destacado por Souza e Garcia (2015), na década de 1940, com a
promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), surgiu a primeira
legislação que abordava a obrigatoriedade do atendimento em creches para crianças,
especialmente aquelas cujas mães eram trabalhadoras. Até o ano de 1980, essa
permaneceu como a única legislação a tratar desse tema. Em 1961, foi promulgada a
primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 4.024), a qual
estabelecia a obrigatoriedade do ensino público para crianças a partir dos 7 anos e
mencionava a educação infantil, indicando que esta deveria ocorrer em maternais e
jardins de infância. Nesse contexto, o governo incentivava as empresas que tinham
funcionárias com filhos de até 6 anos a se responsabilizarem pela educação dessas
crianças. Dessa forma, a educação infantil estava diretamente relacionada aos
interesses das famílias e dos empresários (SOUZA e GARCIA, 2015).
Com o golpe militar de 1964, o Estado passou a favorecer as classes mais
privilegiadas e os setores empresariais, deixando de se comprometer com o
financiamento público e promovendo o estímulo à privatização da educação. No que
diz respeito à educação infantil, houve uma orientação para que crianças com menos
de 7 anos recebessem atendimento educacional em instituições como "escolas
maternais, jardins da infância e instituições equivalentes", mas sem definir os
parâmetros desse atendimento (BRASIL, 1971, Art. 19). Durante as décadas de 1970
e 1980, começaram a surgir debates nas universidades e entre setores da sociedade
civil, abordando se a educação infantil deveria ter um caráter assistencialista ou
educacional. Inicialmente, a abordagem educacional da infância estava voltada para
a ideia de suprir as deficiências culturais das crianças pertencentes às classes menos
favorecidas (ROMANELLI, 2012; SOUZA e GARCIA, 2015).
Além dos eventos mencionados anteriormente, ao longo do século XX,
ocorreram eventos e aprovações de legislações significativas relacionadas à infância,
tanto no âmbito nacional quanto internacional, visando assegurar os direitos das
crianças e sua prioridade absoluta. Exemplos desses marcos incluem a Declaração
de Genebra (de 1924), a Declaração dos Direitos da Criança (de 1959), a Convenção
Internacional sobre os Direitos da Criança (de 1989), a Constituição Federal Brasileira
(de 1988), o Estatuto da Criança e do Adolescente (de 1990) e a Lei de Diretrizes e
Bases (de 1996) (SOUZA e GARCIA, 2015).
A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (UNICEF, 1989)
desempenhou um papel crucial na promoção da doutrina da proteção integral da
criança, um conceito adotado pelo Brasil no ano subsequente, através do Estatuto da
Criança e do Adolescente (SOARES, 2016).
Esta Convenção se baseia em três categorias fundamentais: provisão, proteção
e participação. Os direitos de provisão englobam as necessidades sociais da criança,
como cuidados com a saúde, educação, segurança social, bem-estar físico, vida
familiar, lazer e cultura. Os direitos de proteção dizem respeito à proteção da criança
contra discriminação, abuso físico e sexual, exploração, injustiça e conflito. Por fim,
os direitos de participação se relacionam com os direitos civis e políticos da criança,
incluindo o direito ao nome, identidade, liberdade de expressão, opinião e tomada de
decisões em seu próprio interesse.
A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã,
reconheceu a importância da proteção da infância e estabeleceu diversos direitos para
as crianças. Estes incluem o direito ao atendimento em creches e pré-escolas, bem
como os direitos à vida, saúde, alimentação, educação, lazer, cultura, dignidade,
respeito, liberdade e convivência familiar e comunitária. A Constituição também proíbe
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão contra as crianças (BRASIL, 1988, Art. 227).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), reforça a ideia de que a criança
é um sujeito de direito, afirmando que "crianças e adolescentes são titulares dos
direitos previstos" no ECA, em outras leis e na Constituição Federal (BRASIL, 1990).
O ECA define uma criança como uma pessoa com menos de 12 anos e um
adolescente como alguém entre 12 e 18 anos. Os direitos fundamentais das crianças
e adolescentes são considerados especiais devido às suas condições peculiares de
desenvolvimento. Embora a Constituição de 1988 tenha sido a primeira a reconhecer
o direito das crianças pequenas à educação em creches e pré-escolas, foi somente
com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases de 1996 que a educação infantil foi
explicitamente destinada a crianças de 0 a 3 anos em creches e de 4 a 5 anos em
pré-escolas, tornando-se parte integrante da Educação Básica e visando promover o
desenvolvimento integral da criança (BRASIL, 1996, Art. 29).
Assim, a educação infantil foi estabelecida como a etapa inicial da Educação
Básica, tornando-se parte integrante dos sistemas educacionais do Brasil. No Quadro
1, apresentam-se alguns aspectos relevantes sobre o desenvolvimento da educação
infantil no país que buscaram garantir à criança os seus direitos e a sua prioridade
absoluta
Quadro 1. Relação de principais marcos históricos e legislativos
Legislação Principais contribuições
Declaração de Genebra (1924). Havia uma preocupação significativa em
garantir os direitos das crianças e dos
adolescentes, baseada em cinco princípios
fundamentais que visavam assegurar o
desenvolvimento saudável das crianças, bem
como sua segurança, alimentação adequada,
cuidados de saúde e proteção.
Declaração dos Direitos da Criança A Declaração dos Direitos da Criança aborda
(1959). uma série de direitos essenciais relacionados
à proteção do desenvolvimento físico, mental
e social das crianças. Estes direitos incluem a
proteção contra o abandono e a exploração no
trabalho, o direito a um nome e nacionalidade,
acesso à alimentação adequada, moradia
digna, assistência médica, afeto e
compreensão, educação gratuita e
oportunidades de lazer. Além disso, a
Declaração reconhece o direito das crianças a
serem prioridade em situações de catástrofes
e promove a igualdade, sem qualquer forma
de discriminação baseada em raça, religião ou
nacionalidade.
Convenção Internacional sobre Direitos Os princípios subjacentes a essa iniciativa
da Criança (1989) eram a consagração dos direitos à vida e à
liberdade, bem como a definição das
responsabilidades dos pais, do Estado e da
sociedade em termos de proteção infantil e
formulação de políticas públicas e
educacionais.
Constituição Brasileira (1988) Foi a primeira Constituição brasileira a
reconhecer o direito das crianças pequenas à
educação em creches e pré-escolas.
Estatuto da Criança e do Adolescente Por meio do Estatuto da Criança e do
(1990) Adolescente (ECA), as crianças e
adolescentes passaram a ser considerados
cidadãos em processo de desenvolvimento,
com garantias especiais proporcionadas por
essa legislação, não sendo mais equiparados
aos adultos.
Lei de Diretrizes e Bases do Brasil (1996) Estabeleceu que a educação infantil será
e Lei n° 12.796 (2013) oferecida em “I – creches ou entidades
equivalentes, para crianças de até três anos
de idade; II – pré-escolas, para as crianças de
quatro a cinco anos de idade” e que a
educação infantil é a primeira etapa da
educação básica.
Diretrizes Curriculares Nacionais para Essa legislação define diretrizes referentes ao
Educação Infantil (DCNEI) (1999) e (2010) currículo e outros elementos relevantes de
uma proposta pedagógica destinada à
educação infantil.
Fonte: Adaptado de MOLETTA; BIERWAGEN e TOLEDO (2018).
1.1 Educação Infantil: um direito garantido por lei
Para Moletta, Bierwagen e Toledo (2018), a aceitação da criança como um
indivíduo com direitos é uma evolução recente, e esse reconhecimento foi resultado
de conflitos e debates na sociedade civil, levando à formulação de políticas e leis. É
possível notar também que convenções internacionais influenciadas por ideias que
consideram a criança como um sujeito de direito, reconhecendo que, apesar de seu
estágio de desenvolvimento, elas têm capacidade para expressar opiniões,
sentimentos, sugestões e pontos de vista, e tiveram impacto na legislação brasileira.
Essas convenções ajudaram a moldar uma nova percepção em relação à criança e à
infância no contexto legal do Brasil. A seguir, serão destacados os principais eventos
que resultaram em ações legislativas relacionadas à educação infantil.
A educação infantil, de acordo com Kuhlmann (2007), abrange uma ampla
gama de significados, englobando a instrução recebida no ambiente familiar, na
comunidade e na sociedade em geral, e também inclui instituições criadas com base
nos direitos das crianças. No Brasil do século XIX, não havia programas educacionais
voltados especificamente para a educação infantil. As crianças das classes sociais
mais privilegiadas tinham a oportunidade de receber educação por meio de tutores
em suas próprias casas. Somente a partir de 1920, surgiram os primeiros jardins de
infância, mas ainda eram predominantemente frequentados pelas classes mais
abastadas. Muitas crianças pertencentes às classes trabalhadoras estavam
envolvidas em atividades laborais, enquanto aquelas que eram órfãs ou consideradas
delinquentes recebiam assistência em internatos, ou orfanatos (SOUZA e GARCIA,
2015; SOARES, 2016).
Em 1934, o Brasil promulgou uma Constituição que trazia princípios
significativos para a educação, inspirados pelo Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova. No entanto, com a promulgação da Constituição de 1937, muitos desses
avanços previstos na Constituição anterior foram revogados. Em 1940, com a criação
do Departamento Nacional da Criança, foram estabelecidas regulamentações para o
funcionamento de creches, que incluíam diretrizes relacionadas à higiene do ambiente
físico e à presença de profissionais de saúde. Em 1941, surgiu o Serviço de
Assistência ao Menor, que oferecia serviços de acolhimento para crianças em
situação de abandono e aquelas consideradas delinquentes (SOUZA e GARCIA,
2015).
Nos anos 1970, foi evidente o crescimento de berçários administrados por
entidades privadas, os quais atendiam predominantemente crianças pertencentes a
estratos econômicos mais abastados. Paralelamente, existiam instituições como
creches voltadas para as crianças cujas mães eram trabalhadoras, especialmente
aquelas que desempenhavam atividades operárias. Nas décadas de 1970 e 1980, é
perceptível que a luta pela expansão de creches na educação infantil contou com a
participação ativa dos grupos feministas, destacando as mudanças no papel das
mulheres na sociedade. Portanto, o direito das crianças à educação infantil está
intrinsecamente ligado aos direitos das mulheres, assegurando o respeito e a plena
cidadania feminina. Essa conexão entre os direitos da criança e da mulher se reflete
na demanda por creches para os filhos das mães que trabalham e no direito das mães
a retornarem ao mercado de trabalho após um período de licença-maternidade de 120
ou 180 dias (MOLETTA; BIERWAGEN e TOLEDO, 2018).
Conforme já mencionado, as definições presentes na Constituição (BRASIL,
1988), na Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996) e no Estatuto da Criança e do
Adolescente (BRASIL, 1990) deram origem a um novo período de discussões acerca
das crianças pequenas. Essas definições podem ser encontradas na própria
Constituição, como no artigo a seguir:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988, Art. 227).
Além desse artigo, a Constituição também faz referência ao direito à educação
para todos (BRASIL, 1988, Art. 205), à igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola, à gratuidade do ensino em instituições públicas (BRASIL,
1988, Art. 206) e à responsabilidade do Estado em garantir o atendimento em creches
e pré-escolas para crianças de zero a seis anos de idade (BRASIL, 1988, Art. 208).
Nesse contexto, surgem dois dilemas relacionados às creches: a questão de sua
função (prestação de assistência e/ou ensino) e a responsabilidade da educação
pública.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) surgiu consoante o Artigo 227
da Constituição de 1988, introduzindo as crianças ao contexto dos seus direitos e
responsabilidades, principalmente dentro do âmbito dos direitos humanos (BRASIL,
1988). Conforme já mencionado, o ECA trouxe o reconhecimento das crianças e dos
adolescentes como cidadãos em processo de desenvolvimento, sem que fossem
comparados diretamente aos adultos, mas sim assegurando-lhes proteção por meio
dessa legislação específica. Isso resultou na transformação do enfoque punitivo e de
exclusão social que prevalecia até então, restringindo o poder do judiciário em relação
aos indivíduos com menos de 18 anos.
Uma das mudanças fundamentais implementadas com a promulgação do ECA
foi a ênfase na escola como um local onde os direitos das crianças são efetivados.
Em 1996, ficou estabelecido de forma clara o direito à educação das crianças de 0 a
6 anos, reconhecendo-as como a primeira etapa da Educação Básica.
É relevante ressaltar que, a partir de 2013, houve uma revisão do Artigo 29:
Art. 29. A educação infantil, que constitui a primeira etapa da educação
básica, visa promover o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco)
anos, abrangendo seus aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais,
em complemento às ações da família e da comunidade [...] (BRASIL, 2013,
Art. 29).
Na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), também se nota a preocupação em garantir
o "direito ao pleno desenvolvimento" de crianças e adolescentes (BRASIL, 1996, Art.
3º), além do direito à educação como um complemento desse desenvolvimento
(BRASIL, 1996, Art. 53). Este documento estabelece que o acesso à educação é um
direito subjetivo, ou seja, obrigatório, e determina que qualquer cidadão, grupo de
cidadãos, associações, sindicatos e outros têm o direito de exigir esse acesso das
autoridades públicas (BRASIL, 1996, Art. 54). Também especifica que a educação
infantil deve ser oferecida em duas etapas: "I – em creches ou instituições
equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – em pré-escolas, para
crianças de quatro a cinco anos de idade" (BRASIL, 1996, Art. 29).
Posteriormente, com a Emenda Constitucional nº 59 de 2009, que modificou o
Artigo 208 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) para tornar a Educação Básica
obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos de idade, houve uma alteração no texto
referente à oferta da educação infantil. A Lei 12.796 (BRASIL, 2013) modificou o artigo
para que a educação infantil fosse oferecida em "I – creches ou instituições
equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas, para crianças
de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade."
Portanto, a educação infantil é um direito legalmente assegurado para crianças
de 0 a 5 anos de idade, com a obrigatoriedade de matrícula de crianças de quatro
anos nas escolas desde 2016, pois corresponde à primeira etapa da Educação
Básica.
Existe uma lacuna na educação pública gratuita para crianças de 0 a 4 anos,
levando algumas famílias a buscar esse direito por meio de processos judiciais.
Embora a legislação brasileira, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
e a Constituição de 1988, enfatize a importância da educação infantil como um direito
garantido pelo Poder Público, ela não especifica completamente como essa educação
deve ser implementada nas instituições escolares.
Somente em 2007, com a criação do FUNDEB, houve uma destinação
específica de recursos para a educação infantil. Organizações internacionais, como o
Banco Mundial, também influenciaram as políticas de educação infantil no Brasil,
especialmente devido ao modelo de desenvolvimento humano adotado pelo país.
Para preencher essa lacuna, o Ministério da Educação e da Cultura (MEC)
começou a desenvolver uma política nacional de educação infantil a partir de 1994,
introduzindo documentos como os Referenciais Curriculares e as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a educação infantil.
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