maiores de indivíduos: accionistas, financiadores, banqueiros, fornecedores, órgãos públicos,
empregados, além da sociedade em geral, pois a vitalidade das empresas tornou-se assunto de
relevante interesse social. Assim, pode- se dizer que a Contabilidade surgiu ou foi criada em função
de sua característica utilitária, de sua capacidade de responder a dúvidas e de atender as
necessidades de seus usuários. Conjunto este de características que não só foi eficiente para o
surgimento da Contabilidade como também para sua própria evolução.
A Contabilidade formatou-se em concordância com o ambiente no qual opera.
A produção chegou a níveis de saturação, surgindo uma segunda fase na história das empresas na
década de 70, que foi a do marketing. As empresas produziam e colocavam os seus produtos no
mercado de forma adequada, observando e atendendo às necessidades do consumidor e obtendo o
lucro desejado.
Hoje, as empresas estão a vivenciar a fase das finanças. É necessário administrar os escassos
recursos financeiros, controlar os Stocks, apurar de forma real os custos, centrar as atenções na
relação entre clientes e fornecedores, para a sobrevivência das empresas.
1.1. ORIGEM OU HISTORIAL DA CONTABILIDADE
A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Está ligada às
primeiras manifestações humanas da necessidade social de protecção à posse e de perpetuação e
interpretação dos fatos ocorridos com o objecto material de que o homem sempre dispôs para
alcançar os fins propostos.
Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura e da pastorícia. A organização
económica acerca do direito do uso do solo acarretou em separabilidade, rompendo a vida
comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza
individual.
Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como herança aos
filhos ou parentes. A herança recebida dos pais, denominou-se património. O termo passou a ser
utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados.
A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registos do comércio.
À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-lhe saber quanto
poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses; tais informações não eram
de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registos.
Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registos a fim de que pudesse
conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc.
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Com o surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de controlo, que
não poderia ser feito sem o devido registo, a fim de que se pudesse prestar conta da coisa
administrada.
É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as compras, vendas e
trocas eram à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore assinalados como prova de
dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever) no Egipto
antigo facilitou extraordinariamente o registo de informações sobre negócios.
A medida em que as operações económicas se tornam complexas, o seu controle se refina. As
escritas governamentais da República Romana (200 a.C.) já traziam receitas de caixa classificadas
em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões.
No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por governos locais e
pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo Contabilitá.
Podemos resumir a evolução da ciência contabilística da seguinte forma:
Contabilidade do Mundo Antigo- período de 8.000 a.C. que se inicia com as primeiras civilizações e
vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Liber Abaci, (Livro do Abaco) da autoria Leonardo
Pisano, conhecido como Fibonaci (cabeça dura).
Neste período destaca-se a descoberta do Inventário e a conta por meio de (empirismo,
conhecimento superficial), isto e’, Experiências e práticas vividas pelas civilizações do mundo antigo,
destacando-se os estudos sumérios, babilônios, egípcios, chineses e romanos.
Contabilidade do Mundo Medieval- período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, com a
publicação da obra “Tratatus Particularis de Computis et Scripturis” (Tratado Particular de Conta e
Escrituração), do frei e matemático Luca Paccioli, em Veneza, onde este fez o estudo sobre o
método das “Partidas Dobradas”, tornando-se um marco na evolução contabilística.
Ouviu-se pela primeira vez, o livro de caixa, que recebia registos de recebimentos e pagamentos em
dinheiro, de forma rudimentar utilizava-se o débito e o crédito, oriundos das relações entre
direitos e obrigações e descobriu-se a conta capital, representando o valor dos recursos injectados
nas companhias pela família proprietária.
Contabilidade do Mundo Moderno- período que vai de 1494 até 1840, com o aparecimento da Obra
"La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche", da autoria de Franscesco Villa,
premiada pelo governo da Áustria. Obra marcante na história da Contabilidade.
A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das inúmeras riquezas
que o Novo Mundo representava.
A introdução da técnica contabilística nos negócios privados foi uma contribuição de comerciantes
italianos do séc. XIII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimentos em dinheiro
determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que reflectissem os interesses dos credores
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e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os
consumidores e os empregados.
O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na
Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade.
Contabilidade do Mundo Científico- período que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje.
Foi neste período, duma forma mais clara e científica, definiu-se o Património, como objecto da
Contabilidade.
1.2. CONCEITOS DE CONTABILIDADE
Definir o conceito de contabilidade é sem dúvida uma tarefa difícil, pois apresentar uma definição
clara e ao mesmo tempo capaz de encerrar em si as diversas vertentes que esta abrange pode
conduzir a inexactidões ou abordagens demasiadas redutoras, pelo que iremos apresentar algumas
definições comummente aceites como explicativas daquilo que deve ser entendido por contabilidade
e seus objectivos.
Para A American Accounting Association (AAA), num documento intitulado de A Statement of Basic
Accounting Theory a mesma entidade definiu “contabilidade como sendo o processo de identificação,
medida e comunicação de informação financeira, cujo objectivo passa por fornecer informação
passada, presente e futura aos utilizadores e que esta seja útil para a tomada de decisões.
Como também referido pela American Accounting Asocciation, essencialmente a contabilidade é um
sistema de informação, com uma linguagem própria, indispensável para a tomada de decisão, é um elo
de ligação entre a organização, o sistema de informação e os utilizadores dessa informação.
“A contabilidade é uma disciplina que estuda os processos seguidos nas unidades económicas para
revelação de gestão” Zappa.
Possibilita estudos rendibilidade e economicamente tanto internos como também com outras
empresas do mesmo ramo de actividade permitindo assim a obtenção e a correcção de erros ou
desvios cometidos na fase de produção.
Auxilia a gestão da empresa dando-lhes os meios para habilitar a tomar decisões mais esclarecidas,
rápidas, seguras e eficazes.
O período de registo ou revelação dos factos patrimoniais podem ser diferentes dai em falar-se
também em:
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a) Contabilidade previsional a que traduz a estrutura e a actividade que se pretende no futuro,
exprimindo pois os resultados das previsões.
b) Contabilidade histórica a que nos mostra se os objectivos traçados pela gestão da empresa
foram ou não atingidos. Permite, pois, uma visão retrospectiva sobre esta gestão.
A Contabilidade distingue-se em duas grandes ramificações: a pública e a privada.
Contabilidade Pública: ocupa-se com o estudo e registo dos fatos administrativos das pessoas de
direito público e da representação gráfica de seus patrimónios, visando três sistemas distintos:
orçamentário, financeiro e patrimonial, para alcançar os seus objectivos, ramificando-se conforme a
sua área de abrangência em federal, estadual, municipal e autarquias.
Contabilidade Privada: ocupa-se do estudo e registo dos fatos administrativos das pessoas de
direito privado, tanto as físicas quanto as jurídicas, além da representação gráfica de seus
patrimónios, dividindo-se em civil e comercial.
Contabilidade Civil: é exercida pelas pessoas que não têm como objectivo final o lucro, mas sim o
instituto da sobrevivência ou bem-estar social. Divide-se em:
Contabilidade Doméstica: exercida pelas pessoas físicas em geral, individualmente ou em grupo.
Contabilidade Social: usada pelas pessoas que têm como objectivo final o bem-estar social da
comunidade, tais como: clubes, associações de caridade, sindicatos, igrejas, etc.
Contabilidade Comercial: é exercida pelas pessoas que exploram actividades que objectivam o lucro.
Divide-se em:
Contabilidade Mercantil: usada por pessoas com objectivo social de compra e venda directa de
mercadorias. Ex: Supermercados, sapataria e açougues.
Contabilidade Industrial: exercida por pessoas que têm como objectivo social a produção de bens
de capitais ou de consumo, através do beneficiamento ou da transformação de matérias-primas, do
plantio, da criação ou extracção de riquezas.
Ex: Indústria de móveis, pecuária, agricultura.
Contabilidade de Serviços: é usada pelas pessoas que têm como objectivo social a prestação de
serviços. Ex: Estabelecimento de ensino, telecomunicações e clínicas médicas.
1.2.1. Diferenças entre a Contabilidade Geral e a Contabilidade de Custos
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Contabilidade Geral Contabilidade de Custos
Principais Utentes
Esta vocacionada pra preencher necessidades De Esta vocacionada pra preencher necessidades de
informação externa. Os principais destinatários Informação interna ao nível da gestão. Os
são os accionistas, entidades de supervisão e principais utentes são a administração, direcção,
fiscal, fornecedores, clientes, entidades chefia (departamentos e divisões), gestores, etc.
sindicais.
Finalidade
Visa propósitos gerais, e para tal existe um Os propósitos são específicos e a informação a
conjunto pré-definido de quadros informativos disponibilizar internamente não está pré-
D.F., que periodicamente são disponibilizados; na definida e não obedece aos PCGA.
elaboração das DF’s são adoptados os
denominados princípios contabilísticos
geralmente aceites (PCGA).
Obrigatoriedade
É imposta por Lei, servindo de suporte ao A Lei não obriga a sua existência, são os
processo de prestação de contas. imperativos de gestão que a justificam e
justificam o seu desenvolvimento.
Periodicidade
Relatórios internos, sendo a frequência de
As DF’s são publicadas, em regra, anualmente, emissão e divulgação definidos pela
havendo situações de exigência semestral e administração da empresa e de acordo com as
trimestral. necessidades da gestão.
Normalização
Está sujeita a normalização nacional e Não há sujeição a qualquer normalização quer
internacional, devendo respeitar a mesma. seja nacional ou internacional.
Uma outra dimensão da contabilidade, agora ao nível macro é a de Contabilidade Nacional que éo
ramo da Contabilidade que tem como objectivo o registo e cálculo da riqueza da produção de um
Estado ou Região, mediante o cálculo de grandezas tais como o PIB (Produto Interno Bruto) e o PNB
(Produto Nacional Bruto).
1.3. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA
As características qualitativas da informação financeira devem ser entendidas como os atributos
que tornam a informação divulgada pelas empresas útil as utentes dessa mesma informação. No
âmbito do PGC, as características qualitativas consignadas são duas: a relevância e a fiabilidade.
A informação a disponibilizar nas Demonstrações Financeiras deve preencher determinados
requisitos qualitativos que a tornem útil aos utentes.
1.3.1. Compreensibilidade
Esta informação deve ser facilmente compreendida pelos utentes, contudo, presume-se que os
utentes da informação tenham um razoável conhecimento das actividades empresariais e
económicas, da Contabilidade e vontade de obter informação com razoável diligência. Porém, a
informação acerca de matérias complexas, que devam ser incluídas nas demonstrações financeiras
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dada a sua relevância para as necessidades de tomada de decisões pelos utentes não deve ser
excluída meramente com o fundamento de que ela possa ser demasiado difícil para a compreensão de
certos utentes.
1.3.2. Relevância
Para ser útil a informação tem de ser relevante para a tomada de decisões dos utentes. A
informação tem a qualidade da relevância quando influencia as decisões económicas dos utentes ao
ajuda-los a avaliar os acontecimentos passados, presentes ou futuros ou confirmar, ou corrigir, as
suas avaliações.
1.3.3. Fiabilidade
A informação deve ser fiável, e tem qualidade de fiabilidade quando está livre de erros relevantes e
quando os utentes podem nela depositar confiança como representando fielmente aquilo que ela
espelha ou poderia razoavelmente esperar-se que ela espelhasse.
1.3.4. Comparabilidade
Os utentes da informação financeira tem de ser capazes de comparar as DF’s de uma entidade ao
longo do tempo a fim de identificar as tendências na sua posição financeira e no seu desempenho
(comparação no tempo), quer com as DF’s de outras entidades.
1.3.5. Representação Fidedigna
Para ser fiável, a informação deve representar fidedignamente as transacções e outros
acontecimentos que ela representa ou possa razoavelmente esperar-se que ela represente. Assim
por exemplo, o balanço deve representar fidedignamente as transacções e outros acontecimentos de
que resultem activos, passivos e capital próprio da entidade na data do relato.
1.3.6. Neutralidade
Para que seja fiável, a informação contida nas DF’s tem de ser neutra, isto é, livre de preconceitos.
As DF’s não são neutras se, por via da selecção ou da apresentação da informação, elas influenciarem
a tomada de uma decisão ou um juízo de valor a fim de atingir um resultado ou um efeito pré-
determinado.
1.3.7. Plenitude
A informação nas DF’s deve ser completa e dentro dos limites de materialidade e de custo. Uma
omissão pode fazer com que a informação seja falsa ou enganadora e por conseguinte não fiável e
- Mobiliário;
- Importância a receber de Fernando e Josefa;
- Duas letras por pagar respeitantes ao automóvel.
Na listagem podemos identificar três categorias de elementos distintos:
Os bens (o dinheiro, o automóvel e o mobiliário);
Os direitos sobre terceiros (as importâncias a receber);
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As obrigações para com terceiros (duas letras do automóvel).
Assim, a listagem representa o património do Sr. José Langa, naquele momento.
Cada componente de um dado património (ex: Mercadorias, um Edifício, uma dívida, etc), denomina-
se por elemento patrimonial.
Constata-se que património é constituído pela junção de duas classes antagonistas. Assim sendo
podemos definir património como um conjunto de bens, direitos e obrigações afectos a determinada
pessoa singular ou colectiva que pode ser o titular do património.
Sendo o património constituído por elementos heterogéneos existe portanto a necessidade de
referir ou transformar esses elementos numa mesma unidade, valores.
No património podemos distinguir duas classes de elementos patrimoniais: por um lado, os elementos
que representam aquilo que o titular possui ou tem a receber (ou seja, bens e direitos), por outro
lado, aqueles que representam aquilo que se tem a pagar (ou seja obrigações).
A primeira classe, ou seja, o conjunto de bens que a empresa possui e se tem o direito de receber,
designa-se de Activo; a segunda classe, ou seja, o conjunto dos valores a pagar ou obrigações,
designa-se por Passivo.
Em esquema teremos:
Esquema geral do património
Ora vejamos o exemplo:
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O excesso do activo sobre o passivo é o capital, conhecido como património líquido que aparece no
passivo, para completar a igualdade entre o total do activo e o do passivo, resultando na equação
patrimonial.
Para o nosso exemplo, a expressão numérica do valor do património, chama-se Património Liquido (ou
Situação Liquida ou Capital Liquido) e corresponde a:
Os elementos que compõem o activo são revestidos de algumas características especiais, tais como:
devem apresentar a potencialidade de gerar benefícios económicos para a entidade, devem ser um
recurso económico, devem ser de propriedade ou estar na posse de alguma entidade contabilísticas e
devem ser mensuráveis monetariamente.
Dentre tanto sobre o ponto de vista contabilístico ainda se pode distinguir:
A) Património global ou complexivo – quando se pretende abranger pela expressão os bens, os
direitos e as obrigações.
B) Património bruto – quando da noção do património se exclui as obrigações ou seja as dividas a
pagar.
C) Património liquido – ou seja o excedente dos bens e direitos em relação as obrigações.
Corresponde pois a diferença entre o activo e o passivo.
Para além destas distinções de património outras poderão ser referidas tais como:
a) Património individual e património social se o mesmo é pertencente a um individuo ou uma
sociedade.
b) Património nacional se se trata o património duma nação que inclui património publico ou de
estado e o património privado dos cidadãos.
c) Património comercial – que abrange conjunto de valores afectos ao comércio.
1.4. NOÇÕES DE COISAS/BENS/RIQUEZA/DIREITO E OBRIGAÇÕES
Dadas as afinidades entre os termos que compõem o património, é interessante conceituá-los, para
que se possa fazer perfeita distinção entre eles.
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Coisa: é o que simplesmente existe na natureza, independente da vontade e intervenção humana.
Ex. As florestas, o mar, a terra.
Bem: é toda coisa susceptível de avaliação em dinheiro e que satisfaz uma necessidade humana.
Riqueza: é tudo o que é útil (tem valor económico e de troca), limitado (existe em quantidade
relativamente pequena), material (se fosse incorpóreo não poderia ser apropriável e nem permutável)
e apropriável (é a qualidade do que pode ser propriedade de alguém).
Classificação dos bens:
Os bens são divididos em: tangíveis que representam os bens materiais (têm forma física e são
palpáveis) e intangíveis que têm como principal característica a inexistência como coisa e seu valor
vinculado a um bem tangível ou a uma determinada situação da empresa (são incorpóreos e não
palpáveis).
Ex: Bens Tangíveis:
Destinados à instalação (prédios, terrenos, móveis e utensílios);
Destinados ao consumo (material de escritório, material de limpeza e selos postais);
Ex: Bens Intangíveis:
Marcas de comércio, ponto comercial e patentes de invenção.
Direito: é tudo aquilo que a empresa possui, porém não está em seu poder (valores a receber), ou é
ato da pessoa ou empresa ceder algum bem ou serviço em troca do pagamento não imediato,
originando um direito correspondente.
Ex: dividas a receber, aplicações financeiras, alugueres a receber, dinheiro em banco, etc.
Obrigações: são bens de propriedade de terceiros que se encontram em nosso poder. (valores a
pagar) representado por um documento, como as duplicatas a pagar.
Ex: Títulos a pagar, alugueres a pagar, dívidas a fornecedores, impostos a recolher, etc.
ACTIVO: representa a parte dos valores positivos do património, tudo aquilo que a entidade possui
ou que ela tem a receber de terceiros. Abrange o conjunto de bens e direitos da entidade.
PASSIVO: representa todas as obrigações financeiras que uma empresa tem para com terceiros,
provenientes de transacções passadas, realizadas a prazo, com data de vencimento e beneficiário
certo e conhecido. Todas as contas do passivo representam os valores negativos do património.
Neste grupo está incluído por força de lei o capital próprio, apesar de não ser uma obrigação do
património com terceiros e sim com os sócios da entidade ou seus proprietários. A classificação do
capital próprio no grupo do passivo é uma mera questão para atender à necessidade da Contabilidade
para garantir a igualdade entre os dois grupos (activo e passivo).
O passivo abrange então o capital de terceiros (obrigações) e o capital próprio e suas variações.
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PATRIMÓNIO LÍQUIDO: é a diferença entre os valores positivos do activo (bens e direitos) e os
valores negativos do passivo (obrigações) de uma entidade em um determinado momento. É a parte
do balanço que representa o capital investido pelos sócios e está graficamente localizado no seu lado
direito.
Exemplifique o seu património:
Activo:
Passivo:
1.5. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÓNIO
O gráfico do património é representado pelo Balanço Patrimonial, no qual do lado esquerdo
encontram-se os valores activos e do lado direito os valores passivos, como mostra o exemplo abaixo:
REPRESENTAÇÃO ALGÉBRICA - EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO PATRIMÓNIO
Sendo o património o conjunto de bens, direitos e obrigações com terceiros e capital próprio, a
equação fundamental do património é assim definida:
CAPITAL PRÓPRIO = BENS + DIREITOS – OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS
Substituindo os termos bens e direitos por activo, obrigações com terceiros por passivo, e capital
próprio por património líquido, podermos afirmar que: Património Liquido = Activo – Passivo
Supondo que a entidade venda todos os seus bens, receba todos os seus direitos e pague todas as
suas obrigações com terceiros, a sobra ou situação líquida é o capital próprio, que é denominado pela
Contabilidade de património líquido.
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A partir da equação fundamental do património, pode-se deduzir que em dado momento, o património
assume, invariavelmente, um dos cinco estados a saber:
1 – Quando o activo é maior que o passivo, teremos património líquido maior que zero, o que revela a
existência de riqueza patrimonial. Neste caso a situação líquida diz-se activa ou positiva.
A = P + PL
2 – Quando o activo é maior que o passivo e o passivo é igual a zero, teremos património líquido maior
que zero, revelando inexistência de dívidas.
A = PL
3 – Quando o activo é igual ao passivo, teremos património líquido igual a zero, revelando inexistência
de riqueza própria. Neste caso não existe situação liquida, que e’ nula.
A=P
4 - Quando o passivo é maior do que o activo, teremos património líquido menor que zero, revelando
má situação financeira e existência de passivo a descoberto.
A + PL = P
5 – Quando o passivo é maior do que o activo, e o activo é igual a zero, teremos património líquido
menor que zero, revelando péssima situação financeira, inexistência de bens e direitos e somente
obrigações. Neste caso a situação líquida diz-se passiva ou negativa, a empresa esta em situação de
falência técnica.
PL = P
Composição e valores do património
Num património há a considerar dois aspectos distintos a sua composição e o seu valor.
A composição do património diz respeito a natureza dos seus elementos constitutivos e a proporção
que se encontra. A composição do património será tão distinta quando:
a) Elementos de cada um forem distintos.
b) Os elementos serem os mesmos mas com valores diferentes.
c) Os elementos e os respectivos valores serem diferentes;
Dai se pode concluir que não há 2 patrimónios iguais.
Entende-se por valor do património ‘a quantia que seria preciso dar para o obter.
Valor do património
Podemos definir valor do património como sendo a diferença do activo e o passivo ou ainda a soma
algébrica dos valores dos elementos patrimoniais expressos em unidades monetários.
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Activo – passivo = situação líquida
Em suma:
No desenvolvimento da sua actividade qualquer entidade necessita possuir um conjunto de bens e
direitos (elementos patrimoniais activos) e assumir um conjunto de obrigações (elementos
patrimoniais Passivos), denominando-se estes elementos com património.
Neste contexto consideram-se exemplos de elementos patrimoniais activos os seguintes:
Dinheiro
Mercadorias
Edifícios
Maquinas
Dividas a receber
Etc.
Relativamente aos elementos patrimoniais passivos podemos ter como exemplos os seguintes:
Empréstimos bancários
Dividas ao estado
Dividas aos fornecedores
Etc.
A diferença existente entre os elementos patrimoniais activos e os elementos patrimoniais passivos
é denominada de património líquido ou situação líquida, podendo tal conceito ser evidenciado através
da seguinte expressão.
SITUAÇÃO LIQUIDA = ELEMENTOS PATRIMONIAIS ACTIVOS – ELEMENTOS PATRIMONIAIS PASSIVOS
Ao conjunto dos elementos patrimoniais activos é atribuída a demoníaco de activo, sendo que ao
conjunto dos elementos patrimoniais passivos é a atribuída a denominação de passivo. A adoção
desta terminologia conduz ao que denominamos anteriormente por situação liquida ou património
liquido passar-se-á a denominar de capital próprio.
Os conceitos acima mencionados conduzem a um dos elementos centrais da contabilidade que se
consubstancia não equação fundamental da contabilidade, sendo esta a seguinte:
ACTIVO = CAPITAL PRÓPRIO + PASSIVO
DINÂMICA PATRIMONIAL
O conjunto de acontecimentos que constituem a dinâmica patrimonial é proveniente dos actos e
fatos administrativos.
O património de uma empresa não se mantem estático ao longo doa tempos pelo contrário esta
sujeito a constantes transformações as quais podem ser causadas por duas espécies de
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acontecimentos: os normais que resultam das operações efectuadas voluntariamente pela empresa,
tais como compras, vendas, pagamentos, saques, etc. e os extraordinários que são independentes da
sua vontade, tais como, roubos, incêndios, quebras, sobras, etc.
Naturalmente, sempre que os elementos patrimoniais variam há uma alteração na composição do
património e haverá ou não modificação do seu valor consoante se tenha alterado ou não o capital
próprio.
Dá-se o nome ao facto patrimonial a toda operação ou acontecimento que imprime qualquer variação
na composição ou no valor do património.
Atos Administrativos: são as ocorrências que não alteram directamente o património.
Ex. Admissão e demissão de funcionários e solicitação de mercadoria.
Fatos Administrativos: são todas as ocorrências que alteram o património permutando os seus
valores ou modificando o património líquido.
Vejamos as seguintes situações:
1. A catarina vai as compras ao supermercado, chega a casa e diz:
- Dinheiro na carteira
+ Bens de consumo
2. O Sr. ribeiro vende a pronto pagamento o seu automóvel usado a um particular e comenta:
+ Dinheiro em cofre
- Automóvel
3. O comerciante de frutas vai ao mercado abastecedor, compra 5 caixotes de macas e paga
com cheque. Chega na loja e regista:
- Dinheiro em bancos
+ Mercadorias
4. A empresa de electrodomésticos que vende um televisor a prestações, regista na sua
contabilidade:
+ Clientes
- Mercadorias
As situações apresentadas pretendem retractar operações que todos os dias nos deparam.
Estas operações conduzem, naturalmente, a variações na composição dos patrimónios da Catarina, do
Sr. Ribeiro, do comerciante e da empresa.
Todas as operações que provocam variações na composição do património designam-se por factos
patrimoniais.
CLASSIFICAÇÃO DOS FACTOS PATRIMONIAIS
A actividade corrente desenvolvida pelas empresas origina factos patrimoniais que produzem
constantes alterações na estrutura das contas.
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Para ilustrar a afirmação anterior, considere o balanço da Sociedade de Ferreiros, Lda., em 1 de
Janeiro de 2011.
Balanço inicial
ACTIVO PASSIVO
Activo Tangíveis 400 Capital 1000
Mercadorias 1000 Reservas 200
Clientes 200 Fornecedores 700
Outros Devedores 100 Outros Credores 100
Deposito a Ordem 140
Caixa 160 Total do Passivo e
Total do Activo 2000 Capital Próprio 2000
Durante a primeira semana de Janeiro, a sociedade efectuou três operações que vamos registar
seguidamente:
Operação 1: Comprou mercadorias a pronto pagamento por 100 contos
Esta operação origina uma variação em duas contas do activo:
Aumento da conta Mercadoria(+100)
Diminuição da conta Caixa (-100)
Balanço após a 1ª operação
ACTIVO PASSIVO
Activo Tangíveis 400 Capital 1000
Mercadorias 1100 Reservas 200
Clientes 200 Fornecedores 700
Outros Devedores 100 Outros Credores 100
Deposito a Ordem 140
Caixa 60 Total do Passivo e
Total do Activo 2000 Capital Próprio 2000
Operação 2: pagou 50 contos a um fornecedor, com cheque.
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Mestrando em Gestão Publica e Autárquica
Esta operação afectara uma conta do activo (depósitos a ordem) e uma conta do passivo
(fornecedores):
- Diminuição da conta Depósitos a Ordem (- 50)
- Diminuição da conta Fornecedores (- 50)
Balanço após a 2ª operação
ACTIVO PASSIVO
Activo Tangíveis 400 Capital 1000
Mercadorias 1100 Reservas 200
Clientes 200 Fornecedores 650
Outros Devedores 100 Outros Credores 100
Deposito a Ordem 90
Caixa 60 Total do Passivo e
Total do Activo 1950 Capital Próprio 1950
Operação 3: vendeu, a prazo, metade das mercadorias por 650 contos.
Esta operação afectara duas contas do activo (Clientes e Mercadorias) e a conta de resultado líquido
do exercício. Isto é, uma diminuição da conta mercadorias (- 550) não corresponde igual aumento da
conta Clientes (+ 650 contos).
A diferença entre estes dois valores representa o aumento do capital próprio em 100 contos
(resultado liquido do exercício + 100), ou seja:
Diminuição da conta mercadoria (- 550);
Aumento da conta Clientes (+ 650);
Aumento da conta Resultado Liquido do Exercício(+ 100)
Balanço após a 3ª operação
ACTIVO PASSIVO
Activo Tangíveis 400 Capital 1000
Mercadorias 550 Reservas 200
Clientes 850 Fornecedores 100
Outros Devedores 100 Outros Credores 650
Deposito a Ordem 90 Resultado Liquido do Exercício 100
Caixa 60 Total do Passivo e Capital
Total do Activo 2050 Próprio 2050
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Por: Ramos A. Ramos CF1-INSCIG – 2º Ano
Mestrando em Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos
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Da analise das operações anteriores concluímos que:
As operações 1 e 2 conduziram a uma variação qualitativa nas contas, permanecendo invariável o
valor do capital próprio. Diz-se então que estas duas operações originaram factos patrimoniais
permutativos (ou qualitativos).
A operação 3 veio originar uma variação quantitativa nas contas, provocando uma alteração no valor
do capital próprio, diz-se então que esta operação deu origem a um facto patrimonial modificativo
(ou quantitativo).
Em resumo:
Podemos então considerar que todos os acontecimentos ou transações que alterem a composição
e/ou o valor do património de uma empresa designam-se genericamente por factos patrimoniais.
Estes factos podem ser divididos em duas tipologias distintas denominadas de factos patrimoniais
permutativos e factos patrimoniais modificativos.
Facto patrimonial Permutativos ou Qualitativos: são considerados aqueles que alteram a
composição do património (elementos patrimoniais activos e/ou passivos) mas não tem impacto no seu
valor (situação liquida), isto é, são os fatos que provocam variações específicas, permutando os
elementos do activo e do passivo, sem alterar a situação líquida. Este fato altera a qualidade do
património.
Facto patrimonial Modificativos ou Quantitativos: são considerados aqueles que alteram a
composição do património (elementos patrimoniais activos e/ou passivos) bem como o seu valor
(situação liquida/capital próprio), isto é, são os fatos que produzem alteração na situação líquida do
património, ora diminuindo-o, ora aumentando-o. Assim, os fatos modificativos podem ser
aumentativos e diminutivos. Os primeiros correspondem a custos e perdas e os segundos a proveitos
ou ganhos.
Os factos patrimoniais (permutactivos e modificativos) implicam sempre a alteração da composição
e/ou valor de pelo menos uma das massas patrimoniais (activo, passivo e capital próprio) e
consequentemente da equação fundamental da contabilidade, não invalidando nunca tal facto a
manutenção da igualdade entre os dois membros da equação fundamental da contabilidade.
Em esquema:
Bibliografias
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Mestrando em Gestão Publica e Autárquica
Borges, A., Rodrigues A. & Rodrigues R. (2010). Elementos de contabilidade geral (25ª ed.). Lisboa:
Áreas Editora, S. A.
Mussa, Carlos. Manual de Contabilidade. Maputo, Escola Aberta, 1995.
Araújo, A. M. P. & Assaf, A. (2004). Introdução á contabilidade. São Paulo: Atlas.
Davis, Mark M. Aquiliano, Nicholas J; Fundamentos Da Contabilidade Geral. São Paulo.
Decreto n° 70/2009, de 22 de Dezembro
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