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Saúde Mental - Merged 2

O documento aborda temas relacionados à saúde mental, incluindo delirium e demências, destacando suas características, diagnóstico e tratamento. O delirium é um distúrbio agudo com alterações na cognição e atenção, enquanto a demência é um declínio cognitivo significativo que interfere na vida do paciente. O texto também menciona fatores de risco, avaliação e manejo de ambas as condições.

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Saúde Mental - Merged 2

O documento aborda temas relacionados à saúde mental, incluindo delirium e demências, destacando suas características, diagnóstico e tratamento. O delirium é um distúrbio agudo com alterações na cognição e atenção, enquanto a demência é um declínio cognitivo significativo que interfere na vida do paciente. O texto também menciona fatores de risco, avaliação e manejo de ambas as condições.

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Saúde

Mental
III
Checklist
Delirium
Demências
Diagnóstico em Psiquiatria
Fobia
Psicofarmacologia
Suicídio
TOC e outros transtornos relacionados
Transtorno Bipolar de Humor
Transtorno Alimentares
Transtornos de Ansiedade
Transtorno Psicótico
Transtorno Psiquiátrico na Pediatria
Transtornos Relacionados a Catastrofes
SAÚDE MENTAL III

delirium
SITUAÇÃO AGUDA!
Não pode ser crônico

data: 31 / 08 / 21

O delirium é caracterizado por confusão de curta duração e Praxia: conhecimento automático de como fazer determinada tarefa
alterações na cognição. É um distúrbio neurocomportamental Linguagem: capacidade de comunicação (afasias: alterações da
caracterizado por alteração aguda no estado mental, com atenção linguagem)
reduzida e curso flutuante. Memória: dentro de suas várias classificações
Por que o delirium é classificado um transtorno mental orgânico?
Porque em todo delirium é possível identificar seu agente causal. Atenção! Para o diagnóstico de delirium é necessário alteração em,
pelo menos, uma dessas esferas.
O delirium pode ser subdividido em algumas categorias, baseadas em
suas causas: avaliação
• condição médica geral (ex: infecção) 1. memória
• induzido por substância (ex: cocaína, opioides, cannabis)
• espontânea (conforme evidenciada pela entrevista)
• causas múltiplas (ex: lesão cerebral traumática, doença • testada (episódica, repetição imediata, demora de
renal) evocação, evocação a partir de indícios, reconhecimento,
• outra etiologia ou etiologias múltiplas (ex: privação de sono, verbal, não-verbal, explícita, implícita)
medicação) 2. habilidades visuespaciais (perceber distâncias)
3. capacidade de construção (ex: teste do relógio)
Observação! Caso em um primeiro momento não se consiga 4. matemática
identificar a etiologia, deve-se utilizar o diagnóstico de delirium não 5. leitura
especificado enquanto se investiga melhor a causa. 6. escrita
7. função sensorial fina
fatores de risco 8. gnosia digital (reconhecimento de objetos pelo tato)
9. orientações de direita e esquerda
10. “funções executivas“ (ex: pedir para escrever o nome)
11. capacidade de abstração (uso de ditos populares)

exames laboratoriais de triagem


exames gerais
• hemograma completo
• taxa de sedimentação de eritrócitos
• eletrólitos
• glicose
• nitrogênio urêico no sangue e creatinina sérica
principais causas de delirium decorrente de • testes de função hepática
condição médica geral • níveis séricos de cálcio e fósforo
• testes de função tireoidiana
• proteína sérica
• níveis de todos os tipos de drogas / fármacos
• urinálise
• teste de gravidez para mulheres em idade fértil
• eletrocardiografia

exames laboratoriais de apoio

COGNIÇÃO
conceito
É o processo de estar consciente, saber, pensar, aprender e julgar. É
uma função ampla que possui algumas esferas:
Gnosia: capacidade de reconhecer objetos familiares

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fatores predisponentes

Observação! Alucinação x ilusão: a ilusão é baseada em algum objeto


verdadeiro, ou seja, existe um estímulo. Já a alucinação não possui
estímulo associado.

tratamento
O tratamento está relacionado na identificação da causa básica do
delirium: desidratação, distúrbio eletrolítico, infecção,
descompensação aguda de doenças clínicas etc.

pontos importantes
• ambiente tranquilo, com baixa luminosidade e com pouco
nível de ruído
Atenção! Os fatores predisponentes não funcionam como causa de • fornecimento de informações para adequada orientação do
delírio, mas sim situações que deixam o indivíduo mais vulnerável a paciente (calendários, relógios)
desenvolver quadros de delirium. • presença de familiar ou cuidador
• uso de próteses auditivas ou óculos para aqueles que
precisam
• atenção redobrada quanto às possíveis causas de agitação:
dor, sede, fome, necessidade de eliminação fisiológica
• restrição física em pacientes agitados pode ser causa de
quadro confusional agudo

SEDAÇÃO:
Provém da necessidade de tratamento sintomatológico da confusão
e da agitação, quando ocorrerem.

Atenção! Qualquer sedativo pode piorar o delirium, especialmente


aqueles que tem uma ação anticolinérgica e, por isso, a dose dessas
drogas deve ser iniciada na menor possível, privilegiando a
monoterapia.

haloperidol 0,5 – 1mg VO (“máximo de


Atenção! O delirium é um sinal de prognóstico clínico desfavorável.
• índices de internação triplicam no caso de pacientes a
tranquilização com o mínimo de sedação“)
partir de 65 anos que o exibem enquanto estão → em casos de delirium por abstinência de álcool, a droga de
hospitalizados preferência é o lorazepam (não possui metabolismo
• índice de mortalidade em três meses de pacientes com hepático, “poupa“ um fígado provavelmente doente)
episódio de delirium é de 23 – 33% CONTEÚDO:
• índice de mortalidade em um ano pode chegar a 50%  anotações da aula Delirium disponibilizada pela disciplina,
• pacientes idosos que experimentam delirium durante ministrada por Eduardo Birman
hospitalização tem um índice de mortalidade de 21 – 75%
durante o período no hospital
• após a alta, até 15% desses indivíduos morrem no prazo de
1 mês, e 25% morrem no prazo de 6 meses

clínica e diagnóstico
As características fundamentais de delirium incluem:

outras manifestações

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SAÚDE MENTAL III

demências
data: 24 / 08 / 21

Demência é qualquer transtorno / doença na qual existe um declínio 3. as alterações não podem ser mais explicadas por um quadro de
significativo de um nível prévio de cognições, causando interferência delírio ou algum outro tipo de transtorno psiquiátrico
importante em sua vida doméstica, social e ocupacional. 4. o comprometimento cognitivo é detectado e diagnosticado em
Pode ser considerada uma síndrome adquirida – a pessoa tem uma achados da história do paciente + avaliação cognitiva objetiva (testes
evolução normal e, a partir de determinado momento, passa a neuropsicológicos)
apresentar declínio cognitivo. 5. o comprometimento pode ser cognitivo ou comportamental, em
Por que uma síndrome e não uma doença? A demência se pelo menos 2 domínios:
correlaciona com diversas causas, onde um mesmo conjunto de • habilidade de adquirir novas informações ou de rememorar
sintomas pode estar associado a diferentes fatores causais (ex: informações
Alzheimer, tumores). • habilidade lógica e de raciocínio para desenvolver tarefas e
demência é um complexo processo julgamento prejudicado
envolvendo diversas alterações moleculares, funções celulares, • habilidades visuespaciais (reconhecer faces e objetos)
perda de conexões sinápticas, morte celular e gliose, além de • habilidade de linguagem (fala, leitura ou escrita)
inflamação e alterações significativas no funcionamento de redes • mudanças em personalidade e comportamento
responsáveis por cognição, manutenção da personalidade, do
comportamento, das funções sensório-motoras, eventualmente
chegando ao ponto de afetar a autonomia do sujeito. etiologias de demência
Observação! Um dos fatores de risco mais significativo para a demência de Alzheimer
demência é a idade > 65 anos. É a mais comum em pacientes idosos. Acomete principalmente lobo
temporal médio (região de hipocampo)
fisiopatologia DIAGNÓSTICO:
Antes de mais nada, para o diagnóstico de Alzheimer, são
O que acontece no cérebro é uma sequência de processos
indispensáveis os critérios para diagnóstico de demência
inflamatórios, morte celular e atrofia de determinadas regiões,
anteriormente citados.
fazendo com que haja a diminuição de regiões corticais devido a
Além desses, alguns outros critérios podem auxiliar no diagnóstico:
perda de material cerebral.
Resumo: morte celular com diminuição de tecido funcionante • início insidioso
• história clara de prejuízo / piora da cognição (reportada ou
observada)
• déficits cognitivos mais proeminentes:
▪ apresentação amnéstica: mais comum, no qual o
prejuízo ocorre primeiro nas funções de
memória
▪ apresentação não-amnéstica: começam por
outras alterações, posteriormente
desenvolvendo déficit de memória

Atenção! Os critérios diagnósticos de Alzheimer não devem ser


aplicados quando existe evidência concomitante de doença
AVALIAÇÃO Clínica cerebrovascular.
O que deve ser avaliado em um paciente com suspeita de demência:
• sinais e sintomas no envelhecimento normal, é
• início e curso clínico esperado que o idoso apresente maior dificuldade em adquirir novos
• neuroimagem conhecimentos, porém essa dificuldade não é significativa no quesito
• biomarcadores e genética de gerar incapacidade funcional – o idoso consegue continuar
• epidemiologia fazendo aquelas atividades às quais já estava habituado. Uma vez que
comece a acontecer prejuízo de função cognitiva (dificuldade de
realizar tarefas habituais) pode-se começar a pensar em um quadro
critérios clínicos para diagnóstico patológico. Nesse sentido, o transtorno cognitivo leve acontece como
A demência pode ser diagnosticada quando existem sintomas uma espécie de “pré-demência“, no qual o paciente já apresenta
cognitivos ou de comportamento (neuropsiquiátrico) que: prejuízo cognitivo, porém sem ser suficiente ainda para fazer
1. interferem na habilidade de funcionamento no trabalho ou em comprometimento funcional importante.
atividades cotidianas no paciente
2. representa um declínio de níveis de funcionamento prévio já
identificados

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transtorno cognitivo vascular medicamentos
Espectro de alterações de patologias vasculares cerebrais que
contribuem para algum grau de declínio cognitivo ou até demência. degenerações lobares fronto temporais
Nesse tipo de demência, o comprometimento cognitivo é muito São alterações degenerativas relacionadas a diversas etiologias, que
significativo e, por meio dos achados clínicos e de imagem, podem alteram principalmente lobos frontal e temporais.
ser identificados diversos sinais de patologia vascular. Lobo frontal: importante para adequação de linguagem e de
comportamento em relação a diferentes contextos.
FISIOPATOLOGIA:
A partir de fatores de risco modificáveis e não modificáveis DEMÊNCIA FRONTO TEMPORAL (DFT):
(vasculares, genéticos e de estilo de vida), o paciente pode acometimento de região órbitofrontal, cursando
desenvolver diversas doenças vasculares com diversos achados – com inadequação social, discurso jocoso, prejuízo no controle de
alterações que, somadas, levam a um quadro clínico específico. impulsos, hiperatividade, desatenção e Impersistência
acometimento da região dorso-lateral, cursando
com inércia, perda de espontaneidade, abulia, flexibilidade cognitiva
comprometida e perseveração
acometimento mais amplo de lobos frontais
e temporais. São acometidas principalmente as regiões estriatais,
com menor comprometimento de neocórtex. Quadro clínico de
estereotipias comportamentais pronunciadas, rituais e compulsões

Atenção! Outras alterações importantes, independentemente do


subtipo, são: ganho de peso, hiperoralidade, preferência por
carboidratos e doces, perda de interesse por carnes e vegetais,
aumento de interesse por alimentos nunca experimentados, aumento
do consumo de álcool, comportamento sexual modificado (diminuição
da atividade, aumento da produção verbal de temas dessa natureza)

DEMÊNCIA SEMÂNTICA:
Caracterizada por uma afasia progressiva fluente, na qual há perda
do significado das palavras. Pode haver, também, comprometimento
no reconhecimento de faces e objetos.
Quadro clínico: possuem preservação do aspecto fonológico, com
profundo comprometimento da semântica - a pessoa fala muito,
porém são coisas desconexas.

AFASIA PROGRESSIVA NÃO FLUENTE:


Alteração basicamente de linguagem, na qual não existem sintomas
comportamentais tão importantes no início. Nesse tipo de demência
não existem achados tão importantes em outras áreas como
memória, motricidade, funções executivas.
Quadro clínico: comprometimento da expressão da linguagem, sem
DIAGNÓSTICO: comprometimento do entendimento – dificuldade de dar fluência na
• comprometimento cognitivo vascular leve: fala.
comprometimento de pelo menos um domínio, não havendo
comprometimento de atividades do dia a dia
outros quadros de demências
• comprometimento cognitivo vascular maior: déficits
clínicos significativos, com alteração em pelo menos um • demências por corpos de Lewy
domínio cognitivo e comprometimento de atividades • demência na doença de Parkinson
diárias • demência alcoólica
Os domínios principais incluem: funcionamento executivo, atenção, • demência por HIV
memória, linguagem e função visoespacial.
grande impacto sobre o diagnóstico
dor aguda, uso de drogas e delírio a tratamento
menos de 3 meses (recuperação de delírio é gradativa, podendo O tratamento é sempre multidisciplinar.
confundir). A reabilitação neuropsicológica é um ponto interessante – difícil nos
quadros neurodegenerativos, porém importante em quadros
Observação! Os pacientes com diagnóstico de demência cognitiva reversíveis.
vascular são subcategorizados de acordo com a sua patologia de A farmacoterapia deve ser usada principalmente em quadros de
base: AVC; patologias mistas (quadro vascular e de Alzheimer); demência vascular e Alzheimer. Dentre as medicações, o grande
alterações subcorticais; multi-infarto grupo são os anticolinesterásicos e os nicotínicos.
CONTEÚDO:
MANEJO:  anotações da aula Demências disponibilizada pela disciplina,
modificação de fatores de risco ministrada por Daniel Segenreich

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SAÚDE MENTAL III

revisão: diagnóstico em psiquiatria


data: 03 / 08 / 21

elementos indicativos de um possível transtorno, facilitar chegar até a causa, Apesar disso, nem toda síndrome febril é
de uma possível doença. igual, podendo se diferenciar quanto ao curso e identidade da febre –
do grego syndromos - “local onde várias rotas se o que lhe aproxima mais de uma etiologia ou de outra.
encontram“ ou “correndo junto“.

Quais os parâmetros que definem uma síndrome?


• quando ocorrem os sinais (ao mesmo tempo ou de forma
encadeada)
• origem – fator etiológico
• processo fisiopatológico / caminho (um mesmo fator
etiológico pode levar a diversos processos fisiopatológicos
que geram diferentes sinais e sintomas)

Um fenômeno patológico pode se apresentar na realidade clínica com


Observação! Para muitos autores, síndrome e complexos de sintomas
três graus de complexidade, que podem ser entendidos como
são conceitos análogos.
progressivamente crescentes. O sintoma é o signo mais elementar
de uma enfermidade, pelo qual ela se evidencia como condição
patológica. A síndrome é uma reunião mais ou menos coerente de outros tipos de diagnóstico
sintomas que costumam se apresentar correlacionados. Já o • diagnóstico etiológico: aquele que leva em consideração a
diagnóstico nosologico deve ser a expressão verbal que comunica, causa da doença
expressa ou implícita, as características essenciais mais • diagnóstico nosologico: é aquele que leva em consideração
importantes de condição patológica com caráter nosologico ou de o conjunto de sinais e sintomas associados a uma
entidade clínica. Abrange não apenas a forma da enfermidade, como determinada fisiopatologia, é a “doença“
também sua etiopatogenia – é um diagnóstico explicativo e não
apenas descritivo.
diagnóstico em psiquiatria
tipos de diagnóstico características
dos sintomas • descrição de sinais, sintomas e síndromes
O diagnóstico dos sintomas reside na identificação dos fenômenos • descrição e entendimento de curso e evolução clínica
psicopatológicos elementares. Os sintomas podem ser objetivos ou • busca por possíveis causas “orgânicas“ ou por uso de
subjetivos. substâncias
• não possui marcadores específicos, salvo em raras
Curiosidade! Algumas categorias diagnósticas da CID-10 são exceções
diagnósticos de sintomas, como alucinose, enurese, encoprese, tique, • personalidade do paciente influencia na doença
piromania, cleptomania, anorexia, bulimia, vaginismo, dislexia,
discalculia, disortografia, mutismo, gagueira, taquilalia. • ambiente influencia ou mesmo pode ser fator causal
• histórico familiar pode ajudar
da síndrome • conceitos de predisposição e resiliência se relacionam a
experiência da doença pelo paciente
O diagnóstico sindrômico consiste na identificação de um conjunto
de sintomas que costumem coexistir como uma síndrome. O CONTEÚDO:
diagnóstico sindrômico é, em última análise, a comparação do quadro  anotações da aula Revisão de Diagnóstico em Psiquiatria: sinais,
clínico com um modelo sindrômico preestabelecido síndromes e entidade nosológica, disponibilizada pela disciplina, ministrada
convencionalmente ao alcance do diagnosticador. por Daniel Segenreich
O conceito de síndrome é análogo ao de complexo sintomático,
embora na maioria das vezes queira dizer: um conjunto de sinais e
sintomas que costumem se apresentar correlacionados, mas que
pode derivar de diversas causas e cursar de diversas maneiras (ex:
uma síndrome depressiva em uma doença depressiva endógena, em
uma doença bipolar, em uma doença tireoidiana ou em uma doença
ansiosa, evoluem de modos diferentes).

a síndrome febril é composta por


aumento de temperatura corporal, mialgia, prostração, cefaleia,
dentre outros. A síndrome febril aponta um caminho que pode
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SAÚDE MENTAL III

fobias
data: 26 / 10 / 21

As síndromes fóbicas caracterizam-se por medos intensos e assustador. Por meio do uso de medicamentos ansiolíticos, hipnose
irracionais, por situações, objetos ou animais que objetivamente não e instrução de relaxamento muscular, os pacientes são ensinados a
oferecem ao indivíduo perigo real e proporcional à intensidade de tal como autoinduzir um repouso mental e físico. Após terem dominado
medo. essas técnicas, eles são ensinados a utilizá-las para induzir
A mais comum é a agorafobia, relacionado o medo e a angústia a relaxamento quando em contato com o estímulo que provoca
espaços amplos ou com muitas pessoas (locais onde é difícil escapar ansiedade.
e o auxílio / presença de pessoas próximas não é rapidamente
possível).
FOBIA SOCIAL
Medo intenso e persistente de situações sociais que envolvam expor-
FOBIA SIMPLES se ao contato interpessoal, demonstrar certo desempenho ou
A fobia simples ou específica caracteriza-se por medo intenso, situações competitivas e de cobrança.
persistente, desproporcional e irracional, como medo de animais, Ansiedade de desempenho: relação de ansiedade associada a
medo de ver objetos como seringas, sangue, faca, vidros quebrados, temores em relação à execução de uma tarefa, à possibilidade de ser
dentre outros. avaliado criticamente por pessoas importantes ou significativas
O diagnóstico de fobia específica requer o desenvolvimento de (frequente na fobia social e na vida cotidiana).
ansiedade intensa, mesmo a ponto de pânico, quando a exposição ao
objeto temido. Os indivíduos acometidos reconhecem o caráter No caso da fobia social, as situações temidas são, obviamente, as
irracional e desproporcional de seus medos. sociais, variando desde o falar em público até outras, como comer ou
O desenvolvimento de uma fobia específica pode resultar da escrever com outras pessoas presentes, falar com pessoas pouco
associação de um objeto ou da situação específicos com as emoções íntimas e ficar numa fila de banco.
de medo e pânico. Em geral, uma tendência não específica de Caso o indivíduo tema a maioria das situações sociais, apresenta uma
experimentar medo ou ansiedade forma a cortina de fundo; quando fobia social do tipo generalizado, em contraponto às situações em
um evento específico é associado a uma experiencia emocional (ex: que apenas uma ou poucas situações são temidas como, por exemplo,
um acidente), o indivíduo fica suscetível a uma relação emocional medo de falar em público - fobia social circunscrita.
permanente entre dirigir ou veículos e medo ou ansiedade.
tratamento
Na fobia social generalizada, o tratamento farmacológico de primeira
escolha são os ISRS (em especial, escitalopram, fluvoxamina,
paroxetina e sertralina, que apresentam eficácia comprovada em
estudos duplo-cegos controlados por placebo) e a venlafaxina.
Já na fobia social específica / circunscrita tem como tratamento de
eleição a TCC, com o objetivo de dessensibilizar o indivíduo do objeto
temido, diminuindo comportamentos de fuga / esquiva, bem como o
sofrimento causado pelo seu enfrentamento.

CONTEÚDO:
 anotações da aula Fobias disponibilizada pela disciplina, ministrada
tratamento por Eduardo Birman
Feito por meio da terapia cognitivo comportamental (TCC). As
características fundamentais do tratamento bem-sucedido são:
• compromisso do paciente com o tratamento
• problemas e objetivos identificados com clareza
• estratégias alternativas disponíveis para lidar com os
sentimentos
As abordagens cognitivas incluem o reforço da percepção de que o
estímulo fóbico é, na verdade, seguro.
Métodos de TCC: dessensibilização sistemática, psicoterapia
orientada ao insight, terapia virtual, hipnose, terapia de apoio ou
terapia familiar.

DESSENSIBILIZAÇÃO SISTEMÁTICA:
É a técnica mais comum. Nesse método, o paciente é exposto em
série a uma lista predeterminada de estímulos que provocam
ansiedade, graduada em uma hierarquia do menos ao mais

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SAÚDE MENTAL III

psicofarmacologia
data: 10 / 08 / 21

A primeira coisa a se pensar quando o assunto é psicofarmacologia é


quais são as finalidades do tratamento em pacientes psiquiátricos: PSICOFARMACOLOGIA
• mudar curso / evolução da doença Antes de ser iniciado um tratamento farmacológico, deve-se
• diminuir a intensidade de sintomas / diminuir o sofrimento questionar alguns aspectos:
1 – Devo iniciar o tratamento farmacológico?
• prevenção de recaídas
• profilaxia de primeiro quadro de adoecimento • o que espero com isso?
• reabilitação de funções perdidas / comprometidas • como informo isso ao paciente?
• quais as expectativas médicas e do paciente?
Como o tratamento se aplica em psiquiatria?
• farmacoterpia: utilização de medicações 2 – Como escolher o medicamento?
• psicoterapia: “terapia de fala“ (ex: psicanálise e terapia • qual medicamento é indicado em protocolos para esse
cognitivo comportamental) diagnóstico?
• eletroconvulsoterapia: aplicação da corrente elétrica, • o que essa medicação pode trazer?
fazendo com que a pessoa apresente uma crise convulsiva. • o que ela não vai fazer?
Feita sob anestesia, usada em situações de gravidade da • qual o perfil de efeitos colaterais?
doença. • tolerabilidade vs. segurança
→ efeitos adversos: dificuldade de lembrar o que
ocorreu antes e um pouco após o evento 3 – Como saber a dose alvo?
→ não pode tomar ansiolítico / anticonvulsivo antes • dose inicial: mais baixa, titulada gradativamente para se
do procedimento atingir uma dose alvo
• estimulação magnética transcraniana: tem como intuito → o timing de conversão da dose inicial para a dose
fazer a modificação elétrica em um “campo localizado“ do alvo é importante para que o médico analise a
cérebro, como uma espécie de avanço da resposta daquele paciente àquela medicação
eletroconvulsoterapia (não provoca convulsões)
• faixa terapêutica: engloba valores contidos entre dose alvo
→ não tem a mesma eficácia da (o mínimo necessário para que o medicamento faça efeito)
eletroconvulsoterapia, porém provoca menos até a dose máxima do medicamento.
efeitos colaterais
• dose de risco e dose tóxica: existem medicações que
• deep brain stimulation: depende da colocação de uma quando se passa da dose máxima se acumulam riscos, a
espécie de marcapasso no cérebro do paciente por meio de ponto de em determinada quantidade se torna tóxica ao
uma cirurgia para que possa haver estímulo elétrico paciente
provocado
• doses diferentes – ações terapêuticas diferentes: alguns
• psicocirurgia: retirada de pequenas regiões cerebrais para medicamentos, quando em doses diferentes, possuem
extinguir um circuito hiperfuncionante. ações diferentes no organismo
→ é um tratamento considerado em último caso
4 – Quais as formas de administração disponíveis?
importância da atuação em fase inicial • via de administração: a via mais utilizada na psiquiatria é a
o “sistema da doença“ está adormecido, a pessoa apenas via oral.
possui potencial e vulnerabilidade de desenvolver a doença → em momentos de crise, as medicações podem
o fator estressor surge, fazendo com que haja o aparecimento ser feitas intramusculares
dos primeiros sintomas → em ambientes hospitalares pode-se identificar
com a manutenção do fator estressor, novos sintomas formulações venosas
surgem a partir do primeiro (e se apresentam de forma mais intensa) → a via transdérmica é muito utilizada para
mesmo que se tire o fator estressor, os sintomas tratamento inicial de demência do tipo Alzheimer
permanecem presentes • horário do dia e frequência: deve-se levar em conta a meia-
vida da medicação e os seus efeitos adversos
Qual a importância desses conceitos para o tratamento? Quanto • associação com alimentação: algumas medicações não
antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de regressão dos podem ser administradas conjuntamente a alimentação
sinais e sintomas – a retirada do fator estressor (orientação
comportamental) em fases iniciais, por exemplo, pode ser benéfica acompanhamento do paciente
para a regressão da doença (diferentemente do que ocorre em fases Para o acompanhamento de um paciente submetido a
mais avançadas, onde já se mostra necessário um tratamento psicofarmacologia, deve-se observar alguns aspectos importantes:
direcionado a permanência dos sintomas).

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TEMPO:
• em quanto tempo começa a melhorar?
• em quanto tempo considero que há ineficácia?
→ para cada medicação existe um tempo mínimo
de tratamento para melhora. Se a partir desse
tempo não houver melhora total, se considera
eficácia parcial. Se não houver melhora alguma,
se considera ineficácia.
• mediante eficácia comprovada, por quanto tempo
mantenho a medicação?
• tem riscos a longo prazo?

OUTRAS QUESTÕES QUE DEVEM SER CONSIDERADAS:


cada medicação possui uma via de
depuração e, por isso, é importante saber quais medicações esse
paciente utiliza para que se possa identificar possíveis interações.
é
importante saber o que se espera da medicação antidepressiva,
conversando com o profissional que faz o acompanhamento
psicoterápico no que a medicação pode ou não ajudar.
sempre se comunicar com uma linguagem
acessível com o paciente e com a família, mantendo sempre o
paciente informado em relação ao seu quadro.

Atenção! Existe relação, na psicologia, entre nome da classe, função


do remédio, indicação de bula, efeitos adversos e uso na prática? Na
psiquiatria, essa questão é um pouco adversa (ex: algumas
medicações antidepressivas possuem indicação clássica de bula
para tratamento de TOC – são considerados antidepressivos, porém
possuem efeito contra ansiedade).

classes de medicamentos utilizados


medicamentos indicados para tratar a depressão
e outros transtornos psicológicos e exercem a sua ação no sistema
nervoso central, apresentando diferentes mecanismos de ação
podem ser benzodiazepínicos ou não
benzodiazepínicos
podem ser de primeira geração (eficácia muito
grande, porém muitos efeitos colaterais), segunda ou terceira
geração (mais bem tolerados no primeiro momento)
todas as medicações que atuam em
oscilação de humor (ex: lítio, lamotrigina, vigabatrina, gabapentina)
CONTEÚDO:
 anotações da aula Psicofarmacologia disponibilizada pela
disciplina, ministrada por Daniel Segenreich

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SAÚDE MENTAL III

suicídio
data: 1714/02/2023
/ 08 / 21

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O suicídio é uma emergência médica e um problema de saúde pública.
Apenas 1/3 dos pacientes que tentam se matar procuram um
profissional antes de tentar o suicídio.
Nos EUA, as mortes por suicídio relatadas são 40% mais altas do que
as de homicídios – porém, a atenção do público naquele país está
muito mais voltada para os homicídios.
SUICÍDIOS AUMENTAM NO JAPÃO

EPIDEMIOLOGIA
O suicídio é responsável por aproximadamente 10 – 15 mortes a cada
100.000 pessoas por ano. Para cada suicídio completado existem 20
– 40 tentativas de suicídio malsucedidas.
A idade média das pessoas que cometem suicídio está cada vez mais
baixa, sendo que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio e
a cada 3 segundos uma pessoa tenta suicídio.
As doenças psiquiátricas são forte fatores de risco associado ao
suicídio. A depressão é a complicação psiquiátrica mais comum nesse tipo de
doença.
• 90% dos pacientes que cometem suicídio nos países Torna-se preocupante o risco de suicídio dentro das doenças
ocidentais sofrem de ao menos um transtorno psiquiátrico crônicas devido aos seguintes fatores:
significativo
• subdiagnóstico de depressão
→ embora seja provável que haja variações nesse
cenário em diversos países e culturas, isso • validade diagnóstica
destaca o significado das relações entre as • niilismo terapêutico (acreditar que nada vai adiantar no
doenças mentais e o suicídio caso daquele paciente)
• a depressão não é o único transtorno psiquiátrico que leva
Quais são as barreiras à detecção e a prevenção do suicídio?
ao suicídio – doenças da ansiedade, atualmente, estão Diversos fatores podem impedir a detecção e a prevenção do suicídio
quase se igualando as doenças depressivas por parte dos profissionais de saúde
• estigma: a falta de preparo dos médicos para lidar com
transtornos mentais aumenta o seu estigma
• sigilo médico: diante de perigo de vida, é dever do médico
informar a autoridades que o paciente está em risco de
vida
• falta de conhecimento
• atenção sobre o suicídio
• achar que o suicídio não é um evento frequente

Mensurando saúde e fatores econômicos


• número de perdas de vidas
• perdas de anos de experiência de vida
• perdas de anos de vida produtiva (< 65 anos)
• custos com cuidados de saúde (hospital)
• morte prematura e desajuste família
• custo legal (necropsia e investigação)
• qualidade de vida

A morte evitável? O suicida inicia o mergulho na onda do desespero e


perturbação que o levará a morte. Porém, a maior parte dos suicídios
poderia ter sido evitado se na hora decisiva alguém estivesse por
perto.
Página 1 de 4
MODELO NEUROBIOLÓGICO DO SUICÍDIO Quando uma avaliação de tendencia suicida deve ser realizada?
• situações agudas de crise
fatores genéticos tornam o indivíduo mais • avaliação psiquiátrica inicial de pacientes ambulatoriais ou
vulnerável a desenvolver tendência suicida e esses fatores genéticos internados
podem ser influenciados por situações de estresse como lesões
• se há mudança na forma de acompanhamento do paciente
cerebrais, traumas ou infecções ou no ambiente de tratamento
a violência na infância, o estresse crônico ou
• se há mudança súbita na apresentação clínica
uma dieta muito restrita podem alterar o eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal e diminuir o colesterol, aumentando a vulnerabilidade do • se não há melhora ou há piora em seus sintomas apesar do
paciente tratamento
a diminuição da noradrenalina e da • se há uma perda real ou imaginada, sofreu vergonha ou
serotonina podem levar ao pessimismo, a desesperança e a humilhação
impulsividade, aumentando a tendencia ao suicídio • se foi exposto a estressor psicossocial significativo
transtornos psiquiátricos estão
diretamente correlacionados a estresses psicossociais, assim como Atenção! À chance de suicídio aumenta na proporção de quanto mais
o inverso também é verdadeiro fatores de risco estiverem presentes. Entretanto, muitos indivíduos
podem ter um ou mais fatores de risco e não terem intenção suicida.
Dessa forma, o que faz diferença é a presença de fatores protetores,
avaliação do comportamento suicida que fortalecem as estratégias de enfrentamento (“quem é que tá do
Não existem testes nem critérios preditivos absolutos que lado de fora da sala do hospital esperando por notícias do paciente?“).
estabeleçam quem irá ou não cometer suicídio. É uma urgência
médica pelo risco de vida que o ato pode acarretar ao indivíduo, porém dificuldades na avaliação
é uma experiência singular e particular – cada ser humano tem a 1. negação das ideias suicidas – os pacientes tendem a negar suas
vivência de uma forma. ideias suicidas (ex: “eu não queria morrer, só queria dormir por um
tempo“)
2. ambivalência para suicídio – a angústia entre o ideal suicida e o
instinto de sobrevivência do ser humano (ex: “eu quero acabar com
esse sofrimento, mas eu tenho filhos para cuidar. O que eu devo
fazer?“)
3. falsas providências – o paciente liquida suas dívidas, limpa seu
nome, faz um testamento “por precaução“
4. raiva e ressentimento – o paciente atenta contra a própria vida
para “culpabilizar“ seu cônjuge, sua família (ex: “vocês vão ver, serão
responsáveis pela minha morte“).
5. contato emocional difícil – pacientes que tem dificuldade de se
conectar emocionalmente (ex: “homem não chora, não posso
demonstrar fraqueza“)
6. não cooperativo e comportamento difícil – em delírios, por
exemplo, muito em pacientes psiquiátricos (ex: o paciente acha que
você está confabulando contra ele)
Leva a impulsos agressivos destrutivos, funcionamento emocional 7. senso de realidade distorcido – pacientes em surto psicótico (ex:
com falta de regulação afetiva ou falta de tolerância e funcionamento alucinações auditivas de comando – “pula, você não tem coragem?“)
cognitivo (3 Is): intolerável, inescapável e interminável.
Na cabeça do paciente, a única solução para uma dor com “3Is“ é o
suicídio! fatores de risco
FATORES FIXOS:
grupo-alvo • sexo: sexo feminino tentam mais suicídio e pessoas do
Os pacientes que precisam de avaliação são: sexo masculino morrem mais por suicídio (diferença na
• tentativa prévia de suicídio forma de suicídio – mulheres tendem a usar métodos
• pessoas envolvidas em outros comportamentos auto “menos letais“ e os homens têm tendencia a utilizarem
lesivos armas de fogo e elementos mais arriscados)
• pessoas que expressam pensamentos suicidas e / ou • idade: pessoas idosas com doenças crônicas abandonadas
desesperança por suas famílias ou pacientes mais jovens muito
• pacientes com diagnóstico de doenças físicas graves, desesperançados em relação ao futuro
ameaça a vida, pessoa desfigurada, dor intensa ou • grupo étnico: dentro de alguns grupos étnicos existem
incapacitação se for acompanhada de sintomas “sistemas protetivos“, também estando relacionados a
psiquiátricos estratificação social
• orientação sexual: preconceitos, não aceitação (por parte
Atenção! Qualquer paciente com doença psiquiátrica deve ser do próprio paciente ou da sociedade)
avaliado quanto à tendência suicida periodicamente durante o curso • tentativas prévias: basta uma tentativa para que seja
da doença, independentemente de sua situação clínica. possível ocorrer novamente (depois da primeira tentativa o
risco triplica)
• transição socioeconômica: perda de um status social, por
exemplo
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• anomia: dificuldade que as pessoas têm de expressar raiva, ressentimento, dor física e desfiguramento
efetivamente aquilo que sentem, que foge da nomeação e
da recordação
REFORÇO INTERNO:
FATORES POTENCIALMENTE MODIFICÁVEIS: reduz ansiedade, reduz senso de urgência, liberação
• acesso a meios expressiva
• transtornos mentais rótulo de paciente PQ, confirmar perda de controle
• doenças físicas
• isolamento social diagnóstico
• ansiedade risco de suicídio
• desesperança e insatisfação
• situação conjugal • desejo de morte / ideação suicida
• situação empregatícia • culpa excessiva
• humor deprimido
• anedonia
FATORES DE ALTO RISCO:
• menosvalia
• múltiplas tentativas
• problemas de concentração
• planejadas
• relato de depressão pelos familiares
• baixo socorro
• tentativa prévia de suicídio
• alta intenção PERGUNTAS!!!!!!!!
• acesso a método letal
• meios disponíveis
• pensamento rígido
• pobre controle afetivo
• desempregado
• relações conflituosas
• isolamento social
• violência doméstica
• abuso físico
• abuso sexual

Deve-se ter uma atitude receptiva, confiável e firme. Informações classificação


colhidas com o paciente, incluindo outras fontes (acompanhantes,
observação da equipe). Risco baixo: a pessoa teve alguns pensamentos suicidas, mas não fez
nenhum plano.
O que deve ser repudiado? Risco intermediário: a pessoa tem pensamentos e planos, mas não
Crenças comuns sobre tentativa de suicídio: pretende cometer suicídio imediatamente.
1. é voluntária e, portanto, passível de ser evitada pelo paciente Risco alto: a pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-
2. é uma demanda indigna dos serviços de PS já saturados lo e planeja fazê-lo prontamente; ou tentou suicídio recentemente e
3. ajuda apropriada não deveria ser buscada no PS (ex: dano físico apresenta rigidez quanto à uma nova tentativa; ou tentou várias vezes
presente ou suspeito) em um curto espaço de tempo.
Pressa em dar alta: dar alta rapidamente o paciente para desocupar
leito manejo e tratamento
Antes de pensar em um tratamento em específico, é importante
avaliação dos recursos do paciente saber que:
• capacidade de elaboração • abordagens psicoterápicas inadequadas podem aumentar
• capacidade de resolução de problemas potencialmente o risco de comportamento suicida em
indivíduos vulneráveis, particularmente em jovens
• recursos materiais (moradia, alimentação)
• tratamento psicofarmacológico é necessário em muitas
• suporte (instituições, família, amigos, trabalho) pessoas, e em diversas condições para evitar o risco
eminente de suicídio
Fatores preditivos de repetição: (1) muitas mudanças no local de
residência, (2) histórico pobre de trabalho, (3) solidão – separado, • farmacoterapia inadequada pode induzir um alto risco da
continuidade do suicídio
viúvo, divorciado.
conduta de acordo com o risco do paciente
comportamento suicida pós-evento
BAIXO RISCO:
REFORÇO EXTERNO:
permite fugir do ambiente, restaurar o relacionamento
temporariamente, recebe mais atenção • escuta acolhedora para compreensão e amenização de
sofrimento
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• facilitar a vinculação do sujeito ao suporte e ajuda possível HOSPITALIZAÇÃO:
ao seu redor – social e institucional; A hospitalização é indicada de acordo com o grau de risco potencial
• tratamento de possível transtorno psiquiátrico do suicídio, principalmente se:
• o paciente não colabora
• caso não haja melhora, encaminhe para profissional • apresenta um transtorno mental grave que prejudica a sua
especializado crítica frente à situação
• esclareça ao paciente os motivos do encaminhamento • não possui uma rede de suporte familiar
• certifique-se do atendimento e agilize ao máximo, tendo Atenção! Algumas vezes, uma hospitalização precipitada pode ser
em vista a excepcionalidade do caso prejudicial ao paciente frente a uma avaliação errônea do risco de
• tente obter uma contrarreferência do atendimento suicídio.

MÉDIO RISCO: tratamento farmacológico


O único medicamento comprovado para diminuição da ideação
• total cuidado com possíveis meios de cometer suicídio que suicida é o lítio.
possam estar no próprio espaço de atendimento
• escuta terapêutica que o possibilite falar e clarificar para
si sua situação de crise e sofrimento
• realização de contrato terapêutico de não suicídio
• investimento nos possíveis fatores protetivos do suicídio
• faça da família e amigos do paciente os verdadeiros
parceiros no acompanhamento do mesmo

• encaminhar para o serviço de psiquiatria para avaliação e


conduta ou agendar uma consulta o mais breve possível
• peça autorização para entrar em contato com a família, os
amigos e/ou colegas e explique a situação sem alarmar ou
colocar panos quentes, informando o necessário e
preservando o sigilo de outras informações sobre CONTEÚDO:
particularidades do indivíduo  anotações da aula Suicídio disponibilizada pela disciplina,
• oriente sobre medidas de prevenção, como: esconder ministrada por Eduardo Birman
armas; facas; cordas; deixar medicamentos em local que a
pessoa não tenha acesso etc

ALTO RISCO:

• estar junto da pessoa, nunca a deixar sozinha


• total cuidado com possíveis meios de cometer suicídio que
possam estar no próprio espaço de atendimento
• realização de contrato de “não suicídio“
• informar a família da forma já sugerida

Encaminhar para o serviço de psiquiatria para avaliação, conduta e,


se necessário, internação.
Caso não seja possível, considere o caso como emergência e entre
em contato com um profissional da saúde mental ou do serviço de
emergência mais próximo. Providencie uma ambulância e encaminhe
a pessoa ao pronto-socorro psiquiátrico, de preferência.

orientações gerais
AMBIENTE DOMICILIAR:
1. retirar da casa medicamentos potencialmente letais, armas
brancas e armas de fogo
2. manter abstinência de álcool e drogas que possuem efeitos
desinibitórios
3. evitar locais elevados e sem proteção, pelo risco de se jogar
4. evitar que o paciente fique sozinho, ou trancado em um recinto

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SAÚDE MENTAL III

TOC e outros transtornos


data: 23 / 11 / 21

TOC ciclo do TOC


O transtorno obsessivo-compulsivo é definido pela presença de Pode haver estímulos internos / externos que sirvam como uma
sintomas como os pensamentos obsessivos, rituais espécie de disparador (trigger), aumentando a quantidade de
comportamentais compulsivos (geralmente se associam aos pensamentos obsessivos. Os pensamentos trazem muita ansiedade
pensamentos obsessivos) e grau de ansiedade importante. e desconforto, os quais aumentam a quantidade de pensamentos
Obsessões: são transtornos do pensamento, no qual os pensamentos obsessivos. A ansiedade começa a trazer tanto comprometimento
são persistentes ou recorrentes, podendo aparecer como impulso de psicológico que o paciente desenvolve compulsões, como uma forma
imagens mentais. Durante o distúrbio, em algum momento esses de buscar alívio de sua ansiedade. Transitoriamente, o paciente
pensamentos se tornam intrusivos, inapropriados, trazendo estresse apresentará melhora de obsessão e ansiedade, até que novamente o
ao paciente. Esses pensamentos não são explicados apenas por ciclo se reinicie.
preocupações do dia a dia. As pessoas que passam por isso tentam
ignorar / suprimir esses pensamentos, ou neutralizá-las de alguma
outra forma – por meio de outro pensamento ou ação. O indivíduo
reconhece que esses pensamentos são obsessivos, da própria
cabeça dela, e não impostos externamente.
• contaminação
• responsabilidade por machucar alguém
• questões sexuais e suas questões morais associadas (a
pessoa acha que vai ser capaz de abusar de alguém, por
exemplo)
• violência
• pensamento de cunho religioso
• simetria e ordem (jogos simétricos, posicionamento das
coisas em simetria)

tratamento
• psicoterapia (terapia cognitivo comportamental) – linha de
frente para o tratamento mais direto para os sinais e
sintomas de TOC)
• farmacoterapia – medicações que ajudam a diminuir a
intensidade e frequência dos sinais e sintomas
Compulsões: comportamentos (ou atos mentais repetitivos em que a
pessoa “precisa“ fazer aquilo, geralmente em resposta para diminuir FARMACOTERAPIA:
a intensidade de pensamentos obsessivos. Os comportamentos e os Principalmente utilizados os inibidores eletivos de serotonina,
atos mentais geralmente se relacionam a prevenir ou reduzir a principalmente a sertralina e a fluvoxamina – ambos com indicação
ansiedade em relação a algum evento que a pessoa ache que pode em bula para tratamento de TOC e possibilidade de uso em
acontecer. Esses comportamentos e atos mentais não se conectam adolescentes.
de forma realista com aquilo que está designado para neutralizar ou
prevenir, ou então são extremamente excessivos – a pessoa
reconhece que seu ato ou comportamento não tem real correlação
com seu pensamento, mas não consegue parar de fazer.

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Observação! Embora a dose inicial seja mais baixa, a dose alvo (dose
que mais frequentemente funciona para TOC) é muito mais alta do
que aquela utilizada para pacientes com depressão.

Outra medicação fora dos inibidores seletivos é a clomipramina


(antidepressivo tricíclico), também em dose maior do que a utilizava
na depressão.
→ é um remédio excelente para tratamento, porém suas
doses altas levam a muitos efeitos colaterais (dificultam o
tratamento)
Além dessa, existe a venlafaxina (inibidor dual / inibidor seletivo de
recaptura de serotonina e noradrenalina), em doses também
bastante altas.

OUTROS TRANSTORNOS (OCDRS)


transtorno dismórfico corporal
O indivíduo “foca“ em alguma parte do corpo que não gosta com o
pensamento de que as pessoas olham para essa parte do seu corpo
de forma negativa, e toma ações para modificar aquilo – parar de
comer, se submeter a procedimentos estéticos.

colecionismo
A pessoa coleciona / acumula diversas coisas, podendo ser de forma
desorganizada ou bem estruturada.

tricotilomania CONTEÚDO:
 anotações da aula Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Outros
“Puxar pelos do corpo“, em qualquer região do corpo. Transtornos Relacionados disponibilizada pela disciplina, ministrada
por Daniel Segenreich
excoriações / skin picking
A pessoa fica machucando a pele, tirando casquinha de feridas, sem
conseguir controlar essa urgência para fazer.

TIQUES
Tiques temporários / transitórios – DSM V: um ou múltiplos tiques
motores, podendo ou não haver tiques verbais, presentes por menos
de 1 ano, acontecer antes de 18 anos de idade, não podendo ser
atribuído a quaisquer outras causas. É necessário excluir, também, a
possibilidade de outros diagnósticos como sd. de Tourette ou tique
persistente.
Tique persistente – DSM V: apresentação clínica semelhante, com
tiques motores e / ou verbais, porém deve estar presente por mais
de 1 ano.

excoriações / skin picking


Combinação de tiques motores com tiques vocais, por mais de 1 ano.
É necessário ter início antes dos 18 anos de idade.
Frequentemente, esse paciente tem outros tipos de comorbidades
associadas – ex: TOC, TDAH, espectro autista, migrânea.

CONDUTA:
O paciente com TIC não necessariamente deve ser tratado
farmacologicamente, existe também a opção da psicoterapia. Se
existe indicação de tratamento e os TICS estão acompanhados de
comorbidades, talvez seja necessário analisar a prevalência dessas
comorbidades em relação ao TIC – e, caso mais significativas, deve-
se tratá-las.
O principal tratamento é comportamental e, apenas quando este não
é possível, deve-se indicar a farmacoterapia.
Farmacoterapia: agonistas alfa; benzamidas (supirida); agonista gaba
b); anticonvulsivante (topiramato); antipsicóticos atípicos ou típicos.
→ o antidepressivo pode ser utilizado em casos de ansiedade

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SAÚDE MENTAL III

transtornos bipolar de humor


data: 14 / 09 / 21

Conceitos: • envolvimento excessivo em atividades que tem alto


Ciclotimia: estabilidade afetiva – sintomas de mania e sintomas potencial de consequências dolorosas / arriscadas
depressivos sem o paciente, até o momento, ter feito sintomas (comprometimento de avaliação de risco)
transtorno maníaco pleno ou de transtorno depressivo maior
Distimia: sintomas depressivos predominantemente, porém nunca hipomania
em intensidade que chega a transtorno depressivo maior
Apresenta os sintomas descritos na mania, porém de menor
intensidade, menor frequência e menor gravidade. Por isso, a
insanidade maníaco-depressiva hipomania não causa alteração ocupacional e social tão importante
Para Kraepelin, a insanidade maníaco-depressiva (como era nos casos de mania, também não sendo graves o suficiente para
conhecido, anteriormente, o transtorno bipolar do humor) era haver hospitalização e nem está associado a sintomas psicóticos.
caracterizada por domínio de insanidade circular e periódica, onde se • critério de duração: necessário, pelo menos, 4 dias
pode ter momentos de mania alternados com estados mentais de
melancolia, por vezes com alteração confusional associada. Atenção! Caso em algum momento o paciente hipomaníaco
apresente sintomas psicóticos, ele deve ser reenquadrado em mania
ESTADOS PATOLÓGICOS psicótica – hipomania não se associa à psicose.

mania episódio depressivo maior


Período no qual se tem humor irritado / expansivo / eufórico de forma Possuem várias características presentes nos episódios depressivos
anormal e persistente, com intensidade grande de atividades e de paciente com depressão.
excesso de energia, com excesso de energia. Os sintomas descritos em seguida causam clinicamente
Esse período deve persistir por, pelo menos, 1 semana, sendo comprometimento significativo (ocupacional, social, funcional), não
presente na maior parte do dia (em casos moderados a graves, porém podendo ser atribuído a efeitos fisiológicos ao uso de substâncias ou
sem necessidade de internação). condições médicas outras (ex: uso de maconha e cocaína, doença
O paciente por vezes tem comprometimento significativo de sua vida tireoidiana, uso de bebida alcoólica, medicações).
profissional, social e funcional, por vezes necessitando de
hospitalização.
QUADRO CLÍNICO:
Observação! Por vezes o quadro possui tamanha gravidade que o Durante o episódio depressivo maior, o paciente precisa apresentar
paciente precisa ser hospitalizado – nesse caso, não é necessário humor depressivo, apatia, anedonia + pelo menos 5 dos sintomas
aguardar 7 dias para diagnóstico (diagnóstico por gravidade). Outro listados abaixo, por um período de pelo menos 2 semanas:
critério para hospitalização é a presença de critérios ou sintomas • humor deprimido na maior parte dos dias, quase todos os
psicóticos. dias, indicados pela sensação subjetiva ou observado por
parente / acompanhante
QUADRO CLÍNICO: • interesse diminuído na busca por atividades, que antes
Durante o período de mania, pelo menos 3 dos seguintes sinais e davam prazer
sintomas devem estar presentes ou pelo menos 4 se o humor for • insônia ou hipersonia
irritado: • alterações psicomotoras (agitação / inquietude ou retardo)
• grandiosidade / autoestima inflada / humor expansivo • sensação de fadiga ou perda de energia quase todos os dias
• decréscimo na necessidade de sono (dorme pouco e se • sentimento de menos valia, de culpa
sente descansado) • diminuição da habilidade de pensar e concentrar-se
• paciente mais falante que o normal (indecisão / insegurança)
▪ pressão de fala = o paciente sente que não • pensamentos recorrentes de morte (desejo de morrer,
consegue parar de falar, como se as palavras ideação suicida, pensar em diminuir o sofrimento)
explodissem da sua boca
• alterações na forma do pensamento (fuga de ideias) e de Observação! Pseudodemência depressiva: o paciente tem a sensação
curso do pensamento (pensamentos velozes) de que ela “não funciona bem“, apresenta dificuldade de memória e
• distratibilidade pensa estar desenvolvendo quadro de demência
• hipervigilância associada a hipotenacidade (atento a tudo,
com dificuldade de manter foco único) ESPECIFICADORES DE TRANSTORNO BIPOLAR
• intensidade aumentada de atividades com fim específico No caso de um quadro de hipomania ou mania com sintomas mistos,
(excessivamente “faz coisas sem parar“), podendo 3 ou mais dos seguintes sintomas devem estar presentes na maioria
apresentar agitação psicomotora dos dias durante os episódios:
• sensação de tristeza / depressão

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• decréscimo de interesse nas coisas • estorpor
• alentecimento psicomotor • estereotipia
• baixa energia / fadiga • agitação
• pensamentos suicidas • ecolalia
• ecopraxia
Já em caso de episódios depressivos com sintomas mistos, 3 ou mais • posturação
dos seguintes sintomas precisam estar presentes na maioria dos
dias: • catalepy
• euforia
• autoconfiança curso clínico
• falante
• muitas ideias
• agitação
• envolvimento em atividades
• decréscimo na necessidade de sono
Resumo: o primeiro termo se refere a condição que prepondera no
caso, apresenta mais sinais e sintomas, o outro nome é o que
apresenta sinais e sintomas em menor quantidade.

Tipo I: tipo mais grave, no qual o paciente apresenta episódio de mania


e episódio de transtorno depressivo maior
Tipo II: o paciente não faz episódios de mania, no máximo hipomania,
associados a episódio de transtorno depressivo maior.

MARCADORES DE GRAVIDADE:
TIPO I
Como saber se existe um quadro psicótico associado? Presença de
delírios ou alucinações em qualquer momento do quadro. As
características psicóticas podem ser congruentes ou não
congruentes com o humor.
→ a associação com psicose pode ocorrer tanto na mania
quanto no transtorno depressivo maior

Pacientes com transtorno depressivo maior podem ter TIPO II


características melancólicas, que seriam a perda de prazer / reação
a estímulos prazerosos, apatia + pelo menos 3 dos sintomas abaixo:
• profundo desligamento do mundo ao redor (vazio) classificação de acordo com o “tempo”
• depressão pior pela manhã Ciclador rápido: pode ser TB tipo I ou II, descrevendo pelo menos 4
• dificuldade de dormir tranquilo pela manhã (insônia episódios de humor nos últimos 12 meses.
terminal) Ciclador sazonal: os episódios de humor ocorrem sazonalmente (ex:
• alteração psicomotora marcada (retardo psicomotor) países do norte, no inverno)
• anorexia e perda de peso
• sensação de culpa excessiva e inapropriada DIAGNÓSTICO
Por meio do quadro clínico irá se classificar o paciente e, de acordo
com a classificação, estipula-se um projeto terapêutico e,
A catatonia cursa com, pelo menos 3 dos sinais e sintomas: consequentemente, um tratamento medicamentoso.
• mutismo
• negativismo
• flexibilidade séria (a pessoa fica “parada“, parece um
boneco de cera – mesmo mediante estímulo)

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Atenção! Os medicamentos estabilizadores de humor não são
medicações antipsicóticas (ex: lítio). Porém, é correto dizer que
medicações antipsicóticas possuem efeito estabilizador de humor.

Potencial dos medicamentos em cada espectro do transtorno:

Nenhuma dessas medicações são antidepressivos “de verdade“ – na


psiquiatria, o uso de antidepressivo para paciente com transtorno
bipolar de humor se dá apenas quando outras medicações
estabilizadoras de humor não foram suficientemente eficazes.
CONTEÚDO:
 anotações da aula Transtorno Bipolar do Humor disponibilizada
pela disciplina, ministrada por Daniel Segenreich

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SAÚDE MENTAL III

transtornos alimentares
data: 09 / 11 / 21


ANOREXIA NERVOSA •
arritmia cardíaca
taquicardia postural (> 20 rpm)
DSM-5: comportamento de restringir de forma significativa o
consumo de alimentos com a finalidade de não ter ganho de peso, • PA < 80/50 mmHg
sempre buscando o peso mais baixo possível - a ponto de ficar abaixo • QTc > 450 ms
do peso normal. Além disso, associa-se a um medo significativo do • temperatura < 35oC
ganho de peso e interferência comportamental para evitar o ganho. • hipocalemia < 3,0 mmol/L
A anorexia nervosa está relacionada com a modificação /
• neutropenia
comprometimento da autoimagem da pessoa - o indivíduo não
consegue se enxergar como magro, se acha acima do peso ou • fosfato < 0,5 mmol/L
“normal“. • comportamento grave de ataques alimentares e purgação
→ a amenorreia não é mais considerada um critério para • falha ao tratamento ambulatorial, necessitando internação
diagnóstico de anorexia nervosa! • comorbidades psiquiátricas graves
CID-11 (critério proposto): peso muito abaixo do normal, com IMC < 18,5 • planejamento, pensamento, ideação suicida (inclusive em
kg/m2 em adultos ou < percentil 5 em crianças e adolescentes. O sonhos)
peso muito baixo geralmente é acompanhado por preocupação /
comportamentos de prevenção de ganho de peso (de restrição,
purgativos, compensatórios)
BULIMIA NERVOSA
→ comportamentos purgativos: provocar vômitos, uso
Binge eating (ataque alimentar) é um excesso de alimentação em um
inadequado de laxantes, exercício intensivo período curto (< 2h), com quantidade de comida muito acima do
Também fala sobre distorção de imagem, ou seja, capacidade de habitual. Após um ataque alimentar, geralmente o paciente fica
autoavaliação inadequada. O controle do ganho de peso torna-se constrangido e tende a tentar esconder a situação.
quase um comportamento / pensamento obsessivo.
características principais
Observação! Anorexia mirabilis: outro conceito surgido na 1. quadro recorrente de ataques alimentares
antiguidade que faz referência a decisão de parar de comer, 2. geralmente os ataques se associam a atos compensatórios
geralmente associada a crença religiosa. inapropriados (podem ser ou não purgativos - período maior de jejum,
excesso de exercício físico, uso de laxantes)
quadro clínico 3. extremamente influenciado pelo peso e pelo formato do corpo
Quando vão ao médico, os pacientes geralmente usam roupas muito 4. o binge eating e os comportamentos compensatórios devem
largas, tentando “esconder“ a perda de peso. ocorrer, no mínimo, 1x/semana por pelo menos 3 meses
SNC: déficits cognitivos (prejuízo de atenção e outras funções).
Podem ser sinais mais sutis, como desatenção. Em que a bulimia se diferencia da anorexia? Na bulimia nervosa não
Boca, dentes, parótida: pode ocorrer aumento da frequência de cáries existe uma perda de peso significativa e na anorexia nervosa a
dentárias e alargamento das glândulas parótidas (em pacientes que presença de ataques alimentares não é necessária para diagnóstico.
induzem vômitos).
Sistema endócrino e reprodutivo: em mulheres pode ocorrer COMPLICAÇÕES RELACIONADAS A COMPORTAMENTOS
amenorreia, em ambos os sexos pode ocorrer sintomas de
hipotireoidismo, depressão e aumento de hormônios relacionados ao PURGATÓRIOS:
estresse. • alcalose hipoclorêmica
Sistema cardíaco: alterações como bradicardia, hipotensão e • hipocalemia
arritmias, podendo precipitar síncopes. • hemorragia subconjuntival
Trato gastrointestinal: constipação, sangramento de trato
• epistaxe
gastrointestinal.
Sistema hematológico e imune: hipoplasia de medula óssea, anemias, • mucosite oral
infecções bacterianas, diminuição da imunidade. • tosse crônica
Sistema renal: hipocalemia, hipofosfatemia, hipernatremia, podendo • ruptura de esôfago
se associar a nefrolitíase, edema • prolapso retal
Metabolismo ósseo: pode aumentar as chances de osteoporose,
facilitando fraturas ósseas e dores ósseas • hemorroidas
• arritmia cardíaca
• cortes
INDICADORES DE RISCO EM PACIENTES COM ANOREXIA:
• IMC < 14 kg/m2 ou perda rápida de peso ou < 75% do peso
esperado
• FC < 50 bpm

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CONTEÚDO:
 anotações da aula Transtornos Alimentares disponibilizada pela
disciplina, ministrada por Daniel Segenreich

OUTROS TRANSTORNOS - CID 11


6B82 - transtorno compulsivo alimentar (TCA): episódios
recorrentes, frequentes, de ataque alimentar (1x por semana ou mais,
no período de vários meses).
→ aspectos diferentes: sentido como algo bastante
estressante para o paciente, acompanhado por emoções
negativas. Porém, os episódios de binge frequentemente
não são seguidos de comportamento compensatório.
6B83 - transtornos do ato de se alimentar: alimentação restritiva e
aversiva, com dificuldade na alimentação, não acontecendo em
função da perda de peso (ex: crianças traumatizadas por engasgo).
Possui efeito significativo no peso (peso geralmente baixo), porém
não está associado a medo de ganho de peso.
6B84 - pica: hábito por consumo regular de materiais não nutritivos
e, muitas vezes, objetos não alimentares, comida especialmente crua
ou diferente de como se costuma comer.
6B85 - transtorno de ruminação-regurgitação: ato repetido e
“intencional“ de regurgitar coisas já mastigadas e engolidas. O
comportamento de regurgitação é frequente e não ocorre como
consequência de outro tipo de transtorno clínico nem está associado
a causas específicas.
→ só pode ser diagnosticado em indivíduos que atingiram o
desenvolvimento completo de estruturas envolvidas (> 2
anos).

TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS


Não existe nenhuma medicação aprovada especificamente para um
tipo específico de transtorno alimentar. Antidepressivos e
antipsicóticos atípicos podem ser usados como opção coadjuvante.
Antidepressivos: podem ser utilizados para tratar sintomas
obsessivos, ansiedade, sintomas depressivos ou ataques alimentares
em pacientes com TAC ou BN.
Antipsicóticos atípicos: agem sobre determinados tipos de distorção
corporal de peso, medo de ganho de peso ou ansiedade relacionada a
AN.

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SAÚDE MENTAL III

transtornos de ansiedade
data: 26 / 10 / 21

A ansiedade é uma coisa normal, todo indivíduo experimenta a maior. Outros transtornos comuns associados com TAG são o
ansiedade. A ansiedade é um sentimento que nos prepara para “fugir distímico e os relacionados a substâncias.
ou lutar“, ou seja, é um sentimento necessário a sobrevivência do ser
humano. Atenção! Até 25% dos pacientes com TAG experimentam o transtorno
Mesmo a ansiedade normal possui relevância em termos de de pânico. Como diferenciar os dois? TAG se diferencia do transtorno
manifestações somáticas, de sistema nervoso autônomo, por vezes de pânico pela ausência dos ataques espontâneos.
se associando aos seguintes sintomas:
• diarreia diagnóstico
• vertigem DSM-5:
• hiperidrose
• reflexos aumentados
• palpitações
• dilatação da pupila
• inquietação
• síncope
• taquicardia
• formigamento de extremidades
• tremores
• perturbação estomacal (“borboletas“)
• frequência, hesitação, urgência urinária

Medo vs. ansiedade: a ansiedade é um sinal de alerta, indica perigo


iminente e capacita a pessoa a tomar medidas para lidar com
ameaças, sendo uma resposta a uma ameaça desconhecida, interna,
vaga ou conflituosa. O medo é um sinal de alerta semelhante, mas
deve ser diferenciado por ser uma resposta a uma ameaça conhecida, tratamento
externa, definida ou não conflituosa. Baseado principalmente em inibidores seletivos de recaptação de
serotonina. Os benzodiazepínicos de alta potência também são
ansiedade patológica medicamentos que podem ser utilizados quando os outros
Os transtornos de ansiedade constituem um dos grupos mais medicamentos não fizerem efeito - é uma medicação de sintoma, não
comuns de doenças psiquiátricas. Um estudo americano relatou que devendo ser utilizado como rotina.
1 em 4 pessoas satisfaz o critério diagnóstico de pelo menos um → benzodiazepínicos de alta potência são aqueles que não
transtorno de ansiedade. As mulheres têm mais probabilidade de ter causam muita ação sobre relaxamento muscular, com
um transtorno de ansiedade do que os homens. mais ação ansiolítica

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA


O TAG é definido como ansiedade e preocupação excessivas com
vários eventos ou atividades na maior parte dos dias durante um
período de, pelo menos, 6 meses.
A preocupação é difícil de controlar e está associada com sintomas
somáticos, como tensão muscular, irritabilidade, dificuldade para
dormir e inquietação.
A ansiedade não está relacionada a aspectos de outros transtornos,
não é causada por uso de substância ou por condição clínica geral e
não ocorre apenas durante um transtorno do humor ou psiquiátrico
(ex: uso de cocaína, maconha, álcool, medicamentos). É difícil de ser
controlada, subjetivamente perturbadora e compromete áreas
importantes da vida da pessoa.

comorbidade
Talvez 50 - 90% dos pacientes com transtorno de ansiedade
generalizada tenham outro sintoma mental. Uma porcentagem
adicional alta de pacientes tende a apresentar transtorno depressivo

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TRANSTORNO DE pânico
Caracterizado por um ataque intenso e agudo de ansiedade
acompanhado por sentimentos de desgraça iminente (ex: o paciente
tem certeza que está infartando, tendo um AVC). A ansiedade é
caracterizada por períodos distintos de medo intenso que podem
variar de vários ataques durante um dia e apenas poucos ataques
durante o ano.
Os pacientes com o transtorno apresentam-se com uma série de
condições comórbidas, mais comumente agorafobia, que se refere a
medo ou ansiedade em relação a lugares dos quis a saída poderia ser
difícil.

Atenção! Qualquer pessoa pode ter um ataque de pânico


momentâneo, por alguma espécie de gatilho, sem ser
necessariamente um diagnóstico de transtorno de pânico.

sintomas associados
Sintomas depressivos com frequência estão presentes no transtorno
de pânico e em alguns pacientes, um transtorno depressivo coexiste diagnóstico
com o transtorno de pânico.
Alguns estudos verificaram que o risco de suicídio durante a vida Os principais medicamentos para tratamento são os inibidores da
nesse grupo é mais alto que em pessoas sem transtorno mental. recaptação de serotonina. Atualmente, os antidepressivos tricíclicos
Além da agorafobia, outras fobias e transtorno obsessivo-compulsivo não são muito utilizados devido ao seu perfil de efeitos colaterais,
podem coexistir com o transtorno de pânico. porém possuem bons resultados.
Outros agentes como ácido valpróico e inositol são utilizados quando
se tem suspeita de comorbidades (ex: ácido valpróico tem uma
diagnóstico propriedade ansiolítica interessante, quando se suspeita de
ATAQUE DE PÂNICO: associação com transtorno de bipolaridade)
Período súbito de intenso medo ou apreensão que pode durar de
minutos a horas. Ele pode ocorrer também em outros transtornos
mentais, particularmente na fobia específica, na fobia social e no
TEPT.
Ataques inesperados ocorrem a qualquer momento e não estão
associados a ume estímulo situacional identificável (não é obrigatório
que seja dessa forma).

TRANSTORNO DO PÂNICO:
Os critérios diagnósticos para transtorno de pânico do DSM-5 são: 3
a 4 ataques em um período de 4 semanas.

tratamento
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO:
Muitas vezes, pacientes com TA resistem em aceitar que seus
sintomas sejam causados por um transtorno mental. Uma explicação
clara sobre os TA, seus sintomas e tratamento é um passo
fundamental. Mudanças de hábitos também podem ser úteis, como
eliminar o uso de estimulantes e praticar exercícios.
CONTEÚDO:
 anotações da aula TAG e TP disponibilizada pela disciplina,
ministrada por Eduardo Birman

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SAÚDE MENTAL III

transtornos psicóticos
data: 21 / 09 / 21

PSICOSE ALUCINAÇÕES:
A psicose é definida como prejuízo no teste da realidade, dado pela A alucinação verdadeira é a percepção sem objeto – diferente da
presença de delírios, alucinações, comportamento e pensamento ilusão, que é a alteração da percepção de um objeto.
desorganizado. Se as alucinações são sensoperceptivas, obrigatoriamente elas estão
• sintomas positivos: são sintomas que acrescentam alguma relacionadas a alterações sentidos do corpo humano (auditivas,
coisa na personalidade e no comportamento do paciente visuais, táteis, gustativas ou olfativas).
• sintomas negativos: são aqueles que retiram algo da mais comum entre os transtornos psicóticos
personalidade e comportamento do paciente primários. São vozes múltiplas, pejorativas, ameaçadoras ou até
prazerosas sentidas como distintas do pensamento do indivíduo,
Conceitos: vindas “de fora da cabeça“, de pessoas desconhecidas ou conhecidas.
• delírio: ideia / pensamento errôneo, não compartilhada deve-se ter cuidado especial quanto a
culturalmente experiencias religiosas e doenças físicas (epilepsia de lobo temporal,
• alucinações: disfunção da sensopercepção, principalmente infestações, síndrome de abstinência alcoólica, delirium).
auditivas e visuais
• pensamento desorganizado: desordem de pensamento • táteis: sensações pelo corpo, de formigamentos, de cores
• comportamento desorganizado: engloba atitude, aparência ou infestações
• gustativas e olfativas: incomuns em transtornos
Atenção! Síndromes psicóticas não são exclusivas de transtornos psicóticos, geralmente associadas a doenças físicas
psicóticos, podendo ocorrer mediante abuso de drogas, transtornos
de ansiedade, distúrbios do humor.
DESORGANIZAÇÃO DE PENSAMENTO:
aspectos clínicos da psicose Compreende conceitos como descarrilhamento de ideias, frouxidão
de laços / associativa, tangencialidade e salada de palavras.
DELÍRIO:
É uma crença em uma falsa realidade não compartilhada DESORGANIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO:
culturalmente dentro de um determinado grupo. • catatonia
→ o delírio de um paciente esquizofrênico geralmente é “mais
absurdo“, relacionado a coisas mais irreais (diferente do ▪ mutismo (a pessoa consegue falar, mas não
delírio de um paciente com transtorno de humor) quer)
▪ flexibilidade cérea (a pessoa consegue se
movimentar, mas não quer)
▪ resistência ativa (o paciente não quer falar com
• persecutório: crença arraigada de que a pessoa está sendo você nem se mexer, e não deixa que os outros o
atormentada, seguida, enganada, vigiada, ridicularizada (ex: movimentem)
o paciente não consegue sair de casa porque tem certeza
• desleixo
de que as pessoas estão olhando para ele, comentando
sobre ele, ou acha que estão sempre o observando, • higiene precária
tomando conta da sua vida) • ferir-se (≠ automutilação, o paciente se machuca por conta
• grandiosos: crença de que possui poderes especiais, de alucinação)
riquezas, relações sociais, dons de cura ou premonição, • agressividade infundada
habilidade ou formação técnica extrema (ex: um bancário • vestir-se de modo incomum
que de repente se diz dono do banco, achar que é uma • comportamento sexual nitidamente incomum
santidade)
• de referência / autorreferente: o portador acredita que transtornos associados a psicose
eventos ambientais, gestos de pessoas, conversas Alguns transtornos psiquiátricos podem cursar com psicose, como:
particulares, risos em conversas, passagens de livros, esquizofrenia, transtorno delirante, transtorno afetivo bipolar,
jornais e cenas de televisão são, na verdade, mensagens depressão psicótica ou outros.
para ou comentários sobre ele (ex: o paciente fala sobre
sua idade, fala sobre seus filhos, porém ela nunca namorou, TRANSTONO DELIRANTE PERSISTENTE:
nunca se casou, nunca teve filhos São delírios não bizarros, sistematizados e “encapsulados“, na
• somáticos: associado a distúrbios somáticos (ex: febres ausência de outros sintomas psicóticos e outros transtornos
muito altas) psiquiátricos.
• bizarros: claramente implausíveis e incompreensíveis (ex: Subtipos: ciúmes, grandioso, paranóide, erotomaníaco, enfermidades,
o paciente acha que estão roubando seus pensamentos, envenenamento.
acha que tem superpoderes, substituição de parentes,
transplante de órgãos)
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DEPRESSÃO PSICÓTICA:
Presença por todo o período de sintomas psicóticos e de sintomas
depressivos. Ao ser medicado, ocorre volta total ou parcial ao
funcionamento normal.

TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR:


Episódios de mania com ou sem outros episódios de mania ou
depressão.
Mania: período de humor distinto da normalidade individual, onde a
pessoa se sente alegre, eufórica, exaltada ou irritada, de modo
claramente excessivo para pessoas próximas. Pode ser
acompanhada de vários outros sintomas, inclusive psicose. Atenção! As fases da esquizofrenia só podem ser identificadas após
o primeiro surto psicótico.
Observação! Filhos de um portador de TAB tem 27% de risco de
desenvolverem o mesmo transtorno. fenótipo da esquizofrenia
Sintomas positivos (delírios, alucinações) e sintomas negativos
PSICOSES ORGÂNICAS: (apatia, anedonia, embotamento cognitivo, disforia neuroléptica).
São psicoses associadas a transtornos orgânicos como lúpus,
síndrome de abstinência alcoólica, epilepsia, síndrome de Charles
Bonnet (alucinações visuais em pacientes sem comprometimento
cognitivo, porém com doença oftalmológica), uso de substâncias.

diagnóstico diferencial da psicose


Transtornos psiquiátricos: transtorno obsessivo-compulsivo,
transtorno de estresse pós-traumático, anorexia nervosa,
transtornos dissociativos, transtornos somatoformes

ESQUIZOFRENIA
Prevalência para a vida toda é de 1% da população mundial. Gêmeos
idênticos tem concordância de 50% no diagnóstico de esquizofrenia Subtipos de esquizofrenia:
– ou seja, fatores externos, psicológicos e sociais influenciam • desorganizada: há predomínio de desorganização do
diretamente no desenvolvimento ou não do transtorno. pensamento, com discursos incoerentes e afeto
infantilizado
hipóteses fisiopatológicas • paranóide: há predomínio de sintomas psicóticos e,
1. desregulação de vias dopaminérgicas. geralmente, os delírios têm conteúdo persecutório, bizarro
• via mesolímbica: sintomatologia positiva e até alucinações, cujas mais comuns são auditivas
→ é a com melhor prognóstico, mais fácil de ser
• via mesocortical: sintomatologia negativa
tratada – porque tem prevalência de
• via nigroestriatal: associada a movimentação
sintomatologia positiva, pode ser tratada com
• via tuberoinfundibular: secreção de prolactina antipsicótico (antagonista de dopamina)
Atenção! Medicamentos que se baseiam nas vias dopaminérgicas • catatônica: os sintomas psicomotores são eminentes, com
podem alterar qualquer aspecto da via, não somente a parte de a chamada flexibilidade cérea, além de automatismos e
sintomatologia (de onde vem os efeitos adversos das medicações). estereotipias
• indiferenciada: dificuldade de isolar um sintoma
2. neuroimagem dos circuitos na esquizofrenia: processamento proeminente
anormal das informações em áreas cerebrais ligadas à cognição e à • simples: evolução da sintomatologia negativa, sem surtos
emoção (não é patognomônico) de sintomas positivos

diminuição de neurônios da diagnóstico


gliose; aumento da frequência de complicações periparto; mais delírios, alucinações, desorganização do pensamento,
comuns em crianças nascidas no inverno; alterações de desorganização do comportamento, sintomas negativos
neuroimagem que precedem o início da doença; ausência de achados (embotamento afetivo, pobreza de pensamento, apatia)
patognomônicos. → não são necessários todos esses critérios para o
diagnóstico!
ordem natural da doença
Para o diagnóstico, deve-se ter um período mínimo de evolução de 1
mês, com prejuízo intenso do funcionamento laboral e social,
excluindo qualquer causa médica outra (intoxicação por substância,
abstinência, epilepsia).

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• reabilitação ocupacional
• cuidados residenciais
• reabilitação psicossocial

evolução / prognóstico
A evolução é bastante variável:
1. há pacientes que apresentam um único episódio psicótico, sem
recidiva dos sintomas
2. outros tem diversos surtos psicóticos e estabilização sem no
entanto retorno a normalidade
3. um terceiro grupo com curso de piora progressiva do quadro ao
longo de sucessivos episódios psicóticos
CONTEÚDO:
 anotações da aula XXX disponibilizada pela disciplina, ministrada
por Eduardo Birman
Embora a esquizofrenia seja essencialmente um diagnóstico clínico,
exames laboratoriais específicos e investigações radiográficas são
úteis para excluir outras possíveis causas:

tratamento
Deve-se definir quais sintomas serão tratados, posicionar o paciente
em escalas para a avaliar a resposta a medicamentos e avaliar
comorbidades.

ANTIPSICÓTICOS:
Usados em doses equivalentes, todos os antipsicóticos tem eficácia
semelhante, com possível exceção da clozapina – uso reservado para
pacientes refratários.
Existem os antipsicóticos típicos / 1ª geração e os antipsicóticos
atípicos / 2ª geração e o perfil de efeitos colaterais é um dos
parâmetros para a escolha do antipsicótico.

TRATAMENTO PSICOSSOCIAL:
• psicoterapias individuais
• terapias de grupo
• tratamentos familiares

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SAÚDE MENTAL III

transtornos psiquiátricos na pediatria


data: 05 / 10 / 21

AVALIAÇÃO NESSA FAIXA ETÁRIA O que pode dar errado?


• déficits no desenvolvimento de funções cognitivas
Em crianças mais novas, na maioria dos casos, a história é colhida • aparecimento de sinais e sintomas comportamentais
com a família - geralmente os detalhes e as informações são (pode envolver interação com o meio)
informadas pelos responsáveis, sendo a criança um objeto maior de
observação do que de coleta de informação. Porém, em “crianças • quadro misto de déficit de desenvolvimento e
mais velhas“ (pré-adolescentes e adolescentes), a participação do aparecimento de sinais e sintomas (origem múltipla)
próprio paciente pode ser mais evidente, ficando as informações
trazidas pela família mais resguardadas a história passada /
pretérita.

Atenção! Em crianças menores, a observação da criança é de


extrema importância, podendo-se propor jogos ou interações lúdicas,
a fim de identificar possíveis alterações.

Quando e como falar, colher história e gerar confiança com a criança


/ adolescente?
• ser flexível
• perguntar como se sentem à vontade
• incentivar e estabelecer acordos

marcos do desenvolvimento infantil


São importantes para determinar os tipos de transtornos, por vezes
com base mais neurológica do que psiquiátrica.
Descrição: fatores que podem influenciar no desenvolvimento de
distúrbios psiquiátricos na infância

principais queixas e o que representam


• “meu filho não fala nada“
→ as dificuldades são de aquisição de linguagem?
• “ele vive isolado no mundo dele“
→ as dificuldades são de interação com o meio?
alheio?
• “não para quieto, muito agitado“
→ apenas desatenção e inquietude?
• “muito irritado, briga com todo mundo“
→ é irritabilidade excessiva? humor?
• “ele é do mal“
MARCOS DA LINGUAGEM: → tem a ver com conduta? prevê personalidade?
Na psiquiatria, uma das queixas mais frequentes na pediatria são • “não consegue ler“
dificuldades no aprendizado e na comunicação. Dessa forma, o → dificuldade específica de aprendizado?
entendimento dos marcos da linguagem é de extrema importância. transtorno de aprendizado?
• “não entende as coisas“
→ rebaixamento intelectivo?
• “tem medo de ir dormir“
→ transtorno específico do sono?
• “chora muito quando eu o deixo na escola“
→ ansiedade de separação?

Atenção! Alguns sinais e sintomas se agrupam, trazendo problemas


em algumas áreas da vida (aprendizado, linguagem, comportamento
e interação social)

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A partir do DSM-5, os principais grupos de sintomas referentes ao
TEA foram subdivididos em 2 grandes grupos: sintomas associados a
comunicação e interação social + sintomas associados a padrões de
repetição e interesse em atividades específicas.

critérios diagnósticos
O diagnóstico é clínico e deve ser feito por especialistas.
• avaliação fonoaudióloga é muito importante para fechar
diagnóstico
TRANSTORNOS DE LINGUAGEM: • exame neuropsicológico também pode ajudar bastante no
Comprometimento de linguagem verbal: déficit específico de diagnóstico (apenas complementar)
linguagem • diagnóstico clínico de TEA é diferente do conceito de
Comprometimento de linguagem não verbal: transtorno da diagnóstico etiológico de TEA
pragmática de linguagem
Para o diagnóstico de autismo, é necessário que existam sintomas
dos dois grupos simultaneamente - apenas sintomas de um grupo
TRANSTORNO DE APRENDIZADO: não são suficientes para fechar o diagnóstico.
• dislexia
• disortografia COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO SOCIAL (LISTA A):
• discalculia Dificuldades persistentes e déficits significativos na comunicação
social e na interação social em contextos múltiplos:
QUEIXAS COMPORTAMENTAIS: • dificuldade / déficits em reciprocidade social emocional -
• humor: sintomas depressivos, sintomas maníacos, pode variar desde dificuldade em approach social
irritabilidade - EDM infantil, TB infantil (“comunicação esquisita“) até fracasso completo da
conversação com o outro. Também pode haver dificuldade
• ansiedade: sintomas ansiosos, sintomas TOC like - fobia de ter prazer de compartilhar interesses
social, TOC, ansiedade de separação
• dificuldade em comportamentos / comunicação não verbal
• alterações disruptivas de comportamento: TDO, TC - forma de olhar, tom de voz, vocabulário adequado.
Também tem dificuldade de perceber a linguagem corporal
COGNIÇÃO SOCIAL: de outra pessoa
TEA de alto funcionamento - dificuldade de comunicação verbal + • dificuldade e déficits no desenvolvimento, manutenção e
dificuldade de empatia e compreensão de regras sociais compreensão de relações sociais - dificuldade no ajuste do
comportamento em vários contextos diferentes
PREJUÍZO DIFUSO:
• déficit cognitivo global PADRÃO DE REPETIÇÃO OU ESTERIOTIPAGEM (LISTA B):
• TEA com rebaixamento cognitivo São necessárias pelo menos 2 das seguintes características abaixo:
• movimentos repetitivos e estereotipados ou fala
estereotipada
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA • insistência / necessidade pela rotina (inflexibilidade)
O autismo pode ser denominado como sintoma / expressão clínica • interesses restritos e anormais na intensidade e no foco
(dentro da esquizofrenia) ou como transtorno. relacionados a idade e cultura da criança
• autismo como sintoma: associado a “demência precoce“ • modificação sensorial (sentir e expressar de forma
por Bleuler em 1911 (dificuldade de comunicação adequada diferente - hiper ou hiporeatividade)
com o mundo ao redor, comprometimento de humor e
afeto)
• autismo como distúrbio: associado a doença, por Kanner OUTROS CRITÉRIOS NECESSÁRIOS:
em 1943. São crianças percebidas muito cedo com 1 - os sintomas devem estar presentes desde o início do
desenvolvimento de comunicação com o mundo ao redor desenvolvimento, mesmo que alguns só fiquem mais evidentes em
prejudicado, em diferentes graus momentos posteriores do desenvolvimento
2 - os sintomas devem ser graves o suficiente para causar
Observação! Asperger em 1953 relata um quadro semelhante ao comprometimento significativo clínico em parte ocupacional, social
transtorno autismo, porém menos grave que o autismo clássico - a ou outra área importante
pessoa se comunica verbalmente e reconhece o mundo ao redor, 3 - os transtornos não são melhores explicados por alguma outro
porém possui uma maneira de interpretar o mundo ao redor diferente, déficit cognitivo amplo
o que prejudica seu contato com outras pessoas.
Observação! Especificadores de espectro autista: definem a
gravidade e auxiliam no tratamento de cada condição - (1) com
características centrais comprometimento ou não da inteligência; (2) com comprometimento
• dificuldade na interação social recíproca ou não de linguagem verbal; (3) se o comprometimento se associa a
• comunicação com o outro condição médica ou genética; (4) se existe associação com
transtorno do neurodesenvolvimento; (5) se existe ou não catatonia.
• padrões repetitivos de comportamento ou de interesses
específicos (interesses incompatíveis com a idade,
desproporcionais, geralmente que não constrói laços
sociais)

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acompanhamento
O acompanhamento do TEA é, por definição, multidisciplinar - deve
haver uma equipe especializada em autismo.
Em relação ao médico, além do diagnóstico, algumas medicações
podem ser utilizadas para determinados comportamentos, porém não
há modificação para modificação de curso da doença. Dessa forma, a
ação do médico é mais de suporte ao paciente.

CONTEÚDO:
 anotações da aula Transtornos Mentais na Infância e Adolescência
disponibilizada pela disciplina, ministrada por Daniel Segenreich
 anotações da aula Enfoque em Diagnóstico do Transtorno do
Espectro Autista disponibilizada pela disciplina, ministrada por Daniel
Segenreich

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SAÚDE MENTAL III

transtorno relacionado a catástrofes


data: 23 / 11 / 21

O que é o trauma para o DSM IV? Vivenciar, testemunhar ou ser Revivência / revivescência: memórias que são espontâneas, em geral
confrontado com evento que envolva morte, graves ferimentos, intrusivas, recorrentes, que podem acontecer com o indivíduo
ameaça à integridade física de si ou de terceiros – os eventos podem acordado ou dormindo (sonhos ou pesadelos). A pessoa pode possuir
ser reais ou ameaças. Era necessário que a pessoa vivenciasse uma hipermnésia de evocação – a memória aparece em forma de
aquela situação com a sensação de medo intenso, impotência ou flashback, permitindo a re-experiencia da memória passada.
horror. Evitação: o indivíduo evita qualquer situação externa que possa vir a
→ mudanças no DSM V: o desencadeador do TEPT passa a ser evocar lembranças do evento para não deflagrar re-experimentação.
a exposição à morte real ou ameaça de morte, violência Cognições negativas: sensação de culpa em relação a não ter
sexual ou ferimentos graves + “acidentes“ envolvendo um conseguido salvar alguém, de ter acontecido com outra pessoa que
membro da família ou amigo próximo também podem ser não com ele. O indivíduo passa a ficar mais frio e distante em relação
desencadeadores de TEPT + TEPT pode ser desencadeado a entes, pode apresentar perda de interesse em atividades ou
por experiencia repetida de eventos traumáticos ou amnésia lacunar.
detalhes aversivos de eventos traumáticos por vivência Hiperexcitabilidade: resultam em irritabilidade e comportamentos
profissional (ex: bombeiros, profissionais da saúde de agressivos contra si e contra outros. A hiperexcitabilidade
urgência e emergência, policiais, forças armadas e comumente é desencadeada por estímulos específicos, como sons.
voluntários de situações catastróficas) Pode se associar a insônia.

Transtornos de adaptação: são aqueles que tem relação direta de Observação! Diagnóstico diferencial:
causa e efeito com a vivência daquele trauma específico (transtorno
de estresse agudo ou reação aguda ao estresse; transtorno de fatores de risco
estresse pós-traumático).
→ o transtorno de estresse agudo é mais frequente, porém
Susceptibilidade:
como dura apenas 30 dias – se não termina dentro desse • sexo feminino
prazo, fala-se no diagnóstico de TEPT. • presença de traumas na infância
Modificação da personalidade após vivência catastrófica: ocorre • menor escolaridade
mudança da personalidade do indivíduo após algum evento • presença de outro transtorno mental
traumático. • exposição repetida a eventos traumáticos
Piora de transtorno mental em tratamento ou em fase de
recuperação: após alguma situação traumática, o paciente regride de • história de violência interpessoal
o tratamento de algum de seus transtornos previamente • intensidade da exposição ao evento traumático
diagnosticados. • presença de TCE
• preditores fisiológicos como nível sérico baixo de cortisol,
aumento de frequência cardíaca e aumento de frequência
respiratória

diagnóstico
CID-11:
Presença de 7 sintomas: memórias intrusivas do evento traumático,
flashbacks com dissociação, pesadelos, comportamento evitativo de
gatilhos externos, evitação de recordação do evento,
hiperexcitabilidade (hipervigilância e sobressalto exagerado).
Por que os profissionais geralmente não desenvolvem transtorno de
estresse agudo? Porque esses profissionais se preparam para essas tratamento
situações, então tendem a não apresentar sintomas agudos
relacionados a essas questões. • TCC com reexposição prolongada e dessensibilização
→ cuidado! alguns tipos de psicoterapia podem
piorar o TEPT
transtorno de estresse pós- • RMDR – eye moviment dessensitizationa and reprocessing
traumático •
therapy
psicoterapia interpessoal
O TEPT é divido em 4 grupos sintomáticos, sendo eles: revivência,
evitação, cognições / pensamentos / humor negativo, • farmacoterapia (uso de antidepressivos tricíclicos,
hiperexcitabilidade. betabloqueador, antipsicótico, dentre outros)
Para que seja TEPT, essa situação clínica não pode ser explicada por
alguma outra condição (doença de base ou uso de drogas). Observação! Benzodiazepínicos devem ser evitados no TEPT.

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transtorno de estresse agudo
Semelhante ao TEPT em questão de sintomatologia, porém possui
início logo após o evento e tem duração mínima de dois dias e máxima
duração de quatro semanas.
→ o TEPT pode se desenvolver a partir de um estresse agudo

Como diferenciar os dois? O TEPT se desenvolve em um período


mínimo de 4 semanas do evento traumático, porém não possui um
tempo máximo para se desenvolver.

PREVENÇÃO DESSES TRANSTORNOS


1 – prevenção primária: evitar situações catastróficas, diminuição de
violência urbana, aumento da resiliência de instituições de segurança
e saúde, aumento da resiliência de indivíduos que passam por
situações traumáticas
2 – o que fazer: TCC + acolher a vítima (não mentir, não ocultar
informações, buscar apoio familiar)
→ não existem medicamentos com eficácia comprovada para
prevenção de TEPT
3 – o que não fazer: debriefing (pedir para a vítima falar o que está
sentindo, contar o que passou, nos dias seguintes após o trauma) +
benzodiazepínicos (aumentam a sensação de medo e desespero
relacionados a vivência traumática)

CONTEÚDO:
 anotações da aula Transtornos Relacionados a Grandes
Catástrofes e Eventos Traumáticos disponibilizada pela disciplina,
ministrada por Corina Molter

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