Gabriel Sales Novais
ATIVIDADE SUBSTITUTIVA
Feira de Santana -
Ba.
2021
Gabriel Sales Novais
ATIVIDADE SUBSTITUTIVA
Trabalho apresentado à Faculdade
Anísio Teixeira, enquanto avaliação da
disciplina Psicologia do
Desenvolvimento 3, do 4º semestre,
turno noturno, sob a Orientação da
prof. Iara Nan
Feira de Santana -
Ba.
2021
O filósofo alemão Arthur Schopenhauer usou o exemplo de um pendulo para
explicar a vida humana, que, nesse contexto oscila, como o tal sistema, de um lado
para o outro, entre a dor e o tédio. Isso se dá pela incapacidade do homem de se
acomodar. A busca constante por equilíbrio leva as pessoas a quase sempre se
sentirem insatisfeitas e assim sofrerem. Schopenhauer viveu entre o século XVIII e
XIX, mas sua filosofia pode muito bem ser trazida para os dias atuais, principalmente
no Brasil, onde tanto se cresce transtornos como a ansiedade e depressão, temas que
aqui serão tratados.
Uma reportagem reproduzida em 2020 pelo Fantástico, programa da Rede
Globo, mostrou que desde 2017, o Brasil tem o maior índice de pessoas com
transtornos de ansiedade em todo o mundo. Já eram quase 19 milhões de brasileiros
com a qualidade de vida comprometida. Não obstante, outro estudo publicado pela
EcoDebate evidenciou que ansiedade ou depressão afetam 4 em cada 10 brasileiros
na pandemia, sendo que, segundo o estudo, os mais afetados foram as mulheres
(53%), jovens entre 16 e 24 anos (56%), pessoas economicamente ativas (48%),
pessoas com alta escolaridade (57%) e aqueles sem filhos (51%).
Nesse sentido, no contexto mais atual “O prolongamento do período da
pandemia misturado à incerteza com relação ao futuro, uma rotina com restrições de
circulação, o medo da morte, o luto e a falta de convívio entre familiares e amigos fez
com que aumentassem os sentimentos de ansiedade, tédio, pânico e solidão durante
este período, o que pode ter levado a esses dados preocupantes”, Foi como a
neurologista e diretora médica da Viatris, Elizabeth Bilevicius associou tais transtornos.
Todavia, como mostrado na reportagem apresentada pela Rede Globo, já se
tinha um aumento exponencial da ansiedade e depressão no Brasil, ou seja, isso
significa que, além de causar certo agravamento, a pandemia foi uma espécie de farol
que revelou aquilo que não recebia a devida atenção. Sendo assim, por qual razão tais
transtornos afetam tanto a população brasileira?
Para Byung-Chul Han, em seu livro “A sociedade do cansaço” uma das
principais causas para a piora generalizada na saúde mental das pessoas é o excesso
de positividade. “A mudança de uma sociedade disciplinar para a atual sociedade de
desempenho, em que todos precisam “performar no seu máximo”, seria a principal
razão para a explosão de doenças neuronais como depressão”. Dessa forma, termos
ligados a meritocracia vem sendo cada vez mais utilizado, reforçando a ideia de que
“só depende de você”. Nesse sentido muitas pessoas acreditam no discurso positivo,
motivacional, de que é possível fazer tudo. Mas se decepcionam ao encarar a
realidade de que nem tudo é possível.
O autor diz que o sujeito de desempenho projeta a si mesmo na linha do eu-
ideal, enquanto que o sujeito de obediência se submete ao superego. “Submissão e
projeção são duas maneiras bem diferentes de existir. Enquanto o superego dá uma
coação negativa, o eu-ideal exerce uma pressão positiva de que tudo é possível.
Enquanto a negatividade do superego restringe a liberdade do ego, a projeção do eu-
ideal se vende como um ato de liberdade.”
O capitalismo se aproveita exatamente dessa busca pelo inalcançável,
vendendo a ideia ilusória de que tudo é possível com esforço. As metas são
inatingíveis, os salários são baixos e a taxa de desempregados alta e crescendo. A
insegurança é constante.
A grande questão é que a sociedade cobra sucesso. E sucesso, na visão atual
da sociedade, só é real quando exibido. As redes sociais são os palcos que o
capitalismo abraçou, como se cada individuo que exibe seu “sucesso” lembrasse aos
outros da necessidade de ir atrás do mesmo. Portanto, já que o insucesso seria
responsabilidade do próprio individuo, cabe a ele lidar com a insegurança, a angústia e
a aflição por conta própria. “A vida oscila, como um pêndulo”, o ser humano segue em
descontentamento constante buscando o tal equilíbrio. Eis a ironia.
Referências
Schopenhauer, A. O mundo como vontade e representação. Contraponto; 1ª edição (5
fevereiro 2007)
Han, Byung-Chul. A sociedade do cansaço. Editora Vozes; 1ª edição (1 janeiro 2015)
G1. Ansiedade: Brasil tem maior índice de pessoas com transtorno no mundo,
https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2020/12/06/ansiedade-e-o-transtorno-mais-
comum-entre-os-brasileiros-sintomas-pioraram-durante-a-pandemia.ghtml 06/12/2020
CNN. Depressão e ansiedade entre jovens dobraram durante a pandemia, revela
pesquisa
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/depressao-e-ansiedade-entre-jovens-dobraram-
durante-a-pandemia-revela-pesquisa/ August 10, 2021
EcoDebate. Ansiedade ou depressão afetam 4 em cada 10 brasileiros na pandemia
https://www.ecodebate.com.br/2021/09/29/ansiedade-ou-depressao-afetam-4-em-
cada-10-brasileiros-na-pandemia/ 29/09/2021