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Mic Ii

O trabalho de Edson Damião explora a importância da biodiversidade na província de Niassa, Moçambique, destacando os desafios da conservação devido ao desmatamento e degradação florestal. O estudo enfatiza a necessidade de ações efetivas para proteger a biodiversidade e promover o uso sustentável dos recursos naturais, visando o desenvolvimento local. A pesquisa também busca sensibilizar as comunidades sobre a relevância da biodiversidade para o bem-estar social e econômico.
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O trabalho de Edson Damião explora a importância da biodiversidade na província de Niassa, Moçambique, destacando os desafios da conservação devido ao desmatamento e degradação florestal. O estudo enfatiza a necessidade de ações efetivas para proteger a biodiversidade e promover o uso sustentável dos recursos naturais, visando o desenvolvimento local. A pesquisa também busca sensibilizar as comunidades sobre a relevância da biodiversidade para o bem-estar social e econômico.
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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância


Curso de Licenciatura em Gestão Ambiental
Trabalho de MIC II

Importância da biodiversidade para Moçambique, caso da província de Niassa


Nome do estudante: Edson Damião
Código: 708242696

Cuamba, Maio de 2025


Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância
Curso de Licenciatura em Gestão Ambiental
Trabalho de MIC II

Importância da biodiversidade para Moçambique, caso da província de Niassa

Nome do estudante: Edson Damião


Código: 708242696

Trabalho de Carácter Avaliativo orientado na


cadeira de MIC II, curso de Licenciatura em
Gestão Ambiental, 2º ano,

Tutor: Fernando Ndevo Machaze

Cuamba, Maio de 2025


Índice
1. Introdução .......................................................................................................................... 4

1.1. Objectivos ....................................................................................................................... 5

1.1.1. Objectivo Geral .......................................................................................................... 5

1.1.2. Objectivos Específicos ............................................................................................... 5

1.2. Problematização............................................................................................................. 5

1.3. Justificativa .................................................................................................................... 5

1.4. Hipóteses ......................................................................................................................... 6

Capitulo II: Fundamentação teórica ...................................................................................... 7

2. Principais formas de conservação e protecção da Biodiversidade ............................... 7

2.1. Conceito .......................................................................................................................... 7

2.2. A riqueza da biodiversidade ......................................................................................... 7

2.3. Importância e necessidade de preservação da biodiversidade .................................. 7

2.4. Preservação e conservação da biodiversidade ............................................................ 8

2.5. A biodiversidade moçambicana e suas características ............................................... 9

2.6. As ameaças sob a biodiversidade Moçambicana ...................................................... 12

2.6.1. Desmatamento e degradação florestal em Moçambique ...................................... 13

2.6.1.1. Principais causas do desmatamento e degradação florestal e seu impacto na


fauna 13

Capitulo III: Metodologia ...................................................................................................... 17

Capitulo IV: Discussão, Analise e Interpretação dos resultados ....................................... 18

Discussao dos resultados ........................................................................................................ 18

Análise dos resultados ............................................................................................................ 18

Interpretação dos Resultados ................................................................................................ 18

Referência bibliográfica ......................................................................................................... 20


1. Introdução
O presente trabalho aborda a importância da biodiversidade para Moçambique: caso da
província de Niassa, destacando os desafios enfrentados para a sua conservação. Apesar de
Moçambique manter uma proporção significativa de sua área coberta por florestas naturais, o
país apresenta uma elevada taxa de desmatamento e degradação florestal. Estes problemas são
impulsionados pelo crescimento populacional e pela extrema dependência das populações
rurais dos bens e serviços fornecidos pelos ecossistemas florestais (Zolho, 2010; Sitoe et al.,
2012).
Segundo a FAO (2006), a África perdeu cerca de 4 milhões de hectares de florestas entre 2000
e 2005, acompanhada pela perda de fauna devido à degradação dos habitats (Gibson et al.,
2007). A redução da cobertura florestal afeta diretamente as espécies da fauna, alterando a
qualidade de seus habitats, incluindo aqueles críticos e de refúgio (Deikumah et al., 2014).
Diversas atividades humanas são apontadas como principais causas da redução da cobertura
florestal. Entre elas estão a agricultura de subsistência e itinerante, a exploração florestal de
madeira, lenha e carvão, a exploração mineira e as queimadas descontroladas (Sitoe et al., 2013;
Deikumah et al., 2014). Na província de Niassa, a avaliação da biodiversidade faunística em
diferentes níveis de cobertura florestal revela que práticas como o corte de árvores selecionadas
e a destruição de árvores residuais promovem a abertura de ruas, compactação do solo, redução
da conectividade florestal e diminuição da diversidade da fauna (Sekercioglu, 2002; Meijaard
et al., 2005).
Este contexto reforça a necessidade de acções efectivas para proteger a biodiversidade em
Moçambique, garantindo o equilíbrio entre a conservação ambiental e o uso sustentável dos
recursos naturais.

4
1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral


 Estudar e destacar a importância da biodiversidade para Moçambique, com enfoque na
província de Niassa, visando a conservação e uso sustentável dos recursos naturais como
forma de promover o desenvolvimento local e ambiental.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Analisar a riqueza e diversidade biológica da província de Niassa, incluindo fauna e
flora, e sua relevância ecológica e socioeconómica.
 Identificar os principais factores de ameaça à biodiversidade na região, como
desmatamento, queimadas descontroladas e exploração mineira.
 Avaliar os impactos da perda de biodiversidade sobre os habitantes críticos e as
comunidades locais, incluindo a qualidade dos serviços ecossistemicos.

1.2. Problematização
Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, entre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade
dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. O Ministério do Meio Ambiente ainda
frisa que “biodiversidade abrange toda a variedade de espécies de flora, fauna e micro-
organismos; as funções ecológicas desempenhadas por estes organismos nos ecossistemas; e as
comunidades, habitats e ecossistemas formados por eles.
 Qual é a importância da biodiversidade na província de Niassa

1.3. Justificativa
1.3.1. Contexto Pessoal
A realização deste projecto é motivada pela preocupação pessoal com os impactos ambientais
que afectam diretamente a biodiversidade e o bem-estar das comunidades. A relação intrínseca
entre os ecossistemas e os meios de subsistência das populações rurais desperta o interesse em
contribuir para a conservação ambiental e para práticas sustentáveis que promovam um futuro
mais equilibrado.
1.3.2. Contexto Acadêmico
Do ponto de vista acadêmico, o estudo da importância da biodiversidade na provincia de Niassa,
oferece uma oportunidade única para aprofundar conhecimentos sobre conservação ambiental,

5
manejo de recursos naturais e desenvolvimento sustentável. Além disso, o projecto contribui
para o avanço das pesquisas e para o fortalecimento da base científica sobre estratégias eficazes
de gestão ambiental em Moçambique.

1.3.3. Contexto Social


A biodiversidade é fundamental para o bem-estar social, especialmente em comunidades rurais
que dependem diretamente dos recursos naturais. Este estudo busca sensibilizar as comunidades
locais sobre a importância da conservação ambiental, promovendo mudanças comportamentais
e fortalecendo a participação comunitária em práticas sustentáveis.

1.3.4. Contexto Económico


A biodiversidade é um activo económico crucial, fornecendo recursos que sustentam sectores
como agricultura, turismo e exploração florestal. A implementação eficaz das políticas
ambientais no âmbito de projectos, pode garantir o uso sustentável desses recursos, ao mesmo
tempo em que impulsiona o crescimento económico e reduz os custos associados à degradação
ambiental.

1.3.5. Contexto Prático


No âmbito prático, este projecto tem como objectivo propor estratégias que possam ser
aplicadas em iniciativas futuras, promovendo o alinhamento entre políticas ambientais e
desenvolvimento sustentável. Além disso, busca identificar e recomendar soluções práticas para
melhorar a implementação das políticas existentes, facilitando sua aplicação em contextos
locais e nacionais.

1.4. Hipóteses
 A biodiversidade na província de Niassa desempenha um papel fundamental no
equilíbrio ambiental e no bem-estar das comunidades locais, sendo severamente
impactada por práticas insustentáveis.
 A implementação de estratégias de conservação e manejo sustentável, aliadas à
participação comunitária, pode reduzir os impactos negativos sobre a biodiversidade em
Niassa.

6
Capitulo II: Fundamentação teórica

2. Principais formas de conservação e protecção da Biodiversidade

2.1. Conceito
A expressão “diversidade biológica” é utilizada desde a década de 1980 e, inicialmente, fazia
referência apenas ao número de espécies que viviam uma determinada região, ou seja, à
quantidade de animais, plantas e micro-organismos de uma área. Seu significado tornou-se,
com o tempo, mais complexo, incluindo-se também outros aspectos de diversidade, como a
diversidade genética entre os organismos. Em 1986, o entomologista E. O. Wilson utilizou o
termo biodiversidade em substituição à referida expressão.

2.2. A riqueza da biodiversidade


Muitas espécies de seres vivos são encontradas em diferentes áreas do planeta, outras espécies,
no entanto, são encontradas em apenas uma região. Algumas áreas são ricas em biodiversidade,
enquanto outras apresentam uma pequena variedade de espécies. Fato é que a biodiversidade
do planeta é imensa e pode ser observada em todos os ambientes, desde as profundezas dos
oceanos até as mais altas montanhas.
De acordo a conservação da biodiversidade, Moçambique detém a maior biodiversidade de
flora e fauna da africa austral. Outras regiões do planeta não apresentam uma biodiversidade
tão rica quanto a nossa, sendo esse o caso dos desertos. Uma das razões para que elas
apresentem pouca biodiversidade é a baixa quantidade de chuvas. Além dos desertos, outra
região que apresenta uma baixa biodiversidade é o bioma Tundra, estando esse resultado
relacionado, entre outros fatores, com a baixa temperatura.

2.3. Importância e necessidade de preservação da biodiversidade


A biodiversidade é importante em diversos aspectos. De acordo com a Convenção sobre
diversidade biológica, a biodiversidade apresenta valores ecológico, genético, social,
econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético.

2.3.1. Importância na ecologia

Os motivos são claros: cada espécie do planeta apresenta um papel no ecossistema. As plantas
são a base de toda a cadeia alimentar, além de servirem de moradia para algumas espécies e
fornecerem oxigênio no processo de fotossíntese.

2.3.2. Importância nos seres vivos


7
Os seres vivos são importante matéria-prima na fabricação de alimentos, medicamentos,
cosméticos, vestimentas e até habitação. Preservar é garantir, portanto, que esses recursos não
faltem no futuro e que o meio ambiente permaneça em equilíbrio.

2.3.3. Importância no ser humano

A principal importância, para o ser humano, do uso da biodiversidade está no suprimento de


produtos. Toda a nossa alimentação e parte significativa de nossas vestimentas e moradias são
obtidas a partir de organismos vegetais ou animais. Neste caso, a conservação da biodiversidade
tem um caráter utilitário e essencial: nossa própria manutenção como espécie.

É verdade que a maior parte daquilo que usamos não provém de extração direta da natureza:
temos cultivos, criações, formas de controlar a produção. Mas é importante lembrar que nem
sempre foi assim. Todos os organismos, hoje domesticados ou cultivados, estiveram um dia no
estado selvagem, já que o processo de uso e domesticação foi ocorrendo aos poucos e
lentamente. Também não está tão distante o tempo em que nossas bisavós utilizavam lenha
como combustível para o fogão ou para o transporte, a qual era obtida à custa do desmatamento
de nossas florestas.

2.4. Preservação e conservação da biodiversidade


A biodiversidade garante a vida. A produtividade dos ecossistemas, a manutenção de ciclos
como das águas e de nutrientes, bem como locais de refúgio de inimigos naturais de muitos
insectos ou polinizadores se encontram em habitats preservados. A nossa identidade cultural
também está ali preservada. Potenciais fármacos e importante fonte de nutrientes, bem como
diversidade que permite o melhoramento de nossas plantas cultivadas se encontram dispersos
na natureza.
As áreas de preservação permanente (APP) e reserva legal (RL) estão previstas no Código
Florestal que define:
 Área de preservação permanente: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa,
com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem-estar das populações humanas.
 Reserva legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada
a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à
conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e
ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.
8
Sendo assim, as APP basicamente evitam a erosão de terrenos declivosos e a eutrofização e
assoreamento dos rios, asseguram os recursos hídricos, propiciam fluxo gênico, e prestam assim
serviços ambientais capitais. Já as RL visam essencialmente à conservação da biodiversidade e
ao uso sustentável de recursos naturais.
A conservação da biodiversidade permite que sejam preservadas as possibilidades de cura para
doenças até o momento incuráveis, bem como a melhoria da qualidade de vida não somente de
um grupo de indivíduos, mas de toda a humanidade.
Longe de essa realidade ser apenas um clichê, um lugar-comum no discurso conservacionista,
é um facto real e sério, que deve ser considerado por todo cidadão e por todos os segmentos da
sociedade e da política ao elaborarem propostas de preservação ou ao votarem leis que evitem
a depredação da nossa biodiversidade.

Existe ainda um aspecto muito importante da preservação da biodiversidade que deve ser levado
em conta. Há um incontável número de agrupamentos humanos tradicionais que preservam
culturas e saberes relativos à biodiversidade do local em que vivem.
Preservar a biodiversidade significa preservar uma quantidade ilimitada de relações entre os
organismos. Qualquer elemento dessa cadeia que entre em desequilíbrio ou desapareça
representará uma perda na intrincada rede de relações e interações biológicas daquele ambiente.
Individualidade é a característica básica que coloca os seres vivos numa categoria à parte das
demais. Enquanto os compostos químicos ou os minerais, por exemplo, mantêm certo padrão
de repetição na natureza, no caso dos seres vivos as possibilidades são quase infinitas.
Essa biodiversidade é como a foto de uma reunião de família. Cada pessoa daquela foto tem a
sua história, sua origem, seu desenvolvimento e sua vida independente das demais, mas em
algum momento se tocam, se sobrepõem. E todas aquelas pessoas, juntas, naquele momento,
representam um instantâneo de uma história. Se a foto fosse tirada algumas décadas antes, as
pessoas seriam outras e as histórias também seriam diferentes. Se a foto fosse tirada alguns
minutos depois do que foi, talvez a disposição das pessoas tivesse mudado um pouco, não seria
exatamente aquela do momento.

2.5. A biodiversidade moçambicana e suas características


Em Moçambique, a reserva nacional de Niassa é uma das últimas regiões selvagens preservadas
de África. Seus ecossistemas variados satisfazem as necessidades dos elefantes, leões,
leopardos, zibelinas, zebras, hipopótamos e outros crocodilos. Contudo, a caça ilegal dizimou
algumas dessas espécies emblemáticas.

9
O compromisso do país em favor da conservação e várias medidas coordenadas contribuem
para o declínio significativo da caça furtiva nesse santuário de biodiversidade.
Moçambique possui uma diversidade biológica extraordinária. Sua rede de áreas protegidas
representa 26 % da superfície total do país; a reserva nacional de Niassa, que abarca cerca de
42 000 km² (a superfície da Holanda), é a mais extensa do país.
O patrimônio natural de Niassa foi afectado por guerras, pela exploração florestal e mineira
ilegal, pela caça ilegal, pelo crescimento da população, pelos conflitos entre o homem e a fauna
assim como pela mudança climática. Os elefantes foram dizimados pela caça ilegal devido à
crescente demanda mundial de marfim: o número de elefantes, na zona de Niassa, estimado em
mais de 12 000 em 2011 passou deste modo para cerca de 4000 em somente três anos.
Por outro lado, a administração da reserva e as diversas concessões continuarão promovendo
um turismo que respeita a natureza visando contribuir para a conservação, e criando
simultaneamente empregos locais.

2.5.1. Qualidade e quantidade dos alimentos

O alimento para a fauna é descrito em termos da sua disponibilidade e palatabilidade. A


disponibilidade é a quantidade do alimento presente no habitat. A palatabilidade descreve a
qualidade nutritiva e digestiva dos alimentos (Creighton & Baumgartner, 1997 e Ramage et al.,
2013).

Para os herbívoros, a disponibilidade e qualidade da forragem variam com a estação do ano.


Durante a estação seca, a disponibilidade de folhas verdes diminui e as espécies de gramíneas
palatáveis tornam-se reduzidas em biomassa, (Owen-Smith et al., 2013).
A situação agrava-se no final da época seca (Agosto a Outubro), período em que o graminal
torna-se escasso em termos de quantidade e qualidade nutritiva, palatabilidade e digestibilidade
devido a formação de fibra bruta e consequente redução da proteína bruta e de factores de
palatabilidade.
Os herbívoros grazers com nicho dietético amplo, ampliam sua dieta para incluir espécies de
gramíneas normalmente não consumidas em épocas favoráveis do ano (época chuvosa)
enquanto herbívoros selectivos com menor nicho alimentar, procuram locais onde os tipos de
alimentos de que dependem, persistem (Owen Smith & Novellie, 1982; Ball et al., 2000 e
Owen-Smith et al., 2013).
Os herbívoros especialistas em recursos dependentes de uma ou poucas espécies de plantas,
geralmente apresentam menor abundância e distribuição regional, uma vez que ficam restritos

10
aos lugares onde as suas necessidades alimentares são satisfeitas, enquanto os herbívoros
generalistas que usam muitas espécies de plantas, podem atingir abundância e distribuição mais
altas usando uma variedade maior de possibilidades alimentares, embora algumas vezes,
possam ser encontradas em baixas densidades, se esses recursos forem escassos (Brown, 1984
e Owen-Smith et al., 2013).

2.5.2. Cobertura florestal


Segundo Burivalova et al. (2014) e Brown et al. (2014), as aves exibem uma tendência
contrastante, diminuindo a riqueza e densidade de espécies especialistas do interior florestal e
aumentando a riqueza e densidade de espécies generalistas de habitat com a redução da
cobertura florestal e perda de habitat.
Algumas espécies de aves, por serem móveis, usam diferentes clareiras em áreas de menor
cobertura para diferentes necessidades em recursos. Certas espécies de aves frugívoras e
nectarívoras podem forragear com sucesso em áreas perturbadas de reduzida cobertura onde há
maior disponibilidade do alimento, enquanto nidificam em florestas primárias e fechadas.
Para Woltmann (2003), a riqueza e densidade das aves à redução de cobertura pode ser
explicada por erros de observação na medida em que torna-se mais fácil detectar aves em áreas
perturbadas de reduzida cobertura florestal que em florestas fechadas.
As clareiras podem possuir alimento preferido para os herbívoros devido a altos níveis de valor
nutritivo e palatabilidade das espécies pioneiras do que espécies tolerantes à sombra (Richards;
Coley 2007).
Seguindo esse padrão, a diversidade, riqueza e abundância de herbívoros é maior nas clareiras
ou pelo menos os herbívoros pequenos e médios, concentram sua actividade de forrageamento
nesses locais (Richards & Coley 2007).

2.5.3. Água

Os animais necessitam de água para a digestão, metabolismo, redução da temperatura corporal


e remoção de resíduos metabólicos (Creighton & Baumgartner, 1997).
As nascentes, riachos, lagoas e rios fornecem água adequada para a maioria das espécies de
animais selvagens. A fauna selvagem também obte água através do consumo de plantas e
orvalho nas folhas. A fauna evita habitar áreas longícuas de fontes de água, mesmo que o
alimento e cobertura sejam abundantes.
Os anfíbios e aves aquáticas dependem da água para os processos básicos de ciclo de vida, tais
como a reprodução. (Valeix et al, 2007 e Yarrow, 2009).

11
2.5.4. Espaço
Cada espécie selvagem requere certa quantidade de espaço para mover-se, evitar ou escapar de
potenciais predadores, localizar parceiro e acasalar-se, obter quantidade adequada de alimentos,
água e descanso. O requerimento espacial para a fauna é determinado pela quantidade e
qualidade do alimento, cobertura, disponibilidade de água, tamanho do animal (animais grandes
requerem mais espaço), dieta preferida (carnívoros requerem mais espaços) (Yarrow, 2009).

2.6. As ameaças sob a biodiversidade Moçambicana


Segundo Planeta África (2023), Moçambique apresenta três tipos de vegetação: floresta densa
nas terras altas do Norte e Centro do país; floresta aberta e savana no Sul e, já na zona costeira
estão os mangais (plantas com adaptações específicas para sobreviver em condições de
submersão em águas salobras).
Para a FAO (2023) Moçambique é um dos poucos países da África Austral ainda com alguma
cobertura florestal (31,6 milhões de hectares), representando cerca de 30% do País. O Miombo
é o ecossistema florestal que mais se destaca, abrangendo cerca de 67% (2/3) da cobertura
florestal do país.
Segundo Cláudio Afonso, diretor nacional de florestas do Ministério da Terra e Ambiente,
Moçambique perde mais de 260 mil hectares de florestas por ano. Nos últimos 15 anos, o país
perdeu cerca de quatro milhões de hectares de floresta devido à exploração madeireira não
regulamentada e outras acções humanas, de acordo com especialistas do setor florestal, que
disseram que as províncias de Nampula, Manica e Sofala testemunharam as maiores taxas de
desmatamento.
No entanto, o desmatamento e a degradação florestal causados pela agricultura, expansão
urbana e de infraestruturas, assentamentos populacionais, exploração de madeira, produção de
carvão, explorações mineiras entre outras, tem reduzido a disponibilidade de bens e serviços
ecossistêmicos florestais para as comunidades rurais, além de ameaçar a biodiversidade e
aumentar a emissão de gases de efeito estufa.
Apesar de saber da importância da biodiversidade, o ser humano ainda é responsável pela sua
destruição. A poluição, o desmatamento e a exploração exagerada são algumas acções
responsáveis pela redução da biodiversidade do planeta. Análises sobre passagem mortífera do
ciclone Idai em Moçambique indicam uma forte relação entre o ciclone devastador e o
fenômeno de eventos climáticos extremos.
Sendo um alerta terrível de que precisamos resolver urgentemente o problema do aquecimento
global. Os governos dos países mais industrializados, pressionados por suas multinacionais e
12
instituições financeiras, promovem os chamados mecanismos de compensação, em resposta à
contínua destruição e poluição ambiental.

2.6.1. Desmatamento e degradação florestal em Moçambique


O desmatamento e a degradação florestal são comuns em Moçambique. Constituem um mesmo
processo de mudança de cobertura florestal numa direcção degradativa em que áreas de
florestas densas com maior cobertura de copas são convertidas em florestas menos densas
(degradação) ou para outro tipo de cobertura não florestal (desmatamento). Ambos os processos
são acompanhados de diminuição do valor dos parâmetros tais como o número de árvores,
volume e biomassa (Sitoe et al., 2013).

Os processos de degradação podem resultar do corte selectivo de árvores (exploração florestal),


queimadas descontroladas ou abertura de pequenas áreas de machambas dentro das florestas,
resultando em mosaicos de agricultura com floresta (Wertz-Kanounnikoff et al., 2011 e Sitoe,
et al., 2012).

2.6.1.1. Principais causas do desmatamento e degradação florestal e seu impacto na


fauna
 Agricultura
A agricultura tem sido indicada como uma das principais causas da redução da cobertura
florestal em Moçambique (Marzoli, 2007).
A agricultura causa perda de diversidade e abundância de fauna através da sua expansão,
intensificação e fragmentação de habitats. Porém, a sua prática em áreas florestais nem sempre
significa altos níveis de extinção da fauna uma vez que pode aumentar a heterogeneidade dos
habitats através do aumento de diferentes estágios de regeneração na paisagem (Fahrig et al.,
2011).
O aumento da heterogeneidade cria mosaicos de habitats para a fauna, maior oferta de recursos
(biomassa vegetal, frutos, sementes, néctar, insectos) e condições como cobertura para
dispersão e reprodução, resultando numa alta complementaridade do habitat e aumento da
diversidade de mamíferos e aves (Tscharntke et al., 2005 e Fahrig et al., 2011).
Deikumah et al. (2014) encontra alta riqueza de aves especialistas em áreas de mosaico
agricultura-floresta que em áreas de exploração mineira. As aves granívoras alimentam-se de
sementes de ervas que são mais disponíveis nas bordas florestais e na matriz agrícola. As aves
frugívoras, apesar da sua dependência em grandes árvores frutíferas, muitas espécies podem

13
complementar suas dietas com frutas cultivadas e de ervas daninhas disponíveis na matriz
agrícola (Deikumah et al., 2014).

 Exploração mineira
A extração mineira tanto em grande assim como em pequena escala, resulta na remoção da
vegetação e da cobertura superior do solo, abertura de valas em massa que diminuem a
qualidade do habitat e afectam negativamente a fauna terrestre através da diminuição de
segurança, locais de abrigo e poluição na matriz circundante remanescente (Kennedy & Marra,
2010 e Deikumah et al., 2014).
O efeito marginal resultante da extração mineira promove deterioração de recursos fornecidos
pelas florestas adjacentes e aumento da competição interespecífica (Deikumah et al., 2014).
Os remanescentes florestais em áreas de exploração mineira são usualmente menos usados pela
fauna devido existência de poucos recursos alimentares (Deikumah et al., 2014).
Erosão do solo, redução da fertilidade para restabelecimento da comunidade vegetal e
contaminação da água de abeberamento da fauna selvagem pela lavagem dos minérios pelo
mercúrio, nos casos de garimpo (Selemane, 2010).
Exemplo, as aves do interior das florestas são caracterizadas pela relutância em atravessar áreas
hostis de mineração sem cobertura em comparação com áreas de mosaico de agricultura e
florestas (Deikumah et al., 2014).

 Exploração florestal
A exploração florestal apesar de consistir em corte selectivo das árvores, destroi cerca de 40 a
80% das árvores na área de corte como resultado do derrube de árvores vizinhas à medida que
as árvores cortadas caem, actividade pesada da maquinaria florestal e criação de acesso ao local
do corte para a extracção de lenha e carvão.

A área basal e a altura da copa são reduzidas enquanto o tamanho médio das clareiras e distância
entre as árvores aumenta. A distribuição das plantas torna-se menos uniforme com clareiras
separando manchas intactas (Sekercioglu, 2002).

As mudanças estruturais na vegetação modificam o microclima florestal através da alteração da


temperatura, humidade, incidência da luz e vento. A alta temperatura e baixa humidade resulta
na dessecação do solo, alta mortalidade de sementes e baixo recrutamento de árvores.
Estimulado pela alta incidência da luz, regista-se uma rápida cobertura por arbustos e graminal
atractivo para predadores de sementes tais como roedores, insectos e herbívoros browsers e

14
grazers. As aves insectívoras atraídas pelos insectos, também usam esses locais para o
forrageamento (Sekercioglu, 2002).

 Queimadas

As queimadas favorecem a regeneração, desenvolvimento e distribuição espacial da flora e


influenciam a disponibilidade de nutrientes no solo em ecossistemas florestais (Sileshi &
Mafongoya, 2005).

No entanto, quando frequentes em média de mais de 3 em 4 anos, sobretudo no pico da estação


seca, conduzem à conversão de habitats de cobertura fechada em habitats de vegetação graminal
com poucas árvores e dispersas, (Chidumayo et al., 1996).

A sua ausência favorece o crescimento das espécies arbóreas que através da cobertura das suas
copas aumentam a densidade da vegetação e eliminam gradativamente a cobertura graminal e
herbácea de interesse pascícola para os herbívoros grazers (Chidumayo et al., 1996 e Sileshi &
Mafongoya, 2005).

Em paisagens onde as queimadas são feitas em períodos alternados, aumentam a


heterogeneidade do habitat através da criação de mosaicos de manchas de áreas queimadas e
não queimadas que são locais preferenciais para forrageamento de herbívoros ungulados
(Kennedy & Fontaine, 2009).

As queimadas intensas alteram a estrutura vegetal como resultado da queima das folhas,
serapilheira, morte de árvores de grande porte e exposição de minerais do solo. Porém, o fogo
também cria novas características do habitat denominadas estruturas pirogénicas, em situações
em que a temperatura do fogo permanece abaixo de 175°C, libertando nutrientes que melhoram
o crescimento e vigor das plantas.
Este novo crescimento aumenta a abundância de novos brotos, flores, sementes e insectos,
atraindo herbívoros, aves insectívoras, nectatívoras e granívoras para novas oportunidades de
forrageamento.
A vegetação e fauna ao fogo da perturbação intermédia que prevê alta diversidade de espécies
em locais sujeitos a frequências intermédias de queimadas e intensidades porque essas áreas,
serão a mistura de espécies pioneiras e espécies do climax e o modelo da sucessão e
acomodação no habitat sugerem uma sequência previsível de comunidades de fauna que
recolonizam o habitat após uma queimada intrinsecamente relacionada a uma recuperação da
estrutura da vegetação.

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Capitulo III: Metodologia
 Pesquisa Documental
Revisão de literatura científica, relatórios de organizações internacionais (como FAO) e
políticas públicas sobre conservação da biodiversidade em Moçambique.

 Estudo de Campo
Colecta de dados sobre a biodiversidade na província de Niassa, incluindo inventários de
espécies de fauna e flora e análise da cobertura florestal em áreas críticas.

 Entrevistas e Questionários
Consultas com especialistas em meio ambiente, líderes comunitários e agricultores locais para
obter informações sobre desafios e práticas existentes.

 Análise Qualitativa e Quantitativa


Uso de ferramentas para analisar o impacto das atividades humanas sobre os habitats naturais
e a biodiversidade.

 Propostas de Intervenção
Desenvolvimento de estratégias baseadas nas melhores práticas observadas, incluindo planos
de manejo sustentável e educação ambiental.

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Capitulo IV: Discussão, Analise e Interpretação dos resultados

Discussao dos resultados


Os resultados do estudo mostram claramente que a biodiversidade na província de Niassa
desempenha um papel vital no equilíbrio ecológico e no sustento das comunidades locais.
Apesar disso, diversos factores humanos, como desmatamento, queimadas descontroladas e
exploração mineira, têm provocado impactos negativos significativos.
Relevância da Biodiversidade:
A biodiversidade fornece serviços ecossistêmicos essenciais, como regulação climática,
protecção do solo e recursos para alimentação e medicamentos.
Deve-se enfatizar como a fauna e flora locais são únicas, com espécies endêmicas que têm um
papel crítico no ecossistema.
A agricultura itinerante e a exploração florestal foram identificadas como os principais fatores
de degradação.
O impacto dessas práticas na qualidade do habitat, redução de áreas de refúgio e diminuição de
espécies de fauna e flora deve ser discutido.
O papel das comunidades e das políticas públicas na mitigação desses problemas, incluindo
limitações e oportunidades para melhorar a gestão sustentável.

Análise dos resultados


Analisar as causas-raiz, como crescimento populacional, práticas agrícolas insustentáveis e
baixa conscientização ambiental.
Contrastar os resultados de Niassa com outras regiões de Moçambique ou países vizinhos para
identificar padrões e soluções potenciais.
Avaliar a eficácia de iniciativas existentes, como planos de manejo florestal e educação
ambiental, destacando áreas de sucesso e aquelas que necessitam de reforço.

Interpretação dos Resultados


O declínio da biodiversidade afeta diretamente a subsistência das comunidades que dependem
de recursos naturais para alimentação, energia e renda.
A perda de serviços ecossistêmicos, como o controle de enchentes e a fertilidade do solo,
amplifica a vulnerabilidade econômica e ambiental.
Estratégias como agricultura sustentável, promoção de áreas protegidas e monitoramento
comunitário mostram potencial para reduzir os impactos negativos.

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O fortalecimento da educação ambiental nas escolas e comunidades pode ser uma chave para
mudanças comportamentais a longo prazo.
Os esforços para conservar a biodiversidade em Niassa estão alinhados com os ODS,
especialmente os objetivos relacionados à vida terrestre (ODS 15) e ao combate às mudanças
climáticas (ODS 13).

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Referência bibliográfica
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Bernardo, P. V. S. (2012). Padrões de distribuição de mamíferos de medio e grande porte em
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Filipe, C. De M. (2008). Mudança na composição de espécies na região do Corredor da Beira.
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Moçambique: causas, actores e instituições. CIFOR.
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Verificação para o REDD em Moçambique. IIED, Londres.
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