UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Engenharia de Lorena—EEL
LOM3226 — Mecânica Quântica
Prof. Luiz T. F. Eleno
Lista de exercícios nº 3
Exercícios marcados por um asterisco (*) são são variações dos anteriores, os marcados por dois asteriscos (**) são um
pouco mais complicados matematicamente e três asteriscos (***) exploram aspectos menos relevantes da teoria quântica.
10 Momento angular ***8. Se o elétron fosse uma esfera sólida clássica de raio
1. Quais são as unidades de L? Compare-as com as uni- e2
rc =
dades de h̄. 4πe0 mc2
***2. Mostre que a relação l (l + 1) = l (l − 1) fornece (chamado de raio clássico do elétron, obtido su-
l = l + 1 ou l = −l. pondo que a massa do elétron vem da energia arma-
zenada em seu campo elétrico via fórmula de Eintein
**3. Encontre expressões para os operadores L̂ x , L̂y , L̂+ e E = mc2 ), e seu momento angular fosse h̄/2, quão rá-
L̂− em coordenadas esféricas. pido (em m/s) um ponto se moveria sobre o “equa-
4. Duas partículas de massa m estão ligadas às extremi- dor” do elétron? Isso parece realista? Dica: o mo-
dades de uma haste rígida e sem massa de compri- mento de inércia de uma esfera homogênea de raio r
mento a. O sistema é livre para rotacionar em três e massa m é I = 2mr2 /5.
dimensões em torno do centro da haste (que, porém,
permanece fixo). 9. Usando o procedimento visto em aula, mostre que
(a) Mostre que as energias permitidas para esse ro-
h̄ 1 0
tor rígido são Ŝz =
2 0 −1
h̄2
E j = j ( j + 1) , ( j = 0, 1, 2, . . .) 10. Com o auxílio do Ex. 7, mostre que
ma2
Dica: escreva primeiramente a energia e o mo- 0 1 0 0
Ŝ+ = h̄ , Ŝ− = h̄
mento angular do sistema clássico equivalente. 0 0 1 0
(b) Quais são as autofunções normalizadas para
esse sistema? 11. Mostre por fim que
(c) Qual é a degenerescência do j-ésimo nível de
h̄ 0 1 h̄ 0 −i
energia? Ŝx = , Ŝy =
2 1 0 2 i 0
5. Considere os observáveis A = x2 e B = Lz .
(a) Monte o princípio da incerteza para σA σB . 12. Liste os valores possíveis de medidas de Sz e Sx , com
(b) Avalie σB no estado ψnlm do hidrogênio. suas respectivas probabilidades, para um elétron no
(c) O que você pode concluir sobre h xyi nesse es- estado
1 1+i
tado? χ= √
6 2
6. Se você pudesse, de alguma maneira, medir o obser-
vável L2x + L2y no estado ψ433 do átomo de hidrogênio, 13. Um elétron está no estado de spin
quais valores (ou valor) poderia obter, e com quais
probabilidades? 3i
χ=A
4
11 Spin (a) Determine a constante de normalização A.
(b) Calcule os valores esperados de Sx , Sy e Sz . Dica:
**7. Demonstre que o complexo conjugado de um vetor coluna é seu
q transposto conjugado, um vetor linha.
Ŝ± |sms i = h̄ s(s + 1) − ms (ms ± 1) |s(ms ± 1)i
(c) Calcule as incertezas σSx , σSy e σSz (que são
sendo desvios-padrão, não matrizes de Pauli!)
Ŝ± = Ŝx ± i Ŝy (d) Confira que o resultado é consistente com o prin-
os operadores escada (levantamento e abaixamento). cípio da incerteza que vimos na aula “Momento
Dica: veja o ex. 4.18 do Griffiths. Angular” (trocando L por S, claro).
1
14. Para um spinor genéricoD χ E= a |↑i + b |↓i, calcule ***20. No exercício anterior, s = −1 também é possivel
hSx i, Sy , hSz i, S2x , Sy2 e Sz2 . Verifique se matematicamente, mas porque não é aceitável fisica-
D E mente?
S2x + Sy2 + Sz2 = S2 .
21. Quarks têm spin 1/2. Três quarks se juntam para
15. (a) Calcule os autovalores e autoestados de Ŝy . formar um bárion (como o próton e o nêutron); dois
quarks (ou, mais precisamente, um quark e um anti-
(b) Se você medir Sy de um elétron no spinor gené- quark) compõem um méson. Suponha que os quarks
rico χ = a |↑i + b |↓i, quais valores pode obter e estejam no estado fundamental (assim, o momento
com quais probabilidades? angular orbital é nulo).
(c) Se você mede Sy2 , quais valores pode obter e com (a) Quais spins são possíveis para os bárions? Dica:
quais probabilidades? some primeiro dois quarks, depois o terceiro.
***16. Construa as matrizes de spin Ŝx , Ŝy e Ŝz para uma (b) Quais spins são possíveis para os mésons?
partícula de spin 1 (s = 1). Dica: quantos são os au- ***22. Uma partícula de spin 1 e uma partícula de spin 2
toestados de Sz ? Determine a ação de Ŝz , Ŝ+ e Ŝ− em tem ambas momento angular orbital nulo. Elas estão
cada um deles e use o mesmo procedimento usado numa configuração em que o spin total é 3 e a com-
anteriormente para o caso s = 1/2. ponente z é h̄. Se você medir a componente z do mo-
17. (a) Se voce medir a componente de um momento mento angular total da partícula spin 2, quais valores
angular de spin ao longo da direção x, no ins- pode obter, e com quais probabilidades?
tante t, qual é a probabilidade de que vá obter ***23. Um elétron com spin down está no estado ψ510 do
h̄/2? átomo de hidrogênio. Se você pudesse medir ape-
(b) Responda à mesma pergunta, mas para a com- nas o quadrado do momento angular total do elétron
ponente y. (não incluindo o spin do próton), quais valores po-
deria obter e com quais probabilidades? Dica: tudo
(c) Responda à mesma pergunta, mas para a com-
o que vimos também funciona para a soma de mo-
ponente z.
mentos angulares orbitais e para a soma de momento
**18. Um elétron está em repouso em um campo magné- angular orbital e de spin (mesmo que seja da mesma
tico oscilante partícula!).
B = B0 cos(ωt) k ,
12 Partículas idênticas
em que B0 e ω são constantes reais positivas.
(a) Monte a matriz hamiltoniana para esse sistema. 24. (a) Se ψa e ψb são ortogonais, e ambas normalizá-
(b) O elétron inicia (em t = 0) no estado spin up em veis, qual é o valor das constantes Ab e A f nas
relação ao eixo x, isto é, equações do slide 20?
(b) Se ψa = ψb , qual é o valor da constante Ab no
1 1 slide 20? (Isso, é claro, só faz sentido para bó-
χ (0 ) = χ x1 = √ .
2 1 sons.)
Determine χ(t) em qualquer instante t poste- 25. (a) Escreva o hamiltoniano para duas partículas
rior. Cuidado: esse é um hamiltoniano depen- não-interagentes no poço quadrado infinito. Ve-
dente do tempo e, portanto, não dá para obter χ(t) rifique se o estado fundamental para dois férmi-
da maneira usual a partir dos estados estacioná- ons idênticos é autofunção de Ĥ, com autovalor
rios. Felizmente, nesse caso, é possível resolver adequado.
a eq. de Schrödinger dependente do tempo dire- (b) Construa os próximos dois estados (função de
tamente. onda e energia) para os três casos do exemplo
(c) Calcule a probabilidade de se obter −h̄/2 ao se do poço infinito (partículas distinguíveis, bósons
medir Sx . Resposta: idênticos e férmions idênticos). Se for um estado
degenerado, liste todas as possibilidades.
γB0
sen2 sen(ωt) *26. Imagine duas partículas não-interagentes de mesmo
2ω spin e mesma massa m no poço quadrado infinito. Se
uma está no estado ψn e a outra no estado ψl (com
(d) Quais os valores, de B0 para ser possível medir l 6= n), calcule ( x1 − x2 )2 , supondo que sejam
Sx = −h̄/2 com 100% de probabilidade? (a) partículas distinguíveis;
(b) bósons idênticos;
19. Aplique Ŝ+ e Ŝ− ao estado singleto, e verifique que
obterá zero nos dois casos se s = 0. (c) férmions idênticos.
2
***27. Imagine que você tenha três partículas, nos esta- 32. Calcule a separação em comprimento de onda entre
dos ψa ( x ), ψb ( x ) e ψc ( x ), respectivamente. Supondo as linhas vermelhas de Balmer (n = 3 → n = 2) para
que os estados sejam ortonormais, construa estados o hidrogênio e para o deutério, cujo núcleo é formado
de três partículas que representem por um próton e um nêutron. A massa do nêutron é
(a) partículas distinguíveis; praticamente igual à do próton.
(b) bósons idênticos (função de onda simétrica em
relação à troca de quaisquer duas partículas); 33. Descubra qual é a energia de ligação do positrônio
(átomo de hidrogênio com um pósitron no lugar do
(c) férmions idênticos (função de onda antis-
próton; um pósitron tem a mesma massa do elétron,
simétrica em relação à troca de quaisquer
mas carga oposta).
duas partículas). Dica: o truque é usar
os determinantes de Slater, cuja primeira li-
nha é ψa ( x1 ) ψb ( x1 ) ψc ( x1 ), a segunda é 34. Suponha que você queira confirmar a existênca do hi-
ψa ( x2 ) ψb ( x2 ) ψc ( x2 ), etc. drogênio muônico, no qual o elétron é substituído
por um múon (mesma carga mas 206,77 vezes mais
*28. Imagine duas partículas não-interagentes de mesmo pesado). Em qual comprimento de onda você procu-
spin e mesma m no potencial do oscilador harmônico. raria a linha α de Lyman (n = 2 → n = 1)?
Se uma está no estado fundamental e a outra no pri-
meiro estado excitado, calcule ( x1 − x2 )2 , supondo 35. A mais forte banda infravermelha do monóxido de
que sejam carbono (CO) ocorre em ν̃ = 2143 cm−1 . Determine
(a) partículas distinguíveis; a constante de mola da molécula de CO. Dicas: sem-
(b) bósons idênticos; pre que a molécula sofre uma transição de níveis de
energia, um fóton (ou mais, geralmente, radiação ele-
(c) férmions idênticos.
tromagnética) de frequência ν e energia hν é emi-
29. Suponha que você tenha três partículas e três diferen- tido/absorvido. O que chamo de ν̃ é o número de
tes estados de partícula simples disponíveis, ψa ( x ), onda.
ψb ( x ) e ψc ( x ). Quantos estados diferentes de três par-
tículas podem ser construídos se elas forem **36. O cloro possui dois isótopos naturais, Cl35 e Cl37 .
(a) partículas distinguíveis; Demonstre que o espectro vibracional do HCl deve
(b) bósons idênticos; consistir de dubletos (linhas paralelas) proxima-
mente separados, com uma separação dada por δν =
(c) férmions idênticos.
7,51 × 10−4 ν, em que ν é a frequência do fóton emi-
tido. Dica: considere a moléculap de HCl como um
oscilador harmônico, com ω = k/µ, em que µ é a
13 Teoria de muitos corpos massa reduzida e a constante de mola k é, muito pro-
vavelmente, a mesma para ambos os isótopos.
***30. Mostre que
m2 m1 37. A linha de absorção de menor frequência pura-
r1 = R + r, r2 = R − r mente rotacional para a molécula de CS ocorre em
M M
48,991 GHz. Encontre o comprimento de ligação da
31. Calcule o porcentual de erro (com dois algarismos molécula.
significativos) na energia de ligação do hidrogênio ao
usar a massa do elétron ao invés de sua massa redu- *38. A transição puramente rotacional l = 1 → l = 2 da
zida, sabendo que a massa de repouso do próton é molécula de CO ocorre em 230,538 GHz. Encontre o
1836,15 vezes maior que a do elétron. comprimento de ligação da molécula.