Texto de apoio – Química 10ª Classe
Unidade Temática I: CARBONO E ELEMENTOS DO GRUPO IV-A
I. O Carbono
1.1 - Estado natural do carbono O carbono encontra-se na Natureza na forma livre e combinada.
No estado livre, dependendo das condições de sua formação (Pressão e Temperatura), ocorre
na natureza como: Fulerenos/Carvões, Diamante e Grafite, estes são considerados variedades
alotrópicas do Carbono.
No estado combinada, faz parte de muitas substâncias compostas e misturas, como:
proteínas, plásticos, petróleo bruto, gás natural, borrachas, gorduras, etc.
1.2 - Formas de carbono
O Carbono livre apresenta-se em duas formas: Cristalina e Amorfa.
Na forma cristalina, os átomos do carbono encontram-se em posições bem definidas e
ordenadas.
Exemplo: Diamante e grafite.
Na forma amorfa, os átomos constituintes não estão ordenados.
Exemplo: Carvão (natural e vegetal) e fuligem.
1. 3 - Tetravalência do Carbono
O Carbono tem valências II e IV, mas o átomo de carbono tetravalente (o de valência IV) é o mais
estável que o bivalente (o de valência II).
Entretanto, o carbono bivalente ao se combinar com outros elementos produz compostos
relativamente instáveis como monóxido de carbono e sais inorgânicos.
1.2. Variedades Alotrópicas do Carbono Alotropia - é o fenómeno pelo qual um mesmo elemento
químico pode originar substâncias diferentes. As variedades alotrópicas do Carbono são Diamante,
Grafite e Carvões.
O Diamante, Grafite e Carvões (estrutura, propriedades e aplicações)
Estrutura Propriedades Aplicações
Carbono encontra-se ligado a É duro, transparente e É usado no fabrico de joias,
quatro (4) átomos (ligações incolor, não conduz a na perfuração de terrenos
Diamante
covalentes). Forma estrutura corrente elétrica reflete a duros e rochosos, no corte de
tetraédrica. A distância entre os luz. vários tipos de vidros, usa-se
átomos de carbono é muito ainda na polição de pedras
pequena, facto que cria a sua preciosas, bem como na
compactação (sobreposição). gravação de letras, palavras
ou imagens em metais duros.
Cada átomo de carbono está ligado Substância cinzento- É usada no fabrico de lápis
a outros três (3) carbonos vizinhos. escura, opaca e mole, combinado com argila, é
A quarta ligação estabelece a união quebradiço, com um fraco também usada no fabrico de
entre camadas devido a existência brilho metálico, conduz a elétrodos e um bom
Grafite
de eletrão livre. Os átomos de corrente eléctrica, é lubrificante.
carbonos encontram-se ordenados escorregadio ao tacto.
em forma de hexágonos regulares
dispostos em camadas. As forças
de ligação dentro da camada são
fortes comparadas com as forças
entre as camadas.
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São poliedros de átomos de São substâncias de cor São usados como agentes de
Fulerenos
carbono interligados por preta, com condutividade contraste em exames de
pentágonos formando uma elétrica que varia de ressonância magnética, como
estrutura tridimensional o que lhes fulereno para fulereno. lubrificante, semicondutor,
confere alta estabilidade. supercondutor, na produção
de diversos fármacos
(antivirais, antibacterianas,
anticancerígenas)
1.4 TIPOS DE CARVÃO
1.4.1 Tipos de carvão
Na natureza existem dois tipos de carvão:
Carvão mineral ou natural.
Carvão artificial.
a) O Carvão mineral ou natural
É uma rocha (pedra sedimentar) de origem vegetal extraída do subsolo. Forma-se como resultado da
decomposição lenta de vegetais soterrados durante milhões de anos em pântanos rasos, na ausência de
ar, sob altas pressões e altas temperaturas.
Variedades do Carvão mineral
Dependendo do tempo de soterração, o teor de carbono também varia e como resultado deste tempo
de formação, o carvão mineral pode ser designado por quatro (4) variedades: turfa, lenhite, hulha e
antracite.
Variedade Percentage Propriedades Aplicações
s do m do
carvão carbono
Turfa É uma rocha leve, esponjosa, cuja cor pode Aplica-se como
Entre variar entre o castanho e o preto. combustível e como
55% a 65% Arde lentamente, libertando muito fumo. absorvente.
Tem o poder calorífico muito baixo.
Lenhite É acastanhada e encontra-se, geralmente, Aplica-se com
Entre mais à superfície, por ter sofrido menor combustível e como
65% a 75% pressão. matéria-prima na
A sua extração é relativamente fácil e indústria química
pouco dispendiosa. Quando queima origina
muita cinza.
Hulha* Tem cerca de É uma rocha dura, de cor negra, compacta É usado em refinarias de
80% ou folheada e com brilho vítreo. Arde com açúcar e em máscaras
pouco fumo e tem um elevado poder antigases (de gás). Usa-
calorífico. se ainda na produção de
coque, gás, águas
amoniacais, alcatrão e
seus, etc.
Antracite Acima de É uma rocha metamórfica compacta e dura, É usado como
80% que possui elevado brilho e que arde com combustível, mas é
uma chama quase invisível, sem fuligem, largamente utilizado em
libertando grande quantidade de energia, o filtros de tratamento de
seu valor comercial é alto. água.
*Em Moçambique existem reservas de carvão mineral e em particular destaque para as reservas localizadas nas
províncias de Tete e Niassa, das quais as de Tete já estão sendo exploradas. O valor das reservas registadas é de
aproximadamente 6 biliões de toneladas de Hulha.
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b) Carvão artificial
O Carvão artificial – É o tipo de carvão que é obtido por destilação seca, calcinação ou combustão
incompleta de certas substâncias ricas em carbono.
Variedades do Carvão Artificial
O carvão artificial pode ser designado por quatro variedades, Carvão vegetal, Carvão animal, fuligem
e o Coque.
Variedades Obtenção Aplicações
do C
artificial
Carvão Obtém-se através É usado na indústria do ferro e do aço, no fabrico de pólvora negra
vegetal ou da combustão de e como combustível doméstico e industrial. É muito utilizado
de madeira madeira ou lenha, como combustível para aquecedores, lareiras, churrasqueiras e
na ausência do ar. fogões a lenha. Devido a sua propriedade de adsorção (*), tem
aplicação medicinal na forma de carvão activado, como agente útil
no tratamento de envenenamentos, também é indicado para dores
de estômago, mau hálito, aftas, gases intestinais, diarreias
infecciosas e disenterias hepáticas. É ainda usado na produção de
máscaras antigás e na indústria de tabaco como filtro de retenção
de gases tóxicos e de nicotina.
Coque Obtém-se durante É muito usado na indústria metalúrgica para a redução de óxidos
a destilação seca metálicos em seus respectivos metais. Usado também como
da hulha. combustível industrial e doméstico e no fabrico de carbonetos.
Carvão Obtém-se por É usado como agente descorante na indústria de extracção de
animal calcinação gorduras, óleos e açúcar
(queima) de
ossos.
Negro de Obtém-se pela É usado no fabrico de tinta de impressão, tinta-da-china, graxa,
fumo ou combustão vernizes negros e na produção da borracha.
Fuligem incompleta de
substâncias ricas
em carbono, na
ausência de
oxigénio
(*) Adsorção como a propriedade que o carvão e certas substâncias sólidas têm de reter, na sua
superfície, as partículas de um gás ou de um líquido. Quanto mais poroso for o carvão, maior é a
quantidade de gás ou solução líquida adsorvida.
1.5 Propriedades Químicas do Carbono
Uma das maiores aplicações industriais do carvão mineral é a sua transformação em combustíveis
gasosos, através de processos de gaseificação e desgaseificação (coquefacção) do carvão.
Assim, o carbono reage com oxigénio e com vapor de água.
a) Reacao com Oxigenio
I – Combustão incompleta: 2C(s) + O2(g) → 2CO(g)
II – Combustão Completa: C(s) + O2(g) → CO2(g)
b) Reação com vapor de água
C(s) + H2O(g) → CO(g) + H2(g)
Os produtos da reação do carbono com o oxigénio do ar são chamados gás de ar e ainda tem-se uma
certa quantidade de Nitrogénio (N2) do ar atmosférico. Os produtos da reacção do carbono com o
vapor de água são chamados de gás de água. A mistura do gás de ar e gás de água forma o gás misto.
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A temperatura muito elevada, o carbono pode reagir com o hidrogénio, o enxofre, o silício, metais e
alguns ácidos.
i) Reação com hidrogénio: C(s) + 2H2(g) CH4(g)
ii) Reação com enxofre: C(s) + 2S(g) CS2(g)
iii) Reação com silício: C(s) + Si(s) SiC(s)
iv) Reação com cálcio: C(s) + Ca(s) Ca2C(s)
v) Reação com ácido sulfúrico: 2H2SO4(aq) + C(s) CO2(g) + 2SO2(g) + 2H2O(l)
vi) Reação com acido nítrico: 4HNO3(aq) + C(s) 4NO2(g) + CO2(g) + 2H2O(l)
A Gaseificação consiste no tratamento do carvão na presença do ar, ou com vapor de água,
libertando-se gases (CO; CO2 ; H2 e N2) – estes gases são chamados de gás misto.
A Coquefacção ou desgaseificação consiste na decomposição térmica do carvão mineral
(Hulha), na ausência do ar, formando-se Carvão de Coque e gases de coque.
Carvão mineral Coque + Águas amoniacais, Gases (CO, H2, CH4 , etc)
1.6 ÓXIDOS DE CARBONO (CO e CO2)
1.6.1 Monóxido de carbono (CO)
I - Propriedades físicas do Monóxido de carbono (CO)
O Monóxido de carbono (CO) - é um gás incolor, inodoro, insípido, combustível, pouco solúvel na
água e extremamente tóxico.
A intoxicação por CO pode acontecer imperceptível. O CO pode se combinar facilmente com a
hemoglobina do sangue, limitando o transporte do oxigénio dos pulmões para as células.
II - Obtenção industrial do CO
Monóxido de carbono (CO) - é obtido pela combustão incompleta do Carbono e seus compostos ou
através da gaseificação do Carvão.
Os carros que usam combustíveis fósseis (Gasolina e Diesel) são os principais responsáveis pela
libertação do CO no ar atmosférico.
III - Propriedades químicas do CO
A reactividade química de CO é muito reduzida.
Não reage com água, nem com ácidos e nem com bases.
Reage com o oxigénio, Ardendo com uma chama azul (muito energética) formando o CO2
Equação química: 2CO(g) + O2(g) → 2CO2(g)
IV- Aplicações do CO
O CO usa-se no processo do alto-forno como redutor.
Emprega-se como combustível em processos de obtenção de energia.
É matéria-prima na produção de compostos orgânicos (acido acético, metanol, plásticos,
hidrocarbonetos, etc)
1.6.2 Dióxido de Carbono CO2
I - Propriedades físicas Dióxido de Carbono (CO2)
O Dióxido de Carbono (CO2) - é um gás incolor, inodoro, insípido, mais denso do que o ar, pouco
solúvel em água, é incomburente, isto é, não alimenta as chamas, liquefaz-se com facilidade.
II - Obtenção do CO2
Na indústria, o Dióxido de carbono obtém-se pela decomposição térmica do Calcário (CaCO3):
CaCO3(s) CaO(s) + CO2(g)
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No laboratório, o CO2 é obtido a partir da reacção entre os carbonatos com o ácido clorídrico
“HCl(aq)”: CaCO3(s) + HCl(aq) CaCl2(s) + CO2(g) + H2O(l)
Na Natureza, o CO2 é formado durante a putrefação (apodrecimento) dos resíduos de vegetais e
animais, na respiração dos seres vivos e em processos de erosão química de rochas carbonatadas,
libertando-se em grandes quantidades de fendas vulcânicas e de fontes de águas minerais.
III - Propriedades químicas do CO2
O dióxido de carbono é um óxido ametálico ou “oxido acido” em que pode reagir com agua, óxidos
básicos, bases e metais.
a) Reação com água
O CO2 reage com água (H2O) formando ácido carbónico (H2CO3).
Equação química: CO2(g) + H2O(l) → H2CO3(aq)
b) Reação com bases e óxidos metálicos
CO2 + Mg(OH)2 → MgCO3 + H2O; CO2 + 2KOH → K2CO3 + H2O
CO2 + CaO → CaCO3 CO2 + BaO → BaCO3
NB: as reações do dióxido de carbono com o hidróxido de cálcio ou hidróxido de Bário são usadas
na identificação deste oxido dando origem a um precipitado de cor branca de CaCO3 (carbonato de
cálcio) ou BaCO3 (carbonato de bario).
IV - Aplicações de CO2
O CO2 é usado na produção do gelo seco
Na gaseificação de água mineral, refrigerantes e bebidas não destiladas
Usado na produção de extintores de incêndios e nas instalações de frigoríficos sob forma de
neve carbónica;
Na produção de fertilizantes; etc
V. PROBLEMAS AMBIENTAIS DO CO2
6.1 Efeito de estufa O Efeito de estufa - é um fenómeno natural que serve para manter a temperatura
da Terra constante, garantindo a manutenção da vida. Esse processo ocorre quando uma parte da
radiação solar reflectida da superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na
atmosfera como: o dióxido de carbono (CO2), o Metano (CH4), Óxidos de nitrogénio,
Clorofluorocarbonetos (CFC) e também vapor de água designados por gases de estufa”. Embora este
efeito seja um bem para a humanidade, torna-se catastrófico devido ao aumento de emissão destes
gases e consequentemente, o aquecimento global da temperatura da Terra. Os exemplos disso são as
chuvas irregulares que tem vindo a acontecer nos últimos tempos e em algumas zonas assoladas pela
seca.
6.2 - Aquecimento global
I - Aquecimento global
Aquecimento global - é o processo de aumento da temperatura média do ar perto da superfície da
Terra causado pelas emissões de gases de estufa.
I - Causas do aquecimento global
Nos últimos anos, o aquecimento global é causado por aumento da emissão dos gases de efeito de
estufa”, principalmente, derivados da queima de combustíveis fósseis (Gasolina, Diesel, etc) na
atmosfera, a queimada das florestas e também colaboram para este processo.
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III - Consequências Aquecimento global
Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo, está em curso o
derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível das águas do mar podem ocorrer o
desaparecimento de ilhas;
Crescimento e surgimento de desertos: o aquecimento provoca a morte de várias espécies
animais e vegetais, desequilibrando vários ecossistemas;
Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz com que ocorra maior
evaporação das águas dos oceanos, rios, lagos, potencializando até chuvas irregulares
(aumento de precipitações, provocando cheias, causando doenças, alterações na
disponibilidade agrícola, etc.)
Onda de calor: nas regiões de temperaturas amenas também sofrem onda de calor,
provocando secas, mortes de pessoas idosas e crianças.
IV - Medidas para reduzir ou reverter o Aquecimento global
A nível mundial, existem debates políticos e públicos para se decidir sobre as acções que se devem
tomar para reduzir ou reverter este fenómeno. É dentro destes panoramas que a maioria dos governos,
incluindo o de Moçambique, assinou e ratificou o Protocolo de Quioto (Kyoto), que visa, entre
outros, o combate à emissão de gases de estufa e reduzir o seu efeito efeito.
1.7 ÁCIDO CARBÓNICO E CARBONATOS
1.7.1. O Ácido carbónico (H2CO3)
O ácido carbónico (H2CO3) existe somente em solução aquosa. É muito fraco, instável e decompõe-se
facilmente em dióxido de carbono e água.
Decomposição do Ácido carbónico: H2CO3(aq) → CO2(g) + H2O(l)
O ácido carbónico é diprótico1 formando dois (2) tipos de sais (Neutros e Ácidos):
Os sais neutros são formados por ião carbonato e o metal apenas: CaCO3, K2CO3, MgCO3…
Dos sais neutros apenas os dos metais alcalinos e os de amônio são solúveis na água.
Os sais ácidos são para além do iao carbonato e metal apresentam o hidrogénio e são
chamados de hidrogenocarbonatos, por exemplo: hidrogenocarbonato de sódio - NaHCO3,
hidrogenocarbonato de potássio – KHCO3
7.2. Os Carbonatos
Carbonatos - são sais neutros do ácido carbónico, formam-se a partir do ião carbonato (CO3)2-
Exemplo:
a) CaCO3 - Carbonato de cálcio
b) Na2CO3 - Carbonato de sódio
c) MgCO3 - Carbonato de magnésio
d) K2CO3 - Carbonato de potássio
e) BaCO3 - Carbonato de bário, etc.
I - Ocorrência dos Carbonatos
Os carbonatos mais comuns em Moçambique são o Mármore e o Calcário. Todos eles são formas
naturais do carbonato de cálcio.
O Mármore – é da origem mineral: Ocorre no distrito de Montepuz - na província de Cabo
Delgado.
1
Pode liberar dois hidrogénios (H+) em solução
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O Calcário – é da origem animal: Abunda no distrito Muanza – província de Sofala; no
distrito Nacala – província de Nampula; e no distrito Salamanga – Maputo Província.
II - Aplicações dos Carbonatos
Os carbonatos fazem parte do solo e são importantes na agricultura como fertilizantes. O carbonato
de sódio (Na2CO3) e o carbonato de potássio (K2CO3) usam-se no fabrico de vidro e seus derivados,
detergentes; O carbonato de cálcio (CaCO3) emprega-se também na produção do vidro, cimento, cal-
viva ou queimada (óxido de cálcio - CaO) e fertilizantes.
O Mármore - é aplicado em escultura, construção de casas e embelezamento de campas.
2. O SILÍCIO, DIÓXIDO DE SILÍCIO E SILICATOS
2.1 - O Silício (Si)
I - Estado natural do silício
O Silício (Si) é o segundo elemento mais abundante na Terra depois do Carbono e constitui parte da
crosta terrestre. E é encontrado apenas no estado combinado, na forma de Dióxido de silício e
silicatos, devido à sua maior reactividade com o Oxigénio.
II - Propriedades físicas do silício
É um sólido cinzento-escuro, com brilho metálico, é duro e insolúvel em água. A rede cristalina do
Silício é igual à do Carbono mas, conduz a corrente eléctrica quando aquecido e, por isso, este
elemento é considerado semi-condutor. Portanto, o Silício é classificado como um semi-metal por
possuir tanto propriedades metálicas como propriedades não-metálicas.
III - Obtenção do silício
O silício é obtido a partir da redução da sílica pelo coque:
2SiO2(s) + C2(s) 2Si(s) + 2CO2(g)
IV - Propriedades químicas do silício
O Silício é inerte (não reage) à temperatura normal do ambiente, apenas ocorrem a altas temperaturas.
a) Reacção com Oxigénio
O Silício triturado e aquecido arde formando o Dióxido de silício: Si(s) + O2(g) SiO2(s)
b) Reacção com Bases fortes:
Si(s) + 2NaOH(aq) + H2O(l) → Na2SiO3(s) + 4H2(g)
c) Reacção com Ácido fluorídrico:
Si(s) + 4HF(aq) → SiF4(s) + 2H2(g)
d) Reacção com Cloro, Nitrogénio e Metais:
i) Reacção com cloro: Si(s) + Cl2(g) → SiCl4(s)
ii) Reacção com nitrogénio: Si(s) + N2(g) → Si3N4(s)
iii) Reacção com metais: Si(s) + Mg(s) → Mg2Si(s)
V - Métodos de obtenção do Silício
a) Redução do Dióxido de silício pelo magnésio: SiO2(s) + Mg(s) → MgO(s) + Si(s)
b) Redução do Tetracloreto de silício pelo Sódio: SiCl4(s) + Na(s) → NaCl(s) Si(s)
c) Redução do Dióxido de silício pelo coque: SiO2(s) + C(s) → CO2(g) + Si(s)
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2.1.1 Dióxido de silício
I - O Dióxido de silício é também conhecido como Silica ou Quartzo.
Na Natureza é encontrado sob forma de areia, ou de incrustações no granito e noutras rochas, tais
incrustações têm o aspecto de pedaços de vidro fundido e que, libertando-se da rocha sob a acção da
erosão eólica (força do vento) se concentram nos cursos de águas da praia, sob forma de areia branca.
O dióxido de silício é o composto mais estável de silício. Este sólido na forma cristalina tem estrutura
semelhante à do diamante.
A figura representa a estrutura do Dióxido de silício (SiO2) é uma estrutura tetraédrica.
II - Propriedades físicas do (SiO2)
É Sólido insolúvel na água. É uma substância muito dura e que fundida a altas temperaturas, que, após
arrefecimento forma uma massa vítrea incolor (Vidro).
III - Propriedades químicas do (SiO2)
O Dióxido de silício (SiO2) tem propriedades ácidas mas não reage com água.
As suas reacções formam Sais do Ácido silícico (Os silicatos).
a) – Com Óxidos Básicos: SiO2(s) + K2O(s) → K2SiO3(s)
b) - Com Bases: SiO2(s) + 2NaOH(aq) → Na2SiO3(s) + H2O(l)
c) - Com Carbonatos: SiO2(s) + K2CO3(s) → K2SiO3(s) + CO2(g)
IV - Aplicações do (SiO2)
O Dióxido de silício (SiO2) aplica-se no Fabrico de recipientes químicos, na construção de
obras; fabrico de vidro; como matéria-prima da cerâmica, fabrico de cimento.
2.1.2 Os Silicatos
Os Silicatos - são sais do Ácido silícico (H2SiO4). E na natureza encontram-se na forma de
argila e pedras semi-preciosas e preciosas.
I - Importância dos Silicatos
São importantes como matéria-prima na produção de vidro, cimento, cerâmica e porcelana;
Adicionando-se aos alumino silicatos, são utilizados no tratamento de água de consumo:
3. PRODUÇÃO DE CIMENTO, VIDRO E CERÂMICA
3.1 Produção do vidro
O vidro é uma mistura de silicatos, dióxido de silício e vários óxidos metálicos como Na2O, MgO,
Al2O3, CaO e outras substâncias.
O vidro tem uma estrutura amorfa (sem forma) e não tem fórmula química.
Para a produção do vidro misturam-se a areia, calcário e carbonato de sódio. Esta mistura da
matéria-prima é aquecida a temperaturas de 1400ºC até fundir. A seguir a mistura é arrefecida até
cerca de 1000ºC e finalmente moldada.
3.2 Produção de cimento
O cimento é uma substância hidráulica aglutinante que pode permanecer sólida durante muito tempo,
tanto na água como no ar. Em Moçambique existem varias fábricas de cimento em Nacala, Dondo e
Matola.
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As principais matérias-primas para a produção do cimento são: calcário, argila e gesso. Para a
produção, aquece-se gradualmente, a mistura de calcário, gesso e argila, até temperaturas de 1450ºC
de modo a expelirem-se os gases provenientes da termólise (quebra das ligações dos átomos por
acção do calor) da matéria-prima e permitir que os óxidos formados possam reagir entre si.
Aplicações
O cimento é usado na construção de estradas, pontes, edifícios, etc. Na construção usa-se o cimento
misturado com outras substâncias adicionais. O material de construção que se obtém pela mistura de
cimento, água e substâncias adicionais, como: a areia e a pedra dá-se o nome de betão e quando
adiciona-se o ferro temos o Bentão armado. A diferença entre o betão e a argamassa reside no
diâmetro das substâncias adicionais. Quando as substâncias adicionais forem finas tem-se a
argamassa. O cimento ―portland é produzido em Moçambique nas fábricas de Nacala, Dondo e
Maputo.
3.3 Produção cerâmica
A cerâmica é relativa a materiais de artigos, fabricados a partir das substâncias refractárias, por
exemplo, de argila, carbonetos e óxidos de alguns metais. Em função da sua aplicação, na cerâmica
produz-se artigos:
- Para construção (o tijolo, telha, tubos, chapas de revestimento, etc.);
- Materiais de revestimento interno de fornos de fundição de aço e do vidro, usando materiais
refractários;
- Materiais quimicamente resistentes e estáveis à acção dos meios corrosivos em CNTP ou
temperaturas elevadas;
- Materiais de faiança e de porcelana; que a técnica aplica na produção de isoladores, condensadores,
velas de ignição, cadinhos de altas temperaturas, tubos térmicos, etc.
O processo de fabricação dos artigos cerâmicos consiste em preparar a massa cerâmica, moldar, secar
e cozer. Essas operações realizam-se de modo diferente, em função da natureza dos materiais iniciais
e das exigências apresentadas ao produto. Por exemplo, na fabricação do tijolo, a matéria-prima
(argila + outros minerais) é triturada, misturada e humedecida.
A massa plástica obtida é formada, secada e depois submetida ao cozimento à temperatura de 900ºC.
Durante o cozimento ocorre a aglomeração, condicionada pelas reacções químicas fase sólida. A
aglomeração realiza-se segundo um regime rigorosamente determinado e conduz à obtenção do
material que possui propriedades prescritas.
Alguns artigos cerâmicos são cobertos por esmalte, uma camada fina de material vítreo. O esmalte
torna o artigo cerâmico brilhante e impermeável à água, protege-o contra poluições e acção de ácidos
e bases. A cerâmica é ainda aplicada na produção de utensílios caseiros feitos de barro, por exemplo,
panelas, potes, etc.
II. Unidade temática II: Introduçao ao estudo da Química Organica
1.1 História da Química Orgânica
Em 1769, Carl Wilhelm Scheele introduziu métodos próprios de extracção de compostos orgânicos
em animais e vegetais e obteve: Ácido cítrico (C6H8O7) do limão, Ácido tartárico (C4H6O6) da uva,
Ácido láctico (C3H6O3) do leite, a glicerina (C3H8O3) da gordura, Ureia [(NH2)2CO] da urina dos
animais, etc.
Nessa altura, os cientistas classificavam as substâncias segundo a sua origem. Existiam substâncias de
origem animal e vegetal e, que estes pensavam, que tais substâncias eram diferentes das de origem
mineral.
Mas só em 1776, que o Torbern Olof Bergmann, ao estudar os compostos, separou-os pela primeira
vez em duas grandes classes, as quais designou: Orgânicos e Inorgânicos:
Compostos Orgânicos - os obtidos a partir de organismos vivos;
Compostos Inorgânicos: os obtidos do reino mineral.
Nessa altura, Antoine Lavoisier analisou vários compostos orgânicos e concluiu que todos continham
o elemento químico Carbono na sua composição.
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Assim, a Química Orgânica é uma divisão da Química que foi proposta em 1777 pelo químico
alemão Torbern Olof Bergman. Nessa época, a Química Orgânica era definida como ramo químico
que estudava os compostos obtidos a partir dos organismos vivos.
A Teoria da Força Vital ou vitalismo
Em 1807, foi formulada a Teoria da Força Vital por Jöns Jacob Berzelius. Ela baseava-se na ideia
de que os compostos orgânicos precisavam de uma força maior (a vida) para serem sintetizados.
Assim, segundo a Teoria da Força Vital ou do Vitalismo - As substâncias Orgânicas só poderiam
ser obtidas a partir de organismos vivos.
A síntese de Wöhler
Mas, 20 anos mais tarde, Em 1828, Friedrich Wöhler (discípulo de Berzelius), deu um passo inicial
para a destruição da teria do seu mestre, ao conseguir preparar em laboratório um composto orgânico
(Ureia), a partir de um composto inorgânico (o Cianato de amónio), começando, assim, a queda da
teoria do seu mestre - a teria da força vital. NH2
NH4OCN O=C
Cianato de NH2
anônio
Uréia
Essa obtenção ficou conhecida como síntese de Wöhler. Apos esta síntese, muitos cientistas estiveram
na síntese de vários compostos orgânicos, por exemplo, em 1828, Hennel prepara o álcool etílico;
1846: Dr. John C. Warren realiza, no Hospital Geral de Massachusetats (EUA), a primeira
intervenção cirúrgica de grande porte com o uso de um anestésico: o éter. Este fato facto assinala uma
nova era na Medicina: a era dos anestésicos. 1847: Dr. James Simpson, cirurgião de Edimburgo, usa
pela primeira vez o clorofórmio como anestésico, 1848: Frankland e Kolbe preparam o ácido acético,
1854: Berthelot prepara o gás metano, 1935: Químicos do Instituto Pasteur descobrem a
sulfanilamida: substância de ação bactericida. A seguir são descobertas outras sulfas, 1945: A partir
da descoberta da penicilina, em 1929, por Alexandre Fleming, químicos e físicos da Inglaterra e dos
Estados Unidos descobrem que existem várias penicilinas e conseguem sintetizar a Penicilina G. (As
penicilinas são agentes bactericidas mais eficazes que as sulfas).
Foi nesse âmbito que é derrubada a ―Teoria da Força Vital”.
Então, o químico alemão, Friedrich August Kekulé, percebendo que a definição de Bergman para
Química Orgânica não era adequada, propôs a nova definição
Química Orgânica - é o ramo da Química que estuda os compostos do carbono.
Contudo, nem todos os compostos que contêm carbono são orgânico, por exemplo, Dióxido de
carbono (CO2), Ácido carbónico (H2CO3), Ácido cianídrico (HCN), Monóxido de carbono (CO),
Dissulfureto de carbono (CS2), Cianato de amónio (NH4CN), carbonatos, etc., apesar de apresentarem
átomos do Carbono nas suas moléculas, não são considerados orgânicos mas sim, compostos de
transição entre Inorgânicos e Orgânicos.
1.2 Objecto do estudo da Química Orgânica
Apos a nova definição da Quimica orgânica, pode se concluir que o estudo dos compostos de
carbono, sua estrutura e suas reacções, constitui o objecto do estudo da Química Orgânica.