UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CAMPUS CABO FRIO
CURSO DE PSICOLOGIA
AS PRÁTICAS PSICOSSOCIAIS DA PSICOLOGIA
COMUNITÁRIA: O SABER FAZER DA PSICOLOGIA NA
COMUNIDADE
POR
GRACIANE FERREIRA DA GAMA
HINGRIDY MARQUES DE ANDRADE
QUESTÃO: A PSICOLOGIA TEM UM COMPROMISSO SOCIAL, TAL
COMPROMISSO SE EFETIVA QUANDO ELA SE APROXIMA DAS COMUNIDADES
E TEM A POSSIBILIDADE DE FAZER UMA ESCUTA DAS DEMANDAS
PSICOSSOCIAIS DA POPULAÇÃO EM CONDIÇÃO DE VULNERABILIDADE
SOCIAL.
A Psicologia Comunitária – sendo uma vertente da Psicologia Social –
trabalha com o foco na criação de atividades que fortaleça os vínculos entre os
comunitários e sua participação social, objetivando o crescimento individual
através de trabalhos coletivos, pois o ser humano como um sujeito
biopsicossocial se desenvolve a partir de sua relação e interação com o outro e
com elementos materiais e imateriais. Para se entender as múltiplas dimensões
dos processos psicossociais é preciso adotar um saber pluralista que abrirá
portas para se enxergar diferentes perspectivas para além do nosso usual ponto
de partida, o que possibilitará a compreensão de todas as formas de ser e estar
no mundo, incluindo os seres humanos nas suas interações imateriais.
Quando se insere no espaço da comunidade, o psicólogo se depara com
muitas necessidades, cabendo ao profissional – como alguém que deseja
alcançar sucesso em seu trabalho – escutar as queixas e demandas presentes
naquele espaço, olhar para além dos problemas e enxergar as potencialidades,
para juntamente com os comunitários elaborar projetos que promovam a
conscientização, o empoderamento e o crescimento daquela comunidade e dos
sujeitos nas suas individualidades. É importante que a elaboração desse
trabalho seja voltada para realidade do outro, modificando o cotiando e
propiciando que todos os indivíduos que estejam inseridos na comunidade
tenham no mínimo condição humana e qualidade de vida.
O profissional deve considerar sua ética e valores para saber qual a
melhor maneira de adentrar na comunidade, pois deve priorizar que haja uma
qualidade na relação entre ele e os comunitários. Para isso é necessário
reconhecer que em nossa constituição como sujeitos possuímos crenças e
valores que guiam nossa visão de mundo e que esse ponto de partida pode criar
conflitos que enfraquecem as relações estabelecidas entre os agentes externos
e internos, sendo preciso deixar de lado suas próprias convicções e respeitar as
crenças, valores e a maneira como eles escolhem viver, para que seja
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identificado o que é viver bem para eles, porque as mudanças a serem realizadas
não devem ser sobre a visão de mundo do profissional, mas sim sobre as
pessoas que estão ali e suas necessidades. O AE precisa lembrar que as
pessoas têm conhecimento de si, considerar a voz dos comunitários e se deixar
ser guiados por eles. O respeito mútuo é uma qualidade que fortalece o vínculo
entre AE e AI e possibilita o sucesso da atuação comunitária.
Nas últimas décadas, os psicólogos comunitários e os AI têm trabalhado
também sob uma motivação ideológico-política, buscando informar, mobilizar e
organizar a população para que descubram suas vozes e tenham maior
participação política (ex.: associação de moradores) de forma que reivindiquem
seus direitos. O trabalho em prol da produção de conhecimento se estende a
levar para essas comunidades o universo acadêmico e o ensino de ciências que
costumam ser comuns a classes mais favorecias, como oficinas de música e
robótica. Além disso, empenham-se para instrumentalizar os comunitários de
maneira que sejam capazes de identificar as demandas da comunidade e – de
maneira coletiva – trabalhar visando soluções que beneficiarão a todos.
A atuação do psicólogo deve se basear não apenas no saber acadêmico,
mas também no conhecimento dos comunitários para o levantamento das
demandas e as delimitações dos objetivos de atuação. O uso do modelo de
interatuarão psicossocial possibilita que tenhamos uma noção de como agirmos
com os comunitários em diferentes contextos de atuação, permitindo que as
ações do psicólogo sejam guiadas pelo compromisso ético de ajudar aquela
população a evoluir no individual e coletivo, pois sua missão é pautada na luta
pelo respeito as diferenças, equidade, conservação da natureza e melhoramento
da qualidade de vida dos indivíduos.
Como podemos observar a psicologia comunitária evoluiu muito nos
últimos tempos. Se antes uma psicologia que usava do seu saber psicossocial
em poucos espaços, hoje nos deparamos com uma psicologia comunitária bem
ampla, que consegue se enquadrar em diferentes ambientes, e que
principalmente consegue proporcionar para os comunitários inúmeras mudanças
em seu cotidiano. É uma área que se desenvolve cada vez mais, que aprimora
seu conhecimento e sua prática para escultar os problemas da comunidade, e
junto com eles gerar soluções.
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REFERÊNCIA:
CALEGARE, Marcelo; MEZZALIRA, Adinete (Org). Processos psicossociais
vol.2: prática e reflexões sobre educação, saúde, ruralidades e política.
Alexa Cultural: São Paulo / Edua: Manaus, 2021. Processos e Interatuação
Psicossocial, pp. 27-48.