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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SANTANA
DISCIPLINA: ÉTICA
CURSO: LICENCIATURA EM FILOSOFIA
PROFESSORA: RAULIETTE DIANA LIMA E SILVA
DATA: __/___/_____
ÉTICA
NATUREZA DA ÉTICA: SABER PRÁTICO E FILOSÓFICO
Para compreender melhor que tipo de saber constitui a Ética, temos de lembrar a distinção
aristotélica entre os saberes teóricos, poiéticos e práticos.
Os saberes teóricos (do grego theorein: ver, contemplar) ocupam-se de conhecer o que é e o
que ocorre de fato no mundo. São saberes descritivos, que mostram o que existe, sem depender
da vontade humana – como ocorre nas ciências da natureza (Física, Química, Biologia etc.). Já os
saberes poiéticos (de poiein: fazer, produzir) orientam a criação de obras e artefatos, como na arte
e na tecnologia. São normativos, mas voltados a fins concretos e objetivos. Os saberes práticos (de
praxis: ação) nos indicam como devemos agir para viver bem e de modo justo. Envolvem normas
de conduta com vistas à vida em seu conjunto, como na Ética, na Política e na Economia.
A Ética, portanto, faz parte da Filosofia prática. Na visão de Aristóteles, era o saber que
buscava orientar as decisões morais visando à felicidade (Eudaimonia) e à vida boa. Com o
tempo, o foco deslocou-se também para a justiça e os direitos, especialmente em sociedades plurais
e democráticas.
A Ética e os campos da Filosofia prática contemporânea
A Filosofia prática contemporânea inclui não apenas a Ética, mas também a Filosofia Política
(que discute a legitimidade do poder e modelos de organização social), a Filosofia do Direito (que
trata da validade e sistematização das normas jurídicas) e, cada vez mais, a Filosofia da Religião
(cuja abordagem moderna destaca aspectos morais ligados à fé, à justiça e ao sofrimento
humano).
CLASSIFICAÇÃO ARISTOTÉLICA DOS SABERES
Poiéticos ou produtivos Práticos (normativos para a
Teóricos (descritivos) (normativos para um fim vida em seu conjunto):
concreto objetivado): Filosofia prática, ou seja
• A técnica • Ética
• Ciências da natureza • As belas-artes • Economia
• Política
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ÂMBITOS DA FILOSOFIA PRÁTICA EM NOSSOS DIAS
ÉTICA OU FILOSOFIA FILOSOFIA FILOSOFIA DO FILOSOFIA DA
MORAL (Inclui POLÍTICA DIREITO RELIGIÃO (Em
elementos de perspectiva ética)
Economia normativa
ÉTICA E CONVIVÊNCIA: O SER HUMANO COMO AGENTE MORAL
Se verificarmos como a humanidade evoluiu, vamos ver que ela foi criando uma série de
inovações que beneficiaram o ser humano, mas aspecto interessante é que esta interdependência
aumentou, quer dizer, as pessoas hoje, mais do que nunca, dependem umas das outras. O ser
humano não apenas vive, ele convive. Aristóteles, que escreveu que “o homem é um animal
político”’. O político, no sentido grego, significa que é a pessoa da polis, que é o núcleo de
convivência. O que Aristóteles estava dizendo é que o homem é o animal que só existe na
convivência, não existe sozinho. O animal humano nasce e durante muito tempo não consegue
sobreviver se outros não o ajudarem.
Não é só por necessidades materiais que as pessoas convivem. O ser humano necessita do
outro. Há, então, necessidades materiais, afetivas, intelectuais – acrescento espirituais também. O
ser humano tem necessidades espirituais: até mesmo naqueles casos em que o sujeito diz ‘”graças
a Deus não acredito em Deus”, na verdade ele tem alguma necessidade espiritual, tem alguma
crença numa espécie de sobrenatural, que ele não define, mas sente que isto deve existir.
O ser humano sabe que precisa do outro, que precisa conviver, e ele procura se ajustar à
convivência, mas ao mesmo tempo, diz Kant, existe um egoísmo essencial no ser humano. Se eu
chegar ao momento em que a questão se coloca assim: “ou perde o outro ou o perco eu”, é muito
raro que eu concorde que a perda seja minha. Quer dizer, normalmente as pessoas argumentam
para si próprias, acham uma forma de dizer que a solução mais justa é aquela que nos convém.
No livro de Aristóteles A Política. Ele disse que o ser humano tem como elemento
diferenciador a consciência do bem e do mal, do justo e do injusto. É tremenda essa afirmação de
Aristóteles, é angustiante ter essa consciência, de que somos capazes de definir o justo do injusto.
Além disso, há uma característica, que foi em parte acentuada por Aristóteles, de que há a
existência do livre arbítrio. O ser humano tem escolhas. Kant diz isto, existe esse sentimento
associativo; ele usa uma expressão interessante, ele fala na insociável sociabilidade do ser
humano’.
Uma frase, que é tida como verdade absoluta: ”os direitos de cada um terminam onde
começa o direito do outro”, é essencialmente errado. Eu não ando na rua com o meu direito, este
é o meu, quando chegar ao dele acaba, aí é o dele. Não existe isso, os direitos se entrelaçam,
convivem necessariamente. Seja qual for o direito que eu pensar, que eu vou imaginar, eu só uso
este direito na convivência.
A ética individual não é desligada da ética social exatamente porque ninguém vive
sozinho, todos vivem necessariamente num grupo humano, todos vivem necessariamente em
associação. O ser humana é o primeiro dos valores, é o primeiro valor ético.
A ação humana, embora restrita à responsabilidade pessoal, tem como objetivo o interesse
público. A vivência, semelhante à do eremita no deserto, é uma exceção.
O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e
responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros? ”. Trata-se de uma pergunta
fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da
Ética.
A ética tem sido o principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural da humanidade.
Sem ética, ou seja, sem a referência a princípios humanitários fundamentais comuns a todos os
povos, nações, religiões etc., a humanidade já teria se despedaçado até a autodestruição. Também
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é verdade que a ética não garante o progresso moral da humanidade. O fato de que os seres
humanos são capazes de concordar minimamente entre si sobre princípios como justiça, igualdade
de direitos, dignidade da pessoa humana, cidadania plena, solidariedade etc., cria chances para
que esses princípios possam vir a ser postos em prática, mas não garante o seu cumprimento.
SENTIDO ETIMOLÓGICO DA PALAVRA ÉTICA
"ÉTICA" é palavra de origem nobre, da antiga cultura grega. Duas palavras gregas são
utilizadas para explicar o sentido etimológico da palavra “ética”. O termo Ɛθоσ (ethos, com
épsilon) significa “costume” e refere-se aos “usos e costumes” que são patrimônio do grupo. O
segundo termo grego do qual se faz derivar também a ética é ηθоσ (êthos, com eta), que significa
“residência”, “moradia ou domicílio habitual acostumado”, “caráter ou maneira de ser”. Se
pronuncia com o "th" semelhante ao inglês e significa "a clareza da alma". O verbo grego "etheo"
significa "filtrar".
Assim, uma pessoa possuidora de ética, filtra melhor os estímulos e valores do mundo.
Quando eu filtro, eu elimino o que não é bom. Portanto, uma pessoa com ética tem valores morais
(COSTUMES) bem filtrados.
DEFINIÇÃO DA ÉTICA
Assim como os problemas teóricos morais não se identificam com os problemas práticos,
embora estejam estritamente relacionados, também não se podem confundira ética e a moral. A
ética não cria a moral. Conquanto seja certo que toda moral supõe determinados princípios,
normas ou regras de comportamento, não é a ética que os estabelece numa determinada
comunidade. A ética depara com uma experiência histórico-social no terreno da moral, ou seja,
com uma série de práticas morais já em vigor e, partindo delas, procura determinar a essência da
moral, sua origem, as condições objetivas e subjetivas do ato moral, as fontes da avaliação moral,
a natureza e a função dos juízos morais, os critérios de justificação destes juízos e os princípios
que rege a mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais.
A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é
ciência de uma forma específica de comportamento humano.
A ética é a ciência da moral, isto é, de uma esfera do comportamento humano. Não se deve
confundir aqui a teoria com o seu objeto: o mundo moral. As proposições da ética devem ter o
mesmo rigor, a mesma coerência e fundamentação das proposições científicas. Ao contrário, os
princípios, as normas ou os juízos de uma moral determinada não apresentam esse caráter. E não
somente não tem um caráter científico, mas a experiência histórica moral demonstra como muitas
vezes são incompatíveis com os conhecimentos fornecidos pelas ciências naturais e sociais. Daí
podemos afirmar que, se pode falar numa ética científica, não se pode dizer o mesmo da moral.
Não existe uma moral científica, mas existe ou pode existir — um conhecimento da moral que pode
ser científico. Aqui, como nas outras ciências, o cientifico baseia-se no método, na abordagem do
objeto, e não no próprio objeto. Da mesma maneira, pode-se dizer que o mundo físico não é
científico, embora o seja a sua abordagem ou estudo por parte da ciência física. Se, porém, não
existe uma moral científica em si, pode existir uma moral compatível com os conhecimentos
científicos sobre o homem, a sociedade e, em particular, sobre o comportamento humano moral.
É este o ponto em que a ética pode servir para fundamentar uma moral, sem ser em si mesma
normativa ou preceptiva. A moral não é ciência, mas objeto da ciência; e, neste sentido, é por ela
estudada e investigada. A ética não é a moral e, portanto, não pode ser reduzida a um conjunto de
normas e prescrições; sua missão é explicar a moral efetiva e, neste sentido, pode influir na própria
moral.
A nossa definição sublinha, em primeiro lugar, o caráter científico desta disciplina; isto é,
corresponde à necessidade de uma abordagem científica dos problemas morais. De acordo com
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esta abordagem, a ética se ocupa de um objeto próprio: o setor da realidade humana que
chamamos moral, constituído como já dissemos — por um tipo peculiar de fatos ou atos humanos.
Como ciência, a ética parte de certo tipo de fatos visando descobrir lhes os princípios gerais. Neste
sentido, embora parta de dados empíricos, isto é, da existência de um comportamento moral
efetivo, não pode permanecer no nível de uma simples descrição ou registro dos mesmos, mas os
transcende com seus conceitos, hipóteses e teorias. Enquanto conhecimento científico, a ética
deve aspirar à racionalidade e objetividade mais completas e, ao mesmo tempo, deve proporcionar
conhecimentos sistemáticos, metódicos e, no limite do possível, comprováveis.
Certamente, esta abordagem científica dos problemas morais ainda está muito longe de ser
satisfatória, e das dificuldades para alcançá-la ainda continuam se beneficiando as éticas es-
peculativas tradicionais e as atuais de inspiração positivista.
DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
Frequentemente utiliza-se a palavra “ética” como sinônimo do que anteriormente
chamamos de “a moral”, ou seja, esse conjunto de princípios, normas, preceitos e valores que
regem a vida dos povos e dos indivíduos. A palavra “ética” procede do grego ethos, que significava
originariamente “morada”, “lugar em que vivemos”, mas posteriormente passou a significar “o
caráter”, o “modo de ser” que uma pessoa ou um grupo vai adquirindo ao longo da vida. Por sua
vez, o termo “moral” procede do latim mos, moris, que originariamente significava “costume”,
mas em seguida passou a significar também “caráter” ou “modo de ser”. Desse modo, “ética” e
“moral” confluem etimologicamente em um significado quase idêntico: tudo aquilo que se refere
ao modo de ser ou caráter adquirido como resultado de pôr em prática alguns costumes ou
hábitos considerados bons. Não há problema em considerá-los de maneira equivalente, apesar de
existir uma diferença entre eles.
Dadas essas coincidências etimológicas, não é de estranhar que os termos “moral” e “ética”
apareçam como intercambiáveis em muitos contextos cotidianos: fala-se, por exemplo, de uma
“atitude ética” para designar uma atitude “moralmente correta” segundo determinado código
moral; ou diz-se que um comportamento “foi pouco ético” para significar que não se ajustou aos
padrões habituais da moral vigente. Esse uso dos termos “ética” e “moral” como sinônimos está
tão difundido que não vale a pena tentar impugná-lo. Mas convém ter consciência de que esse uso
denota, na maioria dos contextos, o que aqui denominamos “a moral”, ou seja, a referência a
algum código moral concreto.
Não obstante isso, podemos nos propor a reservar — no contexto acadêmico em que nos
movemos aqui — o termo “Ética”1 para nos referir à Filosofia moral, e manter o termo “moral”
para denotar os diferentes códigos morais concretos. Essa distinção é útil, pois se trata de dois
níveis de reflexão diferentes, dois níveis de pensamento e linguagem acerca da ação moral, e por
isso se torna necessário utilizar dois termos diferentes se não queremos cair em confusões. Assim,
chamamos de “moral” esse conjunto de princípios, normas e valores que cada geração transmite à
geração seguinte na confiança de que se trata de um bom legado de orientações sobre o modo de
se comportar para viver uma vida boa e justa. E chamamos de “Ética” essa disciplina filosófica que
constitui uma reflexão de segunda ordem sobre os problemas morais. A pergunta básica da moral
seria então: “O que devemos fazer? ”, ao passo que a questão central da Ética seria antes: “Por
que devemos? ”, ou seja, “Que argumentos corroboram e sustentam o código moral que estamos
aceitando como guia de conduta? ”.
Mesmo reconhecendo as dificuldades para separar de modo consensual e técnico o que é
ético do que é moral, num terreno em que não há acordo fácil, no entanto, alguns autores fazem a
1 Adotamos aqui a convenção de escrever o termo “Ética” com inicial maiúscula quando nos referimos à disciplina filosófica em
geral, e com minúscula quando falamos de alguma teoria ética em particular (ética kantiana etc.).
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seguinte distinção: a moral se refere às normas ou regras que regem (ou deveriam reger) certos
aspectos da conduta humana normas na convivência social; a ética se aplica à disciplina filosófica
que trata de estabelecer os fundamentos e a validade das normas morais e dos juízos de valor ou
de apreciação sobre as ações humanas qualificadas de boas ou más é a reflexão teórica, sobre a
moral.
Deve-se chamar a atenção para o fato de a palavra “moral” ter, para muitos, adquirido
sentido pejorativo, associado a “moralismo”. Assim, muitos preferem associar à palavra ética os
valores e regras que prezam, querendo assim marcar diferenças com os “moralistas”.
O CAMPO DA ÉTICA
A ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de
comportamento dos homens, o da moral, considerado, porém na sua totalidade, diversidade e
variedade. O que nela se afirme sobre a natureza ou fundamento das normas morais deve valer
para a moral da sociedade grega, ou para a moral que vigora de fato numa comunidade humana
moderna. Ê isso que assegura o seu caráter teórico e evita sua redução a uma disciplina normativa
ou pragmática. O valor da ética como teoria está naquilo que explica, e não no fato de prescrever
ou recomendar com vistas às ações em situações concretas.
Neste sentido, como qualquer teoria, a ética é explicação daquilo que foi ou é, e não uma
simples descrição. Não lhe cabe formular juízos de valor sobre a prática moral de outras
sociedades, ou de outras épocas, em nome de uma moral absoluta e universal, mas deve antes,
explicar a razão de ser desta pluralidade e das mudanças de moral; isto é, deve esclarecer o fato de
os homens terem recorrido a práticas morais diferentes e até opostas.
A ética parte do fato da existência da história da moral, isto é, toma como ponto de partida à
diversidade de morais no tempo, com seus respectivos valores, princípios e normas. Como teoria,
não se identifica com os princípios e normas de nenhuma moral em particular e tampouco pode
adotar uma atitude indiferente ou eclética diante delas. Juntamente com a explicação de suas
diferenças, deve investigar o princípio que permita compreendê-las no seu movimento e no seu
desenvolvimento.
Como as demais ciências, a ética se defronta com fatos. Que estes sejam humanos implica,
por sua vez, em que sejam fatos de valor. Mas isto não prejudica em nada as exigências de um
estudo objetivo e racional.
FUNÇÕES DA ÉTICA
Em nosso modo de ver, corresponde à Ética uma tripla função: 1) esclarecer o que é a moral,
quais são seus traços específicos; 2) fundamentar a moralidade, ou seja, procurar averiguar quais
são as razões que conferem sentido ao esforço dos seres humanos de viver moralmente; e 3)
aplicar aos diferentes âmbitos da vida social os resultados obtidos nas duas primeiras funções, de
maneira que se adote nesses âmbitos sociais uma moral crítica (ou seja, racionalmente
fundamentada), em vez de um código moral dogmaticamente imposto ou da ausência de
referências morais.
Por causa de seu caráter prático, enquanto disciplina teórica, tentou-se ver na ética uma
disciplina normativa, cuja função fundamental seria a de indicar o comportamento melhor do
ponto de vista moral. Mas esta característica da ética como disciplina normativa pode levar — e,
no passado, frequentemente levou a esquecer seu caráter propriamente teórico. Certamente,
muitas éticas tradicionais partem da ideia de que missão do teórico, neste campo, é dizer aos
homens o que devem fazer, ditando-lhes as normas ou princípios pelos quais pautar seu
comportamento. O ético transforma- se assim numa espécie de legislador do comportamento
moral dos indivíduos ou da comunidade.
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Mas a função fundamental da ética é a mesma de toda teoria: explicar, esclarecer ou
investigar uma determinada realidade, elaborando os conceitos correspondentes. Por outro lado,
a realidade moral varia, historicamente e, com ela, variam os seus princípios e as suas normas. A
pretensão de formular princípios e normas universais, deixando de lado a experiência moral
histórica, afastaria da teoria precisamente a realidade que deveria explicar. Também é certo que
muitas doutrinas éticas do passado são não uma investigação ou esclarecimento da moral como
comportamento efetivo, humano, mas uma justificação ideológica de determinada moral,
correspondente a determinadas necessidades sociais, e, para isto, elevam os seus princípios e as
suas normas à categoria de princípios e normas universais, válidos para qualquer moral. Mas o
campo da ética nem está à margem da moral efetiva, nem tampouco se limita a uma determinada
forma temporal e relativa da mesma.
A ética estuda uma forma de comportamento humano que os homens julgam valioso e,
além disto, obrigatório e inescapável. Mas nada disto altera minimamente a verdade de que a
ética deve fornecer a compreensão racional de um aspecto real, efetivo, do comportamento dos
homens.
Ao longo da história da Filosofia ofereceram-se diferentes modelos éticos que procuram
cumprir as três funções anteriores: são as teorias éticas. As éticas aristotélica, utilitarista, kantiana
e discursiva são bons exemplos desse tipo de teorias. São constructos filosóficos, geralmente
dotados de um alto grau de sistematização, que tentam dar conta do fenômeno da moralidade em
geral, e da preferibilidade de certos códigos morais na medida em que estes se ajustam aos
princípios de racionalidade que regem o modelo filosófico de que se trata. Em outra unidade
vamos expor algumas das teorias éticas mais relevantes.
PROBLEMAS MORAIS E PROBLEMAS ÉTICOS
Nas relações cotidianas dos indivíduos entre si, surgem continuamente problemas como
estes: Devo cumprir a promessa x que fiz ontem ao meu amigo Y, embora hoje perceba que o
cumprimento me causará certos prejuízos? Se alguém se aproxima, à noite, de maneira suspeita e
receio que me possa agredir, devo atirar nele, aproveitando que ninguém pode ver, a fim de não
correr o risco de ser agredido? Com respeito aos crimes cometidos pelos nazistas durante a
Segunda Guerra Mundial, os soldados que os executaram, cumprindo ordens militares, podem ser
moralmente condenados? Devo dizer sempre a verdade ou há ocasiões em que devo mentir?
Quem, numa guerra de invasão, sabe que o seu amigo Z está colaborando com o inimigo, deve
calar, por causa da amizade, ou deve denunciá-lo como traidor? Podemos considerar bom o
homem que se mostra caridoso com o mendigo que bate à sua porta e, durante o dia — como
patrão — explora impiedosamente os operários e os empregados da sua empresa? Se um
indivíduo procura fazer o bem e as consequências de suas ações são prejudiciais àqueles que
pretendia favorecer, porque lhes causa mais prejuízo do que benefício, devemos julgar que age
corretamente de um ponto de vista moral, quaisquer que tenham sido os efeitos de sua ação?
Em todos estes casos, trata-se de problemas práticos, isto é, de problemas que se
apresentam nas relações efetivas, reais, entre indivíduos ou quando se julgam decisões e ações
dos mesmos. Trata-se, por sua vez, de problemas cuja solução não concerne somente à pessoa
que os propõe, mas também a outra ou outras pessoas que de ações que atingem vários
indivíduos grupos sociais (os soldados nazistas deviam executar as ordens de extermínio
emanadas de seus superiores?). Enfim, as consequências podem estender-se a uma comunidade
inteira, como a nação (devo guardar silêncio em nome da amizade, diante do procedimento de um
traidor?).
Em situações como estas que acabamos de enumerar, os indivíduos se defrontam com a
necessidade de pautar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais
dignas de ser cumpridas. Estas normas são aceitas intimamente e reconhecidas como
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obrigatórias: de acordo com elas, os indivíduos compreendem que têm o dever de agir desta ou
daquela maneira. Nestes casos, dizemos que o homem age moralmente e que neste seu
comportamento se evidenciam vários traços característicos que o diferenciam de outras formas de
conduta humana. Sobre este comportamento, que é o resultado de uma decisão refletida e, por
isto, não puramente espontânea ou natural, os outros julgam, de acordo também com normas
estabelecidas e formulam juízos como os seguintes: “X agiu bem mentindo naquelas
circunstâncias”; “Z devia denunciar o seu amigo traidor”, etc.
Desta maneira temos, pois, de um lado, atos e formas de comportamento dos homens em
face de determinados problemas, que chamamos morais, e, do outro lado, juízos que aprovam ou
desaprovam moralmente os mesmos atos. Mas, por sua vez, tantos atos quanto os juízos morais
pressupõem certas normas que apontam o que se deve fazer. Assim, por exemplo, o juízo: “Z
devia denunciar o seu amigo traidor”, pressupõe a normas “os interesses da pátria devem ser
postos acima dos da amizade”.
Por conseguinte, na vida real, defrontamo-nos com problemas práticos do tipo dos
enumerados, dos quais ninguém pode eximir-se. E, para resolvê-los, os indivíduos recorrem a
normas, cumprem determinados atos, formulam juízos e, as vezes se servem de determinados
argumentos ou razões para justificar a decisão adotada ou os passos dados.
Tudo isto faz parte de um tipo de comportamento efetivo, tanto dos indivíduos quanto dos
grupos sociais e tanto de ontem quanto de hoje. De fato, o comportamento humano prático-
moral, ainda que sujeito a variação de uma época para outra e de uma sociedade para outra,
remonta até as próprias origens do homem como ser social.
A este comportamento prático-moral, que já se encontra nas formas mais primitivas de
comunidade, sucede posteriormente — muitos milênios depois — a reflexão sobre ele. Os homens
não só agem moralmente (isto é, enfrentam determinados problemas nas suas relações mútuas,
tomam decisões e realizam certos atos para resolvê-los e, ao mesmo tempo, julgam ou avaliam de
uma ou de outra maneira estas decisões e estes atos), mas também refletem sobre esse
comportamento prático e o tomam como objeto da sua reflexão e de seu pensamento. Dá-se
assim a passagem do plano da prática moral para o da teoria moral; ou, em outras palavras, da
moral efetiva, vivida, para a moral reflexa. Quando se verifica esta passagem, que coincide com os
inícios do pensamento filosófico, já estamos propriamente na esfera dos problemas teórico-
morais ou éticos.
À diferença dos problemas prático-morais, os éticos, são caracterizados pela sua
generalidade. Se na vida real um indivíduo concreto enfrenta uma determinada situação, deverá
resolver por si mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intimamente, o
problema de como agir de maneira a que sua ação possa ser boa, isto é, moralmente valiosa. Será
inútil recorrer à ética com a esperança de encontrar nela uma norma de ação para cada situação
concreta. A ética poderá dizer-lhe, em geral, o que é um comportamento pautado por normas, ou
em que consiste o fim o bom — visado pelo comportamento moral, do qual faz parte o
procedimento do indivíduo concreto ou o de todos, o problema do que fazer em cada situação
concreta é um problema prático-moral e não teórico-ético. Ao contrário, definir o que é o bom não
é um problema moral cuja solução caiba ao indivíduo em cada caso particular, mas um problema
geral de caráter teórico, competência do investigador da moral, ou seja, do ético. Assim, por
exemplo, na Antiguidade grega, Aristóteles se propõe o problema teórico de definir o que é o
bom. Sua tarefa é investigar o conteúdo do bom, e não determinar o que cada indivíduo deve fazer
em cada caso concreto para que o seu ato possa ser considerado bom. Sem dúvida, esta
investigação teórica não deixa de ter consequências práticas, porque, ao se definir o que é o bom,
se está traçando um caminho geral, em cujo marco os homens podem orientar a sua conduta nas
diversas situações particulares.
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Neste sentido, a teoria pode influir no comportamento moral-prático. Mas, apesar disso, o
problema prático que o indivíduo deve resolver na sua vida cotidiana e o problema teórico cuja
solução compete ao investigador, a partir da análise do material que lhe é proporcionado pelo
comportamento efetivo dos homens, não podem ser identificados. Muitas teorias éticas
organizaram-se em torno da definição do bom, na suposição de que, se soubermos determinar o
que é, poderemos saber o que devemos fazer ou não fazer. As respostas sobre o que é o bom
variam, evidentemente, de uma teoria para outra: para uns, o bom é a felicidade ou o prazer; para
outros, o útil, o poder, a autocriação do ser humano, etc.
Mas, juntamente com este problema central, colocam-se também outros problemas éticos
fundamentais, tais como o de definir a essência ou os traços essenciais do comportamento moral,
à diferença de outras formas de comportamento humano, como a religião, a política, o direito, a
atividade científica, a arte, o trato social, etc. O problema da essência do ato moral envia outro
problema importantíssimo: o da responsabilidade. É possível falar em comportamento moral
somente quando o sujeito que assim se comporta é responsável pelos seus atos, mas isto, por sua
vez, envolve o pressuposto de que pôde fazer o que queria fazer, ou seja, de que pôde escolher
entre duas ou mais alternativas, e agir de acordo com a decisão tomada. O problema da liberdade
da vontade, por isso, é inseparável do da responsabilidade. Decidir e agir numa situação concreta
é um problema prático-moral; mas investigar o modo pelo qual a responsabilidade moral se
relaciona com a liberdade e com o determinismo ao qual nossos atos estão sujeitos é um
problema teórico, cujo estudo é da competência da ética. Problemas éticos são também o da
obrigatoriedade moral, isto é, o da natureza e fundamentos do comportamento moral enquanto
obrigatório, bem como o da realização moral, não só como empreendimento individual, mas
também como empreendimento coletivo.
Os homens, porém, em seu comportamento prático moral, não somente cumprem
determinados atos, como, ademais, julgam ou avaliam os mesmos; isto é, formulam juízos de
aprovação ou de reprovação deles e se sujeitam consciente e livremente a certas normas ou regras
de ação. Tudo isto toma a forma lógica de certos enunciados ou proposições. Neste ponto, abre-
se para a ética um vasto campo de investigação que, em nosso tempo, constituiu uma sua seção
especial sob o nome de metaética, cuja tarefa é o estudo da natureza, função e justificação dos
juízos morais.
Os problemas teóricos e os problemas práticos, no terreno moral, se diferenciam, portanto,
mas não estão separados por uma barreira intransponível. As soluções que se dão aos primeiros
não deixam de influir na colocação e na solução dos segundos, isto é, na própria prática moral; por
sua vez, os problemas propostos pela moral prática, vivida, assim como soluções, constituem a
matéria de reflexão, o fato ao qual a teoria ética deve retornar constantemente para que não seja
uma especulação estéril, mas sim a teoria de um modo real, de comportamento do homem.
Ética é indiretamente normativa
A Ética — como Filosofia moral — remonta à reflexão sobre as diferentes morais e as
diferentes maneiras de justificar racionalmente a vida moral, de modo que sua maneira de
orientar a ação é indireta: no máximo, pode indicar qual concepção moral é mais razoável para
que, a partir dela, possamos orientar nossos comportamentos.
Portanto, em princípio, a Filosofia moral ou Ética não tem motivos para ter uma incidência
imediata na vida cotidiana, pois seu objetivo último é esclarecer reflexivamente o campo da moral.
No entanto, esse esclarecimento certamente pode servir de modo indireto como orientação moral
para os que pretendam agir racionalmente no conjunto da sua vida.
[Por exemplo: vamos supor que alguém nos peça para elaborar um “juízo ético” sobre o
problema do desemprego, ou sobre a guerra, ou sobre o aborto, ou sobre qualquer outra questão
moral das que são objeto de discussão em nossa sociedade; para começar, teríamos de esclarecer
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que na verdade nos estão pedindo um juízo moral, ou seja, uma opinião suficientemente pensada
sobre a bondade ou a malícia das intenções, dos atos e das consequências implicados em cada um
desses problemas. Em seguida, deveríamos esclarecer que um juízo moral sempre se faz a partir de
alguma concepção moral determinada, e, uma vez que tivermos anunciado qual delas
consideramos válida, poderemos passar a formular, a partir dela, o juízo moral que nos pedem.
Para fazer um juízo moral correto sobre algum dos assuntos morais cotidianos não é preciso ser
especialista em Filosofia moral. Basta ter alguma habilidade de raciocínio, conhecer os princípios
básicos da doutrina moral que consideramos válida e estar informados sobre os pormenores do
assunto em questão. No entanto, o juízo ético propriamente dito seria o que nos levou a aceitar
como válida a concepção moral que nos serviu de referência para nosso juízo moral anterior. Esse
juízo ético estará corretamente formulado se for a conclusão de uma série de argumentos
filosóficos, solidamente construídos, que mostrem boas razões para preferir a doutrina moral
escolhida. Em geral, esse juízo ético está ao alcance dos especialistas em Filosofia moral, mas às
vezes também pode manifestar-se com algum grau de qualidade entre as pessoas que cultivam o
gosto pelo pensar, desde que tenham feito o esforço de pensar os problemas “até o fim”. ]
OS MÉTODOS PRÓPRIOS DA ÉTICA
A palavra “método” (do grego methodos, caminho, via), aplicada a qualquer saber, refere-se
primordialmente ao procedimento que se deve seguir para estabelecer as proposições que tal
saber considera verdadeiras, ou ao menos provisoriamente aceitáveis (na falta de outras
“melhores”). Diferentes métodos proporcionam “verdades” diferentes que às vezes podem até ser
contraditórias entre si, de modo que a questão do método seguido para chegar até elas adquirem
uma importância fundamental, caso se deseje esclarecer determinado âmbito do saber.
A questão do método não é uma questão que interessa apenas aos pesquisadores pro-
fissionais das diferentes disciplinas científicas e filosóficas, mas também se reflete na vida
cotidiana.
Em questões de Ética, assim como nas questões de Filosofia em geral, é vital que o filósofo
avalie as afirmações que propõe com uma clara exposição do método que está utilizando para
estabelecê-las, embora lamentavelmente muitos se guiem por palpites e não se atenham nem um
pouco ao rigor dos métodos razoáveis; essas pessoas costumam acusar de dogmáticos os que se
atêm a um método determinado, mas não podemos deixar de perguntar se não será muito mais
dogmático dizer algo que vem à cabeça sem se ater a método algum. Por que dogmatizar é
imunizar qualquer afirmação diante da crítica racional, e isso é precisamente o que faz quem
prescinde de todo método: como não reconhecem as regras do jogo dos métodos razoáveis, suas
afirmações são meros palavreados que aspiram a ser aceito de um modo acrítico, por simples
persuasão retórica. Em contrapartida, quem se atém a um método determinado em suas
pesquisas e expõe claramente os procedimentos utilizados para afirmar o que afirma não se
comporta dogmaticamente, mas faz exatamente o oposto: põe suas cartas na mesa, expondo-se à
crítica argumentada dos demais, e possibilitando desse modo a detecção de erros, inconsistências
e quaisquer outras que suas afirmações possam conter. Assim, é preciso adotar métodos rigorosos
se se deseja falar seriamente em qualquer âmbito do saber.
De fato, se o dogmatismo consiste em imunizar determinadas afirmações ou prescrições,
fazendo com que seu valor de verdade ou validade dependa ou da autoridade, ou da pretensa
evidência (arbitrária), ou de sua conexão com os sentimentos, ou ainda de seu caráter metafórico,
então é possível dogmatizar essas afirmações ou prescrições recorrendo a esses artifícios, com os
quais se pretende evitar todo esforço de argumentação e toda possível crítica. Mas o contrário do
dogma é o argumento, apesar das opiniões dos críticos da racionalidade ocidental, à qual acusam
de totalitarismo. Não há totalitarismo em exigir argumentação séria e crítica razoável. É totalitário,
no entanto, o dogmatismo da mera autoridade, o das pretensas evidências (não as evidências
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racionalmente necessárias), o das emoções e o das metáforas. Se se afirmar que não existe uma
forma de saber racional intersubjetivo, argumentável, produto de uma racionalidade comum a
todo ser humano, então se está afirmando que não é possível superar o dogmatismo. Mas, nesse
caso, essa mesma conclusão invalida — como dogmático — tudo o que afirmarem os que
defendem tal coisa. Por isso afirmamos que a Filosofia procura expressar conteúdos universais
mediante uma forma que se pretende universal, ou seja, pretende estabelecer
argumentativamente alguns princípios universais (de caráter muito geral, mas orientadores do
conhecimento e da ação) que possam aspirar a ser compreendidos e aceitos por todos. A
comunicabilidade constituí a raiz da razão e, portanto, também da Filosofia, como mostram
claramente as contribuições de Kant e da teoria da ação comunicativa2.
Pois bem, embora filosofar consista em argumentar, cabe perguntar qual é o melhor
argumento. Segundo Hegel, o melhor argumento seria o que pudesse da conta logicamente de um
maior número de dados. Em decorrência disso, no momento de investigar os métodos próprios da
Ética, teremos de reconhecer que existem tantos quantos são os métodos filosóficos. Em outras
palavras, que deveríamos contar, por exemplo, com o método empírico-racional (projetado por
Aristóteles e assumido pelos filósofos medievais), os métodos empirista e racionalista (nascidos na
Era Moderna), método transcendental (criado por Kant), o método absoluto (de clara procedência
hegeliana), o método dialético-materialista (criado por Marx), o peculiar método nietzschiano, o
método fenomenológico (criado por Husserl e aplicado à ética por Scheler e Hartmann), o método
da análise da linguagem (no qual caberia incluir o intuicionismo de Moore, o emotivismo de
Stevenson e Ayer, o prescritivismo de Hare, ou o neodescritivismo, representado — entre outros
— por Ph. Foot) e mais recentemente o método neocontratualista (representado de modo
eminente por J. Rawls).
A Ética não é nem pode ser "neutra"
A caracterização da Ética como Filosofia moral leva-nos a enfatizar que essa disciplina não se
identifica, em princípio, com nenhum código moral determinado. Pois bem, isso não significa que
permaneça “neutra” diante dos diferentes códigos morais que existiram ou possam existir. Tal
“neutralidade” ou “assepsia axiológica” não é possível, uma vez que os métodos e objetivos
próprios da Ética a comprometem com certos valores e a obrigam a denunciar alguns códigos
morais como “incorretos”, ou até mesmo como “desumanos”, enquanto outros podem ser
reafirmados por ela na medida em que os considere “razoáveis”, “recomendáveis” ou até mesmo
“excelentes”.
No entanto, não é certo que a investigação ética possa nos levar a recomendar um único
código moral como racionalmente preferível. Dada a complexidade do fenômeno moral e a
pluralidade de modelos de racionalidade e de métodos e enfoques filosóficos, o resultado tem que
ser necessariamente plural e aberto. Mas isso não significa que a Ética fracasse em seu objetivo de
orientar de modo mediato a ação das pessoas. Em primeiro lugar, porque diferentes teorias éticas
podem dar como resultado algumas orientações morais muito semelhantes (a coincidência em
certos valores básicos que, embora não estejam de todo incorporados à moral vigente, são
justificados como válidos). Em segundo lugar, porque é muito possível que os progressos da
própria investigação ética cheguem a evidenciar que a missão da Filosofia moral não é a
justificação racional de um único código moral propriamente dito, e sim um quadro geral de
princípios morais básicos dentro do qual diferentes códigos morais mais ou menos compatíveis
entre si possam legitimar-se como igualmente válidos e respeitáveis. O quadro moral geral
assinalaria as condições que todo código moral concreto teria que cumprir para ser racionalmente
aceitável, mas essas condições poderiam ser cumpridas por uma pluralidade de modelos de vida
2 Ver I. KANT, Crítica da razão pura, A 820, B 848.
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moral que rivalizariam entre si, mantendo-se desse modo um pluralismo moral mais ou menos
amplo.
Referências
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5º Ed.rev.atual. São Paulo: Moderna, 2013.
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BORGES, Maria de Lourdes, DALL’AGNOL, Darlei, VOLPATO, Delamar. ÉTICA (O QUE VOCÊ PRECISA
SABER SOBRE). Rio de Janeiro: DPA&A, 2002.
CHAUÍ, Marilena. CONVITE À FILOSOFIA. 13ª edição revista e ampliada. São Paulo, Ed. Ática, 2004.
CORTINA, Adela. O FAZER ÉTICO: GUIA PARA A EDUCAÇÃO MORAL. São Paulo, Moderna, 2008.
CORTINA, Adela y NAVARRO, Emilio Martinez. ÉTICA.5ª Edição. Edições Loyola. São Paulo-SP,
2013.
DIAS, José Manuel de Barros. ÉTICA E EDUCAÇÃO. Juruá: Curitiba, 2013.
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KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa: Edições 70, 2007.
_____________. Crítica da razão prática. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. ÉTICA. 22º Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.