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Ética

O relatório final da prática de ensino supervisionada de Sandra de Jesus Belo Pereira aborda a ecologia integral e a promoção do bem comum, propondo uma nova abordagem pedagógica para a Unidade Letiva 4: 'A Paz Universal' no contexto da Educação Moral e Religiosa Católica. O documento destaca a importância de uma reflexão multidisciplinar sobre a ecologia, conforme discutido na Encíclica Laudato Si' do Papa Francisco, e enfatiza a necessidade de educar os jovens sobre a sustentabilidade e a proteção do planeta. A proposta pedagógica visa integrar esses temas no currículo escolar, promovendo valores de paz, colaboração e respeito pelo meio ambiente.

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O relatório final da prática de ensino supervisionada de Sandra de Jesus Belo Pereira aborda a ecologia integral e a promoção do bem comum, propondo uma nova abordagem pedagógica para a Unidade Letiva 4: 'A Paz Universal' no contexto da Educação Moral e Religiosa Católica. O documento destaca a importância de uma reflexão multidisciplinar sobre a ecologia, conforme discutido na Encíclica Laudato Si' do Papa Francisco, e enfatiza a necessidade de educar os jovens sobre a sustentabilidade e a proteção do planeta. A proposta pedagógica visa integrar esses temas no currículo escolar, promovendo valores de paz, colaboração e respeito pelo meio ambiente.

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UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA

FACULDADE DE TEOLOGIA

MESTRADO EM CIÊNCIAS RELIGIOSAS


Especialização: Educação Moral e Religiosa Católica

SANDRA DE JESUS BELO PEREIRA

A Ecologia Integral como promoção do Bem


Comum

O Cuidado da Casa Comum - uma proposta pedagógica


à luz da UL4: Paz Universal

Relatório Final da Prática de Ensino Supervisionada


sob orientação de:
Mestre Juan Francisco Garcia Ambrosio
Professor Doutor António Manuel Alves Martins

Lisboa
2022

1
Um agradecimento à minha família que me apoiou e ajudou ao longo desta caminhada,
em especial ao meu pai que infelizmente não pode ver o resultado final.

Um agradecimento especial a todos os colegas com quem partilhei este percurso de


mestrado, em particular à Isabel Marques e Claúdia Feijão que estiveram sempre
presentes, tanto nos momentos bons, como nos menos bons. Assim como as todos os
docentes que enriqueceram o meu conhecimento, e neste momento final ao professor
Juan Ambrosio e ao professor António Martins pelo apoio, disponibilidade e sabedoria
na realização deste relatório final.

A todos um bem hajam e muito obrigado!

2
ÍNDICE

RESUMO ……………………………………………………….………………………5
ABSTRACT ……………………………………………………………………………6
SIGLÁRIO ……………………………………………………………………………..7
INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………..8
Capítulo 1 –Prática de Ensino Supervisionada……………………………..……….11
1. Contextualização da Prática de Ensino Supervisionada……………………11
1.1 Caraterização da Escola………………………………………………...….12
1.1.1 Localização…………………………………………………………12
1.1.2 Enquadramento Histórico…………………………………………..13
1.1.3 Equidade……………………………………………………………13
1.1.4 Casos excecionais…………………………………………………..14
1.2 Caraterização da Turma……………………………………………………16
2. Unidade Letiva 4: “A Paz Universal”………………………………………..18
2.1 Introdução à Unidade Letiva………………………………………………18
2.2 Lecionação da UL: Planificação nível IV e Relatórios……………………20
2.3 Processos de Avaliação da UL4…………………………………………...38
2.4 Reflexão acerca da Lecionação……………………………………………41
2.5 Interrogações decorrentes da prática letiva………………………………..42

Capítulo 2 – Cuidado da Casa Comum……………………………………………...44


1. Ecologia Integral………………………………………………………………..44
2. Bem Comum……………………………………………………………………48
3. Ecologia Integral como promoção do Bem Comum…………………………...54
4. Desafios à lecionação…………………………………………………………..57

Capítulo 3 – Uma proposta pedagógica no âmbito da UL 4 – “A Paz Universal”..65


1. O contributo da disciplina de EMRC para uma Ecologia Integral como promoção
do bem comum………………………………………………………………….65
2. Proposta Letiva – Planificação…………………………………………………70
3. Proposta do Jogo ……………………………………………………………….74
CONCLUSÃO ………………………………………………………………………...78
BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………………..81

3
ÍNDICE DE IMAGENS E DE QUADROS

Imagens
Imagem 1: “Uma escola para o Mundo – Projeto Educativo 2016 – 2019” …………..12
Imagem 2: Agrupamento de Escolas Monte da Lua - Escola D. Fernando II …………12

Quadros
Quadro 1: Planificação da 1ª aula da UL 4 …………………………………………….21
Quadro 2: Planificação da 2ª aula da UL 4 …………………………………………….24
Quadro 3: Planificação da 3ª aula da UL 4 …………………………………………….28
Quadro 4: Planificação da 4ª aula da UL 4 …………………………………………….31
Quadro 5: Planificação da 5ª aula da UL 4 …………………………………………….34
Quadro 6: Planificação da 6ª aula da UL 4 …………………………………………….36
Quadro 7: Proposta de Planificação ……………………………………………………73

4
RESUMO

Nós dia de hoje somos confrontados diariamente pela comunicação social com conflitos
e situações que se referem a questões relacionadas com a ecologia. O tema da ecologia
deve ser refletido de uma maneira multidisciplinar, abrangendo várias áreas do saber. O
Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si’, aborda estas temáticas, propondo a noção de
ecologia integral com a qual põe a ecologia ambiental e a ecologia humana em diálogo.
É no interior deste diálogo que se deve situar também a promoção do bem comum, o
melhor bem possível para todos e para cada um, para a qual é igualmente necessário o
compromisso com a construção da paz e de um mundo mais humano, mais fraterno e mais
sustentável.

O objetivo deste Relatório Final da Prática de Ensino Supervisionado é desenvolver uma


reflexão sobre a ecologia integral e a promoção do bem comum, fazendo também uma
nova proposta de lecionação para a Unidade Letiva 4: “A Paz Universal”, lecionada no
7º ano da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.

PALAVRAS-CHAVES: EMRC; Ecologia; Ecologia Ambiental; Ecologia Humana;


Ecologia Integral; Bem Comum; Paz; Paz social, Laudato Si’, Casa Comum, Cuidado,
Direitos Humanos.

5
ABSTRACT

Nowadays we are confronted daily by the media with conflicts and situations dealing with
ecology. This subject should be tackled in a multidisciplinary way, encompassing several
fields of knowledge. Pope Francis, in the Encyclical Laudato Si', approaches these
subjects by proposing a notion of an integral ecology in which he relates environmental
ecology with human ecology. It is in this dialogue that pushing for the general well-being
should take place, the best for each and every one, for which it is equally demanded a
commitment to peace-building and the making of a more humane world,of more brotherly
and more sustainable.

The purpose of this Final Report on the Practice of Supervised Teaching is to develop a
reflection on the integral ecology and the promotion of the general well-being, and also
making a new proposal of teaching for Course Unit 4: "Universal Peace", taught on 7th
grade's Catholic Moral and Religious Education.

KEYWORDS: EMRC; Ecology; Environmental Ecology; Human Ecology; Integral


Ecology; Very Common; Peace; Social Peace; Laudato Si’; Common House; Care;
Human Rights.

6
SIGLÁRIO

AEML – Agrupamento de Escolas do Monte da Lua


EMRC – Educação Moral e Religiosa Católica
EG - Exortação Apostólica Evangelii Gaudium
Gn – Livro dos Génesis
GS – Constituição Pastoral Gaudium et Spes
LS – Carta Encíclica Laudato Si’
PAA – Plano Anual de Atividades
PAE – Plano da Ação Estratégica
PEE – Projeto Educativo da Escola
PES – Prática de Ensino Supervisionada
UL – Unidade Letiva

7
INTRODUÇÃO

Temas como a paz, o bem comum, a ecologia ou a proteção do nosso planeta, isto é, temas
relacionados com o cuidado da Casa Comum, são sempre atuais e do interesse da maioria
da sociedade, assim como da própria Igreja. Estas são preocupações quotidianas do ser
humano, pois já estão a afetar a qualidade de vida e a continuidade de algumas espécies.
As alterações climáticas já são visíveis e os fenómenos extremos cada vez mais
frequentes, tais como, secas, incêndios, o desgelo, tempestades e outras catástrofes
naturais. As consequências destas alterações têm uma abrangência ambiental, social e
económica, que afeta famílias, comunidades, empresas e estados. Por exemplo, danos no
património e em infraestruturas, perdas de vidas humanas, perda de biodiversidade e
colapso dos ecossistemas, desastres ambientais provocados pelo ser humano, entre outros.

Por isso, necessitam da nossa atenção e é importante trazê-los para a discussão nas nossas
escolas, e em particular nas nossas aulas. Como sabemos as escolas formam e educam
jovens, com saberes multidisciplinares. Eles são o futuro da sociedade. A casa onde todos
habitamos será a sua herança das gerações anteriores. Julgo que é importante ensinar os
nossos jovens sobre a importância da sustentabilidade, nomeadamente a forma como
rentabilizamos e protegemos os recursos naturais e que se traduzem cada vez mais num
consumo excessivo, com referência concreta aos bens indispensáveis à vida na nossa casa
comum, tais como a água, a terra, as florestas, os animais, a qualidade do ar, e muitos
outros bens que temos ao nosso dispor e muitas vezes não tratamos e protegemos como é
necessário. Esta orientação de realidades pode e deve ser reforçada na aprendizagem a
fim de conduzir a uma forma de atuação mais correta e eficaz no presente e com reflexos
no futuro, por nós e pelas gerações vindouras. Devem estar conscientes do que recebem
e do cuidado a ter com a casa comum. Estes conteúdos estão contemplados no programa
da disciplina de EMRC, e é importante alertar os jovens e as crianças para as
consequências caso se cruzem os braços. Devemos promover uma reflexão de forma a
resguardar alguns valores como, a colaboração, a ajuda ao próximo, o respeito e a
empatia. Sabemos que não basta economizar água ou reciclar o nosso lixo, embora seja
muito importante, é preciso ajudar as nossas gerações a uma conversão ecológica.

É importante criar um mundo mais solidário, mais fraterno, pacífico e sustentável, onde
é necessário o empenho de todos, sem exceção. Diariamente através da comunicação
social assiste-se a conflitos entre povos de diversas nações, a uma crise ecológica e a uma
8
crise humanitária. Neste sentido o Papa Francisco refere na Encíclica Laudato Si’ que é
necessária uma “Conversão ecológica global” e refere o termo Ecologia Integral, de forma
a salientar que tudo está interligado na vida e nas crises que vivemos, na dimensão
humana, social, cultural, económica e ambiental.

A Ecologia Integral assume que a dignidade de cada pessoa apenas se expressa numa
lógica de relação com as outras pessoas e com o mundo. Relação essa que não é de
domínio, imposição ou competição, mas que assenta antes numa ética do cuidado e na
cooperação e reciprocidade. Cuidado assumido por todas as pessoas, de todas as gerações,
independentemente do género, classe, etnia. Esta visão desafia-nos a, de forma
colaborativa e abrangente, convertermos as relações que estabelecemos com o nosso
Planeta e com o resto da Humanidade.1

Este desafio de proteger a nossa casa comum é lançado a todos independentemente da


raça, da religião ou da nacionalidade, porque o bem comum só se alcança se houver paz
entre os povos, que conduza a uma casa sustentável e agradável para todos.

Os bens, quer materiais ou imateriais, devem ser partilhados por toda a Humanidade, tal
como o bem-estar, a paz, o respeito de todos, a liberdade, a distribuição equitativa dos
bens materiais, entre outros. Todos nos devemos empenhar na promoção do bem comum,
assim como as Instituições, inclusive as famílias e o próprio Estado.

Mas para alcançar o bem comum é necessário haver paz, pois ambos estão interligados.
Atualmente, é bem visível que esta meta está longe de ser alcançada, muitos são os
conflitos, as guerras e falta de respeito entre as nações. Como referiu o Papa Francisco a
paz é um caminho de esperança, de diálogo, de reconciliação e conversão ecológica2.

O presente Relatório Final da Prática de Ensino Supervisionada, segue no contexto do


Mestrado em Ciências Religiosas, via ensino da disciplina de EMRC. As temáticas
referidas anteriormente estão contempladas nos conteúdos do 7º ano de escolaridade desta
disciplina, dado que os temas deverão ser abordados por todas as áreas do saber, e cada
um na sua especificidade. Neste sentido a dimensão religiosa também deverá dar o seu

1
FGS – Fundação Gonçalo da Silveira, O que é a ecologia integral?, acedido a 3 de agosto de 2022,
https://fgs.org.pt/pt/ecologia-integral/.
2
Cf. Papa Francisco, Mensagem do 53º Dia Mundial da Paz, “A paz como caminho de esperança, diálogo,
reconciliação e conversão ecológica”, acedido a 15 de agosto de 2021,
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/peace/documents/papa-
francesco_20191208_messaggio-53giornatamondiale-pace2020.html .

9
contributo, e em particular a disciplina de EMRC, pois todas as dimensões do saber são
responsáveis na formação integral dos nossos alunos.

Este Relatório está inserido num contexto profissional e apresenta-se dividido em três
capítulos.

No primeiro capítulo farei uma abordagem dedicada à prática letiva do Ensino


Supervisionado. Inicialmente farei um enquadramento do Agrupamento, da Escola e da
turma onde decorreu o estágio profissional. Analisarei de forma critica a UL4: “A Paz
Universal”, nomeadamente a articulação de conteúdos com as outras unidades letivas, no
que se refere a temas como o bem comum, a ecologia, a paz social e o proteger a “nossa”
casa. Salientarei também o papel e o contributo das religiões nestas questões. Nesta parte
também estarão contidos os materiais da lecionação da Prática de Ensino Supervisionada,
no que se menciona à Unidade de Referência, assim como uma avaliação da prática do
Ensino Supervisionado.

No segundo capítulo farei uma abordagem mais teológica, tendo por base a Encíclica
Laudato Si’, explorando não só o tema da ecologia, mas também da ecologia integral.
Assim como o tema do bem comum, tendo como base alguns documentos da Igreja,
salientando a Doutrina Social da Igreja. Mencionarei como promover o bem comum, o
bem para todos, através da ecologia. E no que se refere aos cuidados e proteção ambiental,
aos cuidados com os outros, à construção da paz, fomentando o respeito entre todos e o
cumprimento dos direitos humanos. Estes são os desafios que como educadores devemos
abraçar.

No último capítulo, irei realizar uma proposta pedagógica a aplicar no último dia de aula
do ano letivo, articulando estes conteúdos, de acordo com o programa da disciplina
previsto para o 7º ano de escolaridade. Esta proposta não foi aplicada na turma referida
na prática de Ensino Supervisionado.

De salientar ainda que não estamos perante um estudo completo e exaustivo, mas sim de
um exercício de exploração que será continuado e aprofundado ao longo dos anos letivos.

10
CAPÍTULO 1 - PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONADA

O capítulo um resulta da análise crítica da prática de ensino supervisionada no decorrer


do ano letivo 2018/2019, no Agrupamento de Escolas Monte da Lua, em Sintra, da
disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, na turma A do 7º ano de escolaridade.

O núcleo da Prática de Ensino Supervisionada, do Agrupamento de Escolas Monte da


Lua, era constituído por quatro professores estagiários. Os docentes Susana Nobre e Luís
Salgueiro, responsáveis por uma turma do 8º ano, e Maria Marques e Sandra Pereira, por
uma turma do 7º ano. Desta forma, fiz par pedagógico com a professora Maria Marques
ao longo desse ano letivo, na preparação e lecionação das aulas da turma de 7º ano, assim
como de outras atividades de enriquecimento curricular que foram programadas. Fomos
acompanhados e orientados pela professora Margarida Portugal, docente efetiva do grupo
disciplinar 290 do referido Agrupamento.

Os conteúdos programáticos do 7º ano foram distribuídos da seguinte forma: a professora


Maria Marques lecionou a Unidade Letiva (UL) 1 – “As origens” e a UL 3- “A riqueza e
sentido dos Afetos” e eu lecionei as UL 2 – “As Religiões” e a UL 4 – “A Paz Universal”.
Como unidade letiva de referência escolhi a UL 4, para a realização deste trabalho.

Apesar de ter sido um ano difícil e exigente, saliento a importância para a minha formação
pessoal e profissional, acrescentando mais conhecimento teórico à experiência
profissional que já tinha. No entanto, também foi enriquecedora a experiência prática
junto de um grupo escolar diferente do qual eu estou habituada a trabalhar, e perceber os
objetivos, interesses dos alunos das áreas urbanas versus os alunos de áreas rurais.

1 . Contextualização da Prática de Ensino Supervisionada

No que se refere a este ponto, a caraterização da escola é resultado de um trabalho


realizado pela equipa do núcleo de estágio do Agrupamento de Escolas Monte da Lua. A
caraterização da turma é resultado do trabalho efetuado por mim e pela colega com quem
fiz par pedagógico, referente ao ano letivo 2018/2019.

11
1.1– Caraterização da Escola

O Agrupamento de Escolas Monte da Lua é constituído por onze escolas, que incluem
todos os ciclos de ensino: pré-escolar, ensinos básico e secundário. A sede localiza-se na
escola Secundária de S. Maria, sita na Portela de Sintra.

O seu projeto educativo para o triénio letivo


2016/2019, cujo tema é “Uma escola para o
mundo”, foi construído como “instrumento de
gestão estratégica que define a política da ação
educativa, garante e sustenta a sua
operacionalização e uma identidade coletiva”3,
sendo que a identidade das pessoas é um
construto dinâmico, na medida em que a
realidade é, sobretudo, a perceção que dela
temos.
Imagem 1: “Uma Escola para o Mundo
– Projeto Educativo 2016 / 2019

1.1.1 - Localização

O termo Monte da Lua foi

criado por Ptolomeu para designar a Serra de Sintra, considerado já então como monte
sacro (mons sacer). Ainda segundo Varrão e Columela, outros dois autores romanos, a
serra seria local de culto associado à lua e aos fenómenos lunares. Embora com o tempo
esses cultos tivessem desaparecido sem deixar vestígios evidentes, a designação Monte
da Lua manteve-se no imaginário sintrense4.

O Agrupamento de Escolas Monte da Lua


(AEML) foi oficializado em julho de 2012,
sob proposta de reordenamento da rede
educativa de Sintra, serve as freguesias de
Santa Maria, São Miguel, São Martinho, São
Imagem 2: Agrupamento de Escolas
Monte da Lua – Escola D. Fernando II Pedro de Penaferim e Colares. Desta forma,

3
Cf. Agrupamento de Escolas Monte da Lua, “Uma Escola para o Mundo - Projeto Educativo 2016/2019”,
acedido a 5 de janeiro de 2019, https://www.agml.pt/index.php/agml.
4
Cf. Agrupamento de Escolas Monte da Lua, Projeto Educativo 2016/2019.
12
abrange uma área de 95 𝐾𝑚2 , equivalente a 30,2% do concelho de Sintra. Neste espaço,
vivem 37 219 habitantes5, de acordo com os Censos de 2011, isto é, perto de 9% da
população residente no concelho. Todavia, e tendo em mente que «todas as crianças
devem frequentar a escola [e que] as escolas pertencem a todas as crianças, e todas devem
ver o seu potencial de aprendizagem maximizado»6, também recebe alunos de freguesias
vizinhas, entre as quais encontramos Algueirão – Mem Martins (a cerca de 4 Km), São
João das Lampas (a cerca de 10 km), Terrugem (a cerca de 9 km), Pero Pinheiro (a cerca
de 11 km), Montelavar (a cerca de 13 km) e Almargem do Bispo (a cerca de 13 km).

1.1.2 - Enquadramento histórico

A escola D. Fernando II começou a funcionar em 1968 (celebrando o 50º aniversário no


ano de 2018) num antigo edifício inaugurado em 1924, o então Casino de Sintra, atual
edifício do MUSA (Museu de Arte Moderna de Sintra) com turmas de 5º e de 6º anos,
mudando-se em 1983 para as atuais instalações. Em 1988 começou a receber alunos do
7º ano, em 1991 alargou-se ao 8º ano de escolaridade e, em 1992, completou-se o 3º ciclo,
passando a haver também turmas do 9º ano.

Face ao aumento da população escolar, em 1991 foi construído um pavilhão com onze
salas (vulgo pavilhão novo) e, em 2007, foi montado um pavilhão provisório com duas
salas pré-fabricadas destinadas a acolher prioritariamente turmas do ensino secundário.

Atualmente, num amplo espaço verde arborizado onde se destaca um trilho ecológico, a
escola é constituída por dois edifícios de dois andares cada, um pavilhão gimnodesportivo
(construído em 2002), dois campos de jogos, balneários, uma sala/bar de alunos
(construída em 2005) e as referidas salas pré-fabricadas.

1.1.3 - Equidade

Richard Arends recorda que «[…] as escolas que dão um tratamento imparcial, justo e
equitativo, assim como condições iguais para todos os alunos, demonstram uma política
de equidade»7. Esta é tendencialmente a realidade na Escola Básica de 2º e 3º ciclo D.
Fernando II, testemunhada pela existência de uma Equipa de Manutenção dos

5
Cf. Agrupamento de Escolas Monte da Lua, Projeto Educativo 2016/2019.
6
Richard Arends, Aprender a Ensinar, 7ª edição (Lisboa: Mc Graw-Hill, 2008), 40.
7
Arends, 44.
13
Equipamentos e Sistemas Digitais e pela realização de atividades relacionadas com a
literacia 3D e com a Internet segura.

Os professores estão organizados em quatro departamentos, sendo eles o Departamento


de Matemática e Ciências Experimentais, o Departamento de Línguas, o Departamento
de Ciências Sociais e Humanas (no qual se encontra a disciplina de EMRC) e o
Departamento de Expressões.

Para além de conhecimentos gerais, promovidos em atividades como a Feira dos


Minerais, o Planetário Móvel e os diversos dias comemorativos, a inteligência lógica-
matemática é promovida por atividades como o Canguru Matemático sem Fronteiras, e
a inteligência linguística pelo Clube de Teatro em alemão e pela Biblioteca Escolar. Desta
forma a escola promove várias atividades para uma «gama de capacidades ensinadas e
valorizadas, de modo a incluir os diversos tipos de inteligência»8.

A Banda Escolar valoriza a inteligência musical, o Clube de Artes, a inteligência espacial


e o Programa de Desporto Escolar, a inteligência corporal- cinestésica. Para
desenvolvimento da inteligência interpessoal, os alunos têm acesso à Cidadania e
Desenvolvimento, ao Núcleo de Rádio e à Academia de Liderança, e da inteligência
naturalista, ao Clube do Ambiente e ao Programa Eco-escolas.

Todavia, no Projeto Educativo da Escola (PEE) e no Plano Anual de Atividades (PAA)


do AEML, são encontrados poucos vestígios concretos que incluam programas que
ensinem os alunos a conhecer e gerir a sua inteligência emocional e intrapessoal. Neste
sentido, a proposta curricular de EMRC é muito desafiante.

Na escola lecionam duas docentes da disciplina de EMRC. A professora Margarida


Portugal, cooperante com o núcleo de estágio, tem como funções lecionar 5º, 7º, 8º, 9º e
10º anos e é também membro do grupo de trabalho de monitorização do PEE e do PAA.

É notório igualmente o bom ambiente escolar, entre pessoal docente, não docente e
discentes.

1.1.4 - Casos excecionais

O modelo de escola tem vindo a alterar-se, atualmente referimo-nos à escola como escola
inclusiva, em que a pedagogia não se centra unicamente no ensino, mas no processo de

8
Arends, 49.
14
aprendizagem, no qual os conteúdos lecionados funcionam como instrumentos para
desenvolver as capacidades dos alunos, de todos os alunos apesar das suas dificuldades e
caraterísticas. Tal como refere Arends, «As crianças devem ser educadas num ambiente
o menos restritivo possível. Isto significa que as crianças com dificuldades devem, na
medida do possível, ser incluídas em salas de aulas regulares»9, dando ênfase à inclusão
como proposta integral de concretização do processo ensino-aprendizagem.

De acordo com o Decreto-Lei 54 de 2018, 6 de julho,

(…) esta prioridade política vem concretizar o direito de cada aluno a uma educação
inclusiva que responde às suas potencialidades, expetativas e necessidades no âmbito de
um projeto educativo comum e plural que proporcione a todos a participação no sentido
de pertença em efetivas condições de equidade, contribuindo assim, decisivamente, para
maiores níveis de coesão social10.

Neste sentido, a escola dispõe de uma equipa de vários docentes de Educação Especial,
auxiliada por uma psicóloga clínica e uma psicóloga educacional, ao serviço de todo o
Agrupamento. Atividades como a visita à escola Secundária de Santa Maria pelos alunos
com Currículo Específico Individual ou a Dê uma Tampa à Indiferença – Recolha de
Tampinhas de Plástico são sinal de preocupação e um estímulo para que todos os alunos
trabalhem e convivam juntos.

É manifesto o recurso às contribuições que as diversas culturas podem dar no campo das
artes, da música, da literatura e da linguagem, principalmente aquelas relacionadas com
o Inglês, o Francês e o Alemão.

Entre várias outras, desvendamos as visitas a Templos e ao Goethe Institut, as atividades


Oktoberfest, Halloween e Chanson de Noël e a celebração do Dia Europeu das Línguas.
Todavia, para além do projeto Empresários para a Inclusão, que pretende examinar «os
problemas relacionados com a diversidade, mas também realizarem projetos que
potencialmente assumam atitudes e promovam a justiça social»11, não encontramos sinais
claros de uma atenção específica às várias diferenças culturais e raciais existentes na
Escola Básica 2º e 3º ciclos D. Fernando II.

No que concerne aos casos em que é necessária uma intervenção atempada, tanto no
campo académico como no campo atitudinal, existe o programa Examinastium, o Apoio
Tutorial Específico e o Núcleo de Intervenção Disciplinar. De modo a melhor

9
Arends, 53.
10
Diário da República, 1ª serie – Nº 129 – 6 de julho de 2018.
11
Arends, Aprender a Ensinar, 66.
15
acompanhar os alunos com medidas disciplinares que apresentam sinais de agressividade
e ajudá-los a alcançar os seus objetivos em vez de agirem por impulso, procede-se ao seu
encaminhamento para a realização de tarefas escolares em contexto comunitário.

Por outro lado, o Núcleo de Apoio ao Aluno em Risco e Perigo e Programa de Apoio à
Promoção e Educação para a Saúde evidenciam a consciência existente relativamente à
ligação entre a aprendizagem e hábitos de vida saudáveis.

Ao ler o PEE e o Plano da Ação Estratégica (PAE) é também possível destacar a


importância dada ao envolvimento dos pais e da comunidade através de momentos de
educação parental e de projetos relacionados com autoridades locais.

Os projetos Erasmus e Rede de Escolas UNESCO, assim como diversas exposições


temáticas dos trabalhos dos alunos e a entrega de diplomas, sublinham inclusivamente a
ligação feita entre o desafio intelectual e atitudinal e a valorização pessoal e comunitária.

1.2 – Caraterização da Turma

A turma A do 7ºano, no ano letivo 2018/2019, era constituída por vinte e sete
alunos, dez raparigas e dezassete rapazes. No universo da turma, dezanove alunos
(70%) estavam inscritos na disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.

A idade dos alunos situava-se entre os 11 e 13 anos, sendo a idade média da turma
12 anos.

Considerando a média das idades dos alunos do 7ºA, tanto os rapazes como as
raparigas encontram-se naquilo que podemos intitular de adolescência inicial 12,
caracterizada essencialmente por 13:

• Sentimentos de insegurança e padrões de comportamento relacionados


com a instabilidade crescente a nível pessoal e social;

• Dificuldades na adaptação a novas situações e problemas relativos à


família, à escola, à aparência e condição física, às emoções, às relações
sociais, à construção do seu projeto de vida e valores;

12
Cf. Elizabeth B. Hurlock, Desenvolvimento do Adolescente, 4ª edição (São Paulo: McGraw-Hill, 1979),
2.
13
Cf. Hurlock, 13-15.
16
• Questionamento quase permanente, resultante do espírito cr ítico e
inconformidade específicos deste período;

• Organização progressiva do pensamento em estruturas e sistemas cada vez


mais complexos e hipotético-dedutivos.

Pelas razões apresentadas, podemos dizer que esta fase da vida, a adolescência,
é bastante importante pois é nela que se dão as crises de mudança, as
transformações físicas e psicológicas, se definem personalidades, se constroem
projetos e valores. Será sem dúvida uma das fases mais importantes na vida dos
nossos alunos e que poderá ter o contributo da disciplina de EMRC, permitindo
a formação integral destes adolescentes e jovens.

Para uma melhor compreensão dos alunos da nossa turma de estágio, importa
saber que:

• Todos viviam com os dois progenitores à exceção de uma aluna que não
vivia com nenhum deles, estando institucionalizada;
• No universo geral da turma, dez alunos faziam parte do quadro de valor
académico;14
• Dois alunos apresentavam problemas de comportamento no ano letivo transato
(2017/2018);
• Dois alunos estavam a repetir o 7º ano de escolaridade, no ano letivo 2018/2019;

• Um aluno provinha do ensino doméstico;

• Dois alunos foram abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho, artigo
7º, beneficiando de medidas universais, seletivas e adicionais.15

14
Cf. Agrupamento de Escolas Monte da Lua, “Regulamento Interno do Agrupamento de Escolas Monte
da Lua”, artigo 145º: «O reconhecimento e a valorização do mérito, da dedicação e do esforço no trabalho
escolar, bem como do desempenho de ações meritórias em favor da comunidade em que o aluno está
inserido ou da sociedade em geral, praticadas na escola ou fora dela, devem ser entendidos como fatores de
motivação e mais-valia no sentido da realização pessoal e integral dos alunos.», acedido a 5 de janeiro de
2019, https://agml.pt/images/RIA/regulamento_internoagrmonte_da_lua_03_2103.pdf, 84.
15
Cf- artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 54/2018: «Níveis das medidas: 1 - As medidas de suporte à aprendizagem
e à inclusão são organizadas em três níveis de intervenção: universais, seletivas e adicionais.
2 - As medidas de diferente nível são mobilizadas, ao longo do percurso escolar do aluno, em função das
suas necessidades educativas.
3 - A definição de medidas a implementar é efetuada com base em evidências decorrentes da monitorização,
da avaliação sistemáticas e da eficácia das medidas na resposta às necessidades de cada criança ou aluno.»,
acedido a 6 de janeiro de 2019.
17
Na lecionação da turma A do sétimo ano, foi muito importante considerar estes alunos
que foram abrangidos pelo antigo Decreto-Lei n.º 54 /2018, de modo a especificar às suas
aprendizagens, tendo «como finalidade a adequação ás necessidades e potencialidades de
cada aluno e a garantia das condições da sua realização plena, promovendo a equidade e
a igualdade de oportunidade.»16

Foi também alvo de atenção, o facto de existir na turma uma aluna de origem africana, o
que poderia causar possíveis diferenças culturais que levem a uma certa descontinuidade
entre o meio familiar e a escola, segundo alerta Richard Arends17.

De uma forma geral, na disciplina de EMRC, a turma foi participativa, interessada e


empenhada nas tarefas propostas. Por vezes existia alguma agitação ou ruído durante a
aula que foi facilmente controlado. Ao longo do ano não se registaram comportamentos
perturbadores que prejudicassem o bom funcionamento das aulas.

Como aspetos positivos realço que foi uma turma unida, com espírito de entreajuda e que
houve homogeneidade e equilíbrio do grupo. Considero que os aspetos menos positivos
demonstrados ao longo do ano foram a pontualidade, a atitude na sala de aula e a atenção
e concentração.

2 - Unidade Letiva 4: “A Paz Universal”

2.1 – Introdução à Unidade Letiva

A Unidade Letiva de referência desta Prática de Ensino Supervisionada foi a


última unidade do programa da disciplina de Educação Moral e Religiosa
Católica do 7º ano de escolaridade, a saber, Unidade Letiva 4: “A Paz Universal”.

Esta unidade foi lecionada no terceiro período para qual foram reservadas sete
aulas, de forma a lecionar todos os conteúdos previstos no programa da
disciplina. Já durante o terceiro período fui informada que na última aula prevista
para a lecionação da unidade, realizar-se-ia uma atividade escolar e, por
consequência os alunos não teriam aula. Estava programado um momento de
avaliação que não se realizou e, desta forma, foram feitos pequenos exercício s de
aplicação de conhecimentos ao longo das outras aulas que permiti u a avaliação

16
Artigo 6.º-1 do Decreto-Lei n.º 54/2018.
17
Cf. Arends, Aprender a Ensinar, 62.
18
dos alunos. Desta forma, preparei fichas de trabalho que poderiam ser realizadas
individualmente, a pares ou em grupo.

Na minha opinião, a UL 4 é muito importante para os alunos desta faixa etária


pois dá relevo à dignidade da pessoa humana, à promoção do bem comum e da
paz. É imprescindível que os alunos percebam que o direito à paz é universal, e
que a nenhum ser humano seja negado. Responsabilizar cada um na construção
da paz, de forma permanente e no pequeno mundo que o rodeia.

Esta unidade letiva também permite fazer uma articulação de conteúdos com
todas as unidades letivas lecionadas no 7º ano, algo que tentei fazer ao longo do
período. A Unidade Letiva 4 faz articulação com os conteúdos: “ cuidado e
respeito por todas as coisas criadas” e “respeitar os seres vivos, de acordo com
a sua condição” já lecionados na Unidade Letiva 1 - “As Origens”; mas também
recuperar os conteúdos lecionados na Unidade Letiva 2 – “As religiões”, tais
como “O diálogo inter-religioso na construção da paz e do bem comum”,
“Atitudes no diálogo inter-religioso” e “Máximas elementares da humanidade,
comuns às grandes tradições religiosas”. Na Unidade Letiva 3 – “Riqueza e
sentido dos Afetos”, como conteúdo “crescer e ser adulto é fazer escolhas na
perspetiva do amor: procurar o bem comum” e “viver a felicidade na entrega aos
outros”. Em suma, a Unidade Letiva 4 permite fazer um resumo de muitos dos
conteúdos lecionados durante o 7º ano. Todos estes conceitos são importantes
para ajudar os alunos a refletirem de forma critica sobre a necessidade de
construção de um mundo mais fraterno.

Neste sentido, quando planifiquei a quinta aula da unidade letiva, não fiz
indicação do texto bíblico Mt 5, 1-12, pois já tinha sido lecionado pela outra
professora estagiária com quem faço par pedagógico 18, na Unidade Letiva 3, na
concretização do conteúdo “crescer e ser adulto é fazer escolhas na perspetiva
do amor: viver a felicidade na entrega aos outros”.

Na transmissão dos conteúdos recorri na maioria das aulas ao PowerPoint,


dividindo a aula em duas partes principais, a primeira mais centrada no professor
e a segunda mais centrada no aluno. Usei esta metodologia para tentar inverter a
agitação cada vez mais permanente na turma, assim, num primeiro momento em
que os alunos estavam mais atentos, transmiti os conteúdos sempre num ambiente
de diálogo e partilha entre professores e alunos. Num segundo momento, a

18
Referido neste trabalho na página 11
19
realização de uma atividade de consolidação que tentei diversificar entre ficha de
trabalho individual, fichas de trabalho a pares, trab alhos de grupo, perguntas de
resposta oral, questões de verdadeiro e falso, questões de escolha múltipla,
questões de associação ou correspondência e pequenos exercícios de
interpretação.

2.2 - Lecionação da UL: Planificação (nível IV) e Relatórios

Na prática letiva do docente é fundamental a gestão do programa, de forma a adequar o


programa ao número de semanas disponíveis do ano letivo.

As planificações são um instrumento que permite ao professor uma análise e reflexão


sobre o trabalho a realizar na sala de aula, assim como, as estratégias e recursos a utilizar
de forma a promover o processo de ensino-aprendizagem.

Planifiquei as aulas recorrendo a estratégias e recursos diversificados, centrado nos


alunos, de forma que as aulas fossem mais participativas.

Apresenta-se, em seguida, as planificações das aulas lecionadas da Unidade Letiva 4: “A


Paz Universal” bem como a respetiva reflexão, de referir que os anexos indicados nessas
planificações reportam para o portefólio PES.

20
Unidade Letiva 4 – A Paz Universal
Domínios: Ética e Moral
Metas: Q: Reconhecer, à luz da mensagem cristã a dignidade da pessoa humana.
Aprendizagens essenciais: Identificar a Paz como condição essencial para a convivência humana.
Lição nº: 26 Data: 23-04-2019
Sumário: A paz como sonho da humanidade.
Atividades de consolidação.
Objetivos Conteúdos Estratégias 50’ Recursos Avaliação Formativa
Acolhimento e registo do - Assiduidade
10m
sumário - Pontualidade
1. Valorizar a paz como - A paz, o grande sonho da Humanidade; Visualização do Power-Point: - Participação:
valor orientador do sentido - A paz, mais do que ausência de guerra e de . Atenção e
da realidade humana. conflito; - Leitura concentração no
- A paz mais do que equilíbrio entre forças em cumprimento das
- Reflexão (sobre os textos e tarefas
conflito;
imagens) • Caderno . Empenho na
- A paz como plenitude da vida e da realização
• Quadro e realização dos
plena da pessoa; - Diálogo em turma sobre os trabalhos solicitados
35m material de escrita
- Símbolos da paz; conteúdos apresentados.
• PC com projetor
. Cooperação com os
- A paz como atitude / comportamento fruto da Atividade de consolidação: • PowerPoint: “O colegas
justiça e do amor. sonho da
Coletivo (alunos e professores): Humanidade” . Relacionamento
resposta a perguntas com os colegas e
Individual: Elaboração de uma professores
frase sobre a importância da
paz - Participação e
Pertinência
Construção e registo da síntese
5m
da aula.

Síntese da aula: A paz é um valor universal e evangélico que dignifica todas as pessoas.
Quadro 1: Planificação da 1ª aula da UL4

21
RELATÓRIO DE PRÁTICA LETIVA

Data: 23 de abril de 2019 Turma: 7ºA


N.º de Lição: 26 Aula: 1 Horário da aula: 8h15min - 9h05min

A aula da turma A do 7º ano teve início à hora prevista, com o acolhimento dos alunos
por parte dos professores estagiários e cooperante, onde já se encontrava projetado o
PowerPoint: “O Sonho da Humanidade” (anexo 1)19, cujo o primeiro slide continha a
frase “Qual o grande sonho da Humanidade?”, sendo o meu objetivo fazer um
brainstrorming. No entanto, a primeira aluna que participou, identificou de forma correta
a resposta pretendida. De seguida projetei o sumário e pedi aos alunos que efetuassem o
seu registo no caderno diário.

Foi definido um objetivo a alcançar com a lecionação desta aula, “Valorizar a paz como
valor orientador do sentido da realidade”.

Ao longo da aula, referi várias vezes que o grande sonho da Humanidade é a paz, dado
que este tem sido um dos anseios do ser humano ao longo da história e, de certa forma,
também visível na arte e na cultura dos povos. Neste sentido usei uma imagem do quadro
de Pablo Picasso, “A Pomba”, para exemplificar. No final da aula também fiz referência
ao poema de Sophia de Mello Andersen, “A paz sem vencedor e sem vencidos”.

Com o objetivo de que os alunos percebessem melhor esta continuidade do tema, na


história da Humanidade, referi alguns símbolos da paz, bem como os seus significados.
Posteriormente definimos o conceito de paz, onde os alunos tomaram consciência que é
uma definição muito ampla, não sendo apenas a ausência de guerras e conflitos. Assim,
todos devemos empenhar-nos na construção da paz, onde referi que também os cristãos
têm um papel importante na construção (permanente) da paz, como disse Jesus: “Deixo-
vos a paz, dou-vos a minha paz” (Jo 14, 27).

Para terminar, e de forma a consolidar os conteúdos lecionados nesta aula, realizamos


alguns exercícios práticos, aos quais os alunos demonstraram muito interesse e atenção,
e aos quais responderam de forma aleatória, espontânea e bastante satisfatória. Estes
exercícios tiveram como objetivo dar eco aos conteúdos lecionados na aula. Obtei por
uma questão de resposta alternativa (os alunos selecionaram as afirmações verdadeiras) e
uma questão de associação ou correspondência dos símbolos da paz, analisados na aula.
A última atividade proposta, para realização individual, os alunos deveriam redigir uma

19
Portefólio da prática de Ensino Supervisionada, 103-109; daqui em diante designado como Portefólio PES.
22
frase sobre a importância da paz, também foi elaborada de forma bastante satisfatória.
Saliento algumas frases: “A paz é importante porque traz união entre os seres humanos”,
“A paz é importante porque junta as religiões”, “A paz é importante para a vida”, “A paz
é importante para a construção de um mundo melhor”, “A paz é importante porque acaba
com a guerra, o racismo e a violência”, entre outras.

Desafiei os alunos a realizarem a síntese da aula e registo no caderno. E assim terminámos


a aula à hora prevista.

A planificação foi cumprida e a aula decorreu dentro do previsto em termos de gestão do


tempo. Durante a aula os alunos estiveram um pouco agitados e conversadores, pelo que
foi necessário recorrer a “chamadas de atenção”, em alguns momentos.

Quando foram abordados os vários símbolos da paz, nomeadamente a pomba e o arco-


íris, fiz referência ao texto bíblico de Noé e do dilúvio. No entanto, deveria ter feito uma
breve explicação e/ou resumo do texto, pois como a disciplina de EMRC é facultativa,
não me lembrei de que poderia ter alunos na sala de aula que poderão estar a frequentar a
disciplina pela primeira vez. Mas esta situação foi recuperada na atividade de
consolidação, novamente com a explicação dos símbolos.

No entanto, no que se refere às atividades de consolidação propostas, os alunos


participaram de forma dinâmica. Penso que poderia ter feito uma breve síntese ou um
comentário às frases elaboradas pelos discentes, sobre a importância da paz.

No que se refere “a paz é dom e tarefa”, deveria ter explicado como se operacionaliza e
se concretiza o “dom” e a “tarefa”.

23
Unidade Letiva 4 – A Paz Universal
Domínios: Ética e Moral
Metas: O: Amadurecer a sua responsabilidade perante a pessoa, a comunidade e o mundo.
Aprendizagens essenciais: Discutir situações reais de falência de paz.
Lição nº: 27 Data: 30-04-2019
Sumário: Análise de situações de falência de paz. Trabalhos de grupo.
Objetivos Conteúdos Estratégias 50’ Recursos Avaliação Formativa
Acolhimento e registo do - Assiduidade
10m
sumário - Pontualidade
Visualização do Power-Point: - Participação:
. Atenção e
- Recapitulação da aula anterior concentração no
10m
cumprimento das
A falência de paz: - Leitura (o que é ausência de tarefas
paz) • Caderno . Empenho na
• Quadro e realização dos
2. Interpretar criticamente - A violência: a ilusão de uma solução para os material de escrita trabalhos solicitados
episódios históricos e factos problemas (violência no namoro e violência Trabalho de grupo:
15m • PC com projetor
sociais relacionados com a escolar); . Cooperação com os
- Reflexão critica de situações • PowerPoint: “A
falência de paz colegas
- A guerra: causas e consequências; de ausência de paz (Análise de falência da paz”
- O negócio da venda de armas; notícias atuais); • Notícias atuais - . Relacionamento
- A utilização de crianças e jovens na guerra; ficha com os colegas e
- Apresentação dos trabalhos; professores
- O terrorismo: causas e consequências. 10m
- Diálogo em turma sobre os
- Participação e
trabalhos realizados
Pertinência
(conclusões).

Construção e registo da síntese


5m
da aula

Síntese da aula: A violência não é solução, apenas gera mais violência agravando os problemas.
Quadro 2: Planificação da 2ª aula da UL4
24
RELATÓRIO DE PRÁTICA LETIVA

Data: 30 de abril de 2019 Turma: 7ºA


N.º de Lição: 27 Aula: 2 Horário da aula: 8h15min - 9h05min

A aula da turma A do 7º ano iniciou-se com um ligeiro atraso, com o acolhimento dos alunos
por parte dos professores. Já se encontrava projetado o PowerPoint: “A falência da Paz”
(anexo 2)20. Pedi aos alunos que efetuassem o registo do sumário da aula.

Verificou-se novamente falta de pontualidade por parte de alguns alunos, o que causou
algum incómodo no início da aula.

Foi definido um objetivo a alcançar na lecionação desta aula, a saber, “Interpretar


criticamente episódios históricos e factos sociais relacionados com a falência de paz”.

Após o registo do sumário, desafiei os alunos a recordarem a síntese da aula anterior. Os


alunos participaram, mostrando terem adquirido e consolidado os conteúdos lecionados
anteriormente. Tomando uma das conclusões apresentadas pelos alunos “a Paz é o grande
sonho da humanidade”, aproveitei para fazer uma ponte para os conteúdos a lecionar nesta
aula, referindo que muitos têm sido os tratados e acordos elaborados para promover a paz,
mas que têm fracassado na sua maioria, causando muitas vítimas, principalmente os mais
vulneráveis, como as crianças.

De seguida referi os pilares que sustentam a paz (igualdade, respeito, justiça e liberdade) e
comparei a construção da paz à construção de uma casa constatando que a queda de um
simples pilar desmorona todo o edifício.

Posteriormente, fiz uma breve explicação do significado de “falência de paz”, tais como as
situações de conflito e de agressão que, infelizmente, são visíveis quase diariamente nas
escolas, na família, na sociedade e no mundo e que os alunos facilmente identificaram. Estas
prejudicam todos os envolvidos, assim como os que se encontram à sua volta, ou seja, toda
a Humanidade.

Lancei aos alunos a seguinte pergunta “Porquê a guerra se o que queremos de facto é a paz?”,
tendo como objetivo que os discentes elaborassem uma lista de causas para as situações de
falta de paz. Após as várias opiniões, conclui-se que a grande causa é o egoísmo do ser
humano. Neste sentido sugeri a análise da imagem da página 127 do manual, onde se
constata o egoísmo como origem dos vários males.

20
Portefólio PES, 110-117
25
De seguida propus aos alunos a análise de algumas notícias e imagens atuais e do
conhecimento público, previamente selecionadas do “Observador”, sobre situações de
ausência de paz. Desta forma os discentes podem relacionar os conteúdos lecionados com a
realidade do quotidiano e do conhecimento de todos, tal como refere Arends «basear a
instrução no conhecimento que os alunos já possuem, e ajudá-los a formar ligações entre o
que já sabem e o que vão aprender»21. Neste sentido formei cinco grupos de trabalho, tentei
formar grupos heterogéneos, de forma a maximizar as capacidades e conhecimentos, assim
como a interajuda dos alunos, tal como se pode ler «Quando os professores formam grupos
de trabalho, podem apoiar-se em grupos heterogéneos e minimizar os agrupamentos e
capacidades»22. Posteriormente entreguei uma ficha de trabalho com o objetivo de ser feita
uma análise crítica e como forma de orientar o trabalho dos alunos, indiquei três perguntas
para identificarem a situação de ausência de paz expressa na notícia, as causas e respetivas
consequências. Tal como refere J. Ambrosio «neste tipo de exercício é muito importante que
o professor dê indicações muito precisas quanto à extensão das respostas/textos e aos
detalhes que as mesmas devem conter»23.

Os alunos mostraram-se empenhados e motivados na realização da atividade, no meu ponto


de vista por serem notícias da atualidade, corresponderem a situações que despertam a
atenção e preocupação dos jovens e terem consequências graves para toda a sociedade, em
particular para as faixas etárias mais jovens. No entanto, foi necessário um pouco mais de
tempo para a realização da atividade proposta, além do planificado, devido ao empenho e a
forma assertiva dos alunos, às respostas completas e bem estruturadas que elaboraram.

Posteriormente cada grupo fez uma breve apresentação das respostas, as quais foram
complementadas com o PowerPoint. A conclusão final aos trabalhos foi muito rápida. Referi
que a ausência de paz provoca mal-estar, o egoísmo está na origem de todo o mal e que a
violência só gera mais violência.

Desafiei os alunos a realizarem a síntese da aula, mas já não havia tempo para tal, pelo que
registaram no caderno a síntese apresentada no PowerPoint. E assim terminamos a aula à
hora prevista.

21
Arends, 67.
22
Arends, 67.
23
Juan Ambrosio, “Avaliar em EMRC. Pistas para um caminho”, (Lisboa: texto não publicado para uso dos alunos
da disciplina de Didática Específica de “Educação Moral e Religiosa Católica”, Faculdade de Teologia da
Universidade Católica Portuguesa, 2017), 23.

26
Usei como suporte, durante toda a aula, o PowerPoint já referido, onde constam várias
informações sobre o objetivo previamente definido. O PowerPoint revelou-se um excelente
suporte de aula que, na minha opinião, estava elaborado dentro do pretendido.
Em suma, a planificação e o objetivo foram cumpridos. Inicialmente havia uma certa
agitação entre os alunos, assim como, o primeiro momento da aula foi mais expositivo, o
que se deveu ao facto de a aula ser mais centrada na professora. Ao explicar os pilares da
paz, exemplificando com os pilares da casa, deveria ter feito maior exploração, apesar de os
alunos terem dado exemplos corretos da construção da paz. Ao longo da aula ficou clara a
ideia de que a “violência gera mais violência”, isto é, que os alunos até conhecem a frase,
como frase feita, mas não a interiorizaram.
No que se refere à atividade proposta, os grupos trabalharam como tinha sido planeado,
apesar da agitação, no entanto, os textos /notícias poderiam ter sido substituídos por uma
pesquisa feita pelos alunos na sala de aula com os telemóveis, dado que as atividades
realizadas com recurso às novas tecnologias despertam maior interesse para o ensino
aprendizagem, por parte dos alunos. Com esta atividade verificou-se que os alunos
conhecem os problemas da nossa sociedade, mas pretende-se que os tomem como chaves de
leitura para o mundo e para as suas vidas. Teria sido pertinente a substituição do texto
referente às crianças soldados por outro que mencionasse a temática do tráfico de seres
humanos, pois estes relatam realidades mais próximas dos alunos e mais referenciadas nos
meios de comunicação social.

27
Unidade Letiva 4 – A Paz Universal
Domínios: Cultura Cristã e Visão Cristã da Vida
Metas: L: Estabelecer um diálogo entre a cultura e a fé.
Lição nº: 28 Data: 7-05-2019
Sumário: A concretização do direito à paz na resistência pacífica.

Objetivos Conteúdos Estratégias 50’ Recursos Avaliação Formativa


Acolhimento e registo do
10m
sumário - Assiduidade
- Pontualidade
- Participação:
O direito à paz: Visualização do Power-Point: . Atenção e
3. Reconhecer que o direito 15m
concentração no
à paz é universal e deriva da - Recapitulação da aula anterior • Caderno e cumprimento das
igual dignidade de todos os - A legítima defesa nos limites da necessidade e da - Leitura dos textos do manual manual; tarefas
seres humanos. proporcionalidade; (página 133 e 134) • Quadro e . Empenho na
- A proteção dos inocentes e dos mais vulneráveis; material de realização dos
- O desarmamento; Visualização do vídeo: escrita; trabalhos solicitados
10 m
- A negociação democrática como instrumento de - A vida de Mahatma Gandhi • PC com projetor
. Cooperação com os
governo; • PowerPoint - “O
colegas
direito à paz”
- A resistência não violente e o pacifismo: Trabalho individual:
• Ficha de . Relacionamento
Mahatma Gandhi; com os colegas e
- Ficha de trabalho sobre 10m trabalho- Gandhi
- O direito Internacional. Gandhi professores

- Participação e
Pertinência
Construção e registo da síntese
5m
da aula

Síntese da aula: O direito à paz é universal e deriva da igual dignidade de todos os seres humanos. Concretiza-se na fraternidade e na resistência não
violenta.
Quadro 3: Planificação da 3ª aula da UL4
28
RELATÓRIO DE PRÁTICA LETIVA

Data: 7 de maio de 2019 Turma: 7ºA


N.º de Lição: 28 Aula: 3 Horário da aula: 8h15min - 9h05min

A aula da turma A do 7º ano teve início com um ligeiro atraso, por parte dos alunos, com o
acolhimento dos mesmos por parte dos professores estagiários e cooperante. Já se encontrava
projetado o PowerPoint: “O direito à paz” (anexo 4)24. Pedi aos alunos presentes que
efetuassem o registo do sumário da presente aula.

Ao longo do período acentuou-se a falta de pontualidade por parte da maioria dos alunos e,
em particular nesta aula, também se registou falta de assiduidade.

Enquanto os alunos registavam o sumário, a professora cooperante recolheu as autorizações


e respetivo dinheiro para a participação na atividade proposta e aprovada em conselho
pedagógico, para este ano de escolaridade, nos dias 16 e 17 de maio de 2019.

Foi selecionado o seguinte objetivo a alcançar com a lecionação desta aula: “Reconhecer
que o direito à paz é universal e deriva da igual dignidade de todos os seres humanos”.

Desafiei os alunos a recordarem a síntese da aula anterior. Os alunos participaram. Com o


contributo e conclusões dos discentes, nomeadamente, que a violência não é solução e causa
ainda mais problemas, introduzi que todos os seres humanos têm direito à paz. Referi que
este direito é universal e deriva da dignidade de todos os seres humanos, fazendo referência
à Declaração Universal dos Direitos Humanos e explicitando a época e o motivo da sua
elaboração. Aproveitei para mostrar excertos da Resolução da Assembleia Geral das Nações
Unidas (12 de novembro de 1984), assim como do representante permanente da Santa Sé na
ONU, pois a informação tem que ser sempre atualizada, como refere Arends “o
conhecimento não é estático, mas está em contante evolução e alteração”25.

Do conteúdo planificado – “Direito à paz” – foram abordados os seguintes sub-conteúdos: a


legítima defesa nos limites da necessidade e da proporcionalidade; o direito internacional;
a proteção dos inocentes e dos vulneráveis (valorizando as crianças e os idosos); o
desarmamento; a negociação democrática como instrumento do governo; a resistência não
violenta e o pacifismo. Relativamente ao último sub-conteúdo foi tomado como exemplo
Mahatma Gandhi, que resolveu todos os conflitos da sua vida sem recurso à violência. Neste
sentido passei um pequeno vídeo para espelhar a posição de Gandhi perante a vida. Quando

24
Portefólio PES, 120-125
25
Arends, Aprender a ensinar, 71
29
realizei o PowerPoint coloquei uma pequena biografia de Mahatma Gandhi, mas não a
mostrei no decorrer da aula porque foi possível visualizar o vídeo.

Após a visualização do vídeo propus aos alunos a realização de uma ficha de trabalho
individual, o que permitiu a consolidação dos conteúdos. Para a primeira parte da ficha
elaborei um crucigrama que poderia ser respondido com recurso ao manual do aluno e para
a segunda elaborei uma pergunta de escolha múltipla, permitindo a análise e interpretação
de uma das frases conhecidas de Gandhi, dado que as fichas podem ter perguntas de várias
naturezas tal como refere J. Ambrosio “o tipo de questões, perguntas, tarefas pode ser, como
dissemos, variado”26.

Os alunos revelaram-se interessados na realização da ficha de trabalho, mas necessitaram de


mais tempo do que o previsto para a realização da atividade e, como tal, houve muito pouco
tempo para a elaboração da síntese final. Os alunos apenas registaram no caderno diário a
síntese apresentada no PowerPoint. E assim terminámos a aula à hora prevista.

Usei, como suporte, ao longo da aula o PowerPoint anteriormente referido, onde constam
várias informações sobre o objetivo previamente definido-

A planificação foi cumprida e os conteúdos foram lecionados na integra, tendo a aula


decorrido como estava previsto. No entanto, no que se refere à apresentação dos conteúdos,
penso que não fui muito clara relativamente à “legítima defesa nos limites da necessidade e
da proporcionalidade”. Saliento a atenção e interesse que os alunos mostraram durante a
visualização do vídeo, assim como o seu empenho na realização da ficha de trabalho
proposta.

Durante a realização da atividade proposta procurei responder a todas as questões e dúvidas


colocadas pelos alunos. De um modo geral, os alunos cumpriram o pretendido, mas
demoraram mais tempo para a sua realização do que inicialmente eu havia previsto.

26
Ambrosio, Avaliar em EMRC. Pistas para um caminho, 20
30
Unidade Letiva 4 – A Paz Universal
Domínios: Cultura Cristã e Visão Cristã da Vida / Ética e Moral
Metas: L: Estabelecer um diálogo entre a cultura e a fé.
N: Promover o bem comum e o cuidado do outro
Aprendizagens essenciais: Mobilizar os princípios do diálogo inter-religioso como suporte para a construção da paz e colaboração entre os povos.
Lição nº: 29 Data: 14-05-2019
Sumário: A promoção do Bem comum. Instituições e personalidades que promovem o bem comum e a paz.
Objetivos Conteúdos Estratégias 50’ Recursos Avaliação Formativa
Acolhimento e registo do
10m
sumário - Assiduidade
- Pontualidade
- Papa Francisco, Mensagem para o dia Mundial da Visualização do Power-Point: - Participação:
3. Reconhecer que o direito Paz (2014); . Atenção e
- Recapitulação da aula anterior 5m
à paz é universal e deriva da • Caderno e concentração no
igual dignidade de todos os - Leitura da Mensagem do Papa manual; cumprimento das
Francisco (página 141)
seres humanos. • Quadro e tarefas
- Diálogo, perdão e reconciliação; material de . Empenho na
- Diálogo, Perdão e realização dos
escrita;
4. Reconhecer soluções Reconciliação – como
10 m • PC com projetor trabalhos solicitados
fundamentadas para construção da paz
- Instituições de promoção da paz no mundo • PowerPoint - “A
situações de conflito de (União Europeia, ONU, ACNUR, Amnistia . Cooperação com os
construção da
valores com base no Internacional, TPI) colegas
Trabalho de grupo: paz”
reconhecimento da • Cartolinas e . Relacionamento
dignidade da pessoa. - Elaboração de um pequeno material de com os colegas e
cartaz sobre uma instituição 20 m
desenho professores
que promove a paz e o bem
comum. - Participação e
Pertinência
Construção e registo da síntese
5m
da aula

Síntese da aula: A promoção do bem comum, do cuidado do outro e da paz implica que todos estejam abertos ao diálogo, fraternidade, perdão e
reconciliação.
Quadro 4: Planificação da 4ª aula da UL 4 31
RELATÓRIO DE PRÁTICA LETIVA

Data: 14 de maio de 2019 Turma: 7ºA


N.º de Lição: 29 Aula: 4 Horário da aula: 8h15min -
9h05min
A aula da turma A do 7º ano teve início à hora prevista com o acolhimento dos alunos por parte
dos professores estagiários e cooperante. Já se encontrava projetado o PowerPoint - “A
construção da Paz” (anexo 8)27. Pedi aos alunos presentes que efetuassem o registo do sumário
da presente aula.

Antes do início da aula a professora cooperante deu algumas informações sobre a atividade a
realizar nos dias 16 e 17 de maio e 2019, com os alunos do 7º ano. Também foram esclarecidas
as dúvidas que os alunos colocaram relativamente ao acampamento. Procedeu-se a recolha das
últimas autorizações e respetivo pagamento.

Foram selecionados os seguintes objetivos a alcançar com a lecionação desta aula: “Reconhecer
que o direito à paz é universal e deriva da igual dignidade de todos os seres humanos” e
“Reconhecer soluções fundamentais para situações de conflito de valores com base no
reconhecimento da dignidade da pessoa”. Relativamente ao primeiro objetivo, planeei apenas
a conclusão, com o conteúdo “Papa Francisco, Mensagem para o dia Mundial da Paz” que
ficou por lecionar na aula anterior.

Desafiei os alunos a recordarem a síntese das aulas anteriores, fazendo o itinerário percorrido
ao longo do período. Os alunos participaram, mostrando terem adquirido e consolidado os
conteúdos lecionados anteriormente. Assim, recordámos que: na primeira aula da unidade letiva
definimos o conceito de paz, relembrámos os símbolos da paz, e a paz como o grande sonho da
humanidade, e que na unidade dois referimos situações de ausência de paz e os alunos relataram
alguns dos exemplos estudados na aula, bem como a grande causa destes acontecimentos. Por
fim, recordámos que na aula anterior tínhamos visto que a paz é um direito universal.

Seguidamente apresentei um excerto da Mensagem do Dia Mundial da Paz do Papa Francisco


(1 de janeiro de 2014), tendo feito a articulação com conteúdos lecionados na primeira aula da
unidade letiva, recordando a data comemorativa do Dia Mundial da Paz. Após a leitura do
referido texto estabeleci diálogo com os alunos, com o objetivo de perceberem que a
fraternidade é fundamental para a construção da paz, quer a nível individual, quer
coletivamente. Recordei também o conceito de Bem Comum, já lecionado anteriormente na
Unidade Letiva 3, pela outra docente do par pedagógico. Salientei que além da fraternidade, o

27
Portefólio PES 128 a 131
32
Papa Francisco apresenta outros caminhos para a construção da paz, como o diálogo, o perdão
e a reconciliação. Neste sentido analisei cada um dos conceitos individualmente e quais as suas
implicações, em forma de diálogo partilhado entre professora e alunos.

Posteriormente propus a realização de trabalhos de grupo sobre as instituições promotoras da


paz e do bem comum. Formei cinco grupos de trabalho e, com recurso ao manual e outros
materiais disponibilizados, os alunos deveriam elaborar um pequeno cartaz informativo de uma
das instituições. Formei grupos heterogéneos de forma a se entreajudarem.

Desta forma, tentei diversificar as estratégias de aprendizagem, permitindo que os alunos


possam consolidar o seu próprio conhecimento, num trabalho cooperativo, valorizando também
a capacidade criativa dos discentes.

Posteriormente foi distribuído aleatoriamente a instituição a trabalhar por cada grupo de alunos.
Os alunos foram muito recetivos à atividade proposta. No entanto, demoraram algum tempo a
iniciar o trabalho, a estabeleceram um diálogo entre eles de forma a planificar o trabalho
pretendido. Revelaram-se organizados e interessados na atividade. O tempo disponibilizado
para a atividade foi insuficiente. Como tal também não houve tempo para a apresentação do
trabalho realizado por cada grupo.

Usei, como suporte, durante uma parte da aula o PowerPoint já referido, onde constam
informações sobre os conteúdos lecionados e o excerto da Mensagem para Dia Mundial da Paz,
lido e analisado em sala de aula.

Como já não havia tempo para a construção da síntese final, projetei a mesma e os alunos
registaram-na no caderno diário. Aproveitei esse período para entregar a fichas de trabalho
realizadas na aula anterior, devidamente corrigidas. Terminámos a aula à hora prevista.

Em suma, a planificação foi cumprida e os conteúdos foram lecionados na integra. No entanto,


geri mal o tempo e no início da aula demorei-me um pouco na recapitulação dos conteúdos já
lecionados assim como na análise da Mensagem do Dia Mundial da Paz, do Papa Francisco, o
que veio a comprometer o final da aula.

Aproveitei também para recordar conteúdos já lecionados de forma a que os alunos


percebessem que a articulação de conteúdos está sempre presente no programa da disciplina.
Todos os grupos se revelaram empenhados no trabalho proposto e procurei responder a todas
as questões e dúvidas colocadas pelos alunos.

O atraso inicial comprometeu o tempo no final da aula, ficando em falta para a elaboração da
síntese final e a apresentação dos trabalhos realizados pelos alunos.
33
Unidade Letiva 4 – A Paz Universal
Domínios: Cultura Cristã e Visão Cristã da Vida; Ética e Moral
Metas: E: Identificar o núcleo central do cristianismo e do catolicismo; N: Promover o bem comum e o cuidado do outro
Aprendizagens essenciais: Valorizar a Paz como elemento essencial da identidade cristã.
Lição nº: 30 Data: 21-05-2019
Sumário: Análise da mensagem bíblica sobre a paz.

Objetivos Conteúdos Estratégias 50’ Recursos Avaliação Formativa


Acolhimento e registo do
10 m
sumário - Assiduidade
Visualização do Power-Point: - Pontualidade
4. Reconhecer soluções - Recapitulação da aula anterior - Participação:
fundamentadas para - Prémios Nobel da Paz: critérios de escolha dos (instituições de promoção de . Atenção e
situações de conflito de premiados paz no mundo) 8m concentração no
valores com base no - Atribuição do Prémio Nobel da • Caderno e cumprimento das
reconhecimento da Paz manual; tarefas
dignidade da pessoa. • Quadro e . Empenho na
5m material de realização dos
- A Lei de Talião, contra os abusos de poder: “Olho - Leitura e análise do texto escrita; trabalhos solicitados
por olho, dente por dente” (Lv 24, 17-21) bíblico Lv 24, 17 – 21 • PC com projetor
5. Identificar a paz como 10 m . Cooperação com os
• PowerPoint - “A
colegas
elemento essencial da - A proposta de Jesus para a construção da paz: - Leitura e análise dos textos do Mensagem bíblica
identidade cristã a partir - O amor aos inimigos (Mt 5, 43-48); Novo Testamento: Mt 5, 43-48 5m - paz” . Relacionamento
- O perdão (Mt 18, 21-22) e Mt 18, 21-22 • Ficha de com os colegas e
dos textos bíblicos
- Implicações do Mandamento trabalho professores
de Jesus
7m - Participação e
Atividade de consolidação – Pertinência
ficha de trabalho
Construção e registo da síntese
5m
da aula
Síntese da aula: A paz - elemento essencial da identidade cristã - supõe o perdão e o amor.

Quadro 5: Planificação da 5ª aula da UL 4 34


RELATÓRIO DE PRÁTICA LETIVA

Data: 21 de maio de 2019 Turma: 7ºA


N.º de Lição: 30 Aula: 5 Horário da aula: 8h15min - 9h05min

A aula número 5 da Unidade Letiva 4 foi lecionada pela professora Cooperante, mas, de acordo
com o estipulado, planifiquei-a e construi os materiais utilizados.

Para esta aula planifiquei dois objetivos: “Reconhecer soluções fundamentadas para situações
de conflito de valores com base no reconhecimento da dignidade da pessoa” e “Identificar a
paz como elemento essencial da identidade cristã a partir dos textos bíblicos”.

Para dar cumprimento aos objetivos planificados, construi o PowerPoint – “Mensagem bíblica
– paz” (anexo 10)28.
Na aula anterior haviam sido realizados trabalhos de grupo sobre as instituições que promovem
a paz e o bem comum, mas não houve tempo no final para apresentação dos mesmos. Assim,
decidi fazer para esta aula uma recapitulação mais cuidada do conteúdo “Instituições de
promoção da paz no mundo”, tendo como base os trabalhos realizados pelos alunos. Neste
sentido, como duas das Instituições foram galardoadas com o Prémio Nobel da Paz, a partir
desta informação propus a apresentação aos alunos dos critérios de escolha dos premiados,
assim como o testemunho de algumas personalidades que se destacaram na construção da paz.
Desta forma, dei por concluído o objetivo “Reconhecer soluções fundamentadas para situações
de conflito de valores com base no reconhecimento da dignidade da pessoa”.
A restante parte da aula foi orientada para cumprir o segundo objetivo planificado, conduzindo
os alunos a entender que a paz é essencial para a identidade cristã, através da leitura e análise
dos textos bíblicos Lv 24, 17-21(salientando que foi muito importante para a sociedade do
tempo, no sentido de limitar os excessos de vingança, impedindo que as pessoas fizessem justiça
pelas próprias mãos) e Mt 5, 43-48 e Mt 18, 21-22 (salientando a proposta radical de Jesus no
seu tempo, mas ainda atual e muito necessária nos dias de hoje. Por fim terminar esta parte da
aula, com o exemplo de João Paulo II, um exemplo de perdão e amor, tal como está referido
no manual do aluno.29 Proponho posteriormente a consolidação destes conteúdos com uma
ficha de trabalho que deverá ser avaliada e corrigida, e posteriormente entregue aos alunos.

28
Portefólio PES 133 a 138
29
António Cordeiro et al., Quero Saber! Manual do Aluno Educação Moral e Religiosa Católica – 7º ano do Ensino
Básico, (Lisboa: Fundação Secretariado Nacional de Educação Cristã, 2015), 149.

35
Unidade Letiva 4 – A Paz Universal
Domínios: Religião e Experiência Religiosa
Metas: D: Promover o diálogo Inter-religioso como suporte para a construção da paz e a colaboração entre os povos.
Aprendizagens essenciais: Assumir atitudes responsáveis pela construção da paz
Lição nº: 31 Data: 28-05-2019
Sumário: A missão das religiões e de cada pessoa na construção da paz. Trabalhos de pares.
Objetivos Conteúdos Estratégias 50’ Recursos Avaliação Formativa
Acolhimento e registo do
5m - Assiduidade
sumário
- Pontualidade
Visualização do Power-Point: - Participação:
5m . Atenção e
- Súmula da aula anterior
concentração no
- Regra de ouro, transversal aos vários credos: - Leitura e reflexão, sobre os cumprimento das
. “Aquilo que não desejas para ti, não o faças aos textos e imagens apresentados. tarefas
6. Identificar o papel das outros” (Confúcio); . Empenho na
religiões na construção da . “Nenhum de vós é um crente até que deseje a seu
15m • Caderno realização dos
paz em situações vitais do irmão aquilo que deseja para si mesmo” (sunnah); - Diálogo em turma sobre os • Quadro e trabalhos solicitados
quotidiano. . “Não faças aos outros aquilo que não queres que conteúdos lecionados. material de escrita
. Cooperação com os
os outros te façam a ti” (Judaísmo: Rabi Hillel); • PC com projetor
colegas
. “O que quiserdes que os outros vos façam, fazei- • PowerPoint -
lho vós também” (Cristianismo: Lc 6, 31) “Regra de Ouro” . Relacionamento
Atividade de consolidação: com os colegas e
10 m professores
- A construção da paz é um desejo e um imperativo - Trabalho a pares;
ético para a humanidade
- Contributos que os cidadãos podem dar para a - Diálogo em turma sobre os - Participação e
construção da paz. trabalhos realizados 10 m Pertinência
(conclusões).
Construção e registo da síntese
5m
da aula.
Síntese da aula: As religiões e as pessoas de boa vontade muito têm contribuído para a construção da paz que é um desejo e um imperativo ético da
humanidade.
Quadro 6: Planificação da 6ª aula da UL 4
36
RELATÓRIO DE PRÁTICA LETIVA

Data: 28 de maio de 2019 Turma: 7ºA


N.º de Lição: 31 Aula: 6 Horário da aula: 8h15min - 9h05min

A última aula da Unidade Letiva 4 foi lecionada pela professora Cooperante Margarida
Portugal, planifiquei-a e construi os materiais usados.

Para esta aula planifiquei um objetivo: “Identificar o papel das religiões na construção
da paz em situações vitais do quotidiano”

Para dar cumprimento ao objetivo planificado, elaborei o PowerPoint – “Regra de Ouro”


(anexo 13)30.

A aula inicia-se com a recapitulação dos conteúdos lecionados na aula anterior, podendo
ser feita uma articulação com os conteúdos da Unidade Letiva 2 – “As religiões”,
nomeadamente “Máximas elementares da humanidade, comuns às grandes tradições
religiosas”, pois como refere o manual “todas as religiões defendem princípios, regras e
valores éticos conducentes à paz”31. Outra conclusão retirada da UL2, deve-se ao facto,
destas tradições estarem conscientes da importância do diálogo inter-religioso de forma
a construir a paz e a promover o bem comum. Este conteúdo já havia sido referido na
última aula lecionada da Unidade Letiva 2.

Aos recordarmos as “Máximas elementares da humanidade, comuns às grandes tradições


religiosas”, permitiu expor aos alunos que existe uma máxima comum a todas tradições
religiosas - a Regra de Ouro32 - que apesar de ter formulações diferentes nas várias
tradições religiosas, é transversal a todos os credos. Como refere António Estanqueiro, à
Agência Ecclesia “Apesar das diferenças na sua formulação, a regra de ouro é comum
às grandes religiões: judaísmo, cristianismo, islamismo, hinduísmo e budismo, entre
outras. Para além disso, encontra-se em diversas culturas e filosofias, desde a
Antiguidade, sendo compartilhada por crentes e não crentes de todo o mundo, ao longo

30
Portefólio PES 141 a 144.
31
Cordeiro, et al., Quero Saber! – Manual do Aluno – Educação Moral e Religiosa Católica – 7º. Ano do
Ensino Básico, 151.
32
«A regra de Ouro é um princípio ético fundamental com origens na sabedoria de antigas tradições
culturais, religiosas e filosóficas da humanidade. A “regra de ouro” indica-nos o caminho para cultivar
relações humanas mais saudáveis e contribuímos para a construção de uma sociedade melhor. Assim, no
sentido ético, esta regra desafia cada um de nós a cuidar de si mesmo e dos outros, a amar o próximo como
a si mesmo.» acedido a 14 de março de 2022, https://agencia.ecclesia.pt/portal/a-regra-de-ouro-e-as-
relacoes-humanas/.

37
da história. É património universal”33. Exemplifiquei a Regra de Ouro do Cristianismo,
do Islamismo, do Judaísmo e do Confucionismo. A Regra de Ouro exprime-se em duas
formulações diferentes, uma negativa e outra positiva. O filósofo chinês Confúcio deixou-
nos uma formulação negativa “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”
(Os Anacletos 15, 23). No entanto, a formulação mais positiva, mais exigente, vem dos
ensinamentos de Jesus de Nazaré: “o que quiserdes que outros vos façam, fazei-lho
vós”.34 Junto a cada Regra de Ouro coloquei os símbolos da respetiva tradição religiosa,
de forma a recapitular este conteúdo já lecionado na Unidade Letiva 2.

Volto a referir que a paz é o grande sonho da Humanidade, como já foi identificado na
primeira aula desta unidade letiva e que a sua construção deve ser permanente e
inevitável. Todos os homens e mulheres devemos dar o nosso contributo, ninguém se
deve “demitir” desta função, independentemente da raça, da nacionalidade ou do credo.

Para consolidar os conteúdos, proponho uma atividade realizada a pares, para o qual
elaborei três perguntas sobre o conteúdo planificado para esta aula. Os alunos deverão
expor as suas conclusões à restante turma, o que permite ao professor verificar se os
alunos adquiriram os conteúdos. No entanto, a terceira pergunta possibilita que os alunos
criem um compromisso pessoal, de forma a se tornarem verdadeiros construtores da paz.
Para terminar, após as apresentações das respostas por parte dos alunos, será elaborada a
síntese final da aula.

2.3 – Processos de Avaliação da UL4

A avaliação é um dos instrumentos do processo ensino-aprendizagem, de grande


importância para os discentes, uma vez que contribui para mais uma etapa do
desenvolvimento integral de cada aluno, como pessoa humana. Não se limita ndo
a alguns momentos pré-definidos entre alunos e professores, a avaliação deve ser
um processo contínuo desde a primeira à última aula do ano letivo. Mas esse
processo também deverá ser sistemático, e assim poderá ser organizado e

33
António Estanqueiro, “A regra de ouro e as relações humanas”, Agência EccIesia em 19 de abril de
2021, acedido a 14 de março de 2022, https://agencia.ecclesia.pt/portal/a-regra-de-ouro-e-as-relacoes-
humanas/.
34
Estanqueiro.

38
planificado de forma a melhorar o ensino-aprendizagem de cada aluno
individualmente, ou até de uma turma.

«O objetivo da avaliação é ajudar a aprender» 35, neste sentido os instrumentos de


avaliação devem ser diversificados e adequados a cada grupo etário, assim como
às caraterísticas de cada turma, porque uma das metas da avaliação é o sucesso
de cada aluno. Pela minha experiência profissional, apesar de t er várias turmas
do mesmo ano letivo, nem sempre posso aplicar os mesmos instrumentos de
avaliação ou os mesmos materiais pedagógicos, porque as turmas têm
caraterísticas diferentes. Os alunos, apesar de serem das mesmas idades, têm
interesses e experiências sociais e familiares diferentes, o que faz com que o
nosso trabalho como professores seja único, e não um simples débito de
conteúdos. É a riqueza e experiência de cada aluno que torna cada aula de
Educação Moral e Religiosa Católica única e autêntica.

«Avaliação deve ser um processo contínuo e sistemático, percorrendo toda a


planificação, e devidamente alicerçada em instrumentos adequados » 36, neste
sentido, criei uma nova dinâmica para a avaliação da Unidade Letiva 4 – “A Paz
Universal”, e dado que não foi possível lecionar a aula que estava programada
para a realização da ficha de avaliação.

Em todas as aulas da unidade realizei um pequeno momento de avaliação. Na


primeira aula propus a realização de uma questão de resposta alternativa e uma
questão de associação ou correspondência em que os alunos participaram
oralmente, quase em uníssono, e de onde concluo-o que adquiriram os conteúdos.
Posteriormente propus um pequeno exercício de reflexão em que, de forma
individual, os alunos elaboraram frases alusivas à importância da paz; alguns
exemplos constam do relatório de aula.

Na aula dois sugeri um exercício de interpretação de notícias alusivas à falência


da paz, trabalho a realizar em grupo (anexo 3) 37. O balanço da realização deste
trabalho foi muito satisfatório, os grupos conseguiram identificar as situações de

35
Ambrosio, Avaliar em EMRC. Pistas para um caminho, 4.
36
Secretariado Nacional de Educação Cristã, Programa de Educação Moral e Religiosa Católica, (Lisboa:
Fundação Secretariado Nacional de Educação Cristã, 2014), 160; daqui em diante designado Programa de
EMRC.
37
Portefólio PES 118 e 119.

39
falência de paz descrita na notícia e as respetivas causas e consequências, que
foram apresentadas posteriormente à turma.

Na aula três propus a realização de uma ficha de trabalho ( anexo 5) 38, onde
constava o preenchimento de um crucigrama e, para tal, os alunos podiam
recorrer ao manual, e também uma questão de escolha múltipla. Os resultados
foram muito satisfatórios, onde 50% dos alunos obtiveram a classificação
máxima. Apenas um aluno não conseguiu um resultado minimamente satisfatório.

Na aula quatro sugeri um novo trabalho em grupo e em que cada grupo tinha que
elaborar um pequeno cartaz sobre uma instituição promotora da paz, mas o tempo
foi insuficiente e alguns grupos não terminaram, de qualquer forma verifiquei
que o que conseguiram elaborar correspondia ao pedido (anexo 9) 39.

Na aula cinco propus uma nova ficha de trabalho (anexo 11) 40 e na aula seis um
pequeno questionário para realizar a pares. Nestas duas aulas as atividades foram
dinamizadas pela professora cooperante.

Como já referi, a agitação da turma ao longo do ano foi aumentando e em


particular no último período. No entanto, apesar da agitação, na sua maioria, os
alunos revelaram-se responsáveis, empenhados e colaborativos, concentrando-se
nas atividades propostas e quando questionados oralmente responderam
corretamente. Neste sentido faço uma avaliação muito positiva na aquisição dos
conteúdos lecionados ao longo da unidade letiva. No entanto, na avaliação feita
dos seus trabalhos não espelharam as atividades desenvolvidas, algo que vim a
constatar também na atividade de intervenção da escola.

As atividades de Intervenção da Escola foram promovidas pela professora


cooperante e os professores do Núcleo de Estágio, consideradas relevantes para
o percurso realizado pelos alunos e/ou turmas, sobre as unidades letivas e os
respetivos conteúdos. Neste sentido, foram realizadas duas atividades para os
alunos inscritos na disciplina de EMRC, do 7º ano de escolaridade, a saber um a
visita de estudo a Templos e um acantonamento. Na primeira atividade os alunos
visitaram a Mesquita, a Sinagoga de Lisboa e a Igreja de S. Martinho em Sinta.
A segunda atividade consistiu na participação de um acantonamento na Quinta

38
Portefólio PES 126
39
Portefólio PES 132
40
Portefólio PES 139

40
da Fonte com o objetivo de convívio entre os alunos das várias turmas do 7º ano,
promovendo valores como a tolerância, o respeito, a solidariedade, a partilha, a
entreajuda, mas também recordando os vários conteúdos lecionados das unidades letivas
relativas planificadas para o 7º ano.

2.4 – Reflexão acerca da Lecionação

A planificação de cada Unidade Letiva é fundamental para o trabalho de todos os


professores. Neste sentido, e como já referi, foram previstas sete aulas para a lecionação
desta unidade “A Paz Universal”. A última aula estava reservada para um momento de
avaliação individual - “ficha de avaliação”, mas a aula não se realizou devido a uma
atividade escolar. Quando tomei conhecimento da situação, e não querendo prejudicar os
alunos relativamente a conteúdos que ficariam por lecionar, optei por repartir o momento
de avaliação por várias atividades de consolidação de conhecimentos/avaliação ao longo
da lecionação da unidade.

Os alunos foram sempre muito participativos e empenhados nas atividades propostas e


conseguiram bons resultados. Também como já havia referido, embora se tratasse de uma
turma agitada, eram trabalhadores e atingiram com facilidade os objetivos definidos.

Nesta unidade letiva tive alguma dificuldade na gestão do tempo, uma vez que os alunos
nem sempre foram pontuais, e por vezes necessitaram de mais tempo do que o previsto
para a realização das atividades propostas. A construção da síntese final ficou muitas
vezes comprometida, e neste caso os alunos apenas registaram no caderno diário a que
lhes disponibilizei.

Na minha opinião, julgo que não penalizei os alunos uma vez que tive o cuidado de na
aula seguinte preparar uma síntese mais cuidada da aula anterior, com a recapitulação dos
conteúdos mais exaustivamente.

No que se refere à análise crítica da Unidade Letiva 4 – “A Paz Universal”, considero


pertinente ser a última unidade do programa de 7º ano, já que esta permite a articulação
de conteúdos com as outras unidades do programa, nomeadamente a temática da
promoção do bem comum e da paz. Assim, articulei com a Unidade Letiva 1 – “As
Origens” e os conteúdos “cuidado e respeito por todas as coisas criadas” e “respeitar os

41
seres vivos”. Na Unidade Letiva 2 – “As Religiões” com os conteúdos “o diálogo inter-
religioso na construção da paz e do bem comum” e na Unidade Letiva 3 – “Riqueza e
Sentido dos Afetos” com os conteúdos “Procurar o bem-comum” e “Viver a felicidade na
entrega aos outros”.

Com a lecionação desta Unidade Letiva, melhorei essencialmente na forma de planificar,


no entanto, ainda tenho que fazer um maior esforço em termos de tempo a dedicar a cada
atividade de consolidação.

2.5 – Interrogações decorrentes da Prática Letiva

Ao longo do ano letivo, foram surgindo algumas questões e preocupações, resultantes das
inquietações, dúvidas e interesses dos próprios alunos, à medida que os conteúdos do
programa da disciplina eram lecionados.

Alguns temas estão presentes no nosso quotidiano e são cada vez mais evidentes e
preocupantes para a maioria das pessoas, e de todas as idades. Estas preocupações são
divulgadas através da comunicação social alertando-nos diariamente que é necessário
agir, refiro-me às mudanças climáticas, à poluição, às guerras, atentados ou terrorismo, e
outros menos referidos como a defesa dos direitos humanos, tanto sociais como culturais,
defesa dos direitos dos animais, ameaças à biodiversidade, entre outros. Estes temas
evidenciam alguns sentimentos por parte dos alunos, desde a preocupação à revolta. É
sem dúvida muito importante a preocupação dos jovens, pois eles serão o futuro da
humanidade e os cuidadores da nossa casa comum.

Estes temas estão presentes nos conteúdos da disciplina de EMRC, em particular no


programa do 7ºano de escolaridade. No entanto, considero que seria importante integrar
também outros assuntos muito atuais. As questões ecológicas deveriam ser consideradas
como um objetivo para a construção da paz entre as nações. O programa refere-se apenas
a ecologia ambiental, no entanto, julgo que dever-se-ia fomentar um estudo mais amplo
destas questões, ou seja, a ecologia integral. Assim como o contributo da disciplina de
EMRC para a formação integral dos alunos, no que se refere a estes assuntos.

Neste sentido, para o 7º ano, proponho um itinerário que culmina com a última unidade
letiva e que faz de fio condutor entre as unidades anteriores, ou seja, permite a articulação

42
das várias unidades letivas do programa do 7º ano e respetivos conteúdos, mas que
também proporciona a interdisciplinaridade.

A unidade letiva 4 “Paz Universal”, iniciou com a questão “Qual o grande sonho da
Humanidade?”. Sem dúvida que esse sonho é a paz. Como refere o Papa Francisco «A
paz é um bem precioso, objeto da nossa esperança; por ela aspira toda a Humanidade»41.
Para que se realize este sonho deve-se promover o Bem Comum (conteúdo que é
lecionado na Unidade letiva 3: “A riqueza dos Afetos”42), para todos os homens e
mulheres e para todas as Nações. Mas outra das preocupações da humanidade é o sentido
da vida, nesta questão as Religiões têm um papel importante, nomeadamente nos
conteúdos lecionados na Unidade Letiva 2 “As Religiões”. Em particular, a Unidade
Letiva 1 refere a grande responsabilidade do homem na promoção da Ecologia Ambiental,
no entanto, proponho alargar o horizonte para uma Ecologia Integral.

Nestas inquietações da humanidade em geral, mas também dos nossos alunos, é


necessária a colaboração de todos de forma contínua e permanente, tal como refere o Papa
Francisco «a paz é uma construção que deve estar constantemente a ser edificada, um
caminho que percorremos juntos procurando sempre o bem comum e comprometendo-
nos a manter a palavra dada e a respeitar o direito».43

No próximo capítulo procuro apresentar um percurso sobre o estudo de alguns conceitos


importantes para a disciplina de EMRC e que são a base para o desenvolvimento dos
temas referidos anteriormente. Conceitos como bem, bem comum, ecologia e ecologia
integral. Estes são sem dúvida ingredientes fundamentais para a construção da paz, para
a promoção do bem comum, da dignidade humana e o cuidado da casa comum,
fundamental ao longo dos tempos e em particular nos dias de hoje.

41
Papa Francisco, Mensagem do 53º Dia Mundial da Paz, “A paz como caminho de esperança, diálogo,
reconciliação e conversão ecológica”.
42
Ao ser lecionado o conteúdo “crescer e ser adulto é fazer escolhas na perspetiva do amor” – “procurar o
bem comum”. Sendo a vocação de cada pessoa o amor gratuito, desinteressado, sincero e fraterno, que se
preocupa com o outro e procura o bem para todos.
43
Papa Francisco, Mensagem do 53º Dia Mundial da Paz, “A paz como caminho de esperança, diálogo,
reconciliação e conversão ecológica”.

43
Capítulo 2 - CUIDADO DA CASA COMUM

1 – Ecologia integral

O termo Ecologia deriva do termo grego Ökologie, que por sua vez deriva da junção de
dois termos, “oikos” e “logos”, que significam respetivamente casa e razão/pensamento.
Neste sentido, Ecologia é um ramo da Biologia que estuda as numerosas correlações
existentes entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, mostra como se estabelecem
sistemas de dependência entre os vários elementos de um meio. O termo foi criado pelo
cientista alemão Ernst Haeckel44.

Mas este termo é muito mais amplo, podendo ser definido num ponto de vista mais
sociológico, filosófico, religioso ou ético, entre outros. «Num ponto de vista filosófico,
religioso ou ético, o dado primeiro dos ecossistemas leva a reflexões que insistem no
valor próprio e na interdependência de todos os seres vivos da natureza.»45 No ponto de
vista teológico urge uma nova tarefa de «criticar e repensar ao mesmo tempo a visão cristã
do lugar do homem na criação e a sua responsabilidade para com as outras criaturas»46.

Considerando um termo ainda mais amplo e complexo referido pelo Papa Francisco,
Ecologia Integral, nomeadamente na Carta Encíclica Laudato Si’. É um termo vasto que
inclui várias dimensões, desde as humanas às sociais, aspetos importantes a ter em conta
na atual crise ecológica/climática mundial. Dado que «tudo está estreitamente interligado
no mundo»47, podemos afirmar que a «qualidade de vida das pessoas depende da
qualidade de vida do ambiente. A ecologia do planeta, mas também do humano,
irremediavelmente ligado à casa comum».48 A ecologia integral abrange várias
dimensões, tais como humana, social, ambiental, económica e cultural, tendo como
princípio o bem comum. Podemos assim resumir que «a ecologia é essencialmente
antropológica»49, devido ao domínio que o homem tem sobre a natureza resultado do

44
Cf. Augusto da Silva, «Ecologia», em Lexicoteca – Moderna Enciclopédia Universal, 1623º Edição, vol.
7, (Lisboa: Círculo de Leitores, 1985), 86.
45
Jean-Yves Lacoste, «Ecologia», em Dicionário Crítico de Teologia, (S. Paulo: Edições Paulinas, 2014),
592.
46
Jean-Yves Lacoste, «Ecologia», 592.
47
Vaz, “Ecologia integral a partir de Gn 1”, 62.
48
Vaz, 63.
49
Vaz, 60.

44
progresso científico e tecnológico50. A situação começou a desenhar-se deste o
renascimento, quando o homem se toma o centro do mundo, designado por
antropocentrismo. Por outras palavras, o homem deixa de ser o colaborador de Deus, para
se tornar o próprio Deus. Alguns historiadores referem que a religião é responsável pela
crise ecológica, principalmente o Cristianismo51. Esta situação remete-nos para Gn 152,
nomeadamente no excerto “submeter a terra”,

o domínio sobre a terra é uma expressão e a consequência de ele ser designado “imagem
de Deus” no mundo: supõe o dever de olhar para o mundo e de evitar a indiferença para
com ele. […] Ou seja, este domínio é o exercício efetivo da visão do ser humano como
representante de Deus na terra; é uma forma de interpretar a sua missão funcional.53

Adolphe Gesché54 refere que a terra se pode tornar num lugar terrível e inabitável, não só
no sentido material, moral, mas também espiritual. Pois a problemática ecológica e as
crises são uma consequência dramática da atividade descontrolada do ser humano, que
poderá ter como consequência a destruição da natureza e de si próprio. Um crime contra
a natureza é sem dúvida um crime contra a Humanidade e contra o seu Criador – Deus.

Não faz sentido referir uma dimensão social e outra ambiental, como ambas estão
interligadas mencionámos uma dimensão mais complexa, a dimensão socioambiental.
Como refere o Papa Francisco «como cada organismo é bom e admirável em si mesmo
pelo facto de ser uma criatura de Deus, o mesmo se pode dizer do conjunto harmónico de
organismos num determinado espaço, funcionando como um sistema» (LS 140), daí a
importância de se fazer um uso sustentável dos nossos recursos.

Mas também se pode referir a uma ecologia social pois as instituições também se
encontram em crise, estejam elas relacionadas com as comunidades locais, com o Estado
e não só. Refiro-me por exemplo, à família, à injustiça, à perda de liberdade, à violência,
à falta de relações humanas (isolamento), à falta e paz, entre outras. Como refere o Papa
Francisco,

Neste sentido, a ecologia social é necessariamente institucional e progressivamente


alcança as diferentes dimensões, que vão desde o grupo social primário, a família, até à
vida internacional, passando pela comunidade local e a nação. Dentro de cada um dos

50
Cf. António Martins, “Para uma ecologia integral – acentuações da Laudato Si’”, 168.
51
Cf. Martins, 170.
52
Cf. Vaz, “Ecologia integral a partir de Gn 1”, 59.
53
Vaz, 60.
54
Cf. Adolphe Gesché, El Cosmos: Dios para pensar IV, 2ª edição (Salamanca: Ediciones Sígueme,, 2010).

45
níveis sociais e entre eles, desenvolvem-se as instituições que regulam as relações
humanas. Tudo o que as danifica comporta efeitos nocivos, como a perda de liberdade, a
injustiça e a violência. […] Tanto dentro da administração do Estado, como nas diferentes
expressões da sociedade civil, ou nas relações dos habitantes entre si, registam-se, com
demasiada frequência, comportamentos ilegais. (LS 142)

Uma ecologia económica, dado que os governos, nos seus programas, devem incluir a
proteção do ambiente e o desenvolvimento humano e social, dado que «hoje, a análise
dos problemas ambientais é inseparável da análise dos contextos humanos, familiares,
laborais, urbanos, e de relação de cada pessoa consigo mesma, que gera um modo
específico de se relacionar com os outros e com o meio ambiente» (LS 141), e não tendo
apenas como objetivo fins lucrativos.

Quando se menciona uma ecologia cultural, tal como refere o Papa Francisco, abrange o
património natural, histórico, artístico e cultural. «É preciso integrar a história, a cultura
e a arquitetura de um lugar, salvaguardando a sua identidade original. Por isso, a ecologia
envolve também o cuidado com as riquezas culturais da humanidade, no seu sentido mais
amplo» (LS 143), tais como as culturas locais. A variedade cultural é um tesouro para a
Humanidade que a economia global vai “engolindo”.

O Papa Francisco na sua Carta Encíclica Laudato Si’ refere uma ecologia da vida
quotidiana ou ecologia humana (LS 147), no sentido em que também é necessário que se
produza uma melhoria na qualidade da vida humana. Nomeadamente o cuidado com os
espaços comuns, incluindo um bom relacionamento com os que vivem ao nosso lado,
criando laços de amizade e de boa convivência; habitações adequadas e dignas que
permitam o desenvolvimento saudável e harmonioso das famílias; acesso a empregos
dignos (que os seus trabalhadores não sejam escravizados) e a cuidados de saúde; viver
em segurança e em locais pouco poluídos, entre outros. «A aceitação do próprio corpo
como dom de Deus é necessária para acolher e aceitar o mundo inteiro como dom do Pai
e casa comum (Geshé 2010); pelo contrário, uma lógica de domínio sobre o próprio corpo
transforma-se numa lógica, por vezes subtil, de domínio sobre a criação.» (LS 155)

Como refere Isabel Varanda, a ecologia é «um território educativo de intervenção


prioritário»55. Assim é necessário começar a agir já dada a emergência, onde é necessária

55
Isabel Varanda, “A salvação do planeta é bandeira das religiões”, Entrevista semanal da Agência
ECCLESIA/Renascença, em 6 de dezembro de 2019, acedido a 16 de agosto de 2021,
https://agencia.ecclesia.pt/portal/a-salvacao-do-planeta-e-bandeira-das-religioes-isabel-varanda/.

46
a colaboração de todos, pois «é fundamental buscar soluções integrais que considerem as
interações dos sistemas naturais entre si e com os sistemas sociais.» (LS 139).

Nos últimos anos têm sido realizadas inúmeras conferências, declarações, discursos e
alertas sobre as questões ecológicas. Este desafio requer uma resposta imediata, e não
progressiva, onde é necessário um compromisso de todos. Tal como o Papa Francisco
refere, é necessária “uma revolução cultural”, pois uma revolução é “algo que acontece
no imediato”, são necessárias respostas imediatas porque a situação é traumática e as
consequências são visíveis todos os dias. Assim é essencial uma mudança drástica das
maneiras, hábitos e costumes de agir de cada homem e cada mulher.

Mas todos podemos começar por pequenos gestos, pois a «ecologia integral é feita
também de simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da
exploração, do egoísmo». (LS 230)

Neste sentido é importante definir estratégias objetivas e bem definidas, com a


colaboração das várias áreas do saber, onde as religiões são chamadas a darem o seu
contributo. Como refere Isabel Varanda «as religiões, juntamente com as outras ciências
poderiam ter um papel fundamental em fornecer pilares teóricos que fundamentam o
nosso agir»56. No vocabulário das religiões é muito comum usar o termo “salvação”,
assim não se podem demitir de dar o seu contributo para a salvação do mundo. Refiro-me
as todas as religiões, mas em particular, as grandes religiões monoteístas, onde se inclui
o Cristianismo, que podem contribuir através de um trabalho de diálogo inter-religioso.

Tal como as religiões podem ter um papel importante na resposta ecológica, também o
devem fazer na promoção do bem comum. Pois se todos os homens e mulheres se
regessem pelo princípio do bem comum, nenhum ser humano se via privado dos seus
direitos, nem haveria tantas desigualdades.

Em suma, «só a análise integral da origem do atual problema ecológico poderá conduzir,
consequentemente, a soluções integrais, que contemplam os diferentes aspetos da vida
humana em sua relação com o meio ambiente»57, e como «tudo está relacionado» (LS
137), «o futuro ecológico passará necessariamente, por uma nova relação do Homem com
a terra e por um novo humanismo»58.

56
Varanda.
57
Martins, 174.
58
Martins, 172.

47
É importante cuidar das próprias relações humana, e posteriormente das relações humanas
com a natureza e o meio ambiente. Como menciona António Martins «o futuro da cultura
ecológica envolve todas as dimensões do humano; passa por uma ecologia integral que
pressupõe também uma antropologia integral»59. Assim como refere o Papa Francisco:

A cultura ecológica não se pode reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais para
os problemas que vão surgindo à volta da degradação ambiental, do esgotamento das
reservas naturais e e da poluição. Deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma
política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham
resistência ao avanço do paradigma tecnocrático. (LS 111)

Desta forma, todos os homens e mulheres são solidários, todos têm os mesmos direitos e
devem participar na construção do bem comum, assim como no cuidado da casa comum.60

2 – Bem comum

O bem é muito mais do que o antónimo do mal. O bem é «objeto de aspiração e do desejo,
com que se relacionam determinados predicados de valor, como por exemplo, os bens
físicos, biológicos ou espirituais.»61

O termo “bem comum” é muito usado no nosso quotidiano, tanto em ambiente político,
como social, religioso, entre outros. É difícil encontrar-se uma única definição, mas sim
várias, como por exemplo,

o bem comum é o conjunto das condições externas necessárias para que o indivíduo
enquanto membro da sociedade possa concretizar as suas aspirações materiais, culturais
e religiosas. Trata-se, por conseguinte, de assegurar o bem essencial que é comum a todos
e cada um dos cidadãos.62

Esta missão de assegurar o bem essencial a todos e a cada um, é da responsabilidade de


todos, desde a família, à associação, à empresa, à cidade, à região, à comunidade, mas

59
Martins, 172-173.
60
Cf. Conferência Episcopal Portuguesa, “Carta Pastoral Responsabilidade solidária pelo bem comum”,
acedido a 12 de fevereiro de 2021, https://www.conferenciaepiscopal.pt/v1/responsabilidade-solidaria-
pelo-bem-comum/.
61
Augusto da Silva, «Bem», em Lexicoteca – Moderna Enciclopédia Universal, 1619º Edição, vol. 3,
(Lisboa: Círculo de Leitores, 1984), 168.
62
Augusto da Silva, «Bem comum», 168.

48
principalmente do Estado. Assim ninguém está isento de colaborar com as suas
capacidades no dever de obter o bem e a felicidade que aspiramos.63

Desta forma, «o Estado deve garantir coesão, unidade e organização à sociedade civil de
que é expressão, de modo a que possa alcançar-se o bem comum com o contributo de
todos os cidadãos»64.

Para se atingir esta grande marca do bem comum requer algumas exigências de todos,
tendo em conta as condições sociais de cada época. Atualmente na nossa sociedade temos
que considerar algumas exigências, tais como:

os egoísmos individualistas, pessoais e grupais, sem perspetiva do bem comum mais


global; o consumismo, fruto de um modelo de desenvolvimento, fomentado pelos
próprios mecanismos da economia, que gera clivagens entre ricos e pobres e gera
insensibilidade a valores espirituais; a corrupção, que se exprime em formas perversas,
violadoras da dignidade humana e da consciência moral pelo bem comum; e a exclusão
social, gerada pela pobreza, pelo desemprego, pela falta de habitação, pela desigualdade
no acesso à saúde e à educação, pelas doenças crónicas, e que atinge particularmente as
famílias mais carenciadas, as crianças e as pessoas idosas, e determinados grupos
sociais.65

É importante o homem se empenhar nesta missão de promover o bem para ele mesmo,
mas também para o outro, começando pelos bens mais básicos da vida humana, como a
alimentação, a habitação, a saúde, entre outros. Ou bens ainda maiores tais como a paz
ou a ecologia, para «edificar uma sociedade mais justa e fraterna, mais responsável e
solidária»66. A maioria destes comportamentos têm a sua origem no coração de cada
pessoa, porque está fechado no seu egoísmo, sem olhar ao que o rodeia.67

Para se alcançar o bem comum é necessária a paz. A paz é o maior bem social. O bem
comum e a paz social estão interligados. A paz social, se não for fruto do desenvolvimento
integral de todos, irá gerar variadas formas de violência e impossibilita o bem comum de
uma sociedade ou de uma nação.

63
Cf. José Dias da Silva, Em nome de Jesus Cristo, 2ª edição (Prior Velho: Edições Paulinas, 2008), 51.
64
Silva, 52.
65
Conferência Episcopal Portuguesa, “Carta Pastoral Responsabilidade solidária pelo bem comum”, 4.
66
Conferência Episcopal Portuguesa, 5.
67
Cf. Conferência Episcopal Portuguesa, 5.

49
«O cuidado e a promoção do bem comum da sociedade compete ao Estado», refere o
Papa Francisco no nº. 240 da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. O Estado tem
que promover o desenvolvimento integral de todos, onde o direito da dignidade humana
é inviolável, e deverá ser dada mais atenção aos discriminados e aos pobres. A inclusão
social dos menos favorecidos na sociedade, assim como o cumprimento dos direitos
humanos, deve ser uma meta para todos. A dignidade da pessoa humana e o bem comum
devem sobrepor-se ao egoísmo dos que não abdicam dos seus privilégios.

Numa sociedade são variadíssimas as dimensões que constituem o bem comum, tais
como, a cultura, a educação, a saúde pública, uma economia justa, justiça social, paz
social, entre outras. Destacando a dimensão da paz, sabemos que não é apenas a “ausência
de guerra”. A paz, mais especificamente a paz social, é algo que se constrói no dia a dia,
e não deve ser efémera, mas algo que dura, e que respeita os direitos humanos e o
desenvolvimento integral do ser humano, tanto no que se refere ao corpo como ao espírito.

Neste sentido, e de forma a promover o bem comum saliento os quatro princípios


sugeridos pelo Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium. Estes
princípios têm como objetivo a construção da paz, da justiça e da fraternidade, a saber, o
tempo é superior ao espaço, a unidade prevalece sobre o conflito, a realidade é mais
importante do que a ideia, e o todo é superior à parte68. Com o primeiro princípio “o
tempo é superior ao espaço” subentende-se que devemos trabalhar a longo prazo, a pensar
no futuro das próximas gerações e não nos resultados imediatos, o que se torna difícil na
atual sociedade consumista. Esta perspetiva «ajuda a suportar, com paciência situações
difíceis e hostis ou as mudanças de planos que o dinamismo da realidade impõe» (EG
223). O princípio “a unidade prevalece sobre o conflito” seria fundamental ter presente
nos dias de hoje, e possivelmente se evitariam muitos conflitos. Sabemos que
infelizmente existem conflitos, mas que deveriam ser regidos com sabedoria para que a
unidade entre os seres humanos prevaleça. Este mesmo exemplo também permite explicar
o terceiro princípio, em que as ideias para as quais trabalhamos diariamente, não se devem
sobrepor à realidade. Não se podem impor as ideias, mas «estabelecer-se um diálogo
constante, evitando que a ideia acabe por separar-se da realidade» (EG 231). O último

68
Cf. Papa Francisco, Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, 217- 237, acedido a 20 de junho de 2022.
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-
ap_20131124_evangelii-gaudium.html.

50
princípio “o todo é superior à parte”, ou seja, não deveremos individualizar o pensamento
e a atitude mas torná-los coletivos e presentes na ação para que os outros possam
participar e partilhar, tornar “o todo” em favor da Humanidade, na Casa Comum, e não
apenas na nossa cidade ou no nosso país, evitando o egoísmo e o individualismo. O “todo”
é superior “à parte”, dado que o todo é o conjunto de todas as partes.

Se todos seguíssemos por estes quatro princípios seria fácil promover o bem comum e a
construção da paz, evitavam-se muitos conflitos, assim como muitas situações de
egoísmo e individualismo. Teríamos em atenção o outro, preocupávamo-nos em cuidar
do ser humano, dos restantes seres vivos e do planeta, não apenas num olhar no imediato,
mas um olhar a longo prazo e no futuro das novas gerações e da casa comum.

Neste sentido, o Papa Francisco também refere a importância do diálogo. O diálogo social
é um bom instrumento para a promoção do bem comum e a construção da paz. O diálogo
com os estados, com a Sociedade, com os crentes das várias religiões e os não crentes. O
diálogo entre a ciência e a fé, pois privilegia o encontro, a busca de consensos e acordos
que beneficiam todos e desta forma promovem o bem comum.

«O diálogo entre ciência e fé também faz parte da ação evangelizadora que favorece a
paz» (EG 242), pois como refere o Papa Francisco, a «fé não tem medo da razão, pelo
contrário, procura-a e tem confiança nela» (EG 242), os vários saberes complementam-
se. Todos beneficiamos deste diálogo que abre novos horizontes e novas possibilidades.

O Papa Francisco refere que o «diálogo inter-religioso é uma condição necessária para a
paz no mundo» (EG 250). O diálogo entre as diversas religiões cristãs e não cristãs devem
manter o respeito mútuo, procurando evitar conflitos de motivação religiosas, mas
encontrar tempo para o que é do interesse e da preocupação de todos, tais como, a guerra,
a violência, a violação dos direitos humanos, a pobreza, a injustiça, a proteção do planeta,
entre outros. Só o diálogo é capaz de proporcionar a oportunidade de debates saudáveis e
aceitarem decisões em conjunto que visam a proteção da casa comum, a construção da
paz e a promoção do bem comum.

Infelizmente a meta da paz e do bem comum está muito longe de ser alcançada.
Atualmente deparamo-nos a nível global com muitos conflitos, guerras, intolerâncias e
faltas de respeitos uns para com os outros. Por isso, estas questões são sempre atuais e
uma luta de todos os dias, no sentido de acabar com os confrontos.

51
Atualmente temos o terrível exemplo da guerra entre Rússia e Ucrânia, onde assistimos a
mortes, a violência, a falta dos bens mais básicos do povo ucraniano. O povo russo sofre
as sanções dos outros países. As consequências para a Humanidade, não só no presente
como em termos de futuro, são catastróficas tanto no plano económico, social, religioso,
ambiental e humano. Poderemos ainda referir um fator bastante negativo no plano da
educativo e escolar das crianças e jovens colocando em causa o seu futuro e os seus
sonhos. Podemos fazer referência a uma infinidade de situações resultantes deste ou de
outros conflitos, todos igualmente desumanos e irracionais.

Toda a humanidade tem regras básicas para sua sobrevivência, mas partir do momento
em que são quebradas a favor de interesses unilaterais colocando em causa o bem comum
do nosso mundo, todos sofremos. Há a partir deste desequilíbrio humano um aumento do
ódio entre os povos, as gerações nunca mais esquecem as atrocidades de que foram
vítimas os seus familiares, inclusivamente a sua perda.

O rumo que se dá à humanidade é cada vez mais baseado na desconfiança e na procura


da proteção com armas de guerra. Apesar de longe de um conflito, e como o mundo está
de tal maneira interligado ou globalizado, que causa sofrimento de um modo
generalizado.

Esta guerra Rússia/Ucrânia é um dos piores exemplos provocando desorientação da


sociedade, ao nível da exclusão e fuga de massas sem rumo, na vingança, no
aproveitamento por interesses económicos, na inatividade ou desligar das atenções
relativamente a graves problemas em termos ambientais que se evidenciam cada vez mais.
Tudo isto causa descrédito na casa que deveria ser uma só, comum a todos, de direitos e
deveres, de objetivos em prol do bem fazer, de partilha e sempre focados no bem-estar do
seu povo. Dificilmente estas relações saudáveis plenamente adquiridas serão retomadas,
passando mesmo a estar ausentes, em desfavor das gerações futuras.

Agora, só essas novas gerações terão ou não capacidade de alterar o rumo das coisas.
Como dizem alguns ditados populares, “o que semeares hoje é o que irás colher amanhã”,
ou “quem semeia ventos colhe tempestades”.

Em suma, a responsabilidades não deixa de ser de todos. Temos vários promotores


incansáveis da paz, tais como o Papa Francisco que alerta os governantes e a todos para
tantas injustiças e desigualdades, e a Organização das Nações Unidas. O importante é não

52
“baixar os braços” mas todos os dias lutarmos na construção de um mundo melhor e mais
fraterno.

Como já referi, o “bem comum” tem sido abordado no seio da Igreja, desde antes do
Concílio Vaticano II, sendo um dos princípios da Doutrina Social da Igreja.

A Gaudium et Spes apresenta-nos outra definição, «o bem comum compreende o conjunto


das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada um dos seus
membros, alcançar mais plena e facilmente a sua perfeição» (GS 26)

Na minha opinião, a realidade para o qual este conceito aponta, deverá ser transmitido
aos nossos alunos, desde os mais novos, com atitudes práticas, aos mais velhos, não só
no entendimento dos conceitos como nas consequências para a Humanidade. No manual
da Unidade Letiva 3 do ensino Secundário de EMRC, pode-se ler que o bem comum

é o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada
membro, alcançar mais plena e facilmente a própria realização. São áreas do bem comum:
empenho pela paz, organização dos poderes do Estado; ordem jurídica; proteção do
ambiente; serviços essenciais para as pessoas (alimentação, habitação, trabalho,
educação, saúde, cultura, etc.).69

Em suma, todos os seres humanos têm o direito e o dever de participar na construção do


bem comum, respeitando a dignidade do ser humano, promovendo os direitos humanos e
lutando pela paz, justiça, liberdade e verdade, ou seja, o bem comum deve proporcionar
as pessoas e aos grupos um desenvolvimento integral do ser humano.70 Para obter o bem
é necessário o empenho de todos, sem egoísmo, porque essa é a felicidade que todo o ser
humano aspira.

Assim, ninguém se pode “demitir”, pois «todos são responsáveis por todos, coletivamente
na procura do bem comum.»71. Tal como se refere na Gaudium et Spes:

o dever da justiça e da caridade cumpre-se cada vez mais quando cada um, contribuindo
para o bem comum segundo as suas próprias capacidades e considerando as necessidades
alheias, se preocupa também com a promoção das instituições públicas ou privadas que
servem para melhora as condições de vida humanas. (GS 30)

69
José Rui Ribeiro de Almeida Teixeira et al., Alicerces - Ética e Economia, Manual do Aluno de Educação
Moral e Religiosa Católica – Ensino Secundário (Lisboa: Fundação Secretariado Nacional de Educação
cristã, 2015), 21.
70
Cf. Conferência Episcopal Portuguesa, “Carta Pastoral Responsabilidade solidária pelo bem comum”, 7.
71
Conferência Episcopal Portuguesa, 9.

53
3 – Ecologia integral como promoção do bem comum

Como referi no ponto um deste capítulo, a ecologia integral inclui diversas dimensões, a
mais conhecida é a ambiental, mas têm também igual importância a dimensão humana e
social, assim como a económica.

Atualmente são as questões ambientais que o nosso planeta – Casa Comum – está a
enfrentar que inundam os meios de comunicação social, e que preocupam os cientistas e
o público em geral.

No entanto, «hoje, a análise dos problemas ambientais é inseparável da análise dos


contextos humanos, familiares, laborais, urbanos, e de relação de cada pessoa consigo
mesma que gera um modo específico de se relacionar com os outros e com o meio
ambiente.» (LS 141). Isto é, os problemas ambientais estão relacionados com os
problemas humanos e sociais.

Neste sentido, e como tudo está interligado, não existem apenas uma crise ambiental ou
ecológica, mas sim uma crise que envolve as várias dimensões da sociedade ao qual o
Papa Francisco designa por “uma única e complexa crise socioambiental”, para a qual
propõe algumas diretrizes para a sua resolução que «requerem uma abordagem integral
para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar
da natureza» (LS 139). Como é fácil perceber, os mais prejudicados perante as crises são
os mais frágeis e mais desprotegidos, ou seja, os pobres. Os excluídos deverão ser
incluídos nas várias dimensões desta sociedade global, que é a nossa casa, a Casa Comum
da Humanidade, que é o nosso Planeta Terra.

Esta é a grande novidade da encíclica Laudato Si e por sua vez do conceito ecologia
integral onde sugere que «todos formamos um grande e complexo todo. Há uma rede de
relações que perpassam todos os seres, ligam e religam todas as ordens»72. Todos temos
a responsabilidade de nos comprometer.

Atualmente já são bem visíveis as consequências das alterações climáticas, no que se


refere às subidas médias das temperaturas em vários pontos do planeta, o desgelo dos

72
Leonardo Boff, Ecologia Integral. A grande novidade da Laudato Si’, acedido a 3 de setembro de 2022,
https://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/543662-ecologia-integral-a-grande-novidade-da-laudato-si-qnem-
a-onu-produziu-um-texto-desta-natureza-entrevista-especial-com-leonardo-boff.

54
glaciares, a subida da altura média das águas do mar que inunda cidades e campos
agrícolas e que deixam famílias sem casa e sem local de trabalho. Estas são as imagens
que nos chocam todos os dias através da comunicação social, aparentemente parecem só
afetar a natureza, mas não é verdade pois as consequências são para todos os seres vivos
que habitam a Terra.

«O cuidado com o mundo deve ser flexível e dinâmico» (LS 144), a missão de proteger
“a nossa casa” é de todos, de forma a promover o bem comum de toda a Humanidade.

A ecologia integral inclui a dimensão da ecologia humana, no sentido de promover uma


melhoria na qualidade de vida humana. Para tal é necessário viver num ambiente de paz,
sem conflitos nem violências, num ambiente de dignidade e respeito entre todos. Por outro
lado, como adaptamos a nossa casa de forma a melhorar o “nosso sentido de pertença”,
também devemos cuidar da casa que é de todos, não só na perspetiva ambiental, mas com
habitações dignas para todos, reduzir a poluição (por exemplo, usando mais os transportes
públicos), consumir mais energias renováveis, entre outras. Todo o bem que fizermos ao
nosso redor irá ter implicações nos nossos irmãos.

O Papa Bento XVI refere que existe uma “ecologia do homem”73, isto é, cada homem
deve aceitar o seu corpo como dom de Deus, e assim respeitar-se e cuidar-se. Como o ser
humano possui uma natureza, que além de a respeitar, cria uma relação direta com o meio
ambiente e os outros seres vivos.74 Dado que não vivemos só, e nos relacionamos com
outros seres vivos, não podemos pensar somente no nosso bem, mas no bem de todos, o
que inclui o homem, os outros seres vivos, e também à nossa mãe natureza.

A questão da ecologia integral, e principalmente de ecologia humana, é indissociável a


noção de bem comum. A noção de bem comum75, já abordada, «desempenha um papel
central e unificador na ética social» (LS 156).

O ser humano deve-se desenvolver de forma integral, nas suas diversas dimensões. Para
isso é fundamental o respeito por cada um e o cumprimento dos direitos humanos,
nomeadamente na família, na escola e /ou trabalho, nos grupos de amigos e na sociedade

73
Bento XVI, Discurso da Viagem Apostólica à Alemanha, em 22 de setembro de 2011, acedido em 5 de
janeiro de 2021, https://www.vatican.va/content/benedict-
xvi/pt/speeches/2011/september/documents/hf_ben-xvi_spe_20110922_reichstag-berlin.html.
74
Cf. LS 155.
75
«conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar
mais plena e facilmente a própria perfeição» (GS 26).

55
em geral. Só assim cada pessoa pode desenvolver-se de forma integral, o que permite dar
também o seu contributo para a sociedade e para o mundo em geral, com o objetivo maior
do bem comum, ou seja, permitir o bem de si próprio, da sua família e amigos, dos que o
rodeiam e de todos numa forma geral. Neste grande objetivo pode-se incluir também a
paz como uma forma de atingir o bem comum. A paz deve ser uma “luta” de cada um em
particular e de toda a sociedade, especialmente o Estado. Como refere o Papa Francisco:

O bem comum pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos
fundamentais e inalienáveis orientados para o seu desenvolvimento integral. Exige
também os dispositivos de bem-estar e segurança social e o desenvolvimento dos vários
grupos intermédios, aplicando o princípio da subsidiariedade. Entre tais grupos, destaca-
se de forma especial a família enquanto célula basilar da sociedade. Por fim, o bem
comum requer a paz social, isto é, a estabilidade e a segurança de uma certa ordem, que
não se realiza sem uma atenção particular à justiça distributiva, cuja violação gera sempre
violência. Toda a sociedade – e, nela, especialmente, o Estado – tem obrigação de
defender e promover o bem comum. (LS 157)

O grande desafio atualmente não é somente cuidar da nossa casa comum com o objetivo
no presente, mas com uma perspetiva mais abrangente de deixar às gerações futuras um
planeta melhor ou então fazer os possíveis para o manter pelo menos da forma como o
recebemos. Somos «os primeiros interessados em deixar um planeta habitável para a
humanidade que nos vai suceder.» (LS 160)

É, sem dúvida, o sentido de responsabilidade que deve pesar em cada consciência,


individual e coletiva, assumindo um papel preponderante de “querer fazer”, sentir que se
disfrutamos desta casa com as maravilhas que nos oferece, então as gerações vindouras
têm o direito de habitar, olhar e admirar, e nunca nos indicarem como destruidores da
vida humana.

56
4 – Desafios à Lecionação

Estes temas tão presentes no nosso dia a dia, atribuem-nos uma grande responsabilidade
a todos, principalmente aos educadores. Numa primeira instância aos pais, depois aos
professores e à escola, e por fim à sociedade e o Estado.

Iremos cingir-nos ao campo educacional, nomeadamente à disciplina de Educação Moral


e Religiosa Católica, assim como ao respetivo currículo, que é tão rico e diversificado.

Nos três ciclos do ensino básico e no ensino secundário, os temas ecologia e bem comum
são abordados por diversas vezes. No 1º ciclo na UL4: “Cuidar da Natureza”, do 1º ano,
com o objetivo de «promover atitudes de respeito pela vida na Terra»76.

No 2º ciclo são referidas estas temáticas no 5º e 6º ano. Na UL4: “Construir a


Fraternidade” (5º ano) com o objetivo “comprometer-se na construção de um mundo mais
fraterno promovendo o bem comum e o cuidado do outro”77 e na UL1: “Pessoa Humana”
(6º ano) cujo o objetivo é «conhecer organizações católicas que trabalham para a
promoção da dignidade humana»78, pois a Igreja Católica defende os direitos das crianças,
entre outros.

O programa do 3º ciclo também muito rico nos temas da ecologia, da paz e do bem
comum. No que se refere ao 7º ano, na UL1 “As origens” no cuidado e respeito com todas
as coisas criadas, com objetivo «assumir comportamentos responsáveis em situações
vitais do quotidiano que implicam o cuidado da criação»79. Na UL2: “As religiões”, no
objetivo «Identificar os princípios éticos comuns das várias religiões reconhecendo as
suas implicações na vida quotidiana»80, tendo como finalidade a promoção do diálogo
inter-religioso para a construção da paz e do bem comum. Na UL3: “Riqueza e sentido
dos Afetos” com o objetivo de «conhecer a mensagem cristã sobre a felicidade e a
realização pessoal»81, nomeadamente saber fazer escolhas na perspetiva do amor e
procurar o bem comum. E na UL4: “A Paz Universal”, no objetivo «Identificar o papel
das religiões na construção da paz em situações vitais do quotidiano»82, dado que a

76
Programa de EMRC, 24.
77
Programa de EMRC, 60.
78
Programa de EMRC, 62.
79
Programa de EMRC, 72.
80
Programa de EMRC, 76.
81
Programa de EMRC, 81.
82
Programa de EMRC, 84.

57
construção da paz é um desejo e um imperativo ético para a Humanidade. No 8º ano a
UL4: “Ecologia e Valores”, todos os conteúdos são destinados ao respeito e valorização
da Casa Comum. No que se refere ao ensino Secundário nas Unidades Letivas “Política,
Ética e Religião” e “Ética e Economia” com o objetivo «conhecer os princípios gerais da
Doutrina Social da Igreja»83, nomeadamente o bem comum. É importante a
consciencialização das nossas crianças e jovens para os problemas que o nosso planeta
enfrenta, assim como, todos juntos, tomarmos medidas para proteger a Casa Comum e os
que nos rodeiam.

Na Sagrada Escritura já se encontram algumas sugestões ecológicas, ou seja, «uma


maneira segura de manter limpa a Terra é - como sugere Gn 1 – pôr a dignidade, o bem
estar, a promoção contínua e os direitos inalienáveis do ser humano no centro da
solicitude pelo seu mundo».84

O Papa Francisco, na encíclica Laudato Si’, refere que pertencemos a uma sociedade
consumista, onde o mercado tende para um mecanismo consumista compulsivo, onde as
pessoas compram produtos desnecessários e supérfluos. Este é outro dos problemas da
nossa era, consequentes deste tipo de sociedades e de um egoísmo coletivo, os problemas
sociais,

por isso, não pensemos só na possibilidade de terríveis fenómenos climáticos ou de


grandes desastres naturais, mas também nas catástrofes resultantes de crises sociais,
porque a obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo quando poucos têm
possibilidades de o manter, só poderá provocar violência e destruição recíproca. (LS 204)

Este é um grande desafio deixado pela carta encíclica Laudato Si’, a necessidade de uma
mudança de estilos de vida, num desafio cultural, espiritual e educativo, para todos nós
em particular e para a sociedade em geral.

A Carta da Terra85 convida-nos a começar de novo, desenvolvendo uma nova capacidade


de sair de si mesmo rumo ao outro e superando o individualismo, porque «quando somos

83
Programa de EMRC, 106.
84
Vaz, “Ecologia integral a partir de Gn 1”, 63.
85
A carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, de uma sociedade
global justa, sustentável e pacifica.
O documento proposto durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro em 1992. E é resultado de uma década de diálogo
intercultural, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. De forma a reconhecer que objetivos
como a proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento económico equitativo, respeito dos
direitos humanos, democracia e paz são interdependentes e indivisíveis.

58
capazes de superar o individualismo, pode-se realmente desenvolver um estilo de vida
alternativo e torna-se possível uma mudança relevante na sociedade.» (LS 208)

Neste sentido, é fundamental nos dias de hoje educar as nossas crianças para um mundo
mais humano, um mundo que não seja somente baseado no consumismo, no
individualismo, na deterioração cultural, na insensibilidade para os problemas sociais,
como a fome, o racismo, entre outros; a falta de atenção por parte das famílias
(nomeadamente, as crises nos laços familiares). No meio escolar já é possível assistir a
situações de egoísmo, de crianças que não emprestam os seus materiais escolares, ou o
seu manual. Situações de racismo e bullying que são muito humilhantes e destroem a
autoconfiança das crianças. De crianças que ficam destroçadas por situações familiares
difíceis, como a violência ou o divórcio, o que as deixa desprotegidas e inseguras.

Neste sentido é necessário que se eduquem as crianças para um mundo mais fraterno, um
mundo em que alguns interesses, não se sobreponham, em prejuízo dos demais. Que seja
um mundo onde é importante o que nos faz felizes, numa grande aposta no sentido
concreto da importância da partilha, na mesma turma ou na mesma escola, com o objetivo
de levar para fora, para o dia a dia familiar ou comunitário. Temos que educar as nossas
crianças para o bem comum. De entre as várias condições a definir para atingir o desafio
do grande e necessário equilíbrio da vida em plenitude, além de proteger os que nos
rodeiam, é cuidar do nosso planeta.

Para mudar hábitos, costumes e mentalidades é necessário começar pelas faixas etárias
mais jovens da nossa sociedade, adequando os desafios e as aprendizagens às suas idades
e ao respetivo nível de escolaridade, sendo a escola o local propício para o efeito. Este é
um desafio educativo. Tal como refere o Papa Francisco, é necessário educar para a
aliança entre a humanidade e o ambiente, porque

a educação para a responsabilidade ambiental pode incentivar vários comportamentos que


têm tendência direta e importante no cuidado do meio ambiente, tais como evitar o uso
de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo
que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se
dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar
árvores, apagar as luzes desnecessárias… Tudo isto faz parte duma criatividade generosa
e dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano. (LS 211)

59
São os pequenos gestos e ações das famílias, das escolas, dos meios de comunicação
social, entre outros que são exemplo para a sociedade e podem no futuro fazer a diferença.
No que se refere à família

cultivam-se os primeiros hábitos de amor e cuidado pela vida, como por, exemplo, o uso
correto das coisas, a ordem e a limpeza, o respeito pelo ecossistema local e a proteção de
todas as criaturas. A família é o lugar de formação integral, onde se desenvolvem os
distintos aspetos, intimamente relacionados entre si, do amadurecimento pessoal. (LS
213)

Quanto ao papel das escolas, «uma boa educação escolar em tenra idade coloca sementes
que podem produzir efeitos durante toda a vida». (LS 213)

Desta forma o Papa Francisco apela a uma conversão. Para que se dê esta mudança de
hábitos e costumes, é necessária uma conversão interior, no que se refere a esta crise
ecológica. Também denominada por conversão ecológica, isto é, «esta conversão
comporta várias atitudes que se conjugam para ativar um cuidado generoso e cheio de
ternura» (LS 220). Esta conversão implica gratidão, gratuidade e uma consciência
amorosa de não estar separado das outras criaturas.86 Não é um esforço individual, mas
sim a reunião dos esforços de cada um para um contributo único, pois «a conversão
ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança duradoura, é também uma
conversão comunitária.» (LS 219)

Esta mudança só é conquistada por quem está bem consigo mesmo. «A paz interior das
pessoas tem muito a ver com o cuidado da ecologia e com o bem comum porque,
autenticamente vivida, reflete-se num equilibrado estilo de vida aliado com a capacidade
de admiração que leva à profundidade da vida.» (LS 225)

Este é um dos grandes desafios para os professores em geral, destacando os professores


de Educação Moral e Religiosa Católica, para as famílias e para a Sociedade. A disciplina
de EMRC pode dar um grande contributo no que se refere a esta temática, não só pelo
seu perfil mas principalmente pelos conteúdos que articulam estas questões ambientais e
humanas.

A formação escolar é uma etapa fundamental para o desenvolvimento das crianças e


jovens adolescentes, e muitos dos valores, comportamentos e aprendizagens adquiridos

86
Cf. LS 220.

60
nestas idades, irão acompanhá-los na sua fase adulta e definir como pessoas a titulo
individual e também como cidadãos inseridos na sociedade.

É necessário alertar para a necessidade de respeitar e cuidar do planeta Terra e dos outros
(dos mais desprotegidos), conhecer e valorizar as riquezas da nossa Casa Comum, mas
também as suas carências. Não basta haver o “Dia da Terra” ou “Dia do Ambiente”,
embora sejam importantes para a sensibilização de todos sobre estas questões. É
necessário ensinar e propor a urgência de cuidar e respeitar o nosso planeta, tanto em
casa, como na escola, adquirindo hábitos positivos referentes à natureza, tais como:
respeitar o bem comum, reciclar e reutilizar, usar água com moderação, não poluir. Estas
aprendizagens não se limitam apenas a um campo teórico, mas também a um nível mais
prático, como visitas de campo ou visitas de estudo, adequadas às questões analisadas e
às respetivas idades. Ganham ainda mais valor porque se trata de uma discussão quase
diária sobre as alterações climáticas. A juventude com a sua irreverência, já transporta
com facilidade a ideia de alterar, consciencializar os outros, de abrir caminhos, muitas
vezes com temas que eles próprios apresentam e questionam ou discordam do que ouvem.

Em setembro de 2019, o Papa Francisco lançou um novo desafio a todas as pessoas, às


instituições, às igrejas e aos governos, um convite

ao diálogo sobre a forma de construir o futuro do planeta e sobre a necessidade de investir


nos talentos de todos, porque todas as mudanças precisam de um caminho educativo para
fazer amadurecer uma nova solidariedade universal e uma sociedade mais acolhedora.

Para este fim promoveu a iniciativa de um Pacto Educativo Global “para reavivar o
compromisso para e com as novas gerações, renovando a paixão por uma educação mais
aberta e inclusiva, capaz de ouvir com paciência, de diálogo construtivo e de compreensão
mútua”.

Trata-se de “unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras,
capazes de superar a fragmentação e a oposição e reconstruir o tecido das relações para
uma humanidade mais fraterna”.87

E é nesta caminhada educativa que todos somos chamados a intervir, de modo a formar
uma aliança no intuito de cuidar da casa comum, promover a paz, a justiça e respeito entre
todos. Desta forma, o primeiro passo é colocarmos a pessoa no centro do percurso, isto é,

87
Papa Francisco, Pacto Educativo Global, acedido a 8 de agosto de 2022,
https://www.educationglobalcompact.org/resources/Risorse/vademecum-portuges.pdf.

61
a dignidade da pessoa humana, e num segundo passo colocarmo-nos ao serviço da
comunidade.

Esta caminhada educativa pode ter sete caminhos ou compromissos possíveis, a saber,
colocar a pessoa no centro; ouvir as gerações mais novas; promover a mulher;
responsabilizar a família; educar e educarmo-nos para o acolhimento; renovar a economia
e a política; e cuidar da casa comum.88

Estes caminhos podem ser trabalhados nas diversas escolas, de forma a educar as novas
gerações para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e fraterna, promovendo
o bem comum, a paz e o cuidar com a nossa “casa comum”.

Atualmente o processo ensino-aprendizagem é centrado no aluno, em detrimento do


anterior processo educativo centrado no professor. Esta aprendizagem, centrada no aluno,
usando métodos dinâmicos, valoriza a autonomia dos alunos criando oportunidades para
pensar e refletir nos diversos conteúdos, contribuindo para a formação integral dos jovens
e crianças, valorizando todas as dimensões da ser humano, incluindo a espiritual. Este é
um dos caminhos em que ainda há muito a fazer, nomeadamente na defesa dos direitos
humanos, recordemos que o direito à paz é universal, e a muitas pessoas lhes é negado.
Assim como situações de discriminação, violência, entre outras.

No segundo caminho é importante ouvir as gerações mais novas, pois elas também nos
transmitem valores e ensinamentos que se devem ter em conta. Porque o objetivo é
construir um futuro com justiça e paz, uma vida digna para cada pessoa. O Papa Francisco
refere três verbos: ouvir, transmitir e construir juntos, assim este caminho deverá ser
trilhado com base na escuta e no diálogo atento e respeitoso entre as várias gerações.89

Outro objetivo “favorecer a participação plena das meninas e das jovens na educação”90,
promovendo os mesmos direitos entre homens e mulheres e condenar todas as situações
de discriminação e violência com as mulheres.

O primeiro sujeito educador dos nossos jovens e crianças é a família, também considerada
“célula fundamental da sociedade”. Por isso é fundamental um intercâmbio entre a escola

88
Cf. Pacto Educativo Global.
89
Cf. Pacto Educativo Global.
90
Pacto Educativo Global.

62
e a família, incentivando uma maior participação dos pais nas aprendizagens e na vida
escolar dos seus educandos.

O quinto caminho consiste em educar e educarmo-nos para o acolhimento, abrindo-nos


aos mais vulneráveis e marginalizados. Hoje, na nossa sociedade, ainda existem muitos
desequilíbrios sociais, económicos e culturais. É importante estarmos mais atentos aos
que são vulneráveis e acolhermos essas crianças e jovens. Temos o exemplo dos últimos
meses, das várias crianças ucranianas que chegaram às nossas escolas, onde é necessário
acolher e estar atento às suas necessidades e dificuldades, na diferença da língua, da
cultura, e de alguns traumas causados pela guerra. Como educadores devemos promover
a construção de um mundo mais fraterno e acolhedor.

«Estudar novas formas de compreender a economia, a política, o crescimento e o


progresso, ao serviço do homem e de toda a família humana na perspetiva de uma
ecologia integral»91, valorizando a democracia, a justiça, a igualdade, a fraternidade, a
paz e o bem comum para todos os homens.

O último caminho proposto pelo Papa Francisco é o cuidar da casa comum, tão importante
nos dias de hoje, como já referi neste trabalho. Promover entre as crianças e os jovens a
necessidade de agir, protegendo, respeitando e cuidando do nosso planeta. Devemos
adotar novos estilos de vida mais saudáveis, usar energias renováveis, criar espaços
verdes, e outros exemplos já referidos anteriormente.

Todos os homens e mulheres devem aceitar este convite feito pelo Papa Francisco, e como
«a educação e a formação tornam-se prioritárias, pois ajudam a se tornar protagonistas
diretos e construtores do bem comum e da paz», as escolas, os professores e os alunos
devem também abraçar este desafio.

Assim, é aproveitar o tempo presente para alterar consciências, onde se vive já num
planeta doente, numa “Casa Comum” a querer um tratamento urgente e que todos os dias
é manifestado nas redes sociais, na comunicação social e por alguns jovens. Vejamos o
exemplo das jovens Greta Thunberg e da Sagarika Sriram na defesa do planeta e na grande
influência causada na juventude por todo o mundo. Dar oportunidade de diversificar e
expandir estas ideias de proteção da natureza humana, animal, ambiental, é sem dúvida

91
Pacto Educativo Global.

63
um papel bem inserido nos conteúdos e lecionar, um desafio que se traduz em muita
participação por parte dos jovens.

64
Capítulo 3 – UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA NO ÂMBITO DA UL4 – “A Paz
Universal”

Como já referi no capítulo 1, foi a Unidade Letiva 4: “A Paz Universal” do 7º ano de


escolaridade a unidade de referência, no que se refere à Prática de Ensino Supervisionada
no Agrupamento Monte da Lua, na disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.

Na minha experiência profissional esta unidade letiva desperta o interesse dos alunos,
dado que envolve temas muito ligados ao quotidiano, tal como a construção da paz e de
um mundo melhor, a dignidade da vida humana e a promoção do bem comum.

Neste capítulo farei uma nova proposta pedagógica que proporcione a articulação de
conteúdos entre as várias unidades letivas do 7º ano de escolaridade e que culminam com
esta unidade letiva. E também tentarei delinear o contributo da disciplina de Educação
Moral e Religiosa Católica para uma Ecologia Integral e para a promoção do Bem
Comum.

1 - O contributo da disciplina de EMRC para uma Ecologia Integral como


promoção do bem comum

No capítulo anterior fiz a análise de alguns conceitos, tais como: ecologia, ecologia
integral e bem comum. Acho importante analisar as suas aplicações práticas no seio da
Igreja, e principalmente na disciplina de EMRC. Assim como, verificar o contributo que
esta disciplina pode dar aos nossos jovens e à sociedade em geral, nestas questões sempre
atuais e que nunca estão esgotadas na sua resolução. Refiro-me à promoção da paz, ao
cuidado com o outro, à proteção da casa comum, entre outros.

Como refere o Papa Francisco na Encíclica Laudato Si, é necessário uma “conversão
global”. Nesse sentido, Leonardo Boff refere que é importante fazer mudanças profundas
nos nossos estilos de vida, nos atuais modelos de produção e de consumo, assim como
nas estruturas do poder.92

92
Cf. Leonardo Boff., “Como cuidar da casa comum”, em 26 de agosto de 2015, acedido a 23 de agosto
de 2021, https://www.cruzeirodovale.com.br/colunas/leonardo-boff/como-cuidar-de-nossa-casa-comum/.

65
Sabemos que só muda e altera os seus comportamentos ou a sua maneira de ser, aquele
que ama. Para isso tem que se amar a si próprio, amar os outros e amar a Natureza. Só
assim é possível cuidarmos uns dos outros e da nossa casa comum.

Nos últimos anos o nosso estilo de vida tornou-se insustentável. Estamos a viver a crédito
pois as reservas naturais estão a esgotar-se mais rápido que o previsto. O Dia da
Sobrecarga da Terra93 é conhecido pelo dia em que o consumo dos recursos naturais da
terra ultrapassará a capacidade de renovação anual da Natureza, ou seja, a procura do
homem ultrapassa a oferta da Terra.

A responsabilidade pelo futuro da Terra tem que ser um projeto comum, para um bem
comum. Desta forma precisamos de todos e não podemos deixar os nossos jovens, ou
seja, os nossos alunos fora deste desafio.

Na minha opinião este é o desafio do futuro, o desafio do século, a necessidade de cuidar


da nossa casa comum, como refere Leonard Boff:

cuidar da Terra é cuidar da sua beleza, de suas paisagens, do esplendor de suas florestas,
do encanto de suas flores, da diversidade exuberante de seres vivos, da fauna e da flora.

Cuidar da Terra é cuidar de sua melhor produção que somos nós seres humanos, homens e
mulheres especialmente os mais vulneráveis. Cuidar da Terra é cuidar daquilo que ela
através de nosso gênio produziu em culturas tão diversas, em línguas tão numerosas, em
arte, em ciência, em religião, em bens culturais especialmente em espiritualidade e
religiosidade pelas quais nos damos conta da presença da Suprema Realidade que subjaz a
todos os seres e nos carrega na palma de sua mão.
Cuidar da Terra é cuidar dos sonhos que ela suscita em nós, de cujo material nascem os
santos, os sábios, os artistas, as pessoas que se orientam pela luz e tudo o que de sagrado e
amoroso emergiu na história.
Cuidar da Terra é, finalmente, cuidar do Sagrado que arde em nós e que nos convence de
que é melhor abraçar o outro do que rejeitá-lo e que a vida vale mais que todas as riquezas
deste mundo. Então ela será de fato a Casa Comum do Ser.94

93
Dia da sobrecarga da Terra marca todos os anos, o dia em que a Humanidade usou todos os recursos
biológicos que a Terra pode renovar durante todo o ano.
Estima-se que em cada ano esta data será antecipada em alguns dias. Este dia é determinado através de um
cálculo matemático, que nos dá um valor aproximado em dias (não é um valor exato).
94
Boff, Como cuidar da casa comum.

66
O desafio consiste em encontrar o «remédio certo para os sintomas desta doença
coletiva»95. Mas este remédio ainda não é conhecido, as respostas não estão em nenhum
livro, as respostas têm que ser encontradas, descobertas, e somos nós que temos esta
missão. Já há muitos grupos e associações que estudam a melhor forma de encontrar o
“remédio” certo, grupos que estudam o impacto ambiental ou a perda de biodiversidade,
as alterações climáticas, que defendem também os direitos dos animais e os direitos
humanos sociais e culturais.

Como já referi no capítulo dois, não enfrentamos somente uma crise ecológica, mas sim
uma crise antropológica, dado que estamos a atravessar um processo de secularização,
em que o ser humano esqueceu Deus, afastou-se da religião, ou seja, o ser humano
esqueceu-se das suas origens, e como a natureza é imprescindível para a sobrevivência
humana.

Enchei e submetei a terra. (…) Também vos dou todas as ervas com semente que existem
à superfície da terra, assim como todas as árvores de fruto com semente, para que vos
sirvam de alimento. (Gn 1, 28-29)

Esta é a missão que Deus confiou ao ser humano, a missão de cuidador da casa comum.
No entanto, não estamos a desempenhar o papel de cuidadores, mas sim de destruidores.
Mas ainda vamos a tempo de “arregaçar as mangas” e reconstruir o nosso planeta, de
forma a garantir a sua sustentabilidade, com atitudes, valores e comportamentos práticos
e concretos, respeitando sempre as nossas tradições e diferenças culturais e espirituais, de
forma a preservar os recursos naturais para as gerações futuras.

Se tomarmos com exemplo a nossa casa, todos cuidamos da sua limpeza; cuidamos do
jardim; zelamos pelas relações de amizade com os vizinhos na rua, do prédio ou do bairro;
zelamos pelos nossos hóspedes; preocupamo-nos com as pessoas que nela habitam
dando-lhes atenção, garantindo-lhe a satisfação das suas faltas quer material como de
bem-estar. Em suma, há um cuidado material, pessoal, social, ecológico da casa.96

Se todo o cuidado que temos com a nossa casa e com os nossos familiares e amigos fosse
também dedicado a casa de todos, à casa comum – à Terra e à Humanidade, seriam
evitados muitos dos problemas ambientais e humanos. Leonard Boff refere que «cuidar é

95
Cf. Leonardo Boff, Saber Cuidar, Ética do humano, compaixão pela terra, (Petrópolis: Editora Vozes,
1999), 6.
96
Cf. Boff, Saber Cuidar, Ética do humano, compaixão pela terra, 10-13.

67
mais do que um ato, é uma atitude»97. Para mudar a nossa atitude é necessário passar por
uma «alfabetização ecológica e rever os nossos hábitos de consumo»98. Porque queremos
um planeta sustentável.

É de tal importância este tema e como referi99 as Nações Unidas elaboraram a Carta da
Terra, um documento com o objetivo de

ajudar a melhorar a condição das pessoas do mundo, definindo dois requisitos. Uma é
assegurar um compromisso amplo e profundo com uma nova ética, a ética para uma vida
sustentável, e traduzir seus princípios na prática. A conservação e o desenvolvimento
integrado para as nossas ações dentro da capacidade da Terra e para permitir que as
pessoas em todos os lugares ofereçam opções de uma vida longa, preservada e
mantida. Estende e enfatiza a mensagem da Estratégia Mundial de Conservação,
publicada pelas mesmas organizações em 1980.100

Assim foram determinados quatro princípios fundamentais para a sustentabilidade da


terra, a saber, respeitar a Terra e a vida em toda a sua diversidade; Cuidar da comunidade
de vida com compreensão, compaixão e amor; Construir sociedades democráticas que
sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas; Garantir as dádivas e a beleza da
Terra para as gerações atuais e futuras.101

Para cumprir estes princípios, o documento refere que é necessário: Proteger e restaurar
a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela
diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida; Prevenir os
malefícios ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o
conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução; Adotar padrões de
produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os
direitos humanos e o bem-estar comunitário; Desenvolver o estudo da sustentabilidade
ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido;
Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental; Garantir que as
atividades e instituições económicas de todos os níveis promovem o desenvolvimento

97
Boff,12.
98
Boff, 15.
99
Capítulo dois, ponto 4, página 58.
100
Programa das Nações Unidas para o Ambiente, «Cuidando da Terra, Uma Estratégia para uma vida
Sustentável», acedido a 24 de junho de 2022, https://wedocs-unep-
org.translate.goog/handle/20.500.11822/30889?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-
PT&_x_tr_pto=sc.
101
Cf. «Carta da Terra», acedido a 24 de junho de 2022, https://earthcharter.org/wp-
content/uploads/2021/02/Carta-da-Terra-em-portugues.pdf.

68
humano de forma equitativa e sustentável; Afirmar a igualdade e a equidade de género
como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à
educação, à assistência de saúde e às oportunidades económicas; Defender, sem
discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de
assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo
especial atenção aos direitos dos povos indígenas e às minorias; Fortalecer as instituições
democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas
no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça;
Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos,
valores e aptidões necessárias para um modo de vida sustentável; Tratar todos os seres
vivos com respeito e consideração; Promover uma cultura de tolerância, não-violência e
paz.102

Todos temos que reeducar as nossas atitudes e educar os nossos jovens para o cuidado a
ter com o nosso planeta. A disciplina de EMRC tem um vasto programa com referência
a estas temáticas nos seus conteúdos. Esta disciplina permite a articulação de conteúdos
com as outras áreas disciplinares, o modelo de ensino aprendizagem aplicado nas aulas
pode ser centrado nos alunos, «já que, através destes, se pode agir para melhorar o
desempenho escolar, desenvolver as competências sociais e a capacidade de agir em
cooperação com o outro»103, o que permite que os alunos se questionem sobre os
problemas atuais e futuros da sociedade, que reflitam sobre os mesmo e juntos em turma
encontrem algumas soluções. Uma das finalidade da disciplina é «estruturar as perguntas
e encontrar respostas para as dúvidas sobre o sentido da realidade»104.

De acordo com o exposto, no próximo ponto faço uma proposta pedagógica a aplicar no
7º ano de escolaridade.

2 - Proposta Letiva - Planificação

O tema da Ecologia, assim como o do Bem Comum, é transversal a todo o programa da


disciplina de EMRC do 7º ano de escolaridade. De acordo com a minha experiência

102
Cf. Carta da Terra, 2-4.
103
Programa de EMRC, 157.
104
Programa de EMRC, 16.

69
profissional, estas temáticas despertam diversas opiniões e sentimentos nos jovens. A
maioria é sensível e desperto para estas temáticas, e preocupa-se com a Casa Comum. No
entanto, ainda há jovens que não se importam ou não estão sensibilizados para estas
temáticas. Neste caso, é fundamental a nossa intervenção como educadores, a fim de
despertar o seu interesse e contribuir para a sua formação.

Os jovens e adolescentes devem conhecer os conceitos de “Ecologia”, “Ecologia Integral”


e “Bem Comum”, conceitos que são introduzidos ou revistos durante o 7º ano de
escolaridade. Mas principalmente devem abraçar esta luta que é de todos, na
responsabilidade em tornar o mundo mais humano e em cuidar da Mãe Natureza de forma
a não comprometerem a sustentabilidade das gerações futuras. Também promover a paz
entre colegas, na escola, na família e na sociedade. Estar atento aos outros, aos mais
necessitados e marginalizados, promovendo o bem comum.

O tema do Bem Comum é abordado ao longo de todo o programa e o da Ecologia é,


essencialmente, na Unidade Letiva 1. Desta forma sugiro uma proposta, a ser aplicada na
última aula do período, articulando estes conteúdos que foram trabalhados ao longo do
ano.

A aula poderá iniciar-se com um “brainstorming”105 dos conteúdos lecionados ao durante


o ano letivo, nomeados pelos alunos de forma espontânea. O professor esclarecerá algum
conceito que ficou menos explicito e reformar com exemplo das jovens Greta Thunberg
e da Sagarika Sriram na divulgação dos problemas que enfrenta o nosso planeta
atualmente.

De seguida propõe-se a realização de um jogo numa das muitas aplicações didáticas que
temos à nossa disposição, neste caso, a aplicar no “kahoot!”106. O fato de ser um jogo
dinâmico, colorido e que permite uma competição saudável entre os alunos, no sentido
de querem ser os primeiros a acertar corretamente as respostas, entusiasma-os na sua
realização.

No quotidiano dos nossos jovens está incorporado o uso das novas tecnologias,
principalmente o computador, as consolas e os telemóveis. As escolas também devem

105
É uma técnica utilizada para explorar a potencialidade e a criatividade de um individuo ou grupo, por
meio da partilha espontânea de ideias. Também denominada “chuva de ideias”.
106
É uma plataforma que permite a aprendizagem baseada em dinâmicas de jogos e quizzes, muito usada
pelos profissionais da educação. Os “kahoots” são testes de escolha múltipla, aos quais os alunos têm acesso
por meio de um computador ou de um telemóvel.

70
estar atentas a estas mudanças e, sempre que possível, adaptar o processo ensino-
aprendizagem a novas realidades. Como este jogo é realizado num computador ou no
telemóvel, cativa a atenção dos alunos e motiva-os para a realização da atividade
proposta.

A aula planificada e o respetivo jogo deverá ser aplicado no final do ano letivo, de
preferência na última aula, depois de lecionados todos os conteúdos, podendo ser
considerada uma ficha de avaliação global. Na impossibilidade de se aplicar no final do
ano letivo, poderá ser utilizado no início do ano letivo seguinte (8º ano de escolaridade)
como avaliação diagnóstica.

De seguida irei elaborar uma planificação do exposto e a respetiva proposta de jogo a usar
na aplicação “Kahoot!.com”.

Na planificação, proponho iniciar a aula com uma breve revisão dos conceitos já
lecionados, a saber Ecologia (lecionada na Unidade Letiva 1 – “As origens”) e Bem
Comum (abordados nas Unidades Letivas 3 – “A riqueza do sentido dos afetos” e na
Unidade Letiva 2 – “As religiões”), assim como revisitar os conteúdos da última unidade
letiva lecionada (UL 4 – “A paz Universal”), no sentido em que a construção da paz é um
desejo e um imperativo ético para a humanidade. Neste sentido, a construção da paz é
defendida por todas as religiões estudadas, e por toda a Humanidade, tal como o Bem
Comum e o cuidado com a Casa Comum.

No final da aula, desafiava os alunos à elaboração da síntese de aula, isto é, a síntese do


ano letivo, dado que são abordados conteúdos das várias unidades letivas lecionadas ao
longo do ano e que através do jogo foram relembrados. Atendendo que seria a última aula
do ano letivo, seria pertinente fazer com os alunos a auto e heteroavaliação da disciplina
no final da aula.

Considero que este tipo de aula é também uma vantagem atendendo aos tempos que ainda
atravessamos. Por vezes temos que recorrer ainda a aulas online107, ou porque o professor
não pode lecionar a aula, ou a turma, ou mesmos alguns alunos não possam estar

107
Durante o período de pandemia foi introduzido o modelo de ensino à distância. Longe da sala de aula,
recorremos às novas tecnologias para lecionarmos, usando dois formatos: aulas síncronas e aulas
assíncronas. As aulas síncronas são aquelas que acontecem em tempo real, ou seja, o professor e os alunos
interagem ao mesmo tempo, mas de forma virtual. As aulas assíncronas são as que acontecem sem
necessidade de uma presença virtual. Nestas aulas, os alunos podem aceder à aula independentemente do
horário ou do local.

71
presentes108. Desta forma, a atividade proposta pode ser realizada em casa até um
determinado prazo, caso a aula seja assíncrona ou alguns alunos não poderem estar
presentes. No caso de a aula ser síncrona, a atividade pode ser realizada durante a aula,
tal como está prevista para o caso de ser presencial.

108
Quando o isolamento profilático era recomendado.

72
Aula nº: última aula do 3º período
Sumário: Revisão dos conteúdos lecionados. Realização de um Kahoot!. Auto e hetero avaliação.
Objetivos Conteúdos Estratégias 50’ Recursos Avaliação Formativa

Acolhimento e registo 10 m
do sumário.
1- Assumir comportamentos -Como se colabora com Deus na obra da
responsáveis em situações vitais no criação; - Assiduidade
quotidiano que implicam o cuidado da
criação; -Quadro e - Pontualidade
- Brainstorming 15 m
2- Identificar os princípios éticos -O diálogo inter-religioso na construção material de
comuns das várias religiões da paz e do bem comum; Máximas - Participação:
reconhecendo as suas implicações na elementares da humanidade, comuns às escrita;
vida quotidiana; grandes tradições religiosas; Atitudes no -Atenção e concentração no
diálogo inter-religioso; 15 m cumprimento das tarefas
3- Conhecer a mensagem cristã sobre - Crescer e ser adulto é fazer escolhas na
a felicidade e a realização pessoal; respetiva do amor: procurar o bem-
- Jogo na aplicação -PC com projetor; -Empenho na realização dos
comum;
Kahoot!.com trabalhos solicitados
4- Reconhecer que o direito à paz é -O direito à paz; -Relacionamento com os
universal e deriva da igual dignidade
de todos os seres humanos; colegas e professores
- Auto e -Participação e Pertinência
5- Identificar o papel das religiões na -Construção da paz é um desejo e um 10 m Telemóveis.
heteroavaliação
construção da paz em situações vitais imperativo ético para a humanidade;
do quotidiano.
-Contributos que os cidadãos podem dar
para a construção da paz.

Síntese da aula: A construção da paz, o cuidar da casa comum fortalecem a promoção do bem comum.
Quadro 7: Proposta de Planificação da Última aula da UL 4

73
3 - Proposta do Jogo

Proponho o seguinte jogo, usando a aplicação “kahoo!.com”, baseado em conteúdos das


quatro unidades letivas estudadas, mas com maior incidência na última unidade “A Paz
Universal”, dado ser esta a minha unidade de referência da Prática de Ensino
Supervisionada.

Para a elaboração do jogo recorri a dois tipos de questões. A maioria são de escolha
múltipla, e algumas questões do tipo verdadeiro/falso. O tempo disponibilizado para a
realização do jogo será apenas de 15 minutos. Primeiramente os alunos têm de entrar na
aplicação com o seu telemóvel e colocar o código disponível para aceder ao jogo, o que
requer algum tempo e só depois o docente inicia o jogo.

Desta forma, optei por um total de dez perguntas, ao qual será disponibilizado um minuto
para responder corretamente a cada questão, tempo que acho ser necessário para todos os
alunos.

Proponho as seguintes perguntas:

1 – “A fraternidade gera paz social, porque cria um equilíbrio entre liberdade e justiça,
entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem
comum.”109 O bem comum é?

A- O bem só de alguns.
B- Todos os indivíduos de uma sociedade podem beneficiar de um determinado
bem, sem olhar as consequências.
C- O bem de todos e de cada um.*110
D- Conjunto de todos os bens individuais, só para algumas pessoas.

2 – “Reconhecer que a paz é um direito universal que deriva da igual dignidade de todas
as pessoas, e de compreender a urgência de estabelecer este diálogo entre a cultura e a
fé”111. A afirmação é verdadeira ou falsa?

109
Cordeiro, et al., Quero Saber! – Manual do Aluno – Educação Moral e Religiosa Católica – 7º. Ano
do Ensino Básico, 137.
110
* indica a resposta correta de cada pergunta formulada.
111
Cordeiro, et al., 136.

74
(A) Verdadeira* (B) Falsa

3 – Todos devemos contribuir de forma decisiva colaborando na criação. Como pode


cada ser humano colaborar com a criação e a ecologia?
A – Cada pessoa é convidada a olhar para si, refletir e analisar aquilo que tem feito,
em função da beleza e equilíbrio da casa que é o mundo onde vive.*
B – Cada pessoa é responsável de cuidar só da sua casa.
C – Cada pessoa só precisa reciclar, reutilizar e reduzir.
D – Cada pessoa deve refletir e analisar.

4 – As religiões são importantes para a promoção da paz e do bem comum. As religiões


devem promover a paz e o bem comum através do … (seleciona a opção que permite
obter uma afirmação correta)
A – Diálogo entre as pessoas.
B – Diálogo só entre as igrejas cristãs.
C – Diálogo entre católicos e judeus.
D – Diálogo inter-religioso.*

5 – Quais as atitudes que se devem estabelecer para dinamizar o diálogo inter-religioso?


A – Compreensão, Humildade, Fraternidade, Afastamento e Respeito.
B – Compreensão, Humildade, Fraternidade, Acolhimento, Respeito e Estima.*
C – Compreensão, Humildade, Fraternidade, Acolhimento, Respeito e Desamparo.
D – Compreensão, Humildade, Fraternidade, Acolhimento, Respeito e Tristeza.

6 – Todas as religiões têm princípios éticos comuns, tais como, “não matar”, “não
roubar”, “respeitar”, entre outros. Estes princípios são suporte para…
A – Os povos serem todos irmãos.
B – Os povos se apoiarem entre si.
C – Construir a paz pela colaboração entre os povos.*
D – Construir da paz e transmitir tradições comuns.

75
7 – Seleciona a opção que não indica atividades construtoras da paz.
A – Perdão e compreensão.
B – Respeito pelos outros e fraternidade.
C – Cooperação e solidariedade.
D – Diálogo e injustiça.*

8 – Atualmente vivemos uma situação de conflito. A solução para as situações de


conflito exige o reconhecimento da dignidade da pessoa, e de compreender a urgência
de promover o bem comum e o cuidado do outro.
A afirmação é:
(A) – Falsa (B) - Verdadeira *

9 – Qual das frases seguinte explicita o significado de: “A paz exterior é inútil na
ausência de paz interior”, Gandhi.
A – A paz é uma realidade sem sentido e desnecessária.
B – Sem paz interior nenhuma paz é duradoura.*
C – A paz não precisa estar no íntimo das pessoas, deve manifestar-se apenas
exteriormente.
D – Sem relação com Deus não há paz.

10 – Greta Thunberg e Sagarika Sriram são exemplos da divulgação dos problemas:


A – dos jovens.
B – das pessoas.
C – das alterações climáticas do nosso planeta.*
D – dos rios e dos mares.

Ao longo do jogo, os alunos visualizam as estatísticas do jogo, assim como o primeiro,


segundo e terceiro lugar. O que os motiva para se superarem a eles próprios ou a
ultrapassar o colega. Posteriormente podemos retirar a percentagem obtida por cada aluno
para incluir na avaliação contínua dos mesmos.

76
Reforço a importância de “educar” e responsabilizar os nossos jovens para a sua
contribuição, tal como cada um de nós, no mundo em que vivemos. Os jovens de hoje
serão os adultos de amanhã e devem ser construtores da paz, do bem comum e defensores
da ecologia integral. Neste sentido, a disciplina de EMRC têm um papel crucial neste
contributo. A nossa disciplina reforça a importância no cuidado com o outro (ser
humano), mas também com o bem. Por isso é fundamental a construção de uma sociedade
mais justa, mais humana e mais fraterna. Isto é, uma sociedade que visa o bem comum,
mas que só existirá num ambiente de paz entre todas as nações.

77
CONCLUSÃO

“A Ecologia Integral como promoção do Bem Comum”: O cuidado da Casa Comum –


uma proposta à luz da UL4: Paz Universal, é um trabalho que tem por base a reflexão e
o contributo da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, no contexto do programa da
disciplina de EMRC, no 7º ano de escolaridade. Estes temas são de extrema importância
e é necessário refletir e tomar medidas. O cuidado da Casa Comum, a construção da paz,
as questões ecológicas e ambientais são desafios para todos os cidadãos, para toda a
comunidade escolar e, desta forma, também para a disciplina de EMRC.

A ação desenvolvida a partir da reflexão no contexto de uma ecologia integral poderá ser
um contributo para solucionar estas questões, ou seja, uma solução integral para os nossos
problemas nas suas diversas dimensões, a saber, ambientais, económicas, sociais e
culturais. Mas também numa dimensão antropológica, como refere o Papa Francisco,
«num percurso da ecologia integral, coloca-se no centro o valor próprio de cada criatura,
em relação com as pessoas e com a realidade que a rodeia, e propõe-se um estilo de vida
que rejeite a cultura do descarte»112. No entanto, todas estas dimensões estão interligadas,
não se podem solucionar individualmente. É importante e necessário um esforço de todos.
Todas as áreas do saber podem dar o seu contributo.

Todos os dias chegam a nossas casas através da comunicação social imagens e


informações sobre estas questões, o que torna o tema com muita relevância para toda a
sociedade, ou seja, para todos os cidadãos. No seio da Igreja também nos chegam ecos da
sua preocupação através de vários documentos do Magistérios, como a Encíclica referida
ou a Exortação Apostólica “Evangelli Gaudium”, assim como as diversas Mensagens
para o Dia Mundial da Paz e até na Doutrina Social da Igreja. Na Encíclica Laudato Si’,
o Papa Francisco refere que a crise atual tem uma dimensão global, pois «não se trata
apenas de uma crise ambiental, financeira, política, social: é uma crise sem adjetivação,
porque é uma crise interna, que se projeta externamente em todas as dimensões do ser
humano, na relação com os outros, com a sociedade, com as coisas, com o meio
ambiente.»113

112
Papa Francisco, Pacto Educativo Global, 5.
113
Papa Francisco, 16.

78
O Papa Francisco apela muitas vezes ao diálogo como forma de solucionar estes
problemas. E mais uma vez as religiões podem dar o seu exemplo e ter um papel
fundamental, dando um contributo teológico e enriquecedor para solucionar esta crise
(antropológica) que atravessamos, fomentando o ecumenismo e o diálogo inter-religioso.
Por isso, «é necessária uma mudança de rumo, através de uma ecologia integral e
inclusiva, capaz de uma escuta paciente e de diálogo construtivo – faça prevalecer a
unidade ao conflito»114. Entre as religiões devem ser «iniciados processos de partilha e
transformação, com todas as iniciativas necessárias para permitir às gerações futuras a
construção de um futuro de esperança e de paz.»115

Como poderemos querer o bem para todos, isto é, promover o bem comum se não
tivermos paz entre as nações? Ou se vivermos em conflitos? Ou se vivemos num local
que é constantemente atingido por catástrofes, como a seca, ondas de calor, tempestades,
tsunamis ou outras? Se algumas pessoas sofrem porque não têm alimentos, condições de
habitação adequadas, cuidados de saúde, ou outros direitos humanos que lhe são negados.
É importante mudar estas realidades.

A escola, neste contexto, poderá desempenhar um papel importante, o qual referi neste
relatório. A formação integral dos nossos alunos é da responsabilidade multidisciplinar,
e todas as disciplinas devem educar e alertar para estas realidades, fomentar a análise
crítica da realidade, tomando medidas de forma a promover o cuidado da casa comum,
empenhar-se na construção da paz e de um mundo mais humano, mais fraterno e mais
sustentável. Acredito que nós professores e educadores podemos fazer a diferença,
sensibilizando os nossos alunos.

O processo ensino-aprendizagem é centrado nos alunos, onde é necessário ouvir as suas


opiniões, acolhendo-os a todos independentemente da cultura, religião ou género.
Promover a igualdade entre todos. Prevenir e sentenciar situações de discriminação e
violência, valorizando a participação da família. Por fim, inspirar valores como o respeito,
a ajuda, a justiça e cuidado com a casa comum, assim como a construção de um mundo
mais fraterno e humano.

Atualmente já temos alguns exemplos de jovens que alertam diariamente para a


necessidade de mudarmos, como é o caso de Greta Thunberg, da Suécia e Sagarika

114
Papa Francisco, 27.
115
Papa Francisco.

79
Sriram, do Dubai. São dois exemplos de ativistas, que através dos seus exemplos, ou seja,
projetos de vida, chegam mais facilmente aos jovens das suas idades sensibilizando-os
para a necessidade de mudarem e agir.

A mudança começa na educação. E questões como o bem comum, a paz, os direitos


humanos, o cuidado e proteção da casa comum tem que se tornar relevantes na educação
dos jovens para que no futuro, na sua idade adulta, façam escolhas conscientes e
sustentáveis.

Temos de acordar para esta realidade e refletir sobre os erros cometidos pelas gerações
anteriores. Adotar medidas sustentáveis de forma a manter a proteger a nossa casa comum
e todas as pessoas que nela habitam. Para que ocorra uma verdadeira mudança temos que
nos envolver todos, todos podem ajudar, pois é tempo de agir.!

80
BIBLIOGRAFIA

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Lacoste, Jean-Yves. «Bem». Em Dicionário Crítico de Teologia. Traduzido por Paulo


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Silva, Augusto da. «Bem». Em Lexicoteca – Moderna Enciclopédia Universal. 1619º


Edição, vol. 3: 168. Lisboa: Círculo de Leitores, 1984.

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Edição, vol. 7: 86-87. Lisboa: Círculo de Leitores, 1985.

4. OUTROS DOCUMENTOS

Agrupamento de Escolas Monte da Lua. Uma Escola para o Mundo - Projeto Educativo
2016/2019. Acedido a 5 de janeiro de 2019. https://www.agml.pt/index.php/agml.

─────── Regulamento Interno. Acedido a 5 de janeiro de 2019.


https://agml.pt/images/RIA/regulamento_internoagrmonte_da_lua_03_2103.pdf.

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Carta da Terra. Acedido a 24 de junho de 2022. https://earthcharter.org/wp-


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DECRETO-LEI Nº 55/2018, de 6 de julho, Estabelecimento do currículo dos Ensinos


Básico e Secundário e dos Princípios Orientadores de Avaliação das Aprendizagens,
Diário da República n.º 129/2018, Série I de 6/ 07/ 2018

DECRETO-LEI Nº 54/2018, de 6 de julho, Educação Inclusiva, Diário da República n.º


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Direção-Geral de Educação. Aprendizagens Essenciais: Ensino Básico. Acedido a 20 de


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