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A Purificação Da Imaginação

O documento discute a importância da purificação da imaginação na vida espiritual, destacando que a imaginação pode ser uma fonte de distração durante a oração e um obstáculo ao crescimento interior. Sugere práticas como guardar os sentidos, selecionar leituras, combater a ociosidade e oferecer bons objetos à imaginação para discipliná-la e utilizá-la de forma construtiva. A purificação da imaginação é apresentada como essencial para aqueles que desejam se aproximar de Deus e viver uma vida cristã autêntica.

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A Purificação Da Imaginação

O documento discute a importância da purificação da imaginação na vida espiritual, destacando que a imaginação pode ser uma fonte de distração durante a oração e um obstáculo ao crescimento interior. Sugere práticas como guardar os sentidos, selecionar leituras, combater a ociosidade e oferecer bons objetos à imaginação para discipliná-la e utilizá-la de forma construtiva. A purificação da imaginação é apresentada como essencial para aqueles que desejam se aproximar de Deus e viver uma vida cristã autêntica.

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A purificação da imaginação:

Em nossa busca pela santidade, temos de estar atentos à urgência de purificar


não apenas o corpo, mas também a alma, porque, se não nos conformamos
inteiramente a Cristo, somos quase um reino dividido contra si mesmo; por isso,
se desejamos nos oferecer a Deus como sacrifício vivo (cf. Rm 12, 1), devemos
combater com particular empenho a raiz dos males que nos prendem o passo
na vida espiritual. Tendo em vista a importância da mortificação interior para a
vida cristã, abordaremos na direção espiritual de hoje um problema não menos
atual quanto delicado: a purificação da imaginação. Ora, como a prática de
certas mortificações externas facilita em muito a educação de nossas potências
interiores, daremos algumas sugestões que, de um modo geral, possam ajudá-
lo a domar essa que é, como se costuma dizer, "a louca da casa".

A imaginação, com efeito, impõe não poucas dificuldades ao nosso crescimento


interior, sobretudo se levarmos em conta que ela é, para a grande maioria dos
cristãos, fonte de inúmeras distrações durante a oração. Esse é talvez o mais
corriqueiro problema que o fiel sinceramente dedicado a levar uma vida santa
tenha de enfrentar. S. Teresa d'Ávila, com seu realista bom humor, chamava-
lhe "taramela do moinho" [1], peça de madeira cuja função é fazer cair da
tremonha o grão de trigo, enquanto, batendo na mó, emite constantemente um
barulho incômodo. Essa comparação ilustra bem como, com seus ruídos, a
imaginação parece escarnecer de nossa alma, ocupada a todo custo em moer o
trigo da prece: é desta inquietação interior que "provêm as aflições de
muitas pessoas voltadas para a oração" [2].

Purificar a imaginação, nesse sentido, é uma tarefa essencial a quem deseja


crescer espiritualmente e se torna ainda mais necessária devido à facilidade
com que hoje temos acesso a toda sorte de imagens que se fixam à alma para
nos recordar, de modo às vezes incansável, as imundícies que vimos,
inadvertidos ou não, ao longo da vida. É muito difícil pensar, aliás, como se
poderiam vencer as tentações que o mundo nos oferece aos olhos se não
tivéssemos o cuidado de mortificar a vista, à qual se insinuam, por exemplo,
a imodéstia e a imoralidade dos trajes atuais [3]. Mas afinal, que podemos fazer
no dia-a-dia para que a imaginação não seja para nós nem causa de distração
nem ocasião de pecado?

Antes de responder a essa pergunta, convém termos bem claro o que é e para
que serve a imaginação, sem exaltá-la para além de sua função própria nem
desprezá-la como adventícia ou nociva à vida de oração. Vejamos, pois, em
linhas gerais qual o lugar por ela ocupado na constituição psicológica do
homem.

A imaginação é uma faculdade sensitiva, comum tanto a nós quanto aos


animais dotados de sensibilidade [4], pela qual representamos mentalmente a
imagem de um objeto atingido pelos sentidos exteriores; de modo eminente,
mas não exclusivo, pela visão [5]. Ora, diversamente dos demais sentidos, cuja
atividade se produz pela presença real de seu objeto (por exemplo, o som que
chega aos órgãos auditivos, a luz que excita o nervo óptico etc.), a imaginação
funciona independentemente de a coisa por ela representada estar ou não
presente ao sujeito [6]. Deste modo, à imaginação cabe o encargo de receber
as percepções sensoriais, que, unificadas, podem ser retidas e posteriormente
reproduzidas segundo uma representação mental [7]; podemos dizer, por
isso, que não há nada em nossa imaginação que não tenha passado antes pelos
sentidos externos. Ora, se esses mesmos sentidos, por um lado, referem-se a
seus objetos próprios de modo meramente receptivo (ou seja, não conhecem
senão que lhes está presente de forma imediata), a imaginação, por outro, é
uma faculdade produtiva, já que as imagens por ela formadas são o material
de que a inteligência precisa para trabalhar e elaborar as noções abstratas "às
quais se aplica nossa reflexão." [8]

Assim sendo, a imaginação é parte integrante do nosso processo cognitivo e


não é possível, sem desvirtuar o modo humano de conhecer [9], prescindir dela.
Trata-se na verdade de discipliná-la e subordinar seu uso ao fim que lhe
compete. O pecado original, porém, levando muitas vezes ao excesso o apetite
natural de nossa faculdade imaginativa por servir ao intelecto, fá-la perder-se
em lembranças e divagações, dissipa-lhe as forças em pensamentos inúteis. A
realidade destes extravios não necessita de demonstração: bastar recordar as
tantas vezes em que, durante a oração, pegamo-nos a resolver os problemas do
presente, a elaborar projetos para o futuro, a gabar da própria "piedade". E
deixamos Deus a falar sozinho! Por ser uma potência muito ligada às sensações
físicas, não é de estranhar que a imaginação queira recorrentemente sobrepor-
se aos ditames da razão e da vontade.

Ora, se a imaginação é, em si mesma, algo bom e útil à alma, ela pode


converter-se em grande auxílio para o nosso crescimento espiritual, desde que
retamente educada. O próprio Cristo, perfeito homem e, portanto, muito
imaginativo, ensinou por meio de parábolas as turbas que O seguiam, a fim de
elevá-las, mediante imagens tiradas da vida ordinária do povo hebreu, a
realidades espirituais inexprimíveis em termos exclusivamente terrenos. Nosso
Senhor, assim, ofereceu-nos o alimento de que a imaginação humana precisa:
imagens que, ruminadas, saboreadas, conduzem nosso espírito a estados
contemplativos cada vez mais elevados.

Mas antes de chegar a este nível, é preciso pôr rédeas à fantasia. Vejamos
agora quais os meios gerais que a ascese cristã dispõe aos que desejam
purificar a imaginação [10] e viver, deste modo, como Jesus viveu (cf. 1 Jo 2, 6).

1. Guardar os sentidos exteriores. — A imaginação é alimentada pelos


sentidos exteriores, especialmente pela vista; por isso, as impressões neles
causadas repercutem também nela. Deve-se evitar, portanto, tudo o que de
alguma maneira pode fazer com que a imaginação, reproduzindo e combinando
de mil e um modos imagens vãs e torpes, nos incite a desejar algo mal e
pecaminoso. Nós não precisamos ver e ouvir tudo; não somos lixeira. Se, por
exemplo, nos percebemos a repousar a vista em algo que nos desvia do
propósito de nossa existência, servir e amar a Deus, então é hora de fechar os
olhos: "Tudo o que não leva a Deus é um estorvo. Arranca-o e joga-o para
longe." [11]
2. Selecionar as leituras com cuidado. — É preciso ser criterioso na hora de
escolher o que se ler. É prudente evitar, sempre que possível, aquelas leituras
que, além de não nos servirem para nada (nem mesmo para o descanso),
podem ser perigosas, seja pelos erros contrários à Fé por elas divulgados, seja
pelo conteúdo obsceno e escandaloso com que prestam um grande desserviço
à formação sobretudo dos jovens. São Josemaría Escrivá já advertira: "Livros.
Não os compres sem te aconselhares com pessoas cristãs, doutas e prudentes.
– Poderias comprar uma coisa inútil ou prejudicial. Quantas vezes julgam levar
debaixo do braço um livro... e levam um montão de lixo." [12]
3. Combater a ociosidade. — Nossa alma, estando unida ao corpo, não pode
pensar sem imagens. Por causa disso, a imaginação, sempre inquieta, tem de
ocupar-se em atividades úteis e proveitosas, se não queremos que ela,
inclinada como está para a satisfação de nossos apetites mais baixos, nos
envolva em perigosas tentações. Como diz o provérbio latino, omnium vitiorum
origo otium, a origem de todos os vícios é o ócio.
4. Oferecer objetos bons à imaginação. — Além de evitar tudo o que seja
prejudicial à imaginação, é também necessário proporcionar-lhe matérias belas
e santas. A imaginação está sempre em busca de alimento, e nada melhor do
que lhe oferecer um sustento que não venha, no futuro, tirar-nos o sossego do
espírito com lembranças inoportunas. A leitura de livros piedosos, a
frequência à arte sacra etc. são boas maneiras de formar a imaginação e
colocá-la a serviço da razão e da vontade.
5. Proceder sempre com atenção ao que se está fazendo. — O hábito
salutar de dar atenção ao que estamos fazendo tem a grande vantagem de
impedir que a imaginação vagueie livremente pela nossa mente, indo de um a
outro objeto, impedindo-nos, ao fim, de cumprir nossos deveres com o capricho
e amor devidos. Temos de aplicar-nos a cada trabalho como se fosse o único ou
o mais importante de nossas vidas: "faz o que deves e está no que fazes." [13]
6. Não conceder demasiada importância a nossas distrações. — Pode
suceder que, apesar de todos os esforços dispendidos, a imaginação continue a
espezinhar-nos com sua petulância. Nestes momentos, é importante
mantermos a serenidade e, reconhecendo perante Deus nossa pequenez e
indigência, ignorarmos os assaltos da fantasia. Ainda que não possamos
discernir com toda clareza se se trata de uma investida demoníaca ou de nossa
própria natureza rebelde, ressentida muita vez das manchas de um passado
pecaminoso, o importante é não fazer caso destas imagens e repudiar com
toda energia qualquer forma de consentimento: "Não te preocupes,
aconteça o que acontecer, desde que não consintas. – Porque só a vontade
pode abrir a porta do coração e introduzir nele essas coisas execráveis." [14]

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