ATLAS DE URINÁLISE
CASSIA NAYARA DA SILVA PEREIRA
1. EXAME FÍSICO
Avalia as propriedades macroscópicas da urina:
COR:
Normal: Amarelo-claro a âmbar
Anormal: Marrom, Vermelho, Verde
ODOR:
Normal: Levemente aromático
Anormal: Odor adocicado, fétido
ASPECTO:
Normal: Transparente
Turvo: Presença de células, bactérias, muco ou cristais
2. EXAME QUÍMICO
DENSIDADE:
Normal: 1.005 a 1.030
Aumentada (Hiperstenúria): Desidratação, glicose elevada
Diminuída (Hipostenúria): Insuficiência renal, ingestão excessiva de
líquidos
pH:
Normal: 4.5 a 8.0
Ácido (pH < 5,5): Dieta rica em proteínas, acidose metabólica
Alcalino (pH > 7,5): Infecções urinárias
PROTEÍNAS:
Normal: ausente ou traços
Proteinúria: Doença renal, infecções, hipertensão.
GLICOSE:
Normal: ausente
Glicosúria: Diabetes mellitus, hiperglicemia transitória
CETONAS:
Normal: ausente
Cetonúria: jejum prolongado, cetoacidose diabética
SANGUE (HEMOGLOBINA):
Normal: ausente
Hematúria: lesões, infecção, neoplasia, litíase.
LEUCÓCITOS:
Normal: ausente
Leucocitúria: infecções urinárias
NITRITOS:
Normal: ausente
Presença de nitritos: infecção bacteriana (geralmente bactérias que
reduzem nitrato a nitrito).
BILIRRUBINAS:
Normal: ausente
Bilirrubinúria: doenças hepáticas, obstrução biliar
UROBILINOGÊNIO:
Normal: traços
Aumento: anemia hemolítica, doenças hepáticas.
3. EXAME MICROSCÓPICO:
Realizado com a ánalise do sedimento urinário centrifugado:
ELEMENTOS CELULARES:
Hemácias:
A hematúria macroscópica é comumente relacionada a lesões glomerulares avançadas,
porém também é encontrada em danos à integridade vascular do trato urinário
causados por lesões, inflamação aguda, infecção e coagulopatias.
Leucócitos:
Uma elevação de leucócitos na urina está relacionada a um processo inflamatório no trato
urinário ou na região adjacente ao mesmo. A existência de vários leucócitos na urina,
principalmente quando constituem aglomerados, é um poderoso indicativo de infecção
aguda, como pielonefrite, uretrite ou cistite.
CÉLULAS EPITELIAIS ESCAMOSAS:
São células provenientes da descamação normal da uretra e da vagina. Essas células possuem forma
irregular, são grandes, achatadas, com citoplasma abundante e núcleos proeminentes. Não
possuem significado patológico¹.
● CÉLULAS EPITELIAIS TRANSICIONAIS:
São células provenientes da descamação normal da bexiga, da pelve renal e dos ureteres. Possuem
forma esférica, poliédrica ou com projeções caudais. Apresentam núcleo centralmente localizado e
podem conter dois núcleos. Essas células não possuem significado patológico
● CÉLULAS EPITELIAIS DO TÚBULO RENAL:
A presença de células epiteliais tubulares renais em números elevados indica grave lesão tubular e
podem ser decorrentes da pielonefrite, necrose tubular aguda, rejeição de transplante renal e
intoxicação por salicilato.
CRISTAIS DE URINA ÁCIDA:
● CRISTAIS DE ÁCIDO ÚRICO:
Os cristais de ácido úrico são normais de urina ácida e possuem diversas formas, mas as mais
proeminentes são de prisma romboide, losango (plana com quatro lados), oval com extremidade
pontiaguda (forma de limão), e em roseta, que compõe os cristais agrupados. A presença desses cristais
não exibe importância clínica, visto que pode ser de ocorrência natural do organismo. Porém, dentre as
condições patológicas nas quais esses cristais são encontrados na urina incluem o elevado metabolismo
de purina, nefrite crônica, condições febris agudas, e em pacientes com leucemia que recebem
quimioterapia
● CRISTAIS DE OXALATO DE CÁLCIO:
A presença desses cristais não exibe importância clínica, visto que pode ser de ocorrência natural do
organismo, principalmente depois da ingestão de alimentos ricos em oxalato, como tomate, laranja e alho.
Além disso, grande número desses cristais, especificamente quando existentes em urina recente, indica a
probabilidade de cálculos renais, porque a maioria destes são constituídos por oxalato. Dentre algumas
situações patológicas em que esses cristais podem se apresentar em grandes quantidades incluem diabetes
mellitus, doença renal crônica grave, doença hepática e intoxicação por etilenoglicol (anticongelante).
● CRISTAIS DE URATO AMORFO:
A presença desses cristais não exibe importância clínica, visto que pode ser de ocorrência natural do organismo.
CRISTAIS DE URINA ALCALINA:
● CRISTAIS DE BIURATO DE AMÔNIO:
A presença desses cristais não exibe importância clínica, mas quase sempre são encontrados em amostras não
recentes e podem ser relacionados com a existência de amônia gerada por bactérias que metabolizam a ureia.
● CRISTAIS DE CARBONATO DE CÁLCIO:
A presença desses cristais não exibe importância clínica.
● CRISTAIS DE FOSFATO DE CÁLCIO:
A presença desses cristais não exibe importância clínica. apesar de o fosfato de cálcio
ser um constituinte comum de cálculos renais.
● CRISTAIS DE FOSFATO TRIPLO:
A presença desses cristais não exibe importância clínica, porém são observados em urinas
que possuem bactérias que metabolizam a ureia. Além disso, dentre as condições patológicas
nas quais podem ser encontrados incluem pielonefrite crônica, cistite crônica, hiperplasia da
próstata, além de casos quando a urina é retida na bexiga.
CRISTAIS DE ORIGEM METABÓLICA:
● CRISTAIS DE BILIRRUBINA:
Os cristais de bilirrubina estão presentes nas doenças hepáticas que formam muita quantidade de
bilirrubina na urina. Nos transtornos que produzem dado tubular renal, como hepatite viral, esses
cristais podem ser agregados à matriz dos cilindros.
● CRISTAIS DE CISTINA:
Os cristais de cistina são encontrados na urina de pessoas que herdam um distúrbio metabólico que
impede a reabsorção de cistina pelos túbulos renais (cistinúria). Além disso, as pessoas que possuem
cistinúria possuem tendência a formar cálculos renais, principalmente em idade precoce.
● CRISTAIS DE COLESTEROL:
Os cristais de colesterol indicam intensa ruptura tissular,
nefrite, condições nefríticas, quilúria1 e síndrome
nefrótica2.
● CRISTAIS DE TIROSINA:
Os cristais de tirosina estão presentes em disfunção hepática grave e são encontrados também em
doenças hereditárias do metabolismo de aminoácidos, principalmente a tirosinemia.
CILINDROS:
● CILINDROS EPITELIAIS:
Os cilindros epiteliais são raramente vistos na urina, devido aos raros episódios de doenças renais
que causam danos aos túbulos (necrose). Eles são encontrados na urina após exposição a agentes
nefrotóxicos ou vírus (ex: vírus da hepatite), que acarretam danos tubulares que acompanham a
lesão glomerular, na rejeição de aloenxerto renal e os mesmos também acompanham cilindros
leucocitários nos casos de pielonefrite
● CILINDROS HEMÁTICOS:
Os cilindros hemáticos são sempre patológicos e acusam hematúria renal. Frequentemente são
diagnósticos de doença glomerular, sendo encontrados na glomerulonefrite aguda, trauma renal, nefrite
lúpica, endocardite bacteriana subaguda. Podem estar presentes também na trombose de veia renal,
infarto renal, na insuficiência cardíaca congestiva direita, periarterite nodosa e pielonefrite grave.
● CILINDROS HIALINOS:
Alguns cilindros podem ser observados na urina normal, e quantidades aumentadas com frequência
estão presentes depois de desidratação fisiológica, exercícios físicos, exposição ao calor e estresse
emocional. Patologicamente, esses cilindros estão aumentados em glomerulonefrite aguda,
pielonefrite, doença renal crônica e insuficiência cardíaca congestiva.
● CILINDROS LEUCOCITÁRIOS:
Os cilindros leucocitários são encontrados em situações
de infecção e inflamação não bacteriana renais. Desse
modo, eles podem ser vistos na pielonefrite aguda,
nefrite intersticial e nefrite lúpica. Também podem ser
encontrados na doença glomerular.
MICROORGANISMOS:
● BACTÉRIAS:
A contaminação pode acontecer devido à presença de bactérias na uretra, na vagina, na genitália externa ou
no frasco utilizado na coleta. Essas bactérias estão presentes na forma de bacilos (barras) ou cocos (esféricas).
Patologias: Em uma amostra coletada adequadamente, a presença de bactérias acompanhada por piócitos é
indicativa de infecção do trato urinário.
● LEVEDURAS:
A contaminação pode acontecer devido à presença de bactérias na uretra, na vagina, na genitália externa ou
no frasco utilizado na coleta. Essas bactérias estão presentes na forma de bacilos (barras) ou cocos (esféricas).
Patologias: Em uma amostra coletada adequadamente, a presença de bactérias acompanhada por piócitos é
indicativa de infecção do trato urinário.
● MUCO:
Os filamentos mucosos são filamentos delgados, longos e ondulantes de estruturas parecidas com fitas,
que apresentam estrias longitudinais discretas1 e possuem baixo índice refratométrico. Alguns dos
filamentos mais largos podem ser confundidos com cilindros hialinos. Esses filamentos estão presentes
em baixas quantidades na urina normal, mas podem estar em altas quantidades quando há irritação do
trato urinário ou inflamação. Possui maior prevalência em amostras de urina do sexo feminino
● ESPERMATOZÓIDE:
Os espermatozoides são, eventualmente, encontrados na urina de homens após masturbação ou
ejaculação noturna e de mulheres após relação sexual. Esporadicamente são de relevância clínica, salvo
nos casos de infertilidade masculina ou ejaculação retrógrada na qual o esperma é expulso para a bexiga
em vez de ser para a uretra.