E QUEM É O MEU PRÓXIMO?
UMA LEITURA DE LC 10,25-37 EM CHAVE
NARRATIVA
AND WHO IS MY NEXT? A READING OF LK 10.25-37 IN NARRATIVE KEY
Izabel Patuzzo1
Tarlei Navarro2
Resumo: Este artigo propõe uma reflexão teológica sobre a parábola do bom samaritano (Lc
10,25-37). A metodologia adotada nesse trabalho é a análise narrativa sob a perspectiva
sincrônica. A narração evangélica constitui-se não apenas em um instrumento pedagógico, mas
eminentemente teológico, no sentido que narra a própria fé. As Escrituras sempre foram enfáticas
da necessidade de acolher o próximo, ainda que muitas vezes isso na prática, trouxe dificuldades.
Porém, a insistência sobre esse assunto na comunidade lucana resgatada através desta parábola
do bom samaritano é uma nova oportunidade de se refletir à luz do passado como foi
compreendida a terminologia “próximo” e faz trazer para hoje uma provocação onde nossa fé nos
leve a entender que o próximo é quem precisa da nossa ajuda. Nesta mesma direção, o ministério
do Papa Francisco tem nos despertado com atualizações muito insistentes de que o “próximo”
conta conosco. Assim, entendemos o porquê de o papa latino-americano clamar por uma Igreja
samaritana e hospitaleira, que tenha no rosto o semblante de Cristo acolhedor e cuidador.
Palavras-chave: Próximo. Amor Misericordioso. Compaixão. Escrituras. Acolhida.
Abstract: This article proposes a theological reflection on the parable of the good Samaritan (Lk
10,29-37). The methodology used here is the Narrative approach, in a sincronic perpsective. The
evangelical narration is not only a pedagogical instrument. It is also a theological way no narrate
its own faith. The Scriptures have always been emphatic about the need to welcome others, even
though this has often been difficult in practice. However, the insistence on this subject in the
Lucan community recalls through this parable of the good Samaritan a new opportunity to reflect,
in the light of the past, how the terminology “near” was understood and to bring to the history
today a provocation where our faith makes us understand that our neighbor is the one who needs
our help. In this same direction, Pope Francis' ministry has awakened us with very insistent
updates that the “neighbor” counts on us, so we understand why the Latin American Pope calls
for a Samaritan and hospitable Church that has the face of Christ on its countenance, welcoming
and caring.
Keywords: Neighbor, Merciful Love, Compassion, Scripture, Welcome.
1
Pertence à Congregação Missionárias da Imaculada – PIME. É assessora nacional da Comissão Episcopal
Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética – CNBB. Mestre em Aconselhamento Social pela South
Australian University. Mestre em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É
licenciada em Filosofia e Teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, São Paulo. E-mail:
[email protected]
2
Mestrando em Teologia (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Graduado em Curso Superior
de Filosofia (Instituto de Filosofia São Boaventura, IFSB, São Paulo, 2000). Graduado em Teologia
(Pontifícia Universidade Católica, Campinas, 2004). Graduação em Teologia (Faculdade Vicentina, FAVI,
Curitiba, 2017). E-mail: [email protected]
E quem é meu próximo?
Introdução
E quem é o meu próximo? (Lc 10,29). Esta pergunta está inserida dentro da
parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37), que se coloca no contexto da grande viagem
a Jerusalém e que tem início em Lc 9,51. Esta é uma narração exclusiva de Lucas e é uma
das parábolas da misericórdia, características do terceiro Evangelho, que lhe confere uma
tonalidade própria e notoriedade particular na figura de Jesus (FITZMYER, 1987. p. 276-
277).
O termo "próximo" irá servir de base para toda a construção do texto e é em torno
dessa questão, que serão introduzidos os personagens e os diálogos. Se tornar próximo
consiste em uma relação dialógica que pode inverter as expectativas sobre onde e como
tal relação é construída e se sustenta. A segunda pergunta do legista, permite que o
teoricamente correto seja realizado, isto é, amar o próximo segundo a Lei. A pergunta
“quem é meu próximo? “pressupõe que o próximo esteja claramente definido e, se
necessário, possa ser distinguido daquele que não é meu próximo (DILLMANN; MORA
PAZ, 2006, p. 290).
É interessante notar que Lucas situa a parábola do bom samaritano no contexto da
subida de Jesus para Jerusalém (Cf. Lc 9,51-19,45), enquanto o homem ferido à beira do
caminho καταβαίνω (descia) de Jerusalém. Os verbos ἀναβαίνω (subir) e καταβαίνω
(descer) tem uma grande importância para o evangelista, indicando um contínuo
movimento de Jesus, seus discípulos e os personagens da parábola. Nesse sentido há uma
sintonia de movimentar-se no ὁδός (caminho) presente no contexto literário da seção
central do terceiro Evangelho e no enredo da parábola.
1. Gênero literário: uma narrativa em atos
A análise narrativa toma o texto sob a perspectiva comunicativa entre o autor e
leitor, com o objetivo de identificar as ações performativas que aquele suscita em seus
interlocutores. Aplicada à parábola, este estudo tem como foco, o diálogo de Jesus com o
legista, no sentido de provocar uma reflexão sobre o verdadeiro sentido do mandamento
do amor ao próximo. Para responder à pergunta “quem é o meu próximo?” (v. 29), Jesus
conta-nos a parábola do bom samaritano.
Todos os personagens do relato parabólico introduzidos por Jesus são anônimos;
eles apenas atuam segundo suas funções. Na perícope, somente Jesus, o mestre que narra
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a parábola, é identificado pelo nome. Todos os verbos de ação são descritos por Ele.
Segundo Fitzmyer, a mensagem da parábola (cf. Lc 10,29-37) resume a resposta de Jesus
dada ao escriba. O próximo é, portanto, todo necessitado que encontramos no caminho,
toda pessoa que precisa da nossa compaixão, que está acima de vínculos sanguíneos,
éticos ou condições religiosas (FITZMYER, 1987, p. 279).
O próximo não tem um nome. A parábola fala de “um homem”, sem
ulteriores especificações: “um homem” equivale a dizer “cada homem”,
além de suas conotações de nacionalidade, de nível social, de ideologia
ou religião; “cada homem” necessitado. Não por acaso, como
socorredor deste homem, Jesus escolhe um “samaritano”: alguém
considerado de raça inferior, pertencente a um povo com o qual os
judeus não queriam ter nenhuma relação. A novidade do evangelho
consiste precisamente em superação de barreiras similares. (...) O bom
samaritano vai além dos dados de ordem social ou moral; à vista, além
das diferenças, o ser humano igual a ele, e por isso irmão
(ROCCHETTA, 2014, p. 261-262).
O texto pertence ao gênero narrativo, iniciando com um verbo no passado em Lc
10,25a, νομικός τις ἀνέστη (um cero/certo legista levantou-se), mas imediatamente se
torna um diálogo na primeira pessoa do singular em Lc 10,25b Διδάσκαλε, τί ποιήσας
ζωὴν ζωὴν κληρονομήσω? (o que devo fazer para herdar a vida eterna? O texto termina
com um discurso na segunda pessoa do singular, no tempo presente em Lc 10,37:
Πορεύου καὶ σὺ ποίει ποίει (Vai tu e fazes o mesmo).
A narrativa é construída sobre três perguntas e três respostas subordinadas a um
questionamento inicial, que aparentemente não obtém uma resposta.
Perguntas: Respostas:
a. Mestre, que farei para herdar a vida eterna? a. Aparentemente não há resposta.
b. "Que está escrito na Lei? b. "Amarás o Senhor teu Deus... e o seu
próximo como a ti mesmo...
c. E quem é o meu próximo? c. A parábola.
d. Na sua opinião, quem foi o d. "Vai, e, também tu, faze o mesmo".
próximo do homem?
O termo "próximo" irá servir de base para toda a construção do texto. É em torno
dessa questão, que serão introduzidos os personagens e os diálogos. A nova pergunta do
legista permite que o teoricamente correto seja realizado. A pergunta “quem é meu
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próximo?” Pressupõe que o próximo esteja claramente definido e, se necessário, possa
ser distinguido daquele que não é meu próximo (DILLMANN; MORA PAZ, 2006, p. 290).
*Joachim Jeremias diz que a pergunta acerca do que entende a
Sagrada Escritura por próximo é justificada, pois seria um assunto
debatido naquele tempo. Havia certa unanimidade nesta época quanto
ao que se entendia por próximo: os membros do povo de Israel, no
qual também estavam englobados os prosélitos. Porém existia
discordância no que diz respeito às exceções, sendo que os fariseus
colocavam de fora os não fariseus; enquanto que os essênios excluíam
os chamados “filhos das trevas”. Além destas exceções, Joachim
Jeremias faz referência a um dito rabínico popular, em que não se
considerava como próximo os hereges, os denunciadores e os
apóstatas. Esta concepção da máxima popular também excluía o
inimigo pessoal do mandamento do amor. (JEREMIAS, 2007, p.170).
Para responder à pergunta “quem é o meu próximo?” (v. 29), Jesus conta-nos a
parábola do bom samaritano. Aqui entra em ação a santidade de um rejeitado samaritano,
e acontece algo completamente novo, o coração se rasga. É interessante que o Evangelho
use a palavra que, no hebraico, se referia ao corpo materno. Ele é atingido em suas
“entranhas”, na alma, no mais íntimo do seu ser. Aceitou ser conquistado pela compaixão,
uma vez que a luz radiante da misericórdia alcançou todo seu ser, tornando-se ele mesmo
próximo, muito além das perguntas e dos perigos (RATZINGER, 2007, p. 176).
E a santidade que se esperava do sacerdote e do levita não acontece, pois,
observando às leis israelitas de pureza, eles estavam proibidos de tocar em cadáver que
não fosse da família (Lv 21,1-3). Tementes à lei, escolheram preservar a sua pureza e
ignoraram o homem ferido e aparentemente morto por medo de ficarem impuros (HAHN;
MITCH, 2015, p. 77).
A pergunta de Jesus ao escriba causa uma reviravolta, pois não pergunta quem
pertence ao povo de Deus, mas interrogou sim qual deveria ser a ação de uma pessoa que
se considera parte desse povo eleito de Deus e a resposta de Jesus é desconcertante: aquele
que usou de misericórdia. Portanto, Lucas afirma que a lei é válida, contudo também
considera, que os nãos judeus que a observam vão herdar a vida eterna. E o motivo é
simples: o samaritano marginalizado mostra com atitudes, que ele é um próximo, um
membro do povo de Deus (BROWN; FITZMYER; MURPHY, 2011, p. 270). Assim,
“segundo a teologia lucana, excluir os samaritanos da salvação oferecida pelo Messias,
para Jesus seria o mesmo que decretar o rompimento total e definitivo do povo da
Aliança” (ULLOA, 2012, p. 369).
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2. O enredo a serviço de ver, sentir compaixão e cuidar
As tramas narrativas podem ser, enquanto sua finalidade e natureza, de revelação
ou de resolução, no sentido de responder a uma questão crucial. A narrativa indica que a
intenção de Jesus não é revelar o que aconteceu com o protagonista da parábola, mas fazer
uma reta hermenêutica acerca do que significa ser próximo, segundo a tradição das
Escrituras. O legista precisa interpretar corretamente a Lei para adotar atitudes
correspondentes.
Antes de apresentar o samaritano, que colocou em prática a Lei, Jesus introduz os
outros personagens que têm uma íntima relação com a Lei: o sacerdote e o levita. Nota-
se que a atitude do samaritano é diferenciada, pois é realizada através de atos concretos e
acentua a ação com gestos de ternura até o excesso. Assim, é evidente que o samaritano
vai muito além de um dever, porque não somente cura o homem ferido e o leva à
hospedaria, mas deixa dinheiro ao hospedeiro, para que o ferido seja cuidado e ainda diz
que se necessário fosse outras despesas, pagá-las-ia no seu regresso com boa vontade:
“Cuida dele, e o que gastares a mais, em meu regresso te pagarei” (v. X,35) (BROWN;
FITZMYER; MURPHY, 2011, p. 263).
A coragem do samaritano é demonstrada em primeiro lugar quando ele
para no deserto (pois os ladrões ainda estão nas redondezas). Mas a sua
verdadeira valentia é verificada neste ato final de compaixão na
estalagem. O problema não é a sua coragem, mas o preço que ele está
disposto a pagar para completar o seu ato de compaixão (...)
(BAILLEY, 1995, p. 98).
Chega-se pelo caminho um sacerdote, um levita. Ambos são dirigentes religiosos
(lideravam a sociedade judaica) e, portanto, pertencem ao mundo oficial do templo. Neste
momento, é esperado que o problema tivesse solução, pois destes religiosos esperava-se
ajuda, socorro e cuidado; contudo dão uma volta ao redor da situação sem deter-se nela,
e seguem o caminho. Posteriormente, chega um samaritano. E o que esperar de alguém
que não pertence ao povo escolhido e é apenas um desprezível? Deste espera-se o pior.
No entanto, daqui surge o inesperado, as estranhas deste homem comovem-se, ele sente
compaixão, dá assistência e cuida (PAGOLA, 2012, p. 180).
Realmente o inesperado aconteceu, foi um samaritano que viu, sentiu compaixão
e cuidou dele (vv. 33-35), e assim o próximo é, portanto quem se aproximou do ferido,
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ou como afirmou o Doutor da Lei, o que praticou amor misericordioso. Sendo assim, o
amor misericordioso torna-se uma força que transforma a pessoa e a move ao encontro
de quem precisa da nossa ajuda, impulsionando a dignidade dos outros (ANDRADE,
2019, p. 432). Logo, é preciso urgentemente escolher amar e servir, apoiados na ajuda
que vem de Cristo, do nosso encontro com Ele na oração, uma verdadeira sabedoria que
brota da sua palavra e da graça imerecida que Ele infunde em nós por amor (BENTO
XVI, 2010, p. 54).
Jesus conseguiu desafiar seus ouvintes a pensarem de maneira diferente e quer nos
ensinar, também hoje, a repensarmos muitas vezes em nossas atitudes. Ao nos
depararmos com esse texto bíblico, seja no nosso encontro na liturgia, ao estudarmos ou
ainda, quando fazemos nossa oração, vemos a necessidade de permitir que nossa
mentalidade possa, de alguma forma, ser transformada. Quem precisa do meu socorro?
(ANDRADE, 2019, p. 433).
A parábola do “bom samaritano” (Lc 10,29-37), contada por Jesus para
responder a uma pergunta de um doutor da lei que desejava colocá-lo à
prova, sublinha que não é nem o sacerdote (v. 31), nem o levita v.32),
mas o “infiel” samaritano (o qual também descia de Jerusalém para
Jericó) que é apresentado por Jesus como um exemplo de observância
do máximo preceito do judaísmo, o amor ao próximo (Lc 9,27b). Diante
da pergunta que lhe fora feita pelo doutor da lei: “quem é o meu
próximo?” (v. 29), Jesus, ao contar a parábola, acaba de inverter a
pergunta: “afinal, quem foi o próximo deste homem? Em outras
palavras, e tu... és próximo de quem?” (v.36) (ULLOA, 2012, p. 365).
A vida eterna implica na Lei; a Lei implica no amor a Deus e ao próximo; próximo
envolve uma definição clara; tal definição deve conduzir à misericórdia. A metáfora da
narrativa expressa que a relação com o próximo passa por uma transformação de criar
laços afetivos que vão além do socorro imediato, com um cuidado amoroso que toca o
coração, e suscitar nos ouvintes o desejo de fazer o mesmo.
3. O espaço e o tempo: compreender as Escrituras é amar com os olhos e o coração
O gênero literário narrativo parabólico de Lc 10,29-37 tem por objetivo manter o
foco no leitor e não se permite aqui distrações, isso para que se possa chegar ao objetivo
principal da perícope. É importante lembrar, que a atenção aqui está na denúncia de uma
ação contraditória do levita e do sacerdote (ANDRADE, 2019, p. 430).
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O espaço e o tempo assumem lugares de particular relevo nas narrativas por serem
duas das suas coordenadas fundamentais. O espaço diz respeito aonde se desenvolvem
as ações. Na seção central do Evangelho segundo Lucas, a/à beira do caminho é o lugar
em que se desenvolve grande parte da parábola. O termo ὁδός (caminho) tem um sentido
teológico fundamental para os discípulos. Os eventos mais importantes do discipulado
acontecem no caminho, pois é nele que se manifesta a salvação. É aqui o lugar de colocar
em prática a Lei do amor ao próximo.
O tempo diz respeito a quando a ação acontece, o relato enquanto enunciado
narrativo é fruto de uma sucessão de ações relacionadas entre si e ligadas por uma
sucessão temporal. Tal como o espaço, o tempo é construído pelo narrador. Nesta
parábola, o sacerdote e o levita não colocam o tempo a serviço do homem ferido. Ao
passo que o samaritano interrompe sua viagem e dedica-se até o dia seguinte; até que se
possa recompor da violência sofrida.
A atitude do levita e do sacerdote expressa uma ruptura entre o ser religioso e o
viver no mundo. Quando essa ruptura acontece, perde-se a compaixão, não se acha
responsável pelo outro, não vê mais erro em não socorrer e consequentemente, afasta-se
dos sofredores, dos feridos e marginalizados. Eles estão muito próximos de nós e somente
tendo coração e compaixão é possível ter olhos para ajudá-los. Assim, vale a pena imitar
o samaritano, que não ousa perguntar se o homem “semimorto” é o seu próximo ou não,
apenas comove-se e faz o que é preciso fazer (PAGOLA, 2012, p. 182).
É muito interessante observar que o evangelista apresente como
exemplo de observância dos mandamentos alguém que os ouvintes
jamais esperariam. De fato, exemplos de piedade e de retidão frente à
Torá deveriam ser justamente os dois primeiros personagens (o
sacerdote e o levita) que, passando pela estrada, ao ver o homem caído
e ferido sequer pararam e seguindo seu caminho não deram sinal algum
de compaixão e misericórdia (ULLOA, 2012, p. 365).
O motivo desta contradição, provocada pelas autoridades religiosas, gera
evidentemente um mau exemplo dado por pessoas de quem se esperaria um testemunho
de vida, tudo isso por não colocar em prática a Torá (ANDRADE, 2019, p. 430). Por
conseguinte, resta-nos, segundo Jesus, andarmos como o samaritano. Não é possível
cobrir-se com as máscaras do poder ou do dinheiro e não encarar de frente a exigência da
fraternidade, da solidariedade. E para isso, a única saída é buscar ter os olhos e o coração
do Bom Samaritano (PAGOLA, 2012, p. 184).
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É preciso colocar a Palavra de Deus em prática, mas cientes que estamos diante
de um dos maiores desafios deste tempo. É necessário falar com sabedoria e de modo
convincente da Palavra de Deus a um mundo que, muitas vezes, enxerga o Evangelho
como uma limitação à liberdade humana, e não como uma verdade libertadora, que nos
ilumina por viver com sabedoria (BENTO XVI, 2010, p. 78).
Considerado em si mesmo, o relato sobre um homem que foi ferido por
ladrões poderia conduzir os leitores que compartilham da perspectiva
do Doutor da Lei a supor que o próximo é apenas o homem em
necessidade. Nesse tipo de interpretação, os detalhes da narrativa são,
em última instância, supérfluos, e a parábola é somente mais um modo
atrativo de ilustrar uma resposta bastante direta da questão do Doutor
da Lei: teu próximo é alguém que precisa de tua ajuda. Contudo, esse
tipo de interpretação está longe de ser aquela que Jesus faz e deseja que
seus seguidores compartilhem, ou seja, outra maneira de entender o
texto de Lv 19,18 (BENTO XVI, 2010, p. 431).
Percebe-se assim que a consequência da pergunta, aqui se trata também da vida
eterna e da prática das Escrituras no amor, e isso se resume na tarefa de amar a Deus e ao
outro no caminho para a vida eterna (BENTO XVI, 2010, p. 431). “Quem está em contato
com Deus não morre. É o amor de Deus que dá eternidade” (RATZINGER, 2007, p. 180).
Acolher, defender e transmitir a fé cristã deve ter uma dimensão prática.
É na vida que se deve comprovar e testemunhar, no agir diário, na
adoração a Deus, no amor a Deus e ao próximo. Sem essa dimensão
existencial, qualquer teologia ou discurso sobre Deus seria mudo (...)
(RATZINGER, 2007, p. 212).
4. A caracterização de Jesus e os personagens secundários
Nas parábolas lucanas Jesus é sempre o protagonista principal da narrativa. Os
outros personagens são secundários e atuam à medida que Jesus evoca-os a entrarem em
ação. É interessante notar que o legista se dirige a Jesus chamando-o de διδάσκαλος (X),
como seus discípulos o chamavam. Embora o termo neutro como ῥαββί (X) ou κύριος
(X) fossem comuns, o legista reconhece que Jesus é um mestre sábio e que ensina e
interpreta a lei com conhecimento.
O legista é um personagem secundário cuja função é deixar que o ensinamento de
Jesus sobre o mandamento do amor ao próximo seja revelado. No relato parabólico, o
sacerdote e o levita são personagens evocados; não atuam, apenas passam pela cena. O
samaritano é o protagonista principal, todos os verbos importantes de ação são realizados
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por ele: pois vê o ferido, move-se de compaixão, aproxima-se, cuida das chagas, derrama
o vinho para limpar as feridas, unge com óleo para tratar os ferimentos, coloca em seu
próprio animal, conduz à hospedaria, dispensa-lhe todos os cuidados necessários, assume
os gastos da hospedaria e promete regressar para ver ainda se precisa de algo mais.
O narrador da parábola (Jesus) diz para os ouvintes que o sacerdote e o levita
agiram da mesma maneira ἀντιπαρῆλθεν (vê e passa para o outro lado do caminho).
Porém o samaritano tem outra atitude: ἦλθεν κατ᾿αὐτό (se aproxima do homem ferido).
Isto surpreende os interlocutores que não esperavam que justamente um samaritano
cumpriria o mandamento do amor ao próximo. O que o samaritano faz é justamente o que
se esperava do sacerdote e do levita. Somente o samaritano é capaz de atravessar as
barreiras étnicas, religiosas e do medo, porque tem compaixão e coloca em prática os
ensinamentos da Torá. Por isso, ele é um exemplo a ser imitado.
O Evangelho de Lucas não aposta em conclusões acabadas acerca de Jesus. De
forma insistente e com objetivo de envolver o leitor, vai apresentando que o enigma não
está solucionado: isto é proposital, de forma que esse diálogo silencioso e paciente das
perguntas proporcione caminhos abertos para inscrever/escrever uma nova etapa. É uma
história aberta, onde a insinuações de cristologia encontram-se na própria parábola e nos
remete à eclesiologia (MENDONÇA, 2018, p. 180-181).
Sendo assim, dentro do contexto imediato da parábola, a cristologia remete à
eclesiologia; a compaixão do protagonista com o estrangeiro viajante torna-se um
exemplo bem real de “amor ao próximo”. Neste horizonte, portanto, abarca um
samaritano como paradigma exemplar para os seguidores de Jesus Cristo (FITZMYER,
1987, p. 280-282). É preciso ser imitador do bom samaritano, que na prática a exegese
dos primeiros séculos identifica com o próprio Jesus e assim constrói um rosto
universalista da salvação (BAILEY, 1995, p. 99).
Preciso tornar-me próximo de qualquer pessoa que esteja em
necessidade. Cumprir as leis significa que preciso estender-me em
compaixão dispendiosa para todas as pessoas, até para os meus
inimigos. Este padrão continua válido, mesmo que eu nunca o alcance.
Não posso me justificar e ainda assim alcançar a vida eterna (BAILEY,
1995, p. 101).
Sendo assim, Fitzmyer afirma que há um “sentido espiritual” na Escritura que
nada mais é que o sentido literal pretendido pelo autor humano (FITZMYER, 1997, p.
65). “Cada um deve também se tornar samaritano – seguir Cristo e tornar-se como Ele.
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Só assim é que vivemos corretamente, então vivemos corretamente, se formos
semelhantes àquele que primeiro nos amou (cf. 1Jo 4,19)” (RATZINGER, 2007, p. 179).
O relato do “bom samaritano” não é uma parábola a mais, e sim aquela
que melhor expressa, de acordo com Jesus, o que é ser verdadeiramente
humano. O samaritano é uma pessoa que vê em seu caminho alguém
ferido, aproxima-se, reage com misericórdia e o ajuda no que pode. Esta
é a única maneira de ser humano: reagir com misericórdia. Pelo
contrário “dar uma volta” diante de quem sofre – postura do sacerdote
e do levita – é viver desumanizado (PAGOLA, 2012, p. 183).
5. Uma Igreja Samaritana clama Francisco
A tradição bíblica e a reflexão teológica necessitam dialogar com os desafios
contextuais, tornando a vida e seus desafios, lugares privilegiados de releituras da práxis
pastoral e interpretação das Escrituras, é a chamada hermenêutica do lócus da vida
(LIMA; TERRA, 2019, p. 272).
Neste sentido, Francisco resgata uma eclesiologia provinda do Concílio Vaticano
II, chama-nos como Igreja a ter primeiramente “uma paixão por Jesus, pelo seu povo”
(EG 268-270), e assim lança o desafio de uma Igreja toda ministerial, demonstrando
preocupação com o laicato, com a mulher, os jovens, as vocações sacerdotais e religiosas
(EG 102-109).
Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de
encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas
que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos
sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus
repete-nos sem cessar: “Vós mesmos, dai-lhes de comer” (Mc 6,37)
(EG 49).
Portanto, é bem verdade que o princípio bíblico da hospitalidade é inegociável,
sendo assim, não podemos negociar o nosso dever da hospitalidade gratuita, proativa e
livre de qualquer tipo de tentação egoísta (KONINGS, 2019, p. 205).
A Igreja samaritana (acolhedora) é hospitaleira (cuida), esta é a Igreja que
Francisco anseia, aquela que sai ao encontro dos que precisam, que entra na noite dos
desolados, e escandalizados. Que é capaz de inserir-se na conversa e saiba dialogar com
os discípulos que vagam sem metas, sozinhos, com seu próprio desencanto, com a
desilusão com um cristianismo considerado hoje estéril, incapaz de gerar sentido e vida,
os semimortos do hoje da história (FRANCISCO, 2013, p. 49-50).
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E quem é meu próximo?
Eu gostaria que hoje nos perguntássemos todos: Somos ainda uma
Igreja capaz de aquecer o coração? Uma Igreja capaz de reconduzir a
Jerusalém? Capaz de acompanhar de novo a casa? Em Jerusalém,
residem as nossas fontes: Escritura, Catequese, Sacramentos,
Comunidade, amizade do Senhor, Maria e os Apóstolos... Somos ainda
capazes de contar de tal modo com essas fontes, que despertem o
encanto pela sua beleza? (FRANCISCO, 2013, p. 51).
Sendo assim, com essas provocações, o ministério do Papa Francisco também
atualiza a preocupação com o empobrecido na tradição judaico-cristã. Isso é demonstrado
com a insistência de uma Igreja hospitaleira (acolhedora), mas também faz voz profética
às autoridades governantes e a todas as pessoas de bem que saibam ser acolhedores dos
próximos, sejam os pobres, doentes, migrantes e refugiados, que as portas do coração
estejam abertas, prontas a aceitar quem precisa de nós. Assim a Igreja terá o rosto de
Jesus, pois na hospitalidade carregamos as marcas de um Deus pobre e acolhedor. Assim,
enfatiza Francisco, que as Igrejas sejam casas de portas abertas, manifestando seu desejo
de acolhimento, preocupação e inquietação diante dos mais vulneráveis (OLIVEIRA,
2017, p. 190-191).
(Igreja ou cada um?) Na conclusão de Francisco é preciso ser Igreja que se pareça
com Jesus, o Bom Samaritano, e assim ela tornar-se-á necessariamente uma “Igreja
Samaritana”, que reaja com misericórdia diante do sofrimento das pessoas, que tenha,
portanto, entranhas de misericórdia, que não dê voltas diante dos que sofrem e que ajude
os que padecem feridas físicas, morais ou espirituais, sabendo ser sempre hospitaleira
(PAGOLA, 2012, p. 183).
O grande ensinamento da parábola é o convite para assistir e cuidar dos pobres, o
que nos faz ser uma Igreja hospitaleira. É importante recordar que o termo justiça na
Bíblia Hebraica, dá-nos a ideia de ordenação e construção, que nos adverte atenção aos
grupos mais fragilizados, sendo por nós acolhidos, protegidos e assistidos (LIMA;
TERRA, 2019, p. 286).
Ao mencionar estes grupos socialmente empobrecidos, lembremo-nos que sempre
recorrem à prática da justiça como único meio de garantir-lhes a sobrevivência, e a busca
por seus direitos. Na Bíblia Hebraica esses grupos eram merecedores de jurisprudência,
e formados pelo estrangeiro, órfão e a viúva (FRIZZO, 2020, p.30-31).
Essa Trilogia Social (o estrangeiro, o órfão e a viúva) é um grupo caracterizado
pela falta de proteção, pobreza e exploração por parte de outros grupos sociais. Por isso,
no Deuteronômio, percebe-se a existência de um sistema tradicional voltado para
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E quem é meu próximo?
garantir-lhes os aspectos físicos e sociais, apelando aos ricos para a sensibilidade e ao
monarca que considere suas aflições (FRIZZO, 2020, p. 44-45).
Lucas atualiza em sua comunidade a preocupação com o empobrecido, tão
enfático na literatura deuteronomista e que não pode ser esquecido. Traz à reflexão a triste
situação de uma multidão de pobres, constituída por assalariados, samaritanos, mendigos,
doentes, etc. (FABRIS; MAGGIONI, 2006, p. 110).
Esses pobres são identificados/assemelhados a Jesus, são os últimos e estão entre
as dimensões próprias do cristianismo. Ainda que a cultura dominante deste tempo tenha
como princípio separar os pobres e não considerá-los dignos de atenção e muito menos
ainda de consideração, portando-se com eles como o sacerdote e o levita da parábola, nós,
discípulos de Jesus, queremos caminhar pela via do amor, da compaixão e acreditar que
é possível ter e colocar em prática os sentimentos de Jesus que estão vivos em nós
(PAGLIA, 2009, p. 69-70).
Sendo assim, verificar-se-á que devemos convencer-nos de que o cuidado dos
pobres está confiado a nós, pois é preciso rever o atual modelo de desenvolvimento que
não vê o pobre como seu próximo, vê-se somente na busca do lucro o centro das relações,
criando distanciamento cada vez maior entre as classes sociais e ausência de dignidade
aos empobrecidos (RUBINI, 2015, p. 207).
A experiência deve nos convencer que uma das qualidades mais amorosas e belas
que os cristãos deveriam ter é a de serem amigos próximos dos pobres, ou seja, viverem
cercados dos fragilizados, pois é assim que Jesus aparece nos Evangelhos. A vida deve
ensinar-nos que todo aquele que abre o coração ao Evangelho o deve abrir também aos
pobres (PAGLIA, 2009, p. 68-69).
O verdadeiro cristão possui, de fato, a humilde certeza de que pode
deixar-se guiar pelo Divino Espírito Santo, pelo Espírito de Deus que
é, em sua essência, caridade difusa e eficaz, caridade atenta a todos os
dramas que dilaceram a humanidade: desde a amarga solidão que
atormenta a existência de tantas pessoas, até os sofrimentos que se
abatem sobre enfermos e encarcerados. Desde as fadigas dos ritmos da
vida econômica, até os graves incidentes do mundo do trabalho e a
condição dos operários. Desde árduos e complicados problemas da
política e da sociedade, até o serviço pela paz e pela concórdia entre as
pessoas, e entre as nações (MARTINI, 1997, p. 123).
Jesus convida todos nós a uma atitude de compaixão ativa e solidária, isso porque
Deus deseja uma vida mais digna e feliz para todos, começando dos empobrecidos. É um
chamado a termos atenção com o próximo, manifestando compaixão aos sofredores,
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E quem é meu próximo?
defendendo os mais vulneráveis, acolhendo incondicionalmente a todos, o que é
realmente a chamada luta pela dignidade de toda pessoa. Assim abriremos caminhos para
o Reino de Deus (PAGOLA, 2019, p. 64).
Considerações finais
É bem verdade que no caminho da nossa vida encontraremos os próximos, alguns
feridos, outros despojados, alegres e tristes, animados ou decepcionados. Por isso, é
preciso ter a sensibilidade da proximidade, que começa querendo sempre ajudar os outros,
fazendo o bem a quem precisa de nós. Encontraremos pessoas sofridas pela falta de
compreensão e de amor, ou escassas dos meios materiais mais indispensáveis, feridas pela
dor das humilhações que vão contra a dignidade humana. O cristão nunca pode passar
adiante, como fizeram o levita e o sacerdote da parábola do bom samaritano (cf. Lc 10,
29-37).
A narrativa parabólica reforça acentuadamente que passava pelo mesmo caminho
um sacerdote, o qual, ao ver o homem, passou adiante; e que igualmente passou um levita
que, chegando perto daquele lugar e vendo-o, passou adiante. Estes homens religiosos
tinham as suas preocupações – talvez coisas que considerassem mais importantes – e não
queriam complicações. Deram mais importância aos compromissos pessoais do que ao
homem semimorto que necessitava de ajuda. O grave erro aqui foi a falta de cuidado com
o próximo. Com isso, podemos nos questionar o que fazemos pelos outros, se o fazer é
por Deus? Jesus esperava-os nessa pessoa necessitada, pois Ele estava ali.
Portanto, fica-nos claro compreender que Jesus é o objeto da nossa caridade e este
é o segredo para nos situarmos acima das diferenças de religião, condição social, raça,
cultura, idade, opção sexual, ou caráter. Nos outros, vemo-lo a Ele: com razão se pode
dizer que é o próprio Jesus quem nos pobres levanta a voz para despertar a caridade dos
seus discípulos.
E como é bom saber que passava por ali um samaritano, que chegou perto do
necessitado de ajuda, moveu-se por compaixão, aproximou-se, viu as feridas, depois de
colocar nelas azeite e vinho colocou-o posteriormente sobre o seu jumento, levou-o a uma
estalagem e cuidou dele. E no dia seguinte tirou dinheiro, deu-os ao hospedeiro e disse-
lhe: cuida dele, e quando/se gastares a mais, eu te restituirei no seu retorno.
Ele não teve uma ação teórica ou simplesmente sentimental, mas uma ação prática
e eficaz. Aproximou-se, que é o que devemos começar por fazer perante o necessitado.
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E quem é meu próximo?
Aproximar-nos, não somente observar as necessidades alheias de longe, como se não nos
dissessem respeito. É preciso ter as atenções que a situação requeira: cuidar do próximo.
Outra observação importante é recordar-nos que nem sempre vão se tratar de atos
heroicos. Frequentemente, serão atitudes simples, muitas vezes pequenas, já que a
caridade não deve ser observada somente nos grandes acontecimentos, mas, sobretudo,
na vida cotidiana.
Que bela atitude nos deixa o bom samaritano, que soube passar momentaneamente
para um segundo plano os seus compromissos, como certamente também as suas urgentes
necessidades. Nós devemos nos lembrar que na vida cotidiana também encontraremos
esse homem, que foi deixado meio morto e é preciso, sensivelmente, ver neste o Senhor
pedindo-nos ajuda. Será preciso também dar uma pausa às nossas ocupações e ceder à
oportunidade de cuidar dos outros. Fica-nos o convite: Vai, faze tu o mesmo! Sê o
próximo ativo e compassivo com todo aquele que de ti precisar.
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Recebido em: 21/10/2020
Aprovado em: 18/11/2020
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