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A "Communitas" Modelo e Processo

O documento analisa a 'communitas' segundo Victor Turner, destacando suas modalidades: existencial, normativa e ideológica. Turner critica a visão socio-estruturalista da sociedade, propondo que a 'communitas' representa relações sociais mais profundas e espontâneas. Ele também discute a transição das 'communitas' espontâneas para formas normativas e ideológicas, enfatizando sua relevância em contextos sociais e religiosos.

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A "Communitas" Modelo e Processo

O documento analisa a 'communitas' segundo Victor Turner, destacando suas modalidades: existencial, normativa e ideológica. Turner critica a visão socio-estruturalista da sociedade, propondo que a 'communitas' representa relações sociais mais profundas e espontâneas. Ele também discute a transição das 'communitas' espontâneas para formas normativas e ideológicas, enfatizando sua relevância em contextos sociais e religiosos.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

CIÊNCIAS SOCIAIS

PATRICK EDUARDO REIS SALGADO

A “COMMUNITAS”. MODELO E PROCESSO – MODALIDADES DA “COMMUNITAS: UM ESTUDO


DIRIGIDO A PARTIR DE UMA LEITURA DE VICTOR TURNER.

Uberlândia, Minas Gerais.

2025
MODALIDADES DA "COMMUNITAS"
Este capítulo “A "Communitas". Modelo e Processo”, resulta naturalmente de um
seminário realizado na Universidade de Cornell por Victor Turner e um grupo
interdisciplinar de estudantes e do corpo docente sobre o tema dos aspectos meta-
estruturais das relações sociais.
O antropólogo alerta que, ele fora educado n’uma tradição social-estruturalista
ortodoxa da antropologia britânica, na qual – de maneira resumida – considera a
sociedade como um sistema de posições sociais. Esse sistema pode ser dividido
em estrutura segmentária ou hierárquica, ou ambas, na qual, o autor acentua
que, as unidades da estrutura social são relações existentes entre "posições",
funções e cargos.
Para Turner (1974), a utilização de métodos socio-estruturais tem sido útil para
trazer clareza a muitas áreas obscuras da cultura e da sociedade, porém, o
antropólogo aqui, tece uma crítica a esse ponto de vista, pois, para o autor, este
teria se tornado ao mesmo tempo um grilhão e um fetiche.
Para o antropólogo, as suas experiências de campo e as leituras gerais sobre artes
e humanidades levaram-no a ter a conclusão de que: o social não se identifica com
o socio-estrutural; para o antropólogo, existem outras modalidades de relações
sociais.
Além do estrutural, não teríamos apenas – como descrito em Hobbes – o conceito
da guerra de todos contra todos, mas também a “communitas”, na qual,
essencialmente, consiste em uma relação entre indivíduos concretos, históricos,
idiossincrásicos.
Segundo Victor Turner (1974):
“Estes indivíduos não estão segmentados em função e posições sociais,
porém defrontam-se uns com os outros mais propriamente à maneira do "Eu e Tu",
de Martin Buber. Juntamente com este confronto direto, imediato e total de
identidades humanas, existe a tendência a ocorrer um modelo de sociedade como
uma "communitas" homogênea e não estruturada, cujas fronteiras coincidem
idealmente com as da espécie humana.”
TURNER, Victor W. O Processo Ritual: estrutura e anti-estrutura: tradução de Nancy
Campi de Castro. Petrópolis, Vozes, 1974.

Aqui, é importante frisar que, a “communitas” é diferente da “solidariedade” de


Durkheim, cuja força depende do contraste entre “interior ao grupo” e “exterior ao
grupo”. Para o antropólogo, a “communitas” estaria para a solidariedade como a
“moral aberta” de Henri Bergson está para a sua “moral fechada”. Porém, a
espontaneidade e a imediatidade da “communitas”, por se opor ao caráter político e
jurídico, raramente são mantidas por muito tempo.
Assim, Victor Turner distingue as “communitas” em 3 grupos
1. "Communitas" existencial ou espontânea: esse tipo de communitas, é
aproximadamente aquela onde os "hippies" chamariam naquela época de
"happening", onde o antropólogo cita que seria, para William Blake, “o fugaz
momento que passa", ou, posteriormente, "perdão mútuo dos defeitos de
cada um";
2. "Communitas" normativa: esse tipo de communitas, é aquela que sob a
influência do tempo, da necessidade de mobilizar e organizar recursos, da
exigência de controle social entre os membros do grupo na consecução
dessas finalidades, a communitas existencial passa a organizar-se em um
sistema social duradouro;
3. "communitas" ideológica: esse tipo de communitas, é aquela que o rótulo
pode se aplicar a uma multiplicidade de modelos utópicos de sociedades,
baseados na "communitas existencial”;
Segundo Turner, a communitas ideológica consistiria simultaneamente numa
tentativa de descrição de efeitos externos e visíveis (semelhante a uma forma
exterior), de uma experiência interior da “communitas existencial”, e numa
tentativa de enunciar de maneira clara as ótimas condições sociais nas quais seria
válido esperar que essas experiências germinem e se multipliquem.
A communitas ideológica e a normativa situam-se ambas dentro do domínio da
estrutura. Seria o destino de todas as communitas espontâneas na história, sofrer
aquilo que, de maneira generalizada, considerariam um “declínio e queda” na
estrutura e na lei.
Em relação aos movimentos religiosos do tipo da "communitas", não seria apenas o
carisma dos líderes que se "rotiniza", mas também a "communitas" de seus
primeiros discípulos e seguidores.
O autor tem aqui, a intenção de traçar um amplo esboço desse processo largamente
difundido, fazendo referência a dois exemplos históricos: os primitivos
franciscanos da Europa medieval e os Sahailyãs dos séculos XV e XVI, na
India.
Para Turner, a estrutura tende a ser pragmática e mundana, enquanto a
"communitas", é com frequência especulativa e geradora de imagens e ideias
filosóficas. Um exemplo deste contraste – que fora tratado nesse seminário na
Universidade de Cornell com muita cautela – é a espécie de communitas
normativa que caracteriza a fase liminar dos ritos tribais de iniciação.
Para o autor, existe aí, de um modo geral, uma grande simplificação da estrutura
social – no sentido antropológico britânico – acompanhada por uma rica proliferação
de estrutura ideológica, sob a forma de mitos e de sacra (numa acepção de Lévi-
Strauss).
Para Turner, as regras que abolem os pormenores de diferenciação estrutural, por
exemplo, nos domínios do parentesco, da economia e da estrutura política.
Essas regras, por sua vez, liberam a propensão humana para a estrutura dando-lhe
predomínio no campo cultural do mito, do ritual e do símbolo.
Aqui, o autor argumenta que, não é a iniciação tribal, mas sim, a gênese dos
movimentos religiosos que nos interessa neste momento. Embora possa dizer que
ambas revelam um caráter “liminar”, no fato de surgirem em épocas de radical
transição social, quando a própria sociedade parece estar passando de um estado
fixo para outro; quer se julgue que o terminus ad quem1 esteja na terra ou no céu.
Neste seminário, o antropólogo frisa que, frequentemente, os pesquisadores se
depararam com casos, tanto na religião, tanto na literatura, onde a communita
ideológica e normativa são simbolizadas por categorias, grupos, tipos ou
indivíduos estruturalmente “inferiores”, onde o britânico analisa que este tipo se
estende desde o tio materno nas sociedades patrilineares, aos povos autóctones
conquistados, aos camponeses de Tolstoi, aos harijans de Oandhi, aos "pobres
santos" ou os "pobres de Deus" da Europa medieval.
Para Turner, os “hippies” daquela época, são como os franciscanos de ontem, que
assumem os atributos dos indivíduos estruturalmente inferiores, a fim de alcançar a
"communitas".
A "COMMUNITAS" IDEOLÓGICA E A ESPONTÂNEA
Para Turner (1974), as concepções da communitas ideológica seria o seguinte:
“[...] os indícios que encontramos, nas sociedades pré-letradas e pré-
industriais, da existência em suas culturas, principalmente na liminaridade e na
inferioridade estrutural, do modelo igualitário a que chamamos "communitas"
normativa, tornam-se em sociedades complexas e letradas, antigas e modernas,
uma corrente positiva de concepções explicitamente formuladas sobre o modo pelo
qual os homens podem viver melhor, juntos, em harmonia e camaradagem.”
TURNER, Victor W. O Processo Ritual: estrutura e anti-estrutura: tradução de Nancy
Campi de Castro. Petrópolis, Vozes, 1974.

1
“Limite até o quem”.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
TURNER, Victor W. O Processo Ritual: estrutura e anti-estrutura: tradução de
Nancy Campi de Castro. Petrópolis, Vozes, 1974.

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