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Linha Do Tempo História Dos Surdos

O documento apresenta uma linha do tempo da história dos surdos, destacando a evolução do tratamento e educação de surdos desde a Antiguidade até o século XXI. Enfatiza a transição de visões negativas e práticas de exclusão para a valorização da língua de sinais e a inclusão social, especialmente no Brasil, com a promulgação de leis que reconhecem a Libras como língua oficial. A história é marcada por figuras importantes e movimentos educacionais que moldaram a percepção e os direitos dos surdos ao longo dos séculos.

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Linha Do Tempo História Dos Surdos

O documento apresenta uma linha do tempo da história dos surdos, destacando a evolução do tratamento e educação de surdos desde a Antiguidade até o século XXI. Enfatiza a transição de visões negativas e práticas de exclusão para a valorização da língua de sinais e a inclusão social, especialmente no Brasil, com a promulgação de leis que reconhecem a Libras como língua oficial. A história é marcada por figuras importantes e movimentos educacionais que moldaram a percepção e os direitos dos surdos ao longo dos séculos.

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Linha do tempo – História dos Surdos

Os surdos não oralizados foram, ao longo do tempo, expostos à violência, e esta ainda ocorre,
principalmente contra mulheres e crianças, em virtude de sua vulnerabilidade.

NO MUNDO ANTIGO

Aqueles que nasciam surdos, por serem considerados anormais, chegavam a ser sacrificados

 Aristóteles (384-322 a.C.) : julgava que os sentidos davam subsídios para a consciência
e que a audição era a capacidade mais importante para a educação. Isso, de certa
forma, deve ter influenciado o pensamento dos gregos a respeito dos surdos.
 Sócrates (469-399 a.C.) : deduzira que a linguagem e a comunicação não eram
exclusivas da oralidade, pois comentara que “se não tivéssemos voz nem língua e
ainda assim quiséssemos” expressar “coisas uns aos outros, não deveríamos, como
aqueles que ora são mudos, esforçar-nos para transmitir o que desejássemos dizer
com as mãos, a cabeça e outras partes do corpo?”
 Romanos: partilhando das ideias de Aristóteles, privaram os surdos que não falavam
de seus direitos legais de constituir família, gerir testamentos, negócios e seus próprios
atos, por considerá-los incapazes
 Até a Idade Média: Os surdos não oralizados, sob o ponto de vista religioso, até o fim
da Idade Média tinham uma condição subumana, porque se acreditava que, sem a
fala, não poderiam professar os sacramentos da Igreja

RENASCIMENTO

A problemática desses indivíduos passou a ser do interesse, além dos religiosos, também da
Medicina, em virtude da evolução dos estudos de anatomia. Desde então, houve uma
crescente busca pela identificação das causas da surdez e por tratamentos médicos que
possibilitassem o restabelecimento da audição e o desenvolvimento da fala.

 Eustachio: se dedicou a estudar a audição e descobriu a tuba auditiva (até há pouco


tempo denominada de tuba de Eustáquio), além de fazer pesquisas originais sobre a
laringe e a fala

SÉCULO XVI

Foram introduzidos recursos pedagógicos para o ensino dos surdos.

 Gerolamo Cardano (1501-1576): italiano, médico, matemático e astrólogo, dedicou-se


à fisiologia e descreveu a condução óssea do som; com base em seus estudos,
concluiu que a escrita poderia representar os sons da fala ou o pensamento do surdo.
Cardano estabeleceu uma relação entre o aprendizado e as diversas categorias de
surdos, desde os pré-linguais até os pós-linguais, e deduziu que a educação destes
deveria ser feita pelo ensino de leitura e escrita.
 Pedro Ponce de Leon (1520–1584): monge espanhol beneditino, considerado o
primeiro professor de surdos da história. Ele ensinou-os a falar, a ler, a escrever; e
lecionou para os filhos de nobres para que herdassem suas fortunas e títulos de
nobreza. Naquele momento, o fator econômico influiu na oralização dos surdos e
favoreceu o oralismo
SÉCULO XVII

 Juan Pablo Bonet (1579-1629): monge beneditino, continuou o trabalho de Ponce de


Leon e lançou, em 1620, o primeiro livro sobre a educação de surdos, no qual ele se
apresenta como o inventor do método de ensino da fala ao surdo por meio de um
alfabeto digital, da escrita, da leitura, dos sinais e da manipulação dos órgãos
fonatórios. Esse trabalho estimulou outros educadores a adotarem seu método
 Wallis (1616-1703): estudou Medicina, Teologia, Filosofia, Matemática e Ciências
Naturais; escreveu um livro sobre gramática e publicou o livro Da fala ou da formação
dos sons da fala. Ele iniciou os trabalhos com os surdos no sentido de oralização, mas
depois passou a usar um método que adotava exclusivamente a linguagem escrita.
 Amman (1669-1724): A ele é atribuído o aperfeiçoamento dos procedimentos de
leitura labial por meio do uso de espelhos. Isso também propiciaria aos seus discípulos
a imitação dos movimentos da fala pela visualização da imagem articulatória e pela
percepção das vibrações da laringe, por meio do tato. Amman também julgara
importante a associação de cada som aprendido com a imagem da escrita.
 Kerger (1704): descreveu os métodos que usou para fazer sua filha surda falar e nos
quais usara figuras, desenhos, gestos e leitura labial.

SÉCULO XVIII

O período de 1780 a 1860 foi muito importante para a educação dos surdos. Houve a
formação de escritores, engenheiros, filósofos, professores e artistas surdos em diversos
países da Europa e nos EUA. De acordo com Goldfeld,6 o século XVIII foi importante para a
educação dos surdos pelo aumento das escolas específicas e pelo uso da língua de sinais, o que
lhes possibilitou aprender e dominar vários assuntos e profissões

 Abade Charles-Michel de l’Épée (1712-1789): fundou em sua casa a primeira escola


para surdos. Ele era formado em Teologia e Direito, falava várias línguas e aprendera
os sinais, nas ruas de Paris, com os surdos pobres. O Abade l’Épée defendia a ideia de
que a língua de sinais era universal e que os surdos tinham uma língua. O Abade l’Épée
morreu em 1789, durante a Revolução Francesa. Posteriormente, quando esta estava
em consolidação, a escola especializada fundada por ele foi elevada a Instituto
Nacional de Surdos-Mudos. Com os anseios de liberdade, igualdade e fraternidade,
houve grande expectativa em relação à educação para todos, inclusive os surdos
 Sacks (Antes De 1750): As condições dos surdos pré-linguais eram difíceis porque esses
eram incapazes de falar e não conseguiam se comunicar com os familiares, eram
isolados até de comunidades de pessoas semelhantes, privados de alfabetização, de
instrução, de conhecimento, relegados a trabalhos desprezíveis, viviam solitários, às
vezes na miséria e desconsiderados pela sociedade e pelas leis.
 Jean Marie Gaspar Itard (1800): Ele foi influenciado por filósofos e médicos daquela
época, os quais viam a surdez como uma doença que tinha de ser erradicada. Itard
trabalhou no Instituto durante 38 anos, pesquisando sobre a cura da surdez e a
aquisição da fala e sobre o aproveitamento dos resíduos auditivos pelos surdos.

Nos EUA:

 Thomas Hopkins Gallaudet (1815): Nos EUA, o reverendo Thomas Hopkins Gallaudet se
interessou pela educação dos surdos e foi a Paris, em 1815, conhecer o método de
l’Éppé. Quando retornou aos EUA, levou Laurent Clerc, um dos melhores alunos surdos
do Instituto de Paris, para fundar, em 1817, o American Asylum for the Deaf, em
Hartford. O êxito dessa escola levou à abertura de escolas em lugares onde havia um
número suficiente de surdos, o que elevou o nível de alfabetização e educação destes.

A partir de 1821, todas as escolas públicas americanas passaram a usar a American Sign
Language, que sofrera a influência da língua francesa de sinais, graças a Laurent Clerc. Em
1864, o Congresso americano aprovou uma lei autorizando a Columbia Institution for the
Deaf and the Blind, em Washington, a se transformar em uma faculdade nacional para
surdos-mudos. Foi a primeira instituição de nível superior para surdos, rebatizada de
Gallaudet College e, mais tarde, Gallaudet University.

No século XVIII, já havia se iniciado um movimento na Alemanha para desestabilizar os


sinais da educação dos surdos. As razões para isso foram as políticas de unificação da
língua alemã e uma onda exacerbada de nacionalismo, na qual a existência de grupos
minoritários não era conveniente. Os surdos, por constituírem um grupo minoritário,
diante desse nacionalismo que enfatizava uma identidade cultural única, passaram a se
esconder e a se isolar e perderam representação política. Consequentemente, houve
prejuízo de sua imagem social e a desconsideração de sua cultura

SÉCULO XIX

 Alexander Graham Bell: l foi um defensor do oralismo e se opôs aos sinais. Ele mudou-
se da Escócia para os EUA em 1871, e sua família trabalhava com surdos e com
problemas de fala. Bell divulgou suas ideias oralistas nos EUA e em outros países e
influenciou a abertura de escolas oralistas e o fechamento das escolas onde se usava a
língua de sinais. Bell acreditava que o uso da língua de sinais e a existência de escolas
residenciais criariam uma comunidade de surdos na qual eles se casariam entre si e
teriam filhos, representando um perigo para toda a sociedade. Isso o levou a defender
o fechamento das escolas residenciais para surdos. Iniciou-se, então, o ensino da
língua oral aos surdos, o que fortaleceu a ideia de que os sinais prejudicavam o
aprendizado da língua oral
 Johan Vater (1842-1916): famoso pedagogo alemão partidário do ensino da oralidade
aos surdos, destacou-se por êxitos nessa tarefa à custa de muita crueldade. O
professor, ao obrigar o aluno a falar uma palavra difícil, poderia quebrar-lhe um dente,
caso esse não conseguisse falar. E depois de limpar o sangue da mão, passava para
outra palavra ou outro aluno
 Congresso de Milão (1880): reuniu vários educadores de surdos da linha oralista e no
qual os surdos não foram representados nem consultados. Nesse evento, foi decidido
que os sinais seriam abolidos da educação dos surdos porque atrapalhavam a
aquisição da fala. Segundo Goldfeld, o oralismo, a partir de então, passou a ser
adotado como filosofia ou abordagem educacional para os surdos e espalhou-se pela
Europa.

SÉCULO XX

No início do século XX, a maioria das escolas mundiais deixou de usar sinais. A oralização
passou a ser a meta da educação da criança surda. Como se despendia muito tempo treinando
a fala, o ensino das disciplinas ficou relegado a um segundo plano, o que levou à redução da
escolaridade dos surdos
 Na década de 1970: nos EUA, teve início uma nova filosofia educacional, a
comunicação total. Essa lançou mão de vários recursos para o ensino da pessoa surda,
tais como adaptação de aparelho auditivo, estimulação auditiva, leitura orofacial,
leitura, escrita, alfabeto digital, língua oral sinalizada, sinais e quaisquer outros
recursos que favorecessem a comunicação. Com a adoção dessa filosofia, muitas
crianças surdas apresentaram bom desenvolvimento da fala e da escrita, da
socialização e do desempenho acadêmico
 Em meados dos anos 1970: surgiram problemas com a comunicação total porque
pesquisas mostraram que o uso dos sinais, concomitante com a fala, omitia
informações gramaticais que eram essenciais à compreensão das comunicações.
Surgiu, então, a ideia de que a comunicação total deveria ser substituída pela filosofia
do bilinguismo, em que as línguas faladas e de sinais poderiam ser ensinadas ao surdo,
mas não simultaneamente
 Revolução Industrial (Fim do século XX): Relacionada com as mudanças educacionais
na abordagem da surdez, associadas as transformações sociais e do desenvolvimento
tecnológico.
 Jewett e Willinston (1970) : com o emprego da computação, que os potenciais
evocados auditivos de tronco encefálico foram descritos em adultos e passaram à
rotina clínica, assim como por outros pesquisadores, em crianças pequenas e em
recém-nascidos
 Kemp (1978): uso clínico das medidas da imitância acústica, e foram descobertas as
emissões otoacústicas, que se tornariam importantes na triagem auditiva neonatal
décadas depois. A partir de então, houve grande progresso na avaliação auditiva
infantil, o que possibilitou a detecção precoce da surdez e sua intervenção.

NO BRASIL

 Ernest Huet (1855): professor surdo chegou ao Brasil para criar, em setembro de 1857,
a primeira escola brasileira para surdos, o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos. Nesse
período, a língua de sinais era usada, principalmente, para a comunicação cotidiana,
com função de discutir as questões de trabalho, relacionamentos e lazer. Entretanto,
nesse espaço dialógico, a língua de sinais foi se transformando e adquirindo forma até
constituir-se na língua de sinais brasileira
 1991: Seguindo a tendência mundial em relação à educação de surdos, o oralismo
começou a ser disseminado a partir de 1911 e ocorreu a proibição da língua de sinais
no instituto.
 1990: Frente às insatisfações acerca do processo educacional dos surdos, a partir de
1980, políticas públicas foram elaboradas em prol da comunidade surda. Uma das
medidas propostas foi a adoção do bilinguismo, que começou a ser introduzido na
década de 1990.
 Lei no 10.436, de abril de 2002: assinada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Essa lei reconheceu a Libras como um sistema linguístico de natureza visual-motora
com estrutura gramatical própria e como meio legal de comunicação e expressão,
assim como outros recursos de expressão a ela associados
 Decreto no 5.626 (2005): regulamentou a lei anterior e instituiu que a Libras deveria
ser ensinada como disciplina obrigatória nos cursos de licenciatura nas diversas áreas
do conhecimento. Além disso, determinou que as instituições de educação superior
incluíssem a Libras como objeto de pesquisa em ensino, cultura e extensão.
A Libras foi considerada, então, a segunda língua oficial do Brasil, uma importante
conquista e um grande passo para a inclusão dessas pessoas

 Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008: reconheceu a diversidade das


pessoas com deficiência e aprovou o texto da Convenção Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU
 Lei no 12.319 (2010): regulamentou a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua
Brasileira de Sinais – Libras.
 Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011: da presidente Dilma Roussef, deu a
garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis; estabeleceu ações na
formação continuada de professores para o desenvolvimento da educação bilíngue
para os surdos ou com deficiência auditiva e a produção e distribuição de recursos
educacionais para a acessibilidade ao currículo e à aprendizagem com materiais
didáticos e paradidáticos em áudio e Libras e outras ajudas técnicas para a
acessibilidade
 Lei no 13.146, 6 de julho de 2015: Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência). Ao entrar em vigor em janeiro de 2016,
determinou medidas para assegurar e promover, em condições de igualdade, o
exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,
visando à sua inclusão social e cidadania. Para os surdos, a referida lei orientou para a
acessibilidade de comunicação, mediante emprego de tecnologias assistivas ou de
ajudas técnicas.

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