@analivia.
snt
• Ouvir “algo da criança no adulto”
(reminiscências) do paciente não o tornaria um
analista especialista da infância.
Existem especialistas em psicanálise infantil? Segundo
Lacan, não. Não existe psicanalista especialista em
qualquer ramo, por exemplo, borderline ou TDAH.
Na psicanálise, nós sempre analisamos o sujeito, O caso do “Pequeno Hans” (1909) foi a pedra
independentemente da sua queixa ou idade. angular da análise infantil, pois inspirou o
aperfeiçoamento da técnica e o surgimento de novas
Logo, não há especialização em crianças. O foco, descobertas sobre a infância: a sequência das fases da
assim como na terapia de adultos, é ouvir o sujeito. libido, os complexos de édipo e de castração, etc.
Porém, vale ressaltar que Freud nunca atendeu
diretamente nenhuma criança, nem mesmo o Hans.
Sua análise foi baseada no relato dos pais do menino.
Desde quando descobriram que "os histéricos sofrem, As pesquisas infantis novas também eram baseadas
principalmente, de reminiscências", os analistas têm em casos clínicos com adultos.
se preocupado mais com o passado de seus pacientes
do que com o presente.
Reminiscências = Aquilo que a pessoa não conseguiu
elaborar na sua fase do desenvolvimento e não se Uma ou duas décadas depois das descobertas sobre a
lembra psiquicamente, mas repete em ato. infância, os psicanalistas resolveram aplicar esses
conhecimentos na criação e formação de crianças.
O pai, a mãe e o ambiente/cultura influenciam muito
• Ex.: o adulto que fuma foi a criança que ficou as neuroses, por exemplo, quando os pais são muito
fixada na fase oral do desenvolvimento. rígidos ou muito permissivos.
• Tanto a criança quanto o adulto podem ter
reminiscências. Aqui, não nos referimos necessariamente ao pai ou
mãe biológicos, mas sim a quem exerce essa função.
1
@analivia.snt
Ex.: uma avó que é mais cuidadosa e afetuosa do que
a mãe da criança está na função materna. • Podemos conhecer melhor as reações iniciais e o
impacto das influências ambientais durante os
Então a proposta foi fazer uma educação psicanalítica
primeiros anos de vida.
com os pais, ensinando conceitos da psicanálise para
que eles aprendessem a manejar corretamente as fases
• As várias formas da ansiedade de separação
do desenvolvimento infantil, causassem menos
(castração) tornaram-se visíveis pela primeira vez
traumas e prevenissem a neurose nos filhos.
em instituições, creches, hospitais etc., não só
Esse tipo de educação foi aplicado, gerando: dentro da análise.
• Os complexos infantis e o tumulto causados por
• Êxitos – Maior franqueza e confiança entre pais e eles em sua mente estão mais abertos à
filhos. observação e à mudança, pois quanto mais jovem,
• Fracassos – As crianças pequenas não entendiam menos cristalizada a neurose e menores as
sobre os esclarecimentos sexuais e no fim não resistências.
foram libertadas das ansiedades/conflitos da vida.
A desarmonia íntima não pode ser evitada!
Logo, a educação psicanalítica não conseguiu o que
pretendia. Há diferenças entre os clínicos que atendem crianças
diretamente e os que observam o comportamento
infantil através dos pais.
• Criança em si = A visão dos pais sobre a criança,
A observação direta da criança contribuiu para: o que não necessariamente condiz com o que ela
realmente é, pois há projeções envolvidas.
• Facilitar o trabalho, por termos maior
proximidade com os dados diretos da vivência -> • Criança de si = A visão da criança a partir do que
Enquanto o adulto fala de sua versão criança, a ela acha de si mesma.
criança fala dela mesma vivendo uma situação.
Uma vantagem da análise infantil é poder intervir
Olhar o comportamento infantil só pela visão dos
no problema enquanto ele ocorre.
pais não te permitirá conhecer realmente a criança à
sua frente.
2
@analivia.snt
O clínico deve conversar sim com os pais para
entender como eles veem o filho, mas durante o
A técnica do atendimento infantil é o brincar. Por
atendimento infantil, sua prioridade é entender o
meio dele, acessamos o mundo interno dessa criança:
olhar da criança e trabalhar através do discurso dela,
seus desejos e fantasias.
não pelo discurso dos pais.
Ex.: “Sua mãe falou isso... mas eu quero ouvir como é
isso para você”. • Através do brincar, as crianças atuam
arcaicamente (expressam seus desejos
inconscientes) de forma similar aos sonhos.
• Portanto, para o analista, a brincadeira de uma
criança não é algo sem sentido.
• O psicanalista que trabalha com crianças faz uma • O analista deve participar ativamente na
análise simultânea entre pais e filhos, vendo a brincadeira com a criança. Não é só deixar ela lá
interação entre eles. na sala fazendo o que quiser.
• O analista deve entender sobre o meio externo • Idealmente, cada criança deve ter brinquedos
(família) da criança, não só o interno (psiquê). reservados para ela no consultório.
• O analista tem 2 papéis durante todo o processo: • Objetivo da análise: adaptar a criança à realidade,
analisar (psicanálise) e educar (pedagogia). pois um repúdio excessivo à realidade é uma
• A análise infantil exige uma vinculação muito indicação de neurose.
mais intensa do que a do adulto, pois o êxito de
um processo pedagógico depende do vínculo. Diferenças entre a análise infantil e a de adulto:
• Anna Freud não considera uma análise infantil
pura, sem uma mescla pedagógica.
• O grau do desenvolvimento psíquico.
• A forma de elaboração: 1. Os adultos elaboram
seus conflitos através da fala, e não da ação.
A criança expressa simbolicamente suas relações com 2. As crianças elaboram por meio da atuação
a realidade e com os outros através das brincadeiras. (ação de representar), das brincadeiras.
Se uma criança não brinca, isso é muito perigoso.
3
@analivia.snt
Os pais precisam reconhecer o fantasma parental (o
Maud tem uma abordagem peculiar de escuta dos que é passado nas gerações daquela família) e como
pais e da criança. eles contribuem para isso.
Para ela, a função do psicanalista na 1° entrevista é Ex.: a avó não deixava a mãe brincar na rua, então a
entender o que ocorre na família, que é dissimulado e mãe tem medo disso e cria sua filha para que tivesse
fixado no sintoma que se apoia na criança (o medo também.
diagnóstico que a família traz). Os objetivos da análise infantil são:
Ou seja: entender como a condição familiar causou o
sintoma psíquico na criança.
• A criança se autoconhecer – o que só é possível
“O que não foi dito, mas pode ter virado sintoma?”. quando ela se dá conta de sua situação familiar.
Ex.: uma criança que não sabe que é adotada, mas • Conseguir que ela saia da alienação do desejo dos
sente que não recebe a mesma atenção que os irmãos. pais e tenha seus próprios desejos.
Essa afirmação não tem a finalidade de culpabilizar os • Salvar a criança de uma história que não seja sua,
pais, pois eles fizeram o que podiam no momento. fazendo ela se tornar sujeito (traçar o seu próprio
caminho).
• “A quem o analista vai ajudar?” = A criança.
• Através da história que os pais contam sobre sua
família, o analista perceberá que há uma
desordem que eles recusam enxergar. • Aulas do dia 31/03 e 07/04/2025 da manhã.
• O que mais traumatiza a criança não é entrar em • Slide e texto: “a clínica infantil em nosso meio”.
contato com a verdade, mas sim com a mentira
dos pais: ao recusarem ver suas próprias falhas.
• O sintoma não se instala como algo a partir da
criança. É a presença da mentira que faz mal.
• Lembrando que mentir não é só fazer algo
incorreto, como também omitir coisas.
• Assim, a chave para o sintoma se encontra no
discurso dos pais.
4
@analivia.snt
ser tratado da maneira correta, é melhor que se
mantenha do jeito que está, porque quando não se
intervém na origem do sintoma, mesmo que ele
• Autora: Françoise Dolto. desapareça temporariamente com uma intervenção
• Todos possuímos limites: os terapeutas, os pais e superficial, depois ele volta pior e ainda mais forte.
as crianças.
• Para além de nossos limites inconscientes (coisas Ela exemplifica com o caso de uma criança que
que nem sabemos o porquê somos limitados), há precisava de terapia, mas como não tinha um
limites conscientes e sociais na nossa psicólogo, a encaminharam para uma fono na
qualificação/profissão. tentativa de ajudá-la. Isso não somente não ajudou,
• O psicólogo não deve misturar papéis. Fazer de como piorou o caso.
tudo é absolutamente ruim -> Ao tentar suprir
demandas além da psicologia, não conseguimos
trabalhar bem nada.
• O encaminhamento seria necessário, afinal, cada
profissão deveria saber até onde vai seus poderes
e deveres, implicando num trabalho em equipe. Psicoterapia de apoio (abordagens comportamentais):
Ex.: se o paciente tem um problema pedagógico,
o encaminhe a uma psicopedagoga, mesmo que
você tenha certo conhecimento para ensiná-lo. • Apoia as castrações (as proibições sociais;
• Porém, o movimento atual é tentar dar conta de distinguir o que pode do que não pode). Ela faz o
tudo e, mesmo num trabalho em equipe, os sujeito se adaptar à sociedade.
profissionais passam dos seus limites. • Embora o paciente tenha um desejo, em prol de
seu desenvolvimento pessoal e para ser mais livre,
ele deve renunciá-lo, pois não pode satisfazê-lo da
forma que deseja.
• Precisa que o paciente tenha uma relação
A autora diz que é melhor manter o sintoma da positiva/simpatize com o terapeuta, o qual é visto
criança quando não há angústia -> Se algo não puder como um mestre e modelo a ser seguido.
5
@analivia.snt
A psicoterapia (psicanálise):
terapeuta encerra a sessão; ter que guardar os
• Considera o impacto das relações desde a vida brinquedos mesmo sem querer.
fetal do sujeito.
• Permite que o paciente, independentemente da
idade, remonte e reviva ativamente a sua história
relacional (das suas relações com as pessoas).
• Se o paciente tem uma relação positiva ou A psicanálise das crianças é muito mais difícil que a
negativa com o terapeuta, isso tudo é uma dos adultos.
transferência conforme suas antigas relações; e
Enquanto a psicoterapia de apoio se preocupa com a
será manejado -> O terapeuta não precisa ser um
realidade absoluta, a psicanálise estuda unicamente o
modelo ou ter uma relação positiva c/a criança.
sentido das fantasias do paciente.
• Analisamos a transferência: a criança exprime
sentidos e sentimentos através da transferência. O Por exemplo, quando uma criança diz que não é
terapeuta procura entender em qual figura dos amada, mas observamos que os pais trabalham muito
genitores essa transferência se baseia e busca que para dar tudo a ela.
o paciente remonte à sua relação com seus
genitores, entendendo que não é sobre o
terapeuta, mas sobre suas relações antigas. • Realidade = Pais que se esforçam para dar tudo.
• A análise leva o paciente a confrontar apenas o • Fantasia = Não ser amada.
seu desejo de viver ou de morrer. Não busca a
adaptação social. O que importa é a fantasia, para além das dicotomias
• Não precisa ser psicólogo para fazer psicanálise, do bem ou mal, bom ou ruim -> Para a psicanálise, as
mas é necessário ter uma formação psicanalítica. coisas não são inteiramente boas ou ruins. Uma
droga pode ser boa por causar satisfação, mas ruim
por diminuir o tempo de vida. Categorizar as coisas
conforme esses valores não muda nada.
É importante que o paciente/a criança pague sempre
que possível pelo tratamento -> Seja realmente
(entregar dinheiro) ou simbolicamente (com seu
tempo, energia, limites e esforço). • Não muda nada -> Não busca inserir novos
desejos ou comportamentos. Só abre espaço para
Um exemplo de pagamento simbólico é quando a
o sujeito entender a si mesmo, assumir aquilo que
criança não pode continuar brincando quando o
6
@analivia.snt
ele já queria, mas não sabia. Ou até mesmo não
sofrer ao sustentar seus desejos.
É sim de extrema importância ouvir os pais, mas com
• Busca que o paciente fique lúcido em relação aos
o objetivo de entender o olhar deles sobre o filho, não
seus desejos conscientes e inconscientes, mesmo
necessariamente acatar a demanda deles ->
que estes sejam incompatíveis entre si.
Compreender “o que eu sou para o desejo do outro”
• Não dá conselhos, pois isso seria sugestão.
= o que eles querem e esperam da criança (projeção).
• Compreende a dinâmica que envolve o sintoma,
não só o sintoma em si. A criança é o ponto central de trabalho!
• É neutro e escuta o sofrimento.
• Não seduz ninguém a fazer o tratamento.
O sintoma assume um papel de proteger e catalisar a
angústia.
Muitas vezes, os pais veem um problema em algo da Por exemplo, uma mãe que esperava ter menina, mas
criança que, na verdade, é o que a faz ir bem na vida nasceu um menino. Embora nunca tenha dito isso ao
-> Os pais acham que aquilo é um problema, mas p/a seu filho, ele sente que desde pequeno não pode ser
criança está tudo bem, nem seria uma demanda dela. espontâneo, contribuindo para seu sintoma. Por isso,
Não se mantém uma criança em terapia sem que haja é necessário que o analista capte e trabalhe com os
angústia p/a criança e sem que ela saiba o que faz ali. pais sobre o que não é dito.
Essa angústia pode ser relacionada à demanda dos Também precisa ser sincero com a criança desde os
pais ou de outro aspecto da vida do paciente. primeiros momentos, para criar vínculo e promover
abertura para o processo terapêutico.
Afinal, a demanda da criança nem sempre
corresponde à demanda dos pais. Um problema é que os pais costumam esperar que os
filhos compensem seus fracassos na vida. Ex.: pai que
Ex.: Mãe -> Quer eliminar a gagueira do filho. não conseguiu ser jogador de futebol querer que o
Criança -> Não se preocupa com a gagueira. Gostaria filho seja jogador.
que sua mãe fosse mais compreensível, deixasse ele
O terapeuta auxilia os pais a aceitarem seus fracassos
brincar e que tivesse mais escolha.
e aceitarem o que o filho pode dar... o que o filho
Então não há atendimento sem a criança ter demanda realmente quer.
de trabalho (ter um motivo próprio para fazer
Quanto mais os pais conhecem seus limites e não
análise). Podemos introduzi-la à psicanálise por
exigem alguma compensação, mais essa criança terá
algumas poucas sessões, mas seria um crime impô-la.
chance de se dar bem na vida.
7
@analivia.snt
Uma criança que vive na sombra dos desejos dos pais
é um mal sinal. Mesmo que os pais fiquem satisfeitos
Ajuda a criança a superar as angústias dos pais e
com o filho quando o processo terapêutico acabar, é
assumir sua própria vida.
preciso que esse sujeito se insira em outros ambientes
diversos e tenha outras opiniões além das familiares.
• O pedido para nunca mentir aos pais é perverso,
tendo como objetivo controlar e vigiar os filhos.
• O "para agradar aos pais" não deve ir além dos 9 • Os pais não devem buscar exercer poder ilimitado
ou 10 anos, senão depois esse filho não conquista sobre os filhos, mas sim o poder do exemplo:
autonomia para achar seu próprio caminho. guiar a criança em suas experiências, em vez de
• Não são as crianças que devem gratidão aos pais. proibi-la.
Os pais que devem gratidão às crianças, que • Ao pressionar a criança a falar a verdade senão o
permitem que as gerações daquela família se genitor ficará triste, a culpabilizamos, como se ela
perpetuem. fosse a responsável pelos sentimentos dos pais.
• Não há nada mais perverso do que uma mãe que • Nada é mais perverso do que perguntar a uma
pede que a criança faça algo para a agradar como criança: "Diga a verdade, que eu não vou zangar."
forma de educá-la. Mas podemos lhe dizer: "Conte como aconteceu.
• Essa mãe deveria dizer: "o que me agrada é que O que você queria e o que conseguiu”.
você se desenvolva bem, que tenha seus O terapeuta pode pedir para a criança dizer a
amiguinhos, que siga seu caminho na vida, que verdade com esse fim, mas nunca para punir e
faça o que deve fazer." controlar.
• Educar as crianças através da comparação com os • A criança é incentivada a assumir sua mentira,
demais é perverso. As crianças deveriam ser que às vezes pode ser necessária e prudente, e
incentivadas a fazer o que querem harmonizando- também as consequências dela.
se com os outros, mas nunca p/os imitar. • Não é possível sempre dizer tudo ao outro. Casais
que fazem essa promessa são prisioneiros um do
Para a autora, uma criança honra os pais sendo ela outro e são como crianças com sua mamãe, que
mesma. Muitas vezes, isso envolve desagradá-los e foram ensinadas a falar sobre tudo.
desobedecê-los, negando concretizar suas projeções. • O dever de um educador é "controlar" as crianças
por quem é responsável, mas não submetê-las à
O clínico colabora para que os pais possam assumir sua lei ou ao seu desejo.
seus limites, e as crianças possam assumir seus • Estamos a serviço da criança; não o contrário.
desejos (mesmo que contrários aos dos pais).
8
@analivia.snt
Metade dos comportamentos educativos parentais são • Aula do dia 07/04/2025 da manhã.
perversos. Ensina-se a criança a se comportar • Slide e texto: “os limites de nossos poderes”.
conforme os valores sociais já prontos, como se fosse
uma obrigação.
Os pais deveriam cultivar na criança um senso crítico,
para ser capaz de refletir o porquê uma ação seria
certa ou errada, ao invés de fazê-la seguir regras
passivamente.
Ex.: falar que se o filho se mexer na injeção, vai doer
-> ao invés de só proibir se mexer.
O educador deve incentivar a criança a contar com
seu grupo, mas também entender que pode assumir
riscos que seus colegas não conseguem. No entanto,
ela tem que agir por si mesma, e não para se exibir
diante dos outros (exibição narcísica).
A única proibição humana verdadeira e perpetuada é
o incesto, que seria um encontro com a própria
concepção -> Quando irmão e irmã têm relações
sexuais, inconscientemente representam o coito
inicial dos pais.
Esses praticantes acarretarão uma grande dificuldade
social, por exemplo, de terem os papéis de parentesco
bagunçados (ex.: a mãe seria também tia?) e a
linhagem familiar terá problemas psíquicos (ex.:
esquizofrenia) e físicos.
9
@analivia.snt
Exemplos de mitos familiares:
• “É feio uma menina fazer isso”.
A diferença do trabalho na neurose com adultos: • “Crianças apanham quando fazem coisas
erradas”.
• “A gente veio junto, vai embora junto... Temos
• O paciente adulto neurótico foi quem nos que fazer tudo junto”.
procurou para fazer terapia. • “Brincar na rua é perigoso”.
• Já crianças, psicóticos e autistas começam a • “A minha filha é chorona mesmo”.
terapia pela iniciativa da família. Então não há
como atendê-los sem envolver a participação
familiar. O texto compara o mito familiar ao ar que a criança
respira onde está colocada.
A clínica infantil não se baseia em diagnóstico médico Nossa escuta tem que ir além do sintoma (“o que
ou psicológico tradicional (TDAH, TOD). O DSM tem?”) para entender a família (“onde vive?).
não direciona o tratamento psicanalítico. Nos perguntamos: “o que esse sintoma diz sobre essa
Ao invés disso, através das nossas perguntas na criança e seu ambiente familiar?’.
clínica, buscamos achar o mito familiar e o lugar que Ex.: uma criança que é agressiva com os colegas
a criança ocupa nele, para assim podermos pensar reproduz o que vive com os pais, que batem nela
sobre o sintoma e o diagnóstico psicanalítico. quando ela faz algo errado.
• Não é possível iniciar um tratamento sem
examinar o contexto.
Mito familiar: a dinâmica cotidiana da família da • Precisamos compreender quem na família faz
criança, a qual se baseia em fantasmas (costumes cada função: paterna, materna, de irmão, avó.
mantidos durante gerações conforme fantasias Tudo isso constitui essa criança como sujeito.
inconscientes), regras e expectativas.
10
@analivia.snt
• Mostramos aos pais que o sintoma da criança é
fruto do ambiente familiar.
• Os encontros com os pais são constantes no
atendimento infantil.
• Não podemos enxergar os mitos só como regras
Não há perguntas prontas para uma anamnese, mas o
inofensivas. Eles afetam a constituição da criança
texto dá direcionamentos de pontos importantes a
como sujeito desejante, sendo muito impactantes.
perguntar.
• O mito familiar se disseca em vários mitos que
existem naquela casa, parecendo-se com uma rede O autor critica 2 posicionamentos:
ou um feixe. Ele não é unitário ou harmônico.
1. Falta de dados – Não perguntar nada sobre as
informações daquela criança e do contexto,
acolhendo cegamente a demanda dos pais.
2. Abarrotamento sem função – Perguntar por tanta
1. O processo – O mito em si. informação que não é relevante, só para seguir à
Ex.: todo domingo temos que almoçar na vó. risca uma anamnese.
“O que acontece?”.
• A regra é: perguntar mais sobre os dados
2. A função – Quem valida esse mito. importantes (relacionados ao mito familiar), e
Ex.: o pai que força a criança a sempre almoçar menos sobre tudo.
na vó no domingo. • Por isso a psicanálise critica os modelos de
“Quem faz?”. apenas itens e testes – anamneses prontas – com
perguntas genéricas que fornecerão dados
inutilizáveis.
Como clínicos, precisamos entender o mito em nível
• Surgirão perguntas espontâneas no decorrer da
de processo e de função.
conversa.
Portanto, analisar uma criança não é apenas conhecer • Nem sempre o mito familiar será contado de
ela, em suas fantasias e inconsciente. Isso seria forma clara pelos pais. É preciso extrai-lo em
incompleto. Temos que ouvir onde ela vive, o mito pedaços – para além das primeiras entrevistas – e
familiar e o lugar que ela ocupa nele, as funções de somar com perguntas sobre o desenvolvimento
cada um na família... infantil para ter uma compreensão mais ampla.
Não tem como continuar o atendimento sem • O pai e a mãe nem sempre acreditarão no mesmo
considerar o mito familiar, senão atuaremos – mito familiar, por isso, a importância de envolver
reproduziremos os mitos com os pais. a perspectiva de ambos no processo terapêutico.
11
@analivia.snt
• Ponto importante: entender o que é essa criança
no desejo dos pais (o grande-Outro). Para o que é
Por isso, na psicanálise não podemos inferir o valor
desejada? -> Qual foi o contexto que essa criança
de um significante para o paciente. Precisamos
surgiu na vida? É uma tentativa de salvar o
perguntar a que aquilo se refere. Isso é uma crítica à
casamento? Eles queriam um filho de sexo
interpretação selvagem -> Quando o paciente diz algo
diferente?
e já damos nossas significações ao discurso.
• A todo momento nos questionamos o que
devemos fazer para sermos representados no
desejo do outro – “Em que condições sou • Ex.: um paciente fala “sexo” ao invés de “nexo”.
amado?” – e isso pode colaborar para problemas • Errado – Perguntar “o que você pensa sobre
de fixação. sexo?”.
Ex.: um paciente que foi marcado por ouvir da • Certo – Perguntar sobre o que aquele significante
avó que é uma criança desastrada se torna um remete ao paciente. “Sexo? O que te vem sobre
adulto que acredita ser um desastre. essa palavra?”.
Às vezes, o paciente estava pensando sobre o sexo do
bebê, e não sobre uma relação sexual, por isso o
analista pergunta sobre os significantes.
• Signo = Significado % Significante.
• Significado = A coisa em si. A psicanálise é uma doadora de lugar -> O terapeuta
• Significante = Palavra. se coloca num lugar neutro.
Da mesma forma, quando nos deparamos a um
símbolo desenhado, não podemos deduzir que é o
Na psicanálise, o significante importa mais que o que vemos. Precisamos perguntar à criança o que ela
significado. A linguística diria o contrário. desenhou e o que isso significa para ela.
Só compreendemos o significante conforme o Através dos desenhos e brincadeiras, as crianças
desdobramento da cadeia de significantes. O que nos produzem o que as representam. Por isso muitas
interessa é a cadeia de significantes. vezes querem nos mostrar essas coisas, como uma
forma de validação.
• Ex.: Significante -> Cavalo.
• Cadeia de significantes -> Cavalo foi o nome que
minha avó deu para o meu cachorro.
Um mito familiar é composto por vários significantes.
12
@analivia.snt
O que nos torna sujeitos é se agarrar a significantes
que nos representem -> “Eu sou X”.
Porém, o “não” também pode prejudicar a
A tarefa originária de um bebê é lutar para encontrar autenticidade -> O pai de Schreber pregava que as
seus significantes. A família auxilia nisso, mas não se crianças não deveriam ser espontâneas ou ter
pode fazer pela criança. iniciativa própria.
Precisamos entender quais significantes representam
essa criança, mas também não é papel do analista
impor significantes prontos, e sim ajudá-la a escolher
por si mesma quais significantes a representa.
No que prestaríamos atenção se atendêssemos essa
Simbolicamente as coisas importam -> Falas como criança?
“eu não queria ter esse filho” são um aborto
simbólico; ou o fato de uma criança não ter seu
nascimento registrado - é como se ela não existisse • A avó do paciente nega a existência do pai dele.
simbolicamente... • A mãe -> Tem uma condição depressiva e
paranoide (achava que a vitamina E a
• Ex.: a família do paciente queria uma filha, mas engravidou). Não tinha desejo sexual pelo medo
ele nasceu homem e recebeu o nome de de ter aborto espontâneo ao fazer relações sexuais
“Luciano”, que equivale a “LúciaNO” (não é a com o marido. Tinha dificuldade de aceitar que a
Lúcia). penetração na verdade dá origem a uma gravidez
• Ex.: a criança tem pais separados e nunca tem e pensa que o marido não merece ser pai.
suas roupas próprias, porque em cada casa usa o
que tem lá -> O corpo dessa criança virou um Essa mãe está sujeitada ao mito de sua mãe, que se
campo de batalha dos pais divorciados. recusa a aceitar a existência do marido enquanto pai.
Esse filho simbolicamente nasce “sem pai” e se essa
criança chegasse ao consultório, importaria muito
mais encontrar o mito familiar do que listar sintomas.
O período do negativismo: a fase da criança em que
ela procura explorar o mundo, então os pais proíbem
muitas coisas. “Não pode”.
O “não” marca o desenvolvimento do superego -> A • Aula do dia 14/04/2025 da manhã.
criança aprende a abrir mão do seu desejo para • Texto: “Onde vivem as crianças?”.
atender o do outro, marcado pela moralidade.
13
@analivia.snt
Não se finaliza a entrevista sem que todos esses
As primeiras entrevistas são feitas apenas com os tópicos tenham sido abordados:
pais/responsáveis legais da criança, sem demonstrar
preferência por nenhum deles. Recomenda-se
convidar ambos, mesmo se o casal for divorciado. 1. Motivo da consulta.
Quem vem, já nos diz algo sobre o contexto familiar. 2. História de vida da criança.
Ex.: só a mãe vem; o pai não (por que não veio?). 3. Dia a dia dela.
4. Relações familiares.
Pode aparecer conflitos entre os pais já na entrevista
inicial -> A sessão não pode virar uma terapia de
casal, mas o conflito também não pode ser ignorado. É necessário que essa entrevista seja dirigida e
O psicólogo escuta o conflito, sempre voltado a limitada de acordo com um plano previamente
entender como aquilo afeta a criança, e não para estabelecido, senão os pais tendem a escapar do tema.
restaurar a harmonia do casal.
Quando percebemos que os pais estão evitando falar
sobre um assunto difícil, lembre-os de que o intuito é
entender mais o contexto familiar da criança e ajudar
a aliviar a angústia deles, ao invés de ser um • Perguntar o porquê de os pais quererem que o
interrogatório ou uma crítica. filho faça terapia -> O sintoma.
Assuntos delicados fornecem dados importantes e
devem ser abordados. • Fazer perguntas para compreender
minuciosamente o desenvolvimento do sintoma
-> Quando surgiu, quando melhora, quando
Postura do psicólogo acolhedora, sem julgamentos e piora, onde ou com quem aparece... O sofrimento
mais ativa. Não se usa associação livre com os pais, pode ser causado por vários motivos, que devem
pois não são pacientes. ser compreendidos.
14
@analivia.snt
• Alguns aspectos não serão expostos pelos pais nos
primeiros contatos.
Ex.: um pai que agride a criança pode omitir essa • Muitas vezes, os pais querem que o psicólogo seja
informação, mas traz o filho à terapia se o aliado deles, mas desde a primeira entrevista,
queixando de ele estar agressivo na escola. devemos nos posicionar como analista da criança.
• Porém, quanto mais diminuímos a angústia dos • Os pais devem ficar esperando na sala de espera
pais na entrevista, mais informações eles podem até a sessão do filho acabar.
se sentir seguros de compartilhar e mais
lembranças reprimidas poderão ser recordadas.
• A comparação dos dados obtidos durante a
análise da criança com os apresentados pelos pais
• Fazer perguntas específicas sobre a história
na entrevista inicial é de suma importância para
gestacional e de desenvolvimento da criança para
avaliar em profundidade as relações com o filho.
obter dados relevantes e ajudar os pais a
Porém, deve-se ter o cuidado de não ter a
recordarem lembranças reprimidas.
intenção de procurar quem detém a verdade ou é
o culpado -> Busca-se compreender perspectivas.
• Investigar se foi uma gravidez desejada, pois a
Ex.: a criança fala que os pais não brincam, e os
rejeição deixa marcas profundas no psiquismo da
pais afirmam brincar sim; mas para o filho assistir
criança.
desenho juntos não é brincar, já para os pais, sim.
• Algumas pontuações feitas pelos pais sobre a
• Deixar claro que haverá alguns encontros
gestação muitas vezes não correspondem
somente com os pais no decorrer do tratamento.
conscientemente aos fatos em si, podendo ser por
Tudo o que se conversa com eles será informado
angústia ou culpa.
à criança, mas o que o filho aborda dentro da
Ex.: uma mãe que não queria ter tido o filho não
sessão é mantido em sigilo (a menos que
fala isso na primeira entrevista.
apresente risco à vida).
• Entender a relação mãe-filho no pós-natal, desde
• O psicólogo compartilha o assunto discutido nas
o contato físico à alimentação.
sessões, mas não o que a criança falou. Não
Ex.: a mãe que nunca amamentou seu filho no
omitimos aos pais o que está sendo trabalhado.
peito perde uma oportunidade essencial de
Ex.: falar que estamos trabalhando sobre
formar vínculo com ele.
dificuldades nas relações da escola.
15
@analivia.snt
• Só o suprimento das necessidades biológicas não
é suficiente. É preciso também dar afeto! • Entender como a criança se relaciona com a
linguagem é essencial. O atraso na linguagem
• É importante regularidade na vida dessa criança, indica dificuldade de se adaptar ao mundo.
por ser uma fonte de estabilidade. Ex.: ter uma
rotina estabelecida. • A linguagem e o andar são traços essenciais para
compreender como essa criança se relaciona com
• O jogo/brincar tem a função de repetir situações o mundo e como a mãe proporciona essa
traumáticas até que haja a sua elaboração. Ele condição (incentiva? é negligente? superprotege?).
favorece a adaptação à realidade e é necessário
para a aprendizagem. • A criança já possui impulsos destrutivos (ex.:
Ex.: um paciente de 2 anos se preocupava em querer tacar no chão um brinquedo). Como os
pesar a comida numa balancinha ao brincar. Isso pais reagem a isso? Repreendem? Aproveitam
reflete sua mãe, que é obsessiva e pesava a criança para ensinar?
depois de cada mamada.
• O prolongamento do uso da chupeta muitas
• Perguntar se a criança brinca. Uma criança que vezes é uma dificuldade dos pais, e não da criança
não joga/brinca não elabora situações difíceis da -> Querem uma solução fácil para o choro.
vida diária, as canalizando em forma de sintomas
ou inibições, e não aprende bem. • O controle de esfíncter e a relação com o produto
para a criança -> As fezes e a urina são a primeira
• A mãe e a criança se desprendem de algumas coisa que a criança produz e têm função
coisas durante o crescimento, por exemplo, inconsciente de tranquilizar angústias normais de
quando o filho para de mamar no peito. Essas esvaziamento. Como os pais e a criança lidam
mudanças são vivenciadas como perdas e, com isso?
portanto, geram um luto em ambos, mas são
partes do processo de se adaptar à realidade. • O controle esfincteriano prematuro não é um
sinal positivo para a criança, pois é interpretado
• Observar as relações de dependência e por ela como um ataque de sua mãe às suas
independência entre mãe e filho. fantasias, podendo desencadear transtornos no
Ex.: um filho que expressa o desejo de andar está desenvolvimento das funções do ego.
se tornando mais independente/separado da mãe.
Como ela reage a isso? • Muitas vezes os esquecimentos de momentos
traumáticos acontecem pela própria condição de
trauma dos pais. Ex.: a mãe não lembra que o
16
@analivia.snt
filho sofreu o trauma de ter sido mordido por um
cachorro, porque ela mesma foi mordida e isso a
traumatizou.
• É nesse momento que compreendemos os mitos • Perguntar sobre o dia a dia da criança. Entender
familiares. como ela lida com as situações, proibições,
castigos, prêmios, etc.
• A importância de fazer questões sobre como os
pais abordam assuntos de sexualidade com a • Também perguntar sobre como datas especiais
criança. Proíbem? Respondem? Mentem? são experienciadas.
Ex.: quando o filho pergunta de onde vêm os
bebês. • Investigar as relações de dependência e
independência da criança. Até mesmo coisas
• O psicólogo age com naturalidade em relação a cômodas podem dificultar o desenvolvimento de
dúvidas sobre sexualidade que vêm da criança. autonomia.
Ex.: pais que dão a comida na boca do filho, o
• Observar se o afastamento da criança de sua casa veste e dá banho mesmo que ele já tenha 8 anos.
se dá por necessidade ou outra coisa -> Muitas
vezes, as mães enchem a criança de atividades
extras para não terem que passar tempo com ela e
não terem o trabalho de cuidar.
• Recolher o máximo de detalhes sobre o sintoma
• Considerar os aspectos do desenvolvimento da (desenvolvimento, melhora e agravamento) e
criança para não confundi-los com resistências. sobre como essa criança é vista dentro do
Ex.: não marcar sessão à noite, pois ela sentiria ambiente familiar.
muito sono e não gostaria de fazer terapia.
Ou então a criança está muito chorosa, mas ela
está na fase dolorosa de dentição (dentes
nascendo); não é um problema com a terapia.
• Aula do dia 28/04/2025 da manhã.
• Cap. 5 do livro: “Psicanálise da criança”.
Tanto dados pré quanto pós-parto são relevantes para • Slide: “A entrevista inicial com os pais”.
a compreensão do lugar dessa criança na família.
17
@analivia.snt
• Por que os pais têm resistência?
Muitos dos sintomas infantis são causados por
mitos familiares e pelo modo de criação, então, os
• Transferência – Projeções do paciente
pais também teriam que mudar a si mesmos.
direcionadas ao analista baseadas em relações
passadas.
• Por que o analista tem resistência?
Esse fenômeno não ocorre só dentro do setting
Às vezes, as características da própria criança
terapêutico, como também em várias áreas.
tocam em questões dele.
• Contratransferência – Reações emocionais
(transferência) do analista ao paciente. Portanto, a maior diferença do atendimento infantil
do adulto é que existem várias transferências e
• Resistência – O desejo inconsciente de que nada resistências a serem manejadas.
mude, atrapalhando o andamento da sessão.
Lacan dizia que a resistência é sempre do analista,
pois se todo mundo resiste, o que diferencia um
tratamento ir bem ou não seria o analista saber
manejar as resistências.
A transferência da criança existe, de forma diferente
da do adulto, mas também precisa ser manejada.
A resistência e transferência estão presentes em todos A criança transfere através de brincadeiras (como
os atores do atendimento infantil: 1. Criança, 2. Pais fingir ser o analista), mostrar agressividade, fazer
3. Analista. pedidos e recusas.
• Por que a criança tem resistência?
• Um exemplo de manejo errado é o analista dar
Pois o sintoma ocupa um lugar na vida dela e na
interpretações prontas para a criança, em que a
família. Se esse sintoma sumir, ela perderá muitas
sugestiona por não ter dado conta da
coisas. Ex.: uma criança que está sempre doente é
transferência, não trabalhando o desejo de
mais cuidada pelos pais.
nenhum dos dois.
18
@analivia.snt
• O resultado desse erro foi a criança não ter
desdobrado o assunto através de confirmações
indiretas, sinalizando que a interpretação
realmente não a tocou.
• Isso faz a criança encontrar nos mitos e fantasias Crianças psicóticas têm uma relação simbiótica/dual
as explicações para o seu sintoma, já que a terapia com os pais.
não forneceu as devidas explicações.
Ex.: Cristiana é psicótica e sua mãe verbaliza que com
a doença da filha, sua saúde voltou, pois passou a
Às vezes, quando a interpretação não é acatada, o ocupar o tempo cuidando dela ao invés de se
analista pode alegar que não teve transferência por preocupar consigo e com os seus problemas.
parte da criança. Porém, houve sim transferência, só
Nesse caso, como tanto a mãe quanto a filha abrirão
o manejo dela que foi errado.
mão desses lugares?
“O desejo da mãe de Cristiana é que ela não nasça
para o desejo” (não seja autônoma). Isso faz com que
essa criança fique alienada ao desejo materno.
• A criança não é uma entidade em si. Ela faz parte Assim, o papel do terapeuta é ajudar essa criança a se
de um mal-estar coletivo e sua doença é um diferenciar do outro e assumir seus próprios desejos,
suporte da angústia dos pais. desalienando-se mesmo que isso doa, pois essa dor
• É raro uma análise de crianças que não toque nos faz parte da entrada do processo de análise.
problemas dos pais. O analista pode acabar sendo colocado pelos pais em
• As reações dos pais fazem parte do sintoma da um lugar de “realizador de milagres” antes mesmo
criança e, portanto, da cura. Precisamos entender que o conheçam. Isso é perigoso, pois qualquer
o que a criança representa no mundo quebra de expectativa o faria ser culpabilizado.
fantasmático dos pais e o lugar dela nas relações
familiares. Muitas vezes os tratamentos se
encerram porque não conseguimos acessar isso.
• Os pais precisam se implicar no processo
terapêutico dos filhos.
• Às vezes, também precisaremos ir além e • Uma criança não entra em análise se não ver que
entender mais sobre quem faz o papel de aquele espaço serve a ela (e não ao desejo dos
substituto da mãe dessa criança (ex.: babás, avó). pais). Porém, não é porque servimos a criança
que iremos permitir que ela faça tudo na sessão.
• Os pais têm a função castradora (de dizer “não”
aos desejos da criança), mas o analista também se
19
@analivia.snt
utiliza da transferência para fazer esse papel de
agente castrador durante a terapia. Se há esse
bom manejo, a análise tem continuidade.
Ex.: dizer que entende que a criança gostaria de
continuar brincando, mas que vocês combinaram
de guardar os brinquedos.
• Necessidade – Necessidades biológicas.
Ex.: comer.
• Pedido/demanda – O que o paciente te traz/diz
Cura = Não necessariamente significa mudar o sobre o que quer.
comportamento, e sim não sofrer mais com aquilo, Ex.: “Quero ajuda para arrumar a minha vida
mesmo que o comportamento continue ali. financeira, porque meu sonho é ter um carro de
luxo”.
Portanto, a noção de cura da psicanálise se diferencia • Desejo – O que está por trás da demanda.
das abordagens comportamentais que buscam a Ex.: deseja ser reconhecido pelos outros, e o carro
modificação do comportamento disfuncional. de luxo seria o meio para esse fim.
A técnica usada para promover a cura psicanalítica
leva em consideração a idade e a estrutura da criança. O desejo é onde o terapeuta busca chegar com sua
A cura para cada estrutura pode ser: intervenção.
• Psicótico -> Ficar estabilizado.
• Neurótico -> Diminuir seu sofrimento.
• Perverso -> Aceitar melhor a lei dos outros.
• Aula do dia 05/05/2025 da manhã.
• Slide: “A transferência em psicanálise de
Uma vez que a estrutura se forma ao fim do crianças”.
Complexo de Édipo, ela é imutável. Porém, uma • Cap. 2 do livro “A criança sua doença e os
criança que ainda não concluiu o Édipo pode mudar outros”.
o rumo de formação da sua estrutura.
Ex.: conforme o processo terapêutico, uma criança
com traços psicóticos pode se tornar neurótica.
20
@analivia.snt
•
•
• Nele, o desejo do sujeito se divide entre 1.
Rejeição (não poder satisfazê-lo e negá-lo) 2.
Dimensão clínica e dimensão teórica -> A teoria da Conservação (manter o desejo).
psicanálise surge a partir da prática clínica. • Na fase fálica, a criança descobre a diferença
sexual anatômica entre menina e menino.
Desde as entrevistas iniciais, o analista busca
• Notar essa diferença causa uma falsa sensação de
diagnosticar a estrutura clínica do paciente.
que o menino tem o falo, mas a menina não -> O
menino acha que a menina perdeu o pênis. Já a
Estrutura clínica - O modo como cada sujeito lida menina questiona o porquê não tem um pênis.
com a angústia da castração simbólica*. • Assim, a menina inveja o pênis; o menino tem
um terror narcísico (de que vai perder seu pênis).
• O complexo de édipo (proibição do incesto) e
O Édipo começa na fase fálica (4 anos), envolvendo complexo de castração (medo de perder o pênis
uma castração simbólica* -> Os desejos da criança são ou inveja do pênis) se ligam.
negados e ela internaliza as proibições em sua mente,
constituindo a estrutura psíquica do superego.
Vale ressaltar que a castração dos desejos não
acontece só no Édipo, mas ao longo da vida toda. 1. Complexo de édipo simples -> Texto
“Psicopatologia da Vida Cotidiana, 1904”.
• A criança está na fase fálica, em que haverá a
identificação e a escolha de um objeto (mãe ou
• Quando a estrutura clínica é desenvolvida? No pai), que vai levar à construção de seu superego.
final do Complexo de Édipo. • O complexo de édipo causa uma ferida narcísica,
pois a criança entende que não pode realizar
todos os seus desejos (como o incestuoso).
21
@analivia.snt
• A criança passa para a fase de latência quando a
energia libidinal deixa de estar nas zonas
Nome-do-pai é Non-Du-Pére em francês, que
erógenas e é reinvestida no eu de várias formas:
também significa “O não do pai” -> Quando o pai
nega um desejo, o filho forma um registro
o Inibição Sexual = Gera sintomas como a
(internaliza a proibição) chamado: Nome-do-pai.
histeria.
o Masculinidade = Fica mais ativo (investe mais O pai é a “lei não submetida a lei” (não se submete à
energia nas coisas). lei, pois ele quem a criou).
o Feminilidade = Fica mais passivo (poupa Pai = Quem faz a função de castrar desejos.
energia).
Para o Lacan, o Édipo é uma metáfora linguística que
2. Complexo de Édipo Completo -> Texto: “Eu e o produz um efeito de significação -> A partir da
Isso”, 1923. proibição, a criança vai extrair seus próprios
significantes disso e um modo de lidar.
• Aborda os mitos: “Totem e Tabu” e de “Édipo”. O sujeito se constitui no desamparo (é um ser
• Todo ser humano nasce bissexual, pois como incompleto; não pode fazer tudo). O neurótico e o
ainda não escolheu um objeto de desejo, há a perverso tratarão essa ausência simbolicamente:
possibilidade de ambos os sexos.
• Temos tendências homossexuais e heterossexuais.
• Só após o Édipo escolheremos um objeto e, 1. Ao buscar um objeto fálico (que supostamente
assim, nos aproximaremos de um polo que a preencha a sua falta).
sociedade chama de ser hétero ou homossexual. Ex.: “Serei completo quando comprar uma
• Sempre lidaremos com a ambivalência: ódio e mansão”.
identificação -> Ao mesmo tempo desejamos e
odiamos o objeto escolhido (mãe ou pai). E 2. Tentar ocupar esse lugar fálico.
desejamos e odiamos o outro objeto. Ex.: Neurótico -> “Se eu agradar todo mundo,
serei completo”.
Perverso -> “Eu sou tudo o que minha namorada
precisa”.
No Mito de Édipo, o pai morto permite o gozo da Já o psicótico não lida simbolicamente com a
mãe. Em Tótem e Tabu, o pai morto proíbe essa castração, não buscando ou tentando ocupar um
condição -> Para Freud, ele se torna o superego; Para lugar fálico. Sua resposta é a alucinação e o delírio.
Lacan, o Nome-do-Pai.
22
@analivia.snt
ele quem tem o falo”. A criança também conclui
que sua mãe não o completa.
Somos atravessados pela linguagem a partir do
grande-Outro (cuidador). Quando o bebê se apropria 3. Mas quando a mãe retorna para cuidar do filho,
da linguagem, ele passa a ser um sujeito. ele entende que o pai também não a completa ->
Entretanto, a linguagem não dá conta da totalidade “Se a completasse, ela não voltaria para mim”.
da experiência do real. Por isso, somos sujeitos O pai não é mais onipotente, só potente.
barrados: não conseguimos verbalizar tudo o que Conclui que o falo não está em alguém; ele
sentimos ou vivemos. Sempre algo escapa. circula entre as pessoas. Uma hora a criança
“preenche” a falta; outra hora o pai.
Além disso, a castração simbólica impõe limites ao
nosso desejo. Sempre algo nos falta.
A significação fálica é produto do Édipo -> No Édipo,
a criança se vê na dialética fálica e pode responder à
pergunta “o que eu sou para o desejo do outro?”.
Essa resposta tem a ver com a estrutura clínica.
Lacan divide o Édipo em 3 tempos lógicos, os quais
não seguem as fases do desenvolvimento, e sim o laço
da criança com a mãe.
Lacan acrescenta ao Édipo freudiano:
1. Quando nascemos, ainda não somos sujeitos.
Somos um ser de necessidades (fisiológicas,
emocionais). Vivemos numa condição simbiótica • O papel da linguagem.
com nossa mãe. • A noção de ser de necessidades.
• O lugar do sujeito no desejo do outro.
2. O mito da ausência da mãe -> Quando a mãe sai • 3 tempos do édipo associados ao laço materno.
(trabalho, pai), simbolicamente a criança se sente
abandonada. Assim, ela se depara com sua E se diferencia ao:
própria falta, pois se a mãe busca outros objetos,
significa que a criança não tem o falo (não
consegue preencher completamente sua mãe). • Se referir à criança, ao invés de fazer divisões de
O pai aparece como um ser privador (que priva a sexo (menina vs menino) e falar do pênis.
mãe da criança) e então o filho associa -> “Se ela • Os 3 tempos do Édipo não seguem as fases de
busca preencher o que lhe falta no pai, então é desenvolvimento.
23
@analivia.snt
Porém, o neurótico e perverso negam a castração:
1. Psicose.
2. Neurose.
3. Perversão. • O neurótico recalca -> Esquece de sua
incompletude e acredita que algo o completará.
• O perverso desmente -> Finge que não houve
Para a psicanálise, não há estrutura de borda (ser um castração, seguindo suas próprias leis.
pouco de cada estrutura). É uma ou outra; embora
possamos ter traços de cada.
Via de regra, a associação livre funciona em
O pensamento estrutural (estruturas clínicas) rompe neuróticos, pois só eles fazem recalque.
o modelo patológico, pois estas não são patologias...
Conclui-se que não ter castração simbólica (psicose) é
São mecanismos.
diferente de negá-la (neurose e perversão).
Também não se trata de uma evolução de estruturas;
nenhuma é melhor que a outra.
Logo, o diagnóstico psicanalítico vai além do
sintoma/fenômeno, o qual faz parte da estrutura
clínica. • Neurose -> Associação livre com desdobramentos
na cadeia de significantes. Não é tão livre, pois
ainda há amarras inconscientes.
Ex.: “preciso construir uma igreja, pois era o
sonho da minha vó e eu preciso honrá-la”.
Como diferenciar a estrutura clínica se não é pelo
fenômeno/sintoma? -> Pela associação livre, para • Psicose -> Associação livre livre (inconsciente sem
descobrir como o paciente lida com a castração. restrições). Não há desdobramentos na cadeia de
significantes. O que junta o discurso não é o
Há 2 possibilidades de castração: nome-do-pai, e sim o delírio.
Ex.: “eu preciso construir uma igreja”.
1. Foraclusão = Não houve castração simbólica -> A
criança continua numa condição simbiótica com a
mãe, como é o caso da psicose.
2. Houve castração simbólica -> Neurose e 3 tipos: 1. histérica 2. obsessiva 3. fóbica.
perversão.
Mecanismo de defesa à castração: recalque.
24
@analivia.snt
O recalque inibe as pulsões para defender a
consciência, escondendo seu desejo de si e do outro.
Entender o sintoma só ajuda na parte
Nele, há a separação da ideia e do afeto: 1 - A ideia medicamentosa. Por isso a psicanálise entende a
fica inconsciente 2 - O afeto fica consciente. estrutura, pois é ela que marca a manifestação dos
Mas o recalcado irá retornar através das aberturas do sintomas em todas as áreas da vida e guia o manejo
inconsciente, como o sonho, lapso, chiste, ato falho... clínico; cada uma requer uma conduta diferente.
Por isso o recalque falha -> A ideia recalcada não
some. Ela acaba retornando de forma camuflada e
esse processo gera angústia.
Obsessivo:
• Histérica -> Se recorda do afeto, mas não da No complexo de Édipo, o obsessivo tem dificuldade
lembrança. Em seu discurso na sessão, focará na de lidar com a separação (quando a mãe o ‘abandona’
expressividade emocional da situação. para ficar com o ‘pai’) e a perda do objeto. Ele se
O recalcado retorna pelo corpo -> Através de recusa a aceitar que o objeto pertence ao outro.
somatizações. Assim, toma o objeto para si e tem a ilusão de que
Está mais ligada à condição oral (de cuidado). sempre está no lugar fálico (pensa que é completo).
• Obsessivo -> Se recorda da lembrança, mas não Então sempre busca o reconhecimento dos outros.
do afeto. Em seu discurso na sessão, focará em Esse reconhecimento não tem a ver com querer ser
contar os detalhes da situação. amado. Tem a ver com que reconheçam seu falo.
O recalcado retorna pelo pensamento -> Através
de julgamentos. O obsessivo ignora o inconsciente, pois admiti-lo
Está mais ligado à condição anal (controle). seria ter algo sobre o qual ele não pode controlar.
Sua pergunta é: “estou vivo ou morto?” -> “Se eu não
pensar, eu morro”.
Nem toda somatização é devido ao paciente ser
histérico. Tem que avaliar o caso. Nos relacionamentos, o obsessivo coloca alguém
como inacessível (o outro nunca é suficiente).
Existem homens e mulheres neuróticos ou obsessivos.
O paciente se encaixar num tipo de neurose não
significa que ele não terá alguns traços das outras.
1 traço não define o diagnóstico; seu conjunto sim.
25
@analivia.snt
Histérica:
Já a histérica quer ser amada, então sempre busca Não existe relação sexual entre obsessivo e histérica.
saber o que o outro deseja para se colocar no lugar de O obsessivo pensa em outra durante o sexo; e a
objeto de desejo -> Se molda para dominar o outro. histérica não se satisfaz na realização do desejo.
Ela sempre busca ser a causa do desejo do outro. Mas
não quer ser a causa do gozo.
Afinal, se o desejo for satisfeito, ela não será mais
desejada e tudo perderá a graça. Assim, ela prefere Se não soubermos a estrutura do paciente, atuamos
manter o desejo do outro insatisfeito. Por isso com ele. O diagnóstico é importante para não dar o
dizemos que ela tem desejo de desejo insatisfeito. que a histérica pede, e não ser esmagado pela
Sua pergunta é: “sou homem ou sou mulher?” (o que neutralização do obsessivo.
o outro quer que eu seja? Eu serei o que ele quiser).
O feminismo critica a psicanálise por objetificar a • A histérica pedirá por amor por parte do analista.
mulher. Mas a psicanálise não aprova ou desaprova o • O obsessivo tentará neutralizar o analista -> Vai
comportamento histérico de se colocar como objeto desconsiderar seus apontamentos; querer associar
do outro. Só descreve esse funcionamento. livremente sem ajuda...
Obsessão ($<>a) vs Histeria (a<>A/):
Na obsessão ($<>a) = O obsessivo é um sujeito
barrado, mas se ilude negando isso a qualquer custo, • Obsessivo -> Demanda reconhecimento dos
tentando reverter a separação no sujeito/em si. outros e quer mudar o que já aconteceu.
• Histérica -> Demanda amor dos outros e tende a
Ou seja, nega a própria falta, tentando se completar
triangular.
sozinho, como se não precisasse do outro.
• Fóbico -> Quer mudar o que ainda vai acontecer
Histeria (a<>A/) = A histérica se coloca como um (pensa no que não gostaria que acontecesse);
objeto que vive em função de satisfazer o desejo do sempre está ansioso.
Grande-Outro, porque percebe que em ambos falta
algo -> E o modo que lida com sua própria
A neurose fóbica é o intermédio entre os 2 tipos de
incompletude é tentar preencher a falta do outro.
neurose, por isso, não foi tão abordada.
26
@analivia.snt
Como a função paterna de lei não é exercida, não há
A psiquiatria dá nomes diferentes ao que a psicanálise nome-do-pai, metáfora paterna, recalque, nem
define como perversão. associação livre. Então a mãe toma o filho para si ->
Fica em condição simbiótica com ele.
Se perversão aqui for sobre ter fetiches imorais ou
querer buscar prazer; todos nós seríamos perversos. Seu conflito, portanto, não é com o Grande-Outro, e
sim com rivais de fora.
Mas perversão é sobre desmentir a castração.
Como o fracasso total da função paterna se manifesta
Mecanismo de defesa: negação. na psicose?
É difícil um perverso procurar terapia. Ele acha que
só existe 1 modo de satisfação e que já o tem, então,
não precisa de ajuda. Ele se considera o desejo que • Alucinações e delírios.
falta no outro. Não são exclusivos da psicose, mas a diferença é
que um psicótico tem certeza sobre suas ideias.
O perverso faz de conta que está na função paterna, O imaginário predomina.
fazendo uma versão própria (peré-version) -> Ele cria
e segue suas próprias leis. • Transtornos da linguagem.
Portanto, desmente o nome-do-pai, colocando ele O psicótico é habitado pela linguagem, a qual
mesmo o limite no seu gozo. sempre é concreta.
Como ele não se reorganiza através da linguagem
simbólica, não consegue criar metáforas; no
• O masoquista e sádico podem ser perversos, pois máximo, as imita da fala de alguém. Para ele,
são eles que fazem suas leis. Mesmo que o outro as palavras são coisas, e não um laço no discurso.
machuque o masoquista, é ele quem escolhe isso. Faz muitos neologismos.
• Diferente do neurótico, o perverso não abre mão
do seu prazer. • Sensações corporais (êxtase, sensação elétrica).
• Falta de controle das pulsões. Pode haver
vergonha pela reação dos outros, mas não culpa
(porque não compreende que é errado).
Foraclusão -> Não existe castração simbólica. A dialética do desejo (demanda x desejo) não
O que se foraclui? O nome-do-pai. aparece. É uma inércia total, em que sempre
realiza seu desejo.
A repetição substitui a explicação.
27
@analivia.snt
O tratamento da psicose difere da neurose:
• Neurose - Ajudar a pessoa a ouvir o que está
recalcado, através da associação livre.
• Psicose - Ajudar a pessoa a nomear seu desejo,
tentando suplementar a ausência do simbólico.
Não se usa associação livre, senão ela surta.
• O psicótico permanece em simbiose; não passa
pelas coisas da tabela.
• O perverso passa pela alienação, recalque, divisão
de inconsciente e consciente, mas não passa pela
separação.
• O neurótico passa por tudo.
• Aulas dos dias 12, 19 e 26/05/2025 da manhã.
• Slide “Estruturas clínicas”.
28