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Termodinâmica - Complementação de Estudos 1

O trabalho de Thallita Steffane Duarte apresenta uma revisão bibliográfica sobre diagramas de fase na Termodinâmica dos Sólidos, destacando sua importância na previsão de estabilidade de fases em materiais. O documento aborda conceitos fundamentais, como curvas de equilíbrio e a Regra de Gibbs, além de discutir a construção de diagramas de fase e suas aplicações práticas em processos metalúrgicos e de materiais. O objetivo é fornecer uma base teórica sólida para a compreensão e aplicação desses diagramas em contextos industriais e científicos.

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Termodinâmica - Complementação de Estudos 1

O trabalho de Thallita Steffane Duarte apresenta uma revisão bibliográfica sobre diagramas de fase na Termodinâmica dos Sólidos, destacando sua importância na previsão de estabilidade de fases em materiais. O documento aborda conceitos fundamentais, como curvas de equilíbrio e a Regra de Gibbs, além de discutir a construção de diagramas de fase e suas aplicações práticas em processos metalúrgicos e de materiais. O objetivo é fornecer uma base teórica sólida para a compreensão e aplicação desses diagramas em contextos industriais e científicos.

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS


ENGENHARIA DE MATERIAIS

THALLITA STEFFANE DUARTE

TERMODINÂMICA DOS SÓLIDOS

COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

BELO HORIZONTE
2025

THALLITA STEFFANE DUARTE


TRABALHO DE COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS

Trabalho de Complementação de Estudos


do Curso de graduação, apresentado à
disciplina Termodinâmica dos Sólidos, do
curso de Graduação em Engenharia de
Materiais do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-
MG, como requisito parcial para
complementação de carga horária.

Prof. Dr.: Leonardo Neves


SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 4
2 – OBJETIVOS .......................................................................................................................................... 5
3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................... 5
3.1 – DIAGRAMA DE FASE: DEFINIÇÕES ................................................................................................... 5
3.2 – A ESTABILIDADE DAS FASES ............................................................................................................ 6
3.3 – CURVAS DE EQUILÍBRIO .................................................................................................................. 7
3.4 – REGRAS DAS FASES.......................................................................................................................... 9
3.5 – CONTRUÇÃO DO DIAGRAMA DE FASES ........................................................................................ 10
3.6 – CRITÉRIOS DE EQUILÍBRIO DE FASES EM UM SISTEMA ISOLADO ................................................. 12
3.7 – DIAGRAMA DE FASE LÍQUIDA E SÓLIDA ........................................................................................ 13
3.8 – DIAGRAMAS UNÁRIOS, BINÁRIOS E TERNÁRIOS .......................................................................... 14
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................... 18
4

1 – INTRODUÇÃO

A compreensão dos diagramas de fase é essencial dentro da Termodinâmica


dos Materiais, pois eles representam graficamente as condições de estabilidade das
fases de um sistema em função de variáveis como temperatura, pressão e
composição. Permitem prever o comportamento de substâncias puras ou sistemas
multicomponentes sob diferentes condições termodinâmicas. Assim, este trabalho
tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica dos principais conceitos
relacionados aos diagramas de fase e seu papel no estudo do equilíbrio de fases em
materiais.
A importância dos diagramas de fase está associada à sua capacidade de
ilustrar a estabilidade relativa das fases e os caminhos de transformação que os
materiais podem seguir durante processos como aquecimento, resfriamento ou
alteração da composição. Por meio da análise dessas representações, compreende-
se como diferentes fases coexistem, se transformam ou desaparecem, além de
identificar regiões de equilíbrio e transição. Essas informações são fundamentais para
o desenvolvimento e o controle de processos metalúrgicos, cerâmicos, poliméricos e
de materiais compósitos, aplicados desde a fabricação de ligas metálicas até o
processamento de semicondutores.
Esta revisão abordará os conceitos fundamentais e definições associadas aos
diagramas de fase, como fase, estabilidade termodinâmica e sistemas com um ou
mais componentes. Em seguida, serão discutidas as curvas de equilíbrio, que
delimitam as regiões de estabilidade das fases, e as regras das fases, como a regra
de Gibbs e o princípio da alavanca, que permitem calcular o número de fases em
equilíbrio e suas proporções. Será também explorada a construção de diagramas com
base em dados experimentais ou termodinâmicos, destacando os critérios de
equilíbrio em sistemas isolados a partir da minimização da energia livre.
A análise incluirá os principais tipos de diagramas de fase, com ênfase nos
diagramas unários (um componente), binários (dois componentes) e ternários (três
componentes), ressaltando suas diferenças de interpretação e aplicação. Por fim,
serão abordados diagramas de fase de materiais nos estados líquido e sólido, com
exemplos práticos de sistemas metálicos e cerâmicos. Com essa abordagem, busca-
se oferecer uma base teórica sólida que permita compreender a relevância dos
diagramas de fase na caracterização e no controle das transformações de fase em
materiais de interesse industrial e científico.
5

2 – OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os
diagramas de fase dentro da Termodinâmica dos Materiais, com foco nos conceitos
relacionados à estabilidade das fases, critérios de equilíbrio termodinâmico e
construção de diagramas. A partir dessa análise, busca-se entender como as fases
de um material se comportam sob diferentes condições de temperatura, pressão e
composição.
O propósito deste estudo é proporcionar uma base teórica sólida para a
compreensão e aplicação dos diagramas de fases, além de integrar o conhecimento
adquirido desenvolvido na disciplina de Termodinâmica dos Sólidos.

3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 – DIAGRAMA DE FASE: DEFINIÇÕES

O entendimento dos diagramas de fase é central para diversas áreas da ciência


e engenharia dos materiais, pois permite prever a estabilidade das fases e os
caminhos de transformação durante o processamento térmico de substâncias puras
ou ligas metálicas. Esses diagramas são derivados de princípios termodinâmicos e
expressam graficamente as condições sob as quais diferentes fases coexistem em
equilíbrio.
De acordo com Atkins e Paula (2008, v.1), diagrama de fases é uma
representação gráfica que mostra as fases presentes em um sistema em equilíbrio
termodinâmico, de acordo com variáveis como temperatura, pressão e composição.
Ele permite visualizar as condições sob as quais ocorrem mudanças de fase como
fusão, ebulição ou solidificação e identificar regiões de estabilidade das diferentes
fases de uma substância ou mistura, conforme a Figura 1.

Figura 1 - Exemplo de diagrama de fases para água.


6

Fonte: EDITORA OPIRUS (2025).

Segundo o diagrama de fases apresentado no material da Editora Opirus


(2025), observa-se que a região destacada no ponto A corresponde à transição de
fase do estado sólido para o líquido. No ponto B, o sistema encontra-se em condições
ambientais padrão, isto é, sob 1 atm de pressão e temperatura de 25 °C. Já no ponto
C, ocorre a transição do estado líquido para o gasoso. Ainda conforme o gráfico, a
temperatura crítica (Tc) representa o limite acima do qual a água não pode mais ser
liquefeita, independentemente da pressão aplicada, existindo unicamente no estado
gasoso.
A aplicabilidade dos diagramas de fase na engenharia é ampla. Eles são
empregados para definir temperaturas de fusão, prever precipitação de fases, planejar
tratamentos térmicos e selecionar rotas de soldagem ou sinterização. Como observam
Porter et al. (2009), a leitura adequada do diagrama permite prever o surgimento de
microestruturas metastáveis, como martensita em aços, mesmo que estas não
estejam indicadas explicitamente.

3.2 – A ESTABILIDADE DAS FASES

A estabilidade é utilizada para prever quais fases estarão presentes em um


sistema sob condições específicas de temperatura, pressão e composição. Essa
estabilidade é definida pelo mínimo da energia livre de Gibbs, critério que governa os
equilíbrios de fase em sistemas homogêneos e heterogêneos.
De acordo com Atkins e Paula (2008, v. 1), os diagramas de fases podem ser
compreendidos, de maneira simples, como mapas que indicam o estado em que um
material ou uma liga se encontra sendo por exemplo sólido, líquido, vapor ou mistura
de fases e quando se alteram temperatura, pressão e composição. Em substâncias
7

puras conforme a Figura 2, esses diagramas mostram campos bem definidos de gelo,
líquido e vapor; em misturas binárias ou ternárias passam a exibir regiões mais
complexas onde podem ocorrer duas ou três fases simultâneas.

Figura 2 - Diagrama de fases da água.

Fonte: Ciência hoje, 2025.

Para Poter; Easterling e Sherif (2006) a chamada estabilidade de fase


corresponde ao ponto onde G atinge seu valor mínimo para aquele conjunto de
variáveis. Portanto, a fase de menor energia predomina, enquanto fases alternativas
tornam-se instáveis ou, no máximo, metastáveis quando barreiras cinéticas dificultam
a transformação.
Hillert (2008) observa que a curva sólido–líquido possui inclinação negativa
porque o gelo apresenta maior volume molar que a água líquida, de modo que o
aumento de pressão baixa o ponto de fusão. Paula e Atkins (2008) acrescentam que
a curva líquido–vapor tem inclinação positiva, fazendo com que a água ferva abaixo
de 100 °C em altitudes elevadas e acima de 100 °C em panelas de pressão.
Gaskell (2012) explica que a curva sólido–vapor domina em pressões muito
baixas, possibilitando a sublimação direta do gelo. DeHoff (2006) identifica no
diagrama dois pontos notáveis: o ponto tríplice, a 0,01 °C / 611 Pa, onde gelo, líquido
e vapor coexistem, e o ponto crítico, a 374 °C / 22,064 MPa, onde líquido e vapor se
tornam indistintos, formando água supercrítica.

3.3 – CURVAS DE EQUILÍBRIO


8

As curvas de equilíbrio representam graficamente as condições


termodinâmicas sob as quais duas ou mais fases coexistem em equilíbrio. São linhas
traçadas em um diagrama de fases que delimitam as condições de pressão e
temperatura ou composição sob as quais duas fases coexistem em equilíbrio. Cada
curva representa o ponto em que ocorre uma transição de fase, ou seja, onde o
sistema pode passar de uma fase para outra sem alteração de temperatura ou
pressão, mas com variação de energia.
As principais curvas em um diagrama de fases de uma substância pura incluem
a curva de fusão (sólido-líquido) na qual, indica as condições em que o sólido e o
líquido coexistem em equilíbrio. Ao longo dessa curva, ocorrem os processos de fusão
e solidificação. A curva de vaporização (líquido-vapor) em que representa as
condições de equilíbrio entre o líquido e o vapor. É nessa curva que ocorrem a
ebulição e a condensação. A curva de sublimação (sólido-vapor) em que se refere ao
equilíbrio entre a fase sólida e a fase gasosa. É onde ocorrem os processos de
sublimação e deposição. Além de apresentar também o ponto triplo em que as três
fases (sólido, líquido e vapor) coexistem em equilíbrio e o ponto crítico, ponto além do
qual não há distinção entre as fases líquida e gasosa. Após esse ponto, o fluido é
denominado fluido supercrítico. Além disso, esse ponto delimita a faixa de pressão
em que ainda se é possível formar a fase líquida por resfriamento ou aquecimento da
substância. A condição do ponto crítico revela uma temperatura e pressão partir da
qual não é mais possível formar a fase líquida por aquecimento e pressurização.
Balluffi, Allen e Carter (2005) definem as curvas de equilíbrio como traçados
que mostram, em um diagrama de fases, as combinações exatas de pressão,
temperatura ou composição em que duas ou mais fases coexistem em equilíbrio
termodinâmico. Denbigh (1981) complementa que cada curva marca os pontos onde
o sistema pode migrar de uma fase para outra sem variar temperatura ou pressão,
havendo apenas mudança na energia livre de Gibbs. Glasstone (1948) descreve a
curva de fusão como o limite que separa sólido e líquido, indicando as condições em
que ocorrem fusão e solidificação em equilíbrio.
Moran e Shapiro (2010) explicam que a curva de vaporização representa o
equilíbrio líquido–vapor, ao longo da qual se processam ebulição e condensação e
observa que a curva de sublimação delimita o equilíbrio entre sólido e vapor,
envolvendo os processos de sublimação e deposição, acrescenta que o ponto tríplice
é a única condição em que sólido, líquido e vapor coexistem simultaneamente em
equilíbrio.
9

Çengel e Boles (2015) indicam que o ponto crítico estabelece a temperatura e


a pressão além das quais não existe distinção entre líquido e gás, formando o
chamado fluido supercrítico. Reid, Prausnitz e Poling (1987) salientam que, acima
desse ponto crítico, não é mais possível obter a fase líquida por simples aquecimento
ou pressurização, pois o fluido mantém densidade única, esses pontos descritos
podem ser observados na Figura 3.

Figura 3 - Identificação das curvas e pontos de um diagrama.

Fonte: CARAM, R.

Em termos clássicos, Atkins e Paula (2008) explicam que o equilíbrio entre


fases ocorre quando o potencial químico de uma substância é igual em todas as fases
presentes. Isso resulta em linhas ou curvas nos diagramas de fase que delimitam as
regiões onde ocorrem transições de fase, como fusão, vaporização ou solidificação.

3.4 – REGRAS DAS FASES

A Regra das Fases foi formulada por Josiah Willard Gibbs (1839–1903) também
chamada de Regra de Gibbs, que desenvolveu essa equação em seu trabalho “On
the Equilibrium of Heterogeneous Substances” publicado entre 1875 e 1878.
Gibbs propôs que o equilíbrio entre fases em um sistema termodinâmico
poderia ser descrito por relações matemáticas que envolvem composição, pressão,
temperatura e o número de fases presentes, é uma fórmula da termodinâmica que
define o número de variáveis intensivas que podem ser alteradas independentemente
(graus de liberdade) em um sistema em equilíbrio, sem mudar o número de fases
presentes.
10

Segundo Callister (2020), é essencial para entender o comportamento de


sistemas multifásicos, como água em equilíbrio com gelo e vapor, ou ligas metálicas
em processos industriais. A formulação clássica da regra das fases é dada por:

F=C–P+2 Equação 1

Onde (F) é o número de graus de liberdade do sistema, variáveis intensivas


independentes, (C) é o número de componentes químicos independentes, (P) é o
número de fases em equilíbrio e o termo +2 refere-se às variáveis temperatura e
pressão, quando ambas são consideradas.
Segundo Callister (2020), a regra das fases fornece uma maneira quantitativa
de interpretar diagramas de fases, reforça que a utilidade prática da regra está em sua
aplicação direta na análise de microestruturas e na interpretação de regiões dos
diagramas de fase, em exemplo demonstrativo das regras da fase é dada na Figura
4.
Figura 4 - As diferentes regiões de um diagrama de fase e seus graus de
liberdade diferentes.

Fonte: GODÓI, 2013.

3.5 – CONTRUÇÃO DO DIAGRAMA DE FASES

A construção de diagramas de fase é importante no estudo do comportamento


termodinâmico de sistemas materiais. A elaboração pode ser conduzida por métodos
experimentais, teóricos ou pela combinação de ambos.
Segundo Paula e Atkins (2008, v.1), o ponto de partida para a construção de
diagramas de fase é a identificação do número de componentes do sistema. Sistemas
11

unários, binários e ternários apresentam complexidades distintas. A partir disso,


define-se quais variáveis intensivas serão utilizadas (temperatura, pressão,
composição) para representar as condições de equilíbrio.
De maneira geral, para sistemas binários, como destaca Porter et al. (2009),
inicia-se com a preparação de amostras com diferentes composições dos dois
componentes. Essas amostras são submetidas a ciclos de aquecimento e
resfriamento controlado. Durante o resfriamento, são obtidas curvas de resfriamento
(cooling curves), onde inflexões indicam transições de fase, permitindo a
determinação de temperaturas de solidus e liquidus.
Além disso, Santos (2006) enfatiza o uso de técnicas de caracterização como
análise térmica (DSC ou DTA), microscopia óptica e difração de raios-X para identificar
as fases presentes e suas morfologias. Esses dados empíricos são utilizados para a
construção gráfica do diagrama, plotando temperatura versus composição.
Do ponto de vista teórico, autores como DeHoff (2006) e Hudson (1996)
abordam a construção de diagramas a partir do comportamento da energia livre de
Gibbs. Em equilíbrio, a condição de coexistência de fases exige a igualdade da
energia livre entre as fases envolvidas. A análise das curvas de G em função da
composição permite prever limites de estabilidade e pontos invariante como eutéticos
e peritéticos.
A construção gráfica final, conforme apontam Paula e Atkins (2008, v.2), utiliza
um eixo para a temperatura (ou pressão) e outro para a composição. São traçadas as
curvas de transição de fase (liquidus, solidus, solvus), bem como as regiões
monofásicas e bifásicas, delimitando campos de estabilidade, conforme demostrado
na Figura 5.

Figura 5 - Exemplo genérico de um diagrama de fases binário.


12

Fonte: ENGINEERING ARCHIVES, 2025.

3.6 – CRITÉRIOS DE EQUILÍBRIO DE FASES EM UM SISTEMA ISOLADO

Em termodinâmica, o equilíbrio de fases é definido como o estado no qual duas


ou mais fases coexistem de forma estável sem tendência à mudança espontânea. Em
um sistema isolado, isto é, aquele que não troca matéria nem energia com o ambiente
externo, os critérios de equilíbrio assumem uma forma específica baseada na
maximização da entropia total ou, alternativamente, na minimização da energia
interna, sob restrições apropriadas.
Segundo Atkins e Paula (2008), o critério fundamental de equilíbrio em um
sistema isolado é a maximização da entropia (S), já que nesse tipo de sistema a
energia interna (U), o volume (V) e a composição (n) permanecem constantes.
Qualquer processo espontâneo resultaria, portanto, em um aumento da entropia. O
equilíbrio será atingido quando a entropia alcançar um valor máximo possível para as
condições do sistema.
Para que o equilíbrio de fases seja atingido em um sistema isolado, as
seguintes condições termodinâmicas devem ser simultaneamente satisfeitas, sendo
temperaturas, pressões e potenciais químicos iguais para cada componente em todas
as fases.
Essas condições são amplamente discutidas por DeHoff (2006), que enfatiza a
importância do potencial químico como a variável fundamental que governa a difusão
de massa entre fases. O sistema só atinge equilíbrio quando não há mais gradientes
de potencial químico que induzam o fluxo de partículas.
13

Koretsky (2007) reforça que essas condições também se aplicam em sistemas


abertos, desde que as variáveis sejam adequadamente adaptadas (por exemplo,
utilizando energia livre de Gibbs em vez de energia interna). No caso dos sistemas
isolados, os fluxos de calor, massa e volume são internos, mas as regras de igualdade
permanecem válidas.

3.7 – DIAGRAMA DE FASE LÍQUIDA E SÓLIDA

Os diagramas de fase líquida e sólida representam o comportamento


termodinâmico de materiais durante as transições entre os estados líquido e sólido,
são geralmente expressos como diagramas binários temperatura-composição (T-x),
onde se representa graficamente a faixa de temperaturas em que ocorrem as
transformações de fase entre o estado líquido e sólido, conforme a composição da
mistura.
Segundo Atkins e Paula (2008), o equilíbrio entre as fases líquida e sólida em
uma substância pura é determinado pela igualdade do potencial químico entre os
estados. Para uma substância pura, isso ocorre em uma única temperatura definida:
o ponto de fusão. Já em misturas, como ligas metálicas, a presença de dois ou mais
componentes causa uma variação contínua no ponto de fusão com a composição,
originando curvas como liquidus e solidus.
DeHoff (2006) explica que a curva liquidus representa as temperaturas acima
das quais o material está completamente no estado líquido, enquanto a solidus define
as temperaturas abaixo das quais o material está completamente sólido. Entre essas
duas curvas ocorre a coexistência das fases líquida e sólida — uma região bifásica. A
forma dessas curvas é obtida com base na minimização da energia livre de Gibbs de
cada fase, levando em conta a composição e as interações entre os componentes da
liga.
De acordo com Porter, Easterling e Sherif (2009), os diagramas de fase entre
líquido e sólido podem ser classificados em diversos tipos, dependendo da
solubilidade dos componentes, como diagrama isomorfo (solubilidade total no estado
sólido e líquido) em que apresenta curvas contínuas de liquidus e solidus e durante o
resfriamento, a solidificação ocorre progressivamente com mudança contínua da
composição do sólido e do líquido.
Já o diagrama eutético (solubilidade parcial ou nula no sólido), possui uma
reação eutética em uma temperatura definida, na qual o líquido se transforma
14

simultaneamente em duas fases sólidas distintas, sendo muito comum em ligas


metálicas como Sn–Pb (estanho-chumbo).
Por fim o diagrama peritético na qual, ocorre quando um sólido e um líquido se
transformam em um segundo sólido a uma temperatura definida.
Santos (2006) ressalta a importância prática desses diagramas para prever
microestruturas, controlar a morfologia da solidificação e evitar falhas como
segregação ou formação de fases frágeis. Ele destaca que o entendimento das
regiões líquida e sólida permite definir rotas de processamento térmico mais seguras
e eficientes.

3.8 – DIAGRAMAS UNÁRIOS, BINÁRIOS E TERNÁRIOS

Esses diagramas são classificados com base no número de componentes


independentes (C) do sistema sendo unários - 1 componente, binários - 2
componentes e ternários - 3 componentes.
Um diagrama de fase unário descreve o comportamento de uma única
substância pura em função da temperatura e pressão, sendo um exemplo clássico o
diagrama de fases da água. Segundo Atkins e Paula (2008), esse tipo de diagrama
mostra as regiões de estabilidade das fases sólida, líquida e gasosa, separadas por
curvas que representam os equilíbrios de fusão, vaporização e sublimação.
Os diagramas binários descrevem o comportamento de misturas com dois
componentes e são geralmente representados em gráficos de temperatura versus
composição, a pressão constante. De acordo com DeHoff (2006), esses diagramas
são os mais utilizados na engenharia de ligas metálicas, pois descrevem a
solidificação, fusão, dissolução e formação de compostos em sistemas binários.
Os diagramas binários podem ser agrupados em três tipos principais. No
primeiro, denominado sistema isomorfo, forma-se apenas uma solução sólida na qual
um componente se dissolve completamente no outro. No segundo grupo encontram-
se os sistemas eutéticos, eutetóides, peritéticos e peritetóides, caracterizados por
possuírem solubilidade nula ou muito limitada no estado sólido. Por fim, há os
sistemas monotéticos e sinteticos, nos quais a solubilidade é restrita e costuma surgir
a coexistência de duas fases de composição diferente, normalmente envolvendo
líquidos imiscíveis.

Tabela 1 - Reações invariantes em diagramas binários.


15

Classe Reação

Eutético L→α+β

Eutetóide γ → α + β (apenas sólidos)

Peritético L+α→β

Peritetóide α + β → γ (sólido → sólido)

Monotético L₁ → α + L₂

Sintético L₁ + L₂ → α
Fonte: Adaptado de PORTER.

Porter, Easterling e Sherif (2009) explicam que diagramas binários são


fundamentais no controle de microestruturas e propriedades mecânicas, permitindo
prever frações de fases, temperaturas de solidificação e zonas de segregação em
ligas.
A figura 6 apresenta um dos possíveis diagrama de fase eutético da liga Bi-Cd.
No estado sólido, o bismuto e o cádmio permanecem completamente imiscíveis. Para
qualquer composição, a solidificação ocorre em faixa de temperatura, exceto na
composição eutética (aprox. 60% Bi e 40% Cd), que solidifica a 144 °C em
temperatura única.
Figura 6 - Exemplo de Diagrama Binário Bi-Cd.

Fonte: LEARN METALLURGY (2021).

Santos (2006) acrescenta que esses diagramas são construídos


experimentalmente com base em análises térmicas, difração de raios X e
16

metalografia, sendo úteis no planejamento de tratamentos térmicos como recozimento


e têmpera.
Diagramas ternários descrevem sistemas formados por três componentes e,
por isso, apresentam nível de complexidade superior aos diagramas unários e
binários. Para representá-los, utilizam-se esquemas triangulares ou, em certos casos,
modelos tetraédricos. Esses gráficos indicam em quais regiões do espaço de
composição aparecem fases simples, duplas ou triplas em equilíbrio. É possível
estudar o sistema variando simultaneamente pressão (P) e temperatura (T)
juntamente com as composições, ou, alternativamente, fixar P e T e avaliar
unicamente as proporções dos três constituintes. Um exemplo de diagrama ternário
pode ser visto na Figura 7.
Figura 7 - Diagrama ternário genérico.

Fonte: NOVELO-TORRES; GRACIA-FADRIQUE (2010).

Em um diagrama de fases ternário na qual descreve a relação de equilíbrio


entre três componentes A, B e C, o gráfico costuma ser representado como um
triângulo equilátero, com cada vértice correspondendo a 100 % de um dos
componentes e 0 % dos outros dois. As concentrações são lidas a partir das escalas
paralelas aos lados opostos a cada vértice: quanto mais próximo do vértice A, maior
o teor de A; quanto mais distante, menor ele é, e assim por diante para B e C.
Para localizar uma composição qualquer, basta traçar linhas paralelas aos
lados adequados até que a interseção indique o ponto cuja soma das porcentagens
dos três componentes totaliza 100 %. Uma vez encontrado esse ponto, observa-se
em qual região ele se encontra.
17

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho abordou os principais fundamentos relacionados aos diagramas


de fases e ao equilíbrio de fases em materiais, com base na termodinâmica clássica
e na engenharia de materiais.
Inicialmente, foi discutida a estabilidade das fases, que depende da
minimização da energia livre de Gibbs e da igualdade do potencial químico entre
fases. Em seguida, as curvas de equilíbrio foram apresentadas como limites entre
regiões monofásicas e bifásicas em diagramas.
A regra das fases de Gibbs foi utilizada para determinar os graus de liberdade
do sistema, essencial para interpretar diagramas e reações invariantes. A construção
dos diagramas de fases foi tratada do ponto de vista experimental.
Também foram discutidos os critérios de equilíbrio em sistemas isolados, onde
o equilíbrio ocorre com igualdade de temperatura, pressão e potencial químico. Os
diagramas líquidos–sólido foram detalhados com foco em ligas metálicas e
transformações como eutética e peritética. Por fim, foram analisados os diagramas
unários, binários e ternários.
18

REFERÊNCIAS

ATKINS, P.; PAULA, J. Físico-química. v. 1. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.


BALLUFFI, R.; ALLEN, S.; CARTER, W. Kinetics of Materials. Hoboken: Wiley, 2005.

BARTEL, C. J. et al. New descriptors for predicting the thermodynamic stability of


materials. Nature Communications, v. 13, 2022. DOI: https://doi.org/10.1038/s41467-
021-27011-4.

CARAM, R. Capítulo 9 – Diagrama de fases. Apostila da disciplina Estrutura e


Propriedades dos Materiais. Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica,
Universidade Estadual de Campinas, [s.d.]. Disponível em:
https://sites.fem.unicamp.br/~caram/capitulo9.pdf. Acesso em: 10 jun. 2025.

DEHOFF, R. T. Thermodynamics in Materials Science. 2. ed. New York: McGraw-Hill,


2006.

DENBIGH, K. The Principles of Chemical Equilibrium. 4. ed. Cambridge: Cambridge


University Press, 1981.

GASKELL, D. R. Introduction to the Thermodynamics of Materials. 5. ed. Boca Raton:


CRC Press, 2012.

GLASSTONE, S. Thermodynamics for Chemists. London: Macmillan, 1948.

GODÓI, G. S. Diagramas de fase de substâncias puras (Aula 2). Apostila de Físico-


Química II. Sergipe: CESAD/Universidade Federal de Sergipe, 2013. Disponível em:
https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/16290608042013Fisico-
Quimica_II_Aula_2.pdf. Acesso em: 12 jun. 2025.

HILLERT, M. Phase Equilibria, Phase Diagrams and Phase Transformations: Their


Thermodynamic Basis. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.
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19

KORETSKY, M. D. Termodinâmica para Engenharia Química. Rio de Janeiro: LTC,


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https://learnmetallurgy.com/study/physical/topic/binary-phase-diagrams.php. Acesso
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Scientific Publishing, 1999.

MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Fundamentals of Engineering Thermodynamics. 8.


ed. Hoboken: Wiley, 2010.

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