Universidade Federal do Rio de Janeiro

Faculdade de Administração e Ciências Contábeis

Curso de Ciências Contábeis

Pedro Henrique Mariani Barros DRE: 120128942

Rafael Vicente Ferreira DRE: 125047581
Raphael Nogueira Simões DRE: 125036661

Impactos da Inteligência Artificial na contabilidade: uma análise do

mercado da Zona Sul do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro
2025
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1. Introdução
O mundo contemporâneo passa por várias transformações tecnológicas que
constantemente modificam as práticas de trabalho, simplificando tarefas repetitivas e que
outrora exigiram maior tempo para serem feitos. A Inteligência Artificial (IA) se constitui na
atividade empresarial como transferência de atividades e processos realizados por humanos
para máquinas, assim, a contabilidade é um dos segmentos mais beneficiados com esse
avanço.
Em vista disso, a função do contador adquire cada vez mais um perfil de análise
estratégica, na medida em que vários processos da contabilidade são otimizados com auxílio
da tecnologia. Nesse contexto, faz-se necessário uma constante atualização e aperfeiçoamento
por parte da classe contabilista, em decorrência da velocidade das mudanças tecnológicas.
Desse modo, é evidente que o mercado muda seu critério de contratação para com esses
profissionais.
Dentre as novas exigências exigidas, maior qualificação técnica, habilidades
interpessoais e conceituais são fundamentais. Em meio a essas transformações, o contador sai
do nível operacional e se consolida na parte estratégica das organizações.
Segundo De Paula (2012) o uso de sistemas de tecnologia é essencial em uma cadeia
de suprimentos para a sobrevivência das empresas em um cenário de mudanças constantes e
agilidade. Os avanços tecnológicos tem função de aproximar as empresas, otimizar o uso de
recursos dentro da cadeia de suprimento, auxiliar no fluxo de informação e agregar valor ao
produto.
A pesquisa se justifica pela crescente inserção da Inteligência Artificial na
contabilidade, o que exige novos conhecimentos técnicos e estratégicos dos profissionais da
área. Compreender essa transformação é essencial para adaptar práticas, melhorar a eficiência
e orientar organizações na adoção dessas tecnologias.
2. Questão de pesquisa
Considerando o que foi apresentado na introdução, este estudo tem como foco central
responder a seguinte questão: quais são os impactos da adoção de tecnologias baseadas em
Inteligência Artificial (IA) nas práticas contábeis, na estrutura operacional e na atuação dos
profissionais de contabilidade em empresas localizadas na Zona Sul do Rio de Janeiro?
3. Objetivo do estudo
Em termos gerais, o presente estudo tem por objetivo investigar de forma ampla os
efeitos da incorporação de tecnologias baseadas em Inteligência Artificial (IA) no meio
contábil de empresas localizadas na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, apurando as
transformações nas práticas operacionais das entidades, na possível reconfiguração da
estrutura de trabalho e nas mudanças nas atuações dos profissionais da área da contabilidade
diante da agregação de novas demandas tecnológicas como ferramentas de seu trabalho.
4. Fundamentação Teórica
4.1 O contexto da contabilidade
A adoção da tecnologia tem otimizado significativamente o alcance dos objetivos da
contabilidade na sociedade, que segundo Mauss et al. (2007), se destaca no mundo moderno o
de evidenciar as ações das empresas para a sociedade.
Paiva (2002, p. 80) destaca que os métodos empregados pela contabilidade para atingir
seus fins sofreram significativas transformações nas últimas décadas, impulsionadas,
sobretudo, pelos avanços tecnológicos na área da informação. Anteriormente, as atividades
contábeis eram executadas de forma manual, o que elevava consideravelmente a
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probabilidade de falhas e morosidade nos processos, em virtude da característica repetitiva

das operações. Atualmente, com o auxílio de sistemas informatizados, essas mesmas tarefas
são realizadas com maior agilidade e precisão.
A contabilidade digital, segundo Manes (2018), vem para contribuir com o
profissional contábil, visto que traz diversas vantagens por meio de sistemas integrados, o que
possibilita o envio de informações digitalmente, tornando seu compartilhamento muito mais
otimizado, assim possibilitando uma economia de tempo.
A revolução digital redefiniu a essência da Contabilidade, transformando-a de simples
cumprimento normativo em elemento vital para a tomada de decisões estratégicas. Nesse
novo paradigma, como observa Lopes (2019, p. 96), "a contabilidade na era da transformação
digital exige plataformas que transcendam as funções básicas de escrituração, incorporando
análise preditiva e gestão inteligente de dados". Essa mudança de perspectiva está
intrinsecamente ligada à adoção de tecnologias emergentes - desde algoritmos de machine
learning até redes de dispositivos interconectados e infraestruturas cloud computing - que
estão reconfigurando radicalmente os processos contábeis, não apenas em termos de
eficiência, mas principalmente no valor estratégico da informação gerada.
Santos (2021, p. 6) afirma que “A Inteligência Artificial (IA) é uma denominação
comumente empregada para se referir ao campo da ciência destinado a fornecer máquinas
com a capacidade de realizar funções como lógica, raciocínio, planejamento, aprendizagem e
percepção”. Na prática, isso se traduz em sistemas capazes de mensurar dados com precisão
inigualável, processando milhões de pontos de informação simultaneamente para gerar
medições confiáveis e em tempo real. Essas capacidades vão além da simples coleta,
permitindo a correlação automática de variáveis e a identificação de padrões imperceptíveis
aos métodos tradicionais. Como destaca Wang (2019), tais sistemas não apenas armazenam e
processam dados, mas criam novas formas de quantificar fenômenos complexos, oferecendo
métricas mais refinadas para a tomada de decisões. A IA está, portanto, redefinindo os padrões
de exatidão e abrangência na mensuração de informações em todos os setores.
4.2 Inserção na contabilidade
A contabilidade se tornou um segmento que não vive sem auxílio dos computadores e,
atualmente, há um crescente investimento em softwares e hardwares ligados à área contábil
(de OLIVEIRA; MALINOWSK, 2017, p. 8). Essa transformação tecnológica tem permitido
que os contadores realizem suas atividades com maior rapidez e precisão, beneficiando os
clientes com prazos mais curtos e serviços de melhor qualidade. Além disso, a eficiência
proporcionada por essas ferramentas eleva a produtividade e reforça a relevância do
profissional contábil no mercado.
A utilização de inteligência artificial nas tarefas repetitivas da área contábil trouxe
maior exatidão e uniformidade aos processos, substituindo métodos manuais por soluções
digitais inovadoras. No entanto, é necessário que os profissionais adaptem sua forma de
pensar, entendendo que a digitalização tem como objetivo conectar todos os departamentos da
empresa, promovendo uma evolução constante. Algumas das aplicações da IA na
contabilidade incluem: detecção de fraude, tomada de decisões, processamento e análise de
dados com menor custo.
Segundo Moscove, Simkin e Bagranoff (2002), os sistemas de IA aplicados à
Contabilidade são do tipo Sistemas Especialistas, que combinam fatos, conhecimento
especializado e técnicas de inferência para resolver problemas que normalmente demandariam
expertise humana. Dessa maneira, os profissionais contábeis ganham mais agilidade em seus
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processos e maior eficiência, permitindo-lhes oferecer consultorias aprimoradas e um

gerenciamento estratégico mais eficaz aos clientes.
Por outro lado, os robôs diminuem trabalhos repetitivos e humanamente demorados,
liberando os profissionais de contabilidade para tarefas que requerem mais mensuração,
ciência, análise de dados e tomadas de decisão (Y. Zhang et al., 2020). Com a introdução da
Inteligência Artificial, as empresas podem aumentar ainda mais sua performance e se
manterem cada vez mais competitivas e sustentáveis (C. S. Lee & Tajudeen, 2020).
5. Metodologia
Segundo Gil (2008, p. 27), “pode-se definir método como caminho para se chegar à
determinado fim.” Com isso, para realização da pesquisa, delimitou-se como espaço
geográfico a zona sul da cidade do Rio de Janeiro, buscando a compreensão dos impactos que
venham a serem observados em escritórios contábeis dentro da região delimitada. Para isso,
procura-se realizar uma pesquisa exploratória a partir de uma fundamentação teórica partindo
de um estudo de caso, com a realização de um questionário semiestruturado com
determinados escritórios contábeis.
Zikmund (2000) explica que esses estudos que realizam uma pesquisa exploratória são
ideais para diagnosticar situações iniciais, levantar uma amplitude de ideias e gerar riqueza de
informações que permitirão melhor definição do problema e a formação de hipóteses.
Alinhado a essa explicação, utiliza-se o estudo de caso que Gil (2002) destaca a importância
dos diferentes meios que podem ser empregados, “como sua utilização maior é em estudos
exploratórios e descritivos, mas também pode ser importante para fornecer respostas relativas
a causas de determinados fenômenos” (Gil, 2002, p. 138).
Com base nessas explicações apresentadas, essa pesquisa que está sendo realizada será
baseada no método indutivo. Para Severino (1994, p. 91), indução se define por
“procedimento lógico pelo qual se passa de alguns fatos particulares a um princípio geral.
Trata-se de um processo de generalização, fundado no pressuposto filosófico do determinismo
universal. Pela indução, estabelece-se uma lei geral a partir da repetição constatada de
regularidades em vários casos particulares; da observação de reiteradas incidências de uma
determinada regularidade, conclui-se pela sua ocorrência em todos os casos possíveis”.
Seguindo alinhado à mesma visão de indução, segundo Cervo e Bervian (1978, p. 25) “pode-
se afirmar que as premissas de um argumento indutivo correto sustentam ou atribuem certa
verossimilhança à sua conclusão”.
Logo, partindo de uma lei geral, entende-se que, a partir de que haja uma repetição de
regularidades em casos particulares, no qual cita Severino (1994), quando há repetições de
premissas verdadeiras, o que se pode dizer de mais pertinente é que a conclusão tende a ser
verdadeira. Portanto, a forma de indução que a pesquisa apresentará será imposta como
científica e sua forma de condução e aplicação de sua metodologia se dará pela elaboração de
um questionário semiestruturado, contendo cinco (5) perguntas sobre o impacto do uso da
Inteligência Artificial a cada participante da pesquisa. Pós realização do questionário, será
realizada uma análise descritiva e geral dos dados apresentados para exposição do que foi
apurado a partir do instrumento aplicado.
A ferramenta foi empregada para elaborar questionários sobre a adoção e uso da
Inteligência Artificial (IA) em um escritório contábil. Para Martins (2008, p. 9), “o estudo de
caso é próprio para a construção de uma investigação empírica que pesquisa fenômenos
dentro de seu contexto real – pesquisa naturalística – com pouco controle do pesquisador
sobre eventos e manifestações do fenômeno”. O estudo de caso busca se aprofundar e buscar
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a máxima compreensão do objeto de estudo, não se restringindo a ser uma coleta de

evidências.
6. Contribuições esperadas
A Inteligência Artificial (IA) surge como uma ferramenta transformadora para a
contabilidade, prometendo otimizar processos e redefinir as atribuições profissionais. Esta
pesquisa busca responder se a adoção de IA em escritórios contábeis da Zona Sul do Rio de
Janeiro tem de fato liberado os profissionais para funções estratégicas ou se, por outro lado,
criou novas complexidades operacionais.
Um dos principais focos do estudo é verificar se a automação de tarefas repetitivas -
como lançamentos, conciliações e cálculos tributários - tem permitido que contadores
dediquem mais tempo a análises fiscais, planejamento financeiro e consultoria. A hipótese é
que essa transição elevaria o padrão de serviços, com profissionais atuando como parceiros de
negócios em vez de executores de processos burocráticos.
Outra questão central é investigar se a parametrização e auditoria dos sistemas de IA
demandam mais qualificação técnica do que tempo economizado. Há indícios de que a
tecnologia não substitui, mas ressignifica o trabalho humano: exige contadores aptos a validar
algoritmos, interpretar outliers e tomar decisões com base em dados processados por
máquinas.
Por fim, o estudo pretende avaliar se escritórios que adotaram IA estão obtendo vantagem
competitiva através de menor tempo de entrega, redução de erros e capacidade de oferecer
serviços preditivos. Os resultados poderão orientar tantos profissionais - na adaptação a essa
nova realidade - quanto desenvolvedores, no ajuste de soluções tecnológicas às reais
necessidades do mercado contábil carioca.
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