0% acharam este documento útil (0 voto)
6 visualizações25 páginas

Psi

O documento aborda a origem e evolução da psicanálise, destacando a contribuição de Sigmund Freud e a influência de ideias anteriores, como o hipnotismo, na compreensão de doenças nervosas funcionais, especialmente a histeria. Freud introduziu conceitos fundamentais, como o inconsciente e a técnica da associação livre, que revolucionaram a abordagem terapêutica e a compreensão dos distúrbios mentais. A obra também explora a estrutura do aparelho psíquico e a importância do ego, enfatizando a complexidade das dinâmicas mentais e a aplicação da psicanálise em diversos contextos humanos.

Enviado por

It Fallen
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
6 visualizações25 páginas

Psi

O documento aborda a origem e evolução da psicanálise, destacando a contribuição de Sigmund Freud e a influência de ideias anteriores, como o hipnotismo, na compreensão de doenças nervosas funcionais, especialmente a histeria. Freud introduziu conceitos fundamentais, como o inconsciente e a técnica da associação livre, que revolucionaram a abordagem terapêutica e a compreensão dos distúrbios mentais. A obra também explora a estrutura do aparelho psíquico e a importância do ego, enfatizando a complexidade das dinâmicas mentais e a aplicação da psicanálise em diversos contextos humanos.

Enviado por

It Fallen
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 25

UMA BREVE DESCRIÇÃO DA PSICANÁLISE

Descreve o contexto histórico e intelectual em que a psicanálise surgiu, destacando como ela
evoluiu a partir de ideias anteriores e como se originou devido à necessidade de compreender
e tratar as chamadas doenças nervosas "funcionais", particularmente a histeria.
1. Origem da psicanálise: O trecho aponta que a psicanálise nasceu oficialmente no
século XX, com a publicação de "A Interpretação dos Sonhos" em 1900 por Sigmund Freud.
No entanto, ressalta que a psicanálise não surgiu "pronta dos céus" e teve suas raízes em
ideias mais antigas que foram desenvolvidas e aprimoradas ao longo do tempo.
2. Influências anteriores: O texto afirma que a psicanálise se baseou em influências e
sugestões anteriores, e para compreender sua origem, é necessário considerar essas
influências e não ignorar o contexto histórico que precedeu sua criação.
3. Foco inicial da psicanálise: No início, a psicanálise tinha como objetivo principal a
compreensão das chamadas doenças nervosas "funcionais", em particular a histeria. As
doenças nervosas funcionais são condições nas quais os sintomas não têm uma causa
orgânica clara, e a abordagem médica tradicional da época não tinha sucesso no tratamento
dessas condições.
4. Desafios da época: O trecho destaca que os neurologistas da época estavam mais
inclinados a considerar explicações baseadas em causas químico-físicas e
patológico-anatômicas, e eles não sabiam como abordar o aspecto psíquico das doenças
nervosas. Isso levou a dificuldades na compreensão e tratamento eficaz dessas condições.
5. Abordagens anteriores: O texto menciona que, antes do surgimento da psicanálise, os
tratamentos para as neuroses eram frequentemente inadequados e envolviam métodos como
"endurecer" o paciente, prescrever remédios e tentativas ineficazes de influenciar o paciente
por meio de ameaças, zombarias e advertências.

O hipnotismo desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da psicanálise. Ele


mostrou que o tratamento elétrico, comumente usado para distúrbios nervosos na época,
frequentemente dependia mais da sugestão e da imaginação dos pacientes do que de efeitos
elétricos reais. A introdução bem-sucedida do hipnotismo na medicina na década de 1880
destacou a influência significativa das sugestões mentais na saúde e nas doenças. Além disso,
o hipnotismo revelou a existência de processos mentais "inconscientes", ou seja, pensamentos
e sentimentos não acessíveis à consciência normal, mas que podiam influenciar o
comportamento e os sintomas.
O hipnotismo também demonstrou notáveis semelhanças com as manifestações de algumas
neuroses, especialmente a histeria. Portanto, o hipnotismo se tornou uma ferramenta valiosa
para estudar e entender esses distúrbios, contribuindo assim para o desenvolvimento da
psicanálise como uma disciplina distinta. Além disso, as contribuições de Charcot foram
significativas, pois ele sugeriu que traumas estavam envolvidos na produção de sintomas
histéricos, e suas experiências sob hipnose ajudaram a confirmar essas suspeitas. Em resumo,
o hipnotismo desempenhou um papel crucial na evolução da psicanálise, revelando a
importância das influências psicológicas na saúde e nas doenças e contribuindo para o
entendimento dos distúrbios nervosos.

O Dr. Josef Breuer desempenhou um papel fundamental no início da psicanálise ao tratar uma
paciente histérica com a hipnose em 1881. Esse caso destacou a relação entre sintomas
histéricos e traumas não resolvidos, que estavam escondidos no inconsciente da paciente.
Breuer utilizou a hipnose para ajudar a paciente a lembrar e liberar as emoções ligadas a esses
traumas, o que levou ao desaparecimento dos sintomas. Isso influenciou a abordagem
terapêutica da psicanálise e destacou a importância do inconsciente e da vida emocional na
compreensão e tratamento dos distúrbios mentais.
Breuer e Freud colaboraram nos "Estudos sobre Histeria" em 1895, onde apresentaram a
teoria da catarse. A catarse envolvia liberar emoções reprimidas sob hipnose. Embora tenha
sido o precursor da psicanálise, Freud abandonou a hipnose devido a limitações práticas. Em
vez disso, ele introduziu a técnica da "associação livre", pedindo aos pacientes que
compartilhassem pensamentos espontaneamente. Apesar de parecer estranho, Freud
acreditava que essa técnica era eficaz para acessar o material inconsciente esquecido. Isso
marcou uma transição importante na evolução da psicanálise.
Freud introduziu a técnica da associação livre na psicanálise. Nessa abordagem, os pacientes
compartilhavam ideias sem restrições, permitindo que emergissem pensamentos
inconscientes. Isso levava a um insight profundo sobre os processos mentais ocultos. No
entanto, a resistência do paciente à revelação de pensamentos inconscientes era constante e
intensa, o que levou à teoria da repressão. Essa teoria argumentava que as mesmas forças que
resistiam à revelação desses pensamentos eram as que os haviam reprimido anteriormente.
Portanto, a teoria da repressão preencheu uma lacuna na compreensão da origem dos
sintomas neuróticos.
A psicanálise foca nas doenças neuróticas, que surgem de conflitos entre tendências mentais.
O ego restringe essas tendências com base em motivos éticos, estéticos e na supressão de
impulsos sexuais e agressivos.
A importância da sexualidade infantil é destacada, incluindo seu papel no desenvolvimento
psicossexual. O conceito de sexualidade é expandido para abranger a sexualidade infantil e
variações na vida sexual.
A técnica da associação livre substitui a hipnose, evoluindo para a psicanálise. Essa teoria
completa explica a origem dos sintomas neuróticos e serve como base para o tratamento
médico.
Elementos-chave incluem ênfase na vida instintual, dinâmica mental, repressão, sintomas
como satisfações substitutas, vida sexual, especialmente infantil, e o complexo de Édipo.
A transferência emocional do paciente para o analista é considerada crucial na teoria e técnica
da psicanálise.

Freud destaca a importância da técnica psicanalítica e a necessidade de treinamento adequado


para tratamentos. Ele introduz o conceito de "libido," que abrange instintos sexuais
direcionados a objetos externos e ao ego. Freud relaciona o tratamento psicanalítico às
neuroses, mas reconhece desafios em distúrbios narcísicos.
Ele esclarece que a psicanálise não considera todas as forças mentais como puramente
sexuais, usando o termo "sexual" em um sentido analítico. Freud sugere que a linha entre
neuroses e psicoses é permeável e que a psicanálise pode contribuir para entender distúrbios
psicóticos, inclusive com a pesquisa de outros psicanalistas, como Bleuler e Jung.

Freud destaca a expansão da psicanálise para além da compreensão de distúrbios mentais,


enfatizando sua aplicação na vida mental normal e em diversos campos. Ele discute a
analogia entre psicologia individual e de grupos, menciona a relação entre comportamentos
obsessivos e práticas religiosas e explora a influência da cultura na repressão de impulsos
instintuais. Freud também introduz o conceito de sublimação, onde impulsos podem ser
direcionados de maneira culturalmente aceitável. Em resumo, a psicanálise é vista como uma
teoria que pode ser aplicada a uma ampla gama de fenômenos humanos e culturais.

INTRODUÇÃO

​Sigmund Freud, célebre neurologista e psiquiatra austríaco, fundador da psicanálise,


desenvolveu teorias e técnicas revolucionárias para entender a mente humana no século

passado. Sua produção está contida na coletânea "Obras psicológicas completas de Sigmund

Freud", da editora Stadard Brasileira, que abrangem seus principais trabalhos teóricos e

clínicos sobre psicanálise. Tendo isso em vista, destaca-se que o presente trabalho objetiva-se

a tratar sobre o volume XIX desta coleção, intitulado "O ID é o EGO e outros trabalhos", o

qual foi publicado em 1920 e marca a reformulação do pensamento e do arcabouço teórico do

autor. Isso porque, é no momento que escreve esta obra que Freud, com base em sua

experiência clínica, observações e tratamento de seus pacientes, descreve sua segunda tópica

da estrutura do aparelho psíquico, bem como desenvolve sua teoria da sexualidade. Sendo

assim, o texto se mostra de suma importância para qualquer estudioso da área da psicologia

ou interessado na psicanálise, pois é onde Freud dá os arremates finais de seu trabalho de

anos.

​A CONSCIÊNCIA E O QUE É INCONSCIENTE

​Inicialmente, no referido texto, Freud se ocupa de explicar e diferenciar os conceitos que

envolvem sua primeira tópica do aparelho psíquico, a saber: consciente, pré-consciente e

inconsciente. Ele afirma que a divisão do psiquismo em o que é consciente e o que é

inconsciente constitui a premissa fundamental da psicanálise, e que somente ela torna

possível compreender os processos patológicos da vida mental e encontrar lugar para eles na

estrutura da ciência. Além disso, ao longo do texto ele rebate algumas das críticas que vinha

sofrendo acerca da existência ou não da consciência e do inconsciente, as quais diziam que

algo só é psíquico se estiver na consciência, ou seja, rejeitavam a noção de inconsciente

trazida anteriormente por Freud. É partindo do esclarecimento dessas noções, então, que

Freud explica e reformula os conceitos de sua teoria.

​O que é a consciência? - Acerca da consciência, portanto, ele afirma que trata-se de um

termo puramente descritivo, que repousa na percepção do caráter mais imediato e certo.

Logo, as objeções que sofria em relação a isso não se fundamentam no que se observa na

realidade, já que uma psicologia que se concentra na consciência é incapaz de solucionar os


problemas dos sonhos e da hipnose, por exemplo. Ele destaca que um estado de consciência é

caracteristicamente muito transitório, uma vez que uma ideia que é consciente agora não é

mais um momento depois, mas pode facilmente tornar-se consciente de novo em certas

condições.

Sobre o inconsciente descritivo - Em seguida, porém, ele questiona: para onde as ideias

foram nesse intervalo? O que elas se tornaram? Responde que não sabemos, mas podemos

dizer que elas estiveram latentes (capazes de se tornarem conscientes a qualquer momento), e

que não seria errado também dizer que elas estiveram inconscientes. Logo, na definição

descritiva do aparelho psíquico adotada aqui por Freud, o inconsciente seria o mesmo que

latente. Assim, as ideias inconscientes seriam aquelas que não estão na percepção imediata e

certa da consciência, mas que podem vir a estar facilmente.

Sobre o inconsciente dinâmico - A definição de que inconsciente seria o mesmo que

latente, contudo, também apresenta problemas, já que os filósofos diriam que enquanto a

ideia esteve em estado de latência ela não foi algo psíquico de modo algum. Freud, no

entanto, não trabalha a partir do inconsciente descritivo, mas sim de uma definição dinâmica,

e chega à definição de inconsciente através das experiências que a dinâmica mental

desempenha um papel. A partir da observação clínica e estudo de seus pacientes, ele

presumiu que existem processos mentais muito poderosos, quantitativos e econômicos, que

podem produzir na vida mental todos os efeitos que as ideias mentais (tidas como

conscientes) produzem, embora eles próprios não possam se tornar conscientes, uma vez que

existe uma força que as opõe, uma resistência. Entretanto, ele afirma que se estes processos

pudessem se tornar conscientes veríamos o quão pouco se diferenciam de outros elementos

que são admitidamente psíquicos.

Diferença entre repressão e resistência - Nesse sentido, ele também esclarece a

diferenciação de repressão e resistência, afirmando que a primeira trata-se dos estados

mentais que as ideias existem antes de se tornarem conscientes, e a segunda seria a força que

institui a repressão e a mantém, ou seja, que impede que algumas ideias se tornem
conscientes. Nessa perspectiva, portanto, diz-se que o reprimido é protótipo do inconsciente,

ou seja, o inconsciente seria composto por tais ideias reprimidas.

Sintetizando, nessa primeira parte de sua explicação, Freud parte do esclarecimento do

que é o consciente e o que é o inconsciente para posterior formulação de sua teoria. Ele

afirma que a consciência, na tradição filosófica, é um termo puramente descritivo e parte

dessa premissa para definir o inconsciente de modo descritivo e dinâmico, sendo o primeiro

coincidente com o latente e o segundo coincidente com o reprimido. Ele ainda destaca que o

inconsciente latente é aquele capaz de tornar-se consciente, passando a chamá-lo de

pré-consciente, e que o inconsciente reprimido é aquele que não é, em si mesmo e sem mais

esforços, capaz de se tornar consciente, passando a chamá-lo de inconsciente propriamente

dito. Ao final, ele afirma também que a distinção do que é consciente e inconsciente é

ambígua e, em última análise, uma questão de percepção, a qual deve ser respondido “sim”

ou “não”, e o próprio ato da percepção é quem vai dizer da razão porque uma coisa é ou não

percebida, além de reiterar que no curso ulterior da psicanálise até mesmo as distinções que

consideram a dinâmica mental parecem inadequadas e, para fins práticos, insuficientes.

A descoberta do ego inconsciente - Em seguida, passado os esclarecimentos, ele parte

para a reformulação da sua teoria acerca da estrutura e funcionamento do aparelho psíquico e

de seus mecanismos patológicos. Assim, ele define que o EGO se trata de uma organização

coerente de processos mentais existente em cada indivíduo, é a estrutura com a qual a

consciência se acha ligada, é quem controla a descarga mental de excitações para o mundo

externo, é a instância mental que supervisiona todos os seus próprios processos constituintes

e que vai dormir à noite, é, também, de onde se originam as repressões, por meio das quais se

procura excluir as tendências da mente. Nesse sentido, deparamo-nos com algo no próprio

ego que é também inconsciente (as repressões, que procuram excluir as tendências da mente).

Dizemos que ela é também inconsciente porque ela se comporta exatamente como reprimido

(produzindo efeitos poderosos sem que o próprio ego se dê conta, e exigindo um trabalho

especial antes de se tornar consciente).


Implicações da descoberta do ego inconsciente - Freud observou a existência desse ego

inconsciente na análise de seus pacientes, em que ele percebia que o indivíduo estava

dominado por uma resistência que impedia que algumas ideias, sentimentos, pensamentos e

lembranças viessem à tona, e, mesmo que o indivíduo não soubesse o que era nem como

descrevê-la, não havia dúvidas de que ela emanava de seu ego. Assim, ele descobriu que as

neuroses vem, na verdade, do conflito entre o ego coerente e o ego reprimido (que é expelido

do coerente, como um desdobramento deste, “split off”), não do conflito entre o consciente

eo inconsciente, como pensava anteriormente, e que a compreensão destas se dá através do

entendimento interno das condições da estrutura da mente (insight). Ademais, ele percebe que

o inconsciente não coincide com o reprimido, logo, nem tudo que é inconsciente é reprimido,

ainda que tudo que é reprimido seja inconsciente e, indubitavelmente, esse inconsciente que

pertence ao ego não é latente como o pré-consciente. Diante dessa necessidade de postular

um terceiro inconsciente, que não é nem latente nem reprimido, afirma que há de se admitir

que a característica de ser inconsciente começa a perder sentido, tornando-se uma qualidade

com muitos significados, a qual não se pode fazer conclusões inevitáveis e de longo alcance.

Desse modo, ele conclui que a propriedade de ser consciente ou não constitui o único farol da

psicologia profunda.

O EGO E O ID

Partindo dessa conclusão de que a propriedade de ser consciente ou não constitui o

único farol na psicologia psicanalítica, Freud afirma que todo conhecimento está

invariavelmente ligado à consciência, e que só se pode vir a conhecer, mesmo o inconsciente,

tornando-o consciente. Dessa forma, ele estabelece que é preciso primeiro estudar a

consciência para então compreender as demais estruturas psíquicas. Para tanto, ele responde

às seguintes questões para elucidar o restante de sua teoria: O que é a consciência? É a

superfície do aparelho mental, função de um sistema que, espacialmente, é o primeiro a ser

atingido a partir do mundo externo. Todas as percepções são conscientes, tanto as de fora

(percepções sensórias) quanto as de dentro (sensação e sentimento). O que é o pensamento?


Deslocamento de energia mental que são efetuados em algum lugar no interior do aparelho, à

medida que essa energia progride em seu caminho no sentido da ação.

Em seguida, o autor faz a primeira tentativa de indicar marcas distinguidas entre os

sistemas inconsciente e pré-consciente do ponto de vista da consciência. Ele afirma que a

ideia ou pensamento do inconsciente é aquela que é efetuada em material que permanece

desconhecido, enquanto que a ideia ou pensamento do pré consciente é aquela que está

vinculada a representações verbais. Assim, ele segue respondendo alguns questionamentos e

formulando sua teoria, as quais transcrevemos a seguir:

Como uma coisa (percepção externa) se torna consciente? Sobre esse ponto, ele

afirma que é preciso primeiro pensar sobre como uma coisa se torna pré-consciente, que,

segundo o texto, seria vinculando-se às representações verbais que lhe são correspondentes.

Isso porque somente uma coisa que já foi uma percepção consciente um dia pode se tornar

novamente, é preciso que ela esteja “adormecida” no pré-consciente. Até mesmo as

percepções de dentro (sentimentos), nessa ótica, devem tentar se transformar em percepções

externas para que possam se tornar conscientes, o que acontece por meio dos traços

mnêmicos. Assim, percebe-se que, para tornar algo consciente, precisamos da memória. Os

resíduos mnêmicos, portanto, seriam parte de um sistema adjacente ao sistema

perceptivo-consciente; as catexias (concentração) desse resíduos podem facilmente se

estender de dentro para fora, e é dessa forma que algo se torna consciente.

Nesse momento, Freud diferencia que as lembranças acontecem quando as catexias são

evocadas para a consciência, mas permanecem no sistema mnêmico, enquanto que as

alucinações acontecem quando as catexias se transferem inteiramente para o sistema

mnêmico. Ele ainda ressalta que os resíduos mnêmicos podem ser verbais (que advém das

percepções auditivas das palavras) ou ópticos (que advêm das percepções visuais). Assim,

conclui que para tornar consciente algo reprimido, é necessário criar vínculos intermediários

entre o que está reprimido e o sistema pré-consciente. Percebe, com isso, que o inconsciente

não aflora no consciente, mas sim no pré-consciente, e a consciência permanece onde está.
Como as percepções internas se tornam conscientes?Em seguida, ele passa a tratar

sobre as percepções internas, postulando que elas produzem sensações de processos que

surgem nos mais diversos e mais profundos estratos do aparelho mental. Diz que elas são

mais primordiais e elementares que as percepções que surgem externamente, e podem ocorrer

mesmo quando a consciência se acha enevoada. As sensações que as percepções internas

produzem, por sua vez, são multilocalizadas, podem vir simultaneamente de diferentes

lugares e têm qualidades diferentes ou mesmo opostas. São o que nós chamamos de

sentimentos. Ele ainda diferencia que existem sensações prazerosas e sensações

desprazerosas; as primeiras reduzem a catexia energética, nada impelem, enquanto que a

segunda aumentam a catexia energética, impelem no sentido da mudança, da descarga. Em

seguida, afirma que somente as sensações desprazerosas são capazes de se tornar conscientes,

e que elas o fazem primeiro sendo transmitidas ao sistema perceptivo-consciente. Isso porque

a sensação desprazerosa se comporta como um impulso reprimido, ela pode exercer força

impulsiva sem que o ego note sua compulsão, e somente quando há uma resistência, ou seja,

uma detenção na reação da descarga, é que essa sensação se torna consciente como desprazer.

Portanto, sensações e sentimentos só se tornam conscientes atingindo o sistema

perceptivo-consciente; se o caminho para frente é barrado, elas não chegam a existir como

sensações, embora “algo” lhe corresponda no curso da excitação, o que é o mesmo que se

elas chegassem a existir. Nesse sentido, vê se que, com os sentimentos, não é necessário que

sejam criados os mesmos vínculos de ligação que são necessários às ideias inconscientes, a

fim de que cheguem à consciência.

Com isso, ele conclui essa ideia resumindo que, através da intermediação das

representações verbais, os processos internos de pensamento são transformados em

percepções. Quando uma hipercatexia do processo de pensamento se efetua, os pensamentos

são realmente percebidos (como se viesse de fora) e, consequentemente, considerados

verdadeiros.

Mais adiante, ele começa, de fato, a explicar como funciona sua teoria da estrutura da

mente, explicando, primeiramente, de onde vem e como se forma o ego e o id: O ego tem
início no núcleo do sistema perceptivo, abrange parte do pré-consciente (que é adjacente aos

resíduos mnêmicos) e também é inconsciente. Usando a definição de Georg Groddeck, a

outra parte da mente, para qual o ego se estende, que se comporta como inconsciente,

chamamos de id. Os indivíduos possuem um id psíquico, desconhecido e inconsciente, e, em

sua superfície, repousa o ego, que é desenvolvido a partir do núcleo do id, assim como o

sistema perceptivo também se origina desse mesmo local. O ego não envolve completamente

o id, mas apenas o ponto em que o sistema perceptivo forma a superfície do ego, como um

disco germinal. O reprimido também funde-se com o id, é simplesmente uma parte dele, ele

só se destaca nitidamente do ego pelas resistências da repressão, e pode comunicar-se com o

ego através do id.

Com isso em mente, define que o ego é aquela parte do id que foi modificada pela

influência direta do mundo externo, por intermédio do sistema perceptivo-consciente, é uma

extensão da diferenciação da superfície. O ego procura aplicar a influência do mundo externo

ao id e às tendências deste, ele se esforça para substituir o princípio do prazer pelo princípio

da realidade. O ego representa a paixão e o senso comum, em contraste com o id, que contém

as paixões.

O ego corporal - segundo o texto, o processo de formação do ego, que ocorre a partir

de sua diferenciação do ID, acontece por influência do sistema perceptivo e do próprio corpo

(superfície, lugar, origem de sensações internas e externas). A partir deles, chegamos à ideia

de nosso corpo. O ego corporal, nesse sentido, não é apenas uma entidade de superfície, mas

a própria projeção de uma superfície. Assim, este ego possui como importância funcional o

controle sobre a abordagem à motilidade do indivíduo. É como se ele fosse um cavaleiro (o

ego), que dita as rédeas de um cavalo (o id), fazendo isso com forças tomadas de empréstimo.

Além disso, o ego também tem o hábito de transformar em ação a vontade do id, como se

fosse sua própria.

Ao final do texto, Freud destaca que qualquer faculdade intelectual, seja ela complexa

ou sutil, pode igualmente ser executada pré-conscientemente sem chegarem à consciência.

Fala que existem, ainda, pessoas nas quais as faculdades de autocrítica e consciência são
inconscientes, e inconscientemente produzem efeitos da maior importância, como é o caso

dos sentimentos de culpa. Assim, percebe-se que não apenas o mais baixo, mas também o

mais elevado grau de ego pode ser inconsciente, bem como que o ego consciente é um ego

corporal.

O EGO E O SUPEREGO

Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, explorou profundamente o desenvolvimento


psicológico humano e a complexa interação entre desejo, identificação e formação de
personalidade.
No início da vida, especialmente durante a fase oral, quando somos bebês, desenvolvemos
desejos e ligações emocionais com objetos de satisfação, como o seio materno. Essa ligação
entre o desejo e o objeto é conhecida como "catexia do objeto", representando a atração ou
fixação emocional que temos por coisas que nos trazem prazer.
À medida que crescemos, o ego, que é a parte consciente da mente, se desenvolve e se
fortalece. Quando não conseguimos obter o que desejamos dos objetos originais, começamos
a nos identificar com esses objetos. Isso significa que tentamos nos tornar mais parecidos
com eles ou incorporar suas características em nosso próprio comportamento. Este processo
de identificação é fundamental na formação da nossa personalidade.
Quando somos forçados a abandonar alguém que era nosso objeto de desejo sexual, ocorre
uma mudança no ego, a parte consciente da mente. Essa mudança pode ser comparada à
"instalação do objeto dentro do ego", semelhante ao que acontece na melancolia. Isso
significa que a pessoa internaliza, de alguma forma, o objeto de desejo anterior.
Freud sugere que o processo de substituição, nesse contexto, é uma maneira de lidar com a
perda do objeto de desejo original. Essa substituição envolve uma mudança da libido (energia
sexual) que estava originalmente ligada ao objeto para uma libido narcísica, centrada em si
mesma. É uma forma de sublimação, onde a energia sexual é redirecionada para atividades
que não são puramente sexuais.
Freud também explorou o complexo de Édipo, que se desenvolve em crianças, especialmente
nos meninos. Nesse estágio, as crianças desenvolvem ligações emocionais com seus pais, e os
meninos desenvolvem uma forte ligação emocional com a mãe. Esse complexo envolve
desejos sexuais em relação à mãe, enquanto percebem o pai como um obstáculo a esses
desejos. A resolução do complexo de Édipo envolve a substituição do desejo sexual pela mãe
por uma intensificação da identificação com o pai, contribuindo para a consolidação da
masculinidade.
Em meninas, o processo pode ser diferente, com uma intensificação da identificação com a
mãe, contribuindo para a formação da identidade feminina. Importante notar que essas
identificações não são fixas e podem variar com base na força das disposições sexuais
masculinas e femininas em cada criança.
Freud também abordou a formação do superego, uma parte da mente que representa a
influência dos pais e atua como uma consciência moral, impondo regras e limitações ao
comportamento. O superego se desenvolve a partir das influências parentais e autoridades ao
longo da vida e está relacionado a sentimentos de humildade, culpa e religiosidade.
Freud argumentou que o superego, como parte central desse processo, desempenha um
papel crucial na formação do caráter e na regulação do comportamento. Ele também
enfatizou que a religião, a moralidade e o senso social têm uma origem comum, evoluindo a
partir do complexo de Édipo e suas implicações.

DUAS CLASSES DE INSTINTOS


Freud inicia seu discurso reforçando a importância da diferenciação dos componentes da
mente humana, o id, o ego e o superego, como um avanço na compreensão da psicanálise e
na análise das dinâmicas internas da mente. Ele destaca que o ego é influenciado pela
percepção, assim como o id é influenciado pelos instintos. Percepções desempenham um
papel vital na vida consciente.
Freud introduz a ideia de que existem duas classes de instintos. A primeira, conhecida como
"instintos sexuais" ou "Eros," inclui impulsos sexuais e o instinto de autopreservação, sendo
responsável por preservar e complicar a vida. A segunda classe de instintos é menos evidente
e envolve o "sadismo." Ele também introduz a hipótese de um "instinto de morte," que busca
retornar à vida orgânica a um estado inanimado. Ambas as classes de instintos são vistas
como conservadoras, contribuindo para a dualidade de propósitos na vida. A vida se torna um
conflito e uma conciliação entre essas tendências opostas.
Freud sugere uma associação entre essas classes de instintos e processos fisiológicos, como
anabolismo (construção) e catabolismo (destruição). Essas tendências instintuais estão
presentes em todas as partículas de substância viva. Ele reconhece que não consegue explicar
como essas classes de instintos se misturam, mas especula que a fusão ou desfusão é
fundamental. A fusão envolve a combinação de instintos, enquanto a desfusão pode ser
observada em situações de neuroses graves.
Além disso, ele menciona que a regressão da libido e a progressão das fases psicossexuais
estão ligadas à fusão e desfusão de instintos. Freud destaca a ambivalência dos sentimentos,
onde o amor e o ódio frequentemente coexistem e se transformam um no outro. Ele explora o
mecanismo de deslocamento reativo, no qual a energia é retirada do impulso erótico e
transferida para o impulso hostil. Freud argumenta que essa transformação de amor em ódio
envolve uma energia deslocável presente na mente. Essa energia deslocável pode ser vista
como libido dessexualizada e sublimada, mantendo a finalidade de Eros, que é unir e ligar. O
ego desempenha um papel crucial nesse processo, ao tomar para si a libido das catexias do
objeto e dessexualizá-la. O ego age como objeto amoroso único, frequentemente desviando a
libido dos objetos originais. Freud destaca que essa transformação não envolve uma mudança
direta de ódio em amor, mas sim um deslocamento reativo.
Essas ideias destacam a complexa relação entre Eros, o princípio de prazer, a sublimação e a
luta do id contra as forças de preservação e destruição na vida. Freud enfatiza a dualidade de
propósito entre essas forças, com o ego desempenhando um papel crucial na dinâmica da
mente.

HISTERIA E NEUROSE
O ego histérico desvia uma percepção aflitiva com que as características de seu superego o
ameaçam. O ego é, portanto, o responsável pelo fato de o sentimento de culpa permanecer
inconsciente, o ego afeta a repressão a serviço e por ordem do superego.
Na neurose obsessiva predominam os fenômenos de formação reativa, mas aqui (histeria) o
ego alcança êxito apenas em manter à distância o material a que sentimento de culpa se
refere.
Pode-se descobrir que o sentimento de culpa é capaz de transformar pessoas em criminosas.
É possível detectar um sentimento de culpa muito poderoso. Em todas as situações o
superego exibe sua independência do ego consciente e suas relações
íntimas com o id inconsciente.
Se falar em melancolia, descobriu-se que o superego é excessivamente forte que conseguiu
um ponto de apoio na consciência, dirige sua ira contra o ego com violência, como se
estivesse apossado de todo o sadismo disponível nas pessoas.
As censuras de consigo em certas formas de neurose obsessiva são também aflitivas e
atormentadoras, mas aqui a situação é menos manifestada.
Na neurose obsessiva tornou-se possível- mediante uma regressão à organização pré-genital-
aos impulsos amorosos transformarem-se em impulsos de agressividade. Quanto mais um
homem controla sua agressividade, mas intensa se torna a inclinação de seu ideal à
agressividade conta seu ego.
O ego dá aos processos mentais uma ordem temporal e submete-os aos ‘teste da realidade’.
Interpondo os processos de pensamento, assegura um adiamento das descargas motoras e
controla o acesso à motilidade. Todas as experiências de vida que se originam do exterior
enriquecem o ego, o id, contudo, é seu segundo mundo externo, ele que se esforça por colocar
em sujeição a si. Ele retira libido do id e transforma em catexias objetais deste em estruturas
do ego.
O ego é a sede real da ansiedade. Ameaçado por perigos oriundos de três direções, ele
desenvolve o reflexo de fuga retirando sua própria catexia de percepção ameaçadora ou do
processo semelhante considerado no id, e emitindo-a como ansiedade. Essa reação primitiva é
substituída pelo mecanismo das fobias.
A grande significação que o sentimento de culpa tem nas neuroses torna concebível que a
ansiedade neurótica comum seja reforçada nos casos graves pela formação da ansiedade entre
o ego e o superego.

O INCONSCIENTE DESCRITIVO E O INCONSCIENTE DINÂMICO


Para Freud: ‘No sentido descritivo, há dois tipos de inconsciente’. O ‘inconsciente’, em seu
sentido descritivo, abrange duas coisas: o inconsciente latente e o reprimido. Contudo, Freud
poderia ter se expressado de uma maneira mais clara. Poderia ter dito, explicitamente, no
sentido descritivo, há ‘dois tipos de coisas que são inconsistentes’.
Em outra frase de Freud: ‘’mas no sentido dinâmico há apenas um tipo de inconsciente’’. O
termo ‘inconsciente’, em seu sentido dinâmico abrange apenas uma coisa: o insconsciente
reprimido. Ferenczi, contudo contesta isso, alegando ser precisamente a linha dinâmica de
abordagem que exigia a hipótese de haverem dois tipos de ICS. Mais uma vez estava
compreendendo mal Freud.
Freud argumentava, que todas as coisas que são dinamicamente inconscientes (reprimidas)
incidem numa só classe. Ferenczi usa Ics para significar inconsciente.
A última frase de Freud fala do inconsciente latente como sendo ‘inconsciente apenas
descritivamente, não sendo dinâmico’.
No sentido descritivo, tanto pré-consciente quando o reprimido são inconsistentes, mas que
no sentido dinâmico, o termo se restringe ao reprimido.

O GRANDE RESERVATÓRIO DA LIBIDO


‘Libido narcísica ou libido do ego parece ser o grande reservatório de onde são enviadas as
catexias e para onde são novamente recolhidas; a catexia libidinal narcísica do ego é o estado
de coisas original, realizado na primeira infância, sendo meramente abrangido pelas
manifestações posteriores da libido, persistindo em seus elementos essenciais’.
A psicanálise chegou à conclusão de que o ego é o verdadeiro e original reservatório da
libido, e que somente desse reservatório é que a libido se estende aos objetivos’.
Freud escreve: ‘se é verdade que o instinto destrutivo assim como ego- mas o que temos aqui
em mente é antes o id, a pessoa integral- inclui originalmente, para um estado primitivo de
coisas, no qual o id e o ego ainda são indiferenciados’. E a uma observação semelhante.
‘Podemos imaginar um estado inicial como sendo o estado em que a energia total disponível
de Eros, a qual, mencionaremos como ‘libido’, acha-se presente no ego-id ainda
indiferenciado.
Este ‘ego-id’ foi originalmente ‘grande reservatório de libido’, no sentido de ser um tanque
de armazenamento. Após a diferenciação ter ocorrido, o id continuaria como esse tanque,
mas, quando começou a enviar catexias, ele seria, além disso, uma fonte de suprimentos

A ORGANIZAÇÃO GENITAL INFANTIL (Uma Interposição na Teoria da Sexualidade)


Originalmente, como sabemos, a ênfase incidia sobre uma descrição da diferença
fundamental existente entre a vida sexual das crianças e a dos adultos; posteriormente, as
organizações pré-genitais da libido abriram caminho para o primeiro plano, então o interesse
tomou-se conta pelas pesquisas sexuais das crianças, e partindo daí pudemos reconhecer a
ampla aproximação do desfecho final da sexualidade na infância (por volta do quinto ano de
idade) para a forma definitiva por ela assumida no adulto.
A aproximação da vida sexual da criança à do adulto vai muito além e não se limita
unicamente ao surgimento da escolha de um objeto. A característica principal dessa
‘organização genital infantil’ é sua diferença da organização genital final do adulto.
Infelizmente, podemos descrever esse estado de coisas apenas no ponto em que afeta a
criança do sexo masculino. O menino, sem dúvida, percebe a distinção entre homens e
mulheres, porém, de início, não vincula-se uma diferença nos órgãos genitais dele. Para ele é
natural presumir que todos os outros seres vivos, humanos e animais, possuem um órgão
genital como o seu próprio.
No decurso dessas pesquisas a criança chega à descoberta de que o pênis não é uma
possessão, comum a todas a criaturas que a ela se assemelham. Desperta- se a suspeita de que
existe algo de diferente ali, efetuando observações em busca de esclarecimentos. A falta de
um pênis é vista como resultado da castração e, agora, a criança se defronta com a tarefa de
chegar a um acordo com a castração em relação a si própria.
Não se deve supor, contudo, que a criança efetua rápida e prontamente uma generalização de
sua observação de que algumas mulheres não têm pênis. De qualquer modo, ela é impedida
de fazê-lo porque supõe ser a falta de um pênis resultado de ter sido castrada como punição.
Ao contrário, a criança acredita que são apenas pessoas desprezíveis do sexo feminino que
perderam seus órgãos genitais - mulheres que, com toda probabilidade, foram culpadas de
impulsos inadmissíveis semelhantes ao seu próprio.
Mulheres a quem ela respeita, como sua mãe, retêm o pênis por longo tempo. Para ela, ser
mulher ainda não é sinônimo de não ter pênis. Mais tarde, quando a criança retoma os
problemas da origem e nascimento dos bebês, e adivinha que apenas as mulheres podem
dar-lhes nascimento, somente então também a

mãe perde seu pênis. E, juntamente, são construídas teorias bastante complicadas para
explicar a troca do pênis por um bebê.

O PROBLEMA SOCIOECONÔMICO DO MASOQUISMO


Freud fornece sua descrição mais completa do enigmático fenômeno do masoquismo. Em

vários escritos, o masoquismo deriva de um sadismo anterior; não se reconhece uma coisa

chamada masoquismo primário. Após a introdução do ‘instinto de morte’, encontramos uma

afirmação de que pode haver um masoquismo primário(Edição Standard Brasileira, Vol.

XVIII, pág. 75, IMAGO Editora, 1976), e, no presente artigo, a existência de um

masoquismo primário é tomada como certa.

A existência desse masoquismo primário é explicada principalmente com base na ‘fusão’ e

‘desfusão’ das duas classes de instintos - em O Ego e o Id

Ao passo que a natureza aparentemente autocontraditória de um instinto que visa ao

desprazer é tratada no interessante debate introdutório, que, pela primeira vez, faz claramente

distinção entre o ‘princípio de constância’ e o ‘princípio de prazer'.

A análise de Freud demonstra que esse masoquismo primário ou ‘erógeno’ conduz a duas

formas derivadas. Uma delas, denomina de ‘feminina’, é a forma que Freud já debate em seu

artigo sobre ‘fantasias de espancamento’ (1919). A terceira forma, porém, o ‘masoquismo


moral’, dá a oportunidade de ampliar em muitos pontos, ligeiramente em O Ego e o Id, e de

descerrar novos problemas em vinculação com sentimentos de culpa e o funcionamento da

consciência.

A existência de uma tendência masoquista na vida instintual dos seres humanos pode ser

descrita como misteriosa desde o ponto de vista econômico. Pois se os processos mentais são

governados pelo princípio de prazer de modo tal que o seu primeiro objetivo é a evitação do

desprazer e a obtenção do prazer, o masoquismo é incompreensível "é como se o vigia de

nossa vida mental fosse colocado fora de ação por uma droga."

Somos defrontados pela tarefa de investigar o relacionamento do princípio de prazer com as

duas classes de instintos que distinguimos, os instintos de

morte e os instintos de vida eróticos (libidinais), e não podemos avançar além em nossa

consideração do problema, até que tenhamos realizado essa tarefa, atribuímos ao aparelho

psíquico o propósito de reduzir a nada ou, pelo menos, de manter tão baixas quanto possível

as somas de excitação que fluem sobre ele.

Parece que na série de sensações de tensão temos um sentido imediato do aumento e

diminuição das quantidades de estímulo, e não se pode duvidar que há tensões prazerosas e

relaxamentos desprazerosos de tensão. O estado de excitação sexual constitui o exemplo mais

notável de um aumento prazeroso de estímulo desse tipo, mas certamente não o único.

O princípio de Nirvana expressa a tendência do instinto de morte; o princípio de prazer

representa as exigências da libido, e a modificação do último princípio, o princípio da

realidade, representa a influência do mundo externo.

O masoquismo apresenta-se à nossa observação sob três formas: como condição imposta à

excitação sexual, como expressão da natureza feminina e como norma de comportamento

(behaviour). Podemos, por conseguinte, distinguir um masoquismo erógeno, um masoquismo

feminino e um masoquismo moral.

O primeiro masoquismo, o erógeno - prazer no sofrimento - jaz ao fundo também das outras

duas formas.
O masoquismo feminino, por outro lado, é o mais acessível às nossas observações e o menos

problemático, e pode ser examinado em todas as suas relações. Começaremos nosso exame

por ele.

Possuímos suficiente familiaridade.

A terceira, e sob certos aspectos a forma mais importante assumida pelo masoquismo, apenas

recentemente foi identificada pela psicanálise como um sentimento de culpa que, na maior

parte, é inconsciente; ela, porém, já pode ser completamente explicada e ajustada ao restante

de nosso conhecimento.

A interpretação óbvia, à qual facilmente se chega, é que o masoquista deseja ser tratado como

uma criança pequena e desamparada, mas, particularmente, como uma criança travessa. É

desnecessário citar casos para ilustrar isso, pois o material é muito uniforme e acessível a

qualquer observador, mesmo a não analistas.

(As torturas masoquistas, incidentalmente, com

raridade, causam uma impressão tão séria quanto as crueldades do sadismo, quer imaginado

ou realizado.) Também um sentimento de culpa encontra expressão no conteúdo manifesto

das fantasias masoquistas; o indivíduo presume que cometeu algum crime (cuja natureza é

deixada indefinida). Por outro lado, esse fator de culpa fornece uma transição para a terceira

forma de masoquismo, a moral.

O instinto é então chamado de instinto destrutivo, instinto de domínio ou vontade de poder.

Uma parte do instinto é colocada diretamente a serviço da função sexual, onde tem um papel

importante a desempenhar. Esse é o sadismo propriamente dito. Estando-se preparado para

desprezar uma pequena falta de exatidão, pode-se dizer que o instinto de morte operante no

organismo - sadismo primário - é idêntico ao masoquismo.

A terceira forma de masoquismo, o masoquismo moral, é principalmente notável por haver

afrouxado sua vinculação com aquilo que identificamos como sexualidade. Todos os outros

sofrimentos masoquistas levam consigo a condição de que emanem da pessoa amada e sejam

tolerados à ordem da pessoa.


O sofrimento acarretado pelas neuroses é exatamente o fator que as torna valiosas para a

tendência masoquista.

Atribuímos a função da consciência ao superego e reconhecemos a consciência de culpa

como expressão de uma tensão entre o ego e o superego. O ego reage com sentimentos de

ansiedade (ansiedade de consciência) à percepção de que não esteve à altura das exigências

feitas por seu ideal, ou superego.

O superego retém características essenciais das pessoas introjetadas - a sua força, sua

severidade, a sua inclinação a supervisionar e punir.

O superego - a consciência em ação no ego - pode então tornar-se dura, cruel e inexorável

contra o ego que está a seu cargo.

O complexo de Édipo mostra assim ser - como já foi conjecturado num sentido histórico - a

fonte de nosso senso ético individual, de nossa moralidade. O curso do desenvolvimento da

infância conduz a um desligamento sempre crescente dos pais e a significação pessoal desses

para o superego retrocede para o segundo plano.

Masoquismo moral disse que, por seu comportamento durante o tratamento e na vida, os

indivíduos em causa dão a impressão de serem moralmente inibidos em grau excessivo, de

estarem sob o domínio de uma consciência especialmente sensível, embora não sejam

conscientes em nada dessa ultramoralidade.

O fato de o masoquismo moral ser inconsciente nos leva a uma pista óbvia. Podemos traduzir

a expressão ‘sentimento inconsciente de culpa’ como significando uma necessidade de

punição às mãos de um poder paterno. A fim de provocar a punição desse último

representante dos pais, o masoquista deve fazer o que é desaconselhável, agir contra seus

próprios interesses, arruinar as perspectivas que se abrem para ele no mundo real e, talvez,

destruir sua própria existência real.

O masoquismo moral, assim, se torna uma prova clássica da existência da fusão do instinto.
Seu perigo reside no fato de ele originar-se do instinto de morte e corresponder à parte desse
instinto que escapou de ser voltado para fora, como instinto de destruição. No entanto, de vez
que, por outro lado, ele tem a significação de um componente erótico, a própria destruição de
si mesmo pelo indivíduo não pode se realizar sem uma satisfação libidinal
NEUROSE E PSICOSE
Em seu trabalho recentemente publicado, O Ego e o Id (1923b), Freud propos uma
diferenciação do aparelho psíquico, com base na qual determinado número de
relacionamentos pode ser representado de maneira simples. A aplicação da hipótese também
poderia trazer consigo um retorno proveitoso da cinzenta teoria para o verde perpétuo da
experiência. Sua posição intermediária entre o mundo externo e o id e seus esforços para
comprazer todos os seus senhores ao mesmo tempo.
ocorreu-se depois uma fórmula simples que trata com aquilo que talvez seja a mais
importante diferença genética entre uma neurose e uma psicose: a neurose é o resultado de
um conflito entre o ego e o id, ao passo que a psicose é o desfecho análogo de um distúrbio
semelhante nas relações entre o ego e o mundo externo.
O material reprimido luta contra esse destino. Cria para si próprio, ao longo de caminhos
sobre os quais o ego não tem poder, uma representação substitutiva (que se impõe ao ego
mediante uma conciliação) - o sintoma. O ego descobre a sua unidade ameaçada e
prejudicada por esse intruso e continua a lutar contra o sintoma, tal como desviou o impulso
instintual original. Tudo isso produz o quadro de uma neurose.
Por outro lado, é igualmente fácil, a partir do conhecimento que até agora obtivemos do
mecanismo das psicoses, aduzir exemplos que apontam para um distúrbio no relacionamento
entre o ego e o mundo externo.
o mundo exterior não é percebido de modo algum ou a percepção dele não possui qualquer
efeito. Normalmente, o mundo externo governa o ego por duas maneiras: em primeiro lugar,
através de percepções atuais e presentes, sempre renováveis; e, em segundo, mediante o
armazenamento de lembranças de percepções anteriores, as quais, sob a forma de um ‘mundo
interno’, são uma possessão do ego e parte constituinte dele. Na amência não apenas é
recusada a aceitação de novas percepções; também o mundo interno, que, como cópia do
mundo externo, até agora o representou, perde sua significação.
Sabemos que outras formas de psicose, as esquizofrenias, inclinam-se a acabar em uma
hebetude afetiva - isto é, em uma perda de toda participação no mundo externo. Com
referência à gênese dos delírios, inúmeras análises nos ensinaram que o delírio se encontra
aplicado como um remendo no lugar em que originalmente uma fenda apareceu na relação do
ego com o mundo externo. Se essa precondição de um conflito com o mundo externo não nos
é muito mais observável do que atualmente acontece, isso se deve ao fato de que, no quadro
clínico da psicose, as manifestações do processo patogênico são amiúde recobertas por
manifestações de uma tentativa de cura ou uma reconstrução.
Seria desejável saber em que circunstâncias e por que meios o ego pode ter êxito em emergir
de tais conflitos, que certamente estão sempre presentes, sem cair enfermo. Trata-se de um
novo campo de pesquisa, onde sem dúvida os mais variados fatores surgirão para exame.
Dois deles, porém, podem ser acentuados em seguida. Em primeiro lugar, o desfecho de todas
as situações desse tipo indubitavelmente dependerá de considerações econômicas - das
magnitudes relativas das tendências que estão lutando entre si. Em segundo lugar, será
possível ao ego evitar uma ruptura em qualquer direção deformando-se, submetendo-se a
usurpações em sua própria unidade e até mesmo, talvez, efetuando uma clivagem ou divisão
de si próprio.

A DISSOLUÇÃO DO COMPLEXO DE ÉDIPO


Freud inicia o artigo ressaltando a importância do complexo de Édipo como “fenômeno
central” na sexualidade infantil, bem como, aponta alguns aspectos de como se daria a sua
dissolução. Para explicar tal processo, ele se apoia em fatores ontogenéticos (correspondentes
à história de vida de cada um) e filogenéticos (componentes biológicos).
Deste modo, a hipótese baseada em fatores ontogenéticos, faz referência a impossibilidade
interna da realização do desejo edípico, considerando as diferenças entre meninos e meninas.
Ele exemplifica com os seguintes acontecimentos possíveis: uma menina que se considera
tudo para o pai, e um menino que deseja ter sua mãe somente para si; sendo que a menina,
por vezes sofre punições da parte de seu pai, e o menino se defronta com a não exclusividade
do amor de sua mãe. Tais fatores, levam à criança a distanciar-se do seu desejo edipiano, tal
que vai destruindo – se na medida em que os pequenos se deparam com a impossibilidade de
satisfação plena de seu desejo, ou com a sua insuficiência diante do desejo parental.
A outra possibilidade, baseada em fatores filogenéticos, corresponderiam a aspectos
biológicos da criança (por exemplo seu desenvolvimento físico, motor, intelectual) que
através da maturação, levariam a desintegração do complexo. Portanto, Freud apela às
questões ligadas à hereditariedade para explicar a possível predisposição desta fase no
desenvolvimento humano.
As duas hipóteses levantadas, a primeira ontogenética e a segunda filogenética, são
apresentadas como compatíveis e não excludentes entre si. Entretanto, é a partir da
observação do papel que o órgão genital masculino passa a desempenhar no desenvolvimento
sexual infantil, que Freud desenvolve uma terceira hipótese para justificar o encerramento do
Édipo. Nesta, seria a ameaça da castração, a responsável pela destruição do complexo.
De toda forma, seria só com uma terceira experiência, a visualização do órgão genital
feminino, que a criança passaria a crer na possibilidade de ser castrada. Essa ideia é
introduzida ao descrever as características da fase fálica da criança, que é correspondente ao
período do édipo. Na qual tem-se a “premissa da universalidade do falo”, sendo a posse do
pênis atribuída tanto para meninos quanto para meninas.
Sendo assim, mesmo para as meninas existiria um complexo de castração e uma organização
fálica. Para elas, o clítoris assumiria inicialmente o papel de um pênis pouco desenvolvido
que foi-lhes retirado, assim a castração é aceita como um fato consumado, e tal fato é tido
como diferença essencial entre os sexos. Haveria, portanto, uma tentativa da parte da menina,
de compensar a falta do órgão com o Édipo, culminando no desejo de ter um filho com o
próprio pai, de dar-lhe um filho.
Já para os meninos, a fantasia de castração incide na medida em que há uma ameaça – efetiva
ou simbólica – de lhe ser retirado o órgão genital. Diante desta, um conflito também é posto,
entre o interesse narcísico pelo próprio pênis e a satisfação do desejo edípico, cuja resolução
se dá, em geral, com a preservação do órgão genital.
Finalmente, neste processo pode-se entender que o afastamento do Édipo se daria através do
abandono das catexias de objeto e de substituição destas por identificações. Tais catexias
seriam impedidas de retornar pela introdução da autoridade dos pais e formação do núcleo do
superego.
Sendo assim, tem-se que as tendências libidinais edípicas seriam em parte “dessexualizadas e
sublimadas” e em parte “inibidas em seu objetivo e transformadas em impulsos de afeição”, o
que introduziria o período de latência e completaria a dissolução do complexo de Édipo.

PERDA DA REALIDADE NA NEUROSE E PSICOSE


A divisão do aparelho psíquico em três instâncias, id,ego e superego, e a gênese dos conflitos
psíquicos nos conflitos que existem entre elas. A denominada neurose de transferência seria
resultante do conflito entre id e ego, a neurose narcísica do conflito entre ego e superego, e a
psicose do conflito entre o ego e a realidade.
Qualquer impasse entre as instâncias psíquicas surge da frustração, da não realização de um
desejo infantil, instintual, do id. “A etiologia comum à irrupção de uma psiconeurose ou
psicose é sempre a frustração, a não realização de um daqueles desejos infantis nunca
sujeitos. ” (p.1 81).
Nas neuroses, essa frustração ocorre, pois, em sua primeira fase, o ego rende-se à realidade
e reprime o instinto do id. Na segunda fase, de reparação, osintoma neurótico em si, o ego
ignora a realidade. Não a nega, mas fecha os olhos para ela. Por outro lado, nas psicoses, a
primeira fase consiste em uma redenção do ego aos desejos do id, negando, por conseguinte,
a realidade. Na segunda fase, essa realidade, além de negada, é substituída por uma que se
adeque a aquele desejo uma vez frustrado pelo mundo externo real. “O delírio é como um
remendo colocado onde originalmente surgira uma fissura na relação do Eu com o mundo
exterior. ” (p.180). Essa nova realidade se molda a partir dos traços mnemônicos, ideias e
juízos obtidos do mundo externo real até aquele momento. A partir disso, porém, esses
componentes se moldarão fundados em novas percepções irreais, as alucinações. Nota-se,
todavia, que apesar dessa realidade criada que obedece aos desejos do id,há uma resistência
da realidade, uma força opositora inconsciente, que causa a angústia diante dos delírios,
alucinações e lapsos de memória que transformam a nova realidade psíquica. “A porção
rechaçada da realidade volta sempre a importunar a psique. “ (p.219)

RESISTÊNCIAS À PSICANÁLISE

O desprazer da mesma espécie vem de fonte uma exigência feita à mente por algo que é
novo, gerada por estímulos. Para compreender de fato as resistências é importante entender o
que Freud explica sobre o ceticismo em relação à psicanálise.
O ceticismo pode dirigir-se diretamente e nitidamente contra qualquer tipo de novidade,
enquanto o comum é naturalmente aceito, focando na rejeição do inesperado mesmo não
possuindo nenhum tipo de busca por entender o desconhecido. Logo, acaba ocorrendo uma
retenção. Com o passar do tempo foi notável que, com o avanço da psicologia científica, as
pesquisas científicas foram trazendo novas ideias e inovações, confrontando as pessoas
resistentes ao novo e provando cientificamente que eles não tinham fundamentos válidos para
resistir.
Não era possível prever vinculações à nova teoria proposta por Freud e suas consequências na
prosperidade da mesma, posteriormente foi visível o quanto elas foram essenciais para que a
psicanálise ampliasse o seu objetivo original. Assim, foi possível manter uma base mais
sólida sobre os conceitos propostos acerca da visão da vida mental sendo importante para um
mundo fundido com a fisiologia.
Posteriormente, os oponentes não conseguiram conter o movimento, logo, o que antes
possuía apenas um porta-voz, Freud, depois atraiu o interesse e apoio de muitas pessoas e
médicos que utilizavam como tratamento para doenças nervosas e instrumento para
desenvolver trabalhos científicos.
Apesar de ter conseguido um apoio considerável, foram surgindo novos empecilhos. No
ponto de vista clínico da psicanálise, neuroses devem necessariamente ser situadas ao lado
das intoxicações e de distúrbios ligados ao excesso ou ausência de certas substâncias no
organismo, sendo elas produzidas internamente ou aplicadas do exterior. Tanto Charcot
quanto Breuer mostraram que muitos sintomas físicos da histeria eram psicogênicos, logo, ao
aplicar a hipnose o indivíduo era colocado em um estado de produção artificial dos sintomas
somáticos.
Essa nova direção não agradou os médicos contemporâneos que haviam sido ensinados a
respeitar apenas fatores anatômicos, físicos e químicos. Ao serem colocados em uma situação
que considerava o psíquico reagiram de forma aversiva. Eles afirmavam que a dúvida sobre
os eventos psíquicos impossibilitaria a exatidão de um tratamento. Ao se verem obrigados a
trabalhar com a subjetividade, consequentemente se recusavam a acreditar em fenômenos
notáveis que poderiam ter sido o ponto de partida de pesquisas.
Os psiquiatras desse tempo se contentavam em classificar um conjunto de sintomas e
remetê-los, limitadamente, a distúrbios etiológicos somáticos, anatômicos ou químicos.
A rejeição dos médicos já era esperada, mas Freud contava com o apoio dos filósofos que
possuíam uma mentalidade mais aberta à novidades. No entanto, os filósofos possuíam uma
ideia sobre mental apenas fenômenos da consciência, acreditando que a mente está limitada
apenas a ela, não considerando outros processos, como por exemplo alegando que os sonhos
são produtos inexpressivos. Freud fala que se fossem-lhes pedido uma explicação sobre
delírios e obsessões, passariam por uma situação embaraçosa. Eles também achavam que era
baseada em premissas impossíveis de censurar sob a justificativa da carência de clareza e
explicação.
Posteriormente, a teoria psicanalítica foi desenvolvendo a construção da satisfação
substitutiva disfuncional das forças instintivas sexuais, criando um princípio de satisfação,
frustração e resistência. com teorias baseadas na sexualidade infantil e analogias como o
Complexo de Édipo, os opositores caíram sobre ela, como se a psicanálise houvesse cometido
agressão à dignidade da raça humana.
Logo, a psicanálise não surgiu apenas como precursora de uma novidade, mas sim ferindo os
sentimentos das pessoas que ficaram furiosas quando a mesma buscou falar sobre assuntos
delicados para a sociedade. Assim, as mais fortes resistências à psicanálise não foram de
cunho intelectual, e sim emocional.

Você também pode gostar