Psi
Psi
Descreve o contexto histórico e intelectual em que a psicanálise surgiu, destacando como ela
evoluiu a partir de ideias anteriores e como se originou devido à necessidade de compreender
e tratar as chamadas doenças nervosas "funcionais", particularmente a histeria.
1. Origem da psicanálise: O trecho aponta que a psicanálise nasceu oficialmente no
século XX, com a publicação de "A Interpretação dos Sonhos" em 1900 por Sigmund Freud.
No entanto, ressalta que a psicanálise não surgiu "pronta dos céus" e teve suas raízes em
ideias mais antigas que foram desenvolvidas e aprimoradas ao longo do tempo.
2. Influências anteriores: O texto afirma que a psicanálise se baseou em influências e
sugestões anteriores, e para compreender sua origem, é necessário considerar essas
influências e não ignorar o contexto histórico que precedeu sua criação.
3. Foco inicial da psicanálise: No início, a psicanálise tinha como objetivo principal a
compreensão das chamadas doenças nervosas "funcionais", em particular a histeria. As
doenças nervosas funcionais são condições nas quais os sintomas não têm uma causa
orgânica clara, e a abordagem médica tradicional da época não tinha sucesso no tratamento
dessas condições.
4. Desafios da época: O trecho destaca que os neurologistas da época estavam mais
inclinados a considerar explicações baseadas em causas químico-físicas e
patológico-anatômicas, e eles não sabiam como abordar o aspecto psíquico das doenças
nervosas. Isso levou a dificuldades na compreensão e tratamento eficaz dessas condições.
5. Abordagens anteriores: O texto menciona que, antes do surgimento da psicanálise, os
tratamentos para as neuroses eram frequentemente inadequados e envolviam métodos como
"endurecer" o paciente, prescrever remédios e tentativas ineficazes de influenciar o paciente
por meio de ameaças, zombarias e advertências.
O Dr. Josef Breuer desempenhou um papel fundamental no início da psicanálise ao tratar uma
paciente histérica com a hipnose em 1881. Esse caso destacou a relação entre sintomas
histéricos e traumas não resolvidos, que estavam escondidos no inconsciente da paciente.
Breuer utilizou a hipnose para ajudar a paciente a lembrar e liberar as emoções ligadas a esses
traumas, o que levou ao desaparecimento dos sintomas. Isso influenciou a abordagem
terapêutica da psicanálise e destacou a importância do inconsciente e da vida emocional na
compreensão e tratamento dos distúrbios mentais.
Breuer e Freud colaboraram nos "Estudos sobre Histeria" em 1895, onde apresentaram a
teoria da catarse. A catarse envolvia liberar emoções reprimidas sob hipnose. Embora tenha
sido o precursor da psicanálise, Freud abandonou a hipnose devido a limitações práticas. Em
vez disso, ele introduziu a técnica da "associação livre", pedindo aos pacientes que
compartilhassem pensamentos espontaneamente. Apesar de parecer estranho, Freud
acreditava que essa técnica era eficaz para acessar o material inconsciente esquecido. Isso
marcou uma transição importante na evolução da psicanálise.
Freud introduziu a técnica da associação livre na psicanálise. Nessa abordagem, os pacientes
compartilhavam ideias sem restrições, permitindo que emergissem pensamentos
inconscientes. Isso levava a um insight profundo sobre os processos mentais ocultos. No
entanto, a resistência do paciente à revelação de pensamentos inconscientes era constante e
intensa, o que levou à teoria da repressão. Essa teoria argumentava que as mesmas forças que
resistiam à revelação desses pensamentos eram as que os haviam reprimido anteriormente.
Portanto, a teoria da repressão preencheu uma lacuna na compreensão da origem dos
sintomas neuróticos.
A psicanálise foca nas doenças neuróticas, que surgem de conflitos entre tendências mentais.
O ego restringe essas tendências com base em motivos éticos, estéticos e na supressão de
impulsos sexuais e agressivos.
A importância da sexualidade infantil é destacada, incluindo seu papel no desenvolvimento
psicossexual. O conceito de sexualidade é expandido para abranger a sexualidade infantil e
variações na vida sexual.
A técnica da associação livre substitui a hipnose, evoluindo para a psicanálise. Essa teoria
completa explica a origem dos sintomas neuróticos e serve como base para o tratamento
médico.
Elementos-chave incluem ênfase na vida instintual, dinâmica mental, repressão, sintomas
como satisfações substitutas, vida sexual, especialmente infantil, e o complexo de Édipo.
A transferência emocional do paciente para o analista é considerada crucial na teoria e técnica
da psicanálise.
INTRODUÇÃO
passado. Sua produção está contida na coletânea "Obras psicológicas completas de Sigmund
Freud", da editora Stadard Brasileira, que abrangem seus principais trabalhos teóricos e
clínicos sobre psicanálise. Tendo isso em vista, destaca-se que o presente trabalho objetiva-se
a tratar sobre o volume XIX desta coleção, intitulado "O ID é o EGO e outros trabalhos", o
autor. Isso porque, é no momento que escreve esta obra que Freud, com base em sua
experiência clínica, observações e tratamento de seus pacientes, descreve sua segunda tópica
da estrutura do aparelho psíquico, bem como desenvolve sua teoria da sexualidade. Sendo
assim, o texto se mostra de suma importância para qualquer estudioso da área da psicologia
anos.
possível compreender os processos patológicos da vida mental e encontrar lugar para eles na
estrutura da ciência. Além disso, ao longo do texto ele rebate algumas das críticas que vinha
trazida anteriormente por Freud. É partindo do esclarecimento dessas noções, então, que
termo puramente descritivo, que repousa na percepção do caráter mais imediato e certo.
Logo, as objeções que sofria em relação a isso não se fundamentam no que se observa na
caracteristicamente muito transitório, uma vez que uma ideia que é consciente agora não é
mais um momento depois, mas pode facilmente tornar-se consciente de novo em certas
condições.
Sobre o inconsciente descritivo - Em seguida, porém, ele questiona: para onde as ideias
foram nesse intervalo? O que elas se tornaram? Responde que não sabemos, mas podemos
dizer que elas estiveram latentes (capazes de se tornarem conscientes a qualquer momento), e
que não seria errado também dizer que elas estiveram inconscientes. Logo, na definição
descritiva do aparelho psíquico adotada aqui por Freud, o inconsciente seria o mesmo que
latente. Assim, as ideias inconscientes seriam aquelas que não estão na percepção imediata e
latente, contudo, também apresenta problemas, já que os filósofos diriam que enquanto a
ideia esteve em estado de latência ela não foi algo psíquico de modo algum. Freud, no
entanto, não trabalha a partir do inconsciente descritivo, mas sim de uma definição dinâmica,
presumiu que existem processos mentais muito poderosos, quantitativos e econômicos, que
podem produzir na vida mental todos os efeitos que as ideias mentais (tidas como
conscientes) produzem, embora eles próprios não possam se tornar conscientes, uma vez que
existe uma força que as opõe, uma resistência. Entretanto, ele afirma que se estes processos
mentais que as ideias existem antes de se tornarem conscientes, e a segunda seria a força que
institui a repressão e a mantém, ou seja, que impede que algumas ideias se tornem
conscientes. Nessa perspectiva, portanto, diz-se que o reprimido é protótipo do inconsciente,
que é o consciente e o que é o inconsciente para posterior formulação de sua teoria. Ele
dessa premissa para definir o inconsciente de modo descritivo e dinâmico, sendo o primeiro
coincidente com o latente e o segundo coincidente com o reprimido. Ele ainda destaca que o
pré-consciente, e que o inconsciente reprimido é aquele que não é, em si mesmo e sem mais
dito. Ao final, ele afirma também que a distinção do que é consciente e inconsciente é
ambígua e, em última análise, uma questão de percepção, a qual deve ser respondido “sim”
ou “não”, e o próprio ato da percepção é quem vai dizer da razão porque uma coisa é ou não
percebida, além de reiterar que no curso ulterior da psicanálise até mesmo as distinções que
de seus mecanismos patológicos. Assim, ele define que o EGO se trata de uma organização
consciência se acha ligada, é quem controla a descarga mental de excitações para o mundo
externo, é a instância mental que supervisiona todos os seus próprios processos constituintes
e que vai dormir à noite, é, também, de onde se originam as repressões, por meio das quais se
procura excluir as tendências da mente. Nesse sentido, deparamo-nos com algo no próprio
ego que é também inconsciente (as repressões, que procuram excluir as tendências da mente).
Dizemos que ela é também inconsciente porque ela se comporta exatamente como reprimido
(produzindo efeitos poderosos sem que o próprio ego se dê conta, e exigindo um trabalho
inconsciente na análise de seus pacientes, em que ele percebia que o indivíduo estava
dominado por uma resistência que impedia que algumas ideias, sentimentos, pensamentos e
lembranças viessem à tona, e, mesmo que o indivíduo não soubesse o que era nem como
descrevê-la, não havia dúvidas de que ela emanava de seu ego. Assim, ele descobriu que as
neuroses vem, na verdade, do conflito entre o ego coerente e o ego reprimido (que é expelido
do coerente, como um desdobramento deste, “split off”), não do conflito entre o consciente
entendimento interno das condições da estrutura da mente (insight). Ademais, ele percebe que
o inconsciente não coincide com o reprimido, logo, nem tudo que é inconsciente é reprimido,
ainda que tudo que é reprimido seja inconsciente e, indubitavelmente, esse inconsciente que
pertence ao ego não é latente como o pré-consciente. Diante dessa necessidade de postular
um terceiro inconsciente, que não é nem latente nem reprimido, afirma que há de se admitir
que a característica de ser inconsciente começa a perder sentido, tornando-se uma qualidade
com muitos significados, a qual não se pode fazer conclusões inevitáveis e de longo alcance.
Desse modo, ele conclui que a propriedade de ser consciente ou não constitui o único farol da
psicologia profunda.
O EGO E O ID
único farol na psicologia psicanalítica, Freud afirma que todo conhecimento está
tornando-o consciente. Dessa forma, ele estabelece que é preciso primeiro estudar a
consciência para então compreender as demais estruturas psíquicas. Para tanto, ele responde
atingido a partir do mundo externo. Todas as percepções são conscientes, tanto as de fora
desconhecido, enquanto que a ideia ou pensamento do pré consciente é aquela que está
Como uma coisa (percepção externa) se torna consciente? Sobre esse ponto, ele
afirma que é preciso primeiro pensar sobre como uma coisa se torna pré-consciente, que,
segundo o texto, seria vinculando-se às representações verbais que lhe são correspondentes.
Isso porque somente uma coisa que já foi uma percepção consciente um dia pode se tornar
externas para que possam se tornar conscientes, o que acontece por meio dos traços
mnêmicos. Assim, percebe-se que, para tornar algo consciente, precisamos da memória. Os
estender de dentro para fora, e é dessa forma que algo se torna consciente.
Nesse momento, Freud diferencia que as lembranças acontecem quando as catexias são
mnêmico. Ele ainda ressalta que os resíduos mnêmicos podem ser verbais (que advém das
percepções auditivas das palavras) ou ópticos (que advêm das percepções visuais). Assim,
conclui que para tornar consciente algo reprimido, é necessário criar vínculos intermediários
entre o que está reprimido e o sistema pré-consciente. Percebe, com isso, que o inconsciente
não aflora no consciente, mas sim no pré-consciente, e a consciência permanece onde está.
Como as percepções internas se tornam conscientes?Em seguida, ele passa a tratar
sobre as percepções internas, postulando que elas produzem sensações de processos que
surgem nos mais diversos e mais profundos estratos do aparelho mental. Diz que elas são
mais primordiais e elementares que as percepções que surgem externamente, e podem ocorrer
produzem, por sua vez, são multilocalizadas, podem vir simultaneamente de diferentes
lugares e têm qualidades diferentes ou mesmo opostas. São o que nós chamamos de
seguida, afirma que somente as sensações desprazerosas são capazes de se tornar conscientes,
e que elas o fazem primeiro sendo transmitidas ao sistema perceptivo-consciente. Isso porque
a sensação desprazerosa se comporta como um impulso reprimido, ela pode exercer força
impulsiva sem que o ego note sua compulsão, e somente quando há uma resistência, ou seja,
uma detenção na reação da descarga, é que essa sensação se torna consciente como desprazer.
perceptivo-consciente; se o caminho para frente é barrado, elas não chegam a existir como
sensações, embora “algo” lhe corresponda no curso da excitação, o que é o mesmo que se
elas chegassem a existir. Nesse sentido, vê se que, com os sentimentos, não é necessário que
sejam criados os mesmos vínculos de ligação que são necessários às ideias inconscientes, a
Com isso, ele conclui essa ideia resumindo que, através da intermediação das
verdadeiros.
Mais adiante, ele começa, de fato, a explicar como funciona sua teoria da estrutura da
mente, explicando, primeiramente, de onde vem e como se forma o ego e o id: O ego tem
início no núcleo do sistema perceptivo, abrange parte do pré-consciente (que é adjacente aos
outra parte da mente, para qual o ego se estende, que se comporta como inconsciente,
sua superfície, repousa o ego, que é desenvolvido a partir do núcleo do id, assim como o
sistema perceptivo também se origina desse mesmo local. O ego não envolve completamente
o id, mas apenas o ponto em que o sistema perceptivo forma a superfície do ego, como um
disco germinal. O reprimido também funde-se com o id, é simplesmente uma parte dele, ele
Com isso em mente, define que o ego é aquela parte do id que foi modificada pela
ao id e às tendências deste, ele se esforça para substituir o princípio do prazer pelo princípio
da realidade. O ego representa a paixão e o senso comum, em contraste com o id, que contém
as paixões.
O ego corporal - segundo o texto, o processo de formação do ego, que ocorre a partir
de sua diferenciação do ID, acontece por influência do sistema perceptivo e do próprio corpo
(superfície, lugar, origem de sensações internas e externas). A partir deles, chegamos à ideia
de nosso corpo. O ego corporal, nesse sentido, não é apenas uma entidade de superfície, mas
a própria projeção de uma superfície. Assim, este ego possui como importância funcional o
ego), que dita as rédeas de um cavalo (o id), fazendo isso com forças tomadas de empréstimo.
Além disso, o ego também tem o hábito de transformar em ação a vontade do id, como se
Ao final do texto, Freud destaca que qualquer faculdade intelectual, seja ela complexa
Fala que existem, ainda, pessoas nas quais as faculdades de autocrítica e consciência são
inconscientes, e inconscientemente produzem efeitos da maior importância, como é o caso
dos sentimentos de culpa. Assim, percebe-se que não apenas o mais baixo, mas também o
mais elevado grau de ego pode ser inconsciente, bem como que o ego consciente é um ego
corporal.
O EGO E O SUPEREGO
HISTERIA E NEUROSE
O ego histérico desvia uma percepção aflitiva com que as características de seu superego o
ameaçam. O ego é, portanto, o responsável pelo fato de o sentimento de culpa permanecer
inconsciente, o ego afeta a repressão a serviço e por ordem do superego.
Na neurose obsessiva predominam os fenômenos de formação reativa, mas aqui (histeria) o
ego alcança êxito apenas em manter à distância o material a que sentimento de culpa se
refere.
Pode-se descobrir que o sentimento de culpa é capaz de transformar pessoas em criminosas.
É possível detectar um sentimento de culpa muito poderoso. Em todas as situações o
superego exibe sua independência do ego consciente e suas relações
íntimas com o id inconsciente.
Se falar em melancolia, descobriu-se que o superego é excessivamente forte que conseguiu
um ponto de apoio na consciência, dirige sua ira contra o ego com violência, como se
estivesse apossado de todo o sadismo disponível nas pessoas.
As censuras de consigo em certas formas de neurose obsessiva são também aflitivas e
atormentadoras, mas aqui a situação é menos manifestada.
Na neurose obsessiva tornou-se possível- mediante uma regressão à organização pré-genital-
aos impulsos amorosos transformarem-se em impulsos de agressividade. Quanto mais um
homem controla sua agressividade, mas intensa se torna a inclinação de seu ideal à
agressividade conta seu ego.
O ego dá aos processos mentais uma ordem temporal e submete-os aos ‘teste da realidade’.
Interpondo os processos de pensamento, assegura um adiamento das descargas motoras e
controla o acesso à motilidade. Todas as experiências de vida que se originam do exterior
enriquecem o ego, o id, contudo, é seu segundo mundo externo, ele que se esforça por colocar
em sujeição a si. Ele retira libido do id e transforma em catexias objetais deste em estruturas
do ego.
O ego é a sede real da ansiedade. Ameaçado por perigos oriundos de três direções, ele
desenvolve o reflexo de fuga retirando sua própria catexia de percepção ameaçadora ou do
processo semelhante considerado no id, e emitindo-a como ansiedade. Essa reação primitiva é
substituída pelo mecanismo das fobias.
A grande significação que o sentimento de culpa tem nas neuroses torna concebível que a
ansiedade neurótica comum seja reforçada nos casos graves pela formação da ansiedade entre
o ego e o superego.
mãe perde seu pênis. E, juntamente, são construídas teorias bastante complicadas para
explicar a troca do pênis por um bebê.
vários escritos, o masoquismo deriva de um sadismo anterior; não se reconhece uma coisa
desprazer é tratada no interessante debate introdutório, que, pela primeira vez, faz claramente
A análise de Freud demonstra que esse masoquismo primário ou ‘erógeno’ conduz a duas
formas derivadas. Uma delas, denomina de ‘feminina’, é a forma que Freud já debate em seu
consciência.
A existência de uma tendência masoquista na vida instintual dos seres humanos pode ser
descrita como misteriosa desde o ponto de vista econômico. Pois se os processos mentais são
governados pelo princípio de prazer de modo tal que o seu primeiro objetivo é a evitação do
nossa vida mental fosse colocado fora de ação por uma droga."
morte e os instintos de vida eróticos (libidinais), e não podemos avançar além em nossa
consideração do problema, até que tenhamos realizado essa tarefa, atribuímos ao aparelho
psíquico o propósito de reduzir a nada ou, pelo menos, de manter tão baixas quanto possível
diminuição das quantidades de estímulo, e não se pode duvidar que há tensões prazerosas e
notável de um aumento prazeroso de estímulo desse tipo, mas certamente não o único.
O masoquismo apresenta-se à nossa observação sob três formas: como condição imposta à
O primeiro masoquismo, o erógeno - prazer no sofrimento - jaz ao fundo também das outras
duas formas.
O masoquismo feminino, por outro lado, é o mais acessível às nossas observações e o menos
problemático, e pode ser examinado em todas as suas relações. Começaremos nosso exame
por ele.
A terceira, e sob certos aspectos a forma mais importante assumida pelo masoquismo, apenas
recentemente foi identificada pela psicanálise como um sentimento de culpa que, na maior
parte, é inconsciente; ela, porém, já pode ser completamente explicada e ajustada ao restante
de nosso conhecimento.
A interpretação óbvia, à qual facilmente se chega, é que o masoquista deseja ser tratado como
uma criança pequena e desamparada, mas, particularmente, como uma criança travessa. É
desnecessário citar casos para ilustrar isso, pois o material é muito uniforme e acessível a
raridade, causam uma impressão tão séria quanto as crueldades do sadismo, quer imaginado
das fantasias masoquistas; o indivíduo presume que cometeu algum crime (cuja natureza é
deixada indefinida). Por outro lado, esse fator de culpa fornece uma transição para a terceira
Uma parte do instinto é colocada diretamente a serviço da função sexual, onde tem um papel
desprezar uma pequena falta de exatidão, pode-se dizer que o instinto de morte operante no
afrouxado sua vinculação com aquilo que identificamos como sexualidade. Todos os outros
sofrimentos masoquistas levam consigo a condição de que emanem da pessoa amada e sejam
tendência masoquista.
como expressão de uma tensão entre o ego e o superego. O ego reage com sentimentos de
ansiedade (ansiedade de consciência) à percepção de que não esteve à altura das exigências
O superego retém características essenciais das pessoas introjetadas - a sua força, sua
O superego - a consciência em ação no ego - pode então tornar-se dura, cruel e inexorável
O complexo de Édipo mostra assim ser - como já foi conjecturado num sentido histórico - a
infância conduz a um desligamento sempre crescente dos pais e a significação pessoal desses
Masoquismo moral disse que, por seu comportamento durante o tratamento e na vida, os
estarem sob o domínio de uma consciência especialmente sensível, embora não sejam
O fato de o masoquismo moral ser inconsciente nos leva a uma pista óbvia. Podemos traduzir
representante dos pais, o masoquista deve fazer o que é desaconselhável, agir contra seus
próprios interesses, arruinar as perspectivas que se abrem para ele no mundo real e, talvez,
O masoquismo moral, assim, se torna uma prova clássica da existência da fusão do instinto.
Seu perigo reside no fato de ele originar-se do instinto de morte e corresponder à parte desse
instinto que escapou de ser voltado para fora, como instinto de destruição. No entanto, de vez
que, por outro lado, ele tem a significação de um componente erótico, a própria destruição de
si mesmo pelo indivíduo não pode se realizar sem uma satisfação libidinal
NEUROSE E PSICOSE
Em seu trabalho recentemente publicado, O Ego e o Id (1923b), Freud propos uma
diferenciação do aparelho psíquico, com base na qual determinado número de
relacionamentos pode ser representado de maneira simples. A aplicação da hipótese também
poderia trazer consigo um retorno proveitoso da cinzenta teoria para o verde perpétuo da
experiência. Sua posição intermediária entre o mundo externo e o id e seus esforços para
comprazer todos os seus senhores ao mesmo tempo.
ocorreu-se depois uma fórmula simples que trata com aquilo que talvez seja a mais
importante diferença genética entre uma neurose e uma psicose: a neurose é o resultado de
um conflito entre o ego e o id, ao passo que a psicose é o desfecho análogo de um distúrbio
semelhante nas relações entre o ego e o mundo externo.
O material reprimido luta contra esse destino. Cria para si próprio, ao longo de caminhos
sobre os quais o ego não tem poder, uma representação substitutiva (que se impõe ao ego
mediante uma conciliação) - o sintoma. O ego descobre a sua unidade ameaçada e
prejudicada por esse intruso e continua a lutar contra o sintoma, tal como desviou o impulso
instintual original. Tudo isso produz o quadro de uma neurose.
Por outro lado, é igualmente fácil, a partir do conhecimento que até agora obtivemos do
mecanismo das psicoses, aduzir exemplos que apontam para um distúrbio no relacionamento
entre o ego e o mundo externo.
o mundo exterior não é percebido de modo algum ou a percepção dele não possui qualquer
efeito. Normalmente, o mundo externo governa o ego por duas maneiras: em primeiro lugar,
através de percepções atuais e presentes, sempre renováveis; e, em segundo, mediante o
armazenamento de lembranças de percepções anteriores, as quais, sob a forma de um ‘mundo
interno’, são uma possessão do ego e parte constituinte dele. Na amência não apenas é
recusada a aceitação de novas percepções; também o mundo interno, que, como cópia do
mundo externo, até agora o representou, perde sua significação.
Sabemos que outras formas de psicose, as esquizofrenias, inclinam-se a acabar em uma
hebetude afetiva - isto é, em uma perda de toda participação no mundo externo. Com
referência à gênese dos delírios, inúmeras análises nos ensinaram que o delírio se encontra
aplicado como um remendo no lugar em que originalmente uma fenda apareceu na relação do
ego com o mundo externo. Se essa precondição de um conflito com o mundo externo não nos
é muito mais observável do que atualmente acontece, isso se deve ao fato de que, no quadro
clínico da psicose, as manifestações do processo patogênico são amiúde recobertas por
manifestações de uma tentativa de cura ou uma reconstrução.
Seria desejável saber em que circunstâncias e por que meios o ego pode ter êxito em emergir
de tais conflitos, que certamente estão sempre presentes, sem cair enfermo. Trata-se de um
novo campo de pesquisa, onde sem dúvida os mais variados fatores surgirão para exame.
Dois deles, porém, podem ser acentuados em seguida. Em primeiro lugar, o desfecho de todas
as situações desse tipo indubitavelmente dependerá de considerações econômicas - das
magnitudes relativas das tendências que estão lutando entre si. Em segundo lugar, será
possível ao ego evitar uma ruptura em qualquer direção deformando-se, submetendo-se a
usurpações em sua própria unidade e até mesmo, talvez, efetuando uma clivagem ou divisão
de si próprio.
RESISTÊNCIAS À PSICANÁLISE
O desprazer da mesma espécie vem de fonte uma exigência feita à mente por algo que é
novo, gerada por estímulos. Para compreender de fato as resistências é importante entender o
que Freud explica sobre o ceticismo em relação à psicanálise.
O ceticismo pode dirigir-se diretamente e nitidamente contra qualquer tipo de novidade,
enquanto o comum é naturalmente aceito, focando na rejeição do inesperado mesmo não
possuindo nenhum tipo de busca por entender o desconhecido. Logo, acaba ocorrendo uma
retenção. Com o passar do tempo foi notável que, com o avanço da psicologia científica, as
pesquisas científicas foram trazendo novas ideias e inovações, confrontando as pessoas
resistentes ao novo e provando cientificamente que eles não tinham fundamentos válidos para
resistir.
Não era possível prever vinculações à nova teoria proposta por Freud e suas consequências na
prosperidade da mesma, posteriormente foi visível o quanto elas foram essenciais para que a
psicanálise ampliasse o seu objetivo original. Assim, foi possível manter uma base mais
sólida sobre os conceitos propostos acerca da visão da vida mental sendo importante para um
mundo fundido com a fisiologia.
Posteriormente, os oponentes não conseguiram conter o movimento, logo, o que antes
possuía apenas um porta-voz, Freud, depois atraiu o interesse e apoio de muitas pessoas e
médicos que utilizavam como tratamento para doenças nervosas e instrumento para
desenvolver trabalhos científicos.
Apesar de ter conseguido um apoio considerável, foram surgindo novos empecilhos. No
ponto de vista clínico da psicanálise, neuroses devem necessariamente ser situadas ao lado
das intoxicações e de distúrbios ligados ao excesso ou ausência de certas substâncias no
organismo, sendo elas produzidas internamente ou aplicadas do exterior. Tanto Charcot
quanto Breuer mostraram que muitos sintomas físicos da histeria eram psicogênicos, logo, ao
aplicar a hipnose o indivíduo era colocado em um estado de produção artificial dos sintomas
somáticos.
Essa nova direção não agradou os médicos contemporâneos que haviam sido ensinados a
respeitar apenas fatores anatômicos, físicos e químicos. Ao serem colocados em uma situação
que considerava o psíquico reagiram de forma aversiva. Eles afirmavam que a dúvida sobre
os eventos psíquicos impossibilitaria a exatidão de um tratamento. Ao se verem obrigados a
trabalhar com a subjetividade, consequentemente se recusavam a acreditar em fenômenos
notáveis que poderiam ter sido o ponto de partida de pesquisas.
Os psiquiatras desse tempo se contentavam em classificar um conjunto de sintomas e
remetê-los, limitadamente, a distúrbios etiológicos somáticos, anatômicos ou químicos.
A rejeição dos médicos já era esperada, mas Freud contava com o apoio dos filósofos que
possuíam uma mentalidade mais aberta à novidades. No entanto, os filósofos possuíam uma
ideia sobre mental apenas fenômenos da consciência, acreditando que a mente está limitada
apenas a ela, não considerando outros processos, como por exemplo alegando que os sonhos
são produtos inexpressivos. Freud fala que se fossem-lhes pedido uma explicação sobre
delírios e obsessões, passariam por uma situação embaraçosa. Eles também achavam que era
baseada em premissas impossíveis de censurar sob a justificativa da carência de clareza e
explicação.
Posteriormente, a teoria psicanalítica foi desenvolvendo a construção da satisfação
substitutiva disfuncional das forças instintivas sexuais, criando um princípio de satisfação,
frustração e resistência. com teorias baseadas na sexualidade infantil e analogias como o
Complexo de Édipo, os opositores caíram sobre ela, como se a psicanálise houvesse cometido
agressão à dignidade da raça humana.
Logo, a psicanálise não surgiu apenas como precursora de uma novidade, mas sim ferindo os
sentimentos das pessoas que ficaram furiosas quando a mesma buscou falar sobre assuntos
delicados para a sociedade. Assim, as mais fortes resistências à psicanálise não foram de
cunho intelectual, e sim emocional.