3ª série – Ensino Médio – História
Tema: Imperialismo, Neocolonialismo e teorias raciais
1 – A Europa no século XIX
Antes de estudarmos os conceitos propostos na aula, é importante fazermos uma contextualização histórica e
entendermos como era a Europa naquele contexto. Alguns pontos a serem considerados:
• A Europa vivia um acelerado crescimento populacional, devido à modernização da agricultura, à
queda nos índices de mortalidade infantil e ao avanço da medicina;
• Processo de urbanização, ou seja, muita gente se mudando do campo para as cidades;
• A produção industrial cada vez maior, devido ao aumento do consumo;
• Péssimas condições de trabalho, sem falar no desemprego e na miséria.
Apesar de as indústrias estarem prosperando na Europa, logo se pensou em uma ampliação dos mercados
consumidores. Assim, as nações industrializadas, buscando aumentar seus domínios e influências sobre
outros povos e territórios, voltaram seus olhos para a África e a Ásia. Os principais países que adotaram
políticas imperialistas e/ou neocolonialistas foram: Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Itália,
Japão, EUA e Rússia).
Vamos diferenciar os conceitos de Imperialismo e Neocolonialismo para facilitar o seu entendimento
(considerando aqui que alguns países usaram uma das práticas, outros ainda usaram as duas práticas).
Imperialismo seria uma influência um pouco mais “sutil” sob determinado território, abordando
especificamente aspectos econômicos. Em outras palavras, é fazer uma dominação econômica sobre um
determinado local.
Neocolonialismo é uma intervenção mais direta sobre um local, que pode incluir invasões territoriais, além
de interferências políticas, militares, econômicas e culturais.
2 – Causas
Vamos entender um pouco sobre o porquê dessas posturas terem sido amplamente praticadas por países
europeus no século XIX:
- Necessidade por mais matéria-prima: esses países poderiam ser excelentes fontes de matéria-prima para
alimentar a indústria ascendente com valores muito mais acessíveis e mão-de-obra muito mais em conta;
- Busca por novas fontes energéticas: a indústria, os navios, os trens e muitos outros maquinários necessários
para movimentar a economia eram movidos à carvão mineral ou à petróleo, principalmente (fontes energéticas
não renováveis, com alto valor de mercado), então era muito lucrativo encontrar territórios que pudessem
servir como fornecedores de tais fontes;
- Ampliação de mercados consumidores: mesmo com o aumento do consumo, as potencias europeias
intensificaram a busca por mercados para seus manufaturados a partir de 1870;
- Excedente populacional ocioso: havia uma procura por colônias para acomodar a população urbana que
estava desempregada ou que estava disposta a investir em novos territórios;
- Domínio de áreas estratégicas do planeta neutralizando a concorrência: algumas regiões de tráfego
marítimo ou terrestre controlado por populações não-europeias poderiam representar gastos “desnecessários”,
que poderiam ser minimizados com o domínio das áreas.
3 - Darwinismo social
Segundo essa teoria, as raças* humanas, assim como as espécies de animais, também passam por uma longa
evolução, durante a qual ocorre uma seleção natural e só as mais aptas sobrevivem. Na luta pela vida só as
“raças superiores” triunfam, o que torna as guerras inevitáveis. Traduzindo: os europeus seriam superiores,
mais desenvolvidos, mais fortes e, portanto, teriam o direito – e a obrigação – de dominar outros povos.
Por que a obrigação? Eles acreditavam que tinham uma missão civilizadora, ou seja, a tarefa de levar o
progresso e nos “bons costumes” àqueles povos que consideravam incivilizados e racialmente inferiores a eles.
Eles achavam, realmente, que estavam fazendo um favor aos povos nativos. Essas teorias foram muito bem
aceitas aqui no Brasil.
*lembrando que o termo “raças” no plural não se aplica à espécie humana, ok?
4- África
Atividade 1 – Pesquise sobre a colonização da Bélgica no Congo. Como foi o processo de dominação, quais
eram produtos extraídos, como eram as relações de trabalho na colônia, entre outros pontos que considerar
relevantes.
4.1 A Conferência de Berlim
As principais potencias perceberam que a corrida imperialista poderia alterar o equilíbrio de poder e provocar
uma guerra entre elas. Por isso, em 1885, reuniram-se na Conferência de Berlim para criar regras e condições
favoráveis à ocupação da África. A partir daí, o continente africano foi partilhado entre as potências europeias,
desenhando um novo mapa, concluído por volta de 1910. Observe:
Observe o mapa em 1895 e perceba que os europeus dividiram a África de acordo com seus próprios interesses,
fixando “fronteiras artificiais”: separaram povos de culturas semelhantes e misturaram, em um mesmo
território, povos rivais, com línguas e costumes diferentes, o que alimentou e continua alimentando rivalidades
e conflitos entre os africanos.
5 – Ásia
Cobiçado desde quando os portugueses começaram a trazer especiarias de Calicute, na Índia, o imenso
continente asiático também foi alvo do imperialismo europeu, com destaque para a atuação dos britânicos na
China.
Os chineses não se interessavam pelos artigos europeus, portanto o comércio sempre foi favorável a eles, que
vendiam seda, chás, porcelanas, entre outros artigos. A situação se inverteu quando os ingleses descobriram
um produto que poderia ter grande aceitação entre os chineses, pois era capaz de viciar quem o experimentasse:
o ÓPIO.
VENDAS INGLESAS DE ÓPIO Atividade 2 – Observe a tabela e responda:
PARA A CHINA
a) O que se pode concluir lendo a tabela?
Ano Qtidade de
caixas b) Que reflexão essa leitura nos permite fazer?
1800 4570
1810 4968 Os chineses, cansados dos efeitos prejudiciais do ópio à saúde da
1816 5106 população, lançaram ao mar 1400 toneladas de ópio que estavam em
1823 7082 navios ingleses estacionados no porto chinês de Cantão. Alegando
1828 13131 prejuízos à propriedade privada, a Inglaterra declarou guerra – a
1832 23570 Guerra do Ópio (1839-1842). Os ingleses venceram e obrigaram a
China a assinar o Tratado de Nanquim.
Atividade 3 – Pesquise sobre o Tratado de Nanquim, para entender sobre a dominação econômica dos
ingleses na Ásia.
Leia o texto a seguir para responder às atividades 4 e 5.
(UNESP/2015) – A África só começou a ser ocupada pelas potências europeias exatamente quando a América
se tornou independente, quando o antigo sistema colonial ruiu, dando lugar a outras formas de enriquecimento
e desenvolvimento das economias mais dinâmicas, que se industrializavam e ampliavam seus mercados
consumidores. Nesse momento foi criado um novo tipo de colonialismo, implantado na África a partir do final
do século XIX [...].
(Marina de Mello e Souza. África e Brasil africano, 2007.)
Atividade 4 - O “novo tipo de colonialismo”, mencionado no texto, tem, entre suas características,
a) a busca de fontes de energia e de matérias-primas pelas potências europeias, associada à realização de
expedições científicas de exploração do continente africano.
b) a tentativa das potências europeias de reduzir a hegemonia norte-americana no comércio internacional e
retomar posição de liderança na economia mundial.
c) o esforço de criação de um mercado consumidor global, sem hierarquia política ou prevalecimento
comercial de um país ou continente sobre os demais.
d) a aquisição de escravos pelos mercadores africanos, para ampliar a mão de obra disponível nas colônias
remanescentes na América e em ilhas do Oceano Pacífico.
e) o estabelecimento de alianças políticas entre líderes europeus e africanos, que favorecessem o avanço militar
dos países do Ocidente europeu na Primeira Guerra Mundial.
Atividade 5 – A partilha da África entre os países europeus, no final do século XIX,
a) buscou conciliar os interesses de colonizadores e colonizados, valorizando o diálogo e a negociação política.
b) respeitou as divisões políticas e as diferenças étnicas então existentes no continente africano.
c) ignorou os laços comerciais, políticos e culturais até então existentes no continente africano.
d) privilegiou, com a atribuição de maiores áreas coloniais, os países que haviam perdido colônias em outras
partes do mundo.
e) afetou apenas as áreas litorâneas, sem interferir no Centro e no Sul do continente africano.
ATIVIDADES
1 – Observe a imagem ao lado com atenção.
a) O que ela mostra?
b) Quem ou o que esse personagem de cartola representa?
c) Qual é a mensagem transmitida pela charge?
d) Em que contexto essa charge foi publicada?
2 – Analise as afirmações a seguir julgando-as: V (verdadeira) ou F (falsa). Em seguida, assinale a alternativa
correta.
I – A partir da segunda metade do século XIX, as grandes potências da época partiram para a conquista de
territórios em outros continentes em busca de mercados produtores de matéria-prima e consumidores de
industrializados. Esse processo é conhecido pelo nome de imperialismo.
II – Durante esse processo de expansão os europeus desenvolveram teorias que afirmavam a superioridade
deles em relação a povos e culturas de outros continentes.
III – A “missão civilizadora” foi um esforço dos europeus no sentido de instruir e promover as populações
afro-asiáticas.
IV – No final do século XIX a Inglaterra usou diferentes estratégias para exercer sua dominação na África e
na Ásia.
a) V, V, F, V
b) V, F, V, V
c) F, V, F, V
d) F, V, V, V
3 – A charge ao lado foi publicada na época da disputa imperialista na
África e refere-se à conquista belga do Congo.
a) Você sabe quem é o personagem criticado?
b) O que o artista está criticando?
4 – O trecho a seguir é da ata redigida na Conferência de Berlim (1885). Leia-o com atenção.
Querendo regular [...] as condições mais favoráveis ao desenvolvimento do comércio e da civilização em
certas regiões da África, e assegurar a todos os povos as vantagens da livre navegação sobre os dois
principiais rios africanos que se lançam no Oceano Atlântico; [...] e preocupados [...] com os meios de
crescimento do bem-estar moral e material das populações aborígenes¹, resolveram sob convite que lhes
enviou o Governo Imperial Alemão [...] reunir para este fim uma Conferência em Berlim [...].
Os mesmos, munidos de plenos poderes [...], discutiam e adotaram:
1° Uma Declaração referente à liberdade do comércio na Bacia do Congo,[...];
2° Uma Declaração concernente ao tráfico dos escravos e às operações que, por terra ou por mar, forneçam
escravos para tráfico. [...];
4° Uma Ata de Navegação do Congo [...];
5° Uma Ata de Navegação do Níger [...];
6° Uma Declaração introduzido [...] regras uniformes referentes às ocupações que poderão no futuro
realizar-se nas costas do continente africano.[...]
¹Aborígene: Indígena; nativo.
a) Segundo o documento, quais eram os interesses das nações presentes na Conferência?
b) Quais foram os desdobramentos para os africanos das "fronteira s artificiais" estabelecidas pela Conferência
de Berlim?
c) Ao ler os tópicos referentes à ata assinada pelas nações europeias, fica claro o interesse dos países europeus
na partilha e administração de áreas da África. Mas e em relação aos africanos? O que ficou decidido?
Explique.
5 – Observe o mapa com atenção.
a) Qual é o assunto do mapa?
b) Qual potência europeia possuía maior número de domínios na África da época?
c) Qual país europeu entre os listados na legenda do mapa possuía menor porção de terra na África?
d) Na África nesse período havia nações livres? Quais?
6 – O texto a seguir é uma das muitas manifestações da resistência africana ao imperialismo europeu na África.
Leia o que Wogobo, rei dos mossis², disse ao capitão francês Destenave, em 1895.
Sei que os brancos querem me matar para tomar o meu país, e, ainda assim, você insiste em que eles me
ajudarão a organiza-lo. Por mim, acho que meu país está muito bem como está. Não preciso deles. Sei o que
falta e o que desejo: tenho meus próprios mercadores; considere-se feliz por não mandar cortar-lhe a cabeça.
Parta agora mesmo e, principalmente, não volte nunca mais.
²mossi: povo que habitava as terras onde hoje é Burkina Faso, na costa ocidental da África.
a) Quem fala e que posição ocupa na sociedade?
b) O que se pode concluir considerando o que está explícito no texto?
c) Como e por quê os europeus conseguiram vencer a resistência africana e partilhar a África?