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Roteiro 2 - Dosimetria - Da Pena - Base - 25.1 - Not

O documento aborda o sistema de aplicação da pena criminal, destacando a diferença entre elementos e circunstâncias do crime, além de classificar as circunstâncias quanto à sua natureza e aplicação. Exemplos práticos são apresentados para ilustrar a aplicação das leis penais, como homicídio e furto, e a dosimetria da pena através de um sistema trifásico. O texto também menciona as circunstâncias atenuantes e agravantes, bem como as normas que regem a aplicação das penas.

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Roteiro 2 - Dosimetria - Da Pena - Base - 25.1 - Not

O documento aborda o sistema de aplicação da pena criminal, destacando a diferença entre elementos e circunstâncias do crime, além de classificar as circunstâncias quanto à sua natureza e aplicação. Exemplos práticos são apresentados para ilustrar a aplicação das leis penais, como homicídio e furto, e a dosimetria da pena através de um sistema trifásico. O texto também menciona as circunstâncias atenuantes e agravantes, bem como as normas que regem a aplicação das penas.

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CURSO DE DIREITO DO CAMPUS DE IMPERATRIZ

Disc.: Direito Penal II - 2º/3º Not


Prof. Dr.: Paulo Thiago Fernandes Dias

SISTEMA DE APLICAÇÃO DA PENA CRIMINAL

1 DA APLICAÇÃO DA PENA

1.1 Elementares ≠ circunstâncias→

TIPO PENAL
BÁSICO DERIVADO

CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME→

1.1.1 Classificação das circunstâncias quanto à sua natureza→

(i) objetivas ou reais→


(ii) subjetivas ou pessoais→

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de


caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

EXERCITANDO:

1 MIZERENTO, numa bela manhã de sol, encontrou-se com PIRENTINHA, na


charmosa Praça do Ferro de Engomar. Entretanto, mesmo lançando todo o seu
encanto para ela, com piscadelas e assobios estúpidos, MIZERENTO foi absoluta e
merecidamente ignorado. Inconformado, MIZERENTO saca de seu canivete e,
covardemente, desfere uma facada fatal nas costas de PIRENTINHA, que não resiste
aos ferimentos e morre no local.

O que acontece se, num juízo hipotético, MIZERENTO tivesse esfaqueado a


vítima sem qualquer motivação específica ou sem a circunstância da traição?

Art. 121. Matar alguem:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
[...]
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IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou


outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do
ofendido;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

2 ESQUISITILDO, professor universitário da universidade municipal de São


Carlos/SP, numa bela manhã de sol, resolve, valendo-se do acesso facilitado que
possuía ao laboratório de medicina da instituição, subtrair um maquinário raro e
caríssimo de pesquisa, avaliado em aproximadamente R$ 50 mil. Subtração
concluída, ESQUISITILDO vende o maquinário no mercado clandestino por R$ 20
mil, gastando esse dinheiro com engajamento de seu canal no instagram.

O que acontece se, num juízo hipotético, ESQUISITILDO não fosse funcionário
público e tal condição não tivesse sido fundamental para cometer o crime?

Norma de extensão pessoal - Art. 327 - Considera-se


funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.

Peculato

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de


dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,


embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário.

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia


móvel:
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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

1.1.2 Classificação das circunstâncias quanto à sua aplicação→

(iii)judiciais→
(iv) legais→

1.2-Espécies de circunstâncias legais

1.2.1-Gerais ou genéricas: são previstas na parte Geral do CP

PARTE GERAL – art. 1º ao 120;


PARTE ESPECIAL – art. 121 ao 361 CP.

a)Agravantes ou qualificativas:

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando


não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência
contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo,
ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher
grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
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I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a


atividade dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua
autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade
pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa
de recompensa.

b)Atenuantes:

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior
de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo
após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter,
antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência
de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do
crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se
não o provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de
circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não
prevista expressamente em lei

c)Causas de aumento e diminuição:

Art. 14 - Diz-se o crime:


II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços.

CRIME TENTADO→ Norma de extensão temporal da tipicidade (juízo mediato).


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"[...] somente a partir da apreensão do sentido de um tipo de ação é possível


definir a tentativa, já que não existe uma tentativa em si, mas sim uma tentativa
de algo. Logo, esse algo, que é o tipo, deve ser percebido através da ação
realizada, para que se identifique concretamente a presença de uma
tentativa" (BUSATO, Paulo César. Direito Penal Parte Geral. Vol. 1. 5ª Ed. Gen.
2020. p. 509).

1.2.2-Especiais ou específicas→

i)qualificadoras→

Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.


(...)
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

(ii) causas específicas ou especiais de aumento e diminuição de pena→

Art. 121, § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um


terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato,
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio,
a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
anos.

2 – FORMAS DE COMINAÇÃO DE PENAS→

a) isoladamente: art. 121, CP: Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a


vinte anos.

b) cumulativamente: art. 155, CP: Subtrair, para si ou para outrem, coisa


alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Súmula 171 do STJ: “Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de


liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa”.
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c) alternativamente: art. 147, CP: Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou


gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto
e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

3 - DO SISTEMA TRIFÁSICO PARA APLICAÇÃO DA PENA→

 1ª etapa;
 2ª etapa;
 3ª etapa.

3.1-Fundamento legal

Art. 68 DO CP. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério


do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas
de diminuição e de aumento.

"HABEAS CORPUS". ROUBO. DOSIMETRIA DA PENA: SISTEMA


TRIFASICO; MENORIDADE. "REFORMATIO IN PEJUS". 1. Incorre em
erronea dosimetria da pena a sentença que não observa
corretamente a metodologia do sistema trifasico, deixando de fixar,
primeiro, a pena-base referente ao art. 157, "caput", de acordo com
as diretrizes do art. 59, ambos do Código Penal, e, posteriormente,
aplicar o aumento relativo ao par. 2. do mesmo art. 157. 2. Sendo o
réu menor de 21 anos na época do cometimento do crime, faz jus a
diminuição da pena, com a circunstancia atenuante prevista no art.
65, I, do Código Penal. 3. Nulo o acórdão que, proferido em sede de
apelação interposta somente pela defesa e mesmo observando a
circunstancia atenuante, ainda assim, agrava a pena imposta pela
sentença de primeiro grau, contrariando o princípio do "ne
reformatio in pejus". 4. "Habeas corpus" deferido para, anulando-se
o acórdão hostilizado e mantida a sanção decretada pelo juízo
monocratico, ser efetuada a redução correspondente a atenuante
legal da menoridade, no "quantum" a ser estabelecido pelo Tribunal
apontado como coator. STF - HC 72.951/SP.

3.2 ETAPAS→

 CRIME SIMPLES OU QUALIFICADO?


 FUNDAMENTAR AS ESCOLHAS?
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OBS→ O JUIZ PODE REFERIR-SE ÀS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS


DO art. 59 do CP DE FORMA GENÉRICA?

"Com efeito, o crime de tráfico de entorpecentes revela desprezo do agente pela


saúde humana e o fim mercantilista da sua conduta é de todo reprovável. A pena,
no mínimo, seria insuficiente." Fonte: ConJur - Raphael Blaselbauer: Pune-se
muito e pune-se mal

3.2.1 – PRIMEIRA ETAPA: PENA-BASE→

 NA 1ª FASE DA DOSIMETRIA, A MAGISTRADA PODE FIXAR A


PENA-BASE ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL?

Súmula 231 do STJ→ A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à


redução da pena abaixo do mínimo legal.

 E se todas as circunstâncias forem favoráveis?

PENAL E EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS (EC Nº 22/99). INCÊNDIO MAJORADO.


PENA. CIRCUNSTÂNCIAS TODAS FAVORÁVEIS. REGIME INICIAL. I - Se as circunstâncias
ou diretrizes judiciais do art. 59 do CP foram consideradas, todas, favoráveis ao agente,
carece de suporte jurídico o apenamento básico acima do mínimo legal. II - Não se pode
recusar o regime correspondente à quantidade da pena quando as circunstâncias do art. 33, §
3º c/c o art. 59 do CP são, in totum, favoráveis ao agente. Habeas corpus concedido. Decisão
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por
unanimidade, conceder a ordem para reduzir a pena privativa de liberdade para 04 (quatro)
anos de reclusão e, também, para conceder "ab initio" o regime aberto. Votaram com o
Relator os Ministros GILSON DIPP e JOSÉ ARNALDO. Ausentes, justificadamente, os
Ministros JORGE SCARTEZZINI e EDSON VIDIGAL. STJ – HC 10425/RS – 1999.

ATENÇÃO!!!!!! A manutenção da Súmula 231 – STJ:

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. PROPOSTA DE


REVISÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA N. 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE E IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA PENA ABAIXO DO
MÍNIMO LEGAL. PRECEDENTE VINCULANTE EM REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 158.
ESTABILIDADE, INTEGRIDADE E COERÊNCIA DO SISTEMA DE UNIFORMIZAÇÃO DE
PRECEDENTES. POSSIBILIDADE DE SUPERAÇÃO RESTRITA AO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. PRINCÍPIOS DA RESERVA LEGAL, DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA E DA
PROPORCIONALIDADE. INDISPONIBILIDADE JUDICIAL DOS LIMITES MÍNIMO E
MÁXIMO DA PENA. VALIDADE DA SÚMULA N. 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA ANTE A METODOLOGIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA INSTITUÍDA PELO
CÓDIGO PENAL. INSTITUTOS DA JUSTIÇA PENAL NEGOCIADA. REQUISITOS
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ESPECÍFICOS. RECURSOS ESPECIAIS DESPROVIDOS. I - Os Recursos Especiais n.º


1.869.764-MS, n.º 2.052.085-TO e n.º 2.057.181-SE foram afetados à Terceira Seção do
Superior Tribunal de Justiça para reavaliação do enunciado da Súmula n.º 231 do STJ, que
estabelece a impossibilidade de que a incidência de circunstância atenuante reduza a pena
abaixo do mínimo legal. O relator propôs a superação do entendimento consolidado
(overruling), com modulação de efeitos para evitar a modificação de decisões já transitadas
em julgado. II - Existem duas questões em discussão: (i) ante a existência do tema 158 da
repercussão geral, avaliar se é possível a superação do entendimento enunciado pela Súmula
n.º 231, STJ, pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça; e (ii) examinar a
(im)possibilidade de incidência de atenuante induzir pena abaixo do mínimo legal. III - O
precedente firmado pelo Supremo Tribunal Federal no Tema 158 da repercussão geral (RE
n.º 597.270) estabelece, com eficácia vinculante, que a incidência de circunstância atenuante
genérica não pode reduzir a pena abaixo do mínimo legal, em respeito aos princípios
constitucionais da reserva legal, da proporcionalidade e da individualização da pena. IV - A
função de uniformização jurisprudencial atribuída ao Superior Tribunal de Justiça não autoriza
a revisão de tese fixada em repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal, dado o caráter
vinculante desses precedentes, em atenção à estabilidade, à integridade e à coerência do
sistema de uniformização de precedentes. V - Não se extrai da atuação do Supremo Tribunal
Federal nenhum indicativo de que a Corte esteja inclinada a rever o Tema 158, o que
impossibilita a aplicação do instituto do anticipatory overruling pela Terceira Seção do
Superior Tribunal de Justiça. VI - No plano judicial, a discricionariedade do magistrado deve
respeitar os limites mínimos e máximos estabelecidos em lei, em conformidade com o
princípio da reserva legal, que veda a modificação dos parâmetros previstos pelo legislador.
VII - O método trifásico de dosimetria da pena adotado pelo Código Penal (art. 68, CP) limita a
discricionariedade judicial na segunda fase e impõe o respeito ao mínimo e máximo legal, de
modo que as circunstâncias atenuantes não podem resultar em penas abaixo do mínimo
abstratamente cominado pelo tipo penal. VIII - A fixação de penas fora dos limites legais
implicaria violação ao princípio da legalidade e usurpação da competência legislativa, o que
comprometeria a separação de poderes e criaria um sistema de penas indeterminadas,
incompatível com a segurança jurídica. IX - O surgimento de institutos de justiça penal
negociada, como a colaboração premiada e o acordo de não persecução penal, não justifica a
revisão do entendimento da Súmula n.º 231, STJ, pois esses instrumentos possuem
requisitos próprios e são aplicados em contextos específicos que não alteram a regra geral
estabelecida para a dosimetria da pena. Recursos especiais desprovidos. Teses de
julgamento: 1. A incidência de circunstância atenuante não pode reduzir a pena abaixo do
mínimo legal, conforme o entendimento vinculante do Supremo Tribunal Federal no Tema 158
da repercussão geral. 2. O Superior Tribunal de Justiça não possui competência para revisar
precedentes vinculantes fixados pelo Supremo Tribunal Federal. 3. A circunstância atenuante
não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. Decisão Vistos e relatados
estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA
SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, retomado o julgamento, após o voto-vista antecipado
divergente do Sr. Ministro Messod Azulay Neto, rejeitando o cancelamento do enunciado da
Súmula 231 e, por conseguinte, negando provimento ao recurso especial, no que foi
acompanhado pelos Srs. Ministros Reynaldo Soares da Fonseca, Antonio Saldanha Palheiro,
Joel Ilan Paciornik e Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT), e os votos da
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Sra. Ministra Daniela Teixeira e dos Srs. Ministros Otávio de Almeida Toledo (Desembargador
Convocado do TJSP) e Sebastião Reis Júnior, acompanhando o voto do Sr. Ministro Rogerio
Schietti Cruz (Relator), dando provimento ao recurso especial, para acolher a tese segundo a
qual a incidência da circunstância atenuante pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal, com o consequente cancelamento da Súmula 231, por maioria, rejeitar o
cancelamento do enunciado da Súmula 231 deste Superior Tribunal de Justiça e, por
conseguinte, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro
Messod Azulay Neto, que lavrará o acórdão. Votaram com o Sr. Ministro Messod Azulay Neto
(Relator para acórdão) os Srs. Ministros Reynaldo Soares da Fonseca, Antonio Saldanha
Palheiro, Joel Ilan Paciornik e Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT).
Votaram vencidos os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz (Relator), Daniela Teixeira, Otávio
de Almeida Toledo (Desembargador Convocado do TJSP) e Sebastião Reis Júnior. Presidiu o
julgamento o Sr. Ministro Ribeiro Dantas. STJ - REsp 2057181 / SE – 14/08/2024.

Fonte: https://www.conjur.com.br/2024-ago-26/a-lamentavel-manutencao-da-
sumula-231-pelo-superior-tribunal-de-justica/#:~:text=Em%20julgamento%20no
%20%C3%BAltimo%20dia,m%C3%ADnimo%20legal%E2%80%9D
%20%5B1%5D.

 Circunstâncias judiciais→ cesta de detritos e sobras do positivismo (Nilo


Batista)

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à


conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao
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comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário


e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por
outra espécie de pena, se cabível.

DIRETRIZES PARA CALCULAR A PENA-BASE→ Salo de Carvalho

i. Fixar a pena-base entre o mínimo legal e o termo médio;


ii. Partir sempre do mínimo em direção ao termo médio, somando à pena
quantidades relativas à valoração negativa das circunstâncias;
iii. Em caso de totalidade de circunstâncias favoráveis, a pena-base deve ser
aplicada no mínimo legal cominado;
iv. Em caso de integralidade de circunstâncias desfavoráveis, a pena-base deve
ficar próxima do termo médio;
v. Fixar uma quantidade razoável e proporcional de pena em caso de concurso de
circunstâncias favoráveis e desfavoráveis.

“Resumindo, a melhor fórmula para encontrar a pena-base é esta: encontrar o


termo médio (soma de mínimo e máximo cominados, dividida por dois), diminuído
do mínimo cominado, aplicando-se desse resultado um oitavo por vetorial do art.
59 negativo” (p. 400) BITENCOURT, Cezar R. Tratado de direito penal: parte
geral. v.1. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2024. E-book. ISBN
9786553629325. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553629325/. Acesso em: 26
abr. 2024.

“DIREITO PENAL E PROCESSUAL. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO


NACIONAL. (...). DOSIMETRIA DO CRIME REMANESCENTE (ART. 22, LCCSFN).
VETORIAIS. MENSURAÇÃO. TERMO MÉDIO. PROPORCIONALIDADE. CONTINUIDADE
DELITIVA. APENAMENTO FINAL REDIMENSIONADO. (...). 1. (...) 28. Em relação à
aplicação da pena, ao Magistrado cabe analisar e verificar todos os requisitos necessários ao
agravamento ou abrandamento da sanção carcerária, adotando parâmetros razoáveis que
acarretem a aplicação de uma pena justa, sob pena de ofensa ao princípio da
proporcionalidade. 29. Como é cediço, no que diz respeito ao acréscimo de meses à pena-
base tendo em conta as vetoriais desfavoráveis, esta Corte vem se manifestando no sentido
de que o peso de cada circunstância judicial é calculado a partir do termo médio entre o
mínimo e o máximo da pena cominada, do qual se reduz o mínimo, dividindo-se este
resultado pelo número de circunstâncias. Precedente. (...)” (TRF4, ACR 0013222-
96.2004.404.7000, Sétima Turma, Relatora Salise Monteiro Sanchotene, 20-6-2013) (No
mesmo sentido: ACR 50013662220104047103, Marcelo Malucelli, TRF4, Sétima Turma, DE
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14-3-2014) (ACR 50349685120124047000, José Paulo Baltazar Junior, TRF4 — Sétima


Turma, 10-7-2014)

A)As circunstâncias judiciais são:

A.i)CULPABILIDADE→

OBS: Culpabilidade (pressuposto da pena) ≠ Culpabilidade (circunstância


judicial)

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO.


EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM RESULTADO MORTE. DOSIMETRIA. PENA-
BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CULPABILIDADE E MAUS ANTECEDENTES.
MOTIVAÇÃO IDÔNEA DECLINADA. AUMENTO PROPORCIONAL. FLAGRANTE
ILEGALIDADE NÃO EVIDENCIADA. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. Esta Corte e o Supremo
Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus
substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento
da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial
impugnado. 2. A individualização da pena é submetida aos elementos de convicção judiciais
acerca das circunstâncias do crime, cabendo às Cortes Superiores apenas o controle da
legalidade e da constitucionalidade dos critérios empregados, a fim de evitar eventuais
arbitrariedades. Destarte, salvo flagrante ilegalidade, o reexame das circunstâncias judiciais e
os critérios concretos de individualização da pena mostram-se inadequados à estreita via do
habeas corpus, pois exigiriam revolvimento probatório. 3. A culpabilidade deve ser
compreendida como juízo de reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor
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reprovação do comportamento do réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos


elementos da culpabilidade para que se possa concluir pela prática ou não de delito. Na
hipótese, o grau de censura da conduta do paciente deve ser considerado superior ao próprio
do crime de extorsão mediante sequestro, máxime por ele ter negociado o valor do resgate da
vítima. 4. A jurisprudência desta Corte admite a utilização de condenações anteriores
transitadas em julgado como fundamento para a fixação da pena-base acima do mínimo legal,
diante da valoração negativa dos maus antecedentes, ficando apenas vedado o bis in idem.
Assim, considerando a existência de uma condenação transitada em julgado e a não elevação
da reprimenda na segunda etapa da dosimetria a título de reincidência, não se vislumbra
ilegalidade na dosimetria da pena. 5. Considerando o intervalo da condenação prevista no
preceito secundário do tipo penal do art. 159, § 3º, do Código Penal, não há se falar em
manifesta desproporcionalidade na individualização da pena a ensejar a concessão da ordem
de ofício. 6. Writ não conhecido. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são
partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de
Justiça, por unanimidade, não conhecer do pedido. Os Srs. Ministros Felix Fischer e Reynaldo
Soares da Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, os Srs.
Ministros Joel Ilan Paciornik e Jorge Mussi. STJ - HC 305145 / RJ – 2017.

“O CONDENADO AGIU COM PLENA CONSCIÊNCIA”?

HABEAS CORPUS. ART. 121, §2º, I, C/C ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL.
DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CULPABILIDADE. ASPECTO
INERENTE AO CONCEITO ANALÍTICO DO CRIME. ELEMENTOS ÍNSITOS AO TIPO
PENAL VIOLADO. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO.
CONSIDERAÇÕES VAGAS E GENÉRICAS. ILEGALIDADE. WRIT NÃO CONHECIDO.
ORDEM DE OFÍCIO. 1. É imperiosa a necessidade de racionalização do emprego do habeas
corpus, em prestígio ao âmbito de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à lógica
do sistema recursal. In casu, foi impetrada indevidamente a ordem como substitutiva de
recurso especial. 2. A dosimetria é uma operação lógica, formalmente estruturada, de acordo
com o princípio da individualização da pena. Tal procedimento envolve profundo exame das
condicionantes fáticas, sendo, em regra, vedado revê-lo em sede de habeas corpus
(STF: HC 97677/PR, 1.ª Turma, rel. Min. Cármen Lúcia, 29.9.2009 - Informativo 561, 7 de
outubro de 2009). 3. A aptidão para compreender o caráter ilícito da conduta não pode ser
considerada como circunstância judicial negativa, pois tem relação com a culpabilidade como
elemento do crime, não se incluindo no rol do artigo 59 do Código Penal. Da mesma forma, a
agressividade e consciência inerentes ao delito praticado não constituem fundamentação
idônea a aumentar a pena-base, sob pena de se incorrer em bis in idem. 4. Não foram
arrolados dados concretos a justificar a majoração da pena em razão das circunstâncias do
crime, haja vista que os Juízos de origem teceram, tão somente, considerações vagas e
genéricas, que não consubstanciam desvalor que ultrapassa o modus operandi comum ao
delito em testilha, a saber, o homicídio qualificado. 5.Writ não conhecido. Ordem concedida,
de ofício, para fixar a pena do paciente em 06 (seis) anos de reclusão, mantidos, no mais, os
termos da condenação. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as
acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA Turma do Superior Tribunal de Justiça: A
Sexta Turma, por unanimidade, não conheceu do habeas corpus, expedindo, contudo, ordem
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de ofício, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora." Os Srs. Ministros Sebastião Reis
Júnior (Presidente), Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Ericson Maranho (Desembargador
convocado do TJ/SP) votaram com a Sra. Ministra Relatora. STJ HC 329745/AL – 2015.

FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA?

HABEAS CORPUS. PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 12 DA LEI N. 6.368/1976.


APLICAÇÃO DO ART. 33, § 4º, DA LEI N. 11.343/2006. COMBINAÇÃO DE LEIS.
IMPOSSIBILIDADE. RETROATIVIDADE INTEGRAL DA LEI BENÉFICA. LEI NOVA, NO
CASO, QUE SE MOSTRA MAIS GRAVOSA. DOSIMETRIA DA PENA. ANÁLISE DAS
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. CULPABILIDADE. CONSEQUÊNCIAS. PERSONALIDADE E
CONDUTA SOCIAL. VALORAÇÃO NEGATIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA. 1. Segundo entendimento pacífico desta Corte, em razão da vedação à
combinação de leis, é descabida a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 à reprimenda cominada nos termos da Lei n. 6.368/1976. 2. O
condenado faz jus à aplicação integral da lei nova se esta lhe for benéfica. Contudo, no caso
específico do tráfico de drogas, essa análise é feita caso a caso e consiste em verificar,
essencialmente, se estariam preenchidos os requisitos previstos no art. 33, § 4º, da Lei n.
11.343/2006, de forma que, a partir da aplicação dessa causa de diminuição, a reprimenda
final fosse menor do que aquela fixada nos termos da Lei n. 6.368/1976. 3. Se as instâncias
ordinárias, a partir das circunstâncias da prisão, concluíram que o paciente participava de
organização criminosa, mostra-se correta a negativa de aplicação da causa de diminuição
prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006. 4. A análise da alegação de não haver
elementos nos autos que demonstrem ser o paciente integrante de organizações ou
atividades criminosas passaria, necessariamente, pela revisão das premissas fáticas do
julgado impetrado, providência descabida na via estreita do habeas corpus. 5. A tão só
assertiva de que o paciente agiu com intenso dolo, desacompanhada de dados concretos,
não se presta a atribuir valor negativo à culpabilidade. 6. O fato de a droga ter sido vendida a
terceiros é elementar do tipo penal de tráfico, razão pela qual não pode ser valorado como
consequência desse mesmo delito. 7. A simples assertiva de que o paciente teria
"personalidade voltada para a prática de crimes" e "conduta social desfavorável", destituída
de qualquer elemento concreto, não se presta para justificar o aumento da pena-base. 8.
Ordem denegada. Habeas corpus deferido, de ofício, para reduzir a pena privativa de
liberdade imposta ao paciente na Ação Penal n. 2005.029.002796-1, da Vara Criminal de
Magé/RJ, para 3 anos e 8 meses de reclusão, com a recomendação de que se comunique ao
Juízo da execução o teor da presente decisão, a fim de que verifique a eventual extinção da
punibilidade pelo cumprimento da pena. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em
que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior
Tribunal de Justiça, por unanimidade, denegar a ordem, mas, de ofício, expedir habeas
corpus, com recomendação, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros
Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS) e Og Fernandes votaram com o
Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Og Fernandes. STJ HC 142370/RJ J. 10/10/2011.
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A PERICULOSIDADE DO AGENTE PODE SER OBJETO DE


VALORAÇÃO?

HABEAS CORPUS. ART. 12 DA LEI Nº 6.368/76. (1) IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DE


RECURSO ESPECIAL. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. (2) PENA-BASE. ACRÉSCIMO.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE. (3) WRIT NÃO
CONHECIDO. 1. É imperiosa a necessidade de racionalização do emprego do habeas
corpus, em prestígio ao âmbito de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à lógica
do sistema recursal. In casu, foi impetrada indevidamente a ordem como substitutiva de
recurso especial. 2. A dosimetria é uma operação lógica, formalmente estruturada, de acordo
com o princípio da individualização da pena. Tal procedimento envolve profundo exame das
condicionantes fáticas, sendo, em regra, vedado revê-lo em sede de habeas corpus
(STF: HC 97677/PR, 1.ª Turma, rel. Min. Cármen Lúcia, 29.9.2009 - Informativo 561, 7 de
outubro de 2009). Assim, a dosimetria somente pode ser aferida em sede de habeas corpus
quando há ilegalidade patente, o que se verifica, em parte, na espécie. Isso porque a pena-
base foi exasperada, em razão da existência de elementos concretos relativos à culpabilidade
e aos antecedentes do paciente [aos seus antecedentes - maculados, conforme documentos
de fls. 217/225 e certidão de fl. 226 -, por ser o comandante e mentor intelectual das práticas
criminosas em tela (...) pode ser um considerado, sem qualquer exagero, um "mega-
traficante" de drogas, o qual, mesmo de dentro do presídio MOSEP, em Viana/ES, controlava
diversos pontos de venda de entorpecentes em diferentes cidades do Estado, além de ter a
participação comprovada em diversos outros crimes, tais como assaltos à banco e homicídios.
É, portanto, elemento da mais elevada periculosidade]. Todavia, no tocante às demais
circunstâncias judiciais, constata-se a carência de fundamentação idônea. Tal contexto
implica a redução da pena-base, que deve ser fixada em 5 anos de reclusão e 110 dias-multa.
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para fixar a pena-base em 5
(cinco) anos de reclusão e 110 (cento e dez) dias-multa, tornando a reprimenda definitiva no
referido quantum, mantidos os demais termos da sentença e do acórdão. Decisão Vistos,
relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros
da SEXTA Turma do Superior Tribunal de Justiça: A Sexta Turma, por unanimidade, não
conheceu do pedido, expedindo, contudo, ordem de ofício, nos termos do voto da Sra.
Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior e Assusete Magalhães votaram
com a Sra. Ministra Relatora. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Og Fernandes e
Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ/PE). Presidiu o julgamento o
Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior. STJ HC 183587 ES 2013.

EXEMPLOS:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PACIENTES


CONDENADOS PELO DELITO DE ROUBO TRIPLAMENTE
QUALIFICADO. FIXAÇÃO DA PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. RECURSO IMPROVIDO. I – Agiu bem o
Tribunal de Justiça estadual, uma vez que fixou as penas-base
acima do mínimo legal previsto para o delito por entender que a
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maioria das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código


Penal era desfavorável aos pacientes. II – A brutalidade com que os
pacientes atacaram as vítimas já idosas, desferindo-lhes agressões
físicas, amarrando-as e ameaçando-as com arma de fogo, importa
em um dolo mais intenso e, portanto, merece uma maior
censurabilidade. III – As penas-base fixadas não desbordaram os
lindes da proporcionalidade e da razoabilidade, não havendo, a
meu ver, flagrante ilegalidade ou teratologia que justifiquem a
concessão da ordem, sendo certo, ainda, que não se pode utilizar o
habeas corpus para realizar valoração fática sobre qual seria a
pena adequada a ser imposta para o réu. Precedentes. IV – Recurso
ordinário improvido. STF RHC 115429/MG - 2013

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE REVISÃO


CRIMINAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. PECULATO E CORRUPÇÃO PASSIVA.
PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR MEIO
DE CONVÊNIO, RECONHECIMENTO DE CONCURSO FORMAL E ATENUANTE DO
ARTIGO 65, III, b, DO CÓDIGO PENAL. MATÉRIAS NÃO EXAMINADAS NA ORIGEM.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. ABSOLVIÇÃO PELA AUSÊNCIA DE APROPRIAÇÃO. VIA
INADEQUADA. REVOLVIMENTO DE PROVAS. FUNCIONÁRIO PÚBLICO. CONCEITO
PARA FINS PENAIS. ADVOGADO CONTRATADO POR MEIO DE CONVÊNIO FIRMADO
ENTRE A PROCURADORIA GERAL DO ESTADO E A OAB PARA ATUAR EM DEFESA
DOS BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. EQUIPARAÇÃO. TIPICIDADE
RECONHECIDA. PENA-BASE. CULPABILIDADE. MAIOR REPROVABILIDADE DO FATO.
POSSIBILIDADE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. LIMINAR CASSADA. 1. O Superior
Tribunal de Justiça, seguindo o entendimento firmado pela Primeira Turma do Supremo
Tribunal Federal, não tem admitido a impetração de habeas corpus em substituição ao
recurso próprio, prestigiando o sistema recursal ao tempo que preserva a importância e a
utilidade do habeas corpus, visto permitir a concessão da ordem, de ofício, nos casos de
flagrante ilegalidade. 2. As questões relativas à absolvição pela prestação de serviço à título
de advogado particular, reconhecimento do concurso formal de delitos e da atenuante do
artigo 65, III, b, do Código Penal, não foram enfrentadas pela Corte de origem, havendo de
ser debatida quando do julgamento da apelação interposta pela parte, razão pela qual fica
impedida de ser analisada por este Tribunal Superior, sob pena de indevida supressão de
instância. Precedentes. 3. Inviável a análise quanto à absolvição do paciente por ausência de
apropriação da quantia destinada à vítima, por demandar revolvimento das provas dos autos,
providência não admitida na via estreita do habeas corpus. 4. "O advogado que, por força de
convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma remunerada em defesa dos
agraciados com o benefício da Justiça Pública, enquadra-se no conceito de funcionário
público para fins penais (Precedentes)" (REsp. n. 902.037/SP, Rel. Min. FELIX FISCHER,
Quinta Turma, julgado em 17/4/2007, DJ de 4/6/2007). Precedentes. Sendo equiparado a
funcionário público, possível a adequação típica aos crimes previstos nos artigos 312 e 317
do Código Penal. 5. "É possível a valoração negativa da circunstância judicial da culpabilidade
com base em elementos concretos e objetivos, constantes dos autos, que demonstrem que o
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comportamento da condenada é merecedor de maior reprovabilidade" (AgRg no AREsp.


781.997/PE, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, Dje 1º/2/2016). 6.
O fato do agente se aproveitar da situação de vulnerabilidade emocional e psicológica da
vítima para a prática do crime, é motivo idôneo para a valoração negativa de sua
culpabilidade ante a maior reprovabilidade de sua conduta. 7. Habeas Corpus não conhecido.
Cassada liminar anteriormente deferida. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em
que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do pedido, cassando a liminar
anteriormente deferida. Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Lázaro Guimarães (Desembargador
convocado do TRF 5ª Região), Felix Fischer e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro
Relator. STJ HC 264459/SP - 2016

OBS – CRIMES CULPOSOS:

 MANUELA conduzia sua moto Honda CG turbo pela Avenida Getúlio Vargas
numa bela e fria tarde de domingo, quando, em velocidade superior à
permitida pela via, perdeu o controle do veículo e atropelou o azarado ciclista
FERNANDO (que levou o farelo no local).

 SARAH conduzia sua moto Honda CG turbo pela Avenida Getúlio Vargas
numa bela e fria tarde de domingo, quando, em velocidade superior à
permitida pela via e durante uma conversa no zap-zap, perdeu o controle do
veículo e atropelou o azarado ciclista FERNANDO (que levou o farelo no
local). Além do mais, o exame pericial comprovou que SARAH estava sob o
efeito de substância entorpecente ilícita durante a condução do veículo.

A.ii) (MAUS)ANTECEDENTES→ vida anteacta

 O JUDICIÁRIO PODE UTILIZAR OS ANTECEDENTES DO ACUSADO


PARA PREENCHER OS ELEMENTOS QUE INFORMAM O CONCEITO
DE CRIME (FATO TÍPICO + ANTIJURÍDICO + CULPÁVEL)?

DIREITO PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.


CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO. NÃO CONHECIMENTO. INSUFICIÊNCIA DE
PROVAS DA AUTORIA DELITIVA. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO ACUSATÓRIO E ART. 212
DO CPP. PREJUÍZO DEMONSTRADO. NULIDADE PROCESSUAL. ORDEM CONCEDIDA
DE OFÍCIO PARA DETERMINAR A SOLTURA E ABSOLVIÇÃO DO PACIENTE. I. CASO EM
EXAME 1. Habeas corpus impetrado contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça que
manteve a condenação do paciente pelo crime de tráfico de drogas, com pena de 7 anos e 6
meses de reclusão, em regime fechado, em razão de apreensão de substâncias
entorpecentes em imóvel próximo ao qual o paciente foi encontrado. A defesa alega ausência
de provas mínimas para sustentar a condenação, ressaltando que o paciente negou desde o
início qualquer vínculo com o local das drogas e que os
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depoimentos testemunhais, incluindo o de policiais, corroboram essa versão.


II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há duas questões em discussão: (i) determinar se o
conjunto probatório apresentado é suficiente para sustentar a condenação do paciente pelo
crime de tráfico de drogas; e (ii) analisar se houve nulidade processual em decorrência da
violação ao art. 212 do Código de Processo Penal, em razão da atuação ativa da magistrada
de 1º grau na inquirição das testemunhas, comprometendo a imparcialidade. III. RAZÕES DE
DECIDIR 3. O conjunto probatório é insuficiente para atestar com segurança a autoria delitiva,
uma vez que a condenação se fundamenta em denúncia anônima e na presença do paciente
nas proximidades do imóvel onde as drogas foram encontradas, sem provas diretas de sua
relação com o local ou com a substância ilícita apreendida. 4. A consideração de
antecedentes criminais antigos como elemento de prova da autoria contraria a orientação
jurisprudencial que veda o uso de maus antecedentes para formação de culpa. 6. A nulidade
processual por violação do art. 212 do CPP e do princípio acusatório foi reconhecida de ofício,
uma vez que a magistrada de 1º grau exerceu protagonismo indevido na inquirição das
testemunhas, conduzindo ativamente sua inquirição, restando demonstrado prejuízo ao
acusado e ofensa ao princípio acusatório e a imparcialidade do julgamento. 7. O ônus da
prova recai exclusivamente sobre o órgão acusador, e a dúvida resultante de lacunas
probatórias e da condução processual inadequada resolve-se em favor do réu, em
observância ao princípio do in dubio pro reo. IV. DISPOSITIVO E TESE 8. Habeas corpus não
conhecido, mas ordem concedida de ofício para determinar: (a) a imediata soltura do
paciente, salvo se preso por outro motivo; e (b) a sua absolvição quanto ao crime de tráfico de
drogas. STF - HC 246965 / SP – DEZ/2024.

DIFERENÇA ENTRE REINCIDÊNCIA E MAUS ANTECEDENTES

REINCIDÊNCIA MAUS ANTECEDENTES


 Praticar um novo É a condenação penal transitada
crime, após o trânsito em julgado em desfavor do agente,
em julgado da sentença que não poderá servir como
que, no País ou no reincidência, sob pena de bis in
estrangeiro, o tenha idem (Súmula n.º 241 do STJ).
condenado por crime
OBS→ diante de mais de uma
anterior. condenação penal transitada em julgado, é
possível que uma sirva como reincidência
e a outra como maus antecedentes.
 Circunstância (LEGAL) Circunstância (judicial) negativa –
agravante – 2ª fase da 1º fase da dosimetria – art. 59
dosimetria – art. 61
 Salvo nos casos de STJ – adota o sistema da
crimes militares próprios temporariedade (AgRg no REsp
e políticos, não será 1875382/MG - 2020)
considerada a
condenação STF – adotou recentemente o
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anterior se entre a data sistema da perpetuidade (RE


do cumprimento ou 1402758 AgR/SP – 22/11/22)
extinção da pena e a
infração posterior tiver
decorrido período de
tempo superior a 5
(cinco) anos.

i. FELIPE cometeu crime de furto qualificado em 16/5/10. No dia 16/5/12,


FELIPE cometeu crime de injúria real. No dia 16/5/14, FELIPE cometeu
crime de lesão corporal grave. FELIPE possui maus antecedentes?

ii. JÚLIO sofreu condenação definitiva no dia 16/5/10, por tráfico de drogas
praticado em 15/5/05. No dia 18/5/10, JÚLIO foi condenado, em definitivo,
pela prática de estelionato cometido em 15/5/04. JÚLIO é reincidente?

iii. VITÓRIA foi condenada em definitivo pelo crime de homicídio (praticado em


14/4/15) no dia 16/5/20. Entretanto, no dia 17/5/20, VITÓRIA praticou um
crime de tráfico de drogas. VITÓRIA é reincidente?
iv. BARBARA foi condenada em definitivo pelo crime de falsidade ideológica no
dia 16/5/10. A pena de BARBARA foi cumprida em 16/5/15. No dia 16/5/22,
BARBARA cometeu o crime de racismo. Durante o cálculo da pena referente
ao crime de racismo, o judiciário considerará BARBARA como reincidente ou
possuidora de maus antecedentes?

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ADMISSÃO DO


MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO COMO AMICUS CURIAE:
DESNECESSIDADE. DOSIMETRIA. VALORAÇÃO NEGATIVA DE MAUS ANTECEDENTES
E DA PERSONALIDADE. RÉU QUE OSTENTA MÚLTIPLAS CONDENAÇÕES DEFINITIVAS.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. DECOTE DA VETORIAL PERSONALIDADE. RECURSO
PROVIDO. 1. O amicus curiae atua, no processo, como um verdadeiro colaborador da justiça,
cuja intervenção se justifica na necessidade de se abrir o diálogo jurídico à sociedade, haja
vista a existência de questões que ultrapassam os interesses meramente das partes.
Possibilita-se, outrossim, o debate não apenas jurídico, mas também metajurídico,
qualificando-se as informações dos autos, a fim de contribuir para decisões com maior
legitimidade democrática, por meio de um processo cooperativo. Sua admissão no processo
penal (art. 3º do CPP), no entanto, a par dos requisitos descritos no art. 138 do CPC/2015
(relevância da matéria, especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia), é pautada fundamentalmente na sua aptidão de contribuir para a elucidação do
tema objeto de controvérsia, tendo em conta sua expertise e/ou experiência no campo de
atuação relacionado à questão analisada no bojo do processo, sem descurar da necessidade
de manutenção da paridade de armas, de maneira a não agravar a situação processual do
réu. Não se revela útil a admissão de outro Ministério Público estadual como amicus curiae se
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a instituição já se encontra suficientemente representada pelo Ministério Público estadual que


deu início à ação penal e figura como recorrido nos embargos de divergência, bem como pelo
Ministério Público Federal, ambos com possibilidade de se manifestar nos autos e fazer uso
da palavra por ocasião do julgamento, tanto mais quando a única contribuição referente ao
mérito da controvérsia trazida pelo pretenso interveniente foi a citação de precedentes desta
Corte sobre o tema, o que não configura argumentação inédita apta a trazer uma nova luz
sobre a questão. De outro lado e tendo em conta que a instituição do Ministério Público é una,
nada impede o acompanhamento da questão pelo Ministério Público do Estado do Rio de
Janeiro, em reforço à interpretação defendida pela acusação, mas sempre em colaboração
com o Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul, ora recorrido. 2. Eventuais
condenações criminais do réu transitadas em julgado e não utilizadas para caracterizar a
reincidência somente podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de
antecedentes criminais, não se admitindo sua utilização também para desvalorar a
personalidade ou a conduta social do agente. Precedentes da Quinta e da Sexta Turmas
desta Corte. 3. A conduta social e a personalidade do agente não se confundem com os
antecedentes criminais, porquanto gozam de contornos próprios – referem-se ao modo de ser
e agir do autor do delito –, os quais não podem ser deduzidos, de forma automática, da folha
de antecedentes criminais do réu. Trata-se da atuação do réu na comunidade, no contexto
familiar, no trabalho, na vizinhança (conduta social), do seu temperamento e das
características do seu caráter, aos quais se agregam fatores hereditários e socioambientais,
moldados pelas experiências vividas pelo agente (personalidade social). Já a circunstância
judicial dos antecedentes se presta eminentemente à análise da folha criminal do réu,
momento em que eventual histórico de múltiplas condenações definitivas pode, a critério do
julgador, ser valorado de forma mais enfática, o que, por si só, já demonstra a
desnecessidade de se valorar negativamente outras condenações definitivas nos vetores
personalidade e conduta social. 4. Havendo uma circunstância judicial específica destinada à
valoração dos antecedentes criminais do réu, revela-se desnecessária e “inidônea a utilização
de condenações anteriores transitadas em julgado para se inferir como negativa a
personalidade ou a conduta social do agente” (HC 366.639/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 28/3/2017, DJe 5/4/2017). Tal diretriz passou a ser acolhida
mais recentemente pela colenda Sexta Turma deste Tribunal: REsp 1760972/MG, Rel.
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 08/11/2018, DJe
04/12/2018 e HC 472.654/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em
21/02/2019, DJe 11/03/2019. Uniformização jurisprudencial consolidada. 5. In casu, a
condenação imposta ao recorrente aumentou sua pena-base acima do mínimo legal,
valorando, indevidamente, tanto no delito de lesão corporal (129, § 9º, do Código Penal)
quanto no de ameaça (art. 147, CP), sua personalidade e seus maus antecedentes com base
em diferentes condenações criminais transitadas em julgado. 6. Extirpada a vetorial da
personalidade, na primeira fase da dosimetria, remanesce ainda, em ambos os delitos, a
vetorial “antecedentes criminais”, o que justifica a elevação da pena-base acima do mínimo
legal. 7. Embargos de divergência providos, para, reformando o acórdão recorrido, dar
provimento ao agravo regimental do réu e, por consequência, conhecer de seu agravo e dar
provimento a seu recurso especial, reduzindo, as penas impostas ao recorrente na proporção
do aumento indevidamente atribuído ao vetor “personalidade”, na primeira fase da dosimetria.
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STJ - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº


1.311.636 – MS – J. 2019.

 Súmula 444 do STJ→ “é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações


penais em curso para agravar a pena- base”.

O FATO DE ALGUÉM TER SIDO ABSOLVIDO COM BASE NA


INSUFICIÊNCIA DE PROVAS DA AUTORIA PODE SER
CONSIDERADO COMO MAUS ANTECEDENTES? Capez – Manzini.

Transação penal → Lei 9099/95, Art. 76, § 4º Acolhendo a proposta do


Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a
pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em
reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o
mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não
constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins
previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo
aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

 Antecedentes e suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89)

RECURSO ESPECIAL. RECEPTAÇÃO QUALIFICADA. ART. 59 DO CP. EXASPERAÇÃO


DA PENA-BASE. ANÁLISE DESFAVORÁVEL DA CULPABILIDADE. MOTIVOS IDÔNEOS.
AÇÃO PENAL EM QUE O RÉU FOI BENEFICIADO COM O SURSIS PROCESSUAL.
UTILIZAÇÃO INDEVIDA COMO MAUS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A revisão da dosimetria da pena no recurso
especial somente é permitida nas hipóteses de falta de fundamentação concreta ou de notória
desproporcionalidade da sanção aplicada. 2. A análise desfavorável da culpabilidade deve ser
mantida, pois demonstrado o maior grau de censura da conduta, eis que "o acusado agiu [...],
a ponto de, mesmo antes de receber as mercadorias já saber que as mesmas eram produto
de crime" e "já havia acertado a receptação dos remédios". 3. O registro de ação penal
suspensa por força do art. 89 da Lei n. 9.009/1995 não pode ser utilizado para agravar a
pena-base, em confronto com o princípio da não culpabilidade. 4. Recurso especial
parcialmente provido para reconhecer a violação do art. 59 do CP quanto aos maus
antecedentes e para redimensionar em 4 anos de reclusão e 20 dias-multa a pena do
recorrente. Decisão Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Sexta Turma, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso,
nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Nefi Cordeiro, Ericson Maranho
(Desembargador convocado do TJ/SP), Maria Thereza de Assis Moura e Sebastião Reis
Júnior votaram com o Sr. Ministro Relator. STJ - REsp 1.533.788/PE, DJe 29/02/2016.

 Prescrição Quinquenal→ os maus antecedentes têm prazo de duração?


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Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação


anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5
(cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional, se não ocorrer revogação.

Condenação anterior (2010) + novo crime (2015)

DIREITO PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRARDINÁRIO. TRÁFICO DE DROGAS. SUPOSTA VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. AUSÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL. INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL PERTINENTE E REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO
PROBATÓRIO DOS AUTOS (SÚMULA 279/STF). JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL (STF). 1. Por ausência de questão constitucional, o STF rejeitou
preliminar de repercussão geral relativa à controvérsia sobre suposta violação aos princípios
do contraditório, da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do devido processo legal
(ARE 748.371-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes - Tema 660). 2. A jurisprudência do STF é no
sentido de que a controvérsia relativa à individualização da pena passa necessariamente pelo
exame prévio da legislação infraconstitucional. Precedentes. 3. A parte recorrente se limita a
postular a análise da legislação infraconstitucional pertinente e uma nova apreciação dos
fatos e do material probatório constante dos autos, o que não é possível nesta fase
processual. Nessas condições, a hipótese atrai a incidência da Súmula 279/STF. Precedente.
4. O STF, ao julgar o RE 593.818-RG – Tema 150, de minha relatoria, entendeu que “não se
aplica ao reconhecimento dos maus antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da
reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal”. 5. A jurisprudência desta Corte é no
sentido de que, “[s]e as circunstâncias concretas do delito ou outros elementos probatórios
revelam a dedicação do paciente a atividades criminosas, não tem lugar o redutor do § 4º do
art. 33 da Lei 11.343/2006” (HC 123.042, Relª. Minª. Rosa Weber). Precedente. 6. Não foram
ofendidas as garantias da inafastabilidade do controle jurisdicional, do devido processo legal,
do contraditório e da ampla defesa, uma vez que a parte recorrente teve acesso a todos os
meios de impugnação previstos na legislação processual, havendo o acórdão recorrido
examinado todos os argumentos e fundamentado suas conclusões de forma satisfatória. 7.
Agravo a que se nega provimento. RE 1402758 AgR/SP – 22/11/22.

ESSA CONDENAÇÃO ANTERIOR PODE SER USADA PARA FINS DE


MAUS ANTECEDENTES?

Habeas corpus. 2. Tráfico de entorpecentes. Condenação. 3.


Aumento da pena-base. Não aplicação da causa de diminuição do §
4º do art. 33, da Lei 11.343/06. 4. Período depurador de 5 anos
estabelecido pelo art. 64, I, do CP. Maus antecedentes não
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caracterizados. Decorridos mais de 5 anos desde a extinção da


pena da condenação anterior (CP, art. 64, I), não é possível alargar
a interpretação de modo a permitir o reconhecimento dos maus
antecedentes. Aplicação do princípio da razoabilidade,
proporcionalidade e dignidade da pessoa humana. 5. Direito ao
esquecimento. 6. Fixação do regime prisional inicial fechado com
base na vedação da Lei 8.072/90. Inconstitucionalidade. 7. Ordem
concedida. STF – HC 126315 SP J. 2015.

Primariedade e mínimo legal→

PENA-BASE - CIRCUNSTANCIAS JUDICIAIS - RÉU PRIMARIO E DE


BONS ANTECEDENTES. Diante de vida pregressa irreprovavel, o juiz
deve, tanto quanto possivel e quase sempre o será, fixar a pena-
base no minimo previsto para o tipo, contribuindo, com isso, para a
desejavel ressocialização do condenado. PENA-BASE -
EXACERBAÇÃO - REVELIA. O comparecimento em juízo, onus
processual mitigado quando em questão a liberdade, e desinfluente
a determinação da pena-base. PENA - DETENÇÃO - RESTRITIVA DE
DIREITO - SUBSTITUIÇÃO - ATUAÇÃO DE OFICIO. Estabelecida pena
privativa de liberdade inferior a um ano ou sendo o crime culposo,
incumbe ao juízo o exame de oficio, dos demais pressupostos
autorizadores da substituição pela restritiva de direitos - artigo 44
do Código Penal. SURSIS - REVELIA - EXAME DE OFICIO. Tanto
vulnera a lei aquele que inclui no campo de aplicação hipótese não
contemplada, como o que exclui espécie por ela abrangida. A
revelia não e fato jurídico idoneo a obstaculizar o deferimento de
suspensão condicional da pena - artigo 77 do Código Penal. SURSIS
- PENA RESTRITIVA DE DIREITOS - IMPROPRIEDADE. O instituto da
suspensão condicional da pena e incompativel com a pena privativa
de direitos - inteligencia dos artigos 44, 77 e 80 do Código Penal.
STF – HC 72842-1/SP – 1995.

Antes da prolatação da sentença sobre fato praticado pelo condenado


INDECOROSO em 2010, a magistrada IASMIN toma conhecimento do
trânsito em julgado de uma condenação pela prática de crime cometido por ele
em 2012. A sua excelência IASMIN deve levar em conta essa informação para
fins de valoração dos antecedentes do condenado?

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE REVISÃO


CRIMINAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. CALÚNIA. DOSIMETRIA. MAUS
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ANTECEDENTES E REINCIDÊNCIA. FATO POSTERIOR. NÃO CARACTERIZAÇÃO. UMA


CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL GRAVOSA. PENA MENOR DE UM ANO. DESPROPORÇÃO
DO REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO OU DO IMPEDIMENTO À SUBSTITUIÇÃO POR
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. CONCESSÃO
DA ORDEM DE OFÍCIO. 1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior
Tribunal de Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou
de revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de
ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia. 2. Ilegal é o acolhimento como maus
antecedentes ou reincidência de fato posterior, ainda que condenação transitada em julgado,
pois efetivamente fato anterior não é. Redução operada na pena fixada. 3. A admissão de
única vetorial gravosa, dentre as oito possíveis, com pena fixada em menos de um ano, por
crime contra a honra, não permite aferir como proporcionais as proibições ao regime aberto e
às penas restritivas de direitos. 4. Ponderando o quantum de pena fixado, as negativas
circunstâncias do crime, mas as favoráveis condições pessoais do agente (com endereço e
profissão definidos, família constituída, 67 anos de idade, doente) e não gravosas todas
demais circunstâncias judiciais, é fixado o regime aberto e substituída a pena privativa de
liberdade pela prestação de serviços comunitários, em local a ser definido pelo juízo da
execução. 5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para reduzir a pena
imposta a 11 meses e 20 dias de reclusão, em regime aberto, substituída por prestação de
serviços à comunidade, a ser cumprida em local designado pelo juízo da execução, além da
pena de multa de 18 dias-multa, cada qual em um salário mínimo, com a imediata soltura do
paciente. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na
conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do
habeas corpus, expedindo, contudo, ordem de ofício, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator. Os Srs. Ministros Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP), Maria
Thereza de Assis Moura, Sebastião Reis Júnior (Presidente) e Rogerio Schietti Cruz votaram
com o Sr. Ministro Relator. STJ – HC 304602/SP – 2014.

Condenação por fato anterior que transita em julgado durante o processo


atual→

HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A RECURSO PRÓPRIO. ROUBO


CIRCUNSTANCIADO. 1) DOSIMETRIA. AUMENTO DA PENA-BASE. CONDENAÇÃO POR
FATO ANTERIOR AO DELITO, MAS COM TRÂNSITO EM JULGADO POSTERIOR.
POSSIBILIDADE DE VALORAÇÃO NEGATIVA EM RAZÃO DOS ANTECEDENTES
CRIMINAIS. 2) CRITÉRIO MATEMÁTICO DE AUMENTO DE PENA NA TERCEIRA FASE DA
DOSIMETRIA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. SÚMULA N. 443/STJ. FLAGRANTE
ILEGALIDADE VERIFICADA. 3). REGIME PRISIONAL FECHADO. ADEQUAÇÃO.
CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL NEGATIVA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. PENA
DEFINITIVA EM PATAMAR SUPERIOR A QUATRO ANOS. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO. CONCESSÃO DA ORDEM, DE OFÍCIO. – O Superior Tribunal de Justiça -
STJ, seguindo entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal - STF, passou a não
admitir o conhecimento de habeas corpus substitutivo de recurso previsto para a espécie. No
entanto, deve-se analisar o pedido formulado na inicial, tendo em vista a possibilidade de se
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conceder a ordem de ofício, em razão da existência de eventual coação ilegal. – Para a


valoração negativa dos antecedentes criminais, é possível a utilização de condenações por
fatos anteriores ao delito apurado, ainda que o trânsito em julgado tenha ocorrido
posteriormente. – Nos termos do disposto no Enunciado n. 443 da Súmula desta Corte, "o
aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do
número de majorantes". Ressalva do entendimento deste Relator. – Na hipótese, o aumento
da pena no patamar de 3/8 seguiu o critério matemático, a evidenciar a necessidade de
aplicação da fração mínima. – Nos termos do art. 33, § 3º do Código Penal, considerando a
pena aplicada, superior a 4 anos e a presença de circunstância judicial desfavorável, com a
fixação da pena-base em patamar acima do mínimo legal, resta perfeitamente justificado o
regime prisional fechado, não havendo falar, portanto, em existência de constrangimento
ilegal. – Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, apenas para
redimensionar a pena imposta. STJ - HABEAS CORPUS Nº 237.429 – SP – 2015.

A.iii) CONDUTA SOCIAL→

A CONDIÇÃO DE USUÁRIO DE DROGAS ILÍCITAS É SUFICIENTE


PARA FINS DE CONSIDERAÇÃO DE CONDUTA SOCIAL
NEGATIVA?

HABEAS CORPUS. DISPARO DE ARMA DE FOGO. (I) DOSIMETRIA. PENA-BASE.


CONDUTA SOCIAL. ARGUMENTAÇÃO INIDÔNEA. MAUS ANTECEDENTES.
REFORMATIO IN PEJUS CONFIGURADA. (II) EXECUÇÃO. REGIME ABERTO.
POSSIBILIDADE. PENA INFERIOR A 4 ANOS E FAVORABILIDADE DE TODAS AS
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. A
dependência toxicológica é, na verdade, um infortúnio, não podendo, por isso mesmo, ensejar
a exasperação da pena-base a título de má conduta social. 2. Não é dado ao Tribunal a quo,
em recurso exclusivo da defesa, agregar nova fundamentação ao decisum condenatório,
considerando como negativa circunstância judicial assim não reconhecida pelo Juiz
sentenciante quando da dosimetria, sob pena de incidir na inadmissível reformatio in pejus. 3.
Tendo a reprimenda sido definitivamente estabelecida em patamar inferior a 4 anos de
reclusão e considerando-se a favorabilidade de todas as circunstâncias judiciais, deve ser
fixado ao paciente o regime aberto de cumprimento de pena, nos termos do art. 33, § 2º, c, e
§ 3º, do Código Penal, pois, no caso, é o que se mostra o mais adequado para a prevenção e
repressão do delito denunciado. 4. Ordem concedida para reduzir a pena-base do paciente ao
mínimo legalmente previsto, tornando a sua reprimenda definitiva em 2 anos de reclusão e
pagamento de 10 dias-multa, bem como para fixar-lhe o regime aberto de cumprimento de
pena. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,
conceder a ordem de habeas corpus nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. O Sr.
Ministro Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS) e a Sra. Ministra Maria
Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr.
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Ministro Og Fernandes. Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.
STJ – HC 201.453-DF. J. 2012

Vários processos com trânsito em julgado: pode o Judiciário selecionar


alguns para fins de valoração negativa da conduta social do condenado?

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE


DROGAS. DESOBEDIÊNCIA. RESISTÊNCIA. DOSIMETRIA. PENA-BASE.
MULTIRREINCIDÊNCIA. CONDUTA SOCIAL NEGATIVAMENTE
VALORADA COM FUNDAMENTO EM CONDENAÇÃO ANTERIOR
TRANSITADA EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO
INIDÔNEA. PENA-BASE REDUZIDA. MAUS ANTECEDENTES
RECONHECIDOS COM FUNDAMENTO EM UMA ÚNICA CONDENAÇÃO
ANTERIOR TRANSITADA EM JULGADO. EXASPERAÇÃO EM PATAMAR
SUPERIOR A 1/6. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
PROVIDO. 1. A Terceira Seção desta Corte Superior, no julgamento
do EARESP n. 1.311.636, realizado em 10/4/2019, por maioria, firmou precedente
segundo o qual as diversas condenações pretéritas transitadas em julgado, na primeira
etapa dosimétrica, somente podem ser atreladas aos maus antecedentes, admitindo-se
que o julgador, diante de um histórico de múltiplas condenações definitivas, efetue
valoração mais enfática da referida vetorial. 2. Na espécie, as instâncias ordinárias
valoraram negativamente a conduta social com base em uma das três condenações
criminais transitadas em julgado ostentadas pelo acusado, sendo as demais utilizadas
para fins de configuração da reincidência e de maus antecedentes. Reconhecida,
contudo, a inidoneidade da fundamentação adotada para a mensuração negativa da
conduta social, esta foi decotada por esta Corte Superior e operada a redução da
pena-base. 3. A circunstância judicial atinente aos maus antecedentes, por sua vez, foi
reconhecida pelas instâncias ordinárias com base em uma única condenação
definitiva anterior diversa. Nesse contexto, a jurisprudência deste Superior Tribunal
firmou-se no sentido de que a exasperação da pena-base, pela existência de
circunstâncias judiciais negativas, deve seguir o parâmetro de 1/6 (um sexto) para
cada circunstância negativamente valorada, fração eleita em observância aos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, ressalvada a apresentação de
motivação concreta, suficiente e idônea que justifique a necessidade de elevação em
patamar superior, o que não ocorreu no caso concreto. 4. Agravo regimental não
provido. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental. Os Srs. Ministros Ribeiro
Dantas, Joel Ilan Paciornik e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Felix Fischer. STJ - AgRg no REsp
1828250 / PR - 19/09/2019.
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A.iv) PERSONALIDADE→

 Perspectiva analítica→ Freud.


 Perspectiva neo-analítica→ Jung.
 Perspectiva Humanista→ Rogers.
 Perspectiva da Aprendizagem→ Skinner.
 Perspectiva Cognitiva→ Kelly; Beck.
 Perspectiva das Disposições→ Allport; Cattell.

“São exemplos de fatores positivos da personalidade: bondade, calma, paciência,


amabilidade, maturidade, responsabilidade, bom humor, coragem, sensibilidade,
tolerância, honestidade, simplicidade, desprendimento material, solidariedade. São
fatores negativos: maldade, agressividade (hostil ou destrutiva), impaciência,
rispidez, hostilidade, imaturidade, irresponsabilidade, mau-humor, covardia, frieza,
insensibilidade, intolerância (racismo, homofobia, xenofobia), desonestidade,
soberba, inveja, cobiça, egoísmo.” NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal
Comentado. Rio de Janeiro: Forense, 2018, n/p. e-book.
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a) Prova da má personalidade→

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. AMEAÇA.


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. DOSIMETRIA. ART. 59 DO CÓDIGO PENAL. PERSONALIDADE
DO AGENTE. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. ELEMENTOS DOS AUTOS. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Na primeira fase da dosimetria, a valoração negativa da
personalidade não depende de laudo técnico, firmado por profissional da área de saúde
mental, mas tão somente da análise pelo próprio sentenciante sobre a existência de dados
concretos que demonstrem a maior periculosidade do agente. Precedentes. 2. No caso, a
fundamentação apresentada está amparada em elementos concretos e específicos, os quais
efetivamente indicam a personalidade desvirtuada do Agravante, o qual insinuou para a vítima
que recorrer às autoridades públicas "não iria adiantar", que a prisão era um lugar agradável e
que ele realizava ligações para ela do interior do estabelecimento prisional. 3. Agravo
regimental desprovido. Decisão Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os
Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das
notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio
Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Antonio Saldanha Palheiro votaram com a Sra. Ministra
Relatora. STJ AgRg no AREsp 1390231 / MS J. 11/04/2019.

b) Acervo de material pornográfico e art. 241-A ECA→ Oferecer, trocar,


disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por
qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou
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telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena


de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo
são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço,
oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo
ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)

RECURSO ESPECIAL. ART. 241-A E 241-B DA LEI N. 8.069/1990. CONSUNÇÃO.


PEDIDO DE AFASTAMENTO NÃO CONHECIDO. SÚMULA N. 7 DO STJ. DOSIMETRIA
DA PENA. CULPABILIDADE. SÚMULA N. 283 DO STF. CONDUTA SOCIAL E
PERSONALIDADE. ELEMENTO INERENTE AO TIPO PENAL. IMPOSSIBILIDADE DE
EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. DELITOS DOS ARTS. 217-A DO CP e 240, § 2°, II,
DO ECA. CONCURSO FORMAL. AFASTAMENTO. INEXISTÊNCIA DE UNIDADE DE
AÇÃO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA EXTENSÃO,
PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Para afastar a conclusão motivada do aresto - de que o armazenamento de imagens
com conteúdo pornográfico infanto-juvenil ocorreu, no caso concreto, como fase
preparatória da conduta de divulgar, em sintonia com a vontade final do réu, a ensejar a
aplicação do princípio da consunção - seria necessário dirimir controvérsia fática, o que
não é admitido no recurso especial, a teor da Súmula n. 7 do STJ. Pedido de
afastamento da consunção do crime previsto no art. 241-B pelo do art. 241-A, ambos do
ECA não conhecido.
2. É inadmissível o recurso especial, no ponto em que almeja a negativação da
culpabilidade, se o aresto recorrido utilizou mais de um fundamento suficiente para
afastar a vetorial e o reclamo não abrange todos eles. Incidência da Súmula n. 283 do
STF.
3. Dado inerente ao tipo penal não justifica a exasperação da pena-base, a título de
conduta social ou personalidade. O grande interesse por material que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente é ínsito ao crime
descrito no art. 241-A da Lei n. 8.069/1999; já foi sopesado pelo legislador para
criminalizar a conduta e estabelecer severa sanção penal, com o objetivo, justamente, de
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proteger a dignidade das crianças e dos adolescentes, pondo-os a salvo de formas


desviadas de satisfação sexual.
4. A prática de pluralidade de condutas inviabiliza o reconhecimento do concurso formal
entre os delitos dos arts. 217-A do CP e 240, § 2°, II, do ECA, razão pela qual deve ser
restabelecido o concurso material reconhecido na sentença.
5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido
somente para afastar o reconhecimento do concurso formal entre os crimes dos arts.
217-A do CP e 240, § 2°, II, do ECA, com o redimensionamento da pena do recorrido.
(REsp 1579578/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 04/02/2020, DJe 17/02/2020)

c) Descumprimento reiterado de medidas protetivas de urgência→

PENAL. HABEAS CORPUS. CRIMES DE HOMICÍDIO TRIPLAMENTE QUALIFICADO E


AMEAÇA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. DOSIMETRIA DA
PENA. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DESFAVORÁVEL. PERSONALIDADE.
DESNECESSIDADE DE LAUDO TÉCNICO. DESCUMPRIMENTO REITERADO DE
MEDIDAS PROTETIVAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM DENEGADA. 1. A fixação
da pena é regulada por princípios e regras constitucionais e legais previstos, respectivamente,
nos arts. 5º, XLVI, da Constituição Federal, 59 do Código Penal e 387 do Código de Processo
Penal. 2. É legítima a análise da personalidade, na primeira fase da dosimetria, baseada na
demonstração, em concreto, de que o réu foi notadamente vil na prática do fato criminoso,
extrapolando a abrangência do tipo penal. 3. O comportamento do acusado durante o
processo configura motivo inidôneo para majorar sua pena-base, sobretudo quando no
exercício do seu direito à ampla defesa. De igual modo, a ausência de arrependimento ou
remorso pelo agente não autoriza a exasperação da pena-base, no que tange à avaliação da
sua personalidade. 4. Todavia, o descumprimento reiterado de medidas protetivas de
urgência é fundamento idôneo para valorar negativamente a personalidade do agente,
porquanto tal comportamento revela seu especial desrespeito e desprezo tanto pela mulher
quanto pelo sistema judicial. Ademais, denota intrepidez do paciente, porquanto, não obstante
a imposição judicial de proibição de aproximação da vítima, a providência foi por ele
desprezada a fim de concretizar o objetivo de matá-la. 5. Ordem denegada. Decisão Vistos e
relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta
Turma, por unanimidade, denegar a ordem, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os
Srs. Ministros Nefi Cordeiro, Antonio Saldanha Palheiro, Laurita Vaz e Sebastião Reis Júnior
votaram com o Sr. Ministro Relator. STJ – HC 452391/PR – 2019.

A.v) MOTIVOS DO CRIME→

HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. CONDENAÇÃO. DOSIMETRIA.


ART. 59 DO CÓDIGO PENAL. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO
LEGAL. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. ALUSÕES GENÉRICAS.
ELEMENTOS INERENTES AO PRÓPRIO TIPO PENAL. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL. REDUÇÃO DA REPRIMENDA. ORDEM CONCEDIDA. 1. Hipótese em
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que o magistrado singular, para fixar a pena-base acima do mínimo legal, ressaltou a
culpabilidade intensa, "pela reprovabilidade da conduta", os péssimos antecedentes, a
conduta social "voltada à delinquência" e a personalidade "desajustada e
segregadora". Aludiu, ainda, aos "motivos egoísticos do crime, que causam
transtornos e desequilíbrio à comunidade" e ao comportamento da vítima, que em
nada contribuiu para o delito. 2. Os motivos invocados, em sua maioria, revelam-se
genéricos e atinentes ao próprio tipo penal, pois se afirmou ser reprovável a conduta
do paciente sem explicar em que medida isso tornaria maior o grau de culpabilidade.
Além disso, a "motivação egoística" é inerente a todo delito contra o patrimônio e o
comportamento da vítima, que em nada contribuiu para o crime, não pode ser
valorado em prejuízo do acusado. 3. Em observância ao art. 59 do Código Penal, e
considerando a existência de apenas três circunstâncias judiciais desfavoráveis, é de
rigor a redução da pena-base, embora para patamar superior ao mínimo legal. 4.
Ordem concedida para reduzir a pena para 3 (três) anos e 6 (seis) meses de reclusão,
mantidos, no mais, a sentença e o acórdão atacado. Decisão Vistos, relatados e
discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da
Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça: "Retificando decisão proferida em
Sessão do dia 27.04.2010, a Turma, por unanimidade, concedeu a ordem de habeas
corpus, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora." Os Srs. Ministros Celso
Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP) e Haroldo Rodrigues
(Desembargador convocado do TJ/CE) votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Og Fernandes. Presidiu o julgamento a Sra.
Ministra Maria Thereza de Assis Moura. STJ – HC 82348/MS 21/06/2010.

A.vi) CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME→

“Não se confundem com a consequência natural tipificadora do ilícito


praticado. É um grande equívoco afirmar — no crime de homicídio, por
exemplo — que as consequências foram graves porque a vítima morreu. Ora,
a morte da vítima é resultado natural, sem o qual não haveria o homicídio.
Agora, podem ser consideradas graves as consequências porque a vítima,
arrimo de família, deixou ao desamparo quatro filhos menores, cuja mãe não
possui qualificação profissional, por exemplo. Importa, é verdade, analisar a
maior ou menor danosidade decorrente da ação delituosa praticada ou o
maior ou menor alarma social provocado, isto é, a maior ou menor irradiação
de resultados transcendentes do próprio fato típico” (p. 392) BITENCOURT,
Cezar R. Tratado de direito penal: parte geral. v.1. [Digite o Local da Editora]:
Editora Saraiva, 2024. E-book. ISBN 9786553629325. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553629325/. Acesso em: 26
abr. 2024.

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO.


ROUBO TRIPLAMENTE MAJORADO. PENA-BASE. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. ABALO
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Disc.: Direito Penal II - 2º/3º Not
Prof. Dr.: Paulo Thiago Fernandes Dias

PSICOLÓGICO DE EXTREMA GRAVIDADE PARA AS VÍTIMAS. PENA INTERMEDIÁRIA.


PREVALÊNCIA DA MENORIDADE RELATIVA SOBRE A AGRAVANTE DO ART. 61, 'H', DO
CÓDIGO PENAL. PLURALIDADE DE HIPÓTESES MAJORANTES DO ROUBO. CRITÉRIO
MERAMENTE MATEMÁTICO. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA DO QUANTUM DE AUMENTO DOSADO. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA
443/STJ. CONCURSO FORMAL. REGRA DA EXASPERAÇÃO. LIMITAÇÃO PELA
CONCURSO MATERIAL BENÉFICO. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de
que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese,
impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de
flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. A individualização da pena é submetida aos
elementos de convicção judiciais acerca das circunstâncias do crime, cabendo às Cortes
Superiores apenas o controle da legalidade e da constitucionalidade dos critérios
empregados, a fim de evitar eventuais arbitrariedades. Dessarte, salvo flagrante ilegalidade, o
reexame das circunstâncias judiciais e os critérios concretos de individualização da pena
mostram-se inadequados à estreita via do writ, pois exigiriam revolvimento probatório. 3. As
consequências do crime consistem no conjunto de efeitos danosos provocados pelo crime. No
caso em tela, essa circunstância mostrou-se de gravidade superior àquela esperada como
decorrência da grave ameaça de um crime comum de roubo. Isso porque o crime em análise
acarretou danos psicológicos à genitora da vítima, que inviabilizou até sua presença em juízo,
e, especialmente, a seu filho, que desenvolveu, desde então, síndrome do pânico. Destarte,
malgrado o aumento padrão sugerido da pena-base seja de 1/8, o aumento na fração de 1/6
mostrou-se proporcional à gravidade da circunstância valorada. 4. Na dosimetria da pena
intermediária, deveras, conforme o entendimento consolidado desta Corte, a atenuante
da menoridade relativa é sempre considerada preponderante em relação às demais
agravantes. Essa conclusão decorre da interpretação acerca do art. 67 do Código Penal, que
estabelece a escala de preponderância entres as circunstâncias a serem valoradas na
segunda etapa do modelo trifásico. Dentro dessa sistemática, a menoridade relativa, assim
como a senilidade, possuem maior grau de preponderância em relação àquelas decorrentes
dos motivos determinantes do crime e reincidência. 5. A aplicação de circunstâncias
atenuantes ou agravantes, isoladamente, enseja a incidência da fração paradigma de 1/6 (um
sexto) para o devido ajuste da pena na segunda fase. Entrementes, no concurso entre
atenuantes e agravantes, observada a escala de preponderância (CP, art. 67), aquela que
estiver melhor graduada sobressair-se-á, contudo, com força de atuação reduzida, haja vista
a inevitável força de resistência oriunda da circunstância em sentido contrário. Portanto,
mostra-se proporcional, nesses casos, o patamar ideal de 1/12 (um doze avos) para
valoração da atenuante ou agravante preponderante, ressalvada sempre a possibilidade de
adequação do patamar ao caso concreto. 6. As instâncias ordinárias não apenas repetiram a
descrição das três majorantes, mas evidenciaram a maior gravidade dos três crimes de roubo,
perpetrados por três agentes imputáveis e três inimputáveis, em concurso e com uso de duas
armas de fogo. Destarte, malgrado coincidência com o critério matemático, observa-se
fundamentação idônea para a exasperação de 5/12 dos crimes de roubo, que, incidindo sobre
a pena intermediária de 4 anos 2 meses, culmina em 5 anos e 10 meses. Como os três
crimes de roubo foram cometidos em concurso formal próprio, as instâncias ordinárias
corretamente exasperaram a pena de um dos crimes na fração de 1/5, logo, a pena final dos
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crimes de roubo deve ser dosada em 7 anos e 1 mês de reclusão, e não em 7 anos, 11
meses e 6 dias de reclusão, como fez o Tribunal a quo. 7. Conquanto o Tribunal a quo tenha
concluído pela condenação do paciente pelos três crimes de corrupção de menores, em
concurso formal próprio, por erro material, deixou de acrescer à penal final de um dos crimes
a fração de 1/5. Nesse contexto, em razão da regra non reformatio in pejus, não é possível
promover piora na situação jurídica do réu, motivo pelo qual deve ser mantida a pena de 1
ano dosada para os crimes do art. 244-B do ECA. 8. O concurso formal próprio ou perfeito
(CP, art. 70, primeira parte), cuja regra para a aplicação da pena é a da exasperação, foi
criado com intuito de favorecer o réu nas hipóteses de pluralidade de resultados não
derivados de desígnios autônomos, afastando-se, pois, os rigores do concurso material (CP,
art. 69). Por esse motivo, o parágrafo único do art. 70 do Código Penal impõe o afastamento
da regra da exasperação, se esta se mostrar prejudicial ao réu, em comparação com o
cúmulo material. Trata-se, portanto, da regra do concurso material benéfico, como teto do
produto da exasperação da pena. 9. No caso, o Tribunal de origem condenou o paciente pela
prática de três crimes de corrupção de menores, em concurso formal, à pena de 1 ano de
reclusão e de três crimes de roubo majorado, igualmente em concurso formal, à pena de 7
anos e 1 mês de reclusão. As instâncias ordinárias aplicaram a exasperação da pena de 1/6
por outro concurso formal entre os crimes de corrupção de menores e os de roubo, o que
revelaria a pena final de 8 anos e 3 meses de reclusão. Há, pois, manifesta violação da regra
do concurso material benéfico, porquanto a pena final resultante do concurso material entre
os crimes de roubo, em concurso formal, e corrupção de menores, igualmente em concurso
formal, seria de 8 anos e 1 mês. Por conseguinte, de rigor a redução da pena final do paciente
para 8 anos e 1 mês de reclusão. 10. O regime de cumprimento inicial da pena fechado
mostra-se adequado. O paciente foi condenado à penal final de 8 anos e 1 meses de
reclusão, é primário e a sua pena-base foi fixada acima do mínimo legal, portanto, nos termos
do art. 33, § 2º, "a", e § 3º, do Código Penal, de rigor a fixação do regime inicial de
cumprimento de pena fechado. 11. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de
ofício, para reduzir a pena final do paciente para 8 anos e 1 mês de reclusão, mantendo-se o
regime de cumprimento de pena fechado. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em
que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do pedido e conceder "Habeas Corpus"
de ofício, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Joel Ilan Paciornik,
Jorge Mussi e Reynaldo Soares da Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente,
justificadamente, o Sr. Ministro Felix Fischer. STJ - HC 401.764/SP, DJe 07/12/2017.

A.vii) COMPORTAMENTO DA VÍTIMA→

“A jovem de menor pudor pode induzir o agente de estupro pelas suas palavras,
roupas e atitudes imprudentes; as prostitutas, marginais, também são vítimas em
potencial. Tais comportamentos, embora não justifiquem a prática da conduta
criminosa, diminuem a censurabilidade da conduta do autor do delito” CAPEZ
(V.1, 2019, e-book, não paginado).
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Bitencourt (BITENCOURT, Cezar Roberto. Penas alternativas. São


Paulo: Saraiva, 2013. p. 52.): “[...] pouco recato da vítima nos crimes
contra os costumes”.

Comportamento da vítima — Estudos de vitimologia demonstram que, muitas


vezes, as vítimas contribuem decisivamente na consecução do crime. Esses
comportamentos são, não raro, verdadeiros fatores criminógenos, que,
embora não justifiquem o crime, nem isentem o réu de pena, podem minorar a
censurabilidade do comportamento delituoso, como, por exemplo, “a injusta
provocação da vítima”. A verdade é que o comportamento da vítima pode
contribuir para fazer surgir no delinquente o impulso delitivo, podendo,
inclusive, falar-se em “vítima totalmente inocente, a vítima menos culpada que
o criminoso, a vítima tão culpada quanto o criminoso e a vítima totalmente
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culpada, como as divide Manzanera”1704. A rigor, especialmente nos crimes


contra a administração pública, como, de resto, na maioria dos crimes, o
comportamento da vítima constitui um indiferente penal, sem peso algum na
dosimetria penal” (p. 392) BITENCOURT, Cezar R. Tratado de direito penal:
parte geral. v.1. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2024. E-book. ISBN
9786553629325. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553629325/. Acesso em: 26
abr. 2024.
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Fonte:
https://www.passeidireto.com/arquivo/128497025/anuario-2023-infografico

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/10/22/cerca-de-100-
criancas-e-adolescentes-de-ate-14-anos-sao-estupradas-por-dia-no-brasil-dizem-
unicef-e-forum.ghtml
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PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ART. 121, § 2º, I E IV, DO CP.
COMPORTAMENTO NEUTRO DA VÍTIMA. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE.
IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO DO MINISTÉRIO PÚBLICO IMPROVIDO.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA. CONCURSO ENTRE AS ATENUANTES DA
MENORIDADE RELATIVA E CONFISSÃO ESPONTÂNEA E AGRAVANTE DA UTILIZAÇÃO
DE RECURSO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DO OFENDIDO. FRAÇÃO DE 1/14.
DESPROPORCIONALIDADE. MODIFICAÇÃO PARA 1/6. AGRAVO PROVIDO. 1. É assente
o entendimento, nesta Corte Superior, de que o comportamento da vítima deve considerado
neutro, se em nada contribuiu para o delito, não justificando o incremento da pena-base. 2.
Mostra-se claramente desproporcional a redução, na segunda fase da dosimetria, em
aproximadamente 1/14 pela preponderância das atenuantes da confissão espontânea e da
menoridade relativa sobre agravante da utilização de recurso que impossibilitou a defesa do
ofendido, devendo, pois, ser aumentada a fração redutora para 1/6, quantum considerado
razoável pela jurisprudência desta Corte. 3. Agravo regimental do MINISTÉRIO PÚBLICO
improvido. Agravo regimental de AGNALDO OLIVEIRA SILVA provido para reduzir a pena a
fim de estabelecer a redução, na segunda etapa, em 1/6, resultando a pena definitiva de 12
anos e 1 mês de reclusão, no regime fechado. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos
em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior
Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por
unanimidade, negar provimento ao agravo do Ministério Público e dar provimento ao agravo
de Agnaldo Oliveira Silva, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros
Antonio Saldanha Palheiro, Laurita Vaz, Sebastião Reis Júnior e Rogerio Schietti Cruz
votaram com o Sr. Ministro Relator. STJ - AgRg no REsp 1.687.304/AL, j. 18/09/2018.

B)Demais consequências das circunstâncias judiciais→


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B.i) Escolha da pena→

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

B.ii) Fixação do regime inicial→

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,


semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou
aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena
far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste
Código.

B.iii) Substituição da pena privativa de liberdade por outra→

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e


substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos
e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente (art.
59 do CP).

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