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Aula 03 - Penal

O documento aborda a repercussão geral sobre a suspensão de direitos políticos em casos de condenação criminal, destacando que a nomeação em concursos públicos é permitida se não houver incompatibilidade com a infração. Também discute a teoria do domínio do fato na autoria de crimes e a jurisprudência relacionada a diversos crimes, como furto, feminicídio e calúnia. Além disso, menciona a natureza de crimes formais e a tipificação de condutas específicas no contexto penal.

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Aula 03 - Penal

O documento aborda a repercussão geral sobre a suspensão de direitos políticos em casos de condenação criminal, destacando que a nomeação em concursos públicos é permitida se não houver incompatibilidade com a infração. Também discute a teoria do domínio do fato na autoria de crimes e a jurisprudência relacionada a diversos crimes, como furto, feminicídio e calúnia. Além disso, menciona a natureza de crimes formais e a tipificação de condutas específicas no contexto penal.

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DIREITO PENAL

1. Repercussão Geral – TEMA 1190 (STF).

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I -
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III -
CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO, ENQUANTO DURAREM SEUS
EFEITOS; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

TEMA 1190 - “A suspensão dos direitos políticos prevista no artigo 15 inciso III da Constituição Federal -
condenação criminal transitada em julgado enquanto durarem seus efeitos - não impede a nomeação e posse
de candidato aprovado em concurso público, desde que não incompatível com a infração penal praticada, em
respeito aos princípios da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho (Constituição Federal,
artigo 1°, incisos III e IV) e do dever do Estado em proporcionar as condições necessárias para harmônica
integração social do condenado, objetivo principal da execução penal, nos termos do artigo 1° da Lei de
Execuções Penais (Lei 7.210/84). O início do efetivo exercício do cargo ficará condicionado ao regime da pena
ou à decisão judicial do Juízo de Execuções, que analisará a compatibilidade de horários”.

Obs.1: Toda e qualquer CONDENAÇÃO CRIMINAL enseja a suspensão de direitos


políticos?

REPERCUSSÃO GERAL (STF) - A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, inc. III, da
Constituição Federal aplica-se no caso de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva
de direitos. (RE 601182, 02.10.2019) – Repercussão Geral – Tema 370/STF.

- O CASO CONCRETO.

LVP foi condenado pela prática do delito tipificado no art. 12, caput, da lei 6.368/76 (antiga lei de drogas): a
primeira em 23.04.2003 (03 anos), a segunda em 28.03.2005 (04 anos), e a última em 08.08.2005 (08 anos), mas
obteve o livramento condicional em 09.09.2010 por atender aos requisitos do art. 83, III do Código
Penal.

Sucede que foi aprovado no concurso realizado em 2010, para o cargo de auxiliar de indigenista. Diante
de tal fato, procurou a FUNAI para assumir o cargo, obtendo resposta negativa, em razão de estar com seus
direitos políticos suspensos e ainda em débito com a Justiça Eleitoral.

- E O QUE DELIBEROU O STF?

Por maioria, o Plenário do STF condenados aprovados em concursos públicos e que estejam em
cumprimento de pena podem ser nomeados e empossados, DESDE QUE NÃO HAJA
INCOMPATIBILIDADE ENTRE O CARGO A SER EXERCIDO E O CRIME COMETIDO NEM
CONFLITO DE HORÁRIOS ENTRE A JORNADA DE TRABALHO E O REGIME DE
CUMPRIMENTO DA PENA.

Prevaleceu o voto de Alexandre de Moraes, para quem o art. 1º, incisos III e IV, da Constituição Federal
estabeleceu como fundamento da República Federativa brasileira os PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA E DO VALOR SOCIAL DO TRABALHO, que seriam afrontados se não se
permitisse a nomeação e a posse de quem esteja cumprimento pena, ainda que com os direitos políticos
suspensos.

Alexandre de Moraes explicou que a suspensão dos direitos políticos em caso de condenação criminal
não alcança direitos civis e sociais. Ou seja, o que a Constituição Federal estabelece é a suspensão do
direito de votar e de ser votado, e não do direito a trabalhar. A LEP se volta também a promover a
ressocialização dos presos no Brasil.

2. Considerações sobre a TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO.

(a) As teorias objetivo-formais desenvolvidas pelos estudiosos do direito penal para conceituar a ideia de autor
do delito se revelaram muitas vezes, apesar de "seguras", um tanto limitadoras. Isso porque ao indicar que autor
seria quem efetivasse total ou parcialmente o verbo nuclear da ação típica, isso trazia alguns inconvenientes à
luz de casos concretos. Visando a contornar esses "problemas", algumas teorias "complementares" foram
desenvolvidas, entre elas a TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO.

(b) Um dos primeiros (se não o primeiro) a pensar na teoria do domínio do fato foi o "pai do finalismo penal",
Welzel. Para o alemão, não seria autor apenas aquele que desempenhasse a conduta típica, mas também quem
detivesse o domínio final da ação, ou seja, aquele que dispusesse de todos os meios para determinar
o cometimento, o início, o fim e o modo do crime.

(c) Na década de 60 do século XX, Claus Roxin voltou a trabalhar com a ideia de domínio do fato, dando um
gás no desenvolvimento dessa teoria. Avançando nos estudos, Roxin fez questão de apontar que nem todos
os delitos poderiam observar a teoria do domínio do fato para a definição de autor. Citava como exemplo
o caso dos crimes omissivos impróprios, quando aquele que estivesse da função de GARANTE (ou garantidor),
com um dever de agir específico, é que seria o autor. Todavia, para os crimes comuns, a teoria teria aplicação
sem problemas.

Obs.1: E como se define a autoria? Só quem tem o domínio do fato será autor?

(i) Quem exerce a conduta típica (verbo nuclear do tipo) será sempre autor. Segundo Roxin, nesses casos, há
o chamado DOMÍNIO PRÓPRIO DA AÇÃO (há alguma variável nessa classificação, mas a ideia é essa).
Aquele conceito restritivo das teorias objetivo-formais está atendido, mas o alemão vai além.

(ii) Aqueles que dominam alguma função da atividade criminosa seria um COAUTOR, em razão do
DOMÍNIO FUNCIONAL do fato. Por fim, visando explicar a autoria mediata, há aquelas situações em
que o agente mantém o completo controle sobre a vontade do agente que executa diretamente o núcleo do
crime. Há um domínio do controle (vontade) do fato.
(iii) Esquematicamente, pois, podemos dividir a Teoria do Domínio do fato em (i) DOMÍNIO DA AÇÃO,
(ii) DOMÍNIO FUNCIONAL E (iii) DOMÍNIO DA VONTADE.

3. Súmula 567 do STJ e o (não) reconhecimento de furto impossível.

Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de
furto.

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime.

- Teoria Objetiva Temperada para crime impossível.

4. Momento Consumativo do Furto e Roubo (Teorias).

Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida
de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada (STJ, 3ª Seção - REsp
1.524.450-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 14/10/2015 - recurso repetitivo).

Súmula 582 do STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

5. O feminicídio é compatível com o motivo torpe? É possível incidir ambas as


qualificadoras ou estaremos diante de bis in idem?

Art. 121. VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando
o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de
mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

- Qual é a natureza jurídica da qualificadora de feminicídio? DIVERGÊNCIA


DOUTRINÁRIA! E na jurisprudência? Há bis in idem?

6ª Turma do STJ 5ª Turma do STJ

1. Nos termos do art. 121, § 2º-A, II, do CP, é devida 1. Hipótese em que a instância de origem decidiu
a incidência da qualificadora do feminicídio nos pela inviabilidade da manutenção das qualificadoras
casos em que o delito é praticado contra mulher em do motivo torpe e do feminicídio, sob pena de
situação de violência doméstica e familiar, afronta ao princípio do non bis in idem quanto a um
possuindo, portanto, natureza de ordem dos fatos, e, relativamente a outros dois fatos,
objetiva, o que dispensa a análise do animus do afastou a adjetivadora do feminicídio, analisando
agente. Assim, não há se falar em ocorrência de aspectos subjetivos da motivação do crime. (...) 3. É
bis in idem no reconhecimento das inviável o afastamento da qualificadora do
qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio, feminicídio mediante a análise de aspectos
porquanto, a primeira tem natureza subjetiva e subjetivos da motivação do crime, dada a
a segunda objetiva. (...) (HC 433.898/RS, Rel. natureza objetiva da referida qualificadora,
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, ligada à condição de sexo feminino (REsp
julgado em 24/04/2018). 1739704/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, julgado em 18/09/2018).

6. Concussão, natureza de crime formal, momento consumativo e (im)possibilidade


de flagrante.

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

(...) a entrega da vantagem indevida representa mero exaurimento do crime que já se consumou anteriormente.
Se um funcionário público exigir, em razão de sua função, vantagem indevida da vítima; dois dias depois,
quando a vítima for entregar a quantia exigida, não há mais situação de flagrância considerando que o crime se
consumou no momento da exigência, ou seja, dois dias antes (STJ, 5ª Turma, HC 266.460-ES, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/6/2015).

7. Deformidade permanente + Cirurgia plástica influenciam na tipificação?

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: (Lesão corporal de natureza gravíssima) §
2° Se resulta: IV - deformidade permanente; Pena - reclusão, de dois a oito anos.

(...) 2. A realização de cirurgia estética posteriormente à prática do delito não afeta a caracterização, no momento
do crime constatada, de lesão geradora de deformidade permanente, seja porque providência não usual
(tratamento cirúrgico custoso e de risco), seja porque ao critério exclusivo da vítima. (...) 4. A conduta da
vítima não afeta a dosimetria da pena, seja na caracterização da qualificadora, seja na não valoração
das consequências do crime. 5. O modus operandi e o local da lesão, tendo em vista que o agente arremessou
um copo de vidro na região do rosto da vítima, podem ser valorados como anormais pelas instâncias ordinárias,
sendo imprópria na via do habeas corpus a revisão do tema por esta Corte Superior. (HC 306.677/RJ, Rel.
Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Rel. p/ Acórdão
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 19/05/2015).

8. Introdução de Chip de Aparelho celular em presídio?

(i) Trata-se de conduta (a)típica?

Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. Pena:
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
A conduta de ingressar em estabelecimento prisional com chip de celular não se subsome ao tipo penal previsto
no art. 349-A do Código Penal (STJ, 5ª Turma, HC 619.776/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
20/04/2021).

(ii) E falta grave?

A posse de chip de telefone celular pelo preso, dentro de estabelecimento prisional, configura falta disciplinar
de natureza grave, ainda que ele não esteja portando o aparelho (STJ, 5ª Turma, HC 260122-RS, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/3/2013).

9. Crime de Calúnia

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis
meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga. §2º - É punível a calúnia contra os mortos.

A manifestação do advogado em juízo para defender seu cliente não configura crime de calúnia se emitida sem
a intenção de ofender a honra (STJ, 3ª Seção, Rcl 15574-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
9/4/2014).

Especial interesse de agir  A denúncia por calúnia foi rejeitada em razão de não ter sido demonstrado o
dolo especial de ofender a honra de outrem e em virtude de não ter havido imputação falsa a outrem de fato
determinado, específico e realmente descrito como crime. Críticas políticas a atuação de membro do Ministério
Público, sem que haja imputação de um fato determinado, com a indicação da conduta praticada, de quando
fora praticada, em que local ou em que circunstâncias supostamente delitivas, não bastam para a configuração
do crime de calúnia (STJ, Corte Especial, APn 990/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
21/9/2022).

Obs.1: Exceção de Verdade.

Art. 138, (...) § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das
pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi
absolvido por sentença irrecorrível.

CPP  Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a
Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes
caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade.

A exceção da verdade oposta em face de autoridade que possua prerrogativa de foro pode ser inadmitida pelo
juízo da ação penal de origem caso verificada a ausência dos requisitos de admissibilidade para o processamento
do referido incidente (STJ, Corte Especial, Rcl 7391-MT, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/6/2013).

Obs.2: Calúnia X Denunciação Caluniosa X Autoacusação falsa.


CALÚNCIA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA AUTOACUSAÇÃO FALSA

Comete o crime de calúnia o Comente o crime de denunciação Comete o crime de


agente que imputa falsamente caluniosa o agente que der causa à autoacusação falsa o agente que
fato definido como crime. instauração de inquérito policial, de acusar-se, perante a autoridade,
procedimento investigatório criminal, de crime inexistente ou
de processo judicial, de processo praticado por outrem.
administrativo disciplinar, de inquérito
civil ou de ação de improbidade
administrativa contra alguém,
imputando-lhe crime, infração ético-
disciplinar ou ato ímprobo de que o
sabe inocente.

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