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Transtorno Erétil

A disfunção sexual é a incapacidade de participar do ato sexual com satisfação, sendo a disfunção erétil a mais comum entre os homens. O tratamento deve começar com a identificação da causa e pode incluir desde mudanças no estilo de vida até intervenções cirúrgicas, dependendo da gravidade. Estima-se que 30 milhões de homens nos EUA e 11 milhões no Brasil sofram de disfunção erétil, com a expectativa de que esse número aumente significativamente até 2025.

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Transtorno Erétil

A disfunção sexual é a incapacidade de participar do ato sexual com satisfação, sendo a disfunção erétil a mais comum entre os homens. O tratamento deve começar com a identificação da causa e pode incluir desde mudanças no estilo de vida até intervenções cirúrgicas, dependendo da gravidade. Estima-se que 30 milhões de homens nos EUA e 11 milhões no Brasil sofram de disfunção erétil, com a expectativa de que esse número aumente significativamente até 2025.

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MEDICINA SEXUAL

Diagnóstico e tratamento
João Afif-Abdo

da disfunção erétil

D isfunção sexual é a incapacidade de participar


do ato sexual com satisfação.1
As disfunções sexuais masculinas podem ocorrer em
qualquer fase do ciclo de resposta sexual, ou seja: desejo,
• vasculares: aterosclerose, microangiopatias (diabética,
etílica, vasculites), síndrome de Leriche;
• medicamentosas: hipotensores, diuréticos, drogas psico-
trópicas (antidepressivos, ansiolíticos, neurolépticos),
excitação, orgasmo/ejaculação e resolução. As principais digoxina, antiácidos (cimetidina, ranitidina), antimicó-
delas são: ticos, drogas antiandrogênicas (flutamida, ciproterona,
• relacionadas à fase de desejo/excitação: desejo sexual finasterida, dutasterida);
hipoativo, impulso sexual excessivo e disfunção erétil; • hormonais: hipogonadismo, diabetes, hipotireoidismo;
• relacionadas à fase de ejaculação/orgasmo: ejaculação • iatrogenias: urológicas (cistectomias, prostatovesicu-
precoce, ejaculação retardada, ejaculação retrógrada, lectomias radicais, linfadenectomias, orquiectomia),
anaejaculação e anorgasmia; vasculares (simpatectomias, correção de aneurisma de
• dispareunia, distúrbio que se caracteriza pela presença aorta abdominal), proctológicas (amputação de reto).
de dor à relação sexual, que pode ocorrer em todas as
fases do ciclo. Tratamento
Para as disfunções sexuais masculinas, os tratamentos
Disfunção erétil é a dificuldade em obter e/ou adequados variam da psicoterapia ao tratamento cirúrgico,
manter uma ereção adequada para um intercurso sexual não sendo incomum a necessidade de associação de dois ou
satisfatório.2 A disfunção erétil é a mais freqüente das mais procedimentos, dependendo de cada caso.7 Alguns
disfunções sexuais masculinas. Estima-se 30 milhões procedimentos são fundamentais para o êxito do tratamento,
de homens com essa disfunção nos Estados Unidos,3 cerca que deve objetivar mais que a remissão da sintomatologia:
de 11 milhões no Brasil4 e 150 milhões no mundo.5 Es- • orientar, informar e educar o paciente portador da
tima-se ainda que, em 2025, essa população seja de 322 disfunção;
milhões de homens.6 Estudos populacionais realizados nos • tratar ou pelo menos minimizar a causa da disfunção;
Estados Unidos e no Brasil apontam, respectivamente, • comprometer, sempre que possível, a parceira no pro-
52%5 e 45,1%4 de homens com disfunção erétil. cesso terapêutico.
O tratamento da disfunção erétil deve se iniciar pelo
reconhecimento da causa e obedecer a critérios, evitando-se Tratamento de primeira linha
procedimentos invasivos e cirurgias antes de tratar ou minimizar Diante do paciente com disfunção erétil, é preciso
as questões clínicas e os fatores de risco para tal disfunção. inicialmente orientar e auxiliar na correção dos fatores que
Os fatores de risco para a disfunção erétil, os quais contribuem para essa disfunção, ou seja: modificar o estilo
conseqüentemente culminam nas suas causas, são: de vida, indicar psicoterapia quando houver componente
• maus hábitos de vida: sedentarismo, obesidade, taba- psíquico associado e, finalmente, tratar ou minimizar as
gismo, alcoolismo, uso de drogas ilícitas, estresse; doenças físicas, quando presentes.
• fatores sociopsicológicos, de personalidade, conflitos A terapia oral para a dificuldade de ereção teve gran-
de relacionamento, dificuldades econômicas e questões de avanço com o advento dos inibidores da fosfodiesterase
culturais; tipo 5 (IPDE-5), quais sejam: citrato de sildenafila, tadalafila e
• doenças físicas, especialmente: cloridrato de vardenafila. Este arsenal terapêutico encontra-se
• neurológicas: trauma raquimedular, acidente vascular no mercado brasileiro nas dosagens indicadas na Tabela 1.
cerebral, paraplegias, polineuropatias (viral, diabética, As três drogas têm o mesmo mecanismo de ação e
etílica), esclerose múltipla, entre outras; são igualmente eficientes, cada qual com características

Diagn Tratamento. 2007;12(4):192-5.


(rapidez de ação no caso da vardenafila, rigidez de ereção em três (“trimix”), desde que manipuladas pelo urologista,
com a sildenafila e tempo mais prolongado de ação com a pois não existem produtos comerciais com essas associações
tadalafila) que permitem ao médico e ao paciente a escolha (Figura 2). No Brasil está disponível o alprostadil, que contém
do medicamento mais conveniente para cada caso. apenas prostaglandinas, nas dosagens de 5, 10 e 20 mcg. A
O incremento no tratamento oral da disfunção erétil ereção fármaco-induzida exige que o paciente auto-aplique o
prossegue. A lodenafila, desenvolvida no Brasil,8 brevemente medicamento, o que pode gerar algumas complicações como
estará disponível no mercado. Outros medicamentos estão em equimoses, hematomas, dores, infecções e fibroses penianas.
fase avançada de estudo: avanafil nos Estados Unidos,9 udenafil
na Coréia10 e, no Canadá, o PT-141 – bremelanotide (agonista
de receptores de melanocortina, por via intranasal).11
Cerca de 10% a 15% de homens com disfunção erétil
têm níveis séricos de testosterona abaixo da normalidade
e, nestes casos, a sua reposição (Tabela 2) se faz necessária
para a recuperação da ereção.

Tratamento de segunda linha


Quando o tratamento de primeira linha falha, parte-
se para uma segunda etapa de procedimentos, quais sejam:
vacuoterapia e ereção fármaco-induzida.
Comercializado há algum tempo no Brasil, na forma de
supositório uretral contendo prostaglandina, o Muse®12 deixou de
ser utilizado em nosso meio devido aos seus parcos resultados. Figura 1. Vacuoterapia.
A vacuoterapia, muito usada em alguns países, consiste na
produção de vácuo em um cilindro onde o pênis é introduzido,
permitindo sua ereção.13 Após a obtenção dessa ereção, é colo-
cado um anel elástico na base do pênis, anel esse que funciona
como um torniquete, impedindo o retorno venoso do pênis,
mantendo-o em ereção durante a prática sexual (Figura 1). No
Brasil, o aparelho de vácuo vem sendo utilizado com o objetivo
de obter aumento peniano, embora não haja comprovação
científica nem indicação para tal finalidade.
A ereção fármaco-induzida é feita por meio da injeção
intracavernosa de drogas como: prostaglandinas, papaverina,
fentolamina, clorpromazina.13 Estas drogas podem ser inje-
tadas isoladamente ou combinadas duas a duas (“bimix”) ou

Tabela 1. Dosagens de inibidores da fosfodiesterase tipo 5 e


suas equivalências no tratamento da disfunção erétil
Princípio ativo Dosagens

Citrato de sildenafila 25 mg 50 mg 100 mg

Tadalafila – – 20 mg

Cloridrato de vardenafila 5 mg 10 mg 20 mg
Figura 2. Ereção fármaco-induzida.

Tabela 2. Reposição hormonal em homens com hipogonadismo


Forma de reposição Via Dose Duração
Undecanoato intramuscular 1000 mg a cada - 3 meses 90 dias
Cipionato intramuscular 200-400 mg/2 - 4 semanas 12 dias
Propionato/isocaproato intramuscular 250 mg/2 - 4 semanas 10 dias
Adesivos transdérmica 5 mg/dia 24 horas
Gel (1%) transdérmica 5-10 g/dia 24 horas
Metiltestosterona oral 10-30 mg/dia 6-10 horas
Undecanoato (cp) oral 40-160 mg/dia 3-4 horas
Mesterolona (cp) oral 50-75 mg/dia 8 horas

Diagn Tratamento. 2007;12(4):192-5. 193


A B C
Figura 3. Próteses penianas. A = Maleável ou semi-rígida; B = Inflável de dois volumes; C = Inflável de três volumes.

Tratamento de terceira linha Cabe ao profissional de saúde a iniciativa de investigar


Em última instância, se nenhum dos procedi- a função sexual de seu paciente e tratar os casos de disfunção.
mentos acima descritos for eficiente, após detalhada e Esse tratamento consiste não só na remissão da sintoma-
criteriosa avaliação, cabe ao urologista a indicação do tologia disfuncional, mas no controle e possível exclusão
implante de prótese peniana, uma vez que a cirurgia de da causa, geralmente uma doença silenciosa ou manifesta
revascularização do pênis, muito utilizada no passado, para a qual o homem não investe o devido cuidado.
foi praticamente abandonada, devido aos resultados
João Afif-Abdo. Urologista. Mestre em Urologia pela Universidade Federal de São Paulo — Escola
insatisfatórios.7 Paulista de Medicina (Unifesp/EPM). Professor da Disciplina de Sistema Urinário da Universidade
As principais indicações para implante de prótese Nove de Julho. Chefe do Serviço de Urologia do Hospital Santa Cruz, São Paulo.

peniana são os casos de disfunção erétil orgânica grave,


quando outros tratamentos menos invasivos falham. Editor responsável por esta seção:
Carmita Helena Najjar Abdo. Psiquiatra, livre-docente e professora associada do Departa-
Entre essas situações encontram-se: diabetes com mi- mento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Fundadora e coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do
croangiopatia avançada; pós-radioterapia; cirurgias Hospital das Clínicas da FMUSP. Coordenadora do Núcleo de Medicina Sexual do Hospital
das Clínicas da FMUSP.
pélvica ou perineal radicais; uso crônico de drogas que
interfiram negativamente na ereção; alguns casos de
doença de Peyronie. Informações
Local onde foi produzido o manuscrito: Serviço de Urologia do
Dentre as próteses disponíveis há as maleáveis ou Hospital Santa Cruz, São Paulo.
semi-rígidas e as infláveis de dois ou três volumes, conforme o
Endereço para correspondência:
tipo de reservatório de líquido que possuem (Figura 3). João Afif-Abdo
Rua Primeiro de Janeiro, 47
São Paulo (SP) — CEP 04044-060
Conclusão Tel. (11) 5081-3584 — Fax. (11) 5573-8848
Apesar da disponibilidade de tratamento, grande E-mail: [email protected]
parcela dos portadores de disfunção erétil não se apresenta Fonte de fomento: nenhuma.
espontaneamente ao médico, por constrangimento. Conflito de interesse: nenhum.

194 Diagn Tratamento. 2007;12(4):192-5.


Referências
1. Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação de transtornos mentais e de comporta- 10. Kim JJ, Choi HK, Lee SW, et al. A phase III study to evaluate the efficacy and safety
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dysfunction. In: Abstracts from the Sexual Medicine Society of North America Fall Meeting, Data da última modificação: 28/8/2007
November 17-20, 2005; New York, NY. Abstract 68. J Sex Med. 2006;3(Suppl 1):35. Data de aceitação: 28/8/2007

Resumo Didático
• Disfunção sexual é a incapacidade de participar do ato sexual com satisfação.
• Disfunção erétil é a dificuldade em obter e/ou manter uma ereção adequada para um intercurso sexual satisfatório.
• O tratamento da disfunção erétil deve se iniciar pelo reconhecimento da causa e obedecer a critérios, evitando-se procedimentos invasivos e
cirurgias antes de tratar ou minimizar as questões clínicas e os fatores de risco para tal disfunção.
• Para as disfunções sexuais masculinas, os tratamentos adequados variam da psicoterapia ao tratamento cirúrgico, não sendo incomum a
necessidade de associação de dois ou mais procedimentos, dependendo de cada caso.
• Cerca de 10% a 15% de homens com disfunção erétil têm níveis séricos de testosterona abaixo da normalidade e, nestes casos, a sua reposição
se faz necessária.
• Quando o tratamento de primeira linha falha, parte-se para uma segunda etapa de procedimentos, quais sejam: vacuoterapia e ereção fár-
maco-induzida.
• As principais indicações para implante de prótese peniana são os casos de disfunção erétil orgânica grave, quando outros tratamentos menos
invasivos falham.
• O tratamento consiste não só na remissão da sintomatologia disfuncional, mas no controle e possível exclusão da causa, geralmente uma
doença silenciosa ou manifesta para a qual o homem não investe o devido cuidado.

Diagn Tratamento. 2007;12(4):192-5. 195

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