UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE GEOGRAFIA, HISTÓRIA E DOCUMENTAÇÃO
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
CURSO DE GEOGRAFIA LICENCIATURA
João Gabriel de Oliveira Castro
Resenha crítica do livro Nação, Estado e Nacionalismo
Cuiabá/MT
2025
Em "Nação, nacionalismo, Estado", Samuel Pinheiro Guimarães explora as definições e as
complexas interações entre nação, nacionalismo e Estado, destacando sua relevância na
realidade política.
O autor define nação como uma comunidade de indivíduos que partilham um território,
passado e uma visão de futuro em comum, buscando a união para um futuro melhor. O
nacionalismo é descrito como o sentimento de considerar a própria nação superior às demais,
podendo levar a manifestações extremas como xenofobia, racismo e arrogância imperial.
Contudo, o nacionalismo também pode ser o desejo de afirmação e independência política
frente a um Estado estrangeiro opressor. Movimentos nacionalistas politicamente
significativos visam o estabelecimento de um Estado ou a modificação de suas políticas para
defender interesses de um grupo.
Guimarães discute as origens do nacionalismo, como a ideia de uma nação "eleita" (citando o
povo judeu e o Japão como exemplos). Ele analisa o nacionalismo americano, enraizado na
religião protestante e na crença de aprovação divina pelo sucesso material, o que levaria os
EUA a se considerarem líderes e modelos globais. A ascensão do nacionalismo alemão,
baseado na suposta superioridade da raça ariana, é apresentada como um exemplo de suas
terríveis consequências, culminando no Holocausto.
O texto aborda como o nacionalismo em potências desenvolvidas frequentemente resultou em
políticas expansionistas e agressivas, formando impérios coloniais com a noção explícita da
inferioridade dos povos e culturas locais. Em contraste, o nacionalismo na periferia, ou
ex-colônias, tem uma natureza radicalmente distinta, sendo um movimento de afirmação da
nacionalidade, recuperação de tradições e busca por autonomia e independência.
A formação dos Estados nacionais europeus é apresentada como um processo que não
resultou em nações homogêneas, mas agrupou populações de diversas origens. O autor
argumenta que a nação, na maioria dos casos, é uma construção ideológica posterior ao
surgimento do Estado moderno.
O Estado é definido como o conjunto de instituições que exercem funções de legislar,
executar e julgar em nome dos cidadãos, e sua função essencial é a defesa contra pretensões
territoriais de outros Estados, garantindo sua soberania. Guimarães enfatiza que, no século
XXI, existem 192 Estados e um número ainda maior de nações, o que leva à proliferação de
conflitos e divergências.
O texto também explora a visão do Estado na sociedade atual, caracterizada pela concentração
de riqueza e poder. O autor argumenta que as classes dominantes buscam controlar o Estado
para garantir privilégios. No capitalismo, o controle do Estado é essencial para a
sobrevivência das normas do sistema econômico, e a campanha para afastar as massas da
política é crucial para os detentores do poder econômico. Essa estratégia envolve a difusão de
uma imagem negativa do Estado, retratado como o "Leviathan" que tolhe a liberdade
individual.
Finalmente, Guimarães conclui que, apesar das crises e desigualdades decorrentes da
globalização, os Estados da periferia, como Brasil, China e Índia, continuam a lutar por
desenvolvimento econômico, afirmação política e combate à pobreza. Eles coordenam suas
ações internacionais para defender seu direito ao desenvolvimento e à independência política
em um sistema mundial caracterizado pela instabilidade e pela violência dos poderosos. O
autor reitera que o nacionalismo, na periferia, é distinto do nacionalismo europeu manchado
pelo nazi-fascismo.