UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
IÚRI ANDRÉ BEZERRA ALBUQUERQUE
A GESTÃO AMBIENTAL E OS RESÍDUOS SÓLIDOS: UM ESTUDO SOBRE
O PROJETO ECOPONTO NA CIDADE DE FORTALEZA
FORTALEZA – CEARÁ
2020
IÚRI ANDRÉ BEZERRA ALBUQUERQUE
A GESTÃO AMBIENTAL E OS RESÍDUOS SÓLIDOS: UM ESTUDO SOBRE O
PROJETO ECOPONTO NA CIDADE DE FORTALEZA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Administração
do Centro de Estudos Sociais Aplicados da
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial à obtenção do grau de
bacharel em Administração.
Orientadora: Profª Maione Rocha de
Castro Cardoso
FORTALEZA – CEARÁ
2020
IÚRI ANDRÉ BEZERRA ALBUQUERQUE
A GESTÃO AMBIENTAL E OS RESÍDUOS SÓLIDOS: UM ESTUDO SOBRE O
PROJETO ECOPONTO NA CIDADE DE FORTALEZA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Administração
do Centro de Estudos Sociais Aplicados da
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial à obtenção do grau de
bacharel em Administração.
Aprovado em: 30 de maio de 2020
Prof. Dra. Maione Rocha de Castro Cardoso (Orientadora)
Universidade Estadual Do Ceará - UECE
RESUMO
O presente artigo possui como objetivo realizar uma análise sobre a percepção dos
residentes do município de Fortaleza no que concerne à gestão ambiental e a Política
Nacional de Resíduos Sólidos por meio de um estudo do equipamento Ecoponto,
ferramenta de coleta de resíduos sólidos instaurada pela prefeitura. A revisão teórica
possui a intenção de discutir resumidamente as categorias de análise: gestão
socioambiental das organizações (públicas e privadas), sustentabilidade e
desenvolvimento, Política Nacional de Resíduos Sólidos no contexto atual, e a
Educação Ambiental. O método observado no trabalho consiste em uma pesquisa do
tipo descritiva e exploratória para a formulação da teoria compreendida em seus
elementos textuais. Assim, foi desenvolvido um questionário de 24 questões no
Google Formulários com a utilização do procedimento de coleta de dados via Survey.
Os principais resultados da pesquisa apontam que os Ecopontos são pouco ou mal
divulgados, visto que um número grande dos entrevistados os subutiliza, apesar de
saber de sua existência. No que propõe, porém, este aparelho público pode ser um
grande contributo para a promoção do desenvolvimento sustentável, para a Educação
Ambiental e melhor aproveitamento dos resíduos sólidos, tanto para a questão social
(catadores/renda/benefícios públicos) como para o meio ambiente (redução
poluição/entulhos e concentração de resíduos na cidade).
Palavras-chave: Resíduos sólidos. Gestão ambiental. Projeto Ecoponto.
ABSTRACT
This article aims to perform an analysis on the perception of residents of the city of
Fortaleza regarding environmental management and to use the National Solid Waste
Policy through the Ecoponto, a governmental instrument for wast selective collect.
Therefore, the theoretical review intends to briefly explore the following topics: socio-
environmental management in companies (in public and private sectors), sustainability
and development, National Solid Waste Policy in the current contexto and
Environmental Education. The observed method in the work consists of a descriptive
and exploratory research for the formulation of the theory understood in it’s textual
elements. Thereby, a questionnaire of 24 questions was developed in Google Forms
with the use of the data collection procedure via Survey. The main results of the
research related to the Ecopontos were the finding that it is still a little-publicized
Project since the great majority of the interviewees underuse it, even knowing about
its existance. The project presents itself with great potential to contribute to the
achievement of sustainable development, Environmental Education and for a better
use of solid waste, both for social issues (like waste pickers, income and public
benefits) and for the environment (like reduction of pollution, rubble and concentration
of waste in the city).
Keywords: Solid waste. Environmental management. Ecoponto project.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 - Os principais resíduos coletados pelos Ecopontos .......................... 32
Gráfico 2 - Percepção sobre a responsabilidade socioambiental ...................... 33
Gráfico 3 – Principais ações ou práticas ambientais dos brasileiros ................ 34
Gráfico 4 - Os Ecopontos como uma Política Pública para atingir os ODS ....... 35
Gráfico 5 - A Educação Ambiental como política para o alcance da
sustentabilidade ...................................................................................................... 36
Gráfico 6 - Importância da coleta seletiva para o desenvolvimento sustentável
.................................................................................................................................. 36
Gráfico 7 - Percepção dos entrevistados sobre os agentes causadores de
problemas ambientais ............................................................................................ 37
Gráfico 8 - Eficiência da prefeitura de Fortaleza no cumprimento da lei ........... 38
Gráfico 9 - Promoção da Educação Ambiental pela prefeitura ........................... 39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais
ENEL Ente Nazionale per L'energia Elettrica (Enel Distribuição Ceará)
GEE Gases de Efeito Estufa
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ONU Organização das Nações Unidas
PMF Prefeitura Municipal de Fortaleza
PNEA Política Nacional de Educação Ambiental
PNRS Política Nacional dos Resíduos Sólidos
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SDE Secretaria de Desenvolvimento Econômico
SINDIÔNIBUS Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado
do Ceará
URBFOR Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10
1.1 Objetivos ........................................................................................................... 11
1.1.1 Geral ........................................................................................................... 11
1.1.2 Específicos .................................................................................................. 11
1.2 Justificativa ...................................................................................................... 12
1.3 Apresentação ................................................................................................... 12
2 UM PANORAMA DA GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES E DA
PROBLEMÁTICA DA SUSTENTABILIDADE NA SOCIEDADE .............................. 14
2.1 A Gestão Ambiental nas organizações e o prelúdio da pauta ambiental no
mundo globalizado: A Conferência de Estocolmo e a evolução da
sustentabilidade ...................................................................................................... 14
2.2 RIO 92, Rio +10 e Rio +20: Meio ambiente em pauta..................................... 16
2.3 O Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS’S)
18
3 DISCUTIR SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
(PNRS), EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) E O QUADRO DO BRASIL NA QUESTÃO
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU). ....................................................... 19
3.1 A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) ................................ 19
3.2 A Educação Ambiental (EA) e a Sustentabilidade ................................. 21
4 PROJETO ECOPONTO EM FORTALEZA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA UM
MUNDO MAIS SUSTENTÁVEL................................................................................ 22
5 METODOLOGIA ................................................................................................ 25
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 27
6.1 A amostra dos entrevistados e o perfil socioeconômico .................. 27
6.1.1 Perfil socioeconômico da totalidade de entrevistados ...................... 27
6.1.2 Perfil socioeconômico dos entrevistados que foram/frequentam os
Ecopontos 28
6.2 ECOPONTO: o equipamento público de gestão dos resíduos sólidos
pela prefeitura de Fortaleza .................................................................................... 29
A coleta seletiva: principais materiais coletados ............................ 31
6.3 Conhecimento e opiniões dos entrevistados sobre Sustentabilidade,
Meio Ambiente, Ecopontos e Políticas Públicas .................................................. 32
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 40
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 42
10
1 INTRODUÇÃO
Será que os indivíduos, em geral, param para pensar sobre a influência do
lixo que produzimos em nossas residências, o local que o lixo é destinado, a
quantidade que vai para locais inadequados, e o que é aproveitado e rejeitado?
Quando se fala da produção de lixo, as pessoas, apesar de saberem que é uma
grande quantidade, muitas ainda não tomam medidas efetivas para minimizar esses
impactos na natureza.
Apesar disso, hoje em dia, a sociedade tem se preocupado bastante com
a questão do lixo. Isso porque, não somente ela tem sofrido algumas consequências
em decorrência da grande quantidade produzida, mas também devido à comprovação
do valor que ele possui quando é aproveitado de diversas formas, desde a utilização
de lixo orgânico no setor primário, contribuindo com a fertilização dos solos, até a
reutilização de embalagens plásticas e de vidro.
Contudo, esse aproveitamento só é possível quando esse lixo é separado
e coletado adequadamente. Dessa forma é estampada a importância de uma boa
gestão dos resíduos sólidos e da sustentabilidade socioambiental, tema tratado neste
trabalho.
Nesse contexto, o presente artigo tem a intenção de apresentar
informações pertinentes à gestão ambiental, a problemática dos resíduos sólidos no
Brasil e a implementação do projeto Ecoponto na cidade de Fortaleza. Além disso,
entender como funciona a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), visto que,
com um aumento populacional, a tendência é que a quantidade de resíduos sólidos
aumente conjuntamente, necessitando assim, da participação do Estado nas questões
ambientais.
Ao fazer uma análise parcial do debate ambiental, pode-se dizer que é algo
que tem ganhado destaque nos veículos de comunicação nos últimos anos. Questões
de responsabilidade ambiental têm sido mais cobradas das empresas pela sociedade.
E, as organizações que deixam de adotar certas práticas hoje em dia, acabam por
sofrerem críticas negativas que podem, inclusive, levá-las a uma perda de parcela do
mercado, ou a falência.
Ao considerar toda a conjuntura da retórica ambiental e a notoriedade que
os questionamentos sobre ações mais sustentáveis no mundo capitalista vêm
11
ganhando, muitos movimentos e projetos governamentais e não-governamentais têm
conquistado um certo espaço devido as evidências científicas que uma má gestão
ambiental em um aspecto macro pode trazer consequências negativas para a
sociedade não apenas no longo prazo, mas no curto à médio prazo.
Haja vista as tais circunstâncias, o foco dessa pesquisa é fornecer algumas
considerações em relação a um dos fatores negativos da questão ambiental dentro
do sistema capitalista: os resíduos sólidos. E, dentro dessa abordagem, apresentar e
discorrer sobre o projeto Ecoponto na cidade de Fortaleza e seu impacto e resultados
desde a sua implantação.
Dentro, então, de todo esse contexto da crise ambiental e todos os
problemas que, como consequência, vêm surgindo, o presente trabalho tem como
proposta desenvolver uma pesquisa partindo na seguinte pergunta: Qual a percepção
dos fortalezenses quanto às questões ambientais e sustentabilidade nos dias atuais e
suas opiniões quanto ao impacto do projeto Ecoponto na cidade?
1.1 Objetivos
1.1.1 Geral
O objetivo deste artigo é delinear um quadro com a percepção dos
fortalezenses à gestão ambiental, a problemática dos resíduos sólidos e o perfil dos
principais usuários do projeto Ecoponto da prefeitura da cidade de Fortaleza.
1.1.2 Específicos
• Apresentar uma resenha sobre a gestão ambiental nas organizações e da
problemática da sustentabilidade na sociedade: Da Conferência de Estocolmo
até a construção da Agenda 2030 e dos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS's);
12
• Dissertar sobre a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), Educação
Ambiental (EA) e o quadro do Brasil na questão dos resíduos sólidos urbanos
(RSUs);
• Delinear a percepção dos fortalezenses sobre os conceitos apresentados
anteriormente e o perfil dos usuários dos Ecopontos de Fortaleza
correlacionado ao alcance da sustentabilidade.
1.2 Justificativa
A justificativa para a realização do trabalho advém, principalmente, da
preocupação pessoal com as questões ambientais. A abordagem de temas como
educação ambiental e gestão dos resíduos sólidos a nível público e privado deve
ganhar espaço não só no meio científico, mas, também, nas comunidades por meio
de uma linguagem acessível e por projetos.
Logo, a elaboração desse projeto procura contribuir tanto para a
comunidade científica quanto para o processo de conscientização de todos aqueles
que compõem a sociedade.
1.3 Apresentação
Além dos elementos pré-textuais e da presente introdução, este artigo traz
consigo algumas informações sobre o processo de preocupação ambiental no
contexto mundial atual, das organizações à sociedade. Assim, apresentando um
pouco os eventos que ocorreram em prol do meio ambiente desde a Conferência de
Estocolmo, em 1972, ao Acordo de Paris, realizado em 2015.
Após esse panorama geral, discutir um pouco sobre a Política Nacional dos
Resíduos Sólidos (PNRS) e da Educação Ambiental no Brasil e como essas
condicionantes interferem no manejo dos resíduos sólidos e no alcance da
sustentabilidade plena. E, em seguida, introduzir alguns dados sobre o projeto
13
Ecoponto em Fortaleza e sua contribuição para a sustentabilidade socioeconômica e
ambiental.
Por fim, realizar a exposição dos dados obtidos em uma pesquisa online
feita para entender melhor sobre as opiniões e hábitos dos fortalezenses no que diz
respeito a sustentabilidade, práticas ambientais, gestão dos resíduos sólidos e do
projeto Ecoponto.
14
2 UM PANORAMA DA GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES E DA
PROBLEMÁTICA DA SUSTENTABILIDADE NA SOCIEDADE
Este referencial teórico irá apresentar alguns conceitos relacionados à
gestão ambiental, ao manejo de resíduos sólidos e do papel dos governos e da
sociedade civil nessas questões. Além disso, buscar o entender a evolução do
pensamento de forma sustentável por parte da sociedade e os eventos que ocorreram
em prol do meio ambiente.
Um dos primeiros desses grandes eventos, estabelecido pela Organização
das Nações Unidas (ONU), foi a Conferência de Estocolmo, ocorrida na capital da
Suécia para a que ocorresse a discussão sobre meio ambiente e o papel dos países
para o alcance de um desenvolvimento econômico e social equilibrado para o não
comprometimento das gerações futuras.
2.1 A Gestão Ambiental nas organizações e o prelúdio da pauta ambiental no
mundo globalizado: A Conferência de Estocolmo e a evolução da
sustentabilidade
No atual cenário mundial de desenvolvimentismo e constante evolução
tecnológica, pode-se perceber uma mudança constante por parte das empresas para
sobreviverem dentro de um mercado tão competitivo. Esse novo modelo que guia as
organizações atualmente, partem de princípios e posicionamentos cobrados pela
sociedade, onde não basta que as empresas ofereçam apenas qualidade e preço
competitivo, mas também um comprometimento com as causas ambientais e seus
impactos. (BUSCH; RIBEIRO, 2009)
Segundo D’Avignon (1996) A gestão ambiental é conceituada uma das
funções de competência da gerência que trata determina e implementa as devidas
diretrizes ambientais no ambiente organizacional. A gestão ambiental adotada dentro
de uma empresa está ligada, então, a uma forma de implementar a política ambiental
disposta institucionalmente e, tornar assim, as práticas do empreendimento mais
15
sustentáveis. Isso inclui, por exemplo, ações como promover educação ambiental dos
colaboradores, redução de resíduos sólidos e gastos com água e energia.
Para Barbieri (2017), a gestão ambiental ou administração ambiental diz
respeito a forma de realização de atividades administrativas a fim de evitar problemas
ambientais futuros e eliminar ou compensar os que ocorrem no presente. O autor
destaca, ainda, que grandes catástrofes ambientais como a de Chernobyl e de
Minamata tiveram uma grande contribuição para preocupação ambiental que existe
nos dias de hoje.
Ao falar de gestão ambiental e sua importância no âmbito empresarial e
social é importante considerar alguns aspectos, dentre eles, a sustentabilidade.
Segundo Thame (2007) a sustentabilidade é o processo para alcançar o
desenvolvimento humano, aliando o crescimento econômico, o uso consciente dos
recursos naturais do planeta e a realização desses processos de modo inclusivo e
igualitário. A sustentabilidade é a maneira de atingir resultados que criam valor
sustentável. Significa uma nova forma de fazer negócios que, sem desprezar a
rentabilidade econômica, atua com responsabilidade social e ambiental. A
sustentabilidade representa um conjunto de valores que alicerçam as esperanças de
uma sociedade melhor sem a destruição do planeta.
Sachs (1994) sustenta a ideia de que a sustentabilidade de um
empreendimento deve ser analisada nas seguintes dimensões básicas: social,
econômica, ambiental, espacial e cultural. Do ponto de vista social, o projeto deve
contribuir para a redução das desigualdades; na dimensão econômica, deve
possibilitar a participação das pessoas no processo produtivo e remunerá-las por isso;
a análise ambiental deve verificar se a atividade está sendo desenvolvida de maneira
racional com viabilidade ambiental de maneira a não impossibilitar sua existência
futura; na dimensão espacial, o empreendimento deve valorizar as características
específicas do local em que está inserido; e, ao respeitar e valorizar os conhecimentos
tradicionais, estará favorecendo a dimensão cultural.
Segundo Dias (2009), devido à preocupação com a falta de recursos em
um futuro próximo, a partir da década de 60, começou a surgir vários questionamentos
sobre sustentabilidade. Em 1962, foi publicado o livro A primavera silenciosa (Silent
Spring), de Rachel Carson. O livro é considerado um marco para os estudos em
16
sustentabilidade e alertava sobre os perigos de pesticidas sintéticos, como o DDT
(Dicloro-difenil-tricloroetano), tanto para o homem quanto para a natureza.
Dez anos mais tarde do lançamento do livro, em junho de 1972, se dava a
Conferência da Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, também chamada
de Conferência de Estocolmo, na capital da Suécia.
Dentre os autores que escreveram sobre a conferência, Lagos (2007,
p.17,18) enfatiza que:
A Conferência de Estocolmo (Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente Humano, 1972) foi a primeira grande reunião organizada pelas
Nações Unidas a concentrar-se sobre questões de meio ambiente. Sua
convocação foi consequência da crescente atenção internacional para a
preservação da natureza, e do descontentamento de diversos setores da
sociedade quanto às repercussões da poluição sobre a qualidade de vida das
populações. A atenção da opinião pública e as pressões políticas verificavam-
se principalmente nos países industrializados, onde as comunidades
científicas e um número crescente de organizações não-governamentais
conquistavam amplo espaço para a divulgação de suas denúncias e alertas.
A Conferência introduziu alguns dos conceitos e princípios que, ao longo dos
anos, se tornariam a base sobre a qual evoluiria a diplomacia na área do meio
ambiente.
Nesse período de transição, as questões ambientais estavam deixando de
ser pauta apenas da comunidade científica e passando a ser um debate
socioeconômico a nível mundial. Com o debate da interação do homem com o meio
ambiente à tona, a ONU, depois de 20 anos, organizou mais uma conferência para
discutir essas questões, a RIO 92.
2.2 RIO 92, Rio +10 e Rio +20: Meio ambiente em pauta
A RIO 92, ocorrida em 1992 e também chamada de Cúpula da Terra,
contou com a participação de 172 países e 108 chefes de Estado e obteve como um
dos seus principais resultados, a Agenda 21, documento que estabeleceu que as
nações e suas entidades públicas e privadas junto à população têm uma grande
importância no comprometimento e cooperação dos problemas socioambientais a
nível global.
17
Ainda segundo Lagos (2007, p 53), a RIO 92, por sua vez, foi convocada
para elaborar
estratégias e medidas para parar e reverter os efeitos da degradação
ambiental no contexto dos crescentes esforços nacionais e internacionais
para a promoção do desenvolvimento sustentável e ambientalmente
adequado em todos os países.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU, 2017), dez anos
mais tarde (2002), em Johanesburgo, na África do Sul, ocorre a RIO +10, conferência
realizada para discutir os resultados da Agenda 21, estabelecida na RIO 92.
Segundo Diniz (2002) não havia muitas novidades na nova agenda,
chamada de Johannesburg Declaration, onde continuava em pauta grandes
problemas sociais enfrentados, entre estes o combate à pobreza e a fome, a proteção
à biodiversidade, questões de saneamento básico, xenofobia entre outras. Além disso,
é destacado, pela primeira vez, os problemas associados à globalização já que tanto
os benefícios quanto os custa associados a ela, eram desiguais. Os resultados da
RIO+10, também chamada de Cúpula Mundial, não foram muito satisfatórios em um
ponto de vista ambiental. Nesse sentido, a maior problemática enfrentada na época
era a dualidade entre desenvolvimento econômico e a sustentabilidade. No evento,
grandes potências se mostraram relutantes a algumas metas estabelecidas anos
antes, como a redução dos gases de efeito estufa.
E, marcando 20 anos da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento ocorrida em Estocolmo, é realizada a RIO+20 no Rio de
Janeiro, em 2012. A nova conferência objetivou, ainda, renovar o comprometimento
político com o desenvolvimento sustentável. O novo documento desenvolvido na
conferência, intitulado de “O Futuro que Queremos” teve como destaque o
compromisso de erradicação da pobreza e o fortalecimento de programas da ONU
sobre o meio ambiente.
Por fim, em 2015, em Nova Iorque, os países da ONU definiram os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com o desenvolvimento da Agenda
2030.
18
2.3 O Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS’S)
Com todo o panorama desde a primeira conferência, em 1972, até hoje,
todas as discussões sobre o desenvolvimento sustentável foram ganhando cada vez
mais espaço em pautas políticas e sociais. Por fim, em 2015, ocorreu o Acordo de
Paris, onde mais uma vez se discutiu uma atualização no plano para os próximos anos
e se desenvolveu um novo documento, a Agenda 2030, estabelecendo os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Como um de seus principais objetivos, a
nova conferência procurou fortalecer a ameaça da mudança climática, além de todas
as outras problemáticas já discutidas nos eventos que o antecederam.
Segundo o Relatório Nacional Voluntário sobre os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (Segov, 2017), a Agenda 2030 inclui 17 ODS que, por
sua vez, apresentam 169 metas com o intuito de traçar uma visão integrada para o
desenvolvimento do mundo todo. O relatório indica que os ODS foram baseados nos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos no ano 2000, que se
mostraram responsáveis por um grande progresso na promoção do desenvolvimento
humano até 2015.
Entre os objetivos elaborados na conferência de 2015, um dos mais
pertinentes à presente pesquisa, tem se o Consumo e Produção Responsáveis (12º
Objetivo). Este conta com uma série de metas a serem praticadas em todos os países
no que concerne a assegurar padrões de produção e consumo mais sustentáveis,
entre eles: até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos
naturais, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, reduzir
substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução reciclagem
e reuso, além de outras metas relacionadas a conscientização do consumo e
produção humana. (ONU, 2015)
Para que todas essas metas das agendas já determinadas pela ONU,
desde a conferência de Estocolmo até os ODS, tenham um resultado eficiente, é
necessário a cooperação de todos os países. Então, considerando tantas questões a
serem revisadas no que concerne ao meio ambiente no Brasil, mais especificamente
à boa gestão dos resíduos sólidos, em agosto de 2010, foi aprovada, a nível federal,
19
a lei 12.305 (BRASIL, SENADO FEDERAL, 2010). O documento intitulado de Política
Nacional dos Resíduos Sólidos apresenta-se de forma unificada para todo país, com
o intuito de determinar e orientar uma melhor gestão desses resíduos.
3 DISCUTIR SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS),
EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) E O QUADRO DO BRASIL NA QUESTÃO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU).
Para o entendimento da PNRS faz-se necessário compreender a
importância da formulação de políticas públicas não apenas no âmbito dos resíduos
sólidos dentro de uma sociedade. Uma política pública, de modo geral, é o resultado
do planejamento do setor público para a implementação de uma política que possui a
função de promover o bem-estar social.
É preciso observar, porém, que o bem estar social está interligado com
diversos fatores como saneamento, segurança, transporte e a saúde da sociedade.
Este capítulo tem a intenção de apresentar políticas públicas voltadas para duas das
condicionantes essenciais ao que tange ao bem estar social: os resíduos sólidos e a
educação ambiental.
3.1 A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS)
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (ABRELPE, 2019), em 2018, foram geradas 79 milhões de
toneladas (216.629 toneladas diárias) de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil,
onde 92% (72, 7 milhões) foi coletado e o restante, 6,3 milhões de toneladas, não
foram devidamente recolhidos em locais de geração. Os dados indicam que, das 72,7
milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos coletados, apenas 59,5% obteve a
destinação adequada, os 40,5% restantes foram para aterros e lixões controlados,
20
onde não possuem diversos sistemas para proteção da saúde humana e o manejo
adequado dos resíduos.
Tendo em vista essa grande quantidade de resíduos sólidos produzidos
todos os dias no Brasil, torna-se necessário uma maior atuação por parte do Estado
para estimular uma melhor gestão desses resíduos. A Política Nacional dos Resíduos
Sólidos (PNRS), por sua vez, é um corpo legal com um conjunto de diretrizes a fim de
determinar alguns aspectos importantes ao que concerne ao manejo ideal dos
resíduos sólidos dentro do território nacional.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios,
objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo
Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito
Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. (BRASIL,
2010).
De acordo com Godoy (2013), no entanto, salienta que ao analisar a PNRS
de forma crítica, a sua aplicação efetiva no território nacional é um grande desafio ao
considerar as contradições e as disparidades regionais e intraurbanas no país. No
contexto de pequenos e pobres municípios espalhados por todo o Brasil, a PNRS
pode se tornar inviável por falta de recursos. Da mesma forma, há também muitos
municípios que poderiam incluir essas questões nos seus orçamentos e mesmo assim
possuem um quadro lastimável quando se trata do setor de resíduos sólidos, o que
indica negligência nessas questões por parte da gestão desses municípios.
Segundo Barbieri (2017) a maior parcela das complicações ambientais que
existem na atualidade são adventos do uso descontrolado dos seres humanos do
meio ambiente ao extrair recursos naturais para produção de bens e serviços e o
descarte do que não será necessário em forma de poluição.
Ademais, a PNRS procurar estabelecer algumas diretrizes a serem
seguidas para que ocorra, de fato, uma boa gestão dos resíduos sólidos dentro do
território nacional. Todavia, essa boa gestão deve contar com a participação de toda
a sociedade. Logo, como formuladores de políticas públicas, os governos têm que
contribuir também com a Educação Ambiental para que a informação adequada
chegue em toda a população.
21
3.2 A Educação Ambiental (EA) e a Sustentabilidade
É importante considerar que para o alcance dos ODS e da própria PNRS é
essencial que a sociedade e os governos busquem formas de contribuir para a
eficiência, efetividade e eficácia das políticas públicas. A proposta da EA, por sua vez,
é a de facilitar essa comunicação entre os formuladores das políticas públicas e dos
indivíduos que compõe aquela sociedade de modo a promover uma mudança cultural
e de comportamento na sociedade.
Para o cumprimento das boas práticas ambientais desses indivíduos, faz-
se necessário a devida EA desde a educação básica. Assim, com o intuito de prover
um marco normativo para a questão da Educação Ambiental, o Governo Federal
aprovou, a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, onde institui a Política Nacional de
Educação Ambiental (PNEA).
De acordo com a lei, a educação ambiental fundamenta-se no
desenvolvimento de uma compreensão do meio ambiente envolvendo aspectos
éticos, econômicos, ecológicos, legais, políticos, sociais, psicológicos, científicos e
culturais. Além disso, institui que a educação ambiental deve estar presente em todos
os níveis e modalidades do ensino formal, desde a educação básica até a educação
de jovens e adultos. (BRASIL, 1999)
Quando se trata, por exemplo, da questão dos resíduos sólidos urbanos, a
EA se apresenta de forma elementar para o combate à ignorância e ao agravamento
de problemas relacionados ao lixo. Como uma forma de lutar contra essa problemática
dos resíduos sólidos, a Prefeitura de Fortaleza iniciou o projeto Ecoponto. Os
Ecopontos são unidades gratuitas de coleta de lixo para a população. A iniciativa,
sendo realizada em com uma EA adequada, mostra-se com grande potencial para a
redução dos resíduos sólidos nas casas, seja por meio de reutilização, reciclagem ou
um consumo mais consciente.
22
4 PROJETO ECOPONTO EM FORTALEZA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA UM
MUNDO MAIS SUSTENTÁVEL
Ferramentas como o Ecoponto sendo trabalhadas em conjunto com a
Educação Ambiental torna-se uma boa estratégia para os governos, já que, quando
as próprias pessoas vão às unidades para fazer o deposito dos resíduos obtém-se
alguns benefícios sociais, entre eles a redução da quantidade de concentração de lixo
na cidade, a diminuição da incidência de lixo tóxico misturado com o lixo comum e
outros problemas que serão introduzidos nesse capítulo.
Segundo a Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza (URBFOR)
os Ecopontos são unidades para o descarte adequado de diversas categorias de
resíduos, entre eles: entulho, restos de poda, móveis velhos, óleo de cozinha, papel,
papelão, plásticos, vidros e metais. O projeto faz parte do programa Recicla Fortaleza
e possui a Coordenadoria Especial de Limpeza Urbana como área responsável.
De acordo com as informações disponíveis no portal do Governo do Estado
do Ceará, o projeto Ecoponto tem como finalidade contribuir com a diminuição e
melhor gestão dos resíduos sólidos na cidade ao incentivar as pessoas a levarem
RSU de diversas naturezas. Devido a parceria da Prefeitura de Fortaleza com a Enel
Distribuição Ceará (Enel) e com o Sindicato das Empresas de Transporte de
Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), ao levar os materiais recicláveis aos
Ecopontos os contribuintes terão um desconto na conta de energia ou créditos no
Bilhete Único, dessa forma, incentivando o retorno do usuário às unidades, além de
tornar a ação benéfica para toda a comunidade.
Dentro dessas informações consta, também, especificamente os materiais
que podem ser aproveitados nos Ecopontos e como o usuário vai proceder ao levar
os resíduos até a unidade que o for mais conveniente:
Para atender à população, há em todos os Ecopontos um funcionário da
Ecofor Ambiental, concessionária da Prefeitura de Fortaleza, responsável
pela gestão de resíduos sólidos urbanos, transmitindo orientações e
recebendo o material. Um outro funcionário atesta a quantidade de resíduos
depositados em cada contêiner dos Ecopontos (FORTALEZA, 2019).
23
A iniciativa começou em 2015 com o primeiro Ecoponto no bairro de Fátima
e, atualmente, em 2020, possui 70 unidades, soma 120 mil toneladas de materiais
coletados e já gerou um benefício superior a R$ 600 mil, distribuídos na conta de
energia de mais de 26.500 usuários cadastrados no sistema. O projeto visa também
conscientizar a população que a questão dos resíduos sólidos não é um dever apenas
das entidades governamentais, mas de todos os cidadãos. (Prefeitura de Fortaleza,
2020)
Projetos como o Ecoponto, além de gerarem empregos diretos e indiretos
no setor de RSU, como para catadores de materiais recicláveis e empresas de
reciclagem, também envolvem questões mais complexas dentro de uma visão
sistêmica. Ferramentas governamentais como o Ecoponto possuem um papel crucial
para o alcance da sustentabilidade. Isso porque, um manejo adequado de resíduos
sólidos contribui para o desenvolvimento da sociedade em diversos aspectos, como
na saúde pública, infraestrutura, bem estar da flora e fauna da região, entre outros.
Práticas inadequadas no que concerne à disposição dos resíduos sólidos
podem acarretar, entre outras coisas, proliferação de vetores que transmitem
doenças, enchentes, contaminação de corpos d’água, mau cheiro na região e poluição
visual (MUCELIN; BELLINI, 2008).
Adas (2002) coloca que, nas grandes cidades, onde existe uma maior
concentração de habitantes em uma determinada área, acaba por transformar essas
regiões em verdadeiros criadouros de insetos e roedores, além de causar penetração
de chorume no solo, que resulta na poluição de lençóis freáticos.
Segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia (BRASIL, 2009), os resíduos
sólidos podem, inclusive, contribuir com aumento de emissão de Gases de Efeito
Estufa (GEE) já que o acúmulo desses materiais propicia condições anaeróbicas que
resultam na produção de gás metano (CH4).
Levando em conta, então, a magnitude dos impactos que os resíduos
sólidos podem causar, iniciativas relacionadas a uma boa gestão desses materiais se
apresentam como importantes contribuintes para um desenvolvimento de uma
sociedade mais sustentável.
24
Dessa forma, o projeto Ecoponto se mostra como uma ferramenta com
grande potencial para contribuir com a adequação da PNRS e com a sustentabilidade
econômica da cidade de Fortaleza. Isso, porém, só será possível com a participação
não apenas dos governos, mas de toda a população.
25
5 METODOLOGIA
O presente artigo consiste em um método de pesquisa descritiva e
exploratória, onde, a partir de pesquisas bibliográficas, pretende apresentar um
panorama histórico de questões ambientais, da gestão ambiental, do desenvolvimento
sustentável e a relevância que esses temas vêm ganhando ao redor do mundo. Em
seguida, com base em leis e diretrizes nacionais, discorrer sobre a problemática dos
resíduos sólidos no Brasil e, então, apresentar o projeto Ecoponto no município de
Fortaleza.
Após o desenvolvimento da revisão teórica sobre essas questões, analisar os
resultados de 130 respostas obtidas em um questionário feito online para cidadãos da
cidade de Fortaleza, para assim, expor as opiniões e costumes dos fortalezenses no
que diz respeito à sustentabilidade, resíduos sólidos, gestão pública e práticas
ambientais.
A pesquisa é uma amostra aleatória, intencional, não probabilística e é de
natureza qualitativa por referenciar dados de pesquisas de autores da área e por
realizar coleta de dados de cidadãos fortalezenses que foram e que não foram aos
Ecopontos. Assim, através de gráficos e tabelas, quantificar algumas variáveis em
relação as opiniões e costumes e, consequentemente, expor os resultados obtidos.
A elaboração do questionário, por sua vez, foi através da plataforma Google
Formulários e sua disseminação foi via o aplicativo WhatsApp. Dessa forma, para
coletar dados e analisar os resultados empíricos em contraponto ao referencial
teórico, foi necessário recorrer ao método survey a fim de atingir os objetivos da
pesquisa.
Segundo Freitas (2000), o método survey é utilizado para a obtenção de
dados ou para o levantamento de informações relevantes no que dizem respeito as
características, ações e opiniões de um determinado grupo de pessoas. Apresenta-
se, ainda, como características desse método, a busca por descrições quantitativas
de sua amostra e geralmente utiliza-se um questionário como instrumento de
pesquisa.
26
Considerando tais características, o método se apresentou de forma
oportuna para o trabalho visto que o instrumento da pesquisa foi um questionário que
busca descrições quantitativas sobre opiniões e hábitos dos fortalezenses sobre
questões ambientais e sobre o projeto Ecoponto.
Outra ferramenta de pesquisa utilizada foi a escala Likert que, segundo Da
Silva Junior e Costa (2014), é usada para medir variáveis como percepções e
interesses dos entrevistados. Ou seja, a escala traz uma certa subjetividade nas
respostas visto que esse método consiste em uma resposta avaliada em nível de
concordância com o assunto tratado na questão, onde a primeira escolha (1)
representa total discordância, a segunda (2) discordância parcial, a terceira (3) uma
resposta neutra, a quarta (4) concordância parcial e a quinta (5) a total concordância
com a afirmação.
O universo das pessoas que usam os Ecopontos é bem maior do que o
observado na pesquisa. Inicialmente, a método da pesquisa contava com a entrevistas
presenciais com os usuários nas próprias unidades dos Ecopontos, porém, devido à
pandemia do Covid-19, a atividade foi interrompida e, por medidas de segurança,
houve a necessidade da aplicação do questionário via internet.
Como mencionado, as respostas contaram tanto com as pessoas que já
foram, quanto com as que não foram aos Ecopontos. Observou-se, de antemão, que
das 130 respostas, apenas 31 pessoas vão ou já foram aos Ecopontos, representando
23,8% do todo.
O questionário em si, consiste em 24 perguntas, incluindo o perfil
socioeconômico dos entrevistados, experiência com os Ecopontos – caso a pessoa
tenha ido – e perguntas de opinião sobre os temas estudados na pesquisa. Dessa
maneira, as respostas são representadas em gráficos e tabelas para a análise dos
resultados obtidos e, assim, ser possível entender o comportamento e práticas dos
fortalezenses em relação a questões ambientais e dos resíduos sólidos.
27
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa contou com uma análise feita através de um questionário
elaborado com a professora orientadora por meio do Google Formulários, e foi
composto de 24 questões que foram enviadas via online pelo aplicativo WhatsApp de
acordo com as conexões pessoais do autor, da professora orientadora e de alguns
grupos das turmas de administração da Universidade Estadual do Ceará que
obtivemos acesso.
Ao total, obtivemos a resposta de 130 pessoas e, de forma intencional,
todas residentes da cidade de Fortaleza. O questionário foi enviado dessa maneira
dentro do prazo de uma semana no período do dia 31/3/2020 ao dia 6/4/2020.
A análise dos resultados ocorre na ordem de, primeiramente, apresentar o
perfil socioeconômico dos entrevistados, em seguida, demostrar alguns dados
pertinentes sobre o uso dos entrevistados que frequentam os Ecopontos e, por fim,
analisar as opiniões e hábitos destes entrevistados sobre sustentabilidade, resíduos
sólidos, Educação Ambiental e outros temas abordados no trabalho.
6.1 A amostra dos entrevistados e o perfil socioeconômico
É importante compreender que a pesquisa contou com a participação de
três perfis diferentes de pessoas: com as que foram/frequentam os Ecopontos (23,8%
dos entrevistados), com pessoas que conhecem os Ecopontos, mas nunca foram
(63,8% dos entrevistados) e com as pessoas que nunca tinham ouvido falar deles,
logo, também nunca foram (12,3% dos entrevistados). A soma dos três perfis
compreende a 100% (130 pessoas) das respostas obtidas.
A pesquisa prioriza a abordagem para a totalidade dos entrevistados e para
os entrevistados que foram/frequentam os Ecopontos, respectivamente.
6.1.1 Perfil socioeconômico da totalidade de entrevistados
Quanto ao perfil socioeconômico dos entrevistados como um todo, os
dados obtidos da pesquisa constataram que as respostas foram majoritariamente
28
realizadas por mulheres, onde 66,9% das respostas eram de pessoas do sexo
feminino e 33,1% do sexo masculino.
A idade média dos entrevistados se concentra, principalmente, em dois
polos: 42,3% possui entre 20 e 30 anos de idade, provavelmente devido a
disseminação do formulário entre universitários. E o outro polo, na faixa etária acima
de 50 anos (30,8%), próximos da terceira idade, mas que se cogita ter informação
sobre a necessidade de descartar os resíduos de forma correta e consciente.
A pesquisa ainda observou a renda familiar dos entrevistados. Assim, a
escolha com maior ocorrência foi “de cinco a dez salários mínimos” com 30,8%,
seguido de “dois a cinco salários mínimos” com 30% e “mais de dez salários mínimos”
com 23,1%.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017), no
panorama geral dos municípios do Brasil, Fortaleza possui um salário médio mensal
de aproximadamente 2,7 salários mínimos. Por tanto, analisando parcialmente, torna-
se importante enfatizar que os entrevistados se encontram em uma classe social
favorecida frente a situação do município como um todo.
Por fim, a pesquisa também aponta a escolaridade dos entrevistados, onde
mais de 50% possui ensino superior e mais de 30% têm o ensino superior incompleto,
indicando uma alta escolaridade destes indivíduos.
Ao fazer um paralelo com a importância da Educação Ambiental na
população, as informações obtidas quanto ao perfil socioeconômico dos
entrevistados, indica que estes, por possuírem um maior grau de escolaridade,
tenham também um maior discernimento e percepção dos impactos causados no meio
ambiente na atualidade.
6.1.2 Perfil socioeconômico dos entrevistados que foram/frequentam os
Ecopontos
Entre a totalidade das 130 respostas, apenas 31 pessoas já foram ou
frequentam os Ecopontos. Os dados obtidos da pesquisa constataram que, aqui
também, as respostas foram majoritariamente realizadas por mulheres, onde das 31
respostas, 21 eram de pessoas do sexo feminino e 10 do masculino.
29
Quanto ao perfil socioeconômico destes entrevistados tem-se que a renda
familiar com maior incidência foi a “de cinco a dez salários mínimos” (35,48%), seguido
da renda familiar de “acima dos dez salários mínimos”, com 22,58% das respostas.
Já o nível de escolaridade com maior incidência foi o de “Ensino Superior
Completo” (54,83%), e depois o de “Ensino Superior Incompleto” com 32,35% das
respostas. Quanto a idade, os entrevistados que possuíam entre 20 a 29 anos
constituíam 35,48% das respostas, seguido dos entrevistados que possuíam de 41 a
50 anos, com 19,51%.
O resultado obtido do perfil socioeconômicos (sexo, idade, renda e grau de
instrução) dos entrevistados que foram aos Ecopontos evidencia que o questionário
foi mais disseminado para acadêmicos, mais especificamente, da Universidade
Estadual do Ceará.
Em meio as respostas das pessoas que foram ou frequentam os
Ecopontos, o bairro de moradia com maior incidência foi o Aldeota, seguido dos
bairros Guararapes e Maraponga. Já os Ecopontos mais visitados foram os dos
bairros: Guararapes, Cocó e Fátima.
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano dos Bairros de Fortaleza
(SDE, 2014), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do bairro Aldeota se
encontra em segundo lugar na lista de 119 bairros da cidade, com o índice pontuado
em 0,866535396. O bairro de Fátima se encontra em 9º lugar, Guararapes em 10º
lugar e Maraponga em 44º lugar da lista.
Essas informações sobre a classificação socioeconômica destes
entrevistados se mostram de grande valia para a constatação dos resultados
posteriores já que indicam um pensamento diferenciado frente as questões ambientais
e sociais.
Cogita-se, então, que o fato de as respostas pertencerem,
majoritariamente, a cidadãos que vivem em áreas nobres de Fortaleza e, assim,
possuam uma maior escolaridade influencie, por sua vez, na motivação da pessoa
para realizar a coleta. Onde, no caso, provavelmente um dos motivos que faça com
que o indivíduo a pratique seja devido à preocupação com o meio ambiente.
6.2 ECOPONTO: o equipamento público de gestão dos resíduos sólidos pela
prefeitura de Fortaleza
30
Segundo informações obtidas no questionário, 87,7% das pessoas já
conheciam os Ecopontos e 12,3% nunca tinham ouvido falar dele. Mesmo assim,
apenas 23,8% das pessoas frequentam ou já foram aos Ecopontos, enquanto 76,2%
nunca foram. Os números mostram, dessa forma, que o processo de divulgação dos
Ecopontos ainda se mostra ineficiente haja vista que, apesar de conhecerem, muitas
pessoas nunca foram, logo, a maioria das pessoas ainda não possuem a prática de
efetivamente realizar a coleta seletiva junto às unidades. Além disso, mais de 10% se
quer tinha conhecimento do projeto, que se apresenta um indicativo da ineficiência da
divulgação por parte da prefeitura.
Destes que usam o Ecoponto, aproximadamente 50% o fazem apenas
ocasionalmente para realizar o despejo dos resíduos e quase 30% foram apenas uma
vez. Além disso, como dito anteriormente, os Ecopontos mais frequentados entre os
entrevistados se encontram nos bairros Guararapes, Cocó e Fátima.
Entre as perguntas o questionário buscou saber, também, como esses
usuários ficaram sabendo do projeto inicialmente. A Tabela 1 indica que a maioria das
pessoas descobriram o projeto por terem visto ao passar na frente, seguido por
“Propagandas da prefeitura” e, depois, por “Indicação de amigos”. De todo modo, o
projeto ainda permanece com pouca divulgação já que a maioria descobriu alguma
das unidades ao passar em frente
A pergunta referente a Tabela 1 foi respondida pelas pessoas que
foram/frequentam os Ecopontos e para algumas pessoas que conheciam, mas que
nunca foram. Essa amostra contou com 70 das 130 pessoas entrevistadas.
Tabela 1 – Meio que o entrevistado tomou conhecimento do projeto Ecoponto
Como o entrevistado ficou Quantidade Porcentagem
sabendo do projeto
Propaganda da prefeitura 22 31,4%
Através de amigos 17 24,3%
Quando precisei uma vez 1 1,4%
Passei na frente e vi 27 38,6%
Trabalho com reciclagem 1 1,4%
Faculdade / Pesquisa 2 2,8%
Total 70 100%
31
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
Ou seja, como foi mencionado, a maioria das pessoas conheceram o
projeto por acaso. Isso indica que, apesar de muitas pessoas também terem
conhecido os Ecopontos por propaganda, ainda existe a necessidade de reforçar essa
divulgação por parte da prefeitura como uma iniciativa à própria Educação Ambiental.
A coleta seletiva: principais materiais coletados
Quando perguntado a motivação do entrevistado a realizar a coleta
verificou-se que mais da metade das pessoas respondeu que a sua maior motivação
para realizar a coleta seletiva junto aos Ecopontos foi a preocupação com o meio
ambiente, confirmando a hipótese mencionada no tópico 6.1.2 onde, por terem um
maior nível de escolaridade, provavelmente realizariam a coleta seletiva por razões
de consciência ambiental. Depois dessa, as outras respostas com maior ocorrência
foram: “Não sabia onde descartar alguns resíduos” e “Desconto na conta de
luz/Bilhete Único” que mostra que alguns usuários ainda requerem algum tipo de
benefício imediato como incentivo para realizar a prática da coleta.
Uma minoria respondeu, ainda, que frequenta os Ecopontos porque
trabalha com reciclagem ou mora/trabalha próximo de uma das unidades. Como o
resultado da amostra de pessoas que responderam foi entre colegas, familiares e
amigos do autor e da professora orientadora e considerando que o formulário foi
enviado de forma aleatória por WhatsApp entre grupos e amigos deste universo a
amostragem se mostrou um pouco enviesada.
Constatou-se, como mostrado no Gráfico 3, que os materiais mais levados
para os Ecopontos foram vidros, seguidos de plásticos, papeis, metais e óleos de
cozinha. Uma minoria das respostas foram entulhos e podas de plantas, um indicativo
de que a maioria dos entrevistados são pessoas físicas que fazem o descarte de
resíduos sólidos do cotidiano como latinhas de metal e embalagens plásticas e de
vidro.
32
Gráfico 1 - Os principais resíduos coletados pelos Ecopontos
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
É possível observar, também, que os resíduos menos descartados são
eletrônicos, pilhas e baterias. Esses materiais, por sua vez, possuem um alto índice
de toxidade e não se devem se misturar com o lixo comum. Ao considerar isso, é
essencial que as pessoas tenham o hábito de priorizar a divisão desse tipo de resíduo
para o descarte adequado.
6.3 Conhecimento e opiniões dos entrevistados sobre Sustentabilidade,
Meio Ambiente, Ecopontos e Políticas Públicas
Sobre os temas gerais relacionados com sustentabilidade, meio ambiente
e papel dos governos, os usuários revelaram as suas opiniões, como dito na
metodologia, pelo princípio da escala Likert, em um grau de concordância de 1 a 5,
onde “1” representa a total discordância e “5” a total concordância com a pergunta.
Como é representado no Gráfico 4, quando perguntado a percepção das
pessoas no que tange à responsabilidade socioambiental praticada pelas
organizações brasileiras, quase 37% se mostrou indiferente. Essa posição,
33
possivelmente, demostra que grande parte das pessoas não tem muita informação
sobre a forma que as organizações lidam com questões sociais e ambientais. Porém,
mais de 40% acredita que as organizações brasileiras não possuem esse
comprometimento socioambiental, indicando pela a amostra, que existe também uma
grande reprovação dos brasileiros nesse quesito.
Gráfico 2 - Percepção sobre a responsabilidade socioambiental
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
Já com Gráfico 5 é visível um maior nível de discordância quanto se fala
do brasileiro em si e suas práticas relacionadas com o meio ambiente, práticas
essas, como economizar água e ter mais consciência do impacto dos resíduos
sólidos no meio natural. O resultado da resposta pode advir de diversos cenários ao
considerar a vida dos entrevistados. Porém, considerando novamente o nível de
escolaridade dos entrevistados, esse resultado possivelmente é por causa da
Educação Ambiental e, consequentemente, preocupação com o meio ambiente.
34
Gráfico 3 – Principais ações ou práticas ambientais dos brasileiros
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
Com uma breve explicação sobre o que são os ODS abordados no
trabalho, os entrevistados responderam a sua percepção sobre a relação dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com o projeto Ecoponto. No gráfico 6
está representada essa resposta, onde mais de 60% concorda totalmente que o
projeto Ecoponto de fato contribui para o alcance deles ao atender, por exemplo, ao
ODS de número 11: Consumo e Produção Responsáveis. Assim, o fato de ações e
hábitos voltados para um consumo consciente ter estado em pauta na atualidade,
pode ter influenciado no posicionamento dos entrevistados.
35
Gráfico 4 - Os Ecopontos como uma Política Pública para atingir os ODS
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
Como já apresentado anteriormente na pesquisa, a educação ambiental,
desde a infância, tem um papel essencial na formação de um indivíduo. No
questionário, foi procurado entender o quanto as pessoas entendiam essa
importância para o alcance do desenvolvimento pleno. No Gráfico 7 é revelado que,
quase por unanimidade, as pessoas de fato acreditam no caráter essencial que a
educação ambiental dispõe nos dias atuais.
36
Gráfico 5 - A Educação Ambiental como política para o alcance da
sustentabilidade
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
Os entrevistados responderam, no Gráfico 8, se acreditavam que a coleta
seletiva é um ato de sustentabilidade e quase 98% das respostas concentrou-se em
“4” e “5” dentro da escala de concordância, representando assim, um resultado
satisfatório e demostra que os entrevistados conseguem, de modo geral, atribuir o
devido valor da coleta seletiva para a sociedade e sua contribuição para o
desenvolvimento sustentável.
Gráfico 6 - Importância da coleta seletiva para o desenvolvimento sustentável
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
37
O Gráfico 9 constitui uma problemática muito pertinente na sociedade
atual no que diz respeito ao constante repasse de responsabilidade restritamente
aos governos. Ao tratar de questões socioambientais é preciso de uma cooperação
mútua de todas as entidades, incluindo sociedade civil, governos e empresas.
Gráfico 7 - Percepção dos entrevistados sobre os agentes causadores de
problemas ambientais
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
Portanto, a percepção dos entrevistados se mostra, em maioria, de
responsabilidade frente a questões ambientais. Não obstante, muitos ainda esperam
respostas coercitivas das autoridades governamentais como punições, regras e
regulamentos. Ou seja, muitas pessoas ainda se isentam da culpa dos problemas
ambientais causados e enfrentados atualmente.
Segundo o Art. 44º da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que
regulamenta a Política Nacional dos Resíduos Sólidos:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito de suas
competências, poderão instituir normas com o objetivo de conceder
incentivos fiscais, financeiros ou creditícios, respeitadas as limitações da Lei
Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade
Fiscal), a:
I - indústrias e entidades dedicadas à reutilização, ao tratamento e à
reciclagem de resíduos sólidos produzidos no território nacional;
II - projetos relacionados à responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos,
prioritariamente em parceria com cooperativas ou outras formas de
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por
pessoas físicas de baixa renda;
III - empresas dedicadas à limpeza urbana e a atividades a ela relacionadas.
(Brasil, 2010)
38
O Ecoponto, como dito na pesquisa, é um projeto de parceria entre a
Prefeitura de Fortaleza e a sua concessionária: a empresa Ecofor Ambiental. As
propostas da PNRS se mostram de grande valia para o incentivo de parcerias como
essa. Dessa forma, considerando a lei dos resíduos sólidos a nível nacional, o
questionário também procurou saber, na pergunta exposta no Gráfico 10, se, na
percepção dos entrevistados, a prefeitura de Fortaleza tem sido eficiente no
cumprimento da lei. As respostas, por sua vez, foram bem divididas, mas
propendendo à concordância. Ou seja, os fortalezenses acreditam que a PMF
(Prefeitura Municipal de Fortaleza) está sendo parcialmente eficiente no cumprimento
dessa lei.
Gráfico 8 - Eficiência da prefeitura de Fortaleza no cumprimento da lei
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
Outro fator determinante para uma boa gestão ambiental por parte dos
formuladores de políticas públicas, é a educação ambiental. Quando perguntado a
maior dificuldade em se fazer a seleção do lixo, a opção com maior incidência foi
“Educação Ambiental” e “Falta de Incentivo para a seleção do lixo”. Ou seja, no ponto
de vista dos entrevistados, as duas alternativas representam, consequentemente,
ineficiência por parte dos governos já que a promoção da EA e o incentivo as práticas
de coleta são ações passíveis de políticas públicas.
De modo a complementar a pergunta supracitada, o Gráfico 11 demostra
o quanto as pessoas acham que a prefeitura contribui com a promoção da Educação
39
Ambiental. O resultado com maior ocorrência a essa pergunta foi negativo, com mais
de 40% das respostas divididas em discordância total e parcial.
Gráfico 9 - Promoção da Educação Ambiental pela prefeitura
Fonte: Elaborado pelo autor – Dados da pesquisa
Esses resultados simbolizam um pouco que os fortalezenses ainda
acreditam que a prefeitura necessita investir mais na promoção da EA, atuando por
exemplo, com mais propagandas e projetos nas escolas.
Como discutido anteriormente, na fundamentação teórica, a EA é a base
para o fortalecimento de ações de planejamento e gestão dos ODS com alto e
duradouro impacto social, sendo um meio de mudança cultural e comportamental.
Por isso, EA é essencial para o sucesso de projetos como o Ecoponto e outras
políticas públicas que busquem promover a sustentabilidade.
40
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O caráter ágil e desenfreado do atual padrão de consumo tem levantado
algumas questões importantes de cunho ambiental e social. Uma delas é que como
consequência desse elevado nível de consumo, há proporcionalmente, uma alta na
produção de lixo, o que por sua vez, requisita novos hábitos da população e algumas
mediações das entidades governamentais.
Dentro desse debate socioambiental, a prefeitura de Fortaleza, propõe o
projeto Ecoponto com o intuito de melhorar o quadro de resíduos sólidos da região.
Desse modo, por meio dos resultados observados na pesquisa, é possível perceber
que, apesar da maioria das pessoas terem um certo nível de consciência ao que tange
a questão ambiental e resíduos sólidos, ainda é uma minoria que possui,
efetivamente, práticas de coleta seletiva.
Em suma, objetivando responder à pergunta da pesquisa, que busca
compreender a percepção dos fortalezenses quanto ao impacto dos Ecopontos e
outras questões ambientais, foi observado que, apesar de quase 90% das pessoas
conhecerem o projeto, menos de 25% frequenta ou já foi em algum. Essa verificação,
por sua vez, indica que é necessário repensar a aplicabilidade da Educação Ambiental
por parte da prefeitura para que se evite um elevado custo ambiental. Dessa forma, a
prefeitura possui o dever de não só oferecer os pontos de coleta, mas também, de
forma insipiente e pontual, educar e incentivar a população, por meio da Educação
Ambiental, a realizar o uso das unidades ao apresentar os benefícios que a
comunidade obteria com os resultados, tanto em relação a incentivos diretos para
pessoas de baixa renda, quanto os efeitos positivos que refletiriam em um futuro mais
sustentável.
Conclui-se então que, no tocante ao discernimento do quadro ambiental
atual, os entrevistados se mostraram, em maioria, cientes da situação, visto que, uma
parcela significativa dos indivíduos acredita que cuidar do meio ambiente é papel de
todos que compõe a sociedade, incluindo não só os governos, mas à população e
organizações públicas e privadas. Da mesma forma, no que diz respeito à
sustentabilidade, os indivíduos da amostra entendem que as características culturais
41
que se estabelecem hoje terão um reflexo direto do que há por vir nas próximas
gerações e que, portanto, para o encontro do desenvolvimento socioeconômico e
ambiental equilibrado é imprescindível a participação de todos.
42
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