DIREITO ADMINISTRATIVO
Organização da Administração Pública VII
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EMPRESAS ESTATAIS
• O termo “empresas estatais” se associa a empresas públicas e sociedades de eco-
nomia mista, e não deve ser usado como sinônimo de Administração Pública. Deve-
-se ter cuidado para não confundir com “entes estatais”, termo que se refere de
maneira genérica a todas as entidades com personalidade – seja de direito público,
seja de direito privado – que integram a Administração Pública direta e indireta;
• Já os termos “entes federados” e “entes políticos” se referem apenas à Adminis-
tração direta, enquanto “entes administrativos” são apenas os da Administra-
ção indireta;
• A terminologia “empresas estatais” significa o Estado exercendo um papel empresa-
rial, ou seja, desempenhando atividades econômicas e comerciais, com fins lucrati-
vos, agindo na busca do lucro e divisão de dividendos, assim como as empresas pri-
vadas. Trata-se, portanto, do Estado-empresa, que busca benefícios financeiros e
econômicos. Vale lembrar que autarquias e fundações não têm essa função, apenas
empresas públicas e sociedades de economia mista;
• As empresas estatais são pessoas jurídicas de direito privado que integram a Admi-
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nistração indireta e cuja criação é autorizada por lei.
CF/88. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)
(...)
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a institui-
ção de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada
pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)
Obs.: Deve-se ter cuidado para não confundir: não é a criação da empresa estatal que
se dá por lei (se fosse, seria pessoa jurídica de direito público), e sim a autorização
da sua criação, que só se concretiza com o registro.
• O Estado pode explorar a atividade econômica por meio de empresas estatais para
(re) alocar, direcionar essa receita para atividades sociais. Assim, é com a arreca-
dação em determinadas empresas públicas e sociedades de economia mista que o
Estado consegue dinheiro (não só de tributação) suficiente para desempenhar ativi-
dades sociais como criação de centros comunitários, pavimentação de ruas, sanea-
mento etc.;
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• A prestação de serviço público é exceção, sendo o desempenho da atividade econô-
mica a regra geral para as empresas estatais, agindo com base no chamado Regime
Jurídico de Direito Privado, conjunto de regras e normas de direito privado, o que
significa que as partes envolvidas não possuem superioridade uma em relação à
outra, todas estão em pé de igualdade;
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• O Regime Jurídico de Direito Privado é trazido para a Administração Pública, mas
não para todos os seus entes – apenas para as pessoas jurídicas de direito privado
– e não por completo, inteiro, da mesma forma que se aplica às empresas priva-
das. Deve-se lembrar que, pelo fato de integrarem a Administração Pública, para
as empresas estatais há a incidência subsidiária (secundária) de algumas regras do
direito público, o que significa que embora o direito privado seja predominante (mas
não exclusivo), tem-se um regime híbrido, misto, também com alguma incidência do
direito público, que nunca deixará de ser aplicado;
• Dentro de toda a Administração Pública, como um todo, a regra é a utilização do
Regime Jurídico de Direito Público; especificamente quando se tratar de empresas
públicas e sociedades de economia mista, predomina o direito privado, mas com
aplicação subsidiária do direito público;
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• O Regime Jurídico de Direito Privado é o regime sem supremacia, no qual a Adminis-
tração Pública não tem privilégios e prerrogativas, e se coloca na mesma posição, no
mesmo patamar das entidades privadas;
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos impe-
rativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme defi-
nidos em lei.
• Em regra, o Estado não explora atividade econômica de maneira direta por ser
repleto de privilégios como imunidades tributárias, proibição de fazer penhora de
seus bens, que são inalienáveis, impenhoráveis, não podem ser usucapidos nem
onerados. Caso essa proteção fosse estendida para todos, inclusive para empresas
que vão atuar em competição com empresas privadas, se quebraria a atividade eco-
nômica privada. Por isso, o Estado, em regra, não nasce para desempenhar atividade
econômica, mas pode fazê-lo excepcionalmente por meio das empresas estatais
somente quando for necessário aos imperativos da segurança nacional ou a rele-
vante interesse coletivo;
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Art. 173. (...)
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de eco-
nomia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produ-
20m ção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, (...)
• Nos termos do § 1º do art. 173, as empresas públicas e as sociedades de economia
mista (bem como suas subsidiárias) nascem com o propósito de explorar atividade
econômica de produção/comercialização de bens ou de prestação de serviços, que
não são o serviço público; trata-se, por ex., da exploração de petróleo (Petróleo), da
exploração por meio de ferrovias, da exploração bancária (feita pelo Banco do Brasil
e pela Caixa Econômica Federal em competição). O BB e a CEF não são os únicos
bancos estatais; o Banco Regional de Brasília (BRB) é outro exemplo, assim como os
demais bancos regionais existentes em muitos estados; a diferença entre o BB e o
banco Itaú, por ex., reside no fato de que o primeiro é uma instituição pública;
• O § 1º do art. 173 deixa implícito que as empresas públicas e as sociedades de econo-
mia mista não apenas exploram atividade econômica, pois podem prestar serviços
públicos excepcionalmente, embora não seja seu papel principal. Às vezes uma ou
outra empresa estatal “nasce errada” e começa a ter a prestação de serviço público
como papel principal, mas não é essa a regra. Quando as empresas estatais estão
na prestação de serviços públicos, é possível que elas recebam um tratamento dife-
renciado, mas isso é uma exceção. Por ex., elas não têm um regime tributário dife-
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renciado, exceto os Correios; elas não podem exercer o poder de polícia inclusive na
atividade de sanção, mas o Supremo Tribunal Federal traz uma exceção; elas não
seguem regime de precatório para o pagamento de suas dívidas, exceto pelas apon-
tadas pelo STF. A regra é um tratamento similar ao dispensado às empresas priva-
das estendido para empresas públicas e sociedades de economia mista; em caso de
empresa estatal prestadora de serviço público em caráter especial, pode-se dar um
tratamento diferenciado.
Obs.: A responsabilidade civil de empresas públicas não é a mesma de autarquias
(ex.: agências reguladoras), salvo se essas empresas forem prestadoras de
serviços públicos.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Vandré Amorim.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.
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