Disciplina: Literatura • Professor: • Bomfim Conteúdo• Introdução à Literatura
Introdução à Literatura Em oito séculos de evolução, a Literatura Portuguesa atravessou as
três eras históricas vividas pela Europa:
Linguagem: Qualquer forma de comunicação
Cultura: Qualquer forma de realização humana. Era Medieval, marcada pelo feudalismo, pelo teocentrismo, do
Arte: Criação, expressão pessoal da realidade ou fantasia. século XII ao XV;
Literatura: Arte das palavras Era Clássica, que abrange o Renascimento, o período da
Contrarreforma e a restaura-ção dos valores clássicos, via Iluminismo,
Dentre as criações culturais do homem, há uma que está presente e se estende pe-los séculos XVI a XVIII;
em qualquer grupo socialmente organizado: A arte seja em uma ou Era Moderna (ou Romântica), que assistiu às revoluções burguesas,
várias manifestações. depois à Revolução Industrial, para desaguar no século XX, das duas
grandes guerras mundiais, a “era dos extremos”, da máquina, da
A arte tem sido usada como um dos principais meios de expressão eletricidade e de todas as inquietações de um universo sob o signo da
dos sentimentos, crenças, valores e emoções dos seres humanos, velocidade.
mas tudo isso não se realizaria se não fosse a linguagem. Devemos
entendê-la como o meio para que a cultura e os novos pensamentos As escolas, correntes e movimentos literários em que didaticamente
como um todo sejam divulgados. se divide a história literária refletem a evolução dos estilos através
dos tempos. O contexto histórico-cultural certamente influencia os
Linguagem Literária escritores e lhes fornece substância para suas obras, mas é por meio
- Uso de metáforas da linguagem que eles expressam essa substância.
- Linguagem de ficção
- Muitas vezes, a mensagem está nas “entrelinhas”. Literatura é um tipo de trabalho cuja matéria é a linguagem e cuja
- O objetivo é externar sentimentos, criar situações. finalidade é provocar no leitor um determinado prazer de leitura, o
prazer literário, semelhante ao que se tem ouvindo uma canção,
Linguagem não-literária assistindo a uma peça de teatro ou vendo um quadro ou uma
- Seres e fatos reais escultura.
- As metáforas não são usadas
- Textos objetivos, é informação. A PLURISSIGNIFICAÇÃO DA LINGUAGEM LITERÁRIA
O QUE É LITERATURA? A relação de texto e contexto.
A literatura não é apenas transmissora de informações, ela cria em As palavras não apresentam um sentido único. Dependendo da
cada ser aquilo que os sentidos o levam a interpretar. Através da forma como são utilizadas ou da situação em que são empregadas,
leitura podemos vivenciar aquilo que lemos e criar dentro de nós a podem assumir diferentes sentidos.
imagem proposta pelo texto. Tanto pode ser verídica como pode ser
ficção. Os personagens tanto podem ter existido como podem ser Denotação x Conotação – Cuidado:
criados pelo autor, na literatura tudo é possível, porém, mesmo na
ficção existe um fundamento real, onde o autor se apoiou para criar a A linguagem literária é caracterizada pela conotação, e as palavras
ficção. nem sempre apresentam um único sentido como o que encontramos
nos dicionários; empregadas em determinados contextos, elas
Literatura é linguagem, é a arte da palavra. Conhecer literatura ganham sentidos novos, chamados de figurados, carregados de
equivale a compreender um pouco de nossa própria história e de valores afetivos ou sociais.
nossa condição humana. A literatura - do mesmo modo que a Quando a palavra é utilizada no sentido comum, o do dicionário,
música, a pintura, a escultura, a arquitetura, a dança e o cinema – dizemos que ela foi empregada no sentido denotativo; quando a
tem linguagem própria, sendo a palavra o seu material básico. Nesse significação vai além, ocorre a conotação.
contexto, a literatura já passou por diferentes formas de expressão
de acordo com o momento histórico e com a situação de produção. Características do Texto Literário
Assim, contextualizar o texto com o qual se trabalha é indispensável Plurissignificação: as palavras, no texto literário, assumem vários
para elucidar o lugar em que foi produzido, seu estilo, sua linguagem, significados. Valoriza-se a linguagem conotativa, ou seja, o sentido
a história do autor, a sociedade que envolve e penetra o escritor e figurado.
seu texto. A época, a sociedade, o ambiente social e cultural, as Ficcionalidade: os textos baseiam-se no real, transfigurando-o,
instituições, os campos sociais, as redes que estabelece com outros recriando-o. Em outras palavras, o alcance da escrita ultrapassa para
textos, as regras de uma determinada prática discursiva ou literária, além do real.
as características do gênero de escrita que se inscreve no texto, são Aspecto subjetivo: o texto apresenta, normalmente, o olhar pessoal
questões que permeiam o texto escrito. do artista, suas experiências e emoções.
Ênfase na função poética da linguagem: o texto literário manipula a
Portanto, é indispensável refletir sobre as características específicas palavra, revestindo-a de caráter artístico. O artista apresenta na obra
das diversas formas de ficção, das relações particulares que o texto literária a sua visão perante seus anseios e exerce uma postura
literário, o autor e a escola, a que se filiam, estabelecem com a diante do mundo e das pretensões humanas.
realidade e definem a representação que dela edificam. As formas
como autor, escola e gênero de texto literário concebem a produção ESTUDO DE ALGUMAS FIGURAS DE LINGUAGEM
artística devem ser buscadas em seus caracteres próprios. O discurso
literário manifesto em texto, expresso em prosa ou verso, envolve As figuras de linguagem são normalmente utilizadas para tornar mais
modalidades de narrativa com características próprias, inclusive, na expressivo o que queremos dizer. Empregadas tanto na língua escrita
sua forma de lidar, captar e tratar as questões propostas por uma quanto na língua falada, ampliam o significado de uma palavra,
sociedade e por um tempo, como o conto, crônica, a novela, o suprema a falta de termos adequados, criam significados diferentes.
romance, a tragédia, a comédia ou o poema.
FIGURAS DE LINGUAGEM RELACIONADAS AO SENTIDO
No estudo da literatura, enfatizamos a relação entre o contexto
histórico e cultural e os movimentos literários. A literatura COMPARAÇÃO E METÁFORA
portuguesa é estudada aqui sobretudo em função de sua importância Em geral, a comparação está associada a, pelo menos, dois
como raiz da literatura brasileira, procurando-se mostrar como, aos elementos relacionados por semelhanças ou diferenças. Para isso,
poucos, a nossa produção literária foi adquirindo características são empregados alguns recursos linguísticos coesivos que enfatizam
próprias. e explicitam a utilização desses componentes, entre eles: “tanto
como”, “tanto quanto”, “maior que”, “menor que”, “igual a”, “como
se”, “semelhante a”, “também”, “assim como” e outros.
“DISCIPLINA, ISSO SEPARA OS BONS DOS MELHORES !!!”
http://www.cursosglaucoleyser.com.br
-1-
O uso da comparação ou símile é recorrente em vários discursos que “Dar à luz a uma criança / é iluminar os seus dias / dividir suas
circulam na sociedade e, geralmente, é expresso com o interesse de tristezas / somar suas alegrias / é ser o próprio calor / naquelas
evidenciar unidades/ medidas totalizantes, hierarquizadas ou noites mais frias” (Dar à Luz — Bráulio Bessa)
equiparadas (de mesma ou distinta grandeza/ representatividade). O recurso do eufemismo é utilizado quando se deseja dar um tom
mais leve para uma expressão — ou seja, é diretamente oposto à
Já a metáfora, parece se valer – em um primeiro momento ou como hipérbole. O significado permanece, mas a frase se torna menos
etapa inicial – de um critério comparativo de composição que não direta, pesada, negativa ou depreciativa. “Fulano descansou em paz”
considera marcadores linguísticos tão sistematizados, além de é um ótimo exemplo de eufemismo muito utilizado.
possuir a finalidade de avaliar e lidar com grandezas/ representações
menos totalitárias em relação ao referencial posto em critério IRONIA
“comparativo”. Ou seja, essa figura não tem o compromisso de “Moça linda bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma
recompor “fielmente” a imagem ou sentido unitário do elemento porta: um amor!” (Moça Linda Bem Tratada — Mário de Andrade)
referencial.
Na ironia, o interlocutor diz uma coisa, mas o significado é outro. Ela
METONÍMIA é muito conhecida e utilizada no dia a dia, mas ainda pode gerar
Metonímia é a substituição de um termo por outro que com ele tem certa confusão — principalmente na língua escrita. É utilizada para se
relação lógica de sentido constante. Há vários modos de estabelecer expressar de forma sarcástica ou bem-humorada, além de servir
proximidade entre duas ideias, por exemplo, substituindo o autor como disfarce ou dissimulação.
pela obra, a marca pelo produto, o efeito pela causa etc.
Exemplificando: Limpei meu ouvido com cotonetes – só que o FIGURAS DE LINGUAGEM RELACIONADAS À SINTAXE
produto é uma haste flexível com algodão na ponta.
ASSÍNDETO
ANTÍTESE Ela é caracterizada pela ausência de síndeto. O síndeto, nesse caso, é
Não existiria som se não / Houvesse o silêncio / Não haveria luz se uma conjunção coordenativa utilizada para unir termos nas orações
não / Fosse a escuridão / A vida é mesmo assim / Dia e noite, não e coordenadas. Logo, o assíndeto corresponde a uma figura de sintaxe
sim” (Certas Coisas — Lulu Santos) marcada pela omissão de conjunções (conectivos) nos períodos
compostos.
O uso de palavras com sentidos opostos é outro possível recurso para Ex.: “Tive ouro, tive gado, tive fazendas.” (“Confidência do Itabirano”
fortalecer o discurso e deixar um ponto de vista ainda mais claro. A de Carlos Drummond de Andrade)
antítese é, justamente, o contraste que ocorre quando os termos
estão bem próximos e acentuam a expressividade do período. Assíndeto e Polissíndeto: Diferenças
Enquanto o assíndeto é determinado pela omissão de uma conjunção
PARADOXO (síndeto), o polissíndeto é marcado pela repetição da conjunção
“Se você quiser me prender, vai ter que saber me soltar” (Tiranizar — coordenativa (conectivo).
Caetano Veloso) Exemplos:
Maria correu, pegou o ônibus, foi para o trabalho. (Assíndeto)
O termo, formado pelo prefixo “para”, que indica “contrário a”, e o Maria correu e pegou o ônibus e foi para o trabalho. (Polissíndeto)
sufixo “doxa”, que quer dizer “opinião”, é consagrado pelos filósofos
e seus sentidos vão além do uso na escrita. ANÁFORA
A anáfora é a repetição de termos no começo das frases, muito
Apesar de ser parecido com a antítese, o paradoxo é uma figura de utilizada pelos escritores na construção dos versos a fim de dar maior
linguagem usada para transmitir sentidos opostos em uma mesma ênfase à ideia.
construção sintática. As duas ideias devem estar na mesma frase para Exemplo: Se eu amasse, se eu chorasse, se eu perdoasse. (A repetição
expressar essa contradição lógica e, geralmente, estão lado a lado. do termo “se” enfatiza a condicionalidade que o emissor do discurso
quer propor).
No exemplo acima, o paradoxo é produzido pela oposição lógica das
palavras “prender” e “soltar”. Outros bons exemplos são: “O riso é
uma coisa séria”, “O melhor improviso é aquele que é mais bem GRADAÇÃO
preparado” e “(O amor) é ferida que dói e não se sente”, de Luís de Consiste na figura que utiliza uma sequência de palavras de maneira
Camões. gradativa, dentro de uma mesma ideia. Para entender o que é
gradativo, pense numa escala de vários tons de cinza. Em um
PERSONIFICAÇÃO OU PROSOPOPEIA extremo, teremos um tom mais claro de cinza, próximo do branco.
“As casas espiam os homens / Que correm atrás das mulheres” No extremo oposto, encontramos um tom mais escuro de cinza,
(Poema de Sete Faces — Carlos Drummond de Andrade) próximo do preto.
Agora podemos mentalmente substituir o branco e o preto da escala
Personificar é atribuir características humanas e qualidades a objetos de cinzas pelas figuras eufemismo e hipérbole. Na gradação, a
inanimados e irracionais. Também parece pouco usual, mas acontece sequência de palavras podem ir se amenizando (se tornando uma a
mais do que imaginamos. É comum conceder sentimentos, ações, uma mais eufêmica) ou ir se exagerando (se tornando uma a uma
sensações e gestos físicos e de fala a objetos. mais hiperbólica). Vejamos exemplos para tornar mais claro:
Ex.: De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor,
No trecho do poema, a prosopopeia é percebida no ato de dar ação à um grão, um cisco, um quase nada.
casa, que teria a qualidade de espiar os homens.
INTERTEXTUALIDADE, INTERDISCURSIVIDADE E PARÓDIA
HIPÉRBOLE
“Por você eu largo tudo / Vou mendigar, roubar, matar / Até nas Intertextualidade: é a relação entre dois textos caracterizada por um
coisas mais banais / Pra mim é tudo ou nunca mais” (Exagerado — citar o outro.
Cazuza) Agora vamos observar esses dois poemas:
Ao contrário do eufemismo, a hipérbole serve para exaltar uma ideia, Meus Oito anos
com o objetivo de causar maior impacto e entusiasmo. Ela é muito Oh! que saudades que tenho
usada em nosso cotidiano, como na expressão “Estou morta de Da aurora da minha vida
fome”, em que a intenção é enfatizar propositalmente o quanto Da minha infância querida
estamos precisando comer. Que os anos não trazem, mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
EUFEMISMO Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
“DISCIPLINA, ISSO SEPARA OS BONS DOS MELHORES !!!”
http://www.cursosglaucoleyser.com.br
-2-
Debaixo dos laranjais! expressar sua percepção de mundo, o indivíduo o faça de modo
[...] particular, manifestando, portanto, um estilo individual.
(Cassimiro de Abreu) (Clenir Bellezi de Oliveira. Arte Literária Brasileira. São Paulo: Moderna, 2000, p. 9-10.
Adaptado).
Meus Oito Anos
Oh que saudades que eu tenho 01.
Da aurora de minha vida Conforme as ideias apresentadas no Texto 1:
Das horas
De minha infância 1) deve-se a complexidade da Literatura ao fato de a palavra – sua
Que os anos não trazem mais matéria prima – poder ser polissêmica e sujeita à variação de formas.
Naquele quintal de terra 2) a Literatura, por estar sujeita às condições da época em que é
Da Rua de Santo Antônio produzida, é sempre revelação de um determinado universo cultural.
Debaixo da bananeira 3) a Literatura resultou de um processo de evolução da linguagem,
Sem nenhum laranjais que culminou com a expressão de um olhar subjetivo sobre ideias e
[...] sentimentos.
(Oswald de Andrade) 4) os textos artísticos, para revelarem criatividade e imaginação,
devem exprimir os sentimentos do homem frente ao divino e ao
O primeiro texto, de Cassimiro de Abreu, foi escrito no século XIX; o metafísico.
segundo texto, de Oswald de Andrade, foi escrito no século XX. As 5) os diversos estilos do escritor provam que o olhar com que cada
semelhanças entre os textos são evidentes, pois o assunto deles é o um vê a realidade é uma mescla de sua visão particular e de outras,
mesmo e há versos inteiros que se repetem. coletivas.
Nesse tipo de relação estabelecida entre os textos, não há apenas
intertextualidade. Há uma relação mais abrangente, que envolvem Estão corretas:
dois discursos poéticos distintos, duas formas diferentes de ver a a) 1 e 2 apenas
infância: a de Casimiro de Abreu, mais idealizada e romântica, a a de b) 1, 4 e 5 apenas
Oswald de Andrade, moderna e antissentimental A esse tipo de c) 2, 3 e 4 apenas
relação entre discursos, quando se evidenciam os elementos da d) 1, 2, 3 e 5, apenas
situação de produção - quem fez, para que, em que momento e) 1, 2, 3, 4 e 5
histórico, com qual finalidade, etc. - chamamos interdiscursividade.
02.
Interdiscursividade: é a relação entre dois discursos caracterizada Uma conclusão que se pode tirar do Texto 1 é que:
por um o citar outro. a) a Literatura visa possibilitar ao homem o registro de fatos
históricos e a ampliação de seu repertório de informações.
Paródia: é um tipo de relação intertextual em que um texto cita b) a formalização da Literatura decorreu do empenho do
outro geralmente com o objetivo de fazer-lhe uma crítica ou inverter homem por ver a realidade na ótica de sua objetividade.
ou distorcer suas ideias. c) obras literárias de interesse universal são aquelas que
exprimem a necessidade humana de versar sobre credos
EXERCÍCIOS religiosos.
d) a Literatura se dissocia da cultura de um povo, pois, em
Texto 1 cada época, assume tendências e manifestações próprias.
A Arte Literária e) a Literatura situa-se no desejado equilíbrio entre os polos
A Literatura é uma das artes mais complexas. Seu instrumento, do social e do particular; do objetivo e do subjetivo.
a palavra, gera possibilidades infinitas de expressão, já que cada uma
elas admite várias flexões e sentidos.
A linguagem é o ponto mais sofisticado de um processo que 03.
custou muito tempo a se consumar na evolução da humanidade. A Os textos literários e os não literários possuem singularidades que os
aquisição da linguagem oral, sua organização e seus códigos exigiram definem ou os caracterizam. Afirmar ou negar a existência de um
expedientes requintados de associações. A palavra, um sopro de ar desses textos implica conhecê-los nas suas nuances. Nesse sentido,
articulado, ainda que impalpável, era tão reveladora e considerando os estudos sobre o assunto em análise, assinale a
transformadora que o homem teve necessidade de representá-la alternativa CORRETA.
materialmente. Então, apareceram os alfabetos, e vários idiomas, a) O texto literário é constituído de elementos que podem ser
pouco a pouco, começaram a ter uma representação gráfica. considerados elementos distintos dos que constituem o não
Por meio da palavra escrita, o homem fez registros de ordem literário. Tais elementos têm a ver com a sua
documental e prática, firmou acordos e contratos, enviou gramaticalidade. Isto é, no texto literário, o fonema, o
mensagens, colecionou informações e dados. Porém, um dia usou morfema, a sintaxe, a estilística das palavras são
graficamente a palavra, como expressão de suas ideias e sentimentos totalmente diferentes da estrutura linguística utilizada nos
mais profundos, como a formalização de seu olhar subjetivo sobre o não literários.
mundo... e a Literatura se fez. b) Num texto literário, é menos comum se encontrarem
Ao que se sabe, os fenícios foram os primeiros a inventar um palavras figuradas que em textos de natureza não literária,
alfabeto, mas não nos deixaram obras literárias. Outros povos visto que a figuração da linguagem remete a tipologias
antigos, porém, legaram-nos textos artísticos que venceram os discursivas que não se adequam a contextos poéticos e
milênios, quer pela mensagem que soube capturar o que há de ficcionais. O que, de fato, caracteriza um texto literário é
essencial na condição humana, quer pela criatividade e imaginação sua densidade morfossintática, sua coerência poética e sua
reveladas. Muitos desses textos versavam sobre religiões, exprimindo consistência tanto em termos ortográficos quanto em
a necessidade humana de expressar o divino, o metafísico. Chineses, termos estéticos.
persas, hindus, hebreus e egípcios, entre outros, produziram obras de c) Os textos não literários seguramente poderiam ser
interesse universal que ecoam até nossos dias. compreendidos como organizações verbais nas quais a
De fato, a Literatura é parte fundamental da cultura dos povos. figuração da linguagem inexiste. Construir um texto não
Sofre o crivo do tempo, pois, pela relação interativa entre o ser literário, considerando metáforas, metonímias, oxímoros,
humano e seu tempo, periodicamente, as tendências artísticas se hipérboles, aliterações, anáforas, anacolutos, zeugmas é,
transformam: é o que chamamos de estilos de época, ou no mínimo, tentar evidenciar a elegância do estilo do
movimentos, ou escolas. E sofre o crivo das individualidades, pois produtor, fazendo o leitor ter um nível de compreensão
cada indivíduo recebe distintamente a ação dessas interferências. O mais aguçado sobre a mensagem emitida.
mundo e a realidade podem ser fenômenos objetivos, mas os olhares d) É importante que produtores de textos, sejam eles
que recaem sobre eles são sempre subjetivos. É natural que, ao literários ou não literários, tenham em suas produções, dois
elementos constitutivos e essenciais ao processo de
interlocução, a coerência e a coesão. Se, porventura, os
“DISCIPLINA, ISSO SEPARA OS BONS DOS MELHORES !!!”
http://www.cursosglaucoleyser.com.br
-3-
produtores de textos ignorarem a relevância da coerência e
da coesão, em de suas construções textuais, sejam escritas,
sejam orais, o leitor sentirá certamente dificuldade no
processo de interlocução.
e) Os textos literários são conhecidos como os melhores
existentes em línguas neolatinas. No Ocidente, quando se
comenta sobre tipologia textual, discurso, teoria do texto,
teoria da leitura, ensino de literatura, conotação,
denotação, tem-se como objetivo esclarecer as diferenças e
semelhanças entre os textos literários e não literários ao
mesmo tempo em que se quer evidenciar a superioridade MENEZES, Philadelpho. Exemplo 30. In: Poética e visualidade: uma trajetória da
poesia brasileira contemporânea. Campinas: Unicamp, 1991. p.171.
do primeiro em relação ao segundo.
4. O texto poético pode servir de base ao texto publicitário; porém, às
Sobre os tipos de intertextualidade estão corretas as seguintes vezes, é este que fundamenta aquele. Relacionando essa observação
proposições: ao texto anterior, JULGUE os itens que se seguem como
VERDADEIROS ou FALSOS.
I. A paródia não pode ser considerada como um tipo de ( ) O texto é uma paródia da embalagem original de um produto.
intertextualidade por se tratar de uma releitura cômica, ( ) O modo como foi desenhada a letra inicial “Clichetes” permite a
geralmente envolvida por um caráter humorístico e irônico leitura musical e financeira da mensagem.
que altera o sentido original, criando, assim, um novo. ( ) No texto, “MASCARAR” está para “MASCAR” assim como
“MENTAL” está para “MENTA”.
II. O termo “paráfrase” vem do grego (paraphrasis) e significa ( ) A relação intertextual ocorre não só por meio do plano verbal,
a “reprodução de uma sentença”. Diferente da paródia, ela mas também devido à exploração do recurso icônico, ou seja, não
faz referência a um ou mais textos sem que a ideia original verbal.
seja alterada.
III. Muitas vezes, a paródia e a paráfrase são consideradas A partir da interpretação das afirmações, é possível afirmar que a
termos sinônimos, no entanto, cada uma apresenta sua alternativa CORRETA encontra-se em:
singularidade. Ambas são recursos utilizados na literatura,
artes, música, cinema, escultura, entre outros. a) V F V F c) V V V V
IV. O termo “epígrafe” vem do grego “epi = posição superior”; b) F F V V d) V V F V
“graphé = escrita”. Esse tipo de intertextualidade ocorre
quando um autor recorre a algum trecho de um texto já 07.
existente para introduzir o seu texto. É um trecho Leia o texto abaixo:
introdutório para outro que venha a ser produzido.
V. Na citação, o texto original é retomado, de forma que seu
sentido passa a ser alterado. Normalmente, a paródia
apresenta um tom crítico, muitas vezes, marcado por
ironia.
a) I e III.
b) II, III e IV.
c) I e V.
d) III, IV e V.
e) Apenas IV está correta Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais
conhecidas figuras de linguagem para
05. a) condenar a prática de exercícios físicos.
Sobre a intertextualidade estão corretas, exceto: b) valorizar aspectos da vida moderna.
c) desestimular o uso das bicicletas.
a) A intertextualidade, tema estudado pela Linguística Textual, d) caracterizar o diálogo entre gerações.
é um elemento recorrente na escrita de textos. Mesmo e) criticar a falta de perspectiva do pai.
quando não temos a intenção de utilizá-la, realizamo-la
inconscientemente, resgatando modelos e parâmetros
estabelecidos nos chamados textos fontes. 08.
b) São dois os tipos de intertextualidade: implícita e explícita. Leia o texto abaixo:
Na intertextualidade implícita, não há citação expressa do Cidade grande
texto fonte, fazendo com que o leitor busque na memória Que beleza, Montes Claros.
os sentidos do texto; já na intertextualidade explícita, Como cresceu Montes Claros.
ocorre a citação da fonte do intertexto. Quanta indústria em Montes Claros.
c) A intertextualidade não interfere na construção de sentidos Montes Claros cresceu tanto,
do texto. Trata-se apenas de um recurso estilístico utilizado ficou urbe tão notória,
para deixá-lo mais interessante. prima-rica do Rio de Janeiro,
d) Podemos dizer que a intertextualidade é a influência de um que já tem cinco favelas
texto sobre outro. Todo texto, em maior ou menor grau, é por enquanto, e mais promete.
um intertexto, pois durante o processo de escrita (Carlos Drummond de Andrade)
acontecem relações dialógicas entre os textos que
escrevemos e os textos que acessamos ao longo da vida. Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a
a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-
se à própria linguagem.
06. b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora
Leia o texto abaixo: outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se
pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu
sentido próprio e objetivo.
“DISCIPLINA, ISSO SEPARA OS BONS DOS MELHORES !!!”
http://www.cursosglaucoleyser.com.br
-4-
GABARITO:
1D, 2E, 3D, 4B, 5C, 6C, 7E, 8C.
“DISCIPLINA, ISSO SEPARA OS BONS DOS MELHORES !!!”
http://www.cursosglaucoleyser.com.br
-5-