SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO (geral)

1. Anamnese:
- se outros animais apresentaram os mesmos sinais clínicos
- se já houve algum tratamento e se foi eficaz
- se, para um equino atleta, há uma rotina de treinamento apropriada
- se há controle parasitário
- qual é a concentração volumoso x concentrado desse animal

2. Exame físico geral → INSPEÇÃO:

- apetite
● anorexia
● hiporexia
● polifagia
● parorexia (apetite pervertido, come de tudo, objetos e tal)
- sede
● polidipsia
● diminuição da sede
● adipsia
● ele quer ou ele não consegue??
- apreensão do alimento
● equinos/pequenos ruminantes: usam lábios e dentes
● bovinos: usam a língua
● se possuem coordenação dos movimentos, usam suas estruturas
apropriadamente, alimento cai da boca ou não
● ele quer ou ele não consegue?? dor??
- mastigação do alimento
● observar movimentos, coordenação e se perde o alimento
● mais fibras nas fezes indicam uma mastigação não efetiva
● dor nos dentes causa umas mastigação superficial/ausente
● bruxismo= relacionado à úlcera gástrica (equinos) e abomasal (peq. ruminantes)
- deglutição do alimento
● disfagia
● afagia
● aerofagia (equinos)
- vômito
● refluxo do conteúdo estomacal até a boca
● equinos= não vomitam por conta de ser espesso esfíncter do cárdia
● ruminantes= não vomitam (conteúdo ruminal até a boca se chama ruminação e
conteúdo abomasal até omaso é refluxo abomaso-omasal)
- defecação
● tenesmo (faz o movimento, tenta defecar, mas não consegue)
● obstipação (constipação intestinal, nem tenta, está obstruído)
● sablose= areia/terra nas fezes, fazer teste da luva (deixar decantar)

3. Exame dos LÁBIOS:

- inspeção e palpação para coloração, umidade, consistência, temperatura, funcionalidade,
simetria, aumento de volume, dor

4. Exame da CAVIDADE ORAL:

- sempre fazer uso de instrumentos para manter a boca do animal aberta e ter segurança
ao veterinário (abre-boca)
 - inspeção
● alterações congênitas como fenda palatina, prognatismo (maxila maior que
mandíbula) e braquignatismo (mandíbula maior que maxila)
● mucosas para coloração, feridas, aumento de volume (travagem em equinos -
inflamação da mucosa no palato)
● língua
● glândulas salivares, se há sialorréia/ptialismo (extravasamento de saliva pela
boca) ou sialismo (aumento de produção de saliva)
● dentes (números, fraturas, periodontites como tártaros e cáries, oclusões
dentárias)
- palpação
● mobilidade
● sensibilidade
● tônus da língua, se está flácida (fica para fora)
● forma, consistência
- olfação
● para diferenciar se a lesão está na cavidade oral ou nasal
● cheiro pútrido= estomatite, dentes
● cheiro adocicado= alterações metabólicas

5. Exame da FARINGE e ESÔFAGO:

- inspeção externa e interna (endoscopia)
- palpação externa e interna (sondagem)
- obstrução esofágica= sialorréia, disfagia, refluxo nasal, tosse

6. Exame do ESTÔMAGO:
- gastroscopia para inspeção de mucosas, úlceras e presença de parasitas
- sonda nasoesofágica para exame do conteúdo estomacal

7. Exame do ÂNUS:
- inspeção para melanoma, carcinoma, prurido, laceração, prolapso retal
- palpação para dor, temperatura, aumento de volume

8. Exame do FÍGADO:
- inspeção de mucosas para icterícia
- percussão

9. Exames complementares:
- exames laboratoriais - ultrassonografia dos intestinos
- exame coproparasitológico - fígado= dosagem de enzimas,
- radiografia de dentes USG, biópsia
 SEMIOLOGIA DO EQUINO COM CÓLICA

- dor abdominal aguda

- síndrome cólica
- maior emergência da clínica equina
- difícil diagnóstico

1. Anatomia:
- estômago
- intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo)
- intestino grosso
● ceco (descarga: válvulas ileocecal e cecocólica)
● cólon maior ventral direito
● flexura esternal
● cólon maior ventral esquerdo
● flexura pélvica
● cólon maior dorsal esquerdo
● flexura diafragmática
● cólon maior dorsal direito
● cólon transverso
● cólon menor ou descendente
● reto

2. Anamnese
- pasto, alimentação (1% de seu PV), rotina diária
- instalação (em baia tem mais ocorrência de cólica do que em piquete)
- se há controle parasitário
- como é o consumo de água e alimento do animal
- se houve ingestão de corpo estranho
- vermifugação recente
- mudanças na alimentação
- há quantos dias apresenta sinais clínicos

3. Exame físico → 8 ETAPAS:

- avaliar a dor
● comportamento e atitudes
● FC= taquicardia e bradicardia
● pulso= forte ou fraco
● se é intermitente, contínua ou se cessa de repente (ruptura no intestino - morte)
- distensão abdominal
● se é evidente
● pode ser prenhez
- perfusão de mucosas e hidratação
● mucosa hiperêmica de TPC 2, cor de tijolo de 3 ou azulada de 4 (já em choque)
● enoftalmia= indica desidratação grave, bulbo ocular fica mais retraído na cavidade
do olho
● halo toxêmico= indica endotoxemia (bactérias gram negativas)
- sondagem
● sonda nasoesofágica
● passar em TODOS os casos de cólica
● avaliar conteúdo estomacal, gás, líquido e ingesta alterada
 - avaliar peristaltismo
● auscultação dos 4 quadrantes, 2 a 3 minutos cada
● - atonia
● + hipomotilidade
● ++ normalidade
● +++ hipermotilidade
- palpação retal
● consistência do conteúdo
● distensão de alça por gás
● corpo estranho
● o que é palpável em um animal saudável= ceco, flexura pélvica, cólon m, baço,
rim E, cólon MVE e cólon MDE
- paracentese
● pode ser considerado um exame complementar e guiado por USG
● cuidado com enterocentese
● punção para colheita de líquido peritoneal na linha média ventral
● líquido amarelo claro e límpido= normal
● amarelo intenso e límpido= parede das alças congestas
● alaranjado e turvo= necrose das alças
● avermelhado= obstrução da circulação
● esbranquiçado e com flocos de pus= peritonite
- ultrassonografia
● pode ser considerado um exame complementar

SEMIOLOGIA DOS PRÉ-ESTÔMAGOS

- rúmen → toda a metade esquerda da cavidade abdominal (capacidade de até 150L)

● sacos dorsal, ventral e cegos (mais caudais)
● porções gasosa, sólida e líquida
● flanco esquerdo
- retículo → em contato com o diafragma
- omaso → lado direito da cavidade abdominal
- inervado pelo nervo vago (SN parassimpático)
- função motora ligada à função fermentativa

- indigestões primárias= distúrbios motores e fermentativos retículo ruminais

- indigestões secundárias= processos sistêmicos, doenças do omaso/abomaso/intestinos
- sintomas comuns e inespecíficos de ambos:
● apatia
● apetite seletivo
● anorexia ou hiporexia
● ausência de ruminação
● hipomotilidade retículo ruminal

1. Anamnese:
- se houve mudanças recentes da dieta

RÚMEN

2. INSPEÇÃO:
- avaliação do contorno abdominal
- presença ou ausência de movimentos ruminais
 - grau de repleção
● flanco tenso= normal
● flanco côncavo= anorexia crônica
● flanco protuberante= dilatações ruminais como timpanismo gasoso (quadrante
dorsal abaulado) ou espumoso (quadrantes dorsal e ventral abaulados)

3. PALPAÇÃO:
- presença, frequência e intensidade dos mov. ruminais
- parte gasosa= impossível palpar
- parte sólida= moderadamente mole/flácida, levemente crepitante, possível deformar
- parte líquida= moderadamente tensa e flutuante
- consistência do conteúdo
● tensão elástica= timpanismo gasoso ou espumoso
● firme= sobrecarga com forragem de baixo valor ou sablose
● tensão moderada a acentuada, flutuante= acidose lática ruminal aguda ou
indigestão vagal

4. PERCUSSÃO:
- parte gasosa= som timpânico (grave ressonante)
- parte sólida= som submaciço/submate
- parte líquida= som maciço/mate (agudo)
- uso da palpação para diferenciar enfermidades de mesmo som

5. AUSCULTAÇÃO:
- parte dorsal do flanco esquerdo, na fossa paralombar
- ruído= quando houver movimento (roçar da porção fibrosa contra a parede abdominal)
- ciclo primário de contração= BIFÁSICO
● 1ª fase → onda do retículo em sentido dorsocaudal
● 2ª fase → onda do retículo em sentido ventrocaudal que retorna
cranialmente
● 1 movimento ruminal = 2 ruídos
 - ciclo secundário de contração= para eruptação, sentido caudocranial a partir do saco
dorsal (empurra bolha de gás/arroto em direção ao cárdia)
- animal saudável → 2 a 3 movimentos em 5 minutos ou 7 a 12 movimentos em
5 minutos
- condições que pode apresentar
● hipermotilidade: durante ruminação, após ingestão de alimentos, início do
timpanismo espumoso e início de indigestão vagal
● hipomotilidade: dia do parto, dieta baixa em fibra, jejum, medo, dor, esforço físico,
indigestões (primárias e secundárias)
● atonia: indigestões primárias graves ou crônicas e indigestões secundárias
crônicas
● movimento incompleto/sem uma das fases

6. PERCUSSÃO DOLOROSA:
- avaliação de dor
- ruminite, peritonite, abscessos na parede do rúmen

7. PALPAÇÃO RETAL:
- indigestão vagal
- sobrecarga com forragem de baixo valor e sablose

8. SUCO RUMINAL:
- cor
● amarelo ou cinza em acidose ruminal
● negro esverdeado em putrefação da ingesta ou estase prolongada
- odor
● ácido em acidose ruminal
● pútrido em putrefação da ingesta
● cheiro de vômito em refluxo de suco abomasal
- consistência
● espuma/bolha de gás em timpanismo espumoso
● viscoso a pastoso em indigestão vagal
● aguado em acidose ruminal, putrefação da ingesta e inatividade da microbiota
- pH
● fisiológico de 5,5 a 7,2
● mais fibra bruta (volumoso) com saliva (tamponante) tende a alcalinizar, enquanto
mais concentrado (grãos/carboidrato CHO/amido) tende a acidificar
● acidose é menor que 5,5 → muito concentrado na dieta
● acidose ruminal= aumento de CHO, aumento de AGV + ác. láctico
● acidose ruminal= refluxo de suco abomasal, aumento de HCl
● alcalose é maior que 7,2 → muita proteína bruta na dieta
● alcalose ruminal= aumento de PB, aumento de amônia/amônio
● alcalose ruminal= putrefação de ingesta + aminas e amidas
● alcalose ruminal= inatividade da microbiota ou jejum, menos AGV
● quanto mais AGV, menor o pH / quanto menos AGV, maior o pH

9. LAPARO-RUMINOTOMIA EXPLORATÓRIA:
- inspeção para avaliação de conteúdo ruminal e presença de corpos estranho
- palpação interna de rúmen, retículo, cárdia e óstio retículo-omasal
RETÍCULO

- métodos semiológicos são restritos no retículo por conta de sua posição anatômica, não são
feitas a auscultação e nem a percussão acústica

1. PROVAS DE DOR
- beliscamento de pele na cernelha
- percussão dolorosa
- prova do bastão
- teste da rampa
- diagnosticar reticuloperitonite traumática em BOVINOS (animais não seletivos
na alimentação por conta de sua menor percepção tátil) → ingestão de corpo
estranho que possa perfurar a parede do retículo e atingir outros órgãos ou
tecidos

2. FERROSCOPIA

3. RETICULOGRAFIA

4. ULTRASSONOGRAFIA

5. PALPAÇÃO INTERNA
- na laparo-ruminotomia exploratória

SEMIOLOGIA DO SNC

- síndrome neurológicas, geralmente multifocais em grandes animais (+ de 1 síndrome juntas)

- anatomia:
● SNC= encéfalo + medula espinhal
● encéfalo= cérebro (telencéfalo e diencéfalo) + cerebelo + tronco encefálico
● tronco encefálico= mesencéfalo, ponte e bulbo/medula oblonga
● córtex frontal → intelecto, comportamento, atividade motora refinada
● córtex parietal → nocicepção e propriocepção
● córtex occipital → visão
● córtex temporal → comportamento e audição

1. Síndrome cerebral:
- depressão - andar em círculos em lesão
- alterações no comportamento e unilateral
personalidade - ritmo respiratório irregular
- amaurose (reflexo pupilar à luz - mioclonias
direto e consensual é normal) - convulsão
- pressão da cabeça contra
obstáculos

2. Síndrome mesencefálica:
- depressão ou coma
- midríase (sem resposta à luz)
- estrabismo
- tetraparesia
- decúbito permanente
 - nervos oculomotor (3) e troclear (4)
- passagem do SARA (consciência) e de tratos motores e sensoriais:
● tratos motores - vias descendentes - eferentes: córtico-espinhal, rubro-espinhal,
retículo-espinhal e vestíbulo-espinhal
● tratos sensoriais - vias ascendentes - aferentes: propriocepção inconsciente,
propriocepção consciente e nocicepção

3. Síndrome pontinobulbar:
- depressão
- anormalidades locomotoras
- tetraparesia com decúbito permanente
- disfunção de vários nervos cranianos
- ponte= nervo trigêmeo (5) e presença do SARA
- bulbo= nervos abducente (6), facial (7), vestibulococlear (8), glossofaríngeo (9), vago
(10), acessório (11) e hipoglosso (12)

4. Síndrome vestibular:
- rotação de cabeça (que difere de - andar em círculos
desvio lateral de cabeça) - nistagmo
- perda de equilíbrio - estrabismo
- quedas

5. Síndrome cerebelar:
- tremores de intenção de cabeça - base ampla de apoio
- anormalidades locomotoras - nistagmo
- ataxia - visão normal
- hipermetria - reflexo de ameaça ao globo
- espasticidade ocular pode estar ausente

AULA PRÁTICA
→ não há resposta ao reflexo de ameaça ao globo ocular em caso de cegueira
→ na amaurose, há presença de reflexo pupilar à luz
→ reflexo pupilar à luz:
● direta= emitir luz no olho que está sendo observado
● consensual= emitir luz em um olho e observar o outro
→ nervos cranianos:
● 1- olfatório S, do cérebro
● 2- óptico S, do cérebro
● 3- oculomotor M, do mesencéfalo
● 4- troclear MS, do mesencéfalo
● 5- trigêmeo MS, da ponte
● 6- abducente M, do bulbo
● 7- facial MS, do bulbo
● 8- vestibulococlear S, do bulbo
● 9- glossofaríngeo MS, do bulbo
● 10- vago MS, do bulbo
● 11- acessório M, do bulbo
● 12- hipoglosso M, do bulbo
 6. Síndromes medulares:
- cervical (C1-C5)
● tetraparesia/plegia
● déficit proprioceptivo nos 4 membros
● normo ou hiperreflexia nos 4 membros
● atrofia muscular lenta por desuso
- cervicotorácica (C6-T2), plexo braquial
● tetraparesia/plegia
● déficit proprioceptivo nos 4 membros
● hiporreflexia nos torácicos
● normo ou hiperreflexia nos pélvicos
● atrofia muscular rápida neurogênica nos torácicos
- toracolombar (T3-L3)
● paraparesia/plegia
● déficit proprioceptivo nos pélvicos
● normorreflexia nos torácicos
● normo ou hiperreflexia nos pélvicos
● atrofia muscular lenta por desuso nos pélvicos
- lombossacral (L4-S2), plexo lombossacral
● paraparesia/plegia
● déficit proprioceptivo nos pélvicos
● normorreflexia nos torácicos
● atrofia muscular rápida neurogênica nos pélvicos
- síndrome da cauda equina (S3 em diante)
● analgesia ou anestesia perianal
● relaxamento do ânus
● retenção de fezes
● retenção de urina em fêmeas (uretra curta)
● incontinência de urina em machos com posterior ruptura da bexiga
● flacidez da cauda
- na medula também há a passagem dos tratos motores e sensoriais e, em compressão
dela, a via sensorial é primeiro atingida

QUESTÕES

1- métodos exploratórios do rúmen

2- métodos exploratórios do equino com cólica
3- avaliação de dor no equino com cólica= análise do comportamento do animal, se deita, rola, levanta e
repete esse comportamento, se está apático, inquieto e frequência cardíaca
4- métodos exploratórios da cavidade oral
5- pH do suco ruminal normal, se come muito concentrado, se está em jejum
6- quadrantes para auscultação peristáltica no equino