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Os Brasileiros e A Democracia Parte 4

A cultura política brasileira é caracterizada por padrões rígidos e uma continuidade de valores autoritários, mas mudanças recentes indicam uma maior atenção e interesse da população pelos processos políticos. A transição para a democracia trouxe novas dinâmicas, resultando em uma opinião pública mais engajada e um reconhecimento das instituições democráticas. No entanto, as desigualdades sociais e econômicas persistem, gerando diferentes subculturas políticas entre os grupos sociais.

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Os Brasileiros e A Democracia Parte 4

A cultura política brasileira é caracterizada por padrões rígidos e uma continuidade de valores autoritários, mas mudanças recentes indicam uma maior atenção e interesse da população pelos processos políticos. A transição para a democracia trouxe novas dinâmicas, resultando em uma opinião pública mais engajada e um reconhecimento das instituições democráticas. No entanto, as desigualdades sociais e econômicas persistem, gerando diferentes subculturas políticas entre os grupos sociais.

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SEGUNDA PARTE

BASESSOCIAISE POLITICAS
DA LEGITIMIDADE
DEMOCRATICA NO BRASIL
CONTEMPOR
4
NA CULTURA
MUDANÇAS E CONTINUIDADES
POLITICA DOS BRASILEIROS

A cultura política dos brasileiros tem sido des


crita, desde os trabalhos pioneiros de Oliveira Viana (1930.
1978), Alberto Torres (1993), Gilberto Freyre (1978) e Sérgio
Buarque de Hollanda (1986), passando pelos estudos mais re

centes, como um conjunto rígido de padrões politico-culturais


dotado de forte capacidade de continuidade, combinando tra
çosherdados das raízes "ibéricas" do país-isto é, um sistema
de valores autoritários, hierárquicos e plebiscitários- com
componentes "estatistas" e antiliberais resultantes do processo
Estado. Enquanto, por um lado, à sociedade é
de formação do
essencialmente como um ente "amorfo" e estático, dota-
VIsta
do de uma espécie de incapacidade intrinseca para
organizar
(a não ser
Se e, portanto, para definir de modo
hierárquico) o
sentido da sua interação com a sociedade politica, o Estado,

Por sua parte, como organização politica, administrativa bu- e


rocrática, desfrutaria de um alto grau de autonomia (Lamou-
nier, 1977; Costa, 1992).
lal
configuração asseguraria aos
dirigentes do Estado,
qualquer que seja sua orientação politica, margens excessiva-
mente
amplas de atuação a salvo de mecanismos de controle
E A DEMOCRACIA
0S BRASILEIROS
106

sociedade. Mas, alem disso,


a vigência desse
pela
entre a sociedade civil e a padrão de
relações assimétricas
litica criaria condições
favoráveis à
intervenção iedade po-
Estado nos contlitos societár capazes de provocar ventiva do
mento de forças aptas a desafiar seu poder ou a amegi
organização. A idéia é que a combinação de repressão ac Sua
aos con-
flitos societários básicos com a sua
"internalização" nas estru-
turas do Estado, é,isto retirada da estera
com a
ca públi
sua alocação no interior do próprio aparelho estatal. para
ponderia a uma estratégia fundamentada, ao mesmo tempo
Corres
no "patrimonialismo'", no "corporativismo" e no "estatis

Isso permitiria, por um lado, proreger certos segmentos ou


grupos sociais tradicionais, ameaçados de eliminação pelo
processo de modernizaçao economica e social, através
da ua
representação orgânica dentro do próprio Estado: por outro
lado, beneficiaria com a força da inércia --nesse caso, deriva-
da, em grande parte, das desigualdades econõmicas e sociais
crônicas da sociedade brasileira-amplos segmentos de "não
elites" que, socialmente heterogëneos e insuficientemente or-
ganizados, não teriam acesso aos recursos indispensáveis à
sua participação na disputa por bens disponíveis; finalmente,
de uma concep-
esse
cenário implicaria ainda consolidação
na

ção de participação politica que, valorizando as tendências de


personalização e de individualização das relações políticas,
trataria o fenômeno do apoio político, e mesmo do voto, como
moeda de troca", retirando qualquer sentido dos vínculos de
solidariedade com partidos políticos e com instituições como
os parlamentos (Weffort, 1978; Reis, 1984; Schwartzman, 1988;
Lamounier, 1986; Lamounier & Souza, 1991).
As imagens que traduzem essa cultura politica são bem
conhecidas: clientelismo, populismo, atitude deferencial dian
te das
autoridades, manipulação, apatia política e, por ultimo,
antipartidismo e antinstitucionalismo. Com efeito,
acreditan
do-se nas interpretações mais conhecidas, os padrões politicO
culturais dominantes desautorizariam mesmo as
expectativas
(07
4-MUDANÇASECON DADESACLLTCRA PORITCA

uma
POSsidilidade a de constituir-se

mais pessimistas quanto de direitos


esfera publica
enraizada em
uma deinição ampla
as mais usuais
ainda: interpretações
no Brasil. Mais
políticos Parte ou no to o, do legado "var-
a manutençao, e m
supõem a c o n t i n u i d a d e de u m sistema poli-

guista" dos anos s0,


1sto e, com torte capaci-
em unm Executivo centralizado,
tico baseado
na
economia
e na sociedade e com amplo
dade de intervençao
domínio sobre os
demais poderes republicanos, supõem, tam-
de
arranjos
institucionais
que, na prätica,
bém, a
preservaçao
esvaziam os partidos politicos, retiram-Ihes import ncia na
disputa por recursos de podere,
ao mesmo tempo, restringem
a eficácia, seja das instituições de representação - limitadas

em grande parte, a mera função de "equilíbrio" entre oligar-

quias regionais Seja das instituiçoes privadas ou semipri


vadas da sociedade civil, como sindicatos, grupos de pressão,
etc. (Lamounier, 1989a; Moisés, 1989a).

Emergência de uma nova cultura política

Essa visäo conflita em muitos aspectos com desenvolvi-


mentos politicos mais recentes. A despeito dos seus percalços,
o processo de democratização da ültima década e meia reve-
lou-se exemplar da din mica de interação entre a opção de-
das "relevantes"
mocrática elites formação de
democrático mínimo entre o público de massa. A transição
e a consenso

politica brasileira durou mais de uma década (1974-1985), ge-


rando um
amplo e complexo
movimento de oposiço ao regi-
me autoritário, servindo tanto para redefinir o compromisso
de parcelas das elites com o regime politico (ou provocar a sua
"conversão" democrática), como para generalizar as virtudes
da democracia entre amplos setores da sociedade; no
proces-
so, os dois lados influenciaram-se. As razões para isso são vá-
rias e de natureza diferente:
DEMOCRACIA

BRASILEIROSEA

0S
do ror
terror do Estado
108 e x p e r i e n c i a
pro.
a
na
atitude a de diferentes
primeiro
lugar, mudança

(Weffort, 1984), Aauséncia da


Em 1984).
(1) uma
prorunda
brasileiroS
(Weffort,
vocou

politicos
consfrangimentos tos políticos
indivíduosEais
à
atores
os
isto e, a
liberdade, perseguições s o c i e d a d o 0 s ,

política,as instituições
da e
chama
atividade
do
kstado
em acabaram por ra aten-
intervenção dito
a virtudes da
as
para
propriamente
sociedade
arbitrio da
o segmentos vicios do despot
potismo.
amplos os
gão de
com

brasileir
contraste

democracia
em autoritário leiro
como o regime
segundo lugar, de um
um sistema politico.semi-
(2) Em
sobrevivencia

com a d i s p u t a e recr a-
conviveu

por condinua longo e


nr
competitivo,
responsavel
elites,
produziu-se
um
pro
politicos
entre as
do autoritarismo;
mes- me
mento deslegitumaçao
de pelo regime, aa
fundo processo
semitutelado

sistema partidario dos seus


um estendeu o debate
mo com
de eleiçoes
publico de
massa.
realização periódica alternativas
a0

e de
suas
as elites; as elei
problemas dissidencia
entre

assim, a
antiautoritários
Aprofundou-se, de plebiscitos
carater
assumiram claro favo-
as condições
ções sociais, aproveitando
e as
mobilizações converteram-se

"abertura" politica,
ráveis
oferecidas pela massa
(Lamounier, 1989a;
democr ticos de
movimentos
em

Moisés, 1982) "abertura" pratica-


o início da politica de
(3) Em terceiro lugar, com os
eteitos
combinados das

mente coincidiu
no tempo estenden-
interna e externa (1972-1973),
económicas
crises en-
regime--ate
insatisfações como
as
doe aprofundando
populares-a significativas p
tão limitadas aos setores
combinaram-se, dessa torma,
celas das elites empresariais;
elementos de natureza racional, le
motivações simbólicas a
vando parte das elites "relevantes" a romper o pacto polit-
co que fundamentava o seu apoio ao autoritarismo (Dupas,
1987; Bresser Pereira, 193).
(4) Por ultimo, mas não menos importantes, devem ser consi
derados os eteitos de quase duas décadas de modernizaça0
1 ADEs MACLLTURA POLITKA 109
- MUDANÇASt

económica e social no pais. As mudanças alteraram não


apenas a macromorfologia da sociedade, ampliando a divi
são social do trabaiho, Concentrando as populações, preBe
rencialmente, em areas metropolitanas de porte médio e
grande, requaliticando cognitivamente parcelas significati-
vas delas, mas ainda provoc ndo intensa e continua mobili-
zação sócio-politica em diferentes setores da sociedade.
suscitando expectativas e demandas novas, mais comple-
xas e mais volumosas, em relaçao ao papel do poder públi
co (Santos, 1985).

Foi esse o contexto em que começaram a ocorfer as mu


danças nas convicções politicas dos brasileiros entre meados
dos anos 70ea segunda metade da década seguinte, provocan-
do a emergëéncia de novos padrões politico-culturais no país
(Moisés, 1993c; Lamounier, 199la). Este capítulo examina essas
questoes a partir da evidència empirica produzida por quatro
pesquisas nacionais de cultura politica realizadas no pais' A
em primeiro lugar
hipótese principal é que, complexo de ati
o
tudes e de orientações para a ação que caracteriza a atual cul-
tura política brasileira não é tão rigido quanto a literatura men-
cionada faz crer; descartando o pressuposto de que a herança
"ibérica" tenha capacidade de sobreviver às transtormaçöes
provocadas pela passagem do tempo ou que o legado dos anos
30, relativo às relações entre Estadoe sociedade civil, seja
imu
ne às transtormações económicas, sociais e politicas veritica-
das pais nos ultimos 30 anos, sustenta-se que, a partir da
no

experiencia do autoritarismo e da crise politica que lhe corres


pondeu, mudanças extremamente importantes estão ocorren
do
padrões politico-culurais Vigentes no pais.
nos

Em
primeiro lugar, essas mudanças apontam para a tor
mação de uma opinião publica mais atenta aos
processos
politicos- tanto aos
processos de formação de governos
como aos de tomada dedecisões por eles; essa maior atenção
implica em mais "interesse" pelos tatos da vida politica, mas,
110 os BRASILETROS EA
DEMOCRACIA
ao mesmo tempo, envolve também
bre o fenómeno que Almond e Verba
atrás, de "eficácia politica subjetiva",
manichamara
testaçoes negativas so-
isto é, do s décadae
indivíduos de que vale a pena participar da
podem influir nas decisoes relevantes da sua politicados
comunidade
segundo lugar, apontam pard um maior reconheciment m
portáncia das instituiçoes democraticas per se,
ou seja,
doe
cessoseleitorais, responsaveis pela formação de ro-
governos
dimensão relativa à organizaçao de partidos políticos; final.
mente, apontam para o fenomeno de adesão
normativa à de-
mocracia, isto é, para a preferencia pelo regime democrático e
contraposição à alternativa autoritária ou a uma posicão
de
indiferença diante do regime político.
Tais hipóteses sugerem que, mesmo se incompletas, essas
mudanças afetaram profundamente a cultura política tradicio-
nal do país. No entanto, em ambiente de herança politica täo
arraigada como a que taz referéncia a literatura mencionada e,
principalmente, em um quadro caracterizado pela manutenção
de desigualdades econômicas e sociais tão profundas como as

que sobrevivem no Brasil, seria ingènuo supor que abrangën-


a

a vi-
Cla e o sentido dessas mudanças pudessem homogeneizar

são do conjunto da sociedade. Com efeito, a


continuidade de
lado, e
desigualdades económicas, sociais e
regionais, por um
a preservação ou a formação de novas e velhas identidades so-
Ciaise politicas, por outro, tudo produz efeitos de natureza de-

sigual que, em conseqüência, se traduzem em percepções e


mesmo, comportamentos políticos bastante diferentes. Por
es
sa razão, mais apropriado do que falar da emergência de uma

Cultura política nacional no período pós-autoritário, faz mas


sentido referir-se terndências distintas, às até
tórias,
a vezes
contraal
convergindo na formação de diferentes subculturas po
ithcas, tanto nas regiðes do país, como no âmbito da diversida
de caracterizada por
grupos e classes sociais.
aspirações, perspectivas e interesses de
111
MUDANÇAS
E CONINUIDADES NA CULTURA POLITICA
inconclusa e reversão
Democratização

de expectativas

de mudança nas orientações políticas


Os primeiros s i n a i s extraordinaria derrota eleitoral
com a
surgiram
dos brasileiros (MoISeS e Albuquerque, 1986c).
autoritario em 19/4
do regime
do inicio dos anos 80, 0 processo de transição
Depois, a partir
tornou-se mais com-
acelerou-se e, ao mesmo tempo,
politica eleitorais de 1974e 1978,
uma vez que, desde as vitórias
plexo, cornverter-se em aiternativa real
a oposição parlamentar logrou lide-
de governo nos Estados
principais do país, levando suas

de admi-
ranças mais importantes, desejosas
de galgar postos
nistração pública, mobilizaço popular contra o
a intensificar a
teve um duplo sentido:
regime autoritàrio. Essa mobilização
a defesa das virtudes do regime
(a) em primeiro lugar, reforçou
democrätico, em contraste com os vicios do regime autoritário,
aumentou
em sua propaganda politica; (b) em segundo lugar,
as pressões em favor da reintrodução do sistema
de eleições di-
de
cargos de governadores de Estado, através
sua
retas para 0s

ação parlamentar. Com eteito, após a batalha congressual ne-

cessária à sua aprovação, essas eleições se transformaram no

urning pont desse periodo da transição, o que levou alguns


analistas a falarem da existëncia de uma diarquia no Brasil em
decorrência da formação de governos democráticos na maioria
dos Estados do país convivendo como regime autoritrio na
esfera federal (Linz, 1983). De fato, o regime não
mais impedir que a alternativa democrática se tornasse efetiva,
conseguia
organizando-se melhor, ocupando parcelas de poder e, princi-
palmente, acenando com formas alternativas de relação entre o
governo e a sociedade. Por uma parte, isso chamava a atenção
do público de massa para os pontos críticos do regime vigente;
por outra, disseminava atitudes e comportamentos políiticos
alternativos entre a opinião pública e os diferentes atores polí
ticos. Exemplo disso são os resultados de
pesquisas de opiniäo
que, a partir dessa fase, mostraram que a alternativa democrá-
112 os BRASILEIROS E A DEMOCRACIA

tica começava a ganhar a afeição dos públicos de mace.


pesquisas, embora limitadas em seu escopo, constatara is
primeira vez desde o inicio dosS anos 70, quando aos indices
Pela
de aprovação do regime autoritario tinham chega
surgimento de tendências de sua rejeição entre a pobl
(Cohen, 1979; Rochon e Mitchell, 1987).

regime autoritario comegava, assim, a perder a batal


O
da sua justificação politica e ideológica entre públicos h a
trora o haviam apoiado pelo "consentimento que o
passivo" m
ponto de partida certamente importante do seu fracasso mas,
os cidadãos, a rejeição de um regime
politico não implic
entre
na per se
valorização imediata ou automatica de outro. De fato, aind-
seria preciso que quase se completasse outra década
de crisec
utas e mobilizações democraticas
para que a preterência pela
democracia generali1zasse entre os Drasileiros,
se

taxa inédita de 50%% de apoio em alcançando a


l989,quando se realizaram as
primeiras eleições diretas para presidente da República em
trinta anos (Moisés, 19936}; contudo, ao chegar nesse
de ponto,
esse processo mudanças ja tinha demonstrado que
conviver com algumas importantes contradições. podia
No final da década de 80, a
população brasileira já tinha
experimentado um governo civil, no plano federal, em mais de
vinte anos, e quase dois
periodos de quatro anos de
governos
estaduais eleitos democraticamente, mas, da
apesar origem
oposicionista dessas experiências, elas foram responsáveis por
enorme reversão das
expectativas populares por mudanças
económicas, sociais e políticas criadas pela transição. No início
da década, o país tinha
ingressado na mais grave crise eco
nómica e social deste século, com os seus efeitos recessivos re-
fletindo-se, por exemplo, em taxas elevadas de inatividade in
dustrial e de
desemprego em suas principais áreas metropolita-
nas (Dupas, 1987). Limitados em sua esfera de competência, e
embora tenham adotado
políticas de estímulo à participaçao
popular em algumas esferas de decisões públicas, os governos
estaduais pouco puderam fazer para resolver os problemas ma-
POLITICA.. 3
DANÇAS ECONTINUIDADES NA CULTURA
4-
abertura de "frentes de traba-
croeconomicos
do pais, mesmoa
âmbito estadualnao rO1 Suliciente para reverter o de-
Iho" em inevitavel, portanto, que ao fim
semprego
198/).
(Montoro, Era sociedade u m a sensação gene-
desse período
se
espralasse pela
de que ada democracia, com
chegada
os "governos de
ralizada
não tinha
permitido principais proble-
resolver os
oposição", 19896). Por isso, não por
mas sentidos pela população (MMoises,
acaso, sob a aiguns governos estaduais, o país in-
iniciativa de
mais espetacular processo de mobilização de massa
gressou no
c o n h e c i m e n t o em sua história recente, isto é, a
de que se tem
diretas para presidente da República
campanha por eleiçóes
sustentando que a solução dos problemas do
(Moisés, 1985);
fim do
país dependia, fundamentalmente, do regime autoritá-
rio e que esse objetivo se subordinava diretamente à quebra da
indireta do chefe de algumas admi-
regra de eleição governo,
nistrações estaduais substituiram a atuação que não podiam ou
não conseguiam ter no campo econömico e social pela mobili-
zação antiautoritária que, em poucos meses, Ocupou as praças e
as ruas do Brasil. Na impossibilidade de responder eficazmente
às demandas de "efetividade" governativa, os "governos de
oposição" optaram por uma ação eminentemente "simbólica"
e, como corolário, essa ação reforçou as expectativas positivas
existentes diante da alternativa democrática.
Quando se realizaram eleições presidenciais, em 1989,
mesmo assumindo clara conotação de que a transição chegara
elas sucederam
efetivamente ao fim, periodo extraordi-
a um
nariamente ambiguo, correspondente ao primeiro governo ci-
vil pós-autoritário. Nascido da eleição indireta de Tancredo
Neves e de sua morte inesperada, o governo de José Sarney te-
ve a sua
principal base de sustentação no PMDB, ou seja, no
mais importante partido de oposição ao regime autoritário;
mas o próprio presidente da República e vários dos seus auxi-
lares
representavam a continuidade de estilo e mesmo de
orientações antidemocráticas dentro do novo regime. Essa am-
biguidade marcou toda a trajetória da coalizão que sustentou
D E M O R A C I A

B R A S I L E I R O s E A

114 0S Allança
Democrática.
a, pro-
1sto e, a
transição, i 10
de de
governabilidade

pactos
os
enormes
problemas
os
moderados" do repi
vocando

Constituida por
um acordo entre ao enraizar a uall
sua
pariamentar,
autoritário e
de sua oposiçao procedimentos poli
na
continuidade
ae
praucas e
idade ae apolo
parlamentar ao pr

ticos
tradicionais-como
a roca ou regiões quai
aos
ae
gupos
verno pelo "tavorecimento
Longresso
Nacional emesmo
Smo s
pertenciam
membros do do movi.
com
demandas repudicanas originarias
imobilizou
mesclados Democrática
a Aliança
mento de
"resistëncia",

contestaao
por vários setores da soc
um govermno
rigosamente pelo poder:
ciedade civile
dividido internamente pela aisputa
afirmar-se essencialmente através de
teve de buscar
por isso
de "administraçao eleitoral" dos problemas
uma estratégia caso do fra
como no
econômicos e sociais
do pas, aexanao,
de enorme frustração
um
legaao Com
casso do Plano Cruzado,
do novo governo democratico (Campello de
o desempenho
1989a).
Souza, 1989; Moisés,
De fato, sem enfrentar
os
grandes dilemas politicos herda-
históricos inexistência
anteriores-isto e, a

dos dos períodos a ohgarquização das institui-


de um efetivo sistema partidario,
ções de representaçao
e 0
desequilibrio sederativo, entre outros
-,os de transiçao revelaram-se
pactos para fazer insufhicientes

cessar a crise do sistema politico. Em contraste com a experiên-

de como a Espanha, que, apesar


de também basear a
cia
sua
países
transição em negociações politicas, tez uma clara ruptura

com as instituições dojranquismo, ou como Argentina


a e o Uru-
guai, que, detentores de tradiç o democratica mais arraigada
uma estrategia de restauração das
que a brasileira, optaram por
suas antigas constifuições democráticas, o Brasil ingressou em
um longo e erratico processo de retorma constitucional, ainda
inconcluso no início de 1995, e do qual as forças sociais e politi
cas tenderam a esperar em excesso ea fazer menos do que seria
necessario para que a institucionalização política do país fina
mente se completasse (Paramio, 1989; Moisés, 1989a).
A-MUDANÇASECONI NDES SACLLTCRA POLITICA I15
processo contraditOrio de
negOCiaçoes preservou,
nor exemplo, area exCessiva de autonomia para as Forças Ar
madas seguirem intervinao em questoes de ordem interna,
spm falar das sobrevivencias corporativistas no terreno da or-
eanização sindical (raria, 169, 5tepan, 1988); ao mesmo tem-
po, formada pelos partidos da Aliança Democrática, isto é,
PMDB e PFL, a maioria congressual ampliou extraordinaria-
mente a competencia do poder Legislativo, na nova Constitui-
cão, tentando reequilibrar a excessSIva concentração de poderes
em mãos do Executivo e caminnando em direção a um sistema

semipresidencialista de govemo, semelhante ao modelo vigen-


te na França; no entanto, como o presidente Sarney se opós te-
nazmente a0 encurtamento da duraçao do seu mandato e à es-
trição de parte de suas funçóes presidenciais, procurou e obteve
apoio direto dos chetes militares que não queriam submeter-
se aos riscos do voto de "descontiança" e, antes, preferiam su-
bordinar-se institucionaimente ao presidente da República em
vez de a um eventual primeiro-ministro; assim, agindo sob um
conglomerado extremamente poderoso de pressões, o Congres-
so Constituinte acabOu preservando o sistema presidencialista
e até exacerbou algumas de suas caracteristicas (Lamounier,
1993b); isso ampliou as
margens de contlito entre o
Legislativo
eo Executivo, aumentou ainda mais os riscos de paralisia deci-
sória, pouco ajudando o pais a superar a crise de governabilida-
de em que estava mergulhado e produzindo, uma vez mais, a
reversão das expectativas publicas quanto a solução dos pro-
blemas económicos e sociais e, em consequencia, trustrando
ainda mais os eleitores diante dos políticos e das novas instiui-
çoes democráticas (Moisés, 1989b).
Não seria realista esperar, nesse quadro, que os diteren-
tes estratos
do püblico de massa
pudessem perceber todos os
matizes da passagem do regime autoritário para o democráti-
co ou que mostrassem entusiasmo muito grande diante desse
ultimo. Em
particular, no que se retere aos
segmentos mais
pobres e menos dotados de conhecimento sobre a natureza
DEMOCRACIA
16 Os BRASILEIROS EA
116
supor que a ac
dos conflitospoliticos, erd mais razoavel
r o s s e mais tragil, senão por Osh
democratico
ção do regime s u a s experiencias cOm as novas
razões, porque
primeiras ins
insuficient
politicas-performance BOvernativa Por
tituições instifucional de demandas democ
um lado, bloqueio
destavoravels para aimentar o surgiment
outro- eram
r
otimistas entre os publicos de massa A S-
de expectativas
e Mendes, 1990).
zynski

aos militares à adesão à democracia


Da rejeição

As reações do público às transformações politicas dos


anos 70 e 80 foram, no entanto, mais favoraveis à demoCrai
ção do que se supunha. Comparadas com as tendências atitu-
dinais" predominantes no inicio dos anos 70 (Cohen, 1979)
elas sugerem que a interação entre a criaç o de instituições ea
formação de padrões politaco-culturais tem margens mais am-
plas de autonomia do que admitem alguns criticos do conceito
de cultura politica. No contexto de forte deslegitimação do re-
gime autoritário e de crescente afirmação da alternativa demo-
crática, mesmo as de
enfrentando dificuldades institucionali-
zação que tipificam a democratizaçao brasileira, a
aceitação da
democracia não ficou bloqueada no Brasil. Com efeito, embora
seja preciso tomar com cautela as
comparaçoes, uma vez
que
os dados de 1989, 1990 e 1993 são para todo
país e os de 1972o
e 1982
apenas para a região Sudeste e algumas capitais de esta-
dos, respectivamente, vários aspectos chamam a atenço no
quadro 1, apresentado a seguir, e nos
gráficos que o
acompa-
nham. Esse conjunto de informações, mesmo se relativo a per-
guntas formuladas muitas vezes de modo diferente, oferece
um
primeiro e preliminar balanço longitudinal das mudanças
de orientação
política dos brasileiros a partir da crise do auto
ritarismo, entre 1973-1974, da sua evolução até as eleições de
1989 e do período democrático posterior, isto é, 1990-1993:
4-MUDANÇASECONTINUIDADES NA CULTURA IroLITICA. 117

(1) Em primeiro lugar, verifica-se que, entre 1972 e 1993, cai

drasticamente o contingente dos que véem os militares co-


mo uma alternativa para resolver os problemas do país. Se é
certo que, alguns anos depois do fim do regime autoritário,
contingente dos que apoiam a sua intervenção na política
ainda é de 36%% dos entrevistadoS, sua queda no tempo é
contínua e acentuada. O teste de contrastes de Goodman,
apresentado no grafico1, demonstra que, tomando-se os da-
dos para o periodo entre 1989 e l993, mais do que simples
variação anmostral, a única alternativa cujos percentuais cres
cem, mesmo se levemente, e a que rejeita a "volta dos milita-
res ao
poder", as outras mantem-se
praticamente iguais.
Quadro
MUDANÇAS NAS ATITUDES E OPINIOES DOS BRASILEIROs
QUANTO A INSTITUIçOES E
PARTICIPAÇAO POLÍTICA:
1972, 1982, 1989a, 19896, 1990 E 1993 (em %)
Instituições 1S/2 1982 1989a 1989b 1990 1993
1.A favor da intervenção
dos milltares na politica 79 52 44
2. A favor dos partidos politicos (151 50 49 48
3.Contra a intervenção do Estado
em sindicatos ou greves (2 42 62 60 5
Participação 1972 1982 1989a
1989 1990 1933
4.A favor de eleições diretas ou
de
participar de eleiçôes (3) 57 82 61 66 50
5.A favor do direito de voto dos

dnaiiabetos (4 38 60 58
59 55
FONTE: 1972a 1982. Rachon e Mitchell |1987: 1989 a
1993. Cultura Politica, Arquivo de dados do projeto Dema
cratizagão e Cultura Plitica, do pelo autor e realizado no
dirig ambito do comvenio Cedec/UsP/Datafcilha
em 19/2, a questão referia-se a "dar mais
poder a0s partidos', em 1982, à capacidade dos
rem uma lareta
util a sociedade, em 19E9e 1933, a partidos de realita
possibilidade de um so
em 1990, a se
"os partidos sa0
indispensàveis a democracid
partido ser menor para o
pais, e.

12) tm 1s50, a questão referia-se a se


o governo tem "o direto
de reprimir greves e o uso ce repas para i55
19) tm 19/2. a
questão referia-se a eleições diretas para
governador, enquanto em 1s82
blica de 1989 a 1933 a se 0 entrevistado votaria se o voto nao tosse Ccngaond para presidente da Kept
14) Em 1949e 1990, a questão referia-se a dar o direito de vato a pessoas sem estuco
DEMOCRACIA

OS BRASILEROS EA
118

de maioria relativa de poucO mais d


evidentemente, de
Trata-se, minoria pouco superior
contraste com uma os
50%, em
acetando a altermativa ática, dde cerca
antidemocrática. oe
entrevistados
respondendo "No sabe" ou "Em
de 10 e 5%, respechvamente, os dados de o
No entanto, consIderando tambem
parte". verihcar a atitude dos entrevistados dian
timulo destinado
a da
pode
democracia ("'A
desordens" ), observ-se
democracla
e perngOSa porque
meinor a sua consistëncia (gráfico25. provoca
lugar, apesar de certa oscilaçaão verificada
Emsegundo
(2) período de mais de vinte anos, e notavel que cerca de 50%
m

Gralico 1

"O PAIS FUNCIONARIA BEM MELHOR SE OS MILTARES VOLTASSEM AO PODER

378 ***** ****-.


*****
S1,3

* X .

52 -.

Concarda Discorda Em parte **Nao sabe


FONTE Cutura Politica

CONTRASTESSIGNIFICATIVOS:
Concorda Discorda Não sabe
% (1989a) > % (1990) **
%(1989a) <% (1990) % (1989a) > % (1990)**
% (1989a) < % (1993)
% (1989b)«% (1990)*
1%
"<5%
(UDANÇAS E
CONTNODADES NA CULTURA POLITICA... I19

Gráfico 2

DEMOCRACIA E PERIGOSA PORQUE PODE PROVOCAR


a
DESORDENS

36,6
-* **********-----
****---.. .. ***

%30

A-Concorda Discoroa -
-
Em parte ¥ = Nao sabe
FONTE: Cultura Politica.

CONTRASTES SIGNIFICATIVOS:
Concorda Discorda
%(1989a) > % (19896)* % (1989a) < % (19896)**
% (19898) « % (193) % (1989a) < % (1993)**

5 %

dos eleitores brasileiros mostrem


que começam a
reconhe
cer a
importäncia
dos partidos politicos ou, de alguma for
ma, tomem-nos como referência: para país de tradição anti-
partidística tão arraigada, isso pode significar que, pela
primeira vez em muitas décadas, estão surgindo condições

subyetivas para a consolidação de um sistema partidário no


Brasil, uma vez
que a oscilação mencionada reflete prova-
veimente os problemas conjunturais gerados, durante e de-
pois da transição, pela introdução de uma legislação eleito-
DEMOCRACIA
O5 BRASILEIROS EA
120

errática e
tortemente
desorga
ganizadoraa
ral e partidária (Lamounier e Meneguello, 198.a
atividade dos partidos 986; a-
se confirmar
mounier, 19895). Essa hipotese parece
se em conta, ainda, os dados dos gráficos 3 e 4: por um lado,
minoritária dos
a
opiniao relanvamente que p
enquanto
m sistema de partido único no pais não se modifica
a dos que reioi
ao longo do tempo, por ouiro, porcentagem
tam explicitamente essa
alternava,
na população com0
cresce a uma media de 1,2% a cada
todo, é a ünica que
as porcetagens doS que revelam
alem aiss0,
va pesquisa;
Gráfico 3

O PAÍS SERIA BEM MELHOR SE SO EXISTISSE


UM PARTIDO
POLÍTICOo
1,5
48.5
.. *****---*****
**********

Loncoroa -Discorda *m parte * * Nao sabe

FONTE Ctura Poitica

cONTRASTES SIGNIFICATIvoS:
Discorda Não sa
% (1989a) « % (1990) % (1989a)> % (1990)
%(i929b) « % (1990)
% (19896) < *% (193)

'<5%
MUDANÇAS E CONIINUIDADES NA CULTURA POLÍTICA. 121

Gräfico4

PREFERENCIA POR PARTIDO


POLITICO

. ***** 4..

1s590 1989c
1390 939

FONTE: Culfura Politica

CONTRASTES SIGNIFICATIVOS:
%(1989a)<% (19890)% (1989a) < % (1993)% (1s896) < % (1989e)** % (19396) < %{1933

% (1989c) < % (193) %(1989d) < %(199 %(1989e) < % (1993) %(19901 % (193)

<0,1%
"<19

preferëncia por algum partido político crescem durante a


campanha eleitoral de 1989, caem um pouco em 1990 e vol-
tam a crescer em 1993,
ultrapassando a marca dos 50%.
(3) Os dados do quadro 1 revelam, ainda, a rejeição dos entre-
vistados controle estatal da atividade sindical e, mesmo,
a0
de greves de trabalhadores, mostrando a incorporação pelo
público de massa de um valor fundamental da natureza
conflitiva da democracia. De fato, no início dos anos 90,
BRASILEIROS E A DEMOCKALIA
122 0S
a hipótese. de
rechaçaram
brasileiros fundamen.uto
dos
mais de 2/3
intervir
nessa
dimensão

mental de
a
o governo
rizar civil.
sociedade

organização
da
resultado importante.
evidenciam e
dados também universal da
(4)Os ao
procedimento
mais
demo-
adesão eleições ou
lação a de
t e nvotar
direito de participar
dr
cracia, isto é,
o

tormar governos:
as p o r c e n t a g e n s
mostram

dos anos 80 e
endencia
para final da
decada

crescimento até o anrom


de diante; embora
intlex o negativa
dai em diante; embora aa
aprovação
leve
dos mais
excluidoS socialmernte, u
de voto
do direito
aumentado no conjunto do Der,
analfabetos, tenha
0s a eleição de Collr
ela cai
levemente em 1990,1sto e, apos
da kepublica.
Mais importante, con
Mello à Presidncia Istoqueda de 19
e, uma
do, é o que
revela o gráfico 5,
os entreviet
entre 190e 1993, quando
tos percentuais,
diante da situaçao hipotetica
de ter suspene
são colocados
direito de
voto. Embora
a compulsoriedade
do seu
apoio
entre 1989 e
a participar de eleiçoes seja crescente os
990,
existe diferença estatistica signiricatnva para resultados
observados entre 1990 e I995. Uma explicaço plausível pa

ra essa
é o enorme sentimento de frustração pro.
diferença
vocado pela experiencia com o governo collor de Mello,
não apenas com o fracasso do seu plano economico, como
ficou evidente, mas com os tatos que culminaram no seu

impeachmet, isto è, seu envolvimento com praticas de cor-

Tal frustraço, ao contrari0 das motivações que le


rupção.
varam muitos setores sOCiais a ap01ar Collor de Mello em
1989 (Moisés, 19926), pode ter-se somado a sentimento de
nahureza semelhante, embora de origem mais antiga, que
tem sustentado taxas elevadas de rejeição dos políticos, em
geral, no pais (o tema étratado mais amplamente no capitu
lo 6). Essa hipótese explicativa é aceitável se se considerar,
como logo se verå adiante, que a adesão dos brasileiros ao

regime democrático enquanto tal não está em


questão mas,
ao contrário, é crescente.
MUDANÇASECONINUIDADES NA CULTURA POLIT 123

Grafico 5

E O VOTO NÃO FOSSE OBRIGAORIO. vOCE VOTARIA NAS PROXIMAS


ELEIÇOES PARA PKEsIDENTE DA REPUBLICA?

07,4

************
8

*********************
13

1969a

Sim Não 1alvez

FONTE: Culiura Politica.

cONTRASTES SIGNIFICATIVOS:
m Vao

%(1989a) <%(1990) % (1989a) > 9% (19901


%(19809a) > %{1993) % (1989a) <% (1993)
% (199b)« % (190) % (1989b) > % (1990)
% (1989b)> % (193) % (1989b)« % (1993)
%(1989c)% (1990) % (1989c)» % (1990)*
%(1989c)> %(1993) % (1989c)< % (1993)
% (1990)>
%{1993) % (1990)< % (1993)
T7
<5%
DEMOCRACIA
124
OS BRASILETROS EA
b apresenta os dados.
Finalmente, o grafico
do funcintd
1989
(5) central
1993,
relativos a um aspecto sociedade, isto é,
ento a
democrática
dequalquer o ir
vida dicotomizandoesse
atividade politica:
dopúblico pela entre os que
ue e os que"n
nor.
tem "ten
mações existentes
teresse,
para o periodo
verfica-se
consideradm"in.

que, considerado, o
mon-
Grático 6

"INTERESSE POR POLÍTICA"

****** *********--. **

35A

S e m interesse -Não sabe


Com interesse
FONTE: Cuitura Politica

cONTRASTES SIGNIFICATIVOS
nteresse Sem interesse Não sabe
% (1909a) %(1989a)> %( 1993**
<
%(193) % (19890)» % (1989b)
% (1989a) > % (193)

5%
NA CULTURA POLÍTICA. 125
4-MUDANÇAS E CONNINODADES

aumenta em cerca de 8 pontosper


tante dos "interessados
1ss0 ocorre à custa da diminuição
centuais claramente,
e,
de
aesinteressados" ou dos que "não sa
dos contingentes
Assim, no inicio dos anos 90, ao
comple
bem" responder.
tarem-se oito
anos aa
recente exXperiencia democrática no

pais, aproximadamente 2/3 dos cidados brasileiros, mes

mo se fortemente diferenciados por sua situação econômica


e social, manitestam-se interessados em
acompanhar os ru-

mos da politica: nao e pouco para uma sociedade tida tradi-


cionalmente como "amorta" ou fundada em tendências de
distanciamento em relação à esfera pública.

Infelizmente, a inexistëncia de pesquisas nacionais que


abordem os distintos aspectos apresentados para periodos histó-
ricos mais remotos limita o alcance das comparações longitudi-
nais. No entanto, debxando-se de lado-por ora-algumas os
cilações observadas, os resultados desses vinte anos mostram
que, malgrado a continuidade de alguns elementos tracicionais,
os padróes politico-culturais emergentes no país confirmam gros-
so modo as hipöteses apresentadas antes. Por causa disso, torna-se
necessário estudar de modo mais sistemático o comportamento
dos indicadores especificos de legitimação democrática no Brasil.
Assim, supondo que os processos de ressocialização politi-
ca são intensamente influenciados pela experiência concreta dos
cidadãos, ao longo do
incluiu-se nas pesquisas reporta-
tempo,
das neste livro uma questäo clássica sobre a preferência dos in-
dividuos pelos dois regimes politicos que correspondem à sua
histórica recente, isto é,
experiência
ra.O
a democracia e a ditadu-
pressuposto
era durante
que, algum tempo, possivel-
mente uma década a uma década e meia, oS membros adultos
da comunidade politica retëm em sua memoria as
impressoes
das
experiencias políticas que afetaram sua vida em
períodos
relativamente recentes; ao mesmo tempo, a tendéncia do
pu-
blico de tais
comparar experiências com o passado ateta as
avaliações que ele faz, o que presumivelmente causa impacto
D E M O C R A C I A

E A
B R A S U L E I R O S

OS
126

atitudes
s o b r e os regimes demo
mocrático au.
diante da atec tão'. Em-
e
em
suas opiniðes indiferença
sua
estimula a
toritário ou
I não serve para medir o conteú-
tal variável n

bora seja
claro que

intensidade da
adesao democrática, ela tem
verificar o grau de acei
do
no entanto,
de permitir aceitação
vantagem, em dada
sociedade e dade e eem dado 1
democracia

normativa da
a nupotese original
mento e, ela
existindo, COmo pressupurind
com o passar do tempo
ou diminui
verificar se ela aumenta
bastante preciso
procedimento
envolve, Portanto, um teste
normativa dos
massa à
pubiicos de democCra
sobre a adesão
de um regime politico para
outros
na passagem
do público
mostra a evoluçao das preterencias
Ográfico 7 entre setembro de 1989 e marco
de massa pelo regime politico
o teste de Goodman para com-
Utilizando-se
de 1993 no Brasil. cada pesquisa, pode-
parar proporções
as verificadas em
a porcentagem dos que
ao longo do periodo,
se concluir que, a relativa aos que
democracia cresceu, enquanto
preferem a atitude de indiferença
ditadura ou sustentam uma
preferem a diminuiu em medida semelhan-
em relação ao regime politico
desde que se instalou
te". Por outras palavras, nos quatro anos,
das úl- demOCråticas
o primeiro governo
eleito segundo regras
crise economica, social e insti-
timas decadas, apesar da grave
aumentou o número de bra-
tucional que tem assolado o país,
sileiros que, estimulados a pronunciar-se sobre o regime
democratas. Mais
politico da sua preferência, se definem
como

a
importante ainda, esse aumento se deu, fundamentalmente,
a ditadura ou
expensas da diminuição dos que antes preferiam
tinham uma atitude de "indiferença" diante da questão, en-
quanto a porcentagem dos entrevistados que "não sabem" res
ponder a pergunta, isto é, um contingente que nesses quatro
anos oscila entre 8 e 15%, manteve-se estável no conjunto da

população. Mesmo sendo necessário qualificar melhor tais re


Sultados, eles evidenciam que a adesão normativa dos pübli
cOs de massa à democracia é um aspecto central da experiencia
brasileira de democratização dos anos 80 e 90.
MUDANÇAS E
4-
CONTINUIDADES NA CULTURA POLÍTICA 127

Gráfico 7

PREFERENCIA POR REGIME POUIcO NO BRASIL: 1989 A 1993"


Estimulada e unica em )

13

30L 6 nov. B 90 mar 91 fev 92 Set*

Democracia Drtadura X** anto laz

FONTE: Cuitura Politica e Datafolha

CONT TES SIGNIFICATIVOS:


Democraci8 Ditadura Tanto faz Não sabe
% seL-89 nou.-89) lse-891> %tmar-3) %lsat-69)» *% imar-301 S inav.-89> %1set-92
h lset.-891< % (mar.-90)"% tnov.-89) < (mar.-91l* (nov.-89) < fev.-92" s inov-$91 > (dez -92"

% (set-89) < % (mar.-93) % fnov.-89) < % (tfev.-92) %(nov.-9<* tdez.-32 (mar-gl} > (dez $2

tnox-89 imar.-31" % tmar. 90l <% tew-$2 %Imar-901 <% ifev-92 lce: -821imar-93
% (now-89)> % (ev-$2* % mar.-91) > %mar.-93/ % (mar-90)« t ldez -92
o fmar.-90> % mar.-91)* %
(fev.-92) >%[mar-93 % Imar-91<
o lde-971
%(mar. 90) > % (fev.-92*
%(set 92)> % (mar.-93/% tmar.-91)> % tmar.-3
% tmar-91) > % |fev.-92)* "
% (dez -92) % {mar % Ifev.-92)>a
>
93 imar.-s5)
%(mar.-91)< % (mar,-s3j" %[dez -921 >% (mar-931
%(fev-92) <% (mar-93)°
%tset-92) %
% ldez-92)
<
(mar.-93)
%
<
(mar-$3
'<1%
c5%

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