01 Lingua Portuguesa
01 Lingua Portuguesa
Auxiliar Administrativo
Língua Portuguesa
Língua Portuguesa
Figuras de linguagem. ................................................................................................... 18
Significação de palavras e expressões. Relações de sinonímia e de antonímia........... 23
Ortografia. ..................................................................................................................... 24
Acentuação gráfica. ....................................................................................................... 25
Uso da crase.................................................................................................................. 27
Divisão silábica. Fonética e Fonologia: som e fonema, encontros vocálicos e conso-
nantais e dígrafos........................................................................................................... 29
Morfologia: classes de palavras variáveis e invariáveis e seus empregos no texto. .... 30
Locuções verbais (perífrases verbais). ......................................................................... 42
Funções do que e do se................................................................................................. 43
Formação de palavras.................................................................................................... 47
Elementos de comunicação. ......................................................................................... 48
Sintaxe: relações sintático-semânticas estabelecidas entre orações, períodos ou pa-
rágrafos (período simples e período composto por coordenação e subordinação)....... 49
Concordância verbal e nominal...................................................................................... 54
Regência verbal e nominal. ........................................................................................... 56
Colocação pronominal. .................................................................................................. 59
Emprego dos sinais de pontuação e sua função no texto.............................................. 61
Elementos de coesão..................................................................................................... 65
Função textual dos Vocábulos....................................................................................... 67
Variação linguística......................................................................................................... 69
Exercícios....................................................................................................................... 70
Gabarito.......................................................................................................................... 81
Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois sempre que compreendemos adequadamente
um texto e o objetivo de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é do que as conclusões
específicas. Exemplificando, sempre que nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente, ocorre a interpretação, que é a leitura e a
conclusão fundamentada em nossos conhecimentos prévios.
Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do que está explícito no texto, ou seja, na
identificação da mensagem. É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso da capacidade de
entender, atinar, perceber, compreender. Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a decodificação da mensagem que é feita pelo
leitor. Por exemplo, ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos a mensagem transmitida por
ela, assim como o seu propósito comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado evento.
Interpretação de Textos
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os resultados aos quais chegamos por meio da
associação das ideias e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar é decodificar o sentido
de um texto por indução.
A interpretação de textos compreende a habilidade de se chegar a conclusões específicas após a leitura de
algum tipo de texto, seja ele escrito, oral ou visual.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado da leitura, integrando um conhecimento que
foi sendo assimilado ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, podendo ser diferente
entre leitores.
“A Constituição garante o direito à educação para todos e a inclusão surge para garantir esse direito também
aos alunos com deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou menos severas.”
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1809628 E-book gerado especialmente para ANDERSON CARNEIRO DOS SANTOS
A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
(A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de 1988.
(B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos severas.
(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes ou não.
(D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser incluídos socialmente.
(E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
Comentário da questão:
Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de
pessoas na sociedade. = afirmativa correta.
Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis. =
afirmativa incorreta.
Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência
ao direito à educação, além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta.
Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
temporárias”. = afirmativa correta.
Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. = afirmativa correta.
Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão, visto que é a única que contém uma
afirmativa incorreta sobre o texto.
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Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o possível assunto abordado no texto. Embora você
imagine que o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele falaria sobre cães. Repare
que temos várias informações ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a associa-
ção entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo mundo, as vantagens da convivência entre
cães e homens.
As informações que se relacionam com o tema chamamos de subtemas (ou ideias secundárias). Essas
informações se integram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unidade de sentido.
Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você
chegou à conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. Se foi isso que você pensou,
parabéns! Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto!
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-secundarias/
Ironia
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que está pensando ou sentindo (ou por pudor em
relação a si próprio ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou expressão que, em um outro contexto diferente do
usual, ganha um novo sentido, gerando um efeito de humor.
Exemplo:
Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dra-
mática (ou satírica).
Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro significado, normalmente oposto ao sentido literal.
A expressão e a intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
Ironia de situação
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o resultado é contrário ao que se espera ou
que se planeja.
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja uma ação, mas os resultados não saem
como o esperado. No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a personagem título
tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem su-
cesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e
se tornou famoso após a morte.
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Ironia dramática (ou satírica)
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos literários quando o leitor, a audiência, tem
mais informações do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre intenções de outros per-
sonagens. É um recurso usado para aprofundar os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando
captado pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comédia, visto que um personagem é posto
em situações que geram conflitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo da narrativa.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o que se passa na história com todas as per-
sonagens, é mais fácil aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exemplo, se inicia com
a fala que relata que os protagonistas da história irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens
agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a plateia já sabe que eles não serão
bem-sucedidos.
Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pareçam cômicas ou surpreendentes para pro-
vocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compartilham da característica do efeito surpresa. O
humor reside em ocorrer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem
para criar efeito cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente acessadas como
forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e
charges.
Exemplo:
Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo os tópicos frasais presentes em cada pará-
grafo. Isso auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
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Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma relação hierárquica do pensamento defendi-
do, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explicitadas pelo autor. Textos argumentativos não
costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Deve-se
ater às ideias do autor, o que não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é funda-
mental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
Importância da interpretação
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o
raciocínio e a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos específicos, aprimora a
escrita.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-
-nos dos detalhes presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente. Interpretar exi-
ge paciência e, por isso, sempre releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar
dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo
exposto. Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira
aleatória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hierár-
quica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às
ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de personagens fictícios, podendo ser de comparação
com a realidade ou totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma novela é a extensão do tex-
to, ou seja, o romance é mais longo. No romance nós temos uma história central e várias histórias secundárias.
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente imaginário. Com linguagem linear e curta,
envolve poucas personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única ação, dada em um só
espaço, eixo temático e conflito. Suas ações encaminham-se diretamente para um desfecho.
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferenciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e
o romance, e tem a história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O tempo na novela é ba-
seada no calendário. O tempo e local são definidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais curto.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que nós mesmos já vivemos e normalmente é
utilizado a ironia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não é relevante e quando
é citado, geralmente são pequenos intervalos como horas ou mesmo minutos.
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Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular, refle-
tindo o momento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de imagens.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a opinião do editor através de argumentos e fatos
sobre um assunto que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é convencer o leitor a concordar
com ele.
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um entrevistador e um entrevistado para a ob-
tenção de informações. Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas de destaque sobre
algum assunto de interesse.
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materializa em uma concretude da realidade. A cantiga
de roda permite as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando os professores a iden-
tificar o nível de alfabetização delas.
Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam
dando uma certa liberdade para quem recebe a informação.
Fato
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência do fato pode ser constatada de modo indis-
cutível. O fato pode é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma maneira, através de algum
documento, números, vídeo ou registro.
Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Interpretação
É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos quando relacionamos fatos, os comparamos,
buscamos suas causas, previmos suas consequências.
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apontamos uma causa ou consequência, é
necessário que seja plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferenças sejam
detectáveis.
Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em outro país.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão do que com a filha.
Opinião
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um juízo de valor. É um julgamento que tem
como base a interpretação que fazemos do fato.
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerência que mantêm com a interpretação do fato.
É uma interpretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião pode alterar de pessoa
para pessoa devido a fatores socioculturais.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações anteriores:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em outro país. Ela tomou uma decisão acertada.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão do que com a filha. Ela foi egoísta.
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
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Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequências negativas que podem advir de um fato, se
enaltecem previsões positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já estamos expressando nosso
julgamento.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, principalmente quando debatemos um tema
polêmico ou quando analisamos um texto dissertativo.
Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando com o sofrimento da filha.
Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais são dois conceitos distintos, cada qual com
sua própria linguagem e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão da estrutura linguística,
enquanto os gêneros textuais têm sua classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros são
variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos dos tipos textuais. A definição de um gênero
textual é feita a partir dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica. Logo, para cada tipo
de texto, existem gêneros característicos.
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses
textos se caracterizam pela apresentação das ações de personagens em um tempo e espaço determinado. Os
principais gêneros textuais que pertencem ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas e
fábulas.
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem lugares ou seres ou relatam acontecimentos.
Em geral, esse tipo de texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, em termos de gêneros,
abrange diários, classificados, cardápios de restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir ideias utilizando recursos de definição,
comparação, descrição, conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, jornais, resumos
escolares, entre outros, fazem parte dos textos expositivos.
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de orientar o leitor, ou seja, expor instruções,
de forma que o emissor procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de verbos no modo
imperativo é sua característica principal. Pertencem a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias,
manuais de instruções, entre outros.
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Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir o leitor em relação ao procedimento. Esses
textos, de certa forma, impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele siga o que diz o texto.
Os gêneros que pertencem a esse tipo de texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
Romance
É um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidosl. Pode ter partes em que o tipo nar-
rativo dá lugar ao descritivo em função da caracterização de personagens e lugares. As ações são mais exten-
sas e complexas. Pode contar as façanhas de um herói em uma história de amor vivida por ele e uma mulher,
muitas vezes, “proibida” para ele. Entretanto, existem romances com diferentes temáticas: romances históricos
(tratam de fatos ligados a períodos históricos), romances psicológicos (envolvem as reflexões e conflitos inter-
nos de um personagem), romances sociais (retratam comportamentos de uma parcela da sociedade com vistas
a realização de uma crítica social). Para exemplo, destacamos os seguintes romancistas brasileiros: Machado
de Assis, Guimarães Rosa, Eça de Queiroz, entre outros.
Conto
É um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e
até folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita
com a publicação de Decamerão.
Ele é um gênero da esfera literária e se caracteriza por ser uma narrativa densa e concisa, a qual se desen-
volve em torno de uma única ação. Geralmente, o leitor é colocado no interior de uma ação já em desenvolvi-
mento. Não há muita especificação sobre o antes e nem sobre o depois desse recorte que é narrado no conto.
Há a construção de uma tensão ao longo de todo o conto.
Diversos contos são desenvolvidos na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve personagens
do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto mais próximo da reali-
dade; contos folclóricos (conto popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto
sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que envolvem o suspense e a solução de
um mistério.
Fábula
É um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais não são humanos e
a finalidade é transmitir alguma lição de moral.
Novela
É um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade do conto. Esse
gênero é constituído por uma grande quantidade de personagens organizadas em diferentes núcleos, os quais
nem sempre convivem ao longo do enredo. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienis-
ta, de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.
Crônica
É uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter um tom humo-
rístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornal, revistas e
programas da TV. Há na literatura brasileira vários cronistas renomados, dentre eles citamos para seu conheci-
mento: Luís Fernando Veríssimo, Rubem Braga, Fernando Sabido entre outros.
Diário
É escrito em linguagem informal, sempre consta a data e não há um destinatário específico, geralmente, é
para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de
texto é guardar as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um exemplo:
“Domingo, 14 de junho de 1942
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Vou começar a partir do momento em que ganhei você, quando o vi na mesa, no meio dos meus outros pre-
sentes de aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.)
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é de espantar; afinal, era meu aniversário.
Mas não me deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até quinze para as sete.
Quando não dava mais para esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as boas-vindas,
esfregando-se em minhas pernas.”
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”.
Currículo
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. Nele são descritas as qualificações e as ativida-
des profissionais de uma determinada pessoa.
Laudo
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. Sua função é descrever o resultado de análises,
exames e perícias, tanto em questões médicas como em questões técnicas.
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos descritivos são: folhetos turísticos; cardápios
de restaurantes; classificados; etc.
Resumos e Resenhas
O autor faz uma descrição breve sobre a obra (pode ser cinematográfica, musical, teatral ou literária) a fim
de divulgar este trabalho de forma resumida.
Na verdade resumo e/ou resenha é uma análise sobre a obra, com uma linguagem mais ou menos formal,
geralmente os resenhistas são pessoas da área devido o vocabulário específico, são estudiosos do assunto, e
podem influenciar a venda do produto devido a suas críticas ou elogios.
Verbete de dicionário
Gênero predominantemente expositivo. O objetivo é expor conceitos e significados de palavras de uma lín-
gua.
Relatório Científico
Gênero predominantemente expositivo. Descreve etapas de pesquisa, bem como caracteriza procedimentos
realizados.
Conferência
Predominantemente expositivo. Pode ser argumentativo também. Expõe conhecimentos e pontos de vistas
sobre determinado assunto. Gênero executado, muitas vezes, na modalidade oral.
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos expositivos são: enciclopédias; resumos es-
colares; etc.
Artigo de Opinião
É comum1 encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos jornais, temas polêmicos que exigem uma
posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente apresenta seu ponto de
vista sobre o tema em questão através do artigo de opinião.
1 http://www.odiarioonline.com.br/noticia/43077/VENDEDOR-BRASILEIRO-ESTA-MENOS-SIMPATICO
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Nos tipos textuais argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de convencer seus interlocutores e,
para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões.
O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são fáceis de
contestar.
Discurso Político
O discurso político2 é um texto argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum, alicerçado
por pontos de vista do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações compartilhadas que
traduzem valores sociais, políticos, religiosos e outros. Frequentemente, apresenta-se como uma fala coletiva
que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade e constituir norma de futuro. Está inserido
numa dinâmica social que constantemente o altera e ajusta a novas circunstâncias. Em períodos eleitorais, a
sua maleabilidade permite sempre uma resposta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objetivos
sociais da resolução das necessidades elementares dos outros.
Hannah Arendt (em The Human Condition) afirma que o discurso político tem por finalidade a persuasão do
outro, quer para que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem. Para isso, necessita da
argumentação, que envolve o raciocínio, e da eloquência da oratória, que procura seduzir recorrendo a afetos
e sentimentos.
O discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto a vida do ser humano em sociedade. Na Grécia an-
tiga, o político era o cidadão da “pólis” (cidade, vida em sociedade), que, responsável pelos negócios públicos,
decidia tudo em diálogo na “agora” (praça onde se realizavam as assembleias dos cidadãos), mediante pala-
vras persuasivas. Daí o aparecimento do discurso político, baseado na retórica e na oratória, orientado para
convencer o povo.
O discurso político implica um espaço de visibilidade para o cidadão, que procura impor as suas ideias,
os seus valores e projetos, recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo de sedução,
através de recursos estéticos como certas construções, metáforas, imagens e jogos linguísticos. Valendo-se
da persuasão e da eloquência, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prometendo o que pode ser feito.
Requerimento
Predominantemente dissertativo-argumentativo. O requerimento tem a função de solicitar determinada coisa
ou procedimento. Ele é dissertativo-argumentativo pela presença de argumentação com vistas ao convenci-
mento
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos são: abaixo-assinados; mani-
festos; sermões; etc.
Bulas de remédio
A bula de remédio traz também o tipo textual descritivo. Nela aparecem as descrições sobre a composição
do remédio bem como instruções quanto ao seu uso.
Manual de instruções
O manual de instruções tem como objetivo instruir sobre os procedimentos de uso ou montagem de um de-
terminado equipamento.
Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos injuntivos são: receitas culinárias, instruções em
geral.
2 https://www.infopedia.pt/$discurso-politico
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Outros Exemplos
Carta
Esta, dependendo do destinatário pode ser informal, quando é destinada a algum amigo ou pessoa com
quem se tem intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto ou que não se tenha intimidade.
Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo ser dissertativa, narra-
tiva ou descritiva. As cartas se iniciam com a data, em seguida vem a saudação, o corpo da carta e para finalizar
a despedida.
Propaganda
Este gênero aparece também na forma oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais ca-
racterísticas são a linguagem argumentativa e expositiva, pois a intenção da propaganda é fazer com que o
destinatário se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter algum tipo de descrição e sempre é
claro e objetivo.
Notícia
Este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo
desse texto é informar algo que aconteceu.
A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos existentes e tem como intenção nos informar acerca
de determinada ocorrência. Bastante recorrente nos meios de comunicação em geral, seja na televisão, em
sites pela internet ou impresso em jornais ou revistas.
Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, clara, objetiva e precisa, pautando-se no relato de
fatos que interessam ao público em geral. A linguagem é clara, precisa e objetiva, uma vez que se trata de uma
informação.
Editorial
O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente aparece no início das colunas. Diferente dos outros
textos que compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos opinativos.
Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem apresentar certa objetividade. Isso porque são os edito-
riais que apresentam os assuntos que serão abordados em cada seção do jornal, ou seja, Política, Economia,
Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classificados, entre outros.
Os textos são organizados pelos editorialistas, que expressam as opiniões da equipe e, por isso, não rece-
bem a assinatura do autor. No geral, eles apresentam a opinião do meio de comunicação (revista, jornal, rádio,
etc.).
Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os editoriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou
“Carta do Editor”.
Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se apoiar em fatos polêmicos ligados ao cotidiano so-
cial. E quando falamos em discurso, logo nos atemos à questão da linguagem que, mesmo em se tratando de
impressões pessoais, o predomínio do padrão formal, fazendo com que prevaleça o emprego da 3ª pessoa do
singular, ocupa lugar de destaque.
Reportagem
Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado nos meios de comunicação de massa. A reporta-
gem informa, de modo mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no questionamento de causa
e efeito, na interpretação e no impacto, somando as diferentes versões de um mesmo acontecimento.
A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmente costuma estabelecer conexões com o fato
central, anunciado no que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do fato principal, ampliada
e composta por meio de citações, trechos de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resumos,
dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como todo texto jornalístico.
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O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias versões para um mesmo fato, informando-o,
orientando-o e contribuindo para formar sua opinião.
A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmica e clara, ajustada ao padrão linguístico divul-
gado nos meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem acessível a todos os
públicos, mas pode variar de formal para mais informal dependendo do público a que se destina. Embora seja
impessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os fatos ou sua interpretação.3
Gênero Lírico
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à do
autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os
verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem.
Elegia
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto. O
emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema melancólico. Um bom
exemplo é a peça Roan e Yufa, de William Shakespeare.
Epitalâmia
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom
exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
Sátira
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte
sarcasmo, pode abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assuntos políticos, ou pessoas de
relevância social.
Acalanto
Canção de ninar.
3 CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação. São Paulo, Atual Editora,
2000
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Acróstico
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase. Ex.:
Amigos são
Muitas vezes os
Ajudam e
Eterna
https://www.todamateria.com.br/acrostico/
Balada
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico e
refrão vocal que se destinam à dança.
Soneto
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos.
Vilancete
São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto.
Ensaio
É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e
filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico,
político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou
provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.
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Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a
história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis das personagens
nas cenas.
Tragédia
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a
tragédia era “uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada,
com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as incongruên-
cias, os equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o engano.
Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está
ligada às festas populares.
Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real
com o imaginário.
Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diver-
sos da sociedade e da realidade vivida por este povo.
Discurso Religioso4
A Análise Crítica do Discurso (ADC) tem como fulcro a abordagem das relações (internas e recíprocas) entre
linguagem e sociedade. Os textos produzidos socialmente em eventos autênticos são resultantes da estrutura-
ção social da linguagem que os consome e os faz circular. Por outro lado, esses mesmos textos são também
potencialmente transformadores dessa estruturação social da linguagem, assim como os eventos sociais são
tanto resultado quanto substrato dessas estruturas sociais.
O discurso religioso é “aquele em que há uma relação espontânea com o sagrado” sendo, portanto, “mais
informal”; enquanto o teológico é o tipo de “discurso em que a mediação entre a alma religiosa e o sagrado se
faz por uma sistematização dogmática das verdades religiosas, e onde o teólogo (...) aparece como aquele que
faz a relação entre os dois mundos: o mundo hebraico e o mundo cristão”, sendo, assim, “mais formal”. Porém,
podemos falar em DR de maneira globalizante.
Assim, temos:
- Desnivelamento, assimetria na relação entre o locutor e o ouvinte – o locutor está no plano espiritual (Deus),
e o ouvinte está no plano temporal (os adoradores). As duas ordens de mundo são totalmente diferentes para
os sujeitos, e essa ordem é afetada por um valor hierárquico, por uma desigualdade, por um desnivelamento.
Deus, o locutor, é imortal, eterno, onipotente, onipresente, onisciente, em resumo, o todo-poderoso. Os seres
humanos, os ouvintes, são mortais, efêmeros e finitos.
- Modos de representação. A voz no discurso religioso (DR) se fala em seus representantes (Padre, pastor,
profeta), essa é uma forma de relação simbólica. Essa apropriação ocorre sem explicitar os mecanismos de
incorporação da voz, aspecto que caracteriza a mistificação.
4 https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/article/download/4694/3461#:~:text=O%20dis-
curso%20religioso%20%C3%A9%20aquele,discurso%20(Orlandi%2C%201996).&text=locutor%20est%-
C3%A1%20no%20plano%20espiritual,plano%20temporal%20(os%20adoradores).
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- O ideal do DR é que o ‘representante’, o que se apropria do discurso de Deus’, não o modifique. Ele deve
seguir regras restritas reguladas pelo texto sagrado, pela Igreja, pelas liturgias. Deve-se manter distância entre
‘o dito de Deus’ e ‘o dizer do homem’.
- A interpretação da palavra de Deus é regulada. “Os sentidos não podem ser quaisquer sentidos: o discurso
religioso tende fortemente para a monossemia”.
- Dualismos, as formas da ilusão da reversibilidade: plano humano e plano divino; ordem temporal e ordem
espiritual; sujeitos e Sujeito; homem e Deus. A ilusão ocorre na passagem de um plano para outro e pode ter
duas direções: de cima para baixo, ou seja, de Deus para os homens, momento em que Ele compartilha suas
propriedades (ministração de sacramentos, bênçãos); de baixo para cima, quando o homem se alça a Deus,
principalmente, através da visão, da profecia. Estas são formas de ‘ultrapassagem’.
- Escopo do discurso religioso. A fé separa os fiéis dos não-fiéis, “os convictos dos não-convictos. Logo, é
o parâmetro pelo qual delimita a comunidade e constitui o escopo do discurso religioso em suas duas forma-
ções características: para os que creem, o discurso religioso é uma promessa, para os que não creem é uma
ameaça.
Os discursos religiosos, como já vimos, se mostram com estruturas rígidas quanto aos papéis dos interlocu-
tores (a divindade e os seres humanos). Os dogmas sagrados, por exemplos, fé e Deus, são intocáveis. “Deus
define-se (...) a si mesmo como sujeito por excelência, aquele que é por si e para si (Sou aquele que É) e aquele
que interpela seu sujeito (...) eis quem tu és: é Pedro.”
Outros traços do DR se configuram com o uso do imperativo e do vocativo – características inerentes de
discursos de doutrinação; uso de metáforas – explicitadas por paráfrases que indicam a leitura apropriada para
as metáforas utilizadas; uso de citações no original (grego, hebraico, latim) – traduzidas para a língua em uso
através de perífrases extensas e explicativas em que se busca aproveitar o máximo o efeito de sentido advindo
da língua original; o uso de performativos – uso de verbos em que o ‘dizer’ representa o ‘fazer’; o uso de sintag-
mas cristalizados – usadas em orações e funções fáticas.
Ainda em relação às unidades textuais, podemos acrescentar o uso de determinadas formas simbólicas do
DR como as parábolas, a utilização de certos temas, como a efemeridade da vida humana, a vida eterna, o
galardão, entre outros. Acrescenta-se também como marca a intertextualidade.
Discurso Jurídico5
O discurso legal caracteriza-se como um discurso hierárquico e dominante, baseado numa estrutura de ex-
clusão e discriminação de várias minorias sociais, como os pobres, os negros, os homossexuais, as mulheres,
etc. A especificidade da linguagem jurídica, e as restrições educacionais quanto a quem pode militar na Área
(advogados, promotores, juízes, etc.), são apenas algumas das estratégias utilizadas pelo sistema jurídico para
manter o discurso legal inacessível à maioria das pessoas, e desta forma protege-lo de análises e críticas.
Como em todo discurso dominante, as posições de poder criadas para os participantes de textos legais são
particularmente assimétricas, como é o caso num julgamento (e.g. entre o juiz e o réu; entre o juiz e as teste-
munhas; etc.). Os juízes, por exemplo, detêm um poder especial devido ao seu status social e ao seu acesso
privilegiado ao discurso legal (são eles que produzem a forma final dos textos legais). Portanto, é a visão de
mundo do juiz que prevalece nas sentenças, em detrimento de outras posições alternativas.
Além de relações de poder, os textos legais também expressam relações de gênero. A lei e a cultura mascu-
lina estão intimamente ligadas; o sistema jurídico é quase que inteiramente dominado por homens (só recente-
mente as mulheres passaram a fazer parte de instituições jurídicas) e, de forma geral, ele expressa uma visão
masculina do mundo. As mulheres que são parte em processos legais (e.g. reclamantes, rés, testemunhas,
etc.) estão expostas a um duplo grau de discriminação e exclusão: primeiro, como leigas, elas ocupam uma
posição desfavorecida se comparadas com militantes legais (advogados, juízes, promotores, etc.); segundo,
elas são estigmatizadas também por serem mulheres, e têm seu comportamento social e sexual avaliado e
controlado pelo discurso jurídico.
5 https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/download/23353/21030/0
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Discurso Técnico6
Para o desempenho de tal papel, eles contam com suas características intrínsecas, as quais são responsá-
veis pelo “rótulo” que cada tipo textual carrega.
Tais características se evidenciam formal e funcionalmente e são percebidas, de maneira mais ou menos
clara pelo leitor/ouvinte. Afinal, todos os tipos de texto têm um público fiel, ao qual se destinam.
Os autores que têm o texto técnico como objeto de estudo concordam que ele apresenta as seguintes ca-
racterísticas:
• Linguagem monossêmica;
• Vocabulário específico ou léxico especializado;
• Objetividade;
• Emprego de voz passiva;
• Preferência pelo emprego do tempo verbal presente.
As características apontadas acima coadunam-se com o objetivo principal de qualquer produção de cunho
técnico: transmissão de conhecimentos de forma clara e imparcial. Embora a objetividade e a neutralidade
sejam fiéis parceiras do texto técnico, não se pode afirmar que esse tipo textual seja isento das marcas de seu
autor, enquanto produtor de ideias e veiculador de informações. Quando há a troca da 3ª pessoa do singular
pela 1ª pessoa do plural, por exemplo, o autor tem a intenção de conquistar o seu interlocutor, tornando-o um
parceiro “na assunção das informações dadas, numa forma de estratégia argumentativa.”
Todo tipo textual possui a argumentatividade, porém essa aparece de modo mais intenso e explícito em al-
guns textos e de modo menos intenso e explícito em outros. Para complementar a afirmação dessas autoras,
cita-se Benveniste para o qual, o sujeito está sempre presente no texto, não havendo, portanto, texto neutro ou
imparcial.
Percebe-se, então, que o texto técnico possui características que o diferenciam dos demais tipos de textos.
No entanto, não se deve afirmar que ele seja desprovido de marcas autorais. Tanto é verdade, que alguns au-
tores de textos técnicos não dispensam o uso de certos advérbios e conjunções, por exemplo, expedientes que
têm a função de modalizar o discurso.
A modalização, nesse tipo de texto, pode aparecer de forma implícita e/ou explícita. Sob essa última forma,
verificam-se o aparecimento de construções específicas, tais como as nominalizações, a voz passiva, o empre-
go de determinadas conjunções e preposições.
Discurso Acadêmico/Científico7
O texto como objeto abstrato se configura no campo da linguística como teoria geral. Já discurso é uma
realidade de interação-enunciação objeto de análises discursivas. Enquanto os textos, como objetos concretos,
são aqueles que se apresentam completos constituídos de um ato de enunciação que visa à interação entre
produtor e interlocutor. Partindo dessas concepções, percebe- se que texto e discurso se complementam, pois,
para o autor, “a separação do textual e do discursivo é essencialmente metodológica”, o que leva à distinção
entre os dois a anular-se. Neste caso, texto e discurso são unidades complementares.
A partir da compreensão de discurso, passa-se a refletir sobre o que vem ser discurso científico. Para Gui-
marães é aquele em que “o autor pretende fazer o leitor saber.” Ou seja, a intenção do autor é fazer o leitor ou
pesquisador saber como os resultados daquela pesquisa foram alcançados, dando-lhe oportunidade de repetir
os procedimentos metodológicos em outras pesquisas similares.
Para Carioca, “o discurso científico é a forma de apresentação da linguagem que circula na comunidade
científica em todo o mundo. Sua formulação depende de uma pesquisa minuciosa e efetiva sobre um objeto,
que é metodologicamente analisado à luz de uma teoria.” Outra posição é que o discurso científico não se dá
apenas pela comprovação ou refutação do que foi escrito, dá-se também pela aceitabilidade dos pares que
compõem a comunidade específica.
6 https://revistas.ufg.br/lep/article/download/32601/17331/
7 http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4823/MARIA%20DE%20F%c3%81TI-
MA%20RIBEIRO%20DOS%20SANTOS_.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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Desse modo, pode-se dizer que a estrutura global da comunicação científica está respaldada em parâmetros
normativos referentes à produção de gêneros e à produção da linguagem, ou seja, o discurso acadêmico se
estabeleceu dentro de convenções instituídas pela comunidade científica, que, ao longo do tempo, se expres-
sa por características, como impessoalidade, objetividade, clareza, precisão, modéstia, simplicidade, fluência,
dentre outros.
É importante apresentar a posição de Charaudeau sobre a problemática entre o discurso informativo (DI) e
discurso científico (DC). Para o autor, o que eles têm em comum é a problemática da prova. “[...] o primeiro se
atém essencialmente a uma prova pela designação e pela figuração (a ordem da constatação, do testemunho,
do relato de reconstituição dos fatos), o segundo inscreve a prova num programa de demonstração racional.”.
Percebe-se que o interesse principal do discurso informativo é transmitir uma verdade através dos fatos. Já
o discurso científico se impõe pela prova da racionalidade que reside na força da argumentatividade. E mais,
este deve se comprometer com a logicidade das ideias para estas se tornem mais convincentes.
Como se viu, o discurso acadêmico é produzido dentro de uma esfera de comunicação relativamente defi-
nida chamada de comunidade científica. Em geral, no ensino superior, vão se encontrar modelos de discurso
acadêmico que já se tornaram consagrados para essa comunidade. Na subseção que segue se mostrará es-
pecificamente alguns deles.
O primeiro modelo, monografia de análise teórica, evidencia uma organização de ideias advindas de biblio-
grafias selecionadas sobre um determinado assunto. Nesse tipo, pode-se fazer uma análise crítica ou compara-
tiva de uma teoria ou modelo já consagrado pela comunidade científica. O modelo metodológico indicado pelos
autores é: escolha do assunto/ delimitação do tema; bibliografia pertinente ao tema; levantamento de dados
específicos da área sob estudo; fundamentação teórica; metodologia e modelos aplicáveis; análise e interpre-
tação das informações; conclusões e resultados.
No segundo modelo, monografia de análise teórico-empírica, faz-se uma análise interpretativa de dados pri-
mários, com apoio de fontes secundárias, passando-se para o teste de hipóteses, modelos ou teorias. A partir
dos dados primários e secundários, o autor /pesquisador mostrará um trabalho inovador. Quanto ao modelo
metodológico, tem-se: realidade observável; pergunta problema e objetivo proposto; bibliografia e dados se-
cundários; teoria pertinente ao tema (conceitos, técnicas, constructos) e dados secundários; instrumentos de
pesquisa (questionário); pesquisa empírica; análise; conclusões e resultados.
No terceiro modelo, monografia de estudo de caso, o autor/pesquisador faz uma análise específica da re-
lação existente entre um caso e hipóteses, modelos e teorias. O modelo metodológico adotado obedece aos
seguintes passos: escolha do assunto/delimitação do tema; bibliografia pertinente ao tema (área específica sob
estudo); fundamentação teórica; levantamento de dados da organização sob estudo; caracterização da organi-
zação; análise e interpretação das informações; conclusões e resultados.
Observa-se que esses modelos possuem suas particularidades, mas também aspectos que coincidem. Este
é o caso da pesquisa bibliográfica, que é imprescindível em qualquer trabalho científico.
Discurso Literário8
O discurso literário pode não ser apenas ligado aos procedimentos adotados pelo autor, mas também, e tal-
vez mais diretamente do que se pensa, ligado ao contexto sociocultural no qual está inserido, evidenciando-se,
nem sempre claramente, uma influência das instituições que o cercam na escolha de determinados procedi-
mentos de linguagem.
A ideia de que o discurso literário constrói-se a partir de elementos intrínsecos ao texto literário tomou corpo
com os estudos realizados no início do século XX. Foram os formalistas russos que demonstraram uma preocu-
pação com a materialidade do texto literário, recusando, num primeiro momento, explicações de base extralite-
rária. Neste sentido, o que importava para os integrantes do movimento era o procedimento, ou seja, o princípio
da organização da obra como produto estético. Assim, a preocupação dos formalistas era investigar e explicar
o que faz de uma determinada obra uma obra literária, nas palavras de Jakobson: “a poesia é linguagem em
sua função estética. Deste modo, o objeto do estudo literário não é a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo
que torna determinada obra uma obra literária”. A questão da literariedade como processo ou procedimento de
elaboração está centrado nas estruturas que diferenciam o texto literário de outros textos.
8 http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/LinguaPortuguesa/artigo12.pdf
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A literariedade é conceituada não só pela linguagem diferenciada que gera o estranhamento, mas também
histórica e culturalmente. Uma obra literária não pode ser apenas uma construção bem elaborada, mas deve
também retratar o homem de sua época ou época anterior, com todas as suas angústias, desejos e forma de
pensar. Tornando-se, assim, não apenas um material para ser estudado linguisticamente, mas também e, prin-
cipalmente, uma obra viva em que toda vez que se relê encontre-se algo novo e representativo do ser humano.
Figuras de linguagem
As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais
expressiva. É um recurso linguístico para expressar de formas diferentes experiências comuns, conferindo ori-
ginalidade, emotividade ao discurso, ou tornando-o poético.
As figuras de linguagem classificam-se em
– figuras de palavra;
– figuras de pensamento;
– figuras de construção ou sintaxe.
Figuras de palavra
Emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir
um efeito mais expressivo na comunicação.
Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos conectivos comparativos; é uma comparação
subjetiva. Normalmente vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.
Exemplos
...a vida é cigana
É caravana
É pedra de gelo ao sol.
(Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)
Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(Carlos Drummond de Andrade)
Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos:
como, tal qual, tal como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a comparação: parecer, asseme-
lhar-se e outros.
Exemplo
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando você entrou em mim como um sol no quintal.
(Belchior)
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o qual não existe uma designação apropriada.
Exemplos
– folha de papel
– braço de poltrona
– céu da boca
– pé da montanha
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Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sentidos físicos.
Exemplo
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) mecânica.
(Carlos Drummond de Andrade)
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sinestesia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão
luminosa”, “indiferença gelada”.
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, atributo ou circunstância que individualiza o
ser e notabiliza-o.
Exemplos
O filósofo de Genebra (= Calvino).
O águia de Haia (= Rui Barbosa).
Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que a palavra empregada lembra, sugere e retoma
a que foi omitida.
Exemplos
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras)
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá)
Tomei um Danone. (iogurte)
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como sinédoque quando se têm a parte pelo todo e o
singular pelo plural.
Exemplo
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu
cavalo. (singular pelo plural)
(José Cândido de Carvalho)
Figuras Sonoras
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[você me apanhe
sou o seu bezerro gritando
[mamãe.
(Caetano Veloso)
Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som produzido por seres animados e inanimados.
Exemplo
Vai o ouvido apurado
na trama do rumor suas nervuras
inseto múltiplo reunido
para compor o zanzineio surdo
circular opressivo
zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
da noite em branco
(Carlos Drummond de Andrade)
Observação: verbos que exprimem os sons são considerados onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaque-
ar, miar etc.
ruptura: anacoluto;
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Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas
aparecem separadas por vírgulas.
Exemplo
Não nos movemos, as mãos é
que se estenderam pouco a
pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se.
(Machado de Assis)
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma gra-
matical.
Exemplo
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.
(Rubem Braga)
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente subentendidas na frase. Geralmente essas palavras
são pronomes, conjunções, preposições e verbos.
Exemplos
Compareci ao Congresso. (eu)
Espero venhas logo. (eu, que, tu)
Ele dormiu duas horas. (durante)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
(Camões)
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Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
(Camilo Castelo Branco)
Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
(Machado de Assis)
Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando a sequência do processo lógi-
co. A construção do período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem função sintática definida.
Exemplos
E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
(Manuel Bandeira)
Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.
(José Lins do Rego)
Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na
mesma frase).
Exemplo
...em cada olho um grito castanho de ódio.
(Dalton Trevisan)
...em cada olho castanho um grito de ódio)
Silepse
Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo ou pronome com a pessoa a que se refere.
Exemplos
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
(Rachel de Queiroz)
V. Ex.a parece magoado...
(Carlos Drummond de Andrade)
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com o sujeito da oração.
Exemplos
Os dois ora estais reunidos...
(Carlos Drummond de Andrade)
Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
(Machado de Assis)
Silepse de número: Não há concordância do número verbal com o sujeito da oração.
Exemplo
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Corria gente de todos os lados, e gritavam.
(Mário Barreto)
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo da semântica, a área da gramática que se dedica
ao sentido das palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas.
Denotação e conotação
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das palavras, enquanto a conotação diz respeito ao
sentido figurado das palavras. Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”
No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro sentido, indicando uma espécie real de
animal. Na segunda frase, a palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma de dizer que
ele é tão bonito quanto o bichano.
Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, palavra superior com um sentido mais abrangente,
engloba um hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito.
Exemplos:
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia.
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho.
Polissemia e monossemia
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra apresentar uma multiplicidade de significados, de
acordo com o contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas palavras apresentam apenas
um significado. Exemplos:
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma ou um órgão do corpo, dependendo do
contexto em que é inserida.
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não tem outro significado, por isso é uma palavra
monossêmica.
Sinonímia e antonímia
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem semelhantes em significado. Já antonímia se refere
aos significados opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras expressam proximidade e
contrariedade.
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = veloz.
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x atrasado.
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Homonímia e paronímia
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas,
mas distinção de sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas distinção gráfica e de sentido
(palavras homófonas) semelhanças gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). A
paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de forma parecida, mas que apresentam
significados diferentes. Veja os exemplos:
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo caminhar); morro (monte) e morro (verbo
morrer).
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar (definir o preço); arrochar (apertar com força)
e arroxar (tornar roxo).
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro
(pranto) e choro (verbo chorar) .
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e
cumprimento (saudação).
Ortografia
— Definições
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, “exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”,
ortografia é o nome dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que indica a escrita correta
das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia são: o emprego de acentos gráficos que
sinalizam vogais tônicas, abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); os sinais de
pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e decorrentes dessas funções, entre outros.
Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre a qual recaem, para que palavras com grafia
similar possam ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados distintos. Resumidamente, os
acentos são agudo (deixa o som da vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz com que
o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados
por cada um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras foram integradas oficialmente ao alfabeto
do idioma português brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico. As possibilidades da
vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente, para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus derivados na língua portuguesa, como Britney,
Washington, Nova York.
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos do emprego da ortografia correta das
palavras e suas principais regras:
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– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, mexerica.
Parônimos e homônimos
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, mas se divergem no significado.
Exemplos: absolver (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar).
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas que divergem na pronúncia. Exemplos:
“gosto” (substantivo) e “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome demonstrativo).
Acentuação gráfica
— Definição
A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas palavras grafadas com a finalidade de estabelecer,
com base nas regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras. Isso quer dizer que os acentos
gráficos servem para indicar a sílaba tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com as
regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na língua portuguesa:
– Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som aberto. Ex.: área, relógio, pássaro.
– Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e “o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada.
Ex.: acadêmico, âncora, avô.
– Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse
acento não indica sílaba tônica!
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– Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de determinada palavra tem som nasal, e nem sempre
recai sobre a sílaba tônica. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que indica que a sílaba forte é “o”
(ou seja, é acento tônico), e um til (˜), que indica que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro exemplo
semelhante é a palavra bênção.
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Ditongos e Hiatos
Acentuam-se:
– Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”, “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.:
anéis, fiéis, herói, mausoléu, sóis, véus.
– As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por
“_s” na sílaba. Ex.: caí (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú).
Não se acentuam:
– A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.: moinho, rainha, bainha.
– As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.: juuna, xiita. xiita.
– Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem, enjoo, magoo.
5 – Palavras com trema: somente para palavras da língua portuguesa. Exemplos: bilíngüe – bilíngue;
enxágüe – enxágue; linguïça – linguiça.
6 – Paroxítonas homógrafas: são palavras que têm a mesma grafia, mas apresentam significados
diferentes. Exemplo: o verbo PARAR: pára – para. Antes do Acordo Ortográfico, a flexão do verbo “parar” era
acentuada para que fosse diferenciada da preposição “para”.
Atualmente, nenhuma delas recebe acentuação. Assim:
Antes: Ela sempre pára para ver a banda passar. [verbo / preposição]
Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / preposição]
Uso da crase
Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou “contração”, e ocorre entre duas vogais,
uma final e outra inicial, em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a (preposição) + a (artigo
feminino) = aa à; a (preposição) + aquela (pronome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + aquilo
(pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção das vogais, a crase, como regra geral, ocorre dian-
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te de palavras femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos aquilo e aquele, que recebem
a crase por terem “a” como sua vogal inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno de
união representado pelo acento grave.
A crase pode ser a contração da preposição a com:
– O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não assistiu às aulas.”
– O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: “Retorne àquele mesmo local.”
– O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às quais devemos o maior respeito e consi-
deração”.
Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de duas vogais a (preposição + artigo ou prepo-
sição + pronome) na construção sintática.
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“Arroz à (moda) grega.”
“Bife à (moda) parmegiana.”
Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso de horas especificadas e definidas: Exemplos:
“À uma hora.”
“Às cinco e quinze”.
Fonética
Segundo o dicionário Houaiss, fonética “é o estudo dos sons da fala de uma língua”. O que isso significa?
A fonética é um ramo da Linguística que se dedica a analisar os sons de modo físico-articulador. Ou seja, ela
se preocupa com o movimento dos lábios, a vibração das cordas vocais, a articulação e outros movimentos
físicos, mas não tem interesse em saber do conteúdo daquilo que é falado. A fonética utiliza o Alfabeto Fonético
Internacional para representar cada som.
Sintetizando: a fonética estuda o movimento físico (da boca, lábios...) que cada som faz, desconsiderando
o significado desses sons.
Fonologia
A fonologia também é um ramo de estudo da Linguística, mas ela se preocupa em analisar a organização e
a classificação dos sons, separando-os em unidades significativas. É responsabilidade da fonologia, também,
cuidar de aspectos relativos à divisão silábica, à acentuação de palavras, à ortografia e à pronúncia.
Sintetizando: a fonologia estuda os sons, preocupando-se com o significado de cada um e não só com sua
estrutura física.
Bom, agora que sabemos que fonética e fonologia são coisas diferentes, precisamos de entender o que é
fonema e letra.
Fonema: os fonemas são as menores unidades sonoras da fala. Atenção: estamos falando de menores uni-
dades de som, não de sílabas. Observe a diferença: na palavra pato a primeira sílaba é pa-. Porém, o primeiro
som é pê (P) e o segundo som é a (A).
Sílaba: A sílaba é um fonema ou conjunto de fonemas que emitido em um só impulso de voz e que tem
como base uma vogal.
A sílabas são classificadas de dois modos:
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Classificação quanto à tonicidade
As palavras podem ser:
Divisão silábica
A divisão silábica é feita pela silabação das palavras, ou seja, pela pronúncia. Sempre que for escrever, use
o hífen para separar uma sílaba da outra. Algumas regras devem ser seguidas neste processo:
Não se separa:
• Ditongo: encontro de uma vogal e uma semivogal na mesma sílaba (cau-le, gai-o-la, ba-lei-a...)
• Tritongo: encontro de uma semivogal, uma vogal e uma semivogal na mesma sílaba (Pa-ra-guai, quais-
-quer, a-ve-ri-guou...)
• Dígrafo: quando duas letras emitem um único som na palavra. Não separamos os dígrafos ch, lh, nh, gu
e qu (fa-cha-da, co-lhei-ta, fro-nha, pe-guei...)
• Hiatos: vogais que se encontram, mas estão é sílabas vizinhas (sa-ú-de, Sa-a-ra, ví-a-mos...)
— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra
existente na língua portuguesa condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua
função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe gramatical.
— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.
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A classificação dos artigos
Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para referirem-se a um ser específico por já
ter sido mencionado ou por ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número
(singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada
espécie, cujo conhecimento não é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que
aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:
NÚMERO/
MASCULINO FEMININO EXEMPLOS
GÊNERO
Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo
do enunciado.
Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido
pode exprimir relação de posse. Por exemplo:
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome posses-
sivo dela.
Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido
antes de numeral indica valor aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos
indefinidos representa expressões como “por volta de” e “aproximadamente. Observe:
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.”
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”
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PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo
plural os dos nos aos pelos
ARTIGOS masculino
singular a da na à pela
DEFINIDOS
plural as das nas às pelas
feminino
singular um dum num
plural uns duns nuns
ARTIGOS masculino
singular uma duma numa
INDEFINIDOS
plural umas dumas numas
feminino
— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos
e espirituais). Os substantivos se subdividem em:
Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas
(Pedro, Paula) ou lugares (São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto,
caneta, cachorro).
Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se
formado por outra palavra, é substantivo derivado (carruagem, planetário).
Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo,
unicórnio); os que nomeiam sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.
Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada
(rebanho de gado), constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).
— Adjetivo
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar o seu significado, atribuindo-lhe
caracterização conforme uma qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou extensão
à palavra, locução, oração, pronome, enfim, ao que quer que seja nomeado.
Os tipos de adjetivos
Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular);
apresenta mais de um radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo-limão).
Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos
originados de verbo, substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: substantivo morte →
adjetivo mortal; adjetivo lamentar → adjetivo lamentável).
Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou origem de uma pessoa (paulista, brasileiro,
mineiro, latino).
Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, isto é, não flexionam seu termo. Exemplo:
“Fred é um amigo leal.” / “Ana é uma amiga leal.”
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Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino
travesso.” / “Menina travessa”.
Pronome adjetivo
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses pronomes alteram os substantivos aos quais
se referem. Assim, esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer concordância com os subs-
tantivos. Exemplos: “Esta professora é a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o subs-
tantivo comum professora).
Locução adjetiva
Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras, que, associadas, têm o valor de um único adje-
tivo. Basicamente, consiste na união preposição + substantivo ou advérbio.
Exemplos:
– Criaturas da noite (criaturas noturnas).
– Paixão sem freio (paixão desenfreada).
– Associação de comércios (associação comercial).
— Verbo
É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo, fenômeno da natureza e estado. Os verbos se
subdividem em:
Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não têm seu radical modificado e preservam
a mesma desinência do verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação), “-er” (segunda
conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação). Observe o exemplo do verbo “nutrir”:
– Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu significado).
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– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e, tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a,
2a, 3a), número (singular ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo (pretérito, presente ou
futuro). Perceba que a conjugação desse no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro; tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós
nutris; eles/elas nutrem.
– Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos regulares, têm seu radical modificado quando
conjugados e /ou têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma. Exemplo: analise o verbo di-
zer conjugado no pretérito perfeito do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; vós disses-
tes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além
de apresentar duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer fosse regular, sua conjugação
no pretérito perfeito do indicativo seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.
— Pronome
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala),
a posse de um objeto e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os
pronomes podem suplantar o substantivo ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em: pessoais, possessivos, demonstrativos,
interrogativos, indefinidos e relativos.
Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em
pronomes do caso reto (desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como
complemento), sendo que, para cada caso reto, existe um correspondente oblíquo.
Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que?
O forno.
Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na nos, e nas desempenham apenas
a função de objeto direto.
Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.
PESSOA DO
PRONOME
DISCURSO
1a pessoa – Eu Meu, minha, meus, minhas
2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
3 pessoa–
a
Seu, sua, seus, suas
Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).
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Pronomes de tratamento
Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o
pronome você. Eles têm a função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de
comunicação). São divididos conforme o nível de formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome
de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual seria adequado o emprego do
pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser
usados em 3a pessoa.
Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso –
nesse último caso, o pronome determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em
gênero e número.
PESSOA DO
PRONOMES POSIÇÃO
DISCURSO
Os seres ou objetos estão próximos da pessoa
1a pessoa Este, esta, estes, estas, isto. que fala.
Os seres ou objetos estão próximos da pessoa
2a pessoa Esse, essa, esses, essas, isso. com quem se fala.
Aquele, aquela, aqueles,
3a pessoa Com quem se fala.
aquelas, aquilo.
Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do
discurso. Os pronomes indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis
(não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida
ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de
modo vago, pois não se sabe de qual convidado se trata.
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– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase
“criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem
especificar de quais lojas se trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:
Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo
importante, portanto, para prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o
qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos
(“pessoas” e “história”) e se relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o
substantivo dito anteriormente (“problemas”).
Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e
indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)
— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o
objetivo de modificar ou intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os
advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo, lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação,
afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:
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“O carro está fora.”
ADVERBIO DE Perto, longe, dentro, fora, aqui, ali, lá “Foi bem no teste?”
LUGAR e atrás.
“Demorou, mas chegou longe!”
“Sempre que precisar de algo, basta
ADVÉRBIO DE Antes, depois, hoje, ontem, amanhã chamar-me.”
TEMPO sempre, nunca, cedo e tarde.
“Cedo ou tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão bonito!”
ADVÉRBIO DE Muito, pouco, bastante, tão, demais, “Elas conversam demais”
INTENSIDADE tanto.
“Você saiu muito depressa”
Sim e decerto e palavras afirmativas “Decerto passaram por aqui”
com o sufixo “-mente” (certamente,
ADVÉRBIO DE realmente). Palavras como claro “Claro que irei!”
AFIRMAÇÃO e positivo, podem ser advérbio,
dependendo do contexto. “Entendi, sim.”
“Jamais reatarei meu namoro com ele.”
Não e nem. Palavras como negativo,
ADVÉRBIO DE nenhum, nunca, jamais, entre outras, “Sequer pensou para falar.”
NEGAÇÃO podem ser advérbio de negação,
conforme o contexto.
“Não pediu ajuda.”
“Quiçá seremos recebidas.”
Talvez, quiçá, porventura e palavras
ADVÉRBIO DE que expressem dúvida acrescidas do “Provavelmente sairei mais cedo.”
DÚVIDA sufixo “-mente”, como possivelmente.
“Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?” (oração
interrogativa direta, que indica causa)
Quando, como, onde, aonde, donde,
por que. Esse advérbio pode indicar “Quando posso sair?” (oração
ADVÉRBIO DE interrogativa direta, que indica tempo)
circunstâncias de modo, tempo, lugar
INTERROGAÇÃO e causa. É usado somente em frases
interrogativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez isso.”
(oração interrogativa indireta, que indica
modo).
— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado
ou oração e, com isso, estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados.
Em função dessa relação entre os termos conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente
e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras palavras, as conjunções são um vínculo
entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão ao enunciado.
No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações
em um mesmo período: além de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há
relação de dependência entre ambas as sentenças, e que, para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma
da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as relaciona, como coordenativa.
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Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:
“Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”
Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além
disso, notamos que o sentido da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada
na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração principal, enquanto a segunda, de oração
subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.
Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco
subclassificações, em função o sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:
Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a
conjunção subordinativa pode ser de dois subtipos:
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto
indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se.
Exemplos:
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2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância
adverbial relacionada à oração principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:
— Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro
de uma sequência. Os numerais podem ser: cardinais (um, dois, três), ordinais (primeiro, segundo, terceiro),
fracionários (meio, terço, quarto) e multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo). Antes de nos aprofundarmos em
cada caso, vejamos o emprego dos numerais, que tem três principais finalidades:
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após,
devem ser utilizados os numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10 (Parágrafo
10).
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2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única
exceção é a indicação do primeiro dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos:
dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal
até o décimo; após o décimo utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto);
Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).
Os tipos de numerais
Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é,
apresentam a ordem de sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos:
primeiro/primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, trigésimo/trigésimos, trigésima/
trigésimas.
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Exemplo: A carne de segunda está na promoção.
Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas reduzidas, ou seja, para representar uma parte
de um todo. Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três quartos (¾), 1/12 avos.
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural).
Exemplos: meio copo de leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.
Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas,
ao atribuir-lhes uma característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. Exemplos: dobro, triplo,
undécuplo, doze vezes, cêntuplo.
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam
a flexionar número e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios, duplos sentidos.
Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem quantidades precisas, como dezena (10 unidades)
ou dúzia (12 unidades).
– Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas,
centena/centenas.
— Preposição
Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações gramaticais que outras classes (substantivos, ad-
jetivos, verbos e advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas relações entre as unidades
linguísticas dentro do enunciado, as preposições não possuem significado próprio se isoladas no discurso. Em
razão disso, as preposições são consideradas classe gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical
(organização e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que gera significado e sentido,
esteja presente, possui um valor menor.
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Classificação das preposições
Preposições essenciais: são aquelas que só aparecem na língua propriamente como preposições, sem
outra função. São elas: a, antes, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por (ou per, em
dadas variantes geográficas ou históricas), sem, sob, sobre, trás.
Exemplo 1 – ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em ambas as sentenças, a preposição de man-
teve-se sempre sendo preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades linguísticas diferentes,
garantindo-lhes classificações distintas conforme o contexto.
Exemplo 2 – “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei o quadro com textura.” Perceba que nas
duas fases, a mesma preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/instrumento; na segun-
da, exprime companhia. Por isso, afirma-se que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
valor estrutural (gramática).
Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não apresentam função de preposição, porém, a
depender do contexto, podem assumir essa atribuição. São elas: afora, como, conforme, durante, exceto, feito,
fora, mediante, salvo, segundo, visto, entre outras.
Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do suspeito apresentaram contradições.” A palavra “segun-
do”, que, normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao ser inserida nesse contexto, passou
a ser uma preposição acidental, por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.
Locuções prepositivas
Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e emprego de uma preposição. As principais locuções
prepositivas são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da preposição de, a ou com. Confira
algumas das principais locuções prepositivas.
— Interjeição
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que manifestam por parte do emissor do enunciado
uma surpresa, uma hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., por parte do emissor do
enunciado. São as chamadas unidades autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas também para chamar exigir algo ou para
chamar a atenção do interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras que, associadas, assumem o valor de interjeição.
Exemplos: “Ai de mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”.
– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!»
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Os tipos de interjeição
De acordo com as reações que expressam, as interjeições podem ser de:
Uma locução verbal9 é a combinação de um verbo auxiliar e um verbo principal. Esses dois verbos, apa-
recendo juntos na oração, transmitem apenas uma ação verbal, desempenhando o papel de um único verbo.
Exemplo:
- estive pensando
- quero sair
- pode ocorrer
- tem investigado
- tinha decidido
Função dos verbos auxiliares nas locuções verbais
Apenas o verbo auxiliar é flexionado. Verbo auxiliar é o que perdendo significado próprio, é utilizado para
auxiliar na conjugação de outro, o verbo principal. Assim, o tempo, o modo, o número, a pessoa e o aspecto da
ação verbal são indicados pelo verbo auxiliar.
9 https://www.conjugacao.com.br/locucao-verbal/
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Os auxiliares mais comuns são: “Ter, Haver, Ser e Estar”. Contudo, outros verbos também atuam como
verbos auxiliares nas locuções verbais, como os verbos poder, dever, querer, começar a, deixar de, voltar a,
continuar a, entre outros.
Função dos verbos principais nas locuções verbais
Nas locuções verbais o verbo auxiliar aparece conjugado e o principal numa das formas nominais: no ge-
rúndio, no infinitivo ou no particípio.
Funções do que e do se
As palavras “que” e “se” podem exercer inúmeros papéis em uma frase, como conjunção, pronome, partí-
cula expletiva ou de realce etc.
Funções do “QUE”
– Substantivo
Precedido de artigo ou outro termo que funcione como adjunto adnominal, e recebe acento.
– Pronome
interrogativo:
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indefinido: é precedido por substantivo. Equivale a QUANTO(A).
c) relativo: inicia a oração subordinada adjetiva, e pode ser substituído por: o qual, a qual, os quais, as
quais.
– Preposição
Equivalente à preposição de.
– Advérbio de intensidade
– Interjeição
Representa surpresa, e recebe acento. É usado com ponto de exclamação.
– Conjunção subordinativa
a) Integrante: inicia a oração subordinada substantiva. Pode ser trocada pelo termo “isso”.
b) Causal: carrega em si a relação de causa e efeito. Pode ser substituída por “porque”.
Faça tudo certo, que se sua mãe chega e vê vira uma fera!
c) Comparativa:
d)Temporal:
e) Consecutiva:
f) Concessiva:
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– Conjunção coordenativa
c) Adversativa: dá ideia de oposição. Pode ser substituída por “mas”, “porém”, “contudo”.
– Sujeito
– Objeto direto
– Objeto indireto
– Predicativo
– Adjunto adnominal
– Complemento nominal
– Adjunto adverbial
– Agente da passiva
Funções do “SE”
Funções morfológicas
– Conjunção subordinativa
a) Integrante:
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Não sei se vocês já foram à Londres.
b) Condicional:
c) Concessiva:
d) Causal:
Se ele sabe o que quer da vida, sabe que precisa tratar bem uma mulher.
Vendem-se ovos.
Vive-se bem.
Passam-se as horas.
– Pronome
a) Reflexivo:
– Objeto direto
– Objeto indireto
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Formação de palavras
Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos
morfológicos (combinação de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na
língua (palavra primitiva ou radical).
PALAVRA PALAVRA
PREFIXO
PRIMITIVA DERIVADA
inf fiel infiel
sobre carga sobrecarga
PALAVRA
PALAVRA
SUFIXO
PRIMITIVA
DERIVADA
gol leiro goleiro
feliz mente felizmente
3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para
formação de uma nova palavra.
4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente
do tipo anterior, para existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte
de substantivos e adjetivos para originar um verbo.
5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra
derivada. Esse origina substantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras
recebem o nome de deverbais. Tal composição ocorre a partir da substituição da terminação verbal formada
pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).”
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VOGAL
VERBO RADICAL DESINÊNCIA SUBSTANTIVO
TEMÁTICA
debater debat er e debate
sustentar sustent ar o sustento
vender vend er a venda
6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra
primitiva, mas não modifica sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me
para jantar”, mas também pode ser um substantivo na frase “O jantar estava maravilhoso”.
Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição
pode se realizar por justaposição ou por aglutinação.
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira
+ sol = girassol.
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta +
arte = destarte.
Elementos de comunicação
Dentro do processo de comunicação existem alguns fatores que são imprescindíveis de serem citados como
elementos da comunicação, que são:
Receptor: é a pessoa, ou qualquer ser capaz de receber e interpretar essa mensagem transmitida.
Descodificar: Decifrar a mensagem, operação que depende do repertório (conjunto estruturado de infor-
mação) de cada pessoa.
Mensagem: trata-se do conteúdo que será transmitido, as informações que serão transmitidas ao receptor,
ou seja, é qualquer coisa que o emissor envie com a finalidade de passar informações.
Canal: é a fonte de transmissão da mensagem, ou o meio de comunicação utilizado (revista, livro, jornal,
rádio, TV, ar, etc.)
Ruído: são os elementos que interferem na compreensão da mensagem que está sendo transmitida, po-
dem ser ocasionados pelo ambiente interno ou externo. Podem ser tanto os barulhos de uma maneira geral,
uma palavra escrita incorretamente, uma dor de cabeça por parte do emissor como do receptor, uma distração,
um problema pessoal, gírias, neologismos, estrangeirismos, etc., podem interferir no perfeito entendimento da
comunicação.
Linguagem verbal: as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus distintos de
abstração e variedade de sentido. O significado das palavras não está nelas mesmas, mas nas pessoas (no
repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as palavras).
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Linguagem não-verbal: as pessoas não se comunicam apenas por palavras, os movimentos faciais e
corporais, os gestos, os olhares, e a entonação são também importantes (são os elementos não verbais da
comunicação).
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao estudo da ordenação das palavras em uma
frase, das frases em um discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem entre si. Sempre
que uma frase é construída, é fundamental que ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida
pelo receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e orações, a sintaxe é essencial para que
essa compreensão se efetive. Para que se possa compreender a análise sintática, é importante retomarmos
alguns conceitos, como o de frase, oração e período. Vejamos:
Frase
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo que possui sentido integral, podendo ser
constituída por somente uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou não (frase nominal).
Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos, apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, a disposição das palavras na frase também
é fundamental para a compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da Língua Portuguesa.
Observe que a frase “A professora já vai falar.” Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.”
, sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a já professora vai.” , apesar da combinação
das palavras, não poderá ser compreendida pelo interlocutor.
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Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode
ser uma oração, desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem sempre consta em uma
oração, assim como o sentido completo. O importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não contém verbo.
2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase como oração.
Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma oração é formada por cada um dos termos, que,
por sua vez, estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No exemplo supracitado, a palavra
“quero” deve unir-se às palavras “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem. Dessa forma,
cada palavra desta oração recebe o nome de termo ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma
função sintática diferente.
Classificação das orações: as orações podem ser simples ou compostas. As orações simples apresentam
apenas uma frase; as compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração. Analise os exemplos
abaixo e perceba que a oração composta tem duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
Período
É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com sentido completo. Assim como as orações,
o período também pode ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número de orações que
apresenta: o período simples contém apenas uma oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração
é uma frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à classificação, basta contar quantos
verbos existentes na frase.
– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” - apresenta apenas um verbo.
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou ficarei preocupada.” - contém dois verbos.
— Análise Sintática
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a estrutura de um período e das orações que
compõem um período.
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem sentido a uma frase verbal. A reunião desses
elementos forma o que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais se subdividem em:
essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe a seguir as especificidades de cada tipo.
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual se declara algo, o outro é o que se declara
sobre o sujeito e, por isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos respectivos exemplos
a seguir:
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, que “fez um lindo discurso” (é o restante da
oração, a declaração sobre o sujeito).
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), podendo apresentar-se também no meio da
fase ou mesmo após o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos respectivos casos:
“Fred fez um lindo discurso.”
“Um lindo discurso Fred fez.”
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“Fez um lindo discurso, Fred.”
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”.
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.”
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na oração, mas a frase é dotada de entendimento.
Ex.: “Passamos no teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a concordância do verbo o
destaca de forma indireta.
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração e, diferente do caso anterior, não há concordância
verbal para determiná-lo.
Esse sujeito pode aparecer com:
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”.
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se padeiro.”».
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você estiver lá.”
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, e sua mensagem está centralizada no
verbo, que é impessoal. Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da natureza, ou os verbos
ser, estar, haver e fazer quando indicativos de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”.
– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e verbo, ou entre verbo e complementos. Os
verbos, por sua vez, também recebem sua classificação, conforme abaixo:
– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante para passar a informação adequada. Em
outras palavras, é o verbo que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa compreensão, esse
trânsito do verbo, o complemento pode ser direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e complemento são unidos por preposição.
Ex.: “Preciso de dinheiro.”
– Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de sentido completo. São exemplos: morrer, acordar,
nascer, nadar, cair, mergulhar, correr.
– Verbo de ligação: servem para expressar características de estado ao sujeito, sendo eles: estado
permanente (“Pedro é alto.”), estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação (“Pedro esteve
enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
– Predicados nominais: são aqueles que têm um nome (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo
significativo da oração. Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade, e é composto por
um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
– Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo:
em “Marta é inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja, é sua característica de estado
ou qualidade. Isso é comprovado pelo “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica atual.
Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo, mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo
um substantivo ou palavra substantivada.
– Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre um predicativo do sujeito associado a uma
ação do sujeito acrescida de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da aula. Por isso,
estavam contentes.
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O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair” e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam
contentes” é o predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
– Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos completam o sentido de verbos, e se
classificam da seguinte forma:
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não exigindo preposição.
– Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos, isto é, aqueles que dependem de preposição
para que seu sentido seja compreendido.
Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
– Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o acontecido.”
– Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou os aparelhos.»
– Complementos Nominais: esses termos completam o sentido de uma palavra, mas não são verbos; são
nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe os exemplos:
– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que “satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados”
é complemento nominal.
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – “rapidamente” é advérbio de modo.
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um substantivo.
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam a ação expressa pelo verbo, quando
este está na voz passiva. Assim, estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. Observe os
exemplos do item anterior modificados para a voz passiva:
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
– “O cachorro foi alvo do meu medo.”
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.”
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise
os exemplos:
“Dormimos muito.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”.
“Ele ficou pouco animado com a notícia.”
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado”
“Maria escreve bastante bem.”
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”.
Os adjuntos adverbiais podem ser:
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc.
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– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc.
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de tempo).
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, com função de adjetivo. Em razão disso,
pode ser representado por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou pronomes adjetivos.
Analise o exemplo:
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega de escola.”
– Sujeito: “jovem apaixonado”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou”
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”,
pois caracterizam o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” fazem referência a “buquê”
(substantivo); o artigo “à” (contração da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os adjuntos
adnominais de “colega”.
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para caracterizá-lo, contribuindo para a complementação
uma informação já completa. Observe os exemplos:
“Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
– Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem com sujeito nem com predicado, tendo sua
função no chamamento ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa do discurso. Os
vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições
de apelo. Observe:
“Ei, moça! Seu documento está pronto!”
“Senhor, tenha misericórdia de nós!”
“Vista o casaco, filha!”
– Período composto por coordenação: é formado por orações independentes. Apesar de estarem unidas
por conjunções ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas individualmente porque apresentam
sentidos completos. Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
– Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os doces.”
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não preparei os doces.”
– Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou preparo os doces.”
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante, logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame porque estudou bastante.”
– Período composto por subordinação: são constituídos por orações dependentes uma da outra. Como
as orações subordinadas apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas de forma separada. As
orações subordinadas são divididas em substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado que o suspeito era realmente o culpado.”
– Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não queria que isso acontecesse.”
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– Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É obrigatório de que todos os estudantes sejam
assíduos.”
– Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho expectativa de que os planos serão melhores
em breve!”
– Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa é que meus pais são saudáveis.”
– Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba disto: que tudo esteja organizado quando eu
voltar!”
– Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão felizes que pulamos de alegria.”
– Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando para que nós chegássemos a casa em
segurança.”
– Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, espero por você.»
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que estivesse cansado, concluiu a maratona.”
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia como se ainda vivesse no interior.”
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme combinamos anteriormente, entregarei o produto
até amanhã.”
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais me exercito, mais tenho disposição.”
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que passou no concurso, mudou-se para o interior.”
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”
Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal estudam a sintonia entre os componentes
de uma oração.
– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao sujeito, sendo que o primeiro deve,
obrigatoriamente, concordar em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, 2a, ou 3a pessoa)
com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é flexionado para concordar com o sujeito.
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três situações em que o verbo no infinitivo é fle-
xionado:
I – Quando houver um sujeito definido;
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito;
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração forem distintos.
Observe os exemplos:
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.”
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“Isto é para nós solicitarmos.”
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão verbal quando o sujeito não for definido,
ou sempre que o sujeito da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo em locuções verbais,
com verbos preposicionados e com verbos imperativos.
Exemplos:
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.”
“Foram proibidos de realizar o atendimento.”
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, verbo ficará sempre em concordância com
a 3a pessoa do singular, tendo em vista que não existe um sujeito.
Observe os casos a seguir:
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, nevar, amanhecer.
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.»
– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas professoras vigiando as crianças.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz duas horas que estamos esperando.”
Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito,
há concordância verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer no singular ou no plural:
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.”
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos do que ocorreria.”
Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, ou faz concordância com o termo precedente
ao pronome, ou permanece na 3a pessoa do singular:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.»
Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo concorda com o termo que antecede o pronome:
– “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
– “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
Concordância verbal com a partícula de indeterminação do sujeito se: nesse caso, o verbo cria
concordância com a 3a pessoa do singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos ou por
verbos transitivos indiretos:
– «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”
Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo concorda com o objeto direto, que desempe-
nha a função de sujeito paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
– Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria, a maior parte: preferencialmente, o verbo
fará concordância com a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode ser empregada:
– “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos entraram.”
– “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das pessoas entenderam.”
Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve concordar em gênero e número com o
substantivo mais próximo, mas também concordar com a forma no masculino plural:
– “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
– “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
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Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo concorda em gênero e número com os
pronomes pessoais:
– “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
– “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois ou mais adjetivos no singular, o substantivo
permanece no singular, se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o substantivo deve
estar no plural:
– “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o xadrez.”
– “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e xadrez.”
Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas expressões, o adjetivo flexiona em gênero
e número, sempre que houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista esse artigo, o adjetivo
deve permanecer invariável, no masculino singular:
– “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É proibido circulação de pessoas não identificadas.”
– “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada de crianças acompanhadas.”
Concordância nominal com menos: a palavra menos permanece é invariável independente da sua atua-
ção, seja ela advérbio ou adjetivo:
– “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”
Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe, barato, meio e caro: esses termos instauram
concordância em gênero e número com o substantivo quando exercem função de adjetivo:
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.
Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando,
em um enunciado ou oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina
termo determinante, essa relação entre esses termos denominamos regência.
— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um
substantivo, um adjetivo ou um advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse
pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.”
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”
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Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O
mesmo ocorre com os substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem
as preposições de e em para completude de seus sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que
regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição para que seu sentido seja
completo.
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— Regência Verbal
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os
termos regidos. Um verbo possui a mesma regência do nome do qual deriva.
Observe as duas frases:
I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica
como verbo transitivo direto; “ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum
lugar), portanto, é verbo transitivo indireto.
REGE
No sentido de / pela
VERBO EXEMPLO
transitividade
PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
Assistir
“Assiste aos cidadãos o direito de
pertencer SIM protestar.”
valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar desafio, dano, peso SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
moral
fundamento / verbo NÃO “Isso não procede.”
instransitivo
Proceder
“Essa conclusão procede de muito
origem SIM vivência.”
finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”
Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar absorção ou NÃO “Evite aspirar fumaça.”
respiração
consequência / verbo “A sua solicitação implicará alteração do
NÃO
Implicar transitivo direto meu trajeto.”
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”
convocação NÃO “Chame todos!”
“Chamo a Talita de Tatá.”
Chamar Rege complemento, “Chamo Talita de Tatá.”
apelido com e sem
preposição “Chamo a Talita Tatá.”
“Chamo Talita Tatá.”
o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega
Chegar a algum lugar / verbo SIM “Quando chegar ao local, espere.”
transitivo indireto
quem obedece a algo
Obedecer / alguém / transitivo SIM “Obedeçam às regras.”
indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
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... exige um
verbo transitivo direito complemento
Informar “Informe o ocorrido ao gerente.”
e indireto, portanto... sem e outro com
preposição
quem vai vai a algum
Ir lugar / verbo transitivo SIM “Vamos ao teatro.”
indireto
Quem mora em algum “Eles moram no interior.”
Morar lugar (verbo transitivo SIM
indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
verbo transitivio
Namorar NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
direito
verbo bi transitivo
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
(direto e indireto)
quem simpatiza
simpatiza com
Simpatizar SIM “Simpatizei-me com todos.”
algo/ alguém/ verbo
transitivo indireto
Colocação pronominal
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da frase. A tendência do português falado no
Brasil é o uso do pronome antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma culta prescreve o
emprego do pronome no meio – mesóclise – ou após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se inicia um período com pronome oblíquo átono.
Assim, se na linguagem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, formal, usa-se “Encon-
trei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem as poucas regras de mesóclise e ênclise.
Assim, sempre que estas não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que prejudique a eufonia
da frase.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pacientemente.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito anteposto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, tudo dá.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus intentos são para nos prejudicarem.
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Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela preposição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com outras preposições é facultativo o emprego de
ênclise ou próclise: Apressei-me a convidá-los.
Mesóclise
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade.
Far-me-ias um favor?
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de qualquer outro fator de atração, ocorrerá a pró-
clise.
Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal não vier precedida de um fator de próclise,
o pronome átono deverá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
Exemplos:
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade.
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes do auxiliar ou depois do principal.
Exemplos:
Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade.
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do auxiliar.
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
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Estava-lhe dizendo tudo.
Havia-lhe dito tudo.
— Visão Geral
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais gráficos que, em um período sintático, têm a
função primordial de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas e, ocasionalmente, manifestar
as propriedades da fala (prosódias) em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os gestos e
as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a compreensão da frase.
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
– Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos tipos textuais;
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
– Demarcar das unidades de um texto;
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
Vírgula
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado para indicar que os termos por ela isolados,
embora compartilhem da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, se, ao contrário,
houver relação sintática entre os termos, estes não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao
mesmo tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em outras, ela é vetada. Confira os casos
em que a vírgula deve ser empregada:
• No interior da sentença
1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:
ENUMERAÇÃO
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate.
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
REPETIÇÃO
Os arranjos estão lindos, lindos!
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
2 – Isolar o vocativo
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4 – Isolar expressões explicativas:
• Entre as sentenças
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”
2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações iniciadas
pela conjunção “e”:
“Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos ajudasse.”
3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a principal:
“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu leito, até que você se recupere por
completo.”
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2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre que a conjunção “e” é reiterada com com
a finalidade de destacar alguma ideia, por exemplo:
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de
cancioneiro contínuo; e o esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)
3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito e predicado, verbo e objeto, nome de
adjunto adnominal, nome e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração substantiva e oração
subordinada (desde que a substantivo não seja apositiva nem se apresente inversamente).
Ponto
1 – Para indicar final de frase declarativa:
– “p.” (página)
Ponto e Vírgula
1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já se tenha
utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; nossa amiga, de praticar esportes.”
2 – Para separar os itens de uma sequência de itens:
“Os planetas que compõem o Sistema Solar são:
Mercúrio;
Vênus;
Terra;
Marte;
Júpiter;
Saturno;
Urano;
Netuno.”
Dois Pontos
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam
e/ou resumem ideias anteriores.
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“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela grande ofensa.”
2 – Para introduzirem citação direta:
“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente muito conhecido: “Nada se cria, nada se
perde, tudo se transforma’.”
3 – Para iniciar fala de personagens:
Reticências
1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintaticamente:
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília -
José de Alencar).
4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
Ponto de Interrogação
1 – Para perguntas diretas:
“Quando você pode comparecer?”
2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para destacar o enunciado:
“Não brinca, é sério?!”
Ponto de Exclamação
1 – Após interjeição:
“Nossa Que legal!”
2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
“Infelizmente!”
3 – Após vocativo
“Ana, boa tarde!”
4 – Para fechar de frases imperativas:
“Entre já!”
Parênteses
a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases intercaladas de valor explicativo, podendo
substituir o travessão ou a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sempre)
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quem seria promovido.”
Travessão
1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“O rapaz perguntou ao padre:
— Vá com Deus!”
3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:
Aspas
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, como termos populares, gírias, neologismos,
estrangeirismos, arcaísmos, palavrões, e neologismos.
Elementos de coesão
— Definições e diferenciação
Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um texto coeso pode ser incoerente, e vice-
versa. O que existe em comum entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais para uma
produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão textual se volta para as questões gramaticais, isto é,
na articulação interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação externa da mensagem.
— Coesão Textual
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado das palavras que proporcionam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se realiza por meio de
palavras denominadas conectivos.
As técnicas de coesão
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem
relacionados à mensagem expressa no texto, esses recursos classificam-se como endofóricas. Enquanto a
anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual.
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As regras de coesão
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as regras relacionadas abaixo sejam seguidas.
Referência
– Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja nome, verbo ou frase, por outro, para que
ele não seja repetido.
Analise o exemplo:
“Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.”
Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é evidente principalmente no fato de que a
substituição adiciona ao texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o pronome pessoal
retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar quaisquer informações ao texto.
– Elipse: trata-se da omissão de um componente textual – nominal, verbal ou frasal – por meio da figura
denominando eclipse.
Exemplo:
“Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que proporciona o entendimento da segunda oração,
pois o leitor fica ciente de que o locutor está procurando por Ana.
– Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem parte de um mesmo campo lexical ou que
carregam sentido aproximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos, entre outros.
Exemplo:
“Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está dando conta da demanda populacional.”
— Coerência Textual
A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto que se origina da sua argumentação –
consequência decorrente dos saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto redundante e
contraditório, ou cujas ideias introduzidas não apresentam conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência
prejudica a fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer que a falta de coerência não consiste
apenas na ignorância por parte dos interlocutores com relação a um determinado assunto, mas da emissão de
ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais.
Observe os exemplos:
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“A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo até o momento.” Aqui, temos um processo verbal
acabado e um inacabado.
“Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos não consomem produtos de origem animal.
Fatores de Coerência
– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem de saberes adquirida ao longo da vida e que
é arquivada na nossa memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts (roteiros, tal como nor-
mas de etiqueta), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos de funcio-
namento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, sair para o trabalho/escola), frames (rótulos), etc.
Exemplo:
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!”
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são
elementos, os chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e nada têm a ver com o Natal.
A função básica do vocabulário é permitir construir o texto, tanto sintática quanto semanticamente. Em
conjunto com outros recursos gramaticais, o emprego adequado das palavras permite a criação de sentido, tal
como desajado pelo autor. Por essa razão, escolher quais os vocábulos irão compor a mensagem é tão impor-
tante, pois, como você pode imaginar, eles correspondem ao tecido mais básico da comunicação. Pense, você
consegue imaginar uma comunicação sem palavras? Ainda que em formato não escrito, elas estão lá.
Todavia, ao contrário do que pensa o senso comum, o léxico textual desempenha mais do essa função
construtiva. Mais do que ela, ele poderá assumir funções direcionadas à produção estética, estilística ou mes-
mo coesiva.
Função Comunicativa do Vocabulário
A primeira função que vem a nossa mente quando pensamos no vocabulário é permitir a comunicação entre
os interlocutores. As palavras são as responsáveis por imprimirem sentido geral e específico ao texto. Por isso,
a escolha individual dos vocábulos será a responsável pela criação do significado.
Para entender essa função, procure imaginar a forma mais básica de comunicação. Ainda que se pense em
linguagens pautadas em imagens ou em sinais, elas serão, essencialmente, compostas por signos, os quais
equivalem, por analogia, às nossas palavras. Assim, é impossível pensarmos em um texto sem palavras, pois
outros elementos semânticos comporão a estrutura da mensagem, a fim de permitir a comunicação.
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Função Expressiva do Vocabulário
Contudo, mais do que comunicar, o vocabulário possibilita que essa mesma comunicação seja feita de for-
ma a exprimir certa subjetividade do emissor. Por meio de recursos semânticos variados, como substantivos
específicos, adjetivos, substantivação de verbos, entre tantos outros, a seleção de palavras permite ao autor
imprimir em sua mensagem uma ideia mais particularizada, com emissão de juízos de valor e de sentimentos.
Nesse caso, o vocabulário é escolhido com a finalidade de expressar opiniões, emoções, sentimentos e
pontos de vista do autor. Veja o seguinte poema de Fernando Pessoa:
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Observe que o poema emprega diversos recursos lexicais para imprimir a subjetividade do autor, como
sinônimos e metáforas.
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Airton Sena foi um ícone para o automobilismo mundial. Infelizmente, o piloto faleceu há mais de vinte
anos.
Veja que o termo piloto faz referência a Airton Sena, sem que se repita o substantivo próprio. Nesse sentido,
devido à proximidade dos campos semânticos e da proximidade dos termos, o substantivo piloto substitui o
nome próprio, sem que incorra em perda de sentido. Esse é um caso de função coesiva por uso de vocabulário.
Fonte: Disponível em: https://blog.flaviarita.com/qual-a-funcao-do-vocabulario-no-texto/. Acesso em:
02.ago.2023.
Variação linguística.
— Definição
A língua é a expressão básica de um povo e, portanto, passa por mudanças conforme diversos fatores,
como o contexto, a época, a região, a cultura, as necessidades e as vivências do grupo e de cada indivíduo nele
inserido. A essas mudanças na língua, damos o nome de variações ou variantes linguísticas. Elas consistem
nas diversas formas de expressão de um idioma de um país, tendo em vista que a língua padrão de uma nação
não é homogênea. A construção do enunciado, a seleção das palavras e até mesmo a tonalidade da fala, entre
outras características, são considerados na análise de uma variação linguística.
Confira a seguir os quatro tipos de variantes linguísticas existentes.
– Variações sociais (diastráticas): são as diferenças relacionadas ao grupo social da pessoa que fala. As
gírias, por exemplo, fazem parte da linguagem informal dos grupos mais jovens. Assim como ocorre com os
mais novos.
– Os jargões de grupos sociais específicos: outras turmas têm seu vocabulário particular, como é o
caso dos capoeiristas, por exemplo, no meio dos quais a expressão “meia-lua” tem um significado bem diverso
daquele que fará sentido para as pessoas que não integram esse universo; o mesmo ocorre com a expressão
“dar a caneta”, que, entre os futebolistas é compreendida como um tipo de driblar o adversário, bem diferente
do que será assimilado pela população em geral.
– Os jargões profissionais: em razão dos tempos técnicos, as profissões também têm bastante influência
nas variantes sociais. São termos cuja utilização é restrita a um círculo profissional. Os contadores, por exemplo,
usam os temos “ativo” e “passivo” para expressar ideias bem diferentes daquelas empregadas pelas pessoas
em geral.
– Vocabulário: a palavra defluxo foi substituída, com o tempo, por resfriado; o uso da mesóclise era muito
comum no século XIX, hoje, não se usa mais.
– Grafia: as reformas ortográficas são bastante regulares, sendo que, na de 1911, uma das mudanças mais
significativas foi a substituição do ph por f (pharmácia – farmácia) e, na de 2016, a queda do trema foi apenas
uma delas (bilíngüe – bilingue).
– Variações geográficas (diatópicas): essa variante está relacionada com à região em que é gerada,
assim como ocorre o português brasileiro e os usos que se fazem da língua portuguesa em Angola ou em
Portugal, denominadas regionalismo. No contexto nacional, especialmente no Brasil, as variações léxicas, de
fonemas são abundantes. No interior de um estado elas também são recorrentes.
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– Exemplos: “abóbora”, “jerimum” e “moranga” são três formas diferentes de se denominar um mesmo
fruto, que dependem da região onde ele se encontra. Exemplo semelhante é o da “mandioca”, que recebe o
nome de “macaxeira” ou mesmo de “aipim”.
Exercícios
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(A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com deficiência. (incluem-se)
(B) ... em educação especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. (se contam)
(C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de aula. (concebe-se)
(E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo. (confunde-se)
Dieta salvadora
A ciência descobre um micróbio adepto de um
alimento abundante: o lixo plástico no mar.
O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não
consegue dar um destino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas
com seus próprios dejetos. Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás e até car-
caças de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água, subterrâneo ou a céu aberto, que se
encaminha inevitavelmente para o mar. O resultado está nas ilhas de lixo que se formam, da Guanabara ao
Pacífico.
De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itália, China e dos Emirados Árabes descobriram
em duas ilhas gregas um micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico jogado ao mar.
Parece que, depois de algum tempo ao sol e atacado pelo sal, o plástico, seja mole, como o das sacolas, ou
duro, como o das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os micróbios, de guardanapo ao pescoço,
o decomponham e façam a festa. Os cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios, para que eles
ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja estômago.
Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um
explorador descobre na costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em colher pérolas e construir
diques submarinos. Em troca das pérolas que as salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se de-
fenderem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as salamandras se reproduzem, tornam-se milhões, ocupam
os litorais, aprendem a falar e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo.
Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se tornar as salamandras de Čapek. É que, no
livro, as salamandras aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os micróbios no comando, nossos
mares, pelo menos, estarão a salvo.
Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. Paulo. Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019.
Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao verbo, possuem três posições: próclise (antes do
verbo), mesóclise (no meio do verbo) e ênclise (depois do verbo).
Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblíquos nos trechos a seguir.
I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E não se contenta em brindar os mares, rios e
lagoas com seus próprios dejetos.”
II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por verbo: “Intoxica-os também com garrafas plásticas,
pneus, computadores, sofás e até carcaças de automóveis.”
III – A próclise é sempre empregada quando há locução verbal: “Não quero dizer que os micróbios comedo-
res de lixo podem se tornar as salamandras de Čapek.”
IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo,
derrotar o câncer e produzir um ‘Dom Quixote’”.
Está correto apenas o que se afirma em
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(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) III e IV.
Na frase – Tem coisa que não pode cancelar. –, o vocábulo destacado é um pronome relativo, retomando o
substantivo “coisa”. Assinale a alternativa em que o vocábulo em destaque também exerce função pronominal,
retomando um substantivo.
(A) Ela tem uma sapucaia, que produz um ouriço usado no cultivo de algumas espécies.
(D) No final da vida, depois de tanta filosofia, escreveu que o mais importante era rir.
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6. (COMPESA - Analista de Gestão - Advogado - FGV) A substituição da oração adjetiva por um adjetivo de
valor equivalente está feita de forma inadequada em:
(A) “Quando você elimina o impossível, o que sobra, por mais improvável que pareça, só pode ser a verda-
de”. / restante
(B) “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”. / consciente dos limites da própria igno-
rância.
(C) “A única coisa que vem sem esforço é a idade”. / indiferente
(D) “Adoro a humanidade. O que não suporto são as pessoas”. / insuportável
(E) “Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas pelos que se foram: vamos ficando sozinhos uns dos
outros”. / falecidos
07. (SEPOG/RO - Técnico em Tecnologia da Informação e Comunicação - FGV/2018) Temos uma notícia
triste: o coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não é ali que moram os sentimentos. Puxa,
para que serve ele, afinal? Calma, não jogue o coração para escanteio, ele é superimportante. “É um órgão
vital. É dele a função de bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Sérgio Jardim, cardio-
logista do Hospital do Coração.
O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e tem dois sistemas de bombeamento independen-
tes. Com essas “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as artérias. Para isso contrai e relaxa,
diminuindo e aumentando de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente bate mais rápido quando
uma pessoa está apaixonada. O corpo libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a pressão
arterial”.
(O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)
Nas frases “ele é superimportante” e “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está apaixona-
da”, há dois exemplos de variação de grau.
Sobre essas variações, assinale a afirmativa correta.
(A) Apenas na primeira frase há uma variação de grau de adjetivo.
(B) Nas duas ocorrências ocorre o superlativo de adjetivos.
(C) Apenas na segunda ocorrência ocorre o grau comparativo do adjetivo.
(D) Na primeira ocorrência, a variação de grau ocorre por meio de um sufixo.
(E) Apenas na primeira frase há variação de grau.
8. (Banestes - Técnico Bancário - FGV/2018) O adjetivo ilimitado corresponde à locução “sem limites”; a
locução com igual estrutura que NÃO corresponde ao adjetivo abaixo destacado é:
(A) Os turistas ficaram inertes durante a ação policial / sem ação;
(B) O turista incauto ficou assustado com a ação policial / sem cautela;
(C) O vocalista da banda saiu ileso do acidente / sem ferimento;
(D) O presidente da Coreia passou incógnito pela França / sem ser percebido;
(E) O novo livro do autor estava ainda inédito / sem editor.
9 (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão Contábil - FGV/2018) Na escrita, pode-se optar fre-
quentemente entre uma construção de substantivo + locução adjetiva ou substantivo + adjetivo (esportes da
água = esportes aquáticos).
O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído por um adjetivo é:
(A) A indústria causou a poluição do rio;
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(B) As águas do rio ficaram poluídas;
(C) As margens do rio estão cheias de lama;
(D) Os turistas se encantam com a imagem do rio;
(E) Os peixes do rio são bem saborosos.
10. (Pref. Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo - FGV) “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao me-
nos crer na fábula, e pouco apreço dá às demonstrações científicas.” (Machado de Assis)
No fragmento acima, os dois adjetivos sublinhados possuem, respectivamente, os valores de
(A) qualidade e estado.
(B) estado e relação.
(C) relação e característica.
(D) característica e qualidade.
(E) qualidade e relação.
12. FGV - 2022 - SEAD-AP - Cuidador Uma das marcas da textualidade é a coerência. Entre as frases abai-
xo, assinale aquela que se mostra coerente.
(A) Avise-me se você não receber esta carta.
(B) Só uma coisa a vida ensina: a vida nada ensina.
(C) Quantos sofrimentos nos custaram os males que nunca ocorreram.
(D) Todos os casos são únicos e iguais a outros.
(E) Como eu disse antes, eu nunca me repito.
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13. OBJETIVA - 2022 - Prefeitura de Dezesseis de Novembro - RS - Controlador Interno- Considerando-se
a concordância nominal, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa
que apresenta a sequência CORRETA:
( ) Agora que tudo passou, sinto que tenho menas tristezas na minha vida.
( ) Posso pedir teu bloco e tua caneta emprestada?
( ) É proibido a entrada de animais na praia.
(A) C - E - C.
(B) C - E - E.
(C) E - E - C.
(D) E - C - E.
14. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - Área Judiciária
O meu ofício
O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo. Espero não ser mal-entendida: não sei nada so-
bre o valor daquilo que posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extraordinariamente à vontade
e me movo num elemento que tenho a impressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo instrumentos
que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes em minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se
estudo uma língua estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar uma malha, ou viajar, sofro
e me pergunto como é que os outros conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão de ser cega e surda
como uma náusea dentro de mim.
Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo mais correto, do qual os outros escritores se
servem. Não me importa nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escrever histórias. Se tento
escrever um ensaio de crítica ou um artigo sob encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que escrevo
nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sensação de enganar o próximo com palavras
tomadas de empréstimo ou furtadas aqui e ali.
Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu país, nas ruas que conhece desde a infân-
cia, entre as árvores e os muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre os cinco e dez
anos ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou inventar
uma nova máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto, um conto curto, de cinco ou seis
páginas: saiu de mim como um milagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava exausta, atônita,
estupefata.
(Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. Maurício Santana Dias. São Paulo: Cosac
Naify, 2015, p, 72-77, passim)
As normas de concordância verbal encontram-se plenamente observadas em:
(A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam por identificar o estilo mesmo de quem as
escreveu.
(B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca falta a espontaneidade dos bons escritos.
(C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a facilidade que encontra ela em escrever seus
textos.
(D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a autora, logo se dissipou em sua primeira tenta-
tiva.
(E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escritora, do que os que a levaram a imaginar
histórias.
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15. SELECON - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico em Nutrição Escolar- Considerando a regência
nominal e o emprego do acento grave, o trecho destacado em “inerentes a esta festa” está corretamente subs-
tituído em:
(A) inerentes à determinado momento
(B) inerentes à regras de convivência
(C) inerentes à regulamentos anteriores
(D) inerentes à evidência de incorreções
17. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital nº 007- Sendo (C) para as assertivas corretas
e (E) para as erradas, assinale a alternativa com a sequência certa considerando a observância das normas da
língua portuguesa:
( ) O futebol é um esporte de que o povo gosta.
( ) Visitei a cidade onde você nasceu.
( ) É perigoso o local a que você se dirige.
( ) Tenho uma coleção de quadros pela qual já me ofereceram milhões.
(A) E – E – E – C
(B) C – C – C – E
(C) C – E – E – E
(D) C – C – C – C
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18. FADCT - 2022 - Prefeitura de Ibema - PR - Assistente Administrativo- A frase “ O estudante foi convidado
para assistir os debates políticos.” apresenta, de acordo com a norma padrão da Língua portuguesa, um desvio
de:
(A) Concordância nominal.
(B) Concordância verbal.
(C) Regência verbal.
(D) Regência nominal
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Essas interpretações podem provocar outras tragédias além de acidentes de carro.
Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2019. (texto adaptado)
No trecho “[...]poderemos assistir à queda de um deles.”, a ocorrência do acento grave é justificada
(A) pela exigência de artigo do termo regente, que é um verbo, e pela exigência de preposição do termo
regido, que é um nome.
(B) pela exigência de preposição do termo regente, que é um nome, e pela exigência de artigo do termo
regido, que é um verbo.
(C) pela exigência de artigo do termo regente, que é um nome, e pela exigência de artigo do termo regido,
que é um verbo.
(D) pela exigência de preposição do termo regente, que é um verbo, e pela exigência de artigo do termo
regido, que é um nome.
No segundo parágrafo do texto, há a frase: “Colocados frente a frente nos microfones da Rádio Gaúcha,
ambos tiveram a oportunidade de enfrentar questões importantes ligadas ao cotidiano dos eleitores.” Conforme
se observa, na expressão em destaque, não há ocorrência da crase.
Assim, seguindo a regra gramatical acerca da crase, assinale a alternativa em que há o emprego da crase
indevidamente:
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(A) cara a cara; às ocultas; à procura.
(B) face a face; às pressas; à deriva.
(C) à frente; à direita; às vezes.
(D) à tarde; à sombra de; a exceção de.
Associe corretamente a COLUNA I que apresenta as variações linguísticas com seus respectivos conceitos
na COLUNA II.
COLUNA I
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1 – Variações históricas.
2 – Variações geográficas.
3 – Variações sociais.
4 – Variações estilísticas
COLUNA II
( ) Condicionam a existência de, pelo menos dois estados sucessivos de uso da língua: a substituta e a
substituída.
( ) A língua sofre influências dos ambientes em que ela é aprendida e utilizada e apresenta padrões de uso
da língua.
( ) A língua serve às situações de comunicação das quais o sujeito participa, revelando diferenças notáveis.
( ) É decorrente da extensão da comunidade linguística, traduzida na forma de pronunciar alguns fonemas,
nas construções sintáticas e nas escolhas vocabulares.
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(C) V • F • F • V
(D) F • V • V • F
(E) F • F • V • F
Gabarito
1 D
2 A
3 D
4 A
5 A
6 C
7 A
8 E
9 A
10 E
11 CERTO
12 B
13 D
14 B
15 D
16 C
17 D
18 C
19 D
20 D
21 B
22 D
23 A
24 E
25 B
81
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