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Jonas

O documento analisa o livro do profeta Jonas, discutindo sua autoria, datação e propósito, com ênfase na historicidade e no tema do arrependimento. O autor argumenta que Jonas, apesar de ser considerado por alguns como fictício, é um personagem real e que a narrativa reflete a misericórdia de Deus para com todos os povos, incluindo os gentios. Além disso, o texto fornece informações sobre a cidade de Nínive e a estrutura do livro de Jonas.

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Jonas

O documento analisa o livro do profeta Jonas, discutindo sua autoria, datação e propósito, com ênfase na historicidade e no tema do arrependimento. O autor argumenta que Jonas, apesar de ser considerado por alguns como fictício, é um personagem real e que a narrativa reflete a misericórdia de Deus para com todos os povos, incluindo os gentios. Além disso, o texto fornece informações sobre a cidade de Nínive e a estrutura do livro de Jonas.

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Yago Gomes de Souza

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PROFETA JONAS: QUESTÕES INTRODUTORIAS

Texto: Jonas 3:2 Levanta-te, e vai à grande


cidade de Nínive, e prega contra ela a
mensagem que eu te digo.
ָ‫קּ֛ום ֵלְֵ֥ך אֶ ל־ ִּנִֽי ְנ ֵוֵ֖ה הָ עִּ ִ֣יר הַ גְ ד ֹו ָלָ֑ה ּוִּ ְק ָרָ֤א אֵ ֶלֶ֨יה‬
1‫ליָך׃‬
ֶ ִֽ ֵ‫א‬ ‫אֶ ת־הַ ְק ִּריאָ ָ֔ה אֲשֶ ֵ֥ר ָאנֹ כִּ ֵ֖י דֹבֵ ֵ֥ר‬

1. Introdução:
1.1 Data e Autoria:

Os teólogos liberais através da crítica literária acreditam que Jonas


foi o último livro dos profetas, escrito entre os séculos V e IV a.C., no
período pós-exílio. E a questão de sua autoria é anônima e que o
personagem é fictício. O maior questionamento dos teólogos liberais a
respeito do livro do profeta Jonas é a sua historicidade: seria o relato
literal ou alegórico? Entretando a escritura mostra que o personagem
Jonas não é fictício, mais real, e ainda dar indícios da datação de seu
livro., Landes e Brenner dois teólogos importantes para o estudo do livro
de Jonas, concluem que a datação de Jonas está mais favorável no século
VIII a.C.,2 3 isso por conta da citação de Jonas no livro dos reis de Israel,

1
BÍBLIA, Biblia Hebraica Stuttgartensia. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1997, p. 1031.
2
BRENNER, A., The languege of Jonah, LANDES, G.M., Linguistic Criteria and Date of the Book of
Jonah, 1982.
3
A historicidade de Jonas é aceita pelos seguintes escritores: G. Ch. Aalders, The Problems o f the Book o
f Jonah (Tyndale, 1948); Trepanier, “The Story of Jonas”, p. 8-16; E. F. Sutcliff, “Jonas”, in: B. Orchard,
E. F. Sutcliffe, R. C. Fuller, R. Russell (eds.), A Catholic Commentary on Holy Scripture (Thomas Nelson
and Son, 1953), p. 669-671; Robinson, “Jonah”, p. 746-751; Maier; Walton.

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onde é citado um profeta do mesmo nome que profetizou durante o


reinado de Jeroboão II (793-753)4 durante quarenta e um anos, a tradição
judaica viu o livro de Jonas como anterior ao Livro de Naum5, e situam
Jonas na época dos profetas Amós e Oséias.

1.1.1 Proposito:
O livro de Jonas possui 4 capítulos, 48 versículos e 688 palavras de
cunho massorético. Em alguns estudos recentes o universalismo salvífico
é a temática maior do livro de Jonas.6 A história de Jonas se liga, portanto,
ao gênero literário de uma história didática. Um dos propósitos do livro
de Jonas é mostra que Deus tem misericórdia no arrependimento da
nação, Escritores de todas as épocas observam a importância do
arrependimento no livro de Jonas. Aliás, na tradição judaica, Jonas, junto
com os três versículos finais de Miquéias, constitui parte do ritual do Dia
da Expiação, quando, arrependidos, os judeus confessam os pecados a
Deus. Jerônimo pai da igreja acreditava que Jonas tinha sido composto
para incentivar os judeus a se arrependerem.7 Se marinheiros pagãos e
ninivitas ímpios podiam reagir à pregação profética com
arrependimento, os ouvintes judeus deveriam agir de igual modo. O livro

4
NA’ AMAN, N., Historical and Chronological Notes on the Kingdoms of Israel and Judah, 1986, p. 71-
92.
5
Cf. STRZAŁKOWSKA, Barbara. Book of Nahum, Book of Jonah, Book of the Twelve, canonical approach,
p. 354.
6
Cf. MESCHONNIC, H., Jona et le significant errant, 1981.
7
JERÔNIMO, “Commentariorum in Ionam Prophetam”, Corpus Christianorum (Series Latina) 76 (1969),
p. 376-419.

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de Jonas revela um Deus que não se importa apenas com o seu povo
particular, mas que também aguarda a “conversão” de um povo gentio,
os ninivitas, que faziam parte do império Assírio e dominavam o Reino
do Norte.8 Em suma, Jonas narra a história de um Deus que vai em
direção aos pagãos, enquanto os demais profetas apresentam, cada qual,
à sua maneira, o caminho oposto.

1.1.2 Jonas o profeta:


O nome Jonas (‫י ֹו ָנֵ֥ה‬, Yônāh) significa “pomba”, Por detrás do uso
patronímico aramaico baryônâ (“filho de Jonas”), como Jesus designou
a Simão Pedro (Mt 16,17), parece ocultar-se uma forma abreviada para
o nome João (Jo 21,15.16.17). Ele era filho de Amitai (‫בֶ ן־א ֲִּמתַ ֵ֖י‬,
ben’amitay), o nome do seu pai significa “verdadeiro”, por conta da raiz
de seu nome, que procede do substantivo feminino (‫אֱמֶ ת‬, ’emeth)
“verdade, fidelidade”.9
Está escrito que Jonas era de Gate-Hefer (‫גַת־הַ חֵ פֶ ר‬, gat haḥēfer),
Josué 19.13 situa essa cidade na fronteira do território designado à tribo
de Zebulom. O local da antiga Gate-Hefer é hoje associado a Khirbet Ez-
Zurra‘, uma elevação situada a cerca de 19 km a oeste do mar da Galileia
(lago de Quinerete) e 5 km a nordeste de Nazaré. 10 O profeta Jonas
profetizou a favor da expansão das fronteiras de Israel, e isso apesar do
fato de ser Jeroboão apresentado como alguém que “fez o que era mau

8
Para mais detalhes, AUGUSTO VAILATTI, CARLOS. Jonas: introdução, tradução e comentário. São
Paulo: Reflexão, 2018.
9
HOLLADAY, WILLIAM L., Léxico hebraico e aramaico do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova,
2010, p. 29.
10
DAVID WESTON BAKER. Jonas, Cultura bíblica, São Paulo: Vida Nova, 2001. p. 112.

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perante o SENHOR” (2 Rs 14.24). O profeta Jonas é citato apenas três


vezes em toda a Bíblia, uma única vez no livro dos Reis de Israel (2 Rs
14,25), uma vez por Jesus no novo testamento que cita o personagem
Jonas em uma resposta aos religiosos da lei, quando esses pedem um
sinal de seus milagres, e Jesus responde com o “sinal do profeta Jonas”
(Mt 12, 39-40) e no texto que leva seu próprio nome.

1.1.3 A cidade de Nínive:

O destino de Jonas era a cidade assíria de Nínive, capital da Assíria a


chamada de metrópole do mundo gentílico, localizada à margem
esquerda do rio Tigre, Nínive era designada o “triângulo Assírio”, a
região entre os rios Tigres, Zabu e Gazir.11

11
Cf. PARROT, A., Niniveh and the Old Testament, Studies. In: Biblical Archaeology 3, SCM Press, 1955,
p. 85-86.

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A população de Nínive é uma matéria sem consenso, apesar da


indicação em Jn 4,11, que Nínive teve mais que cento e vinte mil homens.
Dentre os 120.000 habitantes, só seria contado os homens e se
colocarmos no senso as mulheres e crianças, a população de Nínive
estaria estimada em, aproximadamente, 600.000 habitantes.12 A
descrição de Nínive como uma cidade de “três dias de caminho” ( ‫י ִִָּֽמים‬
‫מַ ֲה ַלְֵ֖ך ְשלֵ֥שֶ ת‬, mahalak šelošet yāmîm)13, foi vista por muitos
comentadores como um exagero de seu tamanho, na suposição que um
dia de caminho correspondia, aproximadamente, a vinte milhas de
largura ou, possivelmente, em sessenta milhas na sua circunferência.14

Porém, um documento original


contemporâneo ao rei assírio
Senaqueribe (704-681 a.C.), que se
ampliou a circunferência da cidade
de Nínive de 9.300 cúbitos
(aproximadamente 5 km) a 21.815
cúbitos (aproximadamente 11 km),15
Ele colocou ruas e praças frescas e
construiu dentro dele o famoso
"palácio sem rival", cujo plano foi
recuperado em sua maioria e tem
dimensões totais de cerca de 600 por

12
GLUCK, J. J., A linguistic Criterion of the Book of the Jonah, 1971, p. 34-41.
13
Cf. BHS, p.1032.
14
Cf. WISEMAN, D. J., Jonah’s Niniveh, 1979, p.37.
15
Um cúbito equivale aproximadamente a 50cm.

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630 pés (180 por 190 metros), compreendia pelo menos 80 salas, das
quais muitas eram forradas com esculturas.16 Os exames arqueológicos
modernos confirmam a exatidão deste relatório.17

Assim, antes do final do século VIII, Nínive provavelmente não tinha


mais de 1, 5 km em sua parte mais larga. Com base nisso, dificilmente
teriam sido necessários três dias quer para atravessar a cidade, quer para
andar em tomo de seus muros. Acredita-se que a expressão “três dias
para percorrê-la” (“de três dias de jornada”) refere-se não ao
comprimento da jornada de Jonas, mas ao tempo necessário para
empreendê-la.

Nínive, a cidade mais antiga e populosa do antigo império assírio,


situada na margem leste do rio Tigre e cercada pela moderna cidade de
Mossul, no Iraque. Nínive estava localizada no cruzamento de
importantes rotas comerciais norte-sul e
leste-oeste, e sua proximidade com um
afluente do rio Tigre, o rio Khawṣar,
aumentou o valor das férteis terras
agrícolas e pastorais do distrito. A
primeira pessoa a pesquisar e mapear
Nínive foi o arqueólogo Claudius J.
Rich em 1820, um trabalho mais tarde
concluído por Felix Jones e publicado
por ele em 1854. As escavações têm

16
Contexto Histórico de Nínive: https://www.britannica.com/place/Nineveh-ancient-city-Iraq
17
Cf. JONES, F., The Topography of Niniveh, JRAS 15, 1855, p. 324; Cf. MADHLOUM, T., Excavations
at Niniveh, Sumer 23, 1967, p. 77, estima a circunferência da cidade em 12 km.

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sido realizadas intermitentemente desde esse período por muitas pessoas.


A.H. (mais tarde Sir Henry) Layard durante 1845-51 descobriu o palácio
de Senaqueribe e levou de volta para a Inglaterra uma coleção
incomparável de baixos-relevos de pedra, juntamente com milhares de
tábuas inscritas em cuneiforme da grande biblioteca de Ashurbanipal.18

1.1.4 Estrutura do Livro:

I. JONAS NO MAR (1.1—2.10)

a. O chamado inicial de Jonas (1.1-3)

b. Jonas e os marinheiros (1.4-16)

c. A gratidão de Jonas por seu livramento (1.17—2.10)

II. JONAS EM NÍNIVE (3.1—4.11)

a. O segundo chamado de Jonas (3.1-3).

b. Jonas e os ninivitas (3.4-10).

c. A ira de Jonas com o livramento de Nínive (4.1-11).

18
Cf. MAX MALLOWAN, arqueólogo britânico, especializado em história do antigo Oriente Médio:
Nínive | História, Mapa, & Significado | Britannica

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