Intrínseca às sociedades pós-modernas, a comunicação de massa se refere à produção e à difusão de
informações e conhecimentos em larga escala. Esse modelo de comunicação surge de acordo com o
desenvolvimento da sociedade de massa, mudando, pontualmente, a forma com que os indivíduos se
relacionam com a própria realidade. Nesse sentido, no final do século XIX, surgiu um dos primeiros
produtos dessa indústria: o jornal impresso diário. Foi com ele que o acesso direto a acontecimentos
globais por uma grande quantidade de pessoas se tornou possível. E, por ser um meio de comunicação
parte de uma sociedade, é certo que o discurso comunicado se baseia em ideais que moldam a sociedade
no qual circula, tanto que, para o jornalista brasileiro Noblat (2003, p. 21), em sua obra A Arte de Fazer um
Jornal Diário, os jornais são, sobretudo, “espelhos da consciência crítica de uma comunidade em
determinado espaço de tempo”.
Com a chegada da Família Real, os jornais surgiram como supostos pioneiros na disseminação de
informação no Brasil, mas na prática, a elite alfabetizada, única a ter uma recepção desse meio, vivia uma
revolução, formando filas intermináveis para comprar notícias, e a maioria, analfabeta, ficava à margem,
dependendo de boatos e versões distorcidas, repassadas por quem tinha acesso ao privilégio da leitura. As
publicações do jornal brasileiro, Gazeta do Rio de Janeiro, eram utilizadas como meio de expandir a
imagem da Família de Bragança, e as edições que contrariavam os seus ideais eram censuradas pela
Imprensa Régia. A censura se perpetuou ao longo do tempo com diversas faces depois disso, no século XX:
na Era Vargas, pelo Departamento de Imprensa e Propaganda e na Ditadura Militar-Civil, pelo
Departamento de Censura de Diversões Públicas. Apesar de tentarem silenciar certos saberes, como a
economia liberal e a arte crítica, houve resistência. Foi exemplo o jornal Lampião da Esquina, primeiro
jornal homossexual de circulação nacional, produzido durante o período da Ditadura, no qual a
homossexualidade era violentamente e publicamente reprimida.
Desde sua chegada, os periódicos foram o único meio de informação global para os brasileiros até 1922,
com o advento do rádio. Ainda assim, os jornais impressos permaneceram predominantes até o início do
século XXI. Atualmente, apesar de permanecerem relevantes, os jornais impressos passaram a perder sua
importância para os jornais digitais. Ferreira et al (2017) aborda a temática da memória em torno do que
propõe, que em meio as transformações advindas pela transmutação do jornal no século XIX, em meio a
uma modernidade líquida, ainda é possível preservar a informação.