8º Ano/Ensino Fundamental
MATERIAL DE ESTUDO − ARTES
1º Trimestre
Professor: Herbert Hischter
TEXTO REFLEXIVO SOBRE INTERVENÇÃO ARTÍSTICA URBANA
O despontamento das intervenções urbanas (IUs) em um âmbito artístico, assim como o
aparecimento de qualquer coisa nova, decorreu de fatores históricos que provocaram alguns desvios de
pensamentos então vigentes a respeito da arte e da cidade. Essa prática não surgiria do nada, não está
suspensa no tempo e, em determinado contexto – de uma nova institucionalização/mercantilização da
arte e intensa espetacularização e privatização das cidades –, os artistas investiram nessa forma
específica de expressão que acontece no limbo da arte com a não arte, aproximando-se e até
confundindo-se com a vida, cujo lugar de realização é o espaço público. Uma experiência interior, por
mais “subjetiva”, por mais “obscura” que seja, pode aparecer como um lampejo para o outro, a partir do
momento que encontra a forma justa de sua construção, de sua narração, de sua transmissão
(Didihuberman, 2001).
O que se tem contato de algo estético é a configuração com que se apresenta, como uma
espécie de síntese/seleção de todo o processo de construção até o momento e na duração do
compartilhamento público. Por sua vez, a configuração, que pode ser a resultante entre os modos de
organização e de emissão, indica do que se trata, comunica. É pela configuração que é possível
identificar determinados padrões compositivos e técnicas de dança, diferenciar cinema de vídeo,
perceber o estilo de um poeta, diferenciar arte urbana, arte pública e intervenção urbana. Configuração
é o modo de expressão. Quanto mais “justa” for a configuração, maior será sua potência de expressão,
expansão e ressonância, ainda que em forma de um pequeno “lampejo”. É bastante comum na
atualidade uma confusão entre IU, arte urbana e arte pública.
A intervenção urbana pode funcionar como um saber-fazer que aborda as artes para além das
categorizações estéticas (é arte visual, é teatro, é performance, é música?). Um saber-fazer que não
está apartado do cotidiano e que não é do artista especialista – do artista profissional; um saber-fazer
que dialoga com homens e mulheres comuns. Isso faz com que muitos que entendem a arte como
saber-fazer de sujeitos extraordinários (geniais) duvidem dessa arte.
Algumas intervenções não têm uma estrutura ou estética definida; é uma escritura aberta e
permite ser penetrada por interferências externas. Ou, dizendo de outro modo, são estruturas que
permitem trocas poéticas com a população. Podemos nos surpreender com o transeunte que se dispõe
ao jogo ou, ao contrário, surpreendemo-lo com nossas performances. Uma surpresa sempre
desconcertante, uma espécie de dispositivo de desestabilização entra em ação quando o programa é
bem-sucedido em suas trocas.
As intervenções são manifestações contemporâneas organizadas por grupos de artistas com o
propósito de transmitir mensagens. Elas são um tipo de arte que tem o objetivo de questionar e
transformar a vida cotidiana.
Intervenção urbana é a expressão utilizada para designar os movimentos artísticos relacionados
às intervenções visuais realizadas em espaços públicos.
No início, um movimento não reconhecido que foi ganhando forma com o decorrer dos tempos e
se estruturando. Mais do que marcos espaciais, a intervenção urbana estabelece marcas, particulariza
lugares, recria paisagens. Existem intervenções urbanas de vários portes, indo desde pequenas
inserções através de adesivos (stickers), grafite, flash mob, performance, até grandes instalações
artísticas. Os quatro elementos básicos necessários na composição de uma intervenção artística em
dança são:
figurino − roupa que os artistas/bailarinos usarão durante a performance;
direção dos artistas − a pessoa que organiza as ideias e reflexões dos artistas envolvidos;
temática − a intenção e abordagem, qual reflexão o trabalho levará para os transeuntes;
autorização – para que uma intervenção artística urbana aconteça com segurança, é
necessária a autorização de órgãos competentes.
A intervenção lança no espaço público questões que provocam discussões por toda a
população. De uma maneira ou de outra, ela faz com que as pessoas parem sua rotina por alguns
minutos, seja para questionar, criticar ou simplesmente contemplar a arte.
Sua finalidade é provocar o público para questões políticas, sociais, ideológicas e estéticas. No
Brasil, no final de 1970, ela surgiu como forma de expressão artística que fosse além dos muros dos
museus, galerias ou de outra forma tradicional de exposição. Muitos artistas acreditavam que essas
instituições restringiam o acesso à arte para pessoas que não estavam diretamente ligadas a ela. No
final da década de 1990, ela ganha força com as atuações dos coletivos artísticos realizadas em
diferentes espaços.
Disponível em: file:///C:/Users/hhcp1/Downloads/juciene,
+Cientifica11_ArtigoTiagoNogueiraRibeiro_IndependenteCompleto.pdf;
https://periodicos.ufrn.br/manzua/article/view/15010/11239;
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/intervencao-artistica-urbana/. Acesso em: 08/04/2023. Adaptado.
A ARTE COMO CATALISADORA DE SENTIDOS
A arte tem sido uma expressão humana fundamental ao longo da história, desempenhando um
papel significativo na formação e transformação da sociedade. A arte pode catalisar sentidos e
despertar uma variedade de emoções e pensamentos nas pessoas. Convido você, estudante, a
investigar como ela pode exercer esse papel no cotidiano e na sociedade de maneira global.
A arte transcende a limitação da linguagem e da lógica puramente racional, permitindo que os
espectadores se conectem com ela de maneira única e subjetiva. Por meio de diferentes formas de
expressão, como pintura, escultura, música, dança, teatro e literatura, a arte estimula os sentidos e
provoca uma resposta emocional profunda. As cores vibrantes de uma pintura, a harmonia melódica de
uma composição musical ou a expressão corporal de um bailarino podem evocar alegria, tristeza,
entusiasmo e uma variedade de sensações e sentimentos.
Além disso, a arte permite que as pessoas expressem suas próprias emoções e experiências,
seja como criadores ou espectadores. Os artistas frequentemente canalizam suas emoções e
perspectivas pessoais para suas obras, transmitindo uma mensagem única que ressoa com o público.
Da mesma forma, os espectadores podem encontrar um significado pessoal, projetando suas próprias
experiências e emoções na interpretação da obra. Assim, a arte cria um espaço para a investigação
emocional e a construção de significados individuais e coletivos.
Além de despertar emoções, a ARTE pode provocar reflexões e questionamentos sobre diversos
aspectos da vida e da sociedade. Por meio de sua capacidade de representar realidades alternativas,
desafiar convenções e abordar questões sociais, culturais políticas, históricas e filosóficas, a arte
pode estimular o pensamento crítico.
A partir dessas reflexões e diálogos gerados pela arte, podem surgir transformações individuais
e coletivas. Ela pode inspirar ações, estimular a empate promover mudanças sociais. Ao questionar e
desafiar as normas protegidas, a arte amplia os horizontes da compreensão humana e encoraja a busca
por novas perspectivas e possibilidades.
A arte é uma catalisadora de sentidos que pode proporcionar experiências estéticas e
emocionais ricas e profundas. Ela nos convida, por exemplo, a explorar o mundo por meio de nossos
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sentidos, estimula nossas emoções e nos desafia a refletir sobre questões fundamentais da vida e da
sociedade. Ao abraçarmos a arte em todas as suas formas e manifestações, abrimos as portas para
uma jornada de autoconhecimento, conexão humana e enriquecimento cultural.
Reconhecer o poder da arte como catalisadora de sentidos é fundamental para apreciar sua
importância na sociedade.
A ARTE CONTEMPORÂNEA E A RESSIGNIFICAÇÃO DE ESPAÇOS PÚBLICOS
A ressignificação dos espaços públicos por meio de instalações artísticas, apresentações de
performances e espetáculos tem se tornado uma prática cada vez mais comum na arte contemporânea.
Essas obras artísticas buscam transformar a percepção e a experiência dos espaços urbanos,
desafiando as convenções e estimulando novas formas de interação entre as pessoas e o ambiente ao
seu redor.
A introdução de elementos artísticos em ambientes urbanos desafia a monotonia e a
funcionalidade desses espaços, convidando as pessoas a interagir de maneiras diferentes entre si e
entre elas e o meio, estimulando a criatividade, a criticidade e a reflexão.
Uma instalação artística, por exemplo, pode utilizar materiais inusitados ou criar estruturas não
convencionais em uma praça ou parque, atraindo a atenção e incentivando a interação com os espaços.
Uma apresentação de dança pode utilizar o corpo e o movimento para criar uma experiência imersiva
em uma rua movimentada.
As intervenções artísticas promovem uma nova relação entre as pessoas e os espaços públicos,
rompendo com a passividade e a alienação muitas vezes associada à vida urbana. Elas podem
encorajar a participação ativa, a contemplação, a curiosidade e a interação social, revitalizando os
espaços públicos e redefinindo a maneira como as pessoas se relacionam com eles.
Instalações artísticas, apresentações de performances e espetáculos também têm um impacto
estético e expressivo. Essas práticas artísticas desafiam as convenções tradicionais da arte, ampliando
as possibilidades de expressão e experimentação.
Ao integrar arte e espaço público, essas intervenções exploram as relações entre forma, cor,
textura, movimento, som e luz, criando experiências multissensoriais e imersivas. Elas exploram a
interação entre o corpo humano e o ambiente, desafiando as fronteiras entre a arte e a vida cotidiana.
Essas práticas artísticas incentivam ainda a participação ativa do público, convidando-o a
interagir, tocar, explorar e experimentar. Estimulam a criatividade e a imaginação, permitindo que as
pessoas se tornem cocriadoras da experiência artística. Essas intervenções têm efeitos sociais,
culturais, estéticos e expressivos, estimulando a reflexão, promovendo a inclusão e fortalecendo a
identidade cultural de uma comunidade.
Ao reconhecer o potencial dessas práticas artísticas, é possível apoiar a arte no espaço público,
incentivando o diálogo entre artistas, urbanistas, gestores públicos e a comunidade em geral. Assim,
podemos continuar explorando novas formas de ressignificar os espaços públicos e promover a arte
como uma força transformadora na vida cotidiana.
Disponível em: OLIVEIRA, Luane Pedroso de. Expressão, Improvisação, e Ludicidade na Arte. Florianópolis: Arqué, 2023.