POSITIVISMO E UTILITARISMO:
DE COMTE A BENTHAM E STUART MILL
Auguste Comte, Jeremy Bentham e John Stuart Mill contribuíram para a filosofia
e a teoria social, mas as suas ideias diferem em alguns aspetos:
POSITIVISMO
Fundado por: Auguste Comte
Princípios:
o O conhecimento científico é a única forma válida de conhecimento.
o A evolução da humanidade passa por três estágios:
teológico (baseado em religião),
metafísico (baseado em abstrações) e
científico (baseado na observação empírica)
o A ciência deve resolver problemas sociais.
Foco: Observação empírica, método científico e objetividade.
Relação com a Ciência: Comte enfatizou a importância da ciência como a única
forma válida de conhecimento. Ele acreditava que a sociedade deveria progredir
por meio do método científico.
Papel do Estado: O Estado deve aplicar o conhecimento científico para resolver
problemas sociais e promover o bem-estar geral.
UTILITARISMO
Desenvolvido por: Jeremy Bentham e John Stuart Mill
Objetivo Supremo: Maximizar o prazer e minimizar a dor na sociedade.
Base Ética:
o Todas as ações humanas são motivadas pelo desejo de prazer ou pela
procura da ausência de dor.
o Nas ações, deve-se procurar o maior bem para o maior número de
pessoas.
o A moralidade de cada ação deve ser avaliada com base na sua utilidade
(felicidade ou prazer produzido).
Diferenças:
o Bentham: Foco na quantidade de prazer (quantidade de felicidade
gerada).
o Mill:
introduziu a qualidade do prazer (distinguindo prazer
intelectual/espiritual e corporal, sendo o primeiro superior ao
segundo)
defendeu a liberdade individual como essencial para o bem-estar
CONCLUSÃO
Comte enfatizou a ciência e o bem-estar social, ao passo que
Bentham e Stuart Mill focaram-se na:
o maximização da felicidade
o utilitarismo como base para a tomada de decisões éticas
POSITIVISMO: AUGUSTE COMTE
CONTEXTO
Positivismo – movimento social e intelectual que tentou aprender com os erros do
projeto iluminista que culminou no Reinado de Terror após a Revolução Francesa
de 1789.
Surgiu num contexto de mudanças sociais, políticas e científicas, com o declínio da
influência da religião e o avanço do pensamento científico.
Iniciado por Auguste Comte na década de 1830, o Positivismo acreditava que o
exercício descontrolado da razão pode ter consequências práticas desastrosas.
Assim, defendia que a razão precisa de “fundamentos” para estruturar o seu
desenvolvimento subsequente, de modo a não cair num ceticismo autodestrutivo.
Comte, influenciado pelo desenvolvimento da ciência, buscou estabelecer uma nova
ordem social baseada nos princípios científicos.
OBJETIVO
O conhecimento positivo procura “ver para prever, a fim de prover”
ou seja: conhecer a realidade para saber o que acontecerá a partir das nossas
ações, para que o Homem possa melhorar a sua realidade.
Desta forma, o pensamento positivo caracteriza-se pela previsão científica.
PRINCÍPIOS
Comte propôs que:
o CONHECIMENTO CIENTÍFICO é o único tipo de conhecimento legítimo
a humanidade evoluiu através de três estágios: o teológico, o metafísico
e o científico
No estágio positivo, a ciência e a observação empírica seria capaz de explicar todos
os fenómenos naturais e sociais.
1. ESTÁGIO TEOLÓGICO:
As pessoas recorrem a entidades sobrenaturais (deuses, espíritos ou
demónios) para explicar eventos e fenómenos que não compreendem
completamente.
2. ESTÁGIO METAFÍSICO:
As pessoas começam a afastar-se das explicações sobrenaturais, mas ainda
recorrem a entidades abstratas para entender o mundo (essências, substâncias,
causas ocultas ou leis naturais desconhecidas) .
Neste estágio, o pensamento torna-se mais racional e crítico do que no
estágio teológico, MAS ainda não se baseia em observações empíricas ou
científicas.
3. ESTÁGIO POSITIVO:
Abandono das explicações sobrenaturais e metafísicas a favor de
explicações puramente científicas e baseadas em observações empíricas.
As pessoas procuram entender os fenómenos naturais e sociais através da:
o observação,
o experiência,
o análise racional.
O conhecimento é baseado em factos observáveis, leis naturais e
relações causais.
A CIÊNCIA torna-se:
o a principal fonte de conhecimento e
o a base para o progresso humano e social.
Comte viu o estágio positivo como o ponto máximo do desenvolvimento humano, onde a
sociedade:
estaria livre das superstições e das disputas teológicas e metafísicas,
seria capaz de resolver os seus problemas de forma racional e científica.
PAPEL DO ESTADO
Para Comte, o papel do Estado é o de:
promover o bem-estar geral da sociedade,
aplicando a ciência para resolver os problemas da sociedade.
DIREITO
o Positivismo influenciou o desenvolvimento do Direito Positivo, ou seja, do
Direito escrito e institucionalizado.
A ideia de que o Estado deve ser o promotor do bem-estar geral da sociedade
também influenciou o desenvolvimento do Estado Social.
UTILITARISMO: JEREMY BENTHAM
(fundador do Utilitarismo)
CONTEXTO
O Utilitarismo surge como uma resposta aos problemas sociais e políticos da Revolução
Industrial em Inglaterra.
Tanto Jeremy Bentham como Stuart Mill procuraram uma abordagem pragmática e
racional para resolver esses problemas.
PRINCÍPIOS
(4)
Todas as ações humanas são motivadas pelo desejo de prazer ou pela busca
da ausência de dor.
Principal objetivo da vida: a felicidade
o ou seja: a maximização do prazer e minimização da dor
PRINCÍPIO DA UTILIDADE:
A moralidade de todas as ações deve ser avaliada pelo seu grau de
utilidade, ou seja,
o pelo grau de felicidade ou prazer que produzem.
A ação moral é aquela que produz o maior bem para o maior número de
pessoas.
PAPEL DO ESTADO
Para Bentham, o papel do Estado é o de:
legislar e executar políticas públicas que procuram maximizar a felicidade
geral da sociedade.
Como?
o a legislar de acordo com o princípio da utilidade
o a agir no interesse da sociedade como um todo, procurando o bem comum
o a intervir para corrigir desigualdades e injustiças
DIREITO
O Utilitarismo influenciou a Teoria da Justiça e a ideia de que as leis devem ser
avaliadas pelo:
o seu grau de utilidade
o grau de felicidade que produzem para a sociedade como um todo.
DIFERENÇAS NO UTILITARISMO DE BENTHAM E DE
MILL
QUALIDADE vs QUANTIDADE do PRAZER
BENTHAM:
O prazer e a dor são quantificáveis e mensuráveis
Princípio da Utilidade = maximização da QUANTIDADE de prazer sobre a
dor.
Não distingue diferentes tipos de prazer.
STUART MILL:
Introduziu o conceito de QUALIDADE do prazer.
Distinguiu dois tipos de prazer:
o intelectuais/morais/emocionais
o físicos.
Alguns prazeres são mais elevados e valiosos do que outros.
o os prazeres intelectuais são superiores aos físicos.
PRINCÍPIO DA MAIORIA vs JUSTIÇA e DIREITOS INDIVIDUAIS
BENTHAM:
O Princípio da Utilidade é uma questão de maximizar a felicidade para a
maioria, mesmo que signifique ignorar os interesses ou direitos das minorias.
Se uma ação trouxer mais prazer do que dor para a maioria, então seria
considerada moralmente correta, independentemente das
consequências para as minorias.
STUART MILL:
Inexistência de regras morais absolutas
Ética utilitarista flexível e adaptável
É importante proteger os direitos individuais e as liberdades pessoais,
mesmo às custas da felicidade da maioria.
Introduziu o conceito de DANO:
o O Estado só deve intervir para:
prevenir danos aos outros,
e não para impor o prazer da maioria sobre os direitos
individuais.