CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO CENTRO BAIANO
CURSO TÉCNICO ANÁLISE CLÍNICAS
Carlos Eduardo Moura Silva
Isabelle Tertuliano Lobo
Kaio Oliveira Pereira
Leticia Xavier da Cruz
Lohane Dos Santos Silva
Rebeca de Jesus Santos
Tayana da Silva Souza
SURREALISMO
A literatura surrealista e a ruptura com a narrativa tradicional
FEIRA DE SANTANA-BA
2025
Carlos Eduardo Moura Silva
Isabelle Tertuliano Lobo
Kaio Oliveira Pereira
Lohane Dos Santos Silva
Leticia Xavier da Cruz
Rebeca de Jesus Santos
Tayana da Silva Souza
SURREALISMO
A literatura surrealista e a ruptura com a narrativa tradicional
Trabalho sobre o Surrealismo solicitado
pela instituição Colégio Estadual
Profissional em Saúde do Centro Baiano,
no curso técnico de Análises Clínicas, na
disciplina de Artes sob orientação do
professor(a): Madalena como parte dos
requisitos para aprovação.
FEIRA DE SANTANA -BA
2025
RESUMO
O Surrealismo foi um movimento artístico, literário e intelectual que surgiu na Europa
na década de 1920, como resposta aos traumas da Primeira Guerra Mundial. Liderado
por André Breton e influenciado pelas ideias psicanalíticas de Sigmund Freud, o
movimento propôs a valorização do inconsciente, dos sonhos e da imaginação como
fonte legítima de criação. Rompendo com os valores tradicionais e a lógica racional, os
surrealistas desenvolveram técnicas inovadoras, como a escrita automática e os cadavres
exquis, explorando estados de consciência alternativos. Na pintura, destacam-se artistas
como Salvador Dalí, René Magritte e Max Ernst; na literatura, nomes como Breton,
Paul Éluard e Louis Aragon marcaram presença. A estética surrealista influenciou o
cinema, a fotografia, o teatro, a moda e a publicidade, deixando um legado expressivo
que ultrapassou fronteiras disciplinares e temporais. Mesmo com o declínio institucional
do movimento após a Segunda Guerra Mundial, o Surrealismo permanece relevante na
arte contemporânea e na reflexão sobre a criatividade humana.
Palavras-chave: Surrealismo. Inconsciente. Imaginação. Vanguardas. Arte moderna.
Escrita automática. Salvador Dalí.
ABSTRACT
Surrealism was an artistic, literary, and intellectual movement that emerged in Europe in
the 1920s as a response to the traumas of World War I. Led by André Breton and
influenced by the psychoanalytic ideas of Sigmund Freud, the movement advocated the
valorization of the unconscious, dreams, and imagination as legitimate sources of
creation. Breaking with traditional values and rational logic, the Surrealists developed
innovative techniques, such as automatic writing and cadavres exquis, exploring
alternative states of consciousness. In painting, artists such as Salvador Dalí, René
Magritte, and Max Ernst stood out; in literature, names such as Breton, Paul Éluard, and
Louis Aragon made their mark. Surrealist aesthetics influenced cinema, photography,
theater, fashion, and advertising, leaving an expressive legacy that transcended
disciplinary and temporal boundaries. Even with the institutional decline of the
movement after World War II, Surrealism remains relevant in contemporary art and in
reflections on human creativity.
Keywords: Surrealism. Unconscious. Imagination. Avant-garde. Modern art.
Automatic writing. Salvador Dal
Sumário
1. Introdução 5
2. Deseenvolvimento 6
3. Conclusão 8
4. Referências 10
1. INTRODUÇÃO
O Surrealismo constitui um dos movimentos mais expressivos e inovadores do
século XX, surgido como resposta às convulsões sociais, políticas e culturais geradas
pela Primeira Guerra Mundial. Com o colapso dos valores iluministas e a crise da
racionalidade, artistas e intelectuais buscaram alternativas que permitissem a
reconstrução do pensamento criativo e da sensibilidade humana. Nesse contexto
emergiu o Surrealismo, um movimento que se distanciava das formas artísticas
tradicionais e rejeitava a lógica como princípio organizador da realidade. Seu objetivo
era claro: libertar a mente das imposições do consciente, abrindo espaço para o
inconsciente, os sonhos e os desejos reprimidos. O marco inaugural do movimento foi a
publicação do Manifesto Surrealista, escrito por André Breton em 1924, no qual o autor
defendia a “automação do pensamento”, ou seja, uma escrita livre, não controlada pela
razão. Breton, considerado o principal teórico do Surrealismo, propunha uma nova
forma de entender a arte, baseada no princípio da “super-realidade” — um espaço onde
o mundo dos sonhos e das ideias inconscientes se entrelaçava ao universo visível. Suas
propostas foram fortemente influenciadas pelas teorias da psicanálise de Sigmund
Freud, que haviam revelado a importância do inconsciente na vida psíquica humana.
Dessa forma, o Surrealismo passou a explorar técnicas que acessavam essas
camadas ocultas da mente, como a escrita automática, os cadavres exquis e os processos
criativos espontâneos. A estética surrealista valorizava a composição ilógica, a
justaposição inesperada de elementos e a criação de cenas fantásticas e simbólicas. Na
pintura, destacam-se obras como A Persistência da Memória de Salvador Dalí, com seus
icônicos relógios derretidos, e A Traição das Imagens, de René Magritte, que questiona
os limites da linguagem e da representação visual. No campo literário, autores como
Paul Éluard, Louis Aragon e o próprio Breton desenvolveram poemas e textos com
estruturas livres e fragmentadas, em que o conteúdo psíquico dominava o racional.
O Surrealismo também influenciou profundamente outras formas de arte, como o
cinema especialmente com os filmes de Luis Buñuel, a fotografia, o teatro, a moda e até
a publicidade. Essa multiplicidade de linguagens consolidou o movimento como uma
força cultural abrangente, capaz de romper barreiras disciplinares e provocar
transformações duradouras na forma de produzir e compreender arte. Mais do que um
estilo artístico, o Surrealismo deve ser entendido como uma atitude crítica e
emancipatória diante da realidade. Sua proposta de questionar o mundo visível e
investigar os territórios ocultos da mente representa uma ruptura com o pensamento
cartesiano e com os ideais de objetividade, abrindo espaço para uma arte subjetiva,
provocadora e profundamente humana. Por isso, estudar o Surrealismo é também
compreender os conflitos do século XX e o esforço dos artistas em transformar suas
angústias em potência criadora.
2. DESENVOLVIMENTO
O Surrealismo, ao se consolidar como uma das principais vanguardas do século
XX, não apenas rompeu com os padrões estéticos tradicionais, mas também inaugurou
uma nova maneira de pensar a arte, a criação e a própria realidade. Longe de se limitar a
uma reação ao contexto histórico da pós-guerra, o movimento estabeleceu uma filosofia
artística baseada na valorização do inconsciente, da imaginação livre e da
expressividade subjetiva. Os surrealistas não queriam representar o mundo como ele
era, mas sim como poderia ser no universo interior de cada indivíduo. Para isso,
buscaram formas de criação que contornassem os filtros da razão e da lógica,
mergulhando em estados mentais alterados, sonhos e devaneios que revelassem
verdades simbólicas escondidas sob a superfície da consciência. A produção surrealista
se caracterizou pela utilização de métodos inovadores que buscavam romper com a
estrutura racional do pensamento. O automatismo psíquico foi uma das técnicas mais
emblemáticas nesse sentido. Por meio dele, o artista criava sem planejamento, sem
censura, deixando fluir impulsos e associações vindas diretamente do inconsciente. Essa
técnica era utilizada tanto na pintura quanto na escrita, revelando composições
instintivas, livres de coerência lógica ou preocupação estética. A escrita automática,
bastante praticada por André Breton, Louis Aragon e Paul Éluard, consistia em redigir
em estado de fluxo, como se fossem transcrições diretas da mente humana. Já os
cadavres exquis jogos criativos coletivos revelavam uma dimensão lúdica do
movimento, permitindo que o acaso participasse da construção simbólica de textos e
imagens.
Nas artes visuais, o Surrealismo criou um universo de formas ilógicas e cenas
fantásticas. Salvador Dalí, um dos nomes mais reconhecidos do movimento, combinava
técnica apurada com conteúdos simbólicos complexos. Em obras como A Persistência
da Memória, ele representava os relógios derretendo como metáfora da relatividade do
tempo e da fragilidade da estrutura racional. René Magritte explorava as contradições
entre palavras e imagens, propondo obras que desconstruíam a relação entre o que se vê
e o que se entende, como em A Traição das Imagens, que afirmava que “isto não é um
cachimbo”, mesmo sendo uma pintura de um cachimbo. Outros nomes como Max
Ernst, Joan Miró e André Masson contribuíram com composições gestuais, abstratas e
provocativas, revelando o dinamismo interno do pensamento através de cores, texturas e
formas desconexas.
Na literatura, o Surrealismo encontrou terreno fértil para explorar estados mentais
complexos e propor uma ruptura total com a narrativa convencional. Os textos
surrealistas se estruturavam com base no fluxo de consciência, onde imagens, ideias e
sensações surgiam em sequência livre, sem seguir uma ordem lógica. Os poemas de
Paul Éluard, por exemplo, são marcados por metáforas intensas, construções paradoxais
e temas como o amor, o desejo, o medo e o absurdo. Louis Aragon combinava lirismo
com crítica política, tornando sua obra literária uma reflexão sobre o ser humano em
conflito. André Breton, além de poeta, foi teórico do movimento, e sua obra Nadja
mistura relato pessoal, análise psíquica e narrativa sem linearidade, exemplificando o
estilo surrealista.
O cinema foi outro campo que recebeu profunda influência do Surrealismo. Os
cineastas buscaram traduzir visualmente os princípios do movimento, criando narrativas
fragmentadas, cenas impactantes e símbolos visuais perturbadores. Luis Buñuel, em
parceria com Dalí, realizou o filme Um Cão Andaluz (1929), que se tornou ícone do
cinema surrealista. A obra, sem roteiro tradicional e repleta de imagens chocantes como
o famoso corte de olho ilustra bem o desejo do movimento de provocar o espectador e
levá-lo a confrontar seus próprios limites perceptivos. A montagem descontínua, os
personagens sem motivação clara e a lógica rompida são marcas do estilo.
Outras linguagens também se apropriaram da estética surrealista. Na fotografia,
artistas como Man Ray e Dora Maar exploraram manipulações, sombras e simbolismos
para criar imagens que evocassem estados mentais ou sensações oníricas. Na moda,
estilistas como Elsa Schiaparelli criaram peças inspiradas em objetos do cotidiano
ressignificados como chapéus em forma de sapato e roupas que brincavam com formas
corporais distorcidas. O teatro e o design gráfico também incorporaram elementos do
movimento, com cenários abstratos, gestualidade desconexa e figurinos irreverentes. A
publicidade moderna, por sua vez, passou a utilizar colagens, distorções e metáforas
visuais como recursos para gerar impacto simbólico. Mesmo após sua dissolução formal
como grupo organizado, o Surrealismo permaneceu vivo como influência cultural e
estética. Sua proposta de libertação criativa, seu interesse pelo inconsciente e sua crítica
à racionalidade dominante continuam inspirando artistas, escritores, cineastas e
designers contemporâneos. Além disso, o movimento influenciou correntes como o
expressionismo abstrato, a arte conceitual, o pop art, o pós-modernismo e diversas
produções dentro da cultura pop como quadrinhos, videogames e animações.
O Surrealismo não foi apenas uma estética artística, mas uma forma de pensamento
que convidava à subversão da realidade, à valorização da subjetividade e à liberdade
absoluta do espírito. Ao transformar o inconsciente em matéria criativa, os surrealistas
redefiniram o papel da arte como expressão dos limites mais profundos da mente
humana um legado que se mantém poderoso e provocador até os dias atuais, Ao
transformar o inconsciente em matéria criativa, os surrealistas redefiniram o papel da
arte como expressão dos limites mais profundos da mente humana. Ainda hoje,
elementos surrealistas permeiam obras contemporâneas que questionam padrões,
expandem significados e rejeitam verdades absolutas. A abertura para o inconsciente
transformou não apenas a produção artística, mas também a forma como entendemos
subjetividade, linguagem e identidade. O Surrealismo ensinou que imaginar é mais do
que sonhar: é resistir, reinventar, reconstruir. Seu espírito sobrevive onde houver
criatividade comprometida com a liberdade e onde houver coragem para tornar visível o
que antes era silenciado pela razão
3. CONCLUSÃO
O Surrealismo foi um dos movimentos mais radicais e transformadores da arte e
do pensamento moderno. Ao desafiar os limites da razão e romper com as convenções
estéticas tradicionais, os surrealistas reinventaram a linguagem artística como um
território fértil de experimentação psíquica, simbólica e filosófica. Mais do que uma
simples escola artística, o movimento se configurou como uma atitude diante da vida,
propondo a libertação da mente humana por meio da valorização do inconsciente, dos
desejos ocultos e das realidades invisíveis que habitam o imaginário de cada indivíduo.
Por meio de técnicas como o automatismo psíquico, a escrita automática, os
cadavres exquis e o uso de imagens mentais oníricas, os artistas e escritores surrealistas
não apenas criaram obras inovadoras, como também inauguraram uma nova forma de
expressão que privilegiava o impacto sensorial, o estranhamento e o aprofundamento
simbólico. A estética surrealista não buscava agradar ou representar o mundo visível,
mas provocar reflexões e experiências interiores, muitas vezes perturbadoras, revelando
aspectos profundos da subjetividade e das contradições humanas O legado do
Surrealismo ultrapassa os limites da pintura e da literatura, tendo se estendido ao
cinema, à fotografia, ao teatro, à moda e até à cultura pop contemporânea. Suas ideias
foram assimiladas e transformadas por movimentos posteriores como o expressionismo
abstrato, a arte conceitual e o pós-modernismo, além de permanecerem vivas em
produções atuais que exploram o fantástico, o simbólico e o emocional. O impacto do
Surrealismo se traduz também na reconfiguração do papel da arte: ela deixa de ser mero
reflexo da realidade e passa a ser mecanismo de acesso ao mundo interior, espaço
legítimo para a construção da identidade, do afeto e da crítica existencial.
Assim, compreender o Surrealismo é ir além das obras que o representam. É
reconhecer que o movimento ofereceu ao século XX e ainda oferece ao mundo atual
uma possibilidade radical de liberdade: liberdade para imaginar, para subverter a lógica
dominante, para fazer da arte uma extensão do pensamento profundo e da experiência
subjetiva. Ao transformar o inconsciente em matéria estética, os surrealistas não apenas
redimensionaram o fazer artístico, mas também ajudaram a expandir as fronteiras do
humano. Seu legado permanece ativo, inquieto e revolucionário provocando, inspirando
e desconstruindo as certezas onde quer que haja arte comprometida com a liberdade.
4. REFERÊNCIAS
1. BRETON, André. Manifesto Surrealista. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível
em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Manifesto_Surrealista. Acesso em: 20 jul. 2025.
2. __. Manifesto Surrealista. Revista Rosa, edição 10. Disponível em:
https://revistarosa.com/10/surrealismo/manifesto. Acesso em: 20 jul. 2025.
3. VENTURA, Dênis de Moraes. Como ler o Manifesto do Surrealismo (1924), de
André Breton: elementos introdutórios. Funarte Mais Digital. Disponível em:
https://funartemaisdigital.funarte.gov.br/periodicos/como-ler-o-manifesto-do-
surrealismo-1924-de-andre-breton-elementos-introdutorios/. Acesso em: 20 jul. 2025.
4. FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos. Livraria Pública. Disponível em:
https://livrariapublica.com.br/livros/a-interpretacao-dos-sonhos-sigmund-freud/. Acesso
em: 20 jul. 2025.