Apostila - Didática
Apostila - Didática
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Sumário
1 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NA HISTÓRIA ...................................................4
2 EDUCAÇÃO, ESCOLA E PROFESSORES.....................................................5
3 EDUCAÇÃO E VALORES....................................................................................8
4 EDUCAÇÃO, VALORES E OBJETIVOS ...........................................................9
9 PEDAGOGIA E DIDÁTICA................................................................................ 25
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10.4.2 Segunda fase: Orientação ................................................................ 30
10.4.3 Terceira fase: Controle ...................................................................... 30
15.1 Princípios................................................................................................... 47
15.2 Objetivos ................................................................................................... 48
15.3 Características Dos Objetivos ............................................................... 51
17 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 58
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1 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NA HISTÓRIA
A construção do sistema escolar, não foi um trabalho que se fez senão com
grandes sacrifícios. Cada povo, cada século, cada pensador pedagogo contribuiu com
atos e teses para a melhoria do que se conhecia.
Longe está uma nação que possa· ser considerada possuidora de sistema
educacional definitivo, mesmo porque a educação é um ato atrelado às condições da
sociedade e está por sua vez está em contínuo processo.
Importante observar que nos dias atuais ficam cada vez mais difíceis modelos
pedagógicos individuais. Importante saber, também, que a Escola Nova,
influenciou os destinos da educação ocidental e está ainda por ser estudada, aplicada,
e, em algumas situações, criticada e modificada.
O professor tem que entender que exerce um papel histórico:
Conhecer, aplicar, afirmar e rejeitar, propor e escrever são ações de vital
importância para a ciência chamada Educação.
No século XX - ao final do século XIX, política e filosoficamente os países já
haviam se estruturado melhor. Ao lado da França, a Inglaterra, a Alemanha e a Rússia,
no velho mundo e os Estados Unidos da América do Norte já tinham mais clareza
sobre o que pretendiam para a educação. Muitos programas foram estruturados e
aplicados. Congressos disseminaram e discutiram pesquisas e projetos, conferências
internacionais possibilitaram troca de informações. Alguns trabalhos modelos são
amplamente reconhecidos, por exemplo:
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Estados Unidos - Dewey lança a ideia do ensino por meio do tripé: solução de
problemas, método científico e trabalho em laboratório. Visa a educação
democrática;
França - Cousinet preocupou-se com a formação do professor tendo em vista
o ensino ativo;
Piaget - Analisa as características psicológicas de cada fase de aprendizagem
do ser humano, fixando-se especialmente nas primeiras. Seus trabalhos são
difundidos com a denominaçãode construtivismo. Também da França surge a
ideia de Freinet, relativa à educação dentro do trabalho e voltada a ele;
Argentina - Emília Ferrero absorve as propostas construtivistas e propõe uma
metodologia mais realista para a alfabetização;
Brasil - Paulo Freire, dedicandose à alfabetização de adultos, propõe a
aprendizagem como um fator político. Seus seguidores estendem suas
propostas para as demais categorias de alunos;
Rússia – Vygotsky vê na aprendizagem um ato eminentemente social.
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Uma reflexão de ordem históricofilosófico-sociológica a respeito da instituição
escolar, seu papel na sociedade e as finalidades atuais da educação.
Um conjunto de conhecimentos científicos acerca da estrutura e do
funcionamento psicológico dos alunos, seja como indivíduos, seja como
pequenos grupos.
A iniciação na prática dos diferentes métodos e técnicas pedagógicas que
permitam estabelecer a comunicação educativa eficaz.
Estudo psicológico e pedagógico da didática das disciplinas escolares.
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fundos para educação de Jovens índios e que, se os chefes das seis nações
quisessem enviar meia dúzia de seus meninos, o governo se responsabilizaria para
que eles fossem bem tratados e aprendessem todos os conhecimentos do homem
branco.
A essa oferta, o representante dos índios respondeu:
"Apreciamos enormemente o tipo de educação que é dada nesses colégios e
nos damos conta de que o cuidado de nossos jovens, durante sua permanência entre
vocês, será custoso. Estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem
para nós e agradecemos de todo coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem
que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os
senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a
mesma que a nossa.
... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte
e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando voltavam para nós, eles eram maus
corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e a fome.
Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam
a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como
guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não
possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores
da Virgínia que nos enviem alguns de seus jovens que lhes ensinaremos tudo o que
sabemos e faremos, deles, homens." (Extraído de um texto escrito por Benjamin
Franklin.)
Da resposta dada pelo representante dos índios podemos concluir que não há
forma única nem um -único modelo de educação. Em cada sociedade ou país a
educação existe de maneira diferente. A educação em pequenas sociedades tribais
de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades, por exemplo, é diferente da
educação em sociedades camponesas, assim como essa difere da que é dada em
países desenvolvidos e industrializados, e está por sua vez é diferente da educação
em países não industrializados, e assim por diante.
Cada país, cada sociedade tem realidades e valores diferentes e, por isso, tem
uma concepção diferente de educação. Foi para esse aspecto que o representante
das nações indígenas chamou atenção: “... aqueles que são sábios reconhecem que
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diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores
não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a
nossa".
A ideia de educação de cada povo depende, portanto, da sua realidade
concreta e de seus valores. A educação dada pelas escolas o Norte aos jovens
indígenas não correspondia nem aos valores nem à localidade das nações indígenas.
3 EDUCAÇÃO E VALORES
Numa linguagem bem simples, podemos dizer que valor significa uma
preferência por algo. Um valor está associado, a significados que conferimos às coisas
ou a situações que, fora de um contexto bem definido e localizado, podem não
representar muito. (...)
Atribuir sentido especial às coisas é, portanto, um ato que exige uma situação
concreta, na qual o indivíduo manifesta sua adesão a determinadas coisas ou repulsa
para outras tantas.
Quando discutimos os valores em educação, estamos nos referindo a coisas
que têm uma conotação positiva ou negativa.
Vejamos alguns exemplos de valores geralmente aceitos e difundidos em
nossas escolas:
Através do estudo, os que são mais capazes chegam aos postos mais
importantes.
O trabalho manual é uma ocupação inferior.
Os que "não querem estudar" ficam relegados às tarefas que nossa sociedade
valoriza menos.
O mais importante de tudo é o lucro, a promoção pessoal, a ascensão social
mediante o esforço próprio, a poupança, a segurança, etc.
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4 EDUCAÇÃO, VALORES E OBJETIVOS
O homem não é um ser passivo. Por isso, perante determinada situação, cada
um reage de acordo com sua escala de valores. Alguns procuram transformar a
situação, pois ela não está de acordo com seus valores. Outros, no entanto, não
querem que seja modificada, pois ela corresponde a seus valores.
Os que querem que a situação permaneça como está geralmente estão se
beneficiando dela. Essas pessoas, inclusive, estabelecem hierarquias de valores
que procuram impor às demais. De maneira geral, na sociedade as hierarquias de
valores correspondem aos interesses dos grupos sociais privilegiados.
Por isso, Dermeval Saviani propõe substituir o conceito de hierarquia,
tradicionalmente ligado a uma concepção rígida e estática, pelo conceito de
prioridade, mais dinâmico e flexível. A prioridade, de acordo com esse autor, é ditada
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pelas condições da situação existencial concreta em que vive o homem. E para
esclarecer sua proposta, apresenta o seguinte exemplo:
"De acordo com a noção de hierarquia, os valores intelectuais seriam, por si
mesmos, superiores aos valores econômicos. (...) Assim, se vou educar, seja num
bairro de elite, seja numa favela, sempre irei dar mais ênfase aos valores intelectuais
do que aos econômicos. No entanto, a nossa experiência da valoração nos mostra
que na favela os valores econômicos tornam-se prioritários, dadas as necessidades
de sobrevivência, ao passo que num bairro de elite assumem prioridade os valores
morais, dada a necessidade de se enfatizar a responsabilidade perante a sociedade
como" um todo, a importância da pessoa humana e o direito de todos de participar
igualmente dos progressos da humanidade", (ld., ibid., p. 42.)
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econômica, política, cultural. Daí a necessidade de uma educação para a
libertação: é preciso saber escolher e ampliar as possibilidades de ação". (Id.,
ibid, p. 43.)
Educação para a comunicação - "Como, porém, intervir na situação sem uma
consciência das suas possibilidades e dos seus limites? E esta consciência só
se adquire através da comunicação. Daí o terceiro objetivo - educação para a
comunicação: é preciso que se adquiram os instrumentos aptos para a
comunicação intersubjetiva". (ld., ibid, p. 43.)
Educação para a transformação - "Tais objetivos, contudo, só serão atingidos
com uma mudança sensível do panorama nacional atual, quer geral, quer
educacional. Daí o quarto objetivo: educação para a transformação." (Id., ibid,
p. 43)
5 EDUCAÇÃO E ESCOLA
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A família, por exemplo, é o primeiro elemento social que influi na educação.
Sem a família a criança não tem condições de subsistir. Tal necessidade não é apenas
de sobrevivência física, mas também psicológica, intelectual, moral e espiritual. A
família, no entanto, encontra uma série de problemas, na sua missão de educar. A
falta de preparo de muitos pais para exercer integralmente essa função é o principal
problema.
Dessa falta de preparo surge uma série de outros problemas: falta de amor,
de carinho, de trato adequado, frustração, etc.
Por isso, há necessidade da educação dos próprios pais para a paternidade
e a maternidade. Essa é também uma das funções da escola.
A escola só conseguirá preencher essa função quando houver o
entrosamento dos pais com a escola e com a comunidade.
Assim, a escola deve ser o ambiente em que pais e professores promovam
conjuntamente a educação. Aliás, toda a comunidade deve participar, criando
condições e buscando recursos, para que os pais e educadores possam
desempenhar sua missão. Só assim a escola deixará de ser um meio de perpetuar
os vícios da sociedade para tornar-se "um lugar, um ambiente, em que as crianças
ou jovens se reúnem entre si e com educadores profissionais, para tomarem
consciência mais profunda de suas aspirações e valores mais íntimos e mais
legítimos, e tomarem decisões mais esclarecidas sobre as suas vidas a partir de
aprendizagens significativas.
No entanto, essa transformação não é fácil. Isso porque não é possível fazer
uma mudança profunda na escola enquanto não se fizer também uma profunda
mudança social, "que proponha novos ideais comunitários e pessoais com uma nova
maneira de ver a realidade e a história e que valorize de forma diferente a educação
do povo e a cultura popular".
O maior problema, observa Paulo Freire, não é o fracasso da escola, mas o
fracasso da sociedade inteira como comunidade educativa. Enquanto IIlich
considera a escola como uma instituição que começa e termina em si mesma, Paulo
Freire estuda o problema da educação inserido dentro dos mecanismos sociais.
Nesse sentido, ele afirma: Não é a educação que forma a sociedade de uma
determinada maneira, senão que esta, tendo-se formado a si mesma de uma certa
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forma, estabelece a educação que está de acordo com os valores que guiam essa
sociedade.
A sociedade que estrutura a educação em função dos interesses de quem
tem o poder, encontra na educação um fator fundamental para a preservação desse
poder. (FREIRE, P e ILLlCHI, I. Diálogo. Buenos Aires, Búsqueda, 1975. p. 30.)
Diante dessa situação, o que é possível fazer? É o próprio Paulo Freire quem
responde:
"Só é possível uma transformação profunda e radical da educação quando
também a sociedade tenha se transformado radicalmente. Isso não significa que o
educador nada possa fazer. É muito o que ele pode realizar, ainda que para tanto
não conte com normas prescritas para suas atividades. Com efeito, ele mesmo deve
descobri-las e averiguar por si mesmo como praticá-las em sua situação histórica
particular".
6 EDUCAÇÃO E PROFESSORES
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"O professor que tem entusiasmo, que é otimista, que acredita nas
possibilidades do aluno, é capaz de exercer uma influência benéfica na classe como
um todo e em cada aluno individualmente, pois sua atitude é estimulante e
provocadora de comportamentos ajustados. O clima da classe torna-se saudável, a
imaginação criadora emerge espontaneamente e atitudes construtivas tornam-se a
tônica do comportamento da aula como grupo."
Segundo Frances Rummell, as principais características de um bom professor
- apresentadas por Juraci C. Marques, são:
É bem verdade que atualmente existem muitas limitações que impedem que o
professor exerça essa função com maior eficácia. A superação de muitas dessas
limitações, no entanto, não depende exclusivamente dele nem do sistema escolar.
Como vimos, depende principalmente da transformação da estrutura social.
Mas, mesmo com relação a esse aspecto, o próprio professor pode
desempenhar um papel muito importante. Ele, mais do que qualquer outro
profissional, tem enormes possibilidades de ser um agente de transformação social.
Para tanto, é preciso que se proponha a ter uma participação ativa no processo
pedagógico. Deverá, por exemplo, indagar-se constantemente sobre a legitimidade
dos fins pedagógicos da escola, sobre os objetivos propostos, sobre o conteúdo
apresentado, sobre os métodos utilizados, enfim, sobre o sentido social e político de
sua própria atividade docente.
O professor, portanto, em sua atividade docente, poderá estar trabalhando para
mudar a sociedade ou para conservá-la na forma em que ela se encontra. Nesse
sentido, Maria Teresa Nidelcoff apresenta ·rês tipos de postura possíveis:
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a) Existem mestres para quem tudo está muito bem do jeito que está e para quem
os valores e as características da sociedade atual não devem mudar e devem
mesmo ser difundidos. Eles atuam conscientemente como representantes do
atual regime social, assumindo a responsabilidade de incorporar os alunos a
tal regime, e de adaptá-las ao sistema de vida e aos valores que a sociedade
propõe.
b) Outros, que são a maioria, definem-se a si mesmos como 'professores' e nada
mais, 'professores-professores'. Afirmam que 'a escola é escola e a política é
política'. Em outras palavras: eles não percebem ou não querem perceber as
implicações ideológicas e sociais de muitas das tarefas e dos 'ritos' escolares.
Com sua atitude aparentemente apolítica e sua postura acrítica, eles se
convertem de fato em policiais - guardiões do regime social - sem sabê-lo e,
muitas vezes, sem querêla. Na medida em que não trabalham para mudar,
ajudam aos que querem conservar.
c) A terceira opção pode ser definida como o 'professor-povo'.
Ele não acredita que sua missão seja difundir entre o povo os valores do
opressor; ao contrário, acredita que o sentido de seu trabalho é ajudar o povo a se
descobrir, a se expressar, a se liberar. Quer construir a escola do povo, a partir do
povo. Ou seja: 'professor-povo' é aquele que quer contribuir através do seu trabalho
para a criação de homens novos e para a edificação de uma sociedade também nova,
onde se dê primazia aos despossuídos e onde o povo se torne protagonista. Ele será
um professor para modificar, não conservar".
7 ENSINAR E APRENDER
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se dedicar exclusivamente a tarefas relacionadas com o ensino. Também surgiram
as escolas que são instituições voltadas para essas tarefas.
Em nossos dias tal é a importância do ensino e da aprendizagem que ninguém
pode deixar de refletir sobre o seu significado. Para ter uma ideia dessa importância
basta considerar os seguintes fatos:
Diante desses fatos concluímos que hoje, mais do que nunca, é necessário
refletir sobre o ensino e a aprendizagem. E as perguntas que logo de início fazem
todas as pessoas que passam a refletir sobre tal assunto, não têm respostas prontas.
Por isso, as questões sobre educação exigem uma atitude de constante abertura
para novas reflexões.
A primeira indagação que você mesmo deve estar se fazendo é a seguinte:
Afinal, o que é ensino e o que é aprendizagem?
Para responder a essa pergunta, podemos partir da seguinte constatação:
Não é só na sala de aula que se aprende ou que se ensina. Em casa, na rua, no
trabalho, no lazer, em contato com os produtos da tecnologia ou em contato com a
natureza, enfim, em todos os ambientes e situações podemos aprender e ensinar.
Cada situação pode ser uma situação de ensino-aprendizagem. Só os que não têm
uma atitude de constante abertura é que não aprendem ou não ensinam em todas
as situações.
Mas em que consiste essa atitude?
Consiste em ser capaz de indagar, pesquisar, procurar alternativas,
experimentar, analisar, dialogar, compreender, enfim, ter uma atitude científica
perante a realidade. Os grandes cientistas foram pessoas que procuraram aprender e
ensinar em todas as situações.
Vejamos, através de um texto de Monteiro Lobato, como o progresso científico
e tecnológico resultou dessa atitude:
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"Um dos primeiros mágicos que revolucionaram o mundo com suas invenções
foi o escocês Jaime Watt (Uót). Um dia, em que estava observando uma chaleira
d'água ao fogo, impressionou-se com a dança da tampa levantada pelo vapor. 'Se
esse vapor ergue uma tampa de chaleira, pode erguer tudo mais', pensou Watt. E
dessa ideia saiu a máquina a vapor, na qual o vapor d'água move um pistão, que por
sua vez move uma roda. A máquina a vapor causou verdadeira revolução industrial
no mundo.
Se a máquina a vapor move uma roda’, pensou outro inglês de nome
Stephenson - 'por que não há de mover-se a si própria?' - e dessa ideia nasceu a
locomotiva, que é uma máquina a vapor que se move a si própria.
Se a máquina a vapor se move na terra' - pensou um americano de nome Fulton
- 'por que não há de mover-se também no mar?' - e dessa ideia nasceu o navio a
vapor que iria mudar todo o sistema de navegação.
O povo riu-se da primeira máquina de Watt, da primeira locomotiva de
Stephenson e do primeiro navio a vapor de Fulton. Eram na realidade grotescos e de
muito pequeno rendimento. Mas aperfeiçoaram-se com rapidez, e hoje constituem
verdadeiras maravilhas da mecânica. (LOBATO, M. História do mundo para crianças.
São Paulo, Brasiliense. 1972. p. 208.) Essa atitude científica, graças à qual temos o
progresso tecnológico, também é necessária àqueles que se dedicam à educação.
Hoje, mais do que nunca, é necessário ter uma atitude indagadora perante tudo o que
se relaciona com a educação.
Se em nossos dias, apesar do progresso tecnológico, as pessoas não
melhoraram muito, talvez isso se deva, em parte, à falta de questionamento no
campo da educação, principalmente no que se refere aos valores. "A questão dos
valores talvez seja a que mais coloca em causa a educação de nossos dias. Vencida
a fase da luta pela sobrevivência, diante de uma natureza, às vezes, inóspita e rude,
o homem contemporâneo encontra-se às voltas com formas de destruição nunca
antes imaginadas. A luta atual não se reveste de um otimismo encorajador e
romântico, mas sim de apreensões e inquietações diante do futuro. Neste quadro, o
saber distinguir o que é valioso ou não dentro dos propósitos de formação humana
exige uma atitude corajosa de ir além das aparências na busca das verdadeiras
causas que regem nossos comportamentos. (...) Vincular a discussão dos valores
da educação a setores mais amplos, que envolvem a própria estrutura social como
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um todo, é um caminho que esperamos venha o estudante de educação a percorrer
para o seu aprofundamento nesta questão". (GARCIA, W. E.).
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relação viva que se estabeleceria entre os alunos e entre estes e o professor. Para
tanto, cada professor teria de trabalhar com pequenos grupos de alunos, sem o que
a relação interpessoal, essência da atividade educativa, ficaria dificultada; e num
ambiente estimulante, portanto, dotado de materiais didáticos ricos, biblioteca de
classe, etc. Em suma, a feição das escolas mudaria seu aspecto sombrio,
disciplinado, silencioso e de paredes opacas, assumindo um ar alegre,
movimentado, barulhento e multicolorido." (SAVIANI, D. "As teorias da educação e
o problema da marginalidade na América Larina". São Paulo, Fundação Carlos
Chagas ( 1982.). Convém ressaltar, no entanto, que esse tipo de ensino e de escola
é de difícil realização.
Ele implica custos bem mais elevados do que o ensino tradicional. Por isso, a
Escola Nova "organizou-se basicamente na forma de escolas experimentais ou como
núcleos raros, muito bem equipados e para pequenos grupos de elite. No entanto, o
ideário escolanovista, tendo sido amplamente difundido, penetrou nas cabeças dos
educadores, acabando por gerar consequências também nas amplas redes escolares
oficiais organizadas na forma tradicional. Cumpre assinalar que tais consequências
foram mais negativas que positivas, uma vez que, provocando o afrouxamento da
disciplina e a despreocupação com a transmissão de conhecimentos, acabou por
rebaixar o nível do ensino destinado às camadas populares, as quais muito
frequentemente têm na escola o único meio de acesso ao conhecimento elaborado.
Em contrapartida, a Escola Nova aprimorou a qualidade do ensino destinado
às elites. (SAVIANI.)
No entanto, ao término da primeira metade deste século, um sentimento de
desilusão começa a se alastrar nos meios educacionais com relação ao
escolanovismo. Surge, então, uma nova concepção de ensino e de educação: a
concepção tecnicista.
Segundo a concepção tecnicista, o ensino deve se inspirar nos princípios de
racionalidade, eficiência e produtividade. Por isso, deve-se planejar a educação e o
ensino de maneira a evitar as interferências subjetivas que possam pôr em risco sua
eficiência. Deve-se operacionalizar os objetivos e, em certos aspectos, mecanizar o
processo. Surgem, então, propostas pedagógicas tais como o enfoque sistêmico, o
microensino, o tele-ensino, a instrução programada, as máquinas de ensinar, etc.
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Resumindo, podemos dizer o seguinte: segundo a concepção tradicional de
ensino, a iniciativa cabe ao professor, que é, ao mesmo tempo, o sujeito do processo,
o elemento decisivo e decisório no ensino. A questão pedagógica central é aprender.
8 QUE É APRENDIZAGEM?
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Só se aprende para a vida quando não somente se pode fazer a coisa de outro
modo, mas também se quer fazer a coisa desse outro modo. Só essa aprendizagem
interessa à vida e, portanto, à escola. Tal aprendizagem é, inevitavelmente, mais
complexa do que a simples aprendizagem informativa." (TEIXEIRA, A. Pequena
introdução à Filosofia da Educação. São Paulo.)
Alguns preferem definir aprendizagem como sendo a aquisição de novos
comportamentos. O problema é que o termo comportamento geralmente é reduzido
a algo exterior e observável. E, se limitarmos a aprendizagem ao observável,
excluísse dela o que tem de mais essencial: a consciência, a formação de novos
valores, disposições e formas interiores de pensar, ser e sentir que se exteriorizam
apenas em algumas atitudes e ações, mas nem sempre são imediatamente
observáveis. (SCHMITZ, E. F.)
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o significado das palavras e desenvolve o gosto pela apresentação estética da
escrita.
Para que alguém aprenda é necessário que ele queira aprender. Ninguém
consegue ensinar nada a uma pessoa que não quer aprender. Por isso é muito
importante que o professor saiba motivar os seus alunos.
Através de uma variedade de recursos, métodos e procedimentos, o professor
pode criar uma situação favorável à aprendizagem.
Para criar essa situação o professor deve:
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8.3 Aprendizagem e Maturação
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8.5 Relação entre Ensino e Aprendizagem
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9 PEDAGOGIA E DIDÁTICA
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O aspecto filosófico - procura estabelecer as diretrizes da educação de
acordo com os valores de cada povo e de cada época.
Aspecto científico - A Pedagogia moderna apoia-se nos dados apresentados
pelas ciências, procurando estabelecer o que é a educação. Ela se apoia
principalmente nos dados das ciências que estudam o comportamento
humano.
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Os métodos e as práticas de ensino.
As técnicas de trabalho escolar
10 DIVISÃO DA PEDAGOGIA
Agora que vimos o que estuda a Pedagogia e que situamos a Didática dentro
da Pedagogia vejamos o que é didática. Isso é muito importante, pois a Didática é o
objeto de estudo deste Curso.
Já sabemos que a Didática é uma disciplina técnica e que tem como objeto
específico a técnica de ensino (direção técnica da aprendizagem). A Didática,
portanto, estuda a técnica de ensino em todos os seus aspectos práticos e
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operacionais, podendo ser definida como: "A técnica de estimular, dirigir e
encaminhar, no decurso da aprendizagem, formação do homem". (AGUAYO.)
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A partir dessa diferenciação, concluímos que podemos ser metodologistas sem
ser didáticos, mas não podemos ser didáticos sem ser metodologistas, pois não
podemos julgar sem conhecer: Por isso, o estudo da Metodologia é importante por
uma razão muito simples: para escolher o método mais adequado de ensino
precisamos conhecer os métodos existentes.
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Número de aulas disponíveis para cada assunto.
Métodos e procedimentos que deverão ser desenvolvidos para melhor
compreensão, assimilação, organização e fixação do conteúdo.
Meios para avaliação e verificação da aprendizagem.
Bibliografia básica.
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dificuldades de seus alunos. Fazer uma sondagem, portanto, consiste em
levantar informações sobre os alunos. (Isto ocorre na fase de Planejamento.)
b) Prognose: Os dados colhidos na sondagem servirão de base para a previsão
ou prognose do que se pode esperar dos alunos de determinada turma.
c) Diagnóstico e retificação da aprendizagem: o estudo das causas da
aprendizagem deficiente logo que esta se manifesta (diagnóstico) servirá de
base para a seleção e o emprego de medidas, visando dar melhor assistência
ao aluno e, portanto, retificando a aprendizagem no devido tempo.
d) Manejo ou direção de classe: É a supervisão e o controle efetivo que o
professor exerce sobre uma classe de alunos, para criar um ambiente propício
à aprendizagem.
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11 COMO ENSINAR
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Essa variação depende da concepção de educação e de escola e, também,
das necessidades de determinada sociedade num dado momento histórico.
Tradicionalmente currículo significou uma relação de matérias ou disciplinas,
com um corpo de conhecimentos organizados sequencialmente em
termos lógicos.
Alguns fatos históricos, no entanto, impuseram mudanças no modo de ver e
pensar do próprio homem, determinando-lhe, também, novas necessidades e atitudes
perante a vida. Diante de novas necessidades surgidas, os educadores passaram a
questionar o conceito de educação, de aprendizagem e, consequentemente, de
currículo. A preparação dos alunos para enfrentar um mundo em constante
transformação, passou a exigir uma dinâmica diferente da instituição escolar. Nessa
dinâmica, o aluno não é mais visto como um ser passivo que deve apenas assimilar
os conhecimentos que lhe são transmitidos pelos seus professores. É visto, antes de
mais nada, como um ser ativo que aprende não apenas através do contato com o
professor e com a matéria (conteúdo) mas através de todos os elementos do meio. A
partir desse novo enfoque, o currículo deixou de ser confundido com distribuição de
matéria ou carga horária de trabalho escolar.
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Tradicionalmente, currículo tem significado as matérias ensinadas na escola ou
a programação de estudos.
A tendência, nas décadas recentes, tem sido de usar o termo currículo num
sentido mais amplo, para referir-se à vida e a todo o programa da escola,
inclusive às atividades extraclasse. Aliás, as atividades extraclasse são muito
importantes para a formação da personalidade da criança. Elas enriquecem o
plano escolar e, consequentemente, a personalidade da criança. Além disso
são uma importante fonte de motivação.
O currículo existe somente nas experiências das crianças. Não existe em livros
de texto e nem nos programas de estudo. Em face do currículo, o programa de
ensino apresenta a mesma relação que o mapa de uma estrada tem com a
experiência da viagem. Para avaliar o currículo de uma escola, é necessário
observar cuidadosamente a qualidade das vivências que existem dentro dela.
O currículo inclui mais do que o conteúdo a ser aprendido. É verdade que a
seleção de conteúdo útil e exato é uma importante responsabilidade do
professor, mas o programa não se constitui currículo enquanto não se
transforma em parte da experiência da criança. A porção do conteúdo que se
torna currículo para uma criança pode diferir daquela que se transforma em
currículo para outra. As relações humanas na sala de aula, os métodos de
ensino e os processos de avaliação usados são partes tão importantes do
currículo como o conteúdo a ser aprendido.
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O currículo é um ambiente especializado de aprendizagem, deliberadamente
ordenado, com o objetivo de dirigir os interesses e as capacidades das crianças
para eficiente participação na vida da comunidade e da nação. Ele diz respeito
ao auxílio dado às crianças para enriquecer suas próprias vidas e contribuir
para o aperfeiçoamento da sociedade através da aquisição de informações,
habilidades e atitudes.
A questão que preocupa o planejador do currículo não é apenas decidir que
matérias devem ser ensinadas para desenvolver o entendimento e alargar os
conhecimentos dos alunos; ele deve visar também à melhoria da vida do
indivíduo e da comunidade.
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12.4 Planejamento de Currículo
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Cabe ao Conselho Federal de Educação fixar, para cada grau, as matérias
relativas ao núcleo comum, definindo também seus objetivos e sua amplitude.
O Conselho Estadual de Educação estabelece as matérias que constituirão a
parte diversificada do currículo dó Ensino Fundamental.
A escola poderá ainda assumir a iniciativa da proposição de outras matérias e
incluí-Ias em seu currículo, se aprovadas pelo Conselho de Educação competente.
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diversas matérias (Geografia, História, Organização Social e Política
Brasileira).
13 CUIDADOS PEDAGÓGICOS
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trabalho exaustivo do professor, qual seja, o de planejar sua disciplina com a
de outros colegas. Por exemplo, o professor de Física deve estar atento à
programação do professor de Matemática, e assim por diante. Essa prática
pedagógica fundamental para o êxito da aprendizagem é denominada de
interdisciplinaridade;
A integração - significa a unificação, em uma única matéria, de outras matérias
afins. É o caso específico das Ciências Naturais. Anteriormente os conteúdos
estavam distribuídos entre Biologia, Física, Química, Programas de Saúde.
Atualmente todos eles se integram, acrescidos, ainda, da Ecologia,
Educação Ambiental, Educação Sexual etc.
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sala de aula, as atividades e questões que surgem são inusitadas e, dessa
forma, devem ser aproveitadas para provocar novas aprendizagens. Os alunos,
por sua vez, estarão em atividades construtivas completas. Para que tal
construção ocorra, há um clima de liberdade, participação e compreensão entre
professor e alunos e estes, com eles mesmos. A aprendizagem se faz porque
se cria um ambiente de trabalho, e estimulase a autonomia intelectual. Esta
será uma das propostas da Escola Nova;
Experimentalista consumatória - no conjunto os autores consideram a escola
como um meio para a descoberta e realização de possibilidades individuais.
Essa descoberta se faz quando se vive em situações experimentais, ocasiões
nas quais os alunos descobrem por eles mesmos a solução para seus
problemas. O currículo, considerado como o conjunto de todas as atividades e
conhecimentos de uma escola, toma-se a saída, o meio, e a chegada da
educação. Pedagogicamente esta espécie de currículo é conhecida como
Centro de Interesse. Esta é outra parcela de educadores fígados à Escola
Nova;
Reconstrutivista social - no conjunto os autores consideram a escola como
um agente de melhoria da sociedade. Para que tal ocorra, o ponto de partida é
a própria sociedade, considerada tanto no seu contexto presente, quanto
histórico. Não despreza a liberdade do indivíduo, especialmente quando se
abordam os grandes temas sociais e problemas que afligem a comunidade. Em
situação de sala de aula, a sociedade é entendida como uma instituição em
contínua mudança, que tem problemas que precisam ser enfrentados e
resolvidos pelo conjunto de professores e alunos e a própria sociedade. Esta é
outra parcela de educadores fígados à Escola Nova;
Tecnóloga - trata-se de um grupo que emerge dos avanços tecnológicos. A
preocupação central encontra-se no domínio da tecnologia (comunicação,
informática, locomoção). A preocupação fica restrita ao emergencial. Apesar de
ter uma força de pressão muito grande na atualidade, não é defendida nem
pelos tradicionalistas, nem pelos escolanovista, nem por nós.
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14 COMPORTAMENTO DO ALUNO DURANTE O PROCESSO DE
ENSINO/APRENDIZAGEM
Certa vez um professor afirmou que somente entraria em sala de aula para
lecionar quando os alunos modificassem seu comportamento, tornando-se mais
disciplinados. Essa fala é significativa na medida em que alerta para o sentido da
disciplina, ou melhor, da indisciplina em sala de aula e sua implicação no caso do
desenvolvimento da aprendizagem. Por outro lado, a afirmação suscita um
questionamento muito sério: Que vem a ser disciplina ou indisciplina dentro de uma
sala de aula? É possível avaliar-se o desempenho do professor pela disciplina
constatada em suas aulas?
14.1 Conceitos
Para a Escola Tradicional diz respeito ao silêncio absoluto dos alunos que
ouvem as explicações do professor;
Para a Escola Nova/Progressista o problema não existe;
Para a Escola Globalizadora significa a concentração da atenção e interesse
em determinado processo de ensino/aprendizagem.
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14.3 O próprio docente
42
14.5 O Currículo Escolar
43
docente, pois uma administração mais esclarecida é de fundamental
importância.
É mais que evidente que o que se viu até o presente momento não esgota as
questões a respeito das prováveis soluções para o problema da indisciplina. É
interessante analisar com mais cuidado as responsabilidades específicas
dos docentes, com o intuito de se prevenir possíveis problemas.
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Autoconhecimento - reconhecer-se como um sujeito vocacionado, isto é,
verdadeiramente direcionado para o magistério seria o primeiro passo. Com tal
autoconhecimento o docente já de antemão saberá que enfrentará problemas
de todas as ordens.
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Cumprimento das normas disciplinares e administrativas do
estabelecimento - há uma série de normas disciplinares, estabelecidas
democrática ou legalmente, que, uma vez cumpridas, produzem efeitos
disciplinares: ser assíduo, estar em sala de aula no seu decorrer, preparar cada
aula em particular, manter os alunos em classe, responsabilizando-se pela
atividade de cada um em particular são atitudes administrativas do âmbito
docente, que auxiliam não só o próprio professor, como a administração global
do estabelecimento, graças à organização e clima produtivo que produzem.
Deixar claros para a classe não apenas os objetivos gerais de sua disciplina
em particular, como também os objetivos específicos de cada aula. Quaisquer
atividades que tenham claramente propostas suas origens, necessidades e
aplicações imediatas, ou não, soam como mais prazerosas;
Manter os alunos ocupados. Aluno que não trabalha dá trabalho. Assim,
descobrir tarefas intermediárias para aqueles que são mais rápidos na
conclusão de suas atividades é de vital importância. Uma biblioteca de classe
ajudaria e muito, assim como salas ambientes, que favoreceriam atividades
individuais para os mais rápidos;
Aplicar a estrutura curricular em espiral, de tal forma que os temas, sendo
retomados de série a série, permitam um retomo a conteúdos ainda não
dominados e uma evolução para patamares mais complexos de conteúdos;
Usar métodos de pesquisa (bibliográfica, de campo e experimental) de tal forma
que os alunos se sintam produtores de sua aprendizagem.
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a sua bancada experimental; do professor ao propor o conteúdo que programou e ao
acompanhar as atividades de seus alunos.
Em suma, o que queremos enfatizar é que a exigência de disciplina não é um
ato punitivo, mas, constitui uma pré-disposição pessoal para adquirir conhecimentos,
habilidades e competências.
15.1 Princípios
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No caso da Constituição Brasileira (1988), outros princípios já estão
determinados e, na qualidade de professores desta nação, cumpre-nos observá-los.
São estes os princípios previstos na Constituição que regem a cidadania da nação.
Art. 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
15.2 Objetivos
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Também os objetivos correspondem a bens desejáveis, pelos quais lutamos.
Advêm de correntes filosóficas e ideológicas, além de sofrerem a pressão de fatos
diários.
Suas fontes são mais numerosas:
Isso não impede que o próprio local do projeto expresse seus objetivos, isso é
mais verdadeiro quando se fala da instituição universidade. Observem-se alguns
casos:
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O objetivo geral que corresponde à descoberta do valor que tem a disciplina
dentro do Currículo Pleno. Este corresponde a todas as propostas de um curso:
Programas, Atividades, Semanas de Estudos, Sistema de Avaliação,
Atividades extraclasse, e assim por diante.
Por bem, aqui, portanto, estar-se-á e somente se aprecia aquilo que traz
Observe:
50
A inteligência diz respeito ao cognos, ou seja, o conhecimento, ela refere-se ao
conteúdo que o ser humano deve absorver e ao ensino que o professor deve
proporcionar;
A ação diz respeito à necessidade que o ser humano tem de fazer, realizar
mostrando suas habilidades e no processo educacional corresponde à
pesquisa e/ou investigação; dizendo o que tem um valor de e para a natureza,
e/ou indivíduo, e/ou sociedade. Estar-se-á trabalhando as questões
psicológicas, filosóficas e políticas que os conteúdos especificam.
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final do aluno; são mais atrativos. Entretanto, quando se analisa a questão
administrativa do currículo, verifica-se que uma aula, um projeto e/ou um
programa devem ser estipulados para resolverem problemas maiores que a
simples absorção de determinado conteúdo;
Clareza: leitor não pode ter dúvidas sobre o que o objetivo está pretendendo.
Por esse motivo a determinação de todos os objetivos é uma tarefa demorada,
e será mais bem-sucedida se for uma tarefa de grupo;
Descrição: deve deixar clara a tarefa a ser cumprida ou o problema a ser
resolvido. Portanto, não pode aparecer apenas o verbo, mas toda a frase;
Expressão de:
Conteúdos - ou os conhecimentos a serem adquiridos;
Habilidades - ou as atitudes a serem incorporadas;
Apreciações - ou os valores a serem adotados;
Aplicações - ou as propostas para a melhoria do indivíduo e sociedade.
16 TEORIAS EDUCACIONAIS
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Para Herbart, o processo de ensino deveria cuidar da moralidade. Esse seria
o objetivo do ensino. A moralidade era, para ele, "liberdade, perfeição, boa vontade,
direito e retribuição". Ela poderia vingar se o ensino fizesse do homem um ser
autodeterminado. Em suas palavras, "um homem bom comanda a si próprio".
Herbart não admitia qualquer distinção entre instrução e educação. Sua
doutrina era a da "instrução educativa"; quanto mais ideias claras e verdadeiras na
consciência, mais teríamos uma criança e, posteriormente, um homem, com boa
conduta. Ou, nas palavras do próprio Herbart: "a disposição do coração (...) tem sua
fonte na mente (...), sentir e desejar são condições e, na maior parte, condições
mutáveis de conceitos". Assim, fazendo da ética humanista (a autodeterminação para
ser bom) a finalidade da educação, e da psicologia, o meio (massas de pensamento -
ideias e conceitos dirigem o interesse), Herbart fixou seus procedimentos didáticos
em cinco passos: preparação, apresentação, associação, generalização e aplicação.
A teoria educacional de Dewey ao contrário da de Herbart, não colocava um
tipo fixo de homem a ser alcançado. A sociedade do trabalho, como uma sociedade
dinâmica, deveria estar se transformando continuamente e, nesse sentido, Dewey viu
a educação como "o processo de reconstrução da experiência, dando-lhe um valor
mais socializado por meio do aumento das capacidades individuais". Assim, pode-se
dizer, os cinco passos didáticos de Dewey são, em verdade, seis passos: há um passo
que é o próprio processo: o aprender a aprender. Mais do que a conclusão de cada
lição do processo de ensino-aprendizagem, o que valeria a pena, é que ele estaria
treinando os indivíduos para a pesquisa, para o que seria o trabalho natural da mente
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- resolver problemas novos. Ser um bom ser humano, para Dewey, não era ser alguém
com erudição, mas alguém capaz de resolver problemas. Daí que, neste aspecto,
Dewey não podia divergir daqueles que viam o seu método de ensino - o ensino ativo
- como estando em comunhão com a ideia de que o homem é naturalmente ativo,
transformador. Em termos soco escolares: alguém que deveria se tornar integrado
socialmente na medida em que continuasse a ser ativo. O adulto continuaria a ser
ativo na medida em que, enquanto adulto, fosse industrioso, trabalhador - um
profissional.
A situação histórica, hoje, na América, é que os educadores têm um número de
tarefas importantes para realizar. Uma vez que as condições efetivas do ensino
dependem, em larga medida, do que acontece fora da sala de aula, os educadores
devem se opor vigorosamente diante de qualquer medida que tenda a restringir ou
proibir seus direitos civis como membros da comunidade.
O comportamento imediato da teoria educacional de Dewey é o mesmo de sua
teoria moral e social. Elas clamam por uma dedicação à luta, em termos práticos, pela
ampliação da democracia, por meio de métodos da inteligência, ou seja, métodos de
investigação científica que vençam o princípio da autoridade para resolver problemas
humanos.
Hook estava certo na avaliação da teoria educacional de Dewey. E seu
acerto significa o momento propício para apontar o erro de muitos críticos, em
particular, no Brasil, que procuraram ver em Dewey alguém que teria levado o
culto à técnica e à prática cega - certamente frutos da sociedade do trabalho - para
o âmbito educacional, esquecendo-se da educação como elemento político. No
Brasil dos anos 1980: tanto os educadores considerados de direita (José Mário
Pires Azanha, à frente) quanto aos que se auto reivindicavam como pertencentes
à esquerda marxista (José Carlos Libâneo e Dermeval 8aviani à frente), fizeram a
leitura de Dewey - justamente o filósofo da democracia - como um "tecnicista" ou
alguém que teria dado margem para o "tecnicismo" em educação. Mas a fala de
Hook é adequada: a teoria educacional de Dewey era política, em favor da
ampliação da democracia.
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passos didáticos de uma teoria educacional inspirada na prática de Paulo Freire
só podem ser entendidos na sua concorrência com o que ele qualificou de
"educação bancária". Para Paulo Freire, a educação bancária era o
adestramento do corpo, a ideia de que, sendo o homem "corpo", é objeto
manipulável, uma caixa onde se depositam saberes. Como saberes nunc a
devem ser depositados, o que se deposita, na verdade, são coisas, dogmas.
Em seus primeiros escritos, Paulo Freire via o homem como possuindo uma
vocação para sujeito da história e não para objeto, mas, nas condições do Terceiro
Mundo, esta vocação não estaria se explicitando, dado que as populações mais
pobres teriam sido vítimas de uma mentalidade paternalista e autoritária, herança do
colonialismo, neocolonialismo e escravismo. Fazia-se necessário, segundo Freire,
romper com isso, "libertar o homem popular" de seu tradicional mutismo. A educação
deveria, então, forjar uma nova mentalidade, trabalhando para a "conscientização
do homem" de cada país do Terceiro Mundo, frente aos seus problemas nacionais,
e engajar este homem na luta política.
A escola oficial, além de autoritária, estaria a serviço de uma estrutura
excessivamente burocratizada e anacrônica incapaz de colocar-se "ao lado dos
oprimidos". Procurando identificar-se com os oprimidos - aqueles que "não têm voz"
na sociedade, mas que, obviamente, ao contrário do que diziam as elites, "também
produzem cultura" -, Freire buscava uma educação comprometida com a solução
dos problemas da comunidade. A ideia de comunidade permaneceu, então, como
um ponto de partida e um ponto de chegada da teoria educacional freireana (como
em Dewey e Anísio Teixeira). Daí as teses do ensino articulado aos regionalismos,
ao comunitarismo, aos costumes e à cultura do local de vida da população a ser
educada. Diga-se de passagem, que em alguns momentos, isso seguiu por vias
radicais, causando problemas de interpretação, no Brasil. Neste país, ao contrário
dos Estados Unidos, a história da escola fez-se através da ligação das elites com o
Estado, seguindo os modelos francês e alemão. Nos Estados Unidos, a escola
sempre foi paroquial, comunitária. Paulo Freire, como Anísio, no passado, adotando
o comunitarismo, nem sempre forneceu ao Brasil uma pedagogia capaz de ter êxito
em alguns lugares com total falta de tradição comunitária (embora em alguns locais,
com certa tradição no comunitarismo, colônia de imigrantes, por exemplo, ela tenha
caminhado de modo mais fácil, como foi o caso do Rio Grande do Sul).
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A conscientização seria a arma contra a "educação bancária"
- A educação defensora do status quo vigente, calcada numa "ideologia de
opressão" que, segundo Freire, considerava o aluno como alguém despossuído
de qualquer saber e, por isso mesmo, destinado a se tornar depósito dos dogmas
do professor. Paulo Freire elaborou um procedimento que, para efeito de
comparação com Herbart e Dewey, ilustro sob a forma de cinco passos didáticos:
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17 REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 5ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1975.
Peeters ,F. e COOMAN, M.A. de . História da Educação. 10ª ed. São Paulo:
Melhoramentos, 1971.
TOSI, Maria Reineldes. Didática Geral; um olhar para o futuro. 3ª ed. Campinas-SP.
Editora Alínea, 2003. Ghiraldelli Júnior, Paulo. Didática e Teorias Educacionais. Rio
de Janeiro: DP&A, 2000.
SILVA, T.M.N. A construção do currículo na sala de aula, o professor como
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