O Cansaço como Sintoma de um Mundo Doente
Tem dias que a gente acorda cansado antes mesmo de levantar.
Cansado de fingir, de correr, de ser funcional.
Mas e se esse cansaço não for só pessoal?
E se ele for político?
1. A cultura da exaustão
Vivemos numa era em que descansar é culpa.
Produzir virou obrigação moral.
Ser útil, um mandamento invisível.
Dormir virou luxo.
Sentir virou fraqueza.
E quem para… parece estar falhando.
2. A mercantilização do tempo
Nos venderam a ideia de que tempo é dinheiro.
Então vendemos nossos corpos, nossa atenção, nossa presença.
Mas quanto custa perder a si mesmo?
Na lógica capitalista, até o ócio precisa ser produtivo:
“meditação pra aumentar a performance”, “viagem pra desbloquear criatividade”.
3. O corpo que fala
Dor de cabeça. Ansiedade. Insônia. Falta de ar.
O corpo grita o que a mente não pode mais sustentar.
O cansaço vira sintoma crônico.
E a gente se anestesia com café, remédio, distração.
Mas a raiz continua lá, roendo em silêncio.
4. A doença da hiperconexão
Nunca estivemos tão conectados — e tão sós.
A enxurrada de notícias, imagens, comparações…
Satura, sufoca, paralisa.
Estamos todos sobrecarregados de tudo,
mas famintos de sentido.
5. O descanso como rebeldia
Descansar é resistir.
Cuidar de si é contraatacar.
Dormir bem, não responder tudo, dizer “não” — são gestos políticos.
O mundo quer que a gente funcione.
Mas a vida exige que a gente sinta.
6. Conclusão
O cansaço que você sente pode não ser fraqueza.
Pode ser resposta.
Pode ser lucidez.
Porque em um mundo doente, sentir-se mal pode ser sinal de que você ainda está vivo.