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Projecto de Pesquisa - Tese -DDS Actualizado

O projeto de pesquisa analisa a relação entre o Projeto Cadeia de Valor da Mandioca e a insegurança alimentar no distrito de Massingir, Moçambique, destacando a resistência cultural à adoção da mandioca como alimento. Apesar de seu potencial para melhorar a segurança alimentar, a mandioca é marginalizada culturalmente, associada à pobreza e desconfiança, e enfrenta barreiras estruturais que limitam sua aceitação. O estudo busca entender as experiências locais e propor estratégias que integrem conhecimentos culturais no desenvolvimento rural.

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Ramadane Daudo
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Projecto de Pesquisa - Tese -DDS Actualizado

O projeto de pesquisa analisa a relação entre o Projeto Cadeia de Valor da Mandioca e a insegurança alimentar no distrito de Massingir, Moçambique, destacando a resistência cultural à adoção da mandioca como alimento. Apesar de seu potencial para melhorar a segurança alimentar, a mandioca é marginalizada culturalmente, associada à pobreza e desconfiança, e enfrenta barreiras estruturais que limitam sua aceitação. O estudo busca entender as experiências locais e propor estratégias que integrem conhecimentos culturais no desenvolvimento rural.

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FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA

DOUTORAMENTO EM DESENVOLVIMENTO E SOCIEDADE

Projecto de Pesquisa

Tema: Relação entre o Projecto Cadeia de Valor da Mandioca e a (In)Segurança Alimentar no Distrito
de Massingir

Estudante: Artur Horácio Macuácua

Supervisor: Prof. Doutor Luca Bussotti


Co-supervisor: Prof. Doutor Baltazar Muianga

Maputo, 15 de Junho de 2025


i
Índice

1. Introdução.........................................................................................................................................1
1.1. Contexto do projecto cadeia de valor da mandioca no distrito de Massingir...............................3
2. Revisão da literatura..........................................................................................................................4
2.1. O Projecto Cadeia de Valor da Mandioca (PCVM).....................................................................5
2.1.1. Contexto Global e Evolução do Conceito de Cadeia de Valor..................................................5
2.1.2. O PCVM na África e em Moçambique.....................................................................................5
2.2. A (In)Segurança Alimentar: Uma Perspectiva Multidimensional................................................6
2.2.1. Do Debate Global e Regional (África)......................................................................................6
2.2.2. Contexto Moçambicano e Provincial (Gaza).............................................................................7
2.2.3. O Caso Específico de Massingir................................................................................................7
2.3. Aspectos Socioculturais nos Projectos de Desenvolvimento Comunitário..................................8
2.3.1. A Dimensão Cultural e a Participação Comunitária..................................................................8
2.3.2. Desafios de Género e Inclusão em África e Moçambique.........................................................8
2.4. Análise Crítica e Interconexões....................................................................................................9
2.5. Conclusão....................................................................................................................................10
2.6. A Lacuna identificada na Revisão de Literatura.........................................................................10
2.6.1. A Contribuição do Estudo para Preencher a Lacuna...............................................................11
2.6.2. Implicações da Lacuna.............................................................................................................12
2.6.3. Conclusão: A Relevância da Integração Sociocultural para a Segurança Alimentar
Sustentável.........................................................................................................................................13
2.7. Identificação do Problema..........................................................................................................14
2.8. Objetivos da Pesquisa.................................................................................................................15
2.8.1. Objectivo Geral:.......................................................................................................................15
2.8.2. Objectivos Específicos:............................................................................................................15
2.9. Hipótese de trabalho...................................................................................................................15
2.9.1. Operacionalização da Hipótese de Trabalho...........................................................................16
3. Enquadramento Teórico..................................................................................................................17
4. Trajectória metodológica.................................................................................................................19
4.1. Tipo de estudo.............................................................................................................................19
4.2. Método de pesquisa....................................................................................................................19
4.2.1. Abordagem Fenomenológica...................................................................................................20
4.3. Delimitação do campo de análise...............................................................................................20
4.4. Critérios de Elegibilidade...........................................................................................................20
4.5. Métodos de Amostragem............................................................................................................20
4.6. Tamanho da Amostra..................................................................................................................21
4.7. Colecta de dados.........................................................................................................................21
4.8. Questões éticas............................................................................................................................22
4.9. Tratamento e análise de dados....................................................................................................22

i
5. plano de trabalho e cronograma de actividades..............................................................................22
5.1. Plano de trabalho........................................................................................................................22
5.2. Cronograma das actividades.......................................................................................................24
6. Referências......................................................................................................................................25
7. Apêndices........................................................................................................................................30
Apêndice I: Orçamento......................................................................................................................30
Apêndice II: Categorias dos Participantes para Entrevistas em Profundidade..................................31
Apêndice III: Roteiro de Observação................................................................................................32
Quadro1: Proposta de agenda de observação.......................................................................................1
Apêndice IV: Roteiro de Entrevistas em Profundidade.....................................................................34
Apêndice V: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (1)..............................................................36
Apêndice VI: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (2).............................................................35
Apêndice VII: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (3)............................................................37
Apêndice VIII: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (4)..........................................................37
Apêndice IX: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (5).............................................................39
Consentimento Informado..................................................................................................................40

ii
1. Introdução

A insegurança alimentar é uma realidade persistente em muitas regiões rurais de países em


desenvolvimento. No distrito de Massingir, província de Gaza, em Moçambique, a
vulnerabilidade alimentar é particularmente acentuada, impulsionada por condições climáticas
adversas, como secas prolongadas, e pela dependência histórica de culturas sensíveis ao clima, a
exemplo do milho (Chivangue, 2020; Mutie & José, 2022). Neste cenário de fragilidade, o
Projecto Cadeia de Valor da Mandioca (PCVM) foi concebido como uma iniciativa estratégica,
implementada desde 2017 pelo Governo de Moçambique e parceiros, visando diversificar a
produção agrícola e fortalecer a segurança alimentar local nas comunidades de Tihovene,
Chinhangane, Banga, Zulo, Chibotane, Maconguele e Madingane (FAO, 2017; Governo do
Distrito, 2017). A mandioca é tecnicamente reconhecida como um recurso estratégico devido à
sua notável resistência a condições adversas, como baixa pluviosidade e solos pobres, e ao seu
alto valor calórico, características que a tornam uma cultura promissora para resiliência
alimentar e nutricional.

Contudo, apesar do seu potencial intrínseco e do reconhecimento técnico, a aceitação da


mandioca pelas comunidades locais em Massingir é notavelmente limitada (Bui & Mkandawire,
2020; Mutie & José, 2022). Esta discrepância aponta para a existência de barreiras significativas
que transcendem os aspectos puramente agronômicos ou nutricionais. A resistência à adopção da
mandioca está profundamente enraizada em factores socioculturais complexos (Zibani, 2010).
Em Massingir, a mandioca sofre uma forte marginalização cultural, sendo historicamente
associada à pobreza e a períodos de crise, frequentemente percebida como um "alimento de
última necessidade", consumida apenas quando outras opções são escassas, especialmente em
situações de secas prolongadas ou crises econômicas (Zibani, 2010; Macuácua, 2021). Esta
percepção negativa está profundamente enraizada na memória colectiva das comunidades. Além
disso, a mandioca é notavelmente ausente em práticas simbólicas e rituais sociais, ao contrário
do milho, que ocupa uma posição central em celebrações e festivais, o que reforça sua posição
residual no imaginário coletivo local. A persistência de mitos, como o da "mandioca
envenenada", que a associa a doenças e conflitos passados, também gera uma profunda
desconfiança e limita sua aceitação, mesmo em situações de emergência (Zibani, 2010; Bui &
Mkandawire, 2020).

Os obstáculos à aceitação da mandioca não são apenas culturais, mas também estruturais,
especialmente no que tange à governança do PCVM. Mulheres e líderes tradicionais, que

1
historicamente desempenham um papel central na gestão da produção e consumo de alimentos
(Goulart, 2017), são sistematicamente excluídos dos processos decisórios do projecto
(Nhantumbo, 2019; Macuácua, 2022). Esta exclusão não apenas perpetua desigualdades de
gênero, mas também limita directamente o impacto e a legitimidade do projecto junto às
comunidades. Adicionalmente, a introdução de variedades de mandioca resistentes à seca pelo
PCVM é frequentemente percebida como uma iniciativa externa e desconectada das práticas e
crenças locais (Chichava & João, 2021; Macuácua, 2022; Mutie & José, 2022), gerando
desconfiança entre os agricultores. Agricultores relatam que as novas variedades e técnicas não
foram testadas quanto à sua adaptação ao contexto local nem levaram em conta práticas
ancestrais de cultivo e beneficiamento (Mutie & José, 2022). A falta de diálogo com os saberes
tradicionais e a ausência de sensibilidade cultural no projecto geram percepções de imposição
externa (Gez, 2021), o que reduz a legitimidade do PCVM.

Diante deste cenário, este estudo tem como objectivo geral analisar como os aspectos
socioculturais medeiam a relação entre o PCVM e a segurança alimentar no distrito de
Massingir, utilizando uma perspectiva fenomenológica. Para tanto, busca-se compreender as
experiências vividas pelos agricultores familiares, líderes comunitários e técnicos envolvidos no
projecto, identificando os significados atribuídos à mandioca e aos processos de mudança
tecnológica e organizacional (Van Manen, 2016). Os objectivos específicos incluem:
compreender os valores simbólicos atribuídos à mandioca pelas comunidades locais; identificar
barreiras culturais à adopção do PCVM; avaliar o papel das mulheres na cadeia produtiva da
mandioca; e propor estratégias para integrar conhecimentos locais e dinâmicas culturais na
formulação de políticas de desenvolvimento rural. Para alcançar estes objectivos, foi adoptada
uma metodologia qualitativa, fundamentada na abordagem fenomenológica, com colecta de
dados por meio de entrevistas em profundidade, observação participante e análise documental
(Creswell, 2007; Flick, 2014; Holanda, 2006). A análise temática foi realizada com base na
triangulação de fontes (Creswell, 2013)., visando maior consistência e validade dos resultados. A
amostragem é intencional e a técnica será bola de neve. A análise de dados será realizada com o
auxílio do software NVivo, combinando análise de conteúdo e triangulação de dados (Creswell,
2013). Para validação dos dados faremos a verificação cruzada das informações com diferentes
fontes e a realização de membro checks com os participantes.

Espera-se que os achados contribuam para a reflexão crítica sobre como projectos de
desenvolvimento rural podem ser reformulados para integrar sensibilidade cultural, participação

2
comunitária e equidade social, tornando-se mais eficazes e sustentáveis em contextos
vulneráveis.
1.1. Contexto do projecto cadeia de valor da mandioca no distrito de Massingir
A pobreza na região sul do pais é de 32,8% e da província de Gaza 51,2%. Estimativas apontam
que 5% da população do distrito de Massingir, sobretudo os camponeses de menos posses,
idosos e famílias chefiadas por mulheres, está em situação potencialmente vulnerável aos efeitos
das mudanças climáticas e aos desastres naturais (FAO, 2019; SETSAN, 2023; Abbas, 2023).

Em virtude dos factos, o Governo de Moçambique, em parceria com a Organização das


Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e da União Europeia (UE),
implementou em 2017, com duração de 3 anos, o projecto “Cadeia de Valor da Mandioca”, nas
comunidades de Tihovene, Chinhangane, Banga, Zulo, Chibotane, Maconguele e Madingane no
distrito de Massingir, província de Gaza.

O projecto CVM se insere no programa de desenvolvimento rural de grande escala


denominado PROSUl ( Programa de Desenvolvimento de Cadeias de Valor nos corredores de
Maputo e Limpopo) que vem sendo desenvolvido pelo Governo de Moçambique desde 2012
com apoio do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), contemplando os
Corredores de Maputo e Limpopo, tendo beneficiado perto de 5.047 pessoas na cadeia de valor
de Mandioca. Com foco em fortalecer as cadeias de valor agrícolas nos corredores de Maputo e
Limpopo (MASA, 2017). O programa busca melhorar a competitividade dos pequenos
produtores, aumentar a produção e a produtividade, e promover a integração dos pequenos
produtores nos mercados.

No distrito de Massingir, o programa visou melhorar a vida dos pequenos e médios


produtores da cultura de mandioca através da introdução de novas variedades, melhoria das
práticas agrícolas e fortalecimento das organizações de produtores, tendo em vista o
fortalecimento da segurança alimentar e nutricional das comunidades do distrito, bem como
impulsionar o desenvolvimento comunitário e promover a diversificação da economia local.

Neste distrito, o projecto cadeia de valor da mandioca começou a ser implementado no


ano 2017 e beneficiou 534 produtores (384 mulheres), organizados em 6 associações e 8
produtores singulares, tendo sido plantados 73.25 hectares de mandioca (Governo Distrital,
2017).

Assente em cinco pilares, PCVM visou a multiplicação de estacas de mandioca para


distribuição aos produtores, massificação da produção da mandioca no distrito, introdução do

3
processamento da mandioca através do acesso a equipamentos mecânicos e manuais de
processamento, divulgação das receitas de mandioca em feiras, mercados e eventos públicos,
explicação sobre as vantagens nutricionais, apoiar os produtores na ligação com o mercado e
estabelecimento de contratos comerciais e feiras de negócios (FAO, 2017).

De acordo com a RM (2022) as processadoras eram consideradas como “vínculo de


garantia de sustentabilidade da produção de mandioca no distrito”, pois iriam permitir o aumento
da renda dos produtores, massificação da produção e maior diversificação dos produtos
derivados da mandioca e garantir a segurança alimentar das comunidades.

É a partir deste contexto que incidirá esta investigação para captar a realidade das
comunidades, sobretudo as suas experiencias e perspectivas em relação ao consumo da
mandioca e seus derivados como factor do desenvolvimento e como estratégia para a segurança
alimentar, numa analise sobre a influência dos aspectos socioculturais na rejeição da mandioca e
seus derivados nas comunidades do distrito de Massingir.

2. Revisão da literatura
A segurança alimentar e nutricional (SAN) constitui um dos desafios mais prementes do século
XXI, afectando milhões de pessoas em diferentes regiões do mundo. A Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, 2022) define-a como o acesso regular e
permanente por todos os indivíduos a alimentos suficientes, seguros e nutritivos que satisfaçam
suas necessidades energéticas e preferências culturais. No entanto, autores como Sen (1981), em
sua teoria dos direitos (Entitlement Approach), argumentam que a fome não é apenas
consequência da escassez de alimentos, mas também resultado de dinâmicas socioeconómicas e
políticas que limitam o acesso individual e colectivo aos recursos produtivos.

No distrito de Massingir, província de Gaza, Moçambique, a vulnerabilidade alimentar é


acentuada por condições climáticas adversas, como secas prolongadas, e pela dependência de
culturas sensíveis ao clima, a exemplo do milho (Chivangue, 2020; Mutie & José, 2022). Neste
cenário, o Projecto Cadeia de Valor da Mandioca (PCVM), implementado desde 2017 pelo
Governo de Moçambique e parceiros, surge como uma iniciativa estratégica para diversificar a
produção agrícola e fortalecer a segurança alimentar local (FAO, 2017; Governo do Distrito,
2017). Contudo, a sua implementação tem revelado uma complexa interacção com as dinâmicas
socioculturais das comunidades, levantando questões sobre a eficácia de abordagens de
desenvolvimento que não consideram profundamente os contextos locais. Esta revisão de
literatura visa explorar criticamente a relação entre o PCVM, a (in)segurança alimentar e os

4
aspectos socioculturais nos projectos de desenvolvimento comunitário, evidenciando como a
desconsideração desses factores pode comprometer a sustentabilidade e o impacto das
intervenções.

2.1. O Projecto Cadeia de Valor da Mandioca (PCVM)

2.1.1. Contexto Global e Evolução do Conceito de Cadeia de Valor

O conceito de cadeia de valor, originalmente proposto por Michael Porter (1985), define o
conjunto de actividades interligadas que agregam valor a um produto ou serviço ao longo do seu
ciclo produtivo, da matéria-prima ao consumidor final (Ross & West, 2013; Schnorrenberger et
al., 2010). No contexto agrícola, essa abordagem tem sido amplamente utilizada para integrar
pequenos agricultores em mercados formais, visando aumentar sua renda e reduzir a pobreza
(Ross & West, 2013).

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma cultura perene de origem sul-americana,


fundamental para a segurança alimentar e nutricional de mais de 800 milhões de pessoas
globalmente, destacando-se pela sua resistência à seca e adaptabilidade a solos pobres (Chávez
et al., 2021; Bairu et al., 2021; Kouakou et al., 2016). Sua flexibilidade de colheita, permitindo
que os tubérculos permaneçam no solo por até 18 meses, confere-lhe um papel crucial como
"alimento seguro" em períodos de escassez (Costa, 2019; Patil et al., 2016; Tiswoko, 2024).

No entanto, a aplicação do conceito de cadeia de valor em países em desenvolvimento tem sido


alvo de críticas. Abbas (2017) argumenta que, em muitos casos, essa abordagem tem sido
instrumentalizada para beneficiar grandes empresas, marginalizando pequenos produtores.
Bryceson e Ross (2019) propõem uma "Estrutura Híbrida de Cadeia de Valor" para integrar
perspectivas económicas e socioculturais, adaptando modelos importados às realidades locais.
Essa crítica é reforçada por Andrews (2018), que questiona a eficácia real das iniciativas de
cadeia de valor, argumentando que os métodos de avaliação frequentemente negligenciam
efeitos colaterais imprevistos, o que pode anular os benefícios observados nos indicadores
principais (Chianca, 2015).

2.1.2. O PCVM na África e em Moçambique

Na África Subsaariana, a mandioca é cultivada por pequenos produtores familiares em sistemas


de subsistência e serve como base alimentar para milhões de pessoas (Nweke et al., 1996). A sua
introdução no continente, pelos portugueses no século XVI, expandiu-se amplamente no século
XX devido à sua adaptabilidade a solos pobres e regimes de chuvas irregulares (FAO, 2005;

5
Guira & Savadogo, 2016). Apesar do seu potencial, o desenvolvimento da cadeia produtiva da
mandioca na África Austral ainda está em estágios iniciais, com apenas 10 a 30% da produção
formalmente comercializada (Costa, 2019). A falta de infraestrutura de beneficiamento e
integração em cadeias produtivas industriais limita a agregação de valor e a expansão comercial
(Kouakou et al., 2016).

Em Moçambique, a mandioca é a segunda cultura mais importante, cultivada por milhões de


moçambicanos, especialmente nas províncias do norte (Nampula, Cabo Delgado, Niassa e
Zambézia), e fundamental para a segurança alimentar e renda familiar (Marcos et al., 2024;
Guira & Savadogo, 2016). Contudo, a produtividade média é baixa (cerca de 6 ton/ha), muito
aquém da média mundial, devido à falta de tecnologia, acesso a insumos, infraestrutura
inadequada e políticas públicas fragmentadas (Mota Lopes, 2016; Rodrigues Agostinho Marcos
et al., 2024; Costa, 2019; Simango, 2018).

O PCVM em Massingir, inserido no Programa PROSUL (2017-2022), visou melhorar a vida dos
pequenos e médios produtores através da introdução de novas variedades, melhoria das práticas
agrícolas, fortalecimento de organizações de produtores e promoção do processamento e
comercialização (Governo Distrital, 2017; MASA, 2019). As processadoras de mandioca eram
consideradas chave para a sustentabilidade e aumento da renda (Governo do Distrito, 2017;
FAO, 2017; RM, 2022). No entanto, o projecto tem enfrentado baixa adesão dos produtores às
unidades de processamento e abandono de campos (Macuácua, 2022), indicando que a sua
efectividade vai além dos aspectos técnicos e económicos.

2.2. A (In)Segurança Alimentar: Uma Perspectiva Multidimensional

2.2.1. Do Debate Global e Regional (África)

A segurança alimentar, conforme Sen (1981), transcende a escassez de alimentos, sendo um


problema de "direitos" (entitlements) e acesso a recursos produtivos, ou seja, um problema de
poder e distribuição (Sen, 1997). Hagenimana et al. (2023) ampliam essa discussão com uma
abordagem baseada em risco, destacando vulnerabilidades sistémicas nos sistemas alimentares
globais, considerando choques climáticos, crises sanitárias e conflitos armados como vectores de
insegurança alimentar crescente.

Em África, a insegurança alimentar é exacerbada por fragilidades estruturais nos sistemas


produtivos, dependência de culturas tradicionais e impacto das secas recorrentes (Cunguara et
al., 2013). Vunjanhe (2023) reafirma a relevância da abordagem dos direitos de Sen (1981) para
compreender a persistência da fome no continente, argumentando que é um problema estrutural

6
de distribuição e poder económico (Devereux, 2007; Abbas, 2017). Apesar dos esforços
multilaterais, a assistência emergencial frequentemente carece de continuidade programática,
resultando em respostas fragmentadas e pouco sustentáveis (Vunjanhe & Vicente, 2018).
Autores como Chaka (2023) defendem que a integração entre adaptação climática, paz
duradoura e investimento em infraestrutura rural é essencial para construir sistemas alimentares
resilientes e inclusivos.

2.2.2. Contexto Moçambicano e Provincial (Gaza)

Em Moçambique, a segurança alimentar é um desafio complexo, influenciado por factores


climáticos, económicos e sociais. Dados do SETSAN (2021) revelam que uma parcela
significativa da população vive em "crise alimentar", com Massingir sendo uma das zonas mais
vulneráveis, onde 84,5% da população rural enfrenta insegurança alimentar severa (Mutie &
José, 2022). A baixa produtividade agrícola, a degradação dos solos e a falta de apoio técnico
agravam a situação (Mutie & José, 2022). Macassa et al. (2018) identificam a pobreza
generalizada, a falta de acesso a mercados formais, a precariedade institucional e a exclusão
social como factores estruturais da insegurança alimentar em Moçambique.

Na província de Gaza, a segurança alimentar é comprometida por elevadas taxas de desnutrição


crónica, baixo acesso a serviços básicos e fragilidade dos sistemas produtivos (IPF-
Moçambique, 2023). A urbanização acelerada e a erosão dos saberes tradicionais têm gerado
novas formas de vulnerabilidade (OMR, 2020). A mandioca surge como uma cultura estratégica
na zona sul de Moçambique, especialmente em contextos de seca prolongada e instabilidade
agrícola (Marcos et al., 2024). No entanto, Ukpong-Umo (2022) alerta que a mera introdução de
variedades melhoradas não é suficiente sem políticas públicas que promovam assistência técnica,
infraestrutura logística e acesso a mercados organizados.

2.2.3. O Caso Específico de Massingir

No distrito de Massingir, a mandioca é amplamente percebida como um "alimento de última


necessidade", reservado para situações extremas de escassez (Mutie & José, 2022). Essa visão
está profundamente enraizada na memória colectiva e é reforçada por mitos como o da
"mandioca envenenada", que a associa a doenças e conflitos passados (Zibani, 2010). Essa
associação negativa limita sua aceitação mesmo em emergências, perpetuando a dependência de
culturas mais vulneráveis, como o milho (Mutie & José, 2022). A falta de integração da
mandioca em práticas simbólicas e sociais, como cerimónias religiosas e eventos festivos,
reforça sua posição residual no imaginário colectivo local (Macuácua, 2021).

7
A marginalização da mandioca agrava a insegurança alimentar em Massingir, pois a preferência
por milho e arroz expõe as comunidades a choques climáticos, e a mandioca, apesar de sua
resistência, é subaproveitada. Estudos mostram que apenas 34% das famílias em Massingir
utilizam a mandioca como estratégia de segurança alimentar, mesmo em situações de crise (Bui
& Mkandawire, 2020). Essa contradição entre o potencial da mandioca e sua aceitação prática
reflecte a desconexão entre políticas técnicas e realidades culturais locais.

2.3. Aspectos Socioculturais nos Projectos de Desenvolvimento Comunitário

2.3.1. A Dimensão Cultural e a Participação Comunitária

A compreensão dos aspectos socioculturais é um factor determinante para o sucesso ou fracasso


de projectos de desenvolvimento comunitário (PNUD, 2020). A cultura e as práticas sociais não
são estáticas, exigindo abordagens flexíveis e adaptadas às realidades locais (Félix, 2014; Serra,
2009). A "participação activa das comunidades" é central para o êxito (Langa, 2014, citado em
Nguenha, 2021).

A teoria de Stuart Hall (1997) sobre identidade cultural é crucial para entender como
projectos podem falhar ao ignorar significados simbólicos, pois a identidade é "socialmente
construída e em constante negociação" (citado em Lee, 2023). Crenças locais, como os mitos
negativos sobre a mandioca no Zimbábue (Zibani, 2010), podem determinar a aceitação ou
rejeição de projectos, gerando desconfiança e falta de comprometimento. A valorização do
conhecimento tradicional é outro pilar essencial, como ilustrado por Shah e Ameta (2009), onde
a combinação de práticas agrícolas ancestrais com inovações técnicas fortalece a autonomia
local. No entanto, políticas culturais pós-independência em Moçambique têm marginalizado
línguas e tradições locais, perpetuando desigualdades (Landgraf, 2014; Manda et al., 2024).

2.3.2. Desafios de Género e Inclusão em África e Moçambique

Os desafios para a inclusão sociocultural são multifacetados. Normas de género limitam a


participação feminina (Karamunya & Cheben, 2016), e projectos agrícolas podem desestabilizar
estruturas sociais ao ignorar sistemas de crenças, como o controlo feminino sobre certas culturas
(Bennett et al., 2015). Mulheres, que são responsáveis por cerca de 70% das actividades de
beneficiamento da mandioca (Adeniyi et al., 2023; Masamha et al., 2018), são frequentemente
excluídas dos espaços decisórios e enfrentam barreiras no acesso a recursos como crédito e terra
(Nhantumbo, 2019). Essa exclusão não só perpetua desigualdades de género, mas também limita
a eficácia do PCVM.

8
A (des)apropriação de projectos de desenvolvimento ocorre quando as comunidades não
internalizam a iniciativa como parte da sua realidade, resultando em abandono ou uso
inadequado. Gez (2021) observa que, mesmo após o término formal, as infraestruturas e
discursos dos projectos continuam a circular, mas nem sempre são reapropriados segundo os
objectivos originais. A ausência de participação real (Nguiraze & Aires, 2011; Tonnie MT,
2010; Macuácua, 2021), assimetrias de poder (Francisco António, 2011; Petrus, 2016) e falta de
comunicação eficaz (Tinga, 2020) são causas comuns da desapropriação. Quando os projectos
são percebidos como impostos de fora, perdem legitimidade e sustentabilidade (Saué, 2017).

2.4. Análise Crítica e Interconexões


A revisão da literatura revela uma lacuna crítica na forma como os projectos de desenvolvimento
agrícola, como o PCVM, falham em integrar e valorizar efectivamente os aspectos culturais e
simbólicos, apesar de reconhecerem sua existência. A insuficiência não reside na identificação
das barreiras socioculturais, mas na exploração de como a desconexão entre as políticas de
desenvolvimento de base técnica e as complexas realidades culturais e simbólicas das
comunidades locais perpetua a insegurança alimentar.

O PCVM, ao introduzir variedades de mandioca resistentes à seca sem um diálogo


aprofundado com os saberes tradicionais e sem considerar a marginalização cultural da
mandioca, gerou desconfiança e resistência. A percepção de "imposição externa" e a exclusão de
mulheres e líderes tradicionais dos processos decisórios (Chichava & João, 2021; Macuácua,
2022) minam a legitimidade do projecto e a apropriação comunitária. A segurança alimentar,
neste contexto, não é apenas uma questão de disponibilidade de alimentos, mas de como esses
alimentos são valorizados culturalmente e integrados às identidades e práticas quotidianas das
comunidades (Van Manen, 2016).

A análise crítica aponta para a necessidade de uma mudança de paradigma nos projectos
de desenvolvimento. Em vez de abordagens "de cima para baixo" que priorizam a viabilidade
técnica, é imperativo adoptar métodos que promovam a participação radical (Cleaver, 1999), a
adaptação cultural (Bolacha, 2013; Macuácua, 2022) e a valorização do conhecimento local
(Shah & Ameta, 2009). A eficácia dos projectos depende não apenas do que é implementado,
mas fundamentalmente de como se dá o processo de implementação e de quem são os actores
centrais nesse processo. A construção de parcerias mais equilibradas entre ONGs locais e
internacionais, baseadas no respeito às dinâmicas locais e na transferência real de capacidades,
emerge como um caminho promissor para projectos mais sustentáveis e verdadeiramente
transformadores (Abbas, 2017; Patton, 2017).

9
2.5. Conclusão
A revisão da literatura demonstra que a relação entre o Projecto Cadeia de Valor da Mandioca
(PCVM) e a segurança alimentar no distrito de Massingir é profundamente mediada por
dinâmicas socioculturais complexas. A resistência à adopção da mandioca não se resume a
limitações estruturais, mas resulta de uma desconexão entre as estratégias do projecto e a
identidade cultural local. A mandioca, apesar de seu potencial técnico, é historicamente
marginalizada e associada a crises, enquanto o milho mantém um valor simbólico superior. A
exclusão de mulheres e lideranças comunitárias dos processos decisórios do PCVM reforça
desigualdades de género e limita a eficácia do projecto.

Para que a mandioca se torne um recurso estratégico eficaz para a segurança alimentar em
Massingir, é fundamental que as políticas públicas de desenvolvimento rural priorizem a
diversidade cultural, evitando soluções padronizadas. Isso implica incorporar saberes locais na
formulação do PCVM, promover campanhas educativas sensíveis à cultura local, fortalecer a
participação feminina e adoptar uma abordagem fenomenológica que priorize a "experiência
vivida" das comunidades. Em última análise, o sucesso dos projectos de desenvolvimento rural
depende de uma abordagem que transcenda o técnico e abrace integralmente o sociocultural,
garantindo que a mandioca seja revalorizada culturalmente e integrada às identidades e práticas
locais, transformando-a num verdadeiro símbolo de resiliência e desenvolvimento sustentável.

2.6. A Lacuna identificada na Revisão de Literatura


A principal lacuna identificada na revisão de literatura, que o estudo em análise busca preencher,
não se limita à mera constatação da existência de barreiras socioculturais e estruturais à
aceitação da mandioca. Pelo contrário, a insuficiência da literatura reside na sua capacidade de
explorar como os projetos de desenvolvimento agrícola falham em integrar e valorizar
efectivamente estes aspectos culturais e simbólicos, apesar de reconhecer sua existência. A
literatura existente identifica com precisão as barreiras (como a associação da mandioca à
pobreza, a presença de mitos e sua ausência em rituais, bem como a exclusão de mulheres e
líderes tradicionais) que dificultam a aceitação da mandioca. Contudo, ela não aprofunda
suficientemente a natureza da desconexão entre as políticas de desenvolvimento de base técnica
e as complexas realidades culturais e simbólicas das comunidades locais.

A segurança alimentar, como argumenta o estudo, transcende a simples disponibilidade


técnica ou nutricional de alimentos. Ela abrange, de forma crucial, a maneira como esses
alimentos são valorizados culturalmente e integrados às identidades e práticas cotidianas das
comunidades. Embora a revisão de literatura reconheça a marginalização cultural da mandioca,

10
ela não detalha com a profundidade necessária como essa desconexão entre o "saber técnico"
imposto e o "saber local/cultural" enraizado perpetua a insegurança alimentar, mesmo diante de
avanços técnicos significativos e da implementação de projectos como o PCVM. A falha reside,
portanto, na abordagem dos próprios projectos. A lacuna aponta para a ausência de estratégias
eficazes dentro dos projectos de desenvolvimento agrícola para incorporar e valorizar estes
aspectos culturais. O PCVM, por exemplo, é percebido pelas comunidades como uma
"imposição externa" e desconectado de suas práticas e crenças locais, o que gera desconfiança e
resistência. A literatura compulsada, embora aponte para a necessidade de repensar a abordagem
do projecto para garantir maior inclusão e integração cultural, não explora em profundidade a
natureza dessa desconexão e suas implicações operacionais e simbólicas.

Esta observação central pode ser compreendida como uma "lacuna de implementação" no
próprio corpo da literatura. Ela vai além de uma simples descrição de problemas para uma
avaliação crítica de como as intervenções de desenvolvimento são concebidas e executadas. A
literatura existente identifica as barreiras, mas não explora adequadamente os mecanismos de
falha na integração dessas dimensões culturais. Isto sugere que futuras pesquisas e práticas de
desenvolvimento precisam mudar o foco da mera identificação de problemas para a
compreensão e o enfrentamento das falhas sistêmicas na integração de contextos culturais no
projecto e execução de iniciativas. A persistência de "percepções de imposição externa" e a
consequente "redução da legitimidade do PCVM junto às comunidades" indicam uma crise de
legitimidade e confiança. Isto implica que a solidez técnica do projecto se torna irrelevante se ele
carece de aceitação social e confiança. A desconexão não é apenas um mal-entendido cultural; é
uma ruptura fundamental na relação entre os implementadores do projecto e os beneficiários,
resultando em resistência activa em vez de uma simples não-adopção passiva. A legitimidade do
projecto, construída sobre a confiança e a cocriação com as comunidades locais, é tão crucial
quanto a eficácia técnica para resultados de desenvolvimento sustentáveis.

2.6.1. A Contribuição do Estudo para Preencher a Lacuna

Para abordar a lacuna fundamental identificada na literatura, o estudo adopta uma metodologia
qualitativa baseada na abordagem fenomenológica. Esta escolha metodológica não é arbitrária;
ela é uma resposta directa à necessidade de compreender as "experiências vividas" dos
agricultores familiares, líderes comunitários e técnicos envolvidos no PCVM. Ao focar nos
"significados atribuídos à mandioca e aos processos de mudança tecnológica e organizacional", o
estudo transcende a simples identificação de barreiras, aprofundando-se nas subjectividades e

11
percepções culturais que moldam a aceitação ou rejeição da mandioca. A fenomenologia, ao
priorizar a experiência vivida e a construção de significados, busca inerentemente compreender
as realidades subjectivas e as construções culturais, o que contrasta fortemente com abordagens
puramente técnicas que podem negligenciar estas dimensões. O estudo, portanto, argumenta
implicitamente que, para preencher a lacuna entre o técnico e o cultural, é preciso primeiro
compreender profundamente a perspectiva cultural a partir de dentro.

O estudo, ao adoptar a fenomenologia, não faz apenas uma escolha metodológica, mas
oferece uma ponte entre a compreensão técnica e cultural. Esta abordagem é essencial para
desvendar as causas-raiz da falha dos projectos e para conceber intervenções verdadeiramente
sensíveis ao contexto. Além disso, os objectivos específicos do estudo, que incluem a proposta
de estratégias para integrar conhecimentos locais e dinâmicas culturais em políticas de
desenvolvimento rural , posicionam a pesquisa como uma ponte entre a compreensão teórica e a
aplicação prática. Ao focar em como integrar o conhecimento local e as dinâmicas culturais, o
estudo visa fornecer caminhos concretos para superar a desconexão identificada.

2.6.2. Implicações da Lacuna

A persistência da lacuna na literatura, que se traduz na desconexão entre as estratégias de


desenvolvimento e as realidades socioculturais locais, acarreta consequências significativas e
prejudiciais. Ela perpetua a ineficácia de projectos como o PCVM, mesmo diante de avanços
técnicos consideráveis na produção de mandioca. A falta de valorização cultural da mandioca e a
exclusão sistemática de saberes locais e de actores-chave, como mulheres e líderes tradicionais,
resultam em baixa aceitação da cultura, subutilização de um recurso estratégico e um reforço das
desigualdades estruturais existentes. Quando as soluções são impostas externamente e não se
alinham com as identidades e práticas cotidianas das comunidades, a segurança alimentar
permanece vulnerável. A desconexão entre políticas e experiências culturais, portanto, perpetua
a insegurança, mesmo com avanços técnicos. Isto significa que abordar esta lacuna na literatura
não é apenas um exercício acadêmico, mas uma necessidade prática para alcançar resultados de
desenvolvimento sustentáveis e evitar o desperdício de recursos em projectos ineficazes.

Para superar esta desconexão e promover um desenvolvimento rural mais eficaz e


sustentável, as seguintes recomendações são propostas, baseadas nas observações do estudo: É
imperativo que o PCVM e projec tos futuros incluam activamente lideranças comunitárias,
agricultores e mulheres no processo decisório. Isso implica na cocriação de estratégias que
estejam verdadeiramente alinhadas às necessidades e contextos locais. A governança

12
participativa deve ser fortalecida, priorizando a "experiência vivida" das comunidades para que
as políticas considerem os impactos simbólicos e culturais, não apenas os econômicos ou
nutricionais. Estratégias de comunicação e educação nutricional sensíveis à cultura local são
cruciais. Campanhas devem desmistificar mitos e integrar a mandioca a festividades,
preparações culinárias tradicionais e narrativas orais, redefinindo seu valor simbólico e
transformando sua percepção de "alimento de última necessidade" para um símbolo de
resiliência. Dada a centralidade das mulheres nas atividades de beneficiamento da mandioca, é
fundamental criar cotas de representação em conselhos de cooperativas e oferecer capacitação
técnica específica para agricultoras, reconhecendo seu papel e abordando as barreiras estruturais
que enfrentam, como o acesso limitado a crédito e terra. Os projetos devem priorizar a
compreensão profunda das percepções e significados locais. Isso garante que as políticas
considerem os impactos simbólicos e culturais, não apenas os econômicos ou nutricionais,
promovendo uma aceitação mais orgânica e duradoura.

O estudo reforça a necessidade de políticas públicas de desenvolvimento rural que


priorizem a diversidade cultural, evitando soluções padronizadas e reconhecendo que a
mandioca pode se tornar um recurso estratégico para a segurança alimentar em Massingir apenas
se for revalorizada culturalmente e integrada às identidades e práticas locais. As recomendações
apresentadas indicam uma mudança necessária do modelo de "identificação de problemas" para
a "cocriação de soluções". Isso implica que o caminho a seguir para os estudos e práticas de
desenvolvimento envolve ir além da análise para advogar ativamente e facilitar abordagens
participativas e culturalmente integradas.

2.6.3. Conclusão: A Relevância da Integração Sociocultural para a Segurança Alimentar


Sustentável

A revisão da literatura e a análise aprofundada do Projecto Cadeia de Valor da Mandioca em


Massingir demonstram que a relação entre o projecto e a segurança alimentar é profundamente
mediada por dinâmicas socioculturais complexas. Esta análise revela uma lacuna crítica na
forma como os projectos de desenvolvimento abordam a integração cultural. Esta pesquisa visa
preencher esta lacuna ao analisar, sob uma perspectiva fenomenológica, como a desvalorização
cultural da mandioca, a exclusão de mulheres e lideranças comunitárias dos processos
decisórios, e a percepção de imposição externa comprometem a eficácia do PCVM, apesar do
potencial técnico inegável.

13
O sucesso de projectos de desenvolvimento rural, especialmente em contextos de alta
vulnerabilidade, depende de uma abordagem que transcenda o técnico e abrace integralmente o
sociocultural. A segurança alimentar, como evidenciado, não é meramente uma questão de
acesso físico a alimentos, mas fundamentalmente de como esses alimentos são valorizados
culturalmente e integrados ao tecido social das comunidades. A transformação da mandioca de
um "alimento de emergência" – associado a crises e escassez – em um símbolo de resiliência e
desenvolvimento sustentável exige um profundo respeito pela identidade local e uma integração
profunda dos saberes e práticas culturais nas estratégias de intervenção.

O caso da mandioca em Massingir serve como uma metáfora poderosa para os desafios
mais amplos do desenvolvimento. Sua jornada de "alimento de última necessidade" para um
potencial "símbolo de resiliência e desenvolvimento sustentável" espelha a própria
complexidade do desenvolvimento. O insucesso do PCVM, em muitos aspectos, é um
microcosmo de questões sistêmicas maiores na ajuda ao desenvolvimento: a imposição de
soluções externas sem uma compreensão adequada das realidades locais, o que invariavelmente
leva à resistência e a resultados subótimos. Em última análise, a relevância da integração
sociocultural é primordial para a formulação de estratégias mais sensíveis ao contexto cultural,
garantindo a sustentabilidade e a equidade dos esforços de desenvolvimento.

2.7. Identificação do Problema


O distrito de Massingir, em Moçambique, enfrenta um cenário de grave insegurança alimentar,
com 84,5% da população rural em situação de insegurança alimentar severa, caracterizada pela
falta de acesso físico ou económico a alimentos (Mutie & José, 2022). Diante deste contexto
crítico, o Projecto Cadeia de Valor da Mandioca (PCVM), implementado desde 2017, visava
melhorar a segurança alimentar através da introdução de variedades de mandioca resilientes a
condições de baixa pluviosidade (FAO, 2017).

No entanto, a mandioca, uma cultura anteriormente incomum em Massingir, encontrou


forte resistência por parte das comunidades locais, enraizada em costumes e valores tradicionais.
Apesar do seu potencial para garantir alimentação e gerar renda, a introdução desta nova cultura
gerou desconfiança e incerteza, desafiando crenças, valores e práticas estabelecidas. Esta
resistência resultou no subaproveitamento dos campos mapeados pelo PCVM e no abandono das
unidades de processamento instaladas, que ficaram sem uso devido à baixa demanda. O estudo
de Macuácua (2022) identifica o problema central como a rejeição da mandioca e seus derivados
pelas comunidades de Massingir, onde a produção nos campos mapeados pelo PCVM não está
sendo consumida nem processada nas unidades instaladas. Tal situação compromete não apenas

14
a confiança das comunidades no projeto, mas também a viabilidade económica da cadeia de
valor da mandioca, colocando em risco os objetivos de segurança alimentar e desenvolvimento
local propostos pela iniciativa.

A problemática central, portanto, reside na rejeição da mandioca e seus derivados pelas


comunidades de Massingir, levantando a questão fundamental: outras culturas tradicionais estão
suprindo a necessidade alimentar, ou a rejeição da mandioca está criando um vácuo que agrava a
insegurança alimentar? A pesquisa busca investigar se a resistência à mandioca é um obstáculo
ao desenvolvimento ou se reflete uma dinâmica local que prioriza outras formas de subsistência
e segurança alimentar.

A partir deste problema central, a pergunta de pesquisa que emerge é: quais são os
fatores que influenciam a apropriação e a utilização do PCVM no distrito de Massingir?

2.8. Objetivos da Pesquisa

2.8.1. Objectivo Geral:

- Analisar como os aspectos socioculturais influenciam a relação entre o PCVM e a segurança


alimentar em Massingir.

2.8.2. Objectivos Específicos:

 Analisar a influência dos factores socioculturais, de gestão e económicos na percepção


do PCVM.

 Interpretar como os significados atribuídos ao PCVM moldam sua (des)apropriação.

 Determinar o impacto da (des)apropriação do PCVM na segurança alimentar.

2.9. Hipótese de trabalho


Esta proposta investigará a seguinte hipótese de trabalho:

Os factores socioculturais influenciam a percepção dos pequenos produtores sobre o PCVM,


moldando sua (des)apropriação, o que, por sua vez, impacta significativamente a segurança
alimentar no distrito de Massingir.

15
2.9.1. Operacionalização da Hipótese de Trabalho

A operacionalização da hipótese envolverá as seguintes etapas e a utilização de categorias de


análise específicas:

1. Definição de Variáveis e Indicadores:


o Crenças, Valores e Práticas Socioculturais: Serão investigadas as percepções e
os significados atribuídos à mandioca e ao PCVM. Isso inclui a identificação de
mitos, tabus, associações históricas (por exemplo, "alimento de última
necessidade"), o papel da mandioca em rituais e festividades, e a hierarquia
simbólica em relação a outras culturas como o milho. As práticas de cultivo,
processamento e consumo da mandioca, bem como as dinâmicas de género e
poder na comunidade, serão observadas.
o Significados Atribuídos ao PCVM: Será analisado como os pequenos
produtores interpretam o projeto – se o veem como uma imposição externa, uma
oportunidade, ou algo desconectado de suas realidades. As expectativas em
relação ao projeto e as críticas/sugestões apresentadas pelos beneficiários serão
cruciais.
o Apropriação (ou Desapropriação) do Projecto: Será avaliado o grau de adesão
dos produtores às unidades de processamento, o uso dos campos mapeados pelo
PCVM e a integração das novas variedades e técnicas nas rotinas produtivas e
alimentares. A participação em reuniões e associações ligadas ao projeto também
será um indicador.
o Implicações na Segurança Alimentar: Será investigado como a apropriação ou
rejeição da mandioca e do PCVM afeta a disponibilidade, o acesso e a utilização
de alimentos pelas famílias, e se a resistência à mandioca agrava a insegurança
alimentar ou se outras culturas tradicionais estão suprindo essa necessidade.

Ao operacionalizar a hipótese desta forma, a pesquisa busca não apenas confirmar a influência
dos fatores socioculturais, mas também desvendar os mecanismos pelos quais esta influência se
manifesta, contribuindo para a formulação de projectos de desenvolvimento mais eficazes e
culturalmente sensíveis em Massingir.

16
3. Enquadramento Teórico
Em vista dos argumentos dos autores acima mencionados, esta pesquisa será baseada na teoria
construtivista, visto que o paradigma construtivista pressupõe que todo o conhecimento sobre a
realidade depende das práticas humanas e é construído por meio da interação entre as pessoas e o
mundo no qual vivem, sendo transmitido em um contexto social (Creswell, 2007). Além disso,
os pesquisadores qualitativos podem usar uma estrutura interpretativista geral ou estrutura
interpretativista específica, que inclui o construtivismo social como teoria social crítica (Ibidem).

Portanto, as pessoas tentam entender o mundo em que vivem e trabalham. Elas


desenvolvem significados subjectivos para suas experiências voltados directamente para certos
objectos ou coisas. Esses significados são variados e múltiplos, levando o pesquisador a buscar
uma complexidade de visões, em vez de estreitar significados em poucas categorias ou ideias
(Saccol, 2009. p. 262).

A abordagem construtivista mostra-se vantajosa para esta pesquisa porque vai permitir
uma compreensão profunda das experiências e significados relacionados ao Projecto Cadeia de
Valor da Mandioca, levando em consideração a diversidade de perspectivas e a multiplicidade de
factores que influenciam a produção, processamento e consumo da mandioca e seus derivados.
Também vai possibilitar a análise crítica do projecto e a formulação de propostas para sua
melhoria.

A pesquisa terá um caráter interdisciplinar, combinando elementos da sociologia, da


antropologia e do desenvolvimento. A fenomenologia de Schutz, a teoria das práticas sociais de
Schatzki e a teoria das capacidades de Sen serão articuladas para oferecer uma compreensão
holística do fenômeno em estudo. Essa abordagem permitirá analisar a relação entre o projeto da
cadeia de valor da mandioca e a segurança alimentar sob diferentes perspectivas, considerando
tanto os aspectos subjetivos quanto os objetivos, as dimensões individuais e sociais, e as
estruturas locais e globais.

Deste modo, a pesquisa será embasada em um arcabouço teórico construtivista, que


integrará as contribuições de Schutz, Schatzki e Sen, conforme o quadro abaixo:

Quadro 01: Quadro teórico e Temas Centrais.


Dimensão Teoria Temas Centrais Questões de Pesquisa
para Análise
Quais os significados culturais e sociais

17
atribuídos à mandioca? Como as
Significados, pessoas percebem o projecto e seus
Alfred percepções, impactos? Quais as expectativas dos
Fenomenológica Schutz valores, beneficiários em relação ao projecto?
(1967) experiências Como as experiências subjectivas
subjectivas influenciam as práticas alimentares e as
decisões relacionadas à produção e
consumo da mandioca?
Quais as práticas sociais envolvidas no
cultivo, processamento e consumo da
Práticas sociais, mandioca? Como o projecto influencia
Prática Theodore rotinas, essas práticas? Quais são os
Schatzki habilidades, conhecimentos tradicionais e as novas
(2002) conhecimentos, habilidades adquiridas pelos
contextos agricultores?
Como os contextos social, cultural e
histórico moldam as práticas
relacionadas à mandioca?

Quais são os intitulamentos dos


diferentes grupos sociais em relação à
Intitulamentos, mandioca? Quais são as principais
Econômica acesso a recursos, barreiras ao acesso à mandioca? Como
desigualdades, o projecto influencia a distribuição de
oportunidades, benefícios e a redução das
bem-estar desigualdades?
Amartya Como a renda, o preço da mandioca e a
Sen (1981). disponibilidade de outros alimentos
influenciam a dieta das famílias?
Como o projecto contribui para o
Capacidades, desenvolvimento das capacidades dos
Social agência, justiça agricultores? Quais as oportunidades
social para ampliar a agência dos pequenos
produtores? Como o projeto promove a
justiça social na comunidade?
Fonte: Pesquisador (2024).

A pesquisa, com base na fenomenologia de Schutz, buscará compreender os significados que a


mandioca possui para os agricultores e consumidores de Massingir, e como estes significados
influenciam suas práticas e decisões. A teoria das práticas sociais de Schatzki será utilizada para
analisar as rotinas e as habilidades envolvidas na produção e no consumo da mandioca, enquanto
a teoria de Sen nos permitirá avaliar as capacidades e os intitulamentos dos diferentes grupos
sociais em relação a mandioca, considerando as desigualdades de gênero, idade e acesso à terra.

18
É importante destacar que esta pesquisa não se limitará apenas às três teoria acima
apresentadas, mas sim buscará integrar diferentes perspectivas para construir uma compreensão
mais completa do fenômeno em análise.

Para efeitos de complementaridade, serão chamados à colação a teoria culturalista,


defendida por Geertz, que enfatiza a importância da cultura na construção da realidade social.
Através desta teoria, será possível analisar como os aspectos socioculturais locais influenciam a
percepção, os hábitos alimentares e as experiências sensoriais dos beneficiários em relação à
mandioca e seus derivados. Também a teoria da participação, defendida por Chambers, que
enfatiza a importância da participação das comunidades no processo de desenvolvimento. Esta
teoria será utilizada para avaliar como o Projecto Cadeia de Valor da Mandioca tratou os
aspectos socioculturais locais e para identificar lacunas e oportunidades de melhoria na
participação das comunidades.

Ao utilizarmos estas teorias de forma integrada e crítica, o estudo poderá contribuir para
uma compreensão mais profunda das experiências dos participantes do Projecto Cadeia de Valor
da Mandioca, dos factores que influenciam a (des)apropriação do projecto e do impacto do
projecto na segurança alimentar das comunidades do distrito de Massingir.

4. Trajectória metodológica
4.1. Tipo de estudo
Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, pois envolve processos de pesquisa sistemáticos e
contextualizados para interpretar as maneiras como os humanos dão sentido às suas
experiências, contextos e ao mundo (Sage, 2021).

Este estudo enquadra-se nesta modalidade de investigação porque aspira compreender as


nuances do projecto cadeia de valor da mandioca, caracterizado por dinâmicas entre indivíduos,
grupos e fenómenos de contexto que reflectem a forma como as pessoas dão sentido e
interpretam as suas próprias experiências.

4.2. Método de pesquisa


Considera-se método de pesquisa a observação sistemática dos fenómenos da realidade através
de uma sucessão de passos, orientados por conhecimentos teóricos, buscando explicar a causa
desses fenómenos, suas correlações e aspectos não-revelados (Goldenberg, 2004. P.105).

A pesquisa se aprofunda na abordagem fenomenológica de Schutz. Esta abordagem


permitirá explorar o “caráter oculto” da evidência (Creswell, 2007). A pesquisa fenomenológica
permite descobrir e descrever a essência de uma determinada experiência (Sage, 202; Creswell

19
& Poth, 2018). Pois, busca estudar as estruturas essenciais dos fenômenos na consciência e
compreender como os aspectos socioculturais se relacionam com o consumo da mandioca, a
política, o poder e a construção de significados sobre o projeto.

4.2.1. Abordagem Fenomenológica

Esta abordagem vai permitir a compreender o significado da mandioca. Pois, a fenomenologia,


inspirada na obra de Edmund Husserl e Alfred Schutz, permite desvendar o significado da
mandioca na vida das pessoas de Massingir através da análise das experiências e perspectivas
subjectivas e intersubjetivas dos participantes, buscando compreender como a mandioca e seus
derivados é percebida, interpretada e vivenciada no contexto sociocultural do distrito.

Também, através do foco nas experiências dos participantes, a pesquisa vai-se concentrar
nas experiências dos produtores, processadores, consumidores e líderes comunitários em relação
ao projeto explorando as percepções, sentimentos, crenças e valores relacionados à mandioca e
ao projeto.

4.3. Delimitação do campo de análise


O estudo será desenvolvido no distrito de Massingir, Província de Gaza. Massingir,
concretamente nas comunidades de Tihovene, Chinhangane, Banga, Zulo, Chibotane,
Maconguele e Madingane. Com 534 produtores (384 mulheres) organizados em 6 associações e
8 produtores singulares, onde foram plantados 73.25 hectares de mandioca, incluindo as duas
unidades processadoras (FAO, 2017).

4.4. Critérios de Elegibilidade


i. Diversidade: A pesquisa vai incluir participantes de diferentes comunidades que
acolheram o projecto, faixas etárias maiores de 18 anos, ambos gêneros e níveis de
conhecimento sobre a mandioca.

ii. Representatividade: A pesquisa terá que assegurar que os diferentes grupos de interesse
estejam representados nas entrevistas.

iii. Experiência: Priorizar participantes que tenham experiência direta com o projeto cadeia
de valor da mandioca.

iv. Disponibilidade: A pesquisa vai selecionar participantes que estejam disponíveis para
participar da entrevista.

20
4.5. Métodos de Amostragem
Amostragem é intencional. Este método permitirá a seleção estratégica de participantes com
base em sua capacidade de fornecer “insights” ricos e relevantes para o estudo. Pois, vai permitir
obter uma compreensão profunda das experiências e perspectivas relacionados à produção e
consumo de mandioca, segurança alimentar e aspectos socioculturais.

A técnica de seleção é bola de neve (Creswell, 2013). Esta técnica permite começar com
um pequeno número de participantes que serão pedidos que indiquem outros com experiências
relevantes.

4.6. Tamanho da Amostra


Em geral 10 a 25 participantes são suficientes para um estudo fenomenológico alcançar os
participantes com diferentes perspectivas (Creswell, 2013; Flick, 2014).

Contudo, o número exacto de participantes dependerá do alcance do objectivo do estudo


tendo em conta a riqueza das informações colectadas que poderão desencadear com a saturação
dos dados (repetição de informações) (Creswell, 2013). É importante lembrar que uma
amostragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas
múltiplas dimensões (Minayo, 2001).

4.7. Colecta de dados


Para colecta de dados o estudo vai privilegiar a observação participante, entrevistas em
profundidade, individuais e em grupo focal, consulta a arquivos e documentos do projecto cadeia
de valor da mandioca (Creswell, 2013).

O estudo vai privilegiar a observação participante para captar as práticas cotidianas


relacionadas à produção, processamento e consumo de mandioca e seus derivados e as interações
sociais no contexto do projecto cadeia de valor da mandioca. Durante a observação poderão ser
conduzidas entrevistas ambulantes (Gez, 2022. p. 11).

Entrevistas em profundidade também serão administradas para explorar as percepções,


experiências e significados atribuídos ao projecto pelos participantes.

A pesquisa também irá trabalhar com grupos focais para promover a discussão e a troca
de experiências entre os participantes.

E a análise documental para complementar as informações obtidas através das entrevistas


e observações, analisando documentos como relatórios do projecto, registros históricos e
materiais de comunicação.

21
Notas de campo dos entrevistadores contendo informações demográficas dos
participantes (sexo, idade, identidade étnica, nível de escolaridade, local de nascimento, estado
civil e ocupação actual), serão utilizadas para contextualizar as entrevistas.

O controle de qualidade das entrevistas será mantido por meio de sessões regulares de revisão
por pares, entrevistadores e o supervisor de campo bem como os participantes (Sage, 2021).

4.8. Questões éticas


Na elaboração do projecto de pesquisa é importante prever as questões éticas que podem surgir
no decurso da investigação e incorporar boas práticas na proposta (Creswell, 2007). Neste
sentido, o factor contextual será determinante na abordagem desta matéria (Santi, 2012).

Por isso, cada participante assinará um termo de consentimento (vide em anexo),


aprovado pelo Comité Nacional de Bioética para a Saúde de Moçambique (CNBS). Os
participantes deverão ser informados que não receberão nenhuma compensação pela participação
na forma de pecúnia.

4.9. Tratamento e análise de dados


Nesta pesquisa a análise dos dados será contínua durante todo o estudo (Creswell, 2007: 192) e
os procedimentos de análise dos dados com incidência para: (1) um processo interativo de
revisão de casos e classificação de dados em categorias emergentes com memorandos anexados,
(2) identificação de temas emergentes, e (3) comparação de dados de novos casos com casos
existentes e posterior revisão de categorias e temas. revisões semanais de casos entre os
membros da equipe de pesquisa, nas quais casos específicos serão discutidos pela equipe até que
haja consenso, pois servirão para definir e aumentar a credibilidade dos resultados da pesquisa.

Também haverá “briefing” entre pares que fornecerá um ambiente no qual hipóteses
podem ser desafiadas. A análise de dados será realizada com base nas características
demográficas dos grupos por preferências alimentares amostrais para identificar diferenças entre
as categorias com auxílio de ferramentas de analise de dados (Creswell, 2007: 197) como o
Nvivo ou Maxda.

Ademais, a pesquisa irá basear-se na análise de conteúdo (Minayo, 2001:45) e pela


indução far-se-á a tabulação numa triangulação de dados (Aires, 2015, p. 55), das informações
advindas da revisão teórica da literatura.

5. plano de trabalho e cronograma de actividades

22
É um esclarecimento e um controle do tempo necessário ao desenvolvimento da pesquisa.
Detalha as diferentes fases do projecto, apresentando numa tabela o período correspondente a
cada actividade da execução do projecto (Fonseca, 2012. p. 49).

5.1. Plano de trabalho


a) Revisão preliminar da literatura e refinamento do tema
Revisão detalhada e identificação da teoria fundamental para identificação de lacunas e
elaboração do quadro teórico e conceptual a decorrer de março a dezembro de 2023. Sob
responsabilidade do estudante devendo contar com a o apoio dos professores e pares para o
refinamento dos objectivos da pesquisa. este processo decorrerá na sala de aulas, biblioteca e em
outos locais.

b) Identificação da metodologia
Selecionar a metodologia e (tipo de abordagem, método, técnicas de colecta e analise dos
dados). Estabelecer critérios de selecção da amostra. Conceber os guiões de entrevistas
semiestruturados. Realizar os testes dos instrumentos de recolha de dados para o ajuste dos
guiões e a metodologia. O estabelecimento dos critérios metodológicos vai decorrer nos meses
de janeiro e fevereiro de 2024 e vai decorrer na sala de aulas, biblioteca e em outros locais de
estudo. A testagem dos instrumentos de colecta de dados será no distrito de Massingir a realizar
no mês de fevereiro de 2024.

c) Identificação do supervisor e submissão

Revisão do projecto de pesquisa junto com o supervisor (março a abril de 2024). Submissão da
proposta de projecto à banca examinadora (junho de 2024).

d) Colecta e analise de dados

A colecta de dados e análise preliminar (A realização de entrevistas, individuais, grupos focais e


a realização das entrevistas será durante os meses de agosto á outubro de 2024 no distrito de
Massingir. A analise preliminar vai decorrer nos meses de agosto á outubro de 2024.

e) Redação

Desenvolver os capítulos, concluir a analise de dados e preparação de artigos (dois capítulos)


para publicar. Esta actividade vai decorrer na biblioteca particular com previsão de realização de
retiro na praia de Bilene nos meses de janeiro de 2025 á maio de 2026. A submissão de artigos
será nos meses de fevereiro e agosto de 2025. Os encontros com o supervisor serão bimensais,

23
contudo o estudante vai proceder a actualização mediante o envio de relatórios das actividades
desenvolvidas mensalmente.

f) Revisão, defesa e publicação

Fazer a revisão completa da tese. Preparar a apresentação para a defesa. Preparar a tese para
publicação. A revisão vai decorrer nos meses de janeiro a maio de 2026, vai contar com
colaboração do supervisor e de um revisor linguístico. Nesta vai-se fazer a verificação da
adequação as normas e regulamento de culminação de cursos de pós-graduação da UEM. a
verificação da coerência da escrita, verificação da inclusão de toda a bibliografia na lista de
referências bibliográficas. A preparação da defesa inclui a preparação da apresentação em PPT e
ensaio junto com o supervisor e pares para refinamento, nos meses de Novembro a Dezembro de
2026 e neste ultimo realizar a defesa pública, publicação da tese no mês de Dezembro de 2026.

5.2. Cronograma das actividades


Quadro 1: cronograma de actividades.

Fonte: pesquisador (2024)

24
6. Referências

a) Livros:
1. Afonso, C. (2019). Apropriação social de projectos de desenvolvimento rural: um estudo de caso
no distrito de Massingir. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
2. Afonso, José Carlos. (2016). Apropriação e reprodução social: a dinâmica das relações sociais de
produção e reprodução da mandioca no distrito de Massingir. Dissertação (Mestrado em
Sociologia) - Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.
3. Aires, J. S. et al. (2012). (In) Segurança alimentar em famílias de pré-escolares de uma zona rural
do Ceará. São Gerardo, Fortaleza (CE), Brasil. Acta Paul Enferm. 2012;25(1):102-108.
4. Albino, João Bernardo. (2002). As culturas tradicionais e o desenvolvimento sustentável em
Moçambique. Maputo: Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário.
5. Amaral, A. (2018, 21 de dezembro). O quotidiano sociológico. Em homenagem ao sociólogo
moçambicano Elísio Macamo alusivo ao seu aniversário.
https://okotidianosociologico.blogspot.com/
6. António, J. (2018). A cadeia de valor da mandioca no distrito de Massingir: desafios e
perspectivas. Dissertação (Mestrado em Economia Agrícola) - Universidade Eduardo Mondlane,
Maputo.
7. Bandeira, A. (2007). Projectos de Inovação Comunitária – Manual de Suporte à Implementação
da Metodologia. Lisboa: K´Cidade.
8. Bargas, J.K.R. (2015). Alfred Schutz and cultural studies: theoretical frameworks and conceptual
dialogue. LOGOS 43 Dossiê: Cotidiano e Experiênce. Vol.22, Nº 02. 2015. E-mail:
[email protected]
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Massingir”. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
12. Caetano, F. (2012). A mandioca em Moçambique: Produção, comercialização e consumo.
Maputo: Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário.
13. Caride, J. A. G. (2007). Educação e desenvolvimento comunitário local: perspectivas
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id=37416210
16. Costa, A. P. (2015). Investigação Qualitativa: Inovação, Dilemas e Desafios. Aveiro: Ludomedia.
ISBN: 978-972-8914-46-2

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17. Costa, C. (2015). Quando nos (des) Envolvemos em Projetos de Desenvolvimento Local…
Análise Crítica da Prática Profissional. Instituto Superior de Serviço Social do Porto (ISSSP)
Cooperativa de Ensino Superior de Serviço Social, CRL, Porto.
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19. Creswell, John W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto / John
W. Creswell ; tradução Luciana de Oliveira da Rocha. - 2. ed. - Porto Alegre: Artmed,2007. 248
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20. Creswell, JW e Poth, CN (2018). Investigação qualitativa e desenho de pesquisa: Escolhendo
entre cinco abordagens (4ª ed.). Thousand Oaks, CA: Sábio.
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22. Denzin, NK, Lincoln, YS e Smith, LT (2008). Manual de metodologias críticas e indígenas.
Thousand Oaks, CA: Sage.
23. Douglas, M. (1973). Natural symbols: Explorations in cosmology. London: Routledge & Kegan
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28. Flick, U. (2014). An Introduction to Qualitative Research. London: Sage Publications.
29. Fonseca, R. C. V. da. (2012). Metodologia do trabalho científico. 1.ed. ver. – Curitib, PR:
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valor da mandioca no distrito de Massingir. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
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32. Guerra, C de Souza & Cardoso, F., (2017). A influência da Cultura do Consumo na Alimentação
Humana: A (In) Sustentabilidade do Consumo de Proteína Animal. Congressso Internacional de
Contemporaneidade, 8 a 10 de Novembro de 2017 - Santa Maria / RS. UFSM - Universidade
Federal de Santa Maria.
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34. Honwana, A. (2004). Género e desigualdade em Moçambique: Uma abordagem sociológica.
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35. Latour, B. (2005). Reassembling the social: An introduction to actor-network theory. Oxford:
Oxford University Press.
36. Macamo, E. (2004). A leitura sociológica: um manual introdutório. Imprensa universitária. UEM.
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37. Macamo, E. (2022). Sociologia Prática: Como os Sociólogos Pensam o Desenvolvimento.
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45. Nhancale, F. (2012). Tecnologias e desenvolvimento rural em Moçambique: Desafios e
perspectivas. Maputo: Editora Escolar.
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São Paulo: Cortez.
48. Santos, A. (2021). Os desafios da apropriação social de projetos de desenvolvimento rural: o caso
do projeto cadeia de valor da mandioca no distrito de Massingir. Maputo: Universidade Eduardo
Mondlane.
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51. Sitoe, A. (2018). Impacto Social dos Projetos de Desenvolvimento da Cadeia de Valor da
Mandioca em Moçambique. Maputo: IESE.
52. Smith, J., Flores, P. e Larkin, M. (2009). Análise fenomenológica interpretativa: Teoria, método
e investigação. Londres, Reino Unido: Sage.
53. Smith, M. K. (2011). “Community development”, the encyclopaedia of informal education,
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54. Stutchbury ,K.; Biard, O. (2023). Practical theorising for the implementation of educational
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56. Van Manen, M. (2016). Fenomenologia da prática: Métodos de dar sentido na pesquisa e escrita
fenomenológica. Nova York, NY: Routledge.
57. Van Manen, M. (2018). Pesquisando experiência vivida: Ciências humanas para uma pedagogia
sensível à ação (2ª ed.). Nova York, NY: Routledge.

b) Artigos:
58. Abbas, M. (2017). (In) segurança alimentar e território em Moçambique: discursos políticos e
práticas. Revista NERA Presidente Prudente Ano 20, nº. 38 - Dossiê 2017 - ISSN: 1806-6755 pp.
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59. Abbas, M. (2023). Análise da pobreza em Moçambique: tendências e desafios. Maputo: Revista
de Economia e Desenvolvimento, 25(1), 1-20.
60. Adão, S. (2018). A cadeia de valor da mandioca no distrito de Massingir: desafios e perspectivas.
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61. Andrews, M. (2018, dezembro). Public Policy Failure: ‘How Often?’ and ‘What is Failure, Any
way’? CID Working Paper Series 2018.344, Harvard University, Cambridge, MA.
https://www.hks.harvard.edu/centers/cid/publication; https://nrs.harvard.edu/URN-
3:HUL.INSTREPOS:37366381.
62. Bansal, P. e Corley, K. (2011). A maioridade da pesquisa qualitativa: Abraçando a diversidade
dos métodos qualitativos. Jornal da Academia de Administração, 54, 233–237.
63. Bui, T. e Mkandawire, A. (2020). O papel da mandioca na segurança alimentar em Moçambique:
Evidências do distrito de Massingir. Jornal de Estudos de Desenvolvimento, 56(10), 2418-2435.
64. Chichava, A. e João, D. (2016). A cadeia de valor da mandioca em Moçambique: Potencialidades
e desafios. Maputo: Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário.
65. Chichava, A. e João, D. (2021). A (des)apropriação do projecto cadeia de valor da mandioca no
distrito de Massingir (2015-2022). Maputo: Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário.
66. Chichava, S. (2016). A cadeia de valor da mandioca em Moçambique: desafios e oportunidades.
Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
67. Diário Economico (2019-2022). Inaugurado Empreendimento Agro-Pecuário em Gaza.
68. Goulart, L. T. (2017). Igualdade de gênero no mundo do trabalho: Por que isso importa? Revista
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69. Manda, J. (2019). “A apropriação social dos projectos de desenvolvimento rural: o caso do
projecto cadeia de valor da mandioca no distrito de Massingir”. Maputo: Universidade
Pedagógica.
70. Langa, F. (2014). Aspectos Socioculturais nos Projetos de Desenvolvimento Comunitário em
Moçambique. Maputo: IESE. (pp. 1-50).
71. Macuácua, A. H. (2022). Senso de responsabilidade nos projectos de desenvolvimento
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Disponível em: https://doi.org/10.18540/revesvl5iss2pp13852-01e
72. Miranda, J. (2020). A Mandioca como estratégia para a segurança alimentar em Moçambique: O
caso do distrito de Massingir. Maputo: Instituto Superior de Ciências Sociais e Humanas.
73. Nguiraze, A. C. (2011). Moçambique: processos de participação das comunidades rurais no
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74. Nhantumbo, I. (2019). Participação das Mulheres na Cadeia de Valor da Mandioca em
Moçambique. Maputo: Fórum Mulher.
75. Reckwitz, A. (2002). Toward a theory of social practices: A development in culturalist
theorizing. European journal of social theory, 5(2), 243-263.
76. Saué, A. F. T. (2017). Exitos dos projectos de desenvolvimento comunitário.
77. Sen, Amartya, 1981, “Pobreza e Fome: Um Ensaio sobre Direitos e privação” (Oxford:
Clarendon Press).
78. Serra, C., et al. (2017). Análise da Cadeia de Valor da Mandioca em Moçambique. Maputo:
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79. Soeters, S. (2017). Consolidating Contestation and Conflict through Community- Based
Adaptation (CBA). Journal of Geoscience and Environment Protection, 5, 174-193. Disponível
em: https://doi.org/10.4236/gep.2017.511013
80. Gez, Y. N. (2021). The Afterlives of International Development Interventions: A Site-Specific
Ethnographic Approach, The Journal of Development Studies, 57:9, 1511-1526, DOI:
c) Dissertações e Teses:
81. Albino, F. (2022). “O impacto do projecto cadeia de valor da mandioca no distrito de Massingir:
Uma perspectiva socioeconómica”. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento Rural,
Universidade Eduardo Mondlane.
82. Assefa, P. Y. (2004). 35 anos ao serviço das comunidades rurais em Índia - uma abordagem do
desenvolvimento comunitário. 2004. http://base.d-p-h.info/pt/fiches/dph/fiche-dph-7113.html
83. Carmo, H. (2001). A actualidade do desenvolvimento comunitário como estratégia de
intervenção social. Universidade Aberta, Centro de Estudos das Migrações e Relações
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Alimentar e Nutricional no Distrito de Massingir. Universidade Eduardo Mondlane. Maputo.
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Massingir: Uma perspectiva antropológica”. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social,
Universidade Eduardo Mondlane.
87. Francisco, A. (2007). Desenvolvimento Comunitário em Moçambique: contribuição para a sua
compreensão critica, CIEDIMA SARL, Maputo, 2007.
88. Gil, A. C. (2021). O projeto na pesquisa fenomenológica - Anais IV SIPEQ – ISBN - 978-85-
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89. Goffman, E. (1985). A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis, RJ:Vozes.
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Moçambique: Um Estudo de Caso do Distrito de Massingir. Universidade Eduardo Mondlane.
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perspectiva económica”. Dissertação de Mestrado em Economia, Universidade Eduardo
Mondlane.

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92. Krutman, H. M. ( 2004). Fatores Críticos no Êxito da Gestão de Projetos de Desenvolvimento
Local Integrado e Sustentável (DLIS). COPPE/UFRJ, D.Sc. Rio de Janeiro. VIII, 141 p. versão
electrónica;
93. Macuácua, A. H. (2021). Senso de responsabilidade nos projectos de desenvolvimento
comunitário em moçambique: Um estudo de caso dos projectos de desenvolvimento
implementados nas comunidades locais do Distrito de Massingir no período (2010-2018).
Cooperação e Desenvolvimento. Dissertação. UEM, Maputo. 2021;
94. Manjate, F. (2022). “A (des)apropriação da cadeia de valor da mandioca no distrito de
Massingir”. Dissertação (Doutorado em Sociologia) - Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.
95. Massingue, A. (2016). Análise da Situação da Segurança Alimentar e Nutricional no Distrito de
Massingir, Província de Gaza, Moçambique. Universidade Eduardo Mondlane. Maputo

d) Monografias:
96. Bacelar, José. (2020). “Os aspectos socioculturais da cadeia de valor da mandioca no distrito de
Massingir”. Monografia (Licenciatura em Sociologia) - Universidade Eduardo Mondlane,
Maputo.
97. Ncoca, H. M. (2015). Avaliação do Método de Multiplicação Rápida da Semente-estaca de
Mandioca para as Condições da Região Sul de Moçambique. Monografia. ESDR. UEM.
Vilanculos.

e) Documentos Oficiais:
98. Banco Mundial. (2022). Moçambique: Abordagem de Desenvolvimento Comunitário.
Washington, D.C.: Banco Mundial.
99. FAO. (2022). Avaliação do impacto do projeto "Melhoria da Cadeia de Valor da Mandioca na
Província de Gaza". Maputo: FAO.
100. Instituto Nacional de Estatística (INE). (2015). Inquérito Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (INSAN). INE. Maputo.
101. Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural. (2022). Plano Estratégico para o
Desenvolvimento da Cadeia de Valor da Mandioca em Moçambique. Maputo: Ministério da
Agricultura e Desenvolvimento Rural.
102. PNUD. (2020). Guia para a integração da dimensão sociocultural em projetos de
desenvolvimento. Brasília: PNUD.
103. SESSAN-Moçambique. (2018). Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (ENSAN II). Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar. Maputo.

29
7. Apêndices
Apêndice I: Orçamento
Quadro 03: Orçamento do projecto de pesquisa
Descrição Quant. Custo unitário Factor Custo total
multiplicad
or
Subsídio para inquiridores 4x300x20di
01. Pessoal de locais e guias distritais 04 300,00mt as 24000,00mt
apoio
Subtotal 01 24000,00mt
Resma de papel 03 450,00mt 3x450 1350,00mt
02. Canetas 2 Cxs 480,00mt 2 x 480 1500,00mt
Consumíveis de Blocos de notas 10 Unid 90,00mt 10x90 900,00mt
escritório Marcadores 06 Unid 30,00mt 6x30 180,00mt
Agrafadores 03 Unid 120,00mt 3 x 120 360,00mt
Envelopes 25 Unid 15,00mt 25 x 15 375,00mt
Subtotal 02 4665,00mt
03. Material de Flash drive de 8GB 03 750,00mt 2x750 1500,00mt
consumo para Máquina fotográfica 01 Unid 15000,00mt 15000,00mt
informática Celular Smart 02 Unid 12000,00mt 2x12000 24000,00mt
Laptop HP 01Unid 25000,00mt 25000,00mt
Data show 01 Unid 16000,00mt 16000,00mt
Internet/credito 3000,00mt
Impressão 12 300,00mt 12x300 3600,00mt
Encadernação 12 300,00mt 6x300 1800,00mt
Subtotal 03 89900,00mt
04. Diesel (litros) para 1 100Lts 91,23mt 100x91,3 9123,00mt
Combustíveis e (uma) viatura
lubrificantes Gasolina (litros) para 2 60 Lts 86,25mt 2x30x86,5 5190,00mt
(dois) motociclos
Lubrificantes (litros) 10Ltrs 240,00mt 10x240 2400,00mt
Subtotal 04 16713,00mt
05 Almoços/dia 40 dias 1750,00mt/dia 5x40x350 70000,00mt
05. Ajudas de 05 Lanches/dia 40 dias 1250,00mt/dia 11x10x200 50000,00mt
custos Alojamento 40 dias 1500,00mt/dia 40x1500 60000,00mt

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Retiro 5 dias 5000,00mt/dia 5x5000 25000,00mt
10L Água (litros) /dia 40 dias 160,00mt 40x10x40 4600,00mt
Subtotal 05 149600,00mt

Total = 284.878,00mt
Fonte: Pesquisador (2024)

31
Apêndice II: Categorias dos Participantes para Entrevistas em Profundidade:
1. Beneficiários do Projeto Cadeia de Valor da Mandioca:
1.1. Agricultores que cultivam mandioca no âmbito do projecto.
1.2. Famílias que consomem a mandioca e seus derivados.
1.3. Beneficiários que utilizam as unidades processadoras de mandioca.
1.4. Beneficiários que não utilizam as unidades processadoras de mandioca.
2. Lideranças Locais:
2.1. Líderes comunitários.
2.2. Líderes religiosos.
2.3. Líderes tradicionais.
2.4. Agentes de saúde.
2.5. Professores.
3. Representantes das Unidades Processadoras:
3.1. Proprietários das unidades processadoras.
3.2. Gerentes das unidades processadoras.
3.3. Funcionários das unidades processadoras.
4. Técnicos e Extensionistas do Projecto:
4.1. Técnicos agrícolas.
4.2. Extensionistas rurais.
4.3. Nutricionistas.
4.4. Especialistas em desenvolvimento rural.
5. Outros Actores Relevantes:
5.1. Representantes de organizações não governamentais (ONGs).
5.2. Representantes do governo local.
5.3. Pesquisadores e acadêmicos.

32
Apêndice III: Roteiro de Observação para Analise da Relação entre o Projecto Cadeia de
Valor da Mandioca e a Segurança Alimentar em Massingir

1. Contexto histórico e social:


História da mandioca na região:
Quais os usos tradicionais da mandioca?
Como a produção de mandioca se adaptou às mudanças sociais e econômicas?
Contexto socioeconômico:
Quais os principais meios de subsistência da população?
Qual o nível de renda e acesso a serviços básicos?
Quais as principais culturas alimentares além da mandioca?

2. Percepções e significados locais:


Significado da mandioca:
Qual o valor simbólico da mandioca para a comunidade?
Como a mandioca está inserida nas práticas culturais e festividades?
Percepções sobre a segurança alimentar:
O que significa segurança alimentar para os agricultores e consumidores?
Quais os indicadores de segurança alimentar utilizados pela comunidade?
Significado do projeto:
Como o projeto é visto pelos beneficiários?
Quais as expectativas em relação ao projeto?
Quais os impactos percebidos até o momento?

3. Práticas sociais e culturais:


Práticas agrícolas:
Quais as técnicas de cultivo utilizadas?
Como as decisões sobre o cultivo da mandioca são tomadas?
Quais os desafios enfrentados na produção?
Práticas de consumo:
Como a mandioca é preparada e consumida?
Quais os hábitos alimentares da comunidade?
Quais os fatores que influenciam a escolha dos alimentos?
Relações sociais:
Quais as relações de cooperação e conflito entre os agricultores?

33
Como as mulheres participam da produção e do consumo da mandioca?
Quais as relações entre os agricultores e os compradores?

4. Poder e desigualdade:
Acesso a recursos:
Quais as desigualdades no acesso à terra, água, crédito e tecnologias?
Como essas desigualdades influenciam a participação no projeto?
Relações de poder:
Quem toma as decisões sobre a produção e a comercialização da mandioca?
Quais os grupos sociais mais vulneráveis?
Empoderamento:
Como o projeto contribui para o empoderamento das comunidades locais?
Quais os desafios para o empoderamento das mulheres?

5. Cadeia de valor da mandioca:


Produção:
Quais as etapas da produção da mandioca?
Quais os insumos utilizados?
Quais as principais dificuldades enfrentadas pelos agricultores?
Processamento:
Como a mandioca é processada?
Quais os produtos derivados da mandioca?
Quais as tecnologias utilizadas?
Comercialização:
Como os produtos de mandioca são comercializados?
Quais os canais de distribuição?
Quais os preços praticados?

34
Quadro1: Proposta de agenda de observação

Objectivo da Participantes-
Data Local Áreas de Foco Questões Guias Observações Adicionais
Observação chave

Quem participa da reunião? Qual a


representatividade dos diferentes
Participação grupos? Quais são os principais temas
Analisar a Líderes Anotar a linguagem
comunitária, discutidos? Como as decisões são
Casa participação, as comunitários, corporal, o tom de voz e
tomada de tomadas? Há consenso ou divergências?
18/03/2025 comunitária decisões e as agricultores, as interrupções.
decisão,
de Tihovene percepções Quais são as expectativas em relação ao técnicos do Observar se há algum
percepções sobre
sobre o projecto projecto? projecto conflito ou consenso.
o projecto
Quais são as críticas e sugestões
apresentadas?

Quais são as etapas do processo?


Quais equipamentos são utilizados? Colectar amostras de
Analisar o Operadores da
Processamento, farinha para análise
Processadora processo de Qual a qualidade da matéria-prima? máquina,
higiene, posterior (se possível).
20/03/2025 de mandioca produção da técnicos,
segurança Quais são as medidas de higiene Observar as condições
em Banga farinha de supervisor da
alimentar adoptadas? de trabalho e
mandioca produção
armazenamento.
Há algum tipo de treinamento para os
trabalhadores?

22/03/2025 Feira local em Analisar a Comercialização, Quais produtos à base de mandioca são Vendedores, Observar a variedade
Zulo comercialização preços, vendidos? compradores, de produtos, a forma de
da mandioca e preferência do consumidores negociação e a
Quais são os preços praticados?
seus derivados consumidor embalagem.

1
Quem são os principais compradores?
Como os produtos são armazenados e
expostos?

Quais variedades de mandioca são


Analisar as cultivadas?
práticas Quais são as técnicas de plantio e Colectar amostras de
Práticas
Campo de agrícolas e os colheita? Agricultores, solo e plantas (se
agrícolas, uso da
25/03/2025 cultivo em desafios técnicos possível). Observar a
terra, pragas e Quais são os principais problemas
Maconguele enfrentados agrarios qualidade do solo e a
doenças enfrentados pelos agricultores?
pelos presença de pragas.
agricultores Como o projecto tem impactado as
práticas agrícolas?

Quais são os pratos preparados com


mandioca?
Consumo Com que frequência a mandioca é
Analisar o Observar a preparação
Domicílio de alimentar, consumida?
consumo da Agricultor e dos alimentos, a mesa
27/03/2025 um agricultor hábitos
mandioca no Existem tabus ou crenças relacionadas família familiar e a conversa
em Chibotane alimentares,
âmbito familiar ao consumo da mandioca? sobre a alimentação.
preferências
Como a mandioca se encaixa na dieta
familiar?

31/03/2025 Reunião com a Analisar a Organização de Quais são os principais objectivos da Membros da Observar a dinâmica da
associação de organização dos produtores, associação? associação, reunião, a participação
produtores em produtores e demandas, líderes dos membros e as
Como as decisões são tomadas na
Madingane suas demandas desafios decisões tomadas.
associação?
Quais são os principais desafios

2
enfrentados pelos produtores?
Como o projecto tem contribuído para a
organização dos produtores?

Qual a capacidade de produção da


unidade?
Visita à Avaliar a Capacidade
Analisar a
unidade de capacidade de produtiva, Quais são os principais produtos Técnicos da
infraestrutura, os
02/04/2025 processamento produção e a qualidade dos fabricados? unidade,
equipamentos e os
em qualidade dos produtos, trabalhadores
Como é feita a qualidade dos produtos? registos de produção.
Chinhangane produtos mercado
Para onde são comercializados os
produtos?

Qual o papel das mulheres na produção e


comercialização da mandioca?
Reunião com Empoderamento
Analisar a Quais são os desafios enfrentados pelas Mulheres Observar a dinâmica da
cooperativas feminino,
participação mulheres produtoras? produtoras, reunião, a participação
09/04/2025 de mulheres organização de
das mulheres na líderes das das mulheres e as
produtoras de mulheres, Como as cooperativas apoiam as
cadeia de valor cooperativas decisões tomadas.
mandioca desafios mulheres?
Quais são as suas principais demandas?

11/04/2025 Visita a uma Analisar o Segurança Quais produtos à base de mandioca são Directores, Observar as refeições,
escola rural consumo de alimentar, oferecidos na alimentação escolar? professores, conversar com os alunos
produtos à base hábitos alunos e professores sobre seus
Qual a frequência com que esses
de mandioca na alimentares, hábitos alimentares.
produtos são servidos?
alimentação programas
escolar governamentais Como os alunos recebem esses produtos?
Quais são os desafios para garantir uma

3
alimentação saudável nas escolas?

Quais variedades de sementes de


Analisar a mandioca são comercializadas?
Observar a variedade
comercialização Sementes, Quais insumos agrícolas são mais
Feira agrícola de sementes e insumos,
de sementes de insumos utilizados pelos agricultores? Vendedores,
14/04/2025 em Chokwe ou conversar com os
mandioca e agrícolas, agricultores
Xai-Xai Qual o custo desses insumos? agricultores sobre suas
insumos tecnologia
necessidades.
agrícolas Como os agricultores são informados
sobre novas tecnologias?

Como a cooperativa é gerida?


Cooperativa Analisar a Analisar a estrutura da
Gestão Quais são os principais produtos
de gestão de uma Membros da cooperativa, a
cooperativa, fabricados pela cooperativa?
16/04/2025 processamento cooperativa de cooperativa, participação dos
mercado,
na Província processamento Como os produtos são comercializados? gestores membros e os registos
desafios
de Inhambane de mandioca Quais são os desafios enfrentados pela financeiros.
cooperativa?

Quais pesquisas estão sendo realizadas


Centro de Analisar Pesquisa sobre a mandioca? Visitar os laboratórios e
pesquisa pesquisas em agrícola, novas Quais são os objetivos dessas pesquisas? Pesquisadores, conversar com os
18/04/2025
agrícola em curso sobre a variedades, Quais são os resultados preliminares? técnicos pesquisadores sobre
Maputo mandioca biotecnologia Como os resultados das pesquisas são seus projectos.
divulgados aos agricultores?

20/04/2025 Reunião com Analisar as Políticas Quais são as políticas públicas que Representantes Analisar os documentos
representantes políticas públicas, incentivam a produção da mandioca? do governo, e discutir as políticas
do governo públicas incentivos, Quais são os desafios para a técnicos com os representantes
relacionadas à desafios implementação dessas políticas? do governo.
produção e
4
Como os agricultores se beneficiam
comercialização dessas políticas?
da mandioca Quais são as futuras perspectivas para o
sector?

Quais produtos artesanais são feitos com


Analisar a
Produtos a mandioca?
Feira de utilização da Observar a variedade
artesanais, valor Artesãos,
22/04/2025 artesanato em mandioca em Quem produz esses produtos? de produtos, a
agregado, compradores
Xai-Xai produtos qualidade e os preços.
mercado Qual o valor agregado desses produtos?
artesanais
Onde os produtos são vendidos?

Quais receitas tradicionais são


preparadas com mandioca?
Analisar o uso Existem receitas inovadoras com Observar as aulas
Visita a uma da mandioca Gastronomia, mandioca? Cozinheiros, práticas, degustar os
24/04/2025 escola de em receitas receitas, valor
Qual a importância da mandioca na alunos pratos e conversar com
culinária tradicionais e nutricional
culinária local? os participantes.
inovadoras
Como promover o consumo da
mandioca?

27/04/2025 Campo Analisar Pragas e Quais pragas e doenças afectam a Pesquisadores, Visitar os campos
experimental pesquisas sobre doenças, produção da mandioca? técnicos experimentais e
de uma a resistência da biotecnologia, conversar com os
Quais são as pesquisas em curso para
universidade mandioca a segurança pesquisadores.
controlar as pragas e doenças?
pragas e alimentar
em Chokwe
doenças Como as novas variedades resistentes
podem contribuir para a segurança

5
alimentar?

Quais projectos as ONGs desenvolvem


para apoiar a cadeia de valor da
Analisar o mandioca?
Desenvolvimento
Reunião com papel das Como as ONGs colaboram com os Representantes
sustentável, Analisar os projectos e
organizações ONGs na agricultores? das ONGs,
29/04/2025 empoderamento discutir os desafios e
da sociedade promoção da líderes
comunitário, Quais são os desafios enfrentados pelas oportunidades.
civil cadeia de valor comunitários
projectos ONGs?
da mandioca
Quais são os impactos dos projectos das
ONGs nas comunidades?

Como o álcool de mandioca é produzido? Observar o processo de


Analisar o
Cooperativa Biocombustível, Quais são os desafios para a produção produção, a
processo de em larga escala? Membros da
de produção produção infraestrutura e
02/05/2025 produção de cooperativa,
de álcool de industrial, Qual o mercado para o álcool de conversar com os
álcool e seus técnicos
mandioca mercado mandioca? Como a cooperativa membros da
desafios
contribui para o desenvolvimento local? cooperativa.

Quais temas sobre a mandioca são


abordados nas aulas?
Educação
Analisar o agrícola, Como os alunos são envolvidos em
actividades práticas? Professores, Observar as aulas,
Escola de ensino sobre a transferência de
04/05/2025 alunos, técnicos conversar com os alunos
agricultura cultura da tecnologia, Qual a importância da mandioca na agrícolas e professores.
mandioca jovens formação dos futuros agricultores?
agricultores
Quais são os desafios para o ensino da
agricultura?

6
Quais os principais compradores de
Analisar a mandioca no mercado atacadista?
Observar a
Mercado comercialização Comerciantes,
Comercialização, Como os preços são definidos? movimentação de
07/05/2025 atacadista em da mandioca compradores,
preços, logística Quais são as dificuldades na produtos, negociar com
Maputo em grande transportadores
comercialização da mandioca? os comerciantes.
escala
Como a logística influencia os preços?

Quais são as principais preocupações dos


Analisar as consumidores em relação aos produtos à
preferências base de mandioca?
Qualidade dos
dos
produtos, Como os consumidores escolhem os Discutir as questões
Reunião com consumidores e Consumidores,
segurança produtos? relacionadas à
09/05/2025 associação de os desafios representantes
alimentar, qualidade e segurança
consumidores relacionados à Quais informações os consumidores da associação
informação ao alimentar.
qualidade dos gostariam de ter sobre os produtos?
consumidor
produtos à base
de mandioca Como garantir a qualidade dos
produtos?

Como a fécula de mandioca é produzida?


Quais são os principais mercados para a
Analisar o
Visita a uma Processamento fécula de mandioca? Observar o processo de
processo de
fábrica de industrial, Técnicos da produção, conversar
14/05/2025 produção da Quais os desafios para a produção de
fécula de qualidade, fábrica, gestores com os técnicos e
fécula e seus fécula de alta qualidade?
mandioca mercado gestores.
desafios
Como a fécula de mandioca pode
agregar valor à produção?

19/05/2025 Reunião com Analisar os Empoderamento Quais os principais desafios enfrentados Mulheres Discutir os desafios e as
associações de desafios e as feminino, acesso produtoras, oportunidades, ouvir as

7
pelas mulheres produtoras de mandioca?

oportunidades Como as associações de mulheres apoiam


mulheres para as as produtoras?
a recursos, líderes das
produtoras de mulheres na Quais as oportunidades de mercado para associações demandas das mulheres.
mercados
mandioca cadeia de valor as mulheres?
da mandioca
Como aumentar a participação das
mulheres na tomada de decisões?

Fonte: pesquisador (2024)


*Nota: As datas aqui propostas, poderão sofrer alteração acomodando as dinâmicas locais do campo de analise e da própria pesquisa.

8
Apêndice IV: Roteiro de Entrevistas em Profundidade

1. Introdução e Contextualização
 Apresentação do pesquisador e do objetivo da pesquisa.
 Explicação sobre a importância da participação do entrevistado.
 Garantia de anonimato e confidencialidade das informações.

2. Percepções sobre a mandioca e a segurança alimentar


 Qual a importância da mandioca na sua vida e na sua família?
 Como a mandioca contribui para a segurança alimentar da sua família?
 Quais outros alimentos são importantes para a sua família?
 Quais os desafios que a sua família enfrenta para garantir a segurança alimentar?
 Como o projeto da cadeia de valor da mandioca tem impactado a sua vida e a da sua
comunidade?

3. Práticas agrícolas e de consumo


 Como você cultiva a mandioca? Quais as técnicas que você utiliza?
 Quais os desafios que você enfrenta na produção da mandioca?
 Como você processa e armazena a mandioca?
 Quais os produtos à base de mandioca que você e sua família consomem?
 Como o consumo da mandioca varia ao longo do ano?

4. Relações sociais e poder


 Quais as relações que você mantém com outros agricultores, comerciantes e
autoridades locais?
 Como essas relações influenciam o seu acesso a recursos e informações?
 Quem toma as decisões sobre a produção e a comercialização da mandioca na sua
comunidade?
 Você sente que tem voz nas decisões que afetam a sua vida e a da sua comunidade?

5. Contexto histórico e social


 Como a produção e o consumo da mandioca mudaram ao longo do tempo?
 Quais os impactos das mudanças climáticas na produção da mandioca?
 Quais as políticas públicas que influenciam a sua produção e comercialização da
mandioca?

34
 Como você avalia o papel das associações e cooperativas na sua comunidade?

6. Projeto da cadeia de valor da mandioca


 Como você soube do projeto da cadeia de valor da mandioca?
 Quais as suas expectativas em relação ao projeto?
 Quais os benefícios que você obteve com o projeto?
 Quais os desafios que você enfrentou ao participar do projeto?
 O que você acha que poderia ser melhorado no projeto?

7. Capacidades e bem-estar
 Quais as suas capacidades de produção e comercialização da mandioca?
 Como o projeto contribuiu para o aumento das suas capacidades?
 Como você avalia o seu bem-estar em relação à alimentação e à saúde?

35
Apêndice V: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (1)
Guião de Entrevistas em Profundidade para Beneficiários do Projeto Cadeia de Valor
da Mandioca
Objetivo: Explorar as experiências e perspectivas dos beneficiários do projeto cadeia de
valor da mandioca em relação ao consumo da mandioca e seus derivados, focando na
influência dos aspectos socioculturais na (in)segurança alimentar no distrito de Massingir.
1. Introdução
Apresentação do entrevistador e do objetivo da pesquisa.
Explicação do procedimento da entrevista e garantia de anonimato.
Obtenção do consentimento livre e informado do entrevistado.
Seção 1: O Beneficiário e o Projeto
 Perfil do Beneficiário:
o Nome, idade, sexo, comunidade de residência.
o Nível de escolaridade, ocupação principal.
o Tamanho da família e composição.
 Participação no Projeto:
o Como você ficou sabendo do projeto?
o Quais foram as principais atividades realizadas no âmbito do projeto?
o Qual a sua principal motivação para participar do projeto?
Seção 2: Impactos do Projeto na Vida Cotidiana
 Segurança Alimentar:
o Como o projeto influenciou a sua segurança alimentar?
o Houve mudanças na sua dieta após a participação no projeto?
o Quais os alimentos derivados da mandioca que você e sua família consomem
com mais frequência?
 Renda e Economia Familiar:
o Como o projeto impactou a sua renda familiar?
o Quais as principais fontes de renda da sua família?
o Como você utiliza o dinheiro obtido com a venda da mandioca?
 Qualidade de Vida:
o Como o projeto influenciou a sua qualidade de vida em geral?
o Houve mudanças em sua autoestima ou na sua relação com a comunidade?
Seção 3: Aspectos Socioculturais e a Mandioca
 Significado da Mandioca:
o Qual o significado da mandioca na sua cultura e tradição?
o Quais os pratos típicos preparados com mandioca na sua família?
o Como a mandioca é utilizada em eventos sociais e celebrações?

36
 Conhecimento Tradicional:
o Quais os conhecimentos tradicionais sobre o cultivo e processamento da
mandioca que você possui?
o Como esses conhecimentos foram transmitidos para você?
o Como você avalia a importância de preservar esses conhecimentos?
 Mudanças nas Práticas:
o Houve mudanças nas suas práticas de cultivo e processamento da mandioca
após a participação no projeto?
o Quais dessas mudanças você considera mais importantes?
o Quais as dificuldades encontradas para implementar essas mudanças?
Seção 4: Desafios e Oportunidades
 Desafios:
o Quais os principais desafios enfrentados na produção e comercialização da
mandioca?
o Quais os problemas relacionados ao acesso à terra, água e outros recursos?
o Como as mudanças climáticas afetam a produção de mandioca?
 Oportunidades:
o Quais as oportunidades de melhoria da produção e comercialização da
mandioca?
o Quais os produtos da mandioca com maior potencial de mercado?
o Como a comunidade pode se organizar para fortalecer a cadeia de valor da
mandioca?
Seção 5: Sugestões e Recomendações
 Sugestões para o Projeto:
o O que você sugere para melhorar o projeto?
o Quais as suas expectativas para o futuro do projeto?
o Quais as suas necessidades que ainda não foram atendidas pelo projeto?

Encerramento:

 Agradecimento ao participante pela sua colaboração.


 Espaço para o participante fazer perguntas ou comentários.

37
Apêndice VI: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (2)
Guia de Entrevistas em Profundidade para Lideranças Locais em Massingir
Objectivo: Compreender a percepção das lideranças locais sobre o impacto do projeto da
cadeia de valor da mandioca na comunidade, identificar os desafios e oportunidades, e coletar
sugestões para melhorar a implementação do projeto, levando em consideração as dinâmicas
de poder, as práticas culturais e as percepções locais sobre a segurança alimentar.

Duração: 60 minutos.
Abertura:
 Apresentação do entrevistador e do objetivo da pesquisa.
 Explicação dos procedimentos da entrevista e garantia do anonimato.
 Obtenção do consentimento livre e informado do participante.
Seção 1: A Comunidade e o Projeto
 Contexto Histórico e Social:
o Qual a importância histórica da mandioca na comunidade?
o Quais as principais mudanças socioeconômicas ocorridas na comunidade nos
últimos anos?
o Quais os principais desafios enfrentados pela comunidade antes do início do
projeto?
 Implementação do Projeto:
o Como a comunidade foi informada sobre o projeto e qual foi a receptividade
inicial?
o Quais as etapas de implementação do projeto que foram mais bem sucedidas e
quais as que enfrentaram mais dificuldades?
o Como a liderança local participou das decisões relacionadas ao projeto?
Seção 2: Impactos do Projeto na Comunidade
 Segurança Alimentar:
o Como o projeto contribuiu para a melhoria da segurança alimentar na
comunidade?
o Quais os indicadores utilizados pela comunidade para avaliar a segurança
alimentar?
o Houve aumento na produção e consumo de mandioca após a implementação
do projeto?
 Desenvolvimento Econômico:
o Como o projeto impactou a renda das famílias?
o Quais as novas oportunidades de negócio geradas pelo projeto?
o Houve aumento da comercialização de produtos da mandioca?
 Desenvolvimento Social:
o Como o projeto contribuiu para o desenvolvimento social da comunidade?
o Houve mudanças nas relações sociais e na organização da comunidade?
o Quais os grupos sociais mais beneficiados pelo projeto?
Seção 3: Desafios e Oportunidades
 Desafios:
o Quais os principais desafios enfrentados pela comunidade após a
implementação do projeto?
o Quais as dificuldades encontradas na comercialização dos produtos da
mandioca?
o Existem conflitos ou disputas relacionadas ao projeto?

35
 Oportunidades:
o Quais as oportunidades de melhoria do projeto?
o Quais os produtos da mandioca com maior potencial de mercado?
o Como a comunidade pode se organizar para aproveitar as oportunidades
geradas pelo projeto?
Seção 4: Relações de Poder e Equidade
 Relações de Poder:
o Quais as relações de poder existentes na comunidade e como elas influenciam
a implementação do projeto?
o Existem grupos sociais que têm mais poder de decisão e influência?
o Como as decisões sobre o uso da terra e dos recursos naturais são tomadas na
comunidade?
 Equidade de Gênero:
o Como as mulheres participam do projeto e como seus papéis foram
transformados?
o Existem desigualdades de gênero no acesso aos benefícios do projeto?
Seção 5: Percepções e Expectativas Futuras
 Percepções sobre o Projeto:
o Qual a avaliação geral da comunidade sobre o projeto?
o Quais os aspectos mais positivos e negativos do projeto, na visão da
comunidade?
 Expectativas Futuras:
o Quais as expectativas da comunidade para o futuro do projeto?
o Quais as medidas que poderiam ser tomadas para garantir a sustentabilidade
do projeto a longo prazo?

Encerramento:
Agradecimento ao participante pela sua colaboração.
Espaço para o participante fazer perguntas ou comentários.

36
Apêndice VII: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (3)
Guia de Entrevistas em Profundidade para Representantes das Unidades Processadoras
do Projeto da Cadeia de Valor da Mandioca
Objetivo: Compreender a perspectiva das unidades processadoras sobre o projeto, os
desafios e oportunidades na cadeia de valor da mandioca, e identificar as principais barreiras
e facilitadores para o crescimento do setor.
Duração: 60 minutos.
Abertura:
Apresentação do entrevistador e do objetivo da pesquisa.
Explicação dos procedimentos da entrevista e garantia do anonimato.
Obtenção do consentimento livre e informado do participante.
Seção 1: A Unidade Processadora e o Projeto
 Perfil da Empresa:
o Qual o tamanho da sua empresa e há quanto tempo atua no setor de
processamento de mandioca?
o Quais produtos são processados e quais os principais mercados?
o Qual a capacidade de produção atual e a capacidade instalada?
 Participação no Projeto:
o Como sua empresa se envolveu no projeto da cadeia de valor da mandioca?
o Quais os principais benefícios obtidos através da participação no projeto?
o Quais os desafios enfrentados ao participar do projeto?
Seção 2: Cadeia de Valor e Relações com os Produtores
 Abastecimento:
o De onde vem a maior parte da matéria-prima (mandioca)?
o Quais os critérios utilizados para a seleção dos fornecedores?
o Existem contratos ou acordos formais com os produtores?
 Relações com os Produtores:
o Como são as relações com os produtores de mandioca?
o Quais as principais dificuldades encontradas na relação com os produtores?
o Existem iniciativas para fortalecer a relação com os produtores, como
assistência técnica ou formação?
Seção 3: Processamento e Qualidade
 Processos Produtivos:
o Descreva o processo de produção dos seus produtos, desde a recepção da
matéria-prima até a distribuição.
o Quais as principais tecnologias utilizadas no processo de produção?

37
o Quais os principais desafios enfrentados na garantia da qualidade dos
produtos?
 Inovação:
o A empresa investe em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos?
o Quais as principais dificuldades para a inovação no setor?
o Existem parcerias com instituições de pesquisa ou universidades?
Seção 4: Mercado e Comercialização
 Mercado:
o Quais os principais mercados para os seus produtos?
o Quais os principais concorrentes e como a empresa se diferencia?
o Quais as principais dificuldades encontradas na comercialização dos produtos?
 Marketing e Promoção:
o A empresa investe em marketing e promoção dos seus produtos?
o Quais os canais de distribuição utilizados?
o Como a marca da empresa é percebida pelos consumidores?
Seção 5: Desafios e Oportunidades
 Desafios:
o Quais os principais desafios enfrentados pela empresa no dia a dia?
o Como as políticas públicas influenciam as atividades da empresa?
o Quais as principais dificuldades relacionadas à infraestrutura e logística?
 Oportunidades:
o Quais as principais oportunidades de crescimento para a empresa?
o Como o projeto da cadeia de valor da mandioca pode contribuir para o
crescimento da empresa?
o Quais as principais tendências de mercado que podem impactar a empresa no
futuro?
Seção 6: Futuro da Empresa
 Planos Futuros:
o Quais os planos da empresa para os próximos anos?
o Quais os investimentos previstos em novas tecnologias e produtos?
o Como a empresa pretende aumentar sua participação no mercado?
Encerramento:
Agradecimento ao participante pela sua colaboração.

38
Apêndice VIII: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (4)
Guião de Entrevistas em Profundidade para Técnicos e Extensionistas do Projecto
Cadeia de Valor da Mandioca
Objectivo: Compreender as percepções dos técnicos e extensionistas sobre o projecto, as
relações de poder e os impactos na segurança alimentar, a fim de identificar oportunidades de
melhoria e garantir a sustentabilidade do projecto.
Duração: 60 minutos
Abertura:
 Apresentação do entrevistador e do objetivo da pesquisa.
 Explicação dos procedimentos da entrevista e garantia do anonimato.
 Obtenção do consentimento livre e informado do participante.

Seção 1: O Projecto e a Comunidade


 Conhecimento do Projecto:
o Como você descreveria o objetivo principal do projecto da cadeia de valor da
mandioca?
o Quais as principais actividades desenvolvidas pelo projecto na comunidade?
o Qual o tempo de envolvimento com o projecto?
 Implementação:
o Quais foram os maiores desafios enfrentados durante a implementação do
projecto?
o Como o projecto foi adaptado às necessidades específicas da comunidade?
o Quais as ferramentas e metodologias utilizadas para a extensão rural?
 Participação da Comunidade:
o Como você avalia o envolvimento da comunidade no projecto? Quais os
principais desafios enfrentados?
o Quais os mecanismos de participação dos agricultores nas decisões do
projecto?
o Quais grupos sociais foram mais envolvidos no projecto e por quê?
Seção 2: Impactos e Resultados
 Impacto na Segurança Alimentar:
o Como o projecto contribuiu para a melhoria da segurança alimentar na
comunidade?
o Quais os indicadores utilizados para medir o impacto do projecto na segurança
alimentar?
o Existem evidências de aumento da produção e consumo de mandioca após a
implementação do projecto?
 Mudanças nas Práticas Agrícolas:
o Quais as principais mudanças nas práticas agrícolas observadas após a
implementação do projecto?
o Como o projecto influenciou a adoção de novas tecnologias e técnicas de
cultivo?
 Benefícios Econômicos:
o Quais os benefícios econômicos gerados pelo projecto para os agricultores?
o Como o projecto influenciou a renda das famílias?
 Sustentabilidade:
o Como você avalia a sustentabilidade do projecto a longo prazo? Quais os
factores que podem comprometer a sua continuidade?
Seção 3: Relações de Poder e Equidade

37
 Relações de Poder:
o Quais as principais relações de poder existentes entre os diferentes atores
envolvidos no projeto (agricultores, comerciantes, líderes comunitários,
técnicos)?
o Como essas relações de poder influenciam a tomada de decisões e a
implementação do projecto?
 Equidade de Gênero:
o Como o projecto abordou a questão de gênero? As mulheres participaram
ativamente do projecto?
o Quais os desafios enfrentados pelas mulheres no acesso aos recursos e
benefícios do projecto?
 Inclusão Social:
o Quais os grupos sociais mais vulneráveis que foram beneficiados pelo
projecto?
o Existem diferenças significativas entre os benefícios obtidos pelos diferentes
grupos sociais?
Seção 4: Desafios e Oportunidades
 Desafios:
o Quais os principais desafios enfrentados na implementação do projecto?
o Como as mudanças climáticas e outros fatores externos influenciam o
projecto?
 Oportunidades:
o Quais as oportunidades para melhorar o projecto e aumentar seu impacto na
segurança alimentar?
o Como o projecto poderia ser adaptado para atender às necessidades específicas
das comunidades?
 Futuro do Projeto:
o Quais suas expectativas para o futuro do projecto e da cadeia de valor da
mandioca na região?
o Quais as medidas que poderiam ser tomadas para garantir a sustentabilidade
do projecto a longo prazo?
Encerramento:
Agradecimento ao participante pela sua colaboração.

38
Apêndice IX: Estrutura da Entrevista para Público-alvo (5)
Guia de Entrevista para Outros Atores Relevantes:
Objetivo: Compreender as percepções, avaliações e sugestões de outros actores relevantes
sobre o projeto, focando em seu impacto na segurança alimentar das comunidades.
Duração: 60 minutos.
1. Abertura:
 Apresentação do entrevistador e do objetivo da pesquisa.
 Explicação dos procedimentos da entrevista e garantia do anonimato.
 Obtenção do consentimento livre e informado do participante.
2. Perfil do Actor:
2.1. Qual é a sua função/atuação em relação ao projecto?
2.2. Há quanto tempo você acompanha/está envolvido com o projecto?
2.3. Quais são as suas principais atividades relacionadas ao projecto?
2.4. Quais são os principais desafios que você enfrenta em relação ao projecto?
3. Percepção sobre o Projecto:
3.1. Como você conheceu o projecto cadeia de valor da mandioca?
3.2. Na sua opinião, quais foram os principais objectivos do projecto?
3.3. Como você avalia a participação dos diferentes actores no projecto?
3.4. Você considera que o projecto foi bem-sucedido? Por quê?
4. Impacto na Segurança Alimentar:
4.1. Na sua opinião, o projeto cadeia de valor da mandioca contribuiu para a
segurança alimentar das comunidades?
4.2. Como o projeto impactou o acesso à mandioca e seus derivados pelas famílias?
4.3. Você observou alguma mudança nos hábitos alimentares das comunidades após o
início do projeto?
4.4. Quais são os principais desafios para garantir a segurança alimentar das
comunidades no contexto do projeto?
5. Desafios e Sugestões:
5.1. Quais foram os principais desafios enfrentados pelos outros atores relevantes na
implementação do projeto?
5.2. Como os diferentes atores podem contribuir para a valorização da mandioca e
seus derivados?
5.3. Quais são as suas sugestões para melhorar o projeto cadeia de valor da mandioca?
6. Encerramento:
 Agradecimento ao participante pela sua colaboração.
 Espaço para o participante fazer perguntas ou comentá rios.

39
Consentimento Informado
Título do Projecto de Pesquisa: Relação entre o Projecto Cadeia de Valor da Mandioca e
a Segurança Alimentar no Distrito de Massingir
Patrocinador: UEM
Investigador Principal: Artur Horácio Macuácua
Contacto: 849363488
Endereço: Faculdade de Letras e Ciências Sociais
Universidade Eduardo Mondlane
Maputo

1. Introdução
Porque a pesquisa é o meio pelo qual nós investigadores sociais, colhemos informações nas
comunidades para perceber e melhor interpretar algumas situações que acontecem na
sociedade, a sua participação nesta pesquisa como voluntário, reveste-se de uma grande
importância, por isso mesmo, queremos desde já endereçar o nosso agradecimento especial
pela disponibilidade para permitir que seja possível concretizarmos este nosso objectivo,
através da entrevista que poderá nos conceder.
Este é um Termo de Consentimento informado que contém informações sobre a
pesquisa intitulada “Relação entre o Projecto Cadeia de Valor da Mandioca e a Segurança
Alimentar no Distrito de Massingir”. O estudo pretende compreender a complexidade das
relações entre o projecto cadeia de valor da mandioca e a segurança alimentar, considerando
as nuances culturais e sociais que moldam as experiências dos agricultores. Esta pesquisa vai
contribuir para o desenvolvimento de projectos mais eficazes e sustentáveis, que atendam às
necessidades e aspirações das comunidades locais.
Para assegurar que você esteja informado sobre a sua participação nesta pesquisa,
pedimos que leia (ou peça que alguém leia) este Termo de Consentimento Informado que
deverá assinar (ou fazer sua marca perante uma testemunha) e receberá uma cópia deste
termo.
Este termo de consentimento pode ter algumas palavras com as quai s você não esteja
familiarizado, pergunte sobre qualquer coisa que você não compreender.
2. Motivo da pesquisa
Pedimos que você participe nesta pesquisa de natureza académica, para ajudar a compreender
como funcionam os projectos nas comunidades do vosso distrito, ou seja, recolher opiniões,
sentimentos dos membros da comunidade em relação ao estado (situação) dos projectos de
desenvolvimento implementados aqui no distrito.
Estas entrevistas visam proporcionar momentos de conversa, de aprendizagem tendo
em vista colher opiniões e perceções de várias pessoas na comunidade (Líderes, Membros de
Comités de Gestão e elementos da comunidade), sobre processos de desenvolvimento
comunitário e concretamente sobre projectos das comunidades.

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3. Como a conversa vai ser feita?
Sua participação consistirá em conversa, onde poderá, sentindo-se a vontade, fornecer
informações sobre projectos implementados aqui na comunidade
e se você concordar em participar nesta pesquisa, explicamos aqui, como as coisas serão
diferentes do que simplesmente obter esclarecimentos sobre como elevar seu nível de
conhecimentos sobre projectos em que esteja inserido, esclarecimentos que não seria possível
obter sem fazer parte desta pesquisa.
Os resultados desta pesquisa serão divulgados ocultando a sua identidade e estarão
disponíveis para você, mesmo que não concorde em participar da pesquisa não será excluído
da compartilha dos mesmos.
4. Sobre sua Parte na Pesquisa
Se você concordar em participar na pesquisa, sua participação vai durar quase uma hora de
tempo e vai abranger várias pessoas desta e de outras comunidades.
Você pode sair da pesquisa a qualquer momento. Se você escolher participar, pode
mudar sua decisão a qualquer momento e abandonar a pesquisa, ou se a pesquisa for
interrompida. No caso de desistência na sua participação, não haverá nenhuma consequência.
5. Riscos
Do princípio, sua participação na pesquisa não representa nenhum risco previsto. Caso
ocorra em decorrência desta pesquisa, poderá ser trado de acordo com normas de ética na
pesquisa social.
6. Benefícios
Por que se trata de uma pesquisa de índole académico que visa informar, não há benefício
directo para o participante. O resultado desta pesquisa é meramente informacional que poderá
orientar os tomadores de decisões na dinamização dos projectos, para o sucesso,
sustentabilidade e garantia de continuidade dos projectos locais.
Você não receberá nenhum pagamento, porque você não tem a obrigação de participar
nesta pesquisa.
7. Se Você Decidir Não Participar na Pesquisa
Você é livre para decidir se quer participar ou não nesta pesquisa.
8. Privacidade
Protegeremos as informações sobre você e sobre sua participação nesta pesquisa, da melhor
maneira possível. O seu nome não aparecerá em nenhum relatório.
Entretanto, os leitores podem, algumas vezes, olhar os seus registos relacionados com
a pesquisa. Qualquer pessoa da comunidade, do distrito ou da universidade, pode querer fazer
perguntas sobre a sua participação na pesquisa, mas você não precisa responder.
Uma decisão de um tribunal de justiça pode solicitar que as suas declarações sejam
mostradas a outras pessoas, mas não é provável que isto aconteça.
Se você perder uma visita programada, poderemos entrar em contato por telefone ou
pessoalmente para programar outra visita e ver se você ainda quer participar da pesquisa.
Quando fizermos este contacto, você não será identificado como participante da pesquisa.

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9. Se tiver algum problema ou se tiver outras perguntas
Se você tiver algum problema que pensa que pode estar relacionado com sua participação
nesta pesquisa, ou se tiver qualquer pergunta sobre a pesquisa, ligue para o pesquisador pelo
número de celular/ WhatsApp 849363488 ou e-mail: [email protected]
10. Declaração de Consentimento
Concordo em participar do estudo intitulado: “Relação entre o Projecto Cadeia de Valor da
Mandioca e a Segurança Alimentar no Distrito de Massingir”.

__________________________________
Nome do participante ou responsável

__________________________________ Data: _____/_____/_____


Assinatura do participante ou responsável

Eu, Artur Horácio Macuácua, pesquisador principal, declaro cumprir as exigências contidas
nas normas da ética de pesquisa

__________________________________
Assinatura do Pesquisador Data: _____/_____/_____

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