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Guia de Insulinoterapia

O Guia de Insulinoterapia no SUS, elaborado pela Dra. Renata Souza, visa facilitar o manejo de pacientes diabéticos, especialmente para estudantes de medicina e médicos recém-formados. O documento inclui informações sobre insulinas disponíveis, conservação, preparo, aplicação e indicações de insulinoterapia. Além disso, apresenta orientações práticas para o dia a dia do médico no atendimento a pacientes diabéticos.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Guia de Insulinoterapia

O Guia de Insulinoterapia no SUS, elaborado pela Dra. Renata Souza, visa facilitar o manejo de pacientes diabéticos, especialmente para estudantes de medicina e médicos recém-formados. O documento inclui informações sobre insulinas disponíveis, conservação, preparo, aplicação e indicações de insulinoterapia. Além disso, apresenta orientações práticas para o dia a dia do médico no atendimento a pacientes diabéticos.
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315-03 - HP3806132253

1ª edição

GUIA DE
INSULINOTERAPIA
NO SUS
Dra. Renata Souza

@rehsumos

1
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Quem sou eu

Sempre fui muito dedicada e estudiosa, após o Ensino Médio consegui uma
bolsa de estudos integral para estudar Medicina e assim conclui os 6 anos de
faculdade.
Durante a graduação ganhei o prêmio de melhor desempenho no curso de
Medicina e publiquei artigos científicos na base de dados Scielo / Pubmed.
No fim da faculdade (2023), passei em 2 concursos públicos para atendimen-
tos em Atenção Primária, tendo atuado como Médica Generalista em Unidade
Básica de Saúde por mais de um ano. Além da atuação como Plantonista em
Urgência e Emergência (Hospital/UPA).
Em 2025, fui aprovada em 6 instituições de ensino para cursar a residência
em clínica médica, sendo iniciado então um novo caminho em minha área de
atuação profissional.
CRM 246054/SP

Sobre o Guia de Insulinoterapia


Depois de mais um ano de experiência manejando os pacientes diabéticos
do SUS e sabendo da dificuldade dos estudantes de medicina e médicos recém
formados com o manejo desses pacientes (principalmente com uso de insulina),
decidi fazer este Guia para descomplicar o assunto e facilitar os atendimentos.
Além de reunir uma revisão literária do assunto, o Guia foi montando pen-
sando no dia a dia do médico, com o passo a passo para o início da insulino-
terapia e o ajuste das doses posteriores. Além de orientações sobre aplicação,
armazenamento e orientações aos pacientes.
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INSULINAS DISPONÍVEIS NO SUS................................................................. 6


Insulina Regular............................................................................................ 6
Insulina NPH................................................................................................. 6
CONSERVAÇÃO DA INSULINA....................................................................... 6
VALIDADE............................................................................................................. 7
TRANSPORTE....................................................................................................... 7
DESCARTE DE SERINGAS E AGULHAS........................................................... 7
PREPARO DA INSULINA NA SERINGA........................................................... 8
Usando uma Insulina.................................................................................... 8
Usando Insulina NPH + REGULAR.............................................................. 9
PREPARO DA INSULINA NA CANETA............................................................. 12
LOCAIS DE APLICAÇÃO.................................................................................... 14
COMO APLICAR................................................................................................. 14
Usando Seringa............................................................................................ 14
Usando a Caneta......................................................................................... 15
INDICAÇÕES DE INSULINOTERAPIA.............................................................. 17
METAS TERAPÊUTICAS....................................................................................... 17
Hemoglobina Glicada e Glicemias............................................................ 17
INSULINOTERAPIA NO DIABETES TIPO 1...................................................... 18
INSULINOTERAPIA NO DIABETES TIPO 2...................................................... 22

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INSULINOTERAPIA
NO SUS

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Insulinas disponíveis no SUS

INSULINA REGULAR

⚫ Início de ação: entre 30 minutos e 1 hora após sua aplicação


⚫ Pico: varia entre 1 e 3 horas
⚫ Duração de efeito: se estende de 3 até 5 horas
⚫ Deve ser aplicada 30 minutos antes da refeição, podendo ser aplicada
isoladamente ou em conjunto, na mesma seringa ou caneta, com a insulina
NPH. Utiliza- se a insulina Regular 2, 3 e até 4 vezes ao dia.

INSULINA NPH

⚫ Início de ação: 2 a 4 horas


⚫ Pico de ação: entre 4 a 10 horas
⚫ Duração de efeito: 10 a18 horas
⚫ Seu perfil de ação pode ser adequado para esquemas de 2 vezes/dia
e, eventualmente, para uso 3 vezes/dia. No esquema basal bôlus, pode ser
usada pela manhã e à noite e a dose noturna de NPH deve ser deslocada
para o mais tarde possível, na hora de dormir.

Conservação da insulina

INSULINA FECHADA

Manter na na parte interna inferior da geladeira (entre 2 e


8°C). Não guardar na porta da geladeira, no congelador
ou próximo a ele. Retirar da geladeira cerca de 30 minutos
antes de sua aplicação.

INSULINA ABERTA

Pode ficar na geladeira ou fora dela , em temperatura ambiente. Ao ser con-


servada fora da geladeira não deve ficar perto de locais que geram calor,
como fogão, micro-ondas, televisão, etc.
Validade
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Validade

INSULINA LACRADA

2 a 3 anos, de acordo com o fabricante, a partir da data de fabricação;

INSULINA EM USO

4 a 6 semanas, de acordo com o fabricante, após a data de abertura e início


do uso.

Transporte

Os frascos lacrados devem ser transportados em temperaturas entre 2 a 8°


C. Neste caso, é possível transportar em bolsas térmicas com gelo, sempre com
cuidado para não encostar os frascos diretamente no gelo.
Não pegar luz solar direta, nunca deixar em porta-luvas, painel, bagageiro
de carro ou ônibus.

Descarte de seringas e agulhas

Use um recipiente de plástico vazio de paredes rígidas e boca larga para jo-
gar fora os materiais usados (lancetas, tiras e agulhas).
Não jogar no lixo comum. Quando o recipiente estiver cheio, leve até a Uni-
dade de Saúde.

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Preparo da insulina na seringa

USANDO UMA INSULINA

1 Lavar bem as mãos;

Separar o material a ser utilizado: seringa de insulina,


2 algodão, álcool 70% e o frasco de insulina;

Caso a insulina seja a NPH (a de aspecto


3 leitoso), rolar o frasco entre as mãos, de forma
suave, por 20 vezes até a mistura do líquido;

Limpar a tampa da insulina com algodão


4 embebido em álcool, deixar secar;

Pegar a seringa com o protetor da agulha e


5 puxar o êmbolo introduzindo ar até a dose
prescrita de insulina;

8
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Retirar o protetor da seringa e injetar o ar para


6 dentro do frasco de insulina;

Virar o frasco de cabeça para baixo e aspirar


7 a insulina na dose prescrita;

Se houver bolhas de ar, bater suavemente na seringa


8 com os dedos;

Inverta o frasco e retire a agulha, recolocar o


9 seu protetor até o momento da aplicação;

SE MISTURA DE INSULINAS (NPH + REGULAR)

1 Lavar bem as mãos;

Separar o material a ser utilizado: seringa de insulina,


2 algodão, álcool 70% e os frascos de insulina
(NPH e Regular);

9
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Pegue a insulina NPH (a de aspecto leitoso) e


3 role o frasco entre as mãos, de forma suave,
pelo menos 20 vezes até a mistura do líquido;

Limpar a tampa de borracha dos 2 frascos de


4 insulina com algodão embebido em álcool,
deixar secar;

Pegar a seringa com o protetor da agulha e


5 puxar o êmbolo introduzindo ar até a dose
prescrita de insulina NPH;

Injetar o ar no frasco de insulina NPH e depois


6 retirar a agulha do frasco sem aspirar a insulina
NPH;

Use a mesma seringa e aspire ar


7 correspondente à dose de insulina regular;

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8 Injetar o ar no frasco de insulina Regular;

Virar o frasco e aspirar a dose prescrita de


9 insulina Regular;

Colocar o frasco de insulina Regular na


10 posição inicial e retirar a agulha;

Posicionar o frasco de insulina NPH de cabeça


para baixo, introduzir a agulha da seringa
(que já está com a insulina regular) e aspirar a
11 dose correspondente à insulina NPH. O total
de insulina na seringa deve corresponder à
soma das doses das duas insulinas;

Retornar o frasco à posição inicial, remover


12 a agulha do frasco, protegendo-a até o
momento da aplicação.

*Se a dose aspirada na seringa for maior que a soma das doses pres-
critas, o excesso não deve ser devolvido ao frasco. É necessário, então,
descartar a seringa com a insulina e reiniciar o procedimento com uma
nova seringa

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Preparo da insulina na caneta

1 Lavar bem as mãos;

2 Tire a tampa da caneta;

Identifique o tipo de insulina que você vai aplicar;

Se for utilizar a insulina NPH movimente a


4 caneta levemente para cima e para baixo , por
aproximadamente 20 vezes;

Remova o selo protetor da agulha e rosqueie


5 a agulha direto na caneta;

Retire a tampa grande externa da agulha e


6 guarde para usar depois;

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Remova a tampa pequena interna e descarte.


7 Recoloque a tampa grande para proteger;

Verifique se a caneta está funcionando:


A) Gire o seletor de doses para 2 unidades;

B) Segure a caneta com a agulha apontada para


cima e bata levemente com o dedo, no reservatório de
insulina;

C) Pressione o botão injetor. Uma gota de insulina


deve aparecer na ponta da agulha. Se isso não
ocorrer, repita o procedimento. Se a gota continuar
não aparecendo, troque a agulha;

Para aplicar gire o seletor de dose para selecionar


9 as unidades que você precisa injetar;

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Locais de aplicação

⚫ Abdome: local preferido quando é necessário uma absorção mais rá-


pida e pode ser menos afetado pela atividade muscular ou pelo exercício.
⚫ Coxa (parte frontal ou lateral): local preferido para absorção mais
lenta de insulinas de ação mais longa.
⚫ Nádegas: quadrante lateral superior
⚫ Braço: face lateral

**Alternar os locais de aplicação


Respeite uma distância média de 1 cm (1 dedo) entre um local e outro
de aplicação. Além disso, é necessário respeitar um intervalo de 14 dias
para repetir a aplicação no mesmo local.

Como aplicar

USANDO SERINGA

Limpar o local com o algodão embebido em álcool


1 70%, deixar secar;

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2 Fazer uma prega na pele;

3 Introduzir a agulha;

Após injetar insulina, aguardar 10 segundos com a


4 agulha na pele para garantir a absorção;

Solte a prega cutânea e retire a agulha


suavemente. Não massagear, pois isso
5 acelera a absorção. Caso ocorra sangramento
faça uma leve pressão no local, por alguns
segundos.

USANDO A CANETA

Limpar o local com o algodão embebido em álcool


1 70%, deixar secar;

Gire o seletor de dose para selecionar as


2 unidades que você precisa injetar;

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Injete a dose na pele, pressionando o botão


3 injetor completamente até o zero;

4 Mantenha por 6 segundos;

Retire a agulha da pele e em seguida, solte o


5 botão injetor;

6 Coloque a tampa grande externa na agulha;

Desrosqueie a agulha, descartando-a


7 cuidadosamente em um recipiente;

8 Tampe a caneta e guarde-a.

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Indicações de insulinoterapia

Diabetes mellitus tipo 1

Diabetes mellitus tipo 2, se:


⚫ A meta desejada de hemoglobina glicada não foi alcançada com a com-
binação de 2 ou 3 antidiabéticos;
⚫ Pacientes intensamente sintomáticos e com considerável descontrole gli-
cêmico (por exemplo: glicemia ≥ 300 mg/dℓ ou HbA1c ≥ 10% [ADA] ou >
9% [SBEM]);

Insulinoterapia temporariamente, nos seguintes casos:


⚫ Durante a gravidez;
⚫ Em doenças agudas, como sepse, IAM, AVC ou complicações agudas
hiperglicêmicas (estado hiperosmolar hiperglicêmico e cetoacidose diabé-
tica);

Metas terapêuticas

Não idoso
HEMOGLOBINA Idoso saudável
GLICADA Idoso comprometido
E GLICEMIAS

Hemoglobina <7 < 7,5 <8


glicada

Glicemia de
jejum e pré 80 - 130 80 - 130 90 - 150
prandial

2 horas após
refeição < 180 < 180 < 180

Ao deitar
90 - 150 90 - 150 100 - 180

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Insulinoterapia no diabetes tipo 1

PRIMEIRO PASSO

Veja qual a recomendação de dose total diária (NPH + regular) de in-


sulina no seu paciente:
A- Fase de Lua de Mel: < 0,5 U/kg.
B- Dose ao diagnostico ou logo após a recuperação da cetoacidose diabé-
tica : 0,5 a 1,0 U/kg.
C- Dose para crianças pré púberes: 0,7 a 1,0 U/kg/dia.
D- Dose na puberdade e em períodos de estresse físico: 1 U/kg a 2 U/kg/
dia.

*Fase de Lua de Mel: nessa fase ocorre remissão parcial do diabe-


tes, em que alguns pacientes necessitam de doses menores de insulina,
geralmente logo após o início do tratamento.

A dose da insulina basal diária (NPH) , deve variar de 40% a 60% da dose
total de insulina utilizada na tentativa de mimetizar a secreção endógena de in-
sulina, utilizando para isso a insulina NPH (ação intermediária) em duas a três
aplicações diárias O restante da dose diária recomendada deve ser adminis-
trado em forma de bolus, com insulina regular antes das refeições (30 minutos
antes).

SEGUNDO PASSO

Escolha o esquema que vai ser utilizado:


Pegue o valor da dose total diária de insulina e deixe 50% da dose para in-
sulina NPH e 50% para regular. Com o cálculo feito, distribua as insulinas ao
longo do dia:
Insulina regular:

⚫ 1/3 antes do café + 1/3 antes do almoço + 1/3 antes do jantar;

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NPH:

⚫ 1/3 antes do café + 1/3 antes do almoço + 1/3 a noite


⚫ OU 2/3 pela manhã + 1/3 a noite

EXEMPLO

Paciente com 60 kg, com diagnostico recente de DM1:


⚫ Dose total diária: 0,5 a 1,0 U/kg.
⚫ Podemos então iniciar com 0,5 U/kg
⚫ Calculo da dose total diária: 0,5 x 60 kg = 30 unidades

Vamos dividar a dose total entre insulina NPH e regular (metade de cada):15
U de regular e 15 unidades de NPH

Esquema final:
⚫ 15 unidades de regular divididas entre as refeições: 5 UI antes do café
+ 5 UI antes do almoço + 5 UI antes do Jantar;
⚫ 15 unidades de NPH divididas entre as refeições: 5 UI antes do café +
5 UI antes do almoço + 5 UI ao deitar
OU 2/3 pela manhã + 1/3 a noite -- 10 UI pela manhã e 5 UI a noite;

CORREÇÃO DA INSULINA NPH (após introdução do esquema de insulina)

O ajuste das doses da insulina NPH deve ser de acordo com as glicemias
pré-prandiais, glicemias no período do sono e no jejum:
⚫ Se dextro antes do almoço > 130: otimize insulina NPH antes café da
manhã;
⚫ Se dextro antes do jantar > 130: otimize insulina NPH antes do almoço;
⚫ Se dextro no jejum > 130 : altere NPH ao deitar;

Obs: a meta pode variar de acordo com o paciente (vide capitulo de


metas terapêuticas)

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Sugestão de ajuste de dose: Você pode aumentar 2 unidades a cada 3 dias,


ate atingir a meta de dextro.
Observe se haverá hipoglicemia ou hiperglicemia na madrugada (ajuste a
NPH ao deitar).

CORREÇÃO DA INSULINA REGULAR (após introdução do esquema de insulina)

Após introdução do esquema de insulina, é fundamental ensinar ao paciente


uma maneira prática de corrigir as hiperglicemias. Isso pode ser feito a partir do
cálculo do índice de sensibilidade e do bôlus de correção. A contagem de car-
boidratos (bôlus de alimentação) é outro ponto de importância para o correto
cálculo da dose da insulina regular.
Por exemplo, para ajustar a dose de insulina regular em uma alimen-
tação, você pode usar o bôlus de correção somado ao bôlus de alimen-
tação.
Vou ensinar o passo a passo de como realizar estes cálculos:

PASSO 1- Calcular o fator de sensibilidade (FS)

O fator de sensibilidade é a quantidade de glicose sanguínea que sofrerá di-


minuição após a administração de 1 U de insulina regular.
Ele é calculado dividindo 1500 pela dose total diária de insulina que vem
sendo usada pelo paciente. Por exemplo, se o paciente estiver usando 50 UI de
insulina no dia (NPH + regular), seu FS será de 1.500 ÷ 50 = 30.
Isso significa que a aplicação de 1 UI de insulina regular irá reduzir a glice-
mia em 30 mg/dℓ.
O FS é útil na redução das glicemias elevadas antes das refeições ou em
qualquer outro momento em que ocorrer hiperglicemia.

PASSO 2 – Cálcular o bôlus de correção (BC)

Pode ser calculado pela diferença entre a glicemia atual (GAT) e a glicemia­
alvo (GAL), dividida pelo Fator de sensibilidade (FS).
BC = GAT – GAL ÷ FS

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EXEMPLO

Paciente com Fator de sensibilidade de 30, glicemia de 220 mg/dℓ e meta


glicêmica de 100:
BC = GAT – GAL ÷ FS
BC = 220 – 100 ÷ 30
BC = 4
Ou seja, a aplicação de 4 UI de insulina de Regular, trará a glicemia para
100 mg/dℓ (meta desejada). Então quando for corrigir é só aumentar em 4UI
prescrição de regular.

PASSO 3- Contagem de carboidratos: Relação insulina/


carboidrato e bôlus de alimentação

A relação insulina/carboidrato traduz a quantidade de insulina regular ca-


paz de metabolizar uma determinada quantidade de carboidratos (em gramas).
1- Calcule a relação insulina / carboidrato: dividir 500 pela dose diária total
de insulina que vem sendo usada pelo paciente. Por exemplo, em um indivíduo
que usa 50 UI de insulina/dia, a relação insulina/carboidrato será 500 ÷ 50,
ou seja, 10. Isso significa que 1 unidade de insulina Regular metabolizará 10 g
de carboidratos
2- Ensine o paciente a contar os carboidratos da refeição: ele pode usar in-
formações de tabela nutricional presente em cada rótulo do alimento ou estimar
pelo manual de contagem de carboidratos da Sociedade Brasileira de Diabetes
3- Calcule o bôlus de alimentação: total de carboidratos em gramas da refei-
ção ÷ relação insulina/ carboidrato

EXEMPLO

⚫ Relação insulina/carboidratado: 10 (calculado acima)


⚫ Contagem de carboidrato: Café da manhã de um paciente consistindo
em 1 copo de leite (12 g de carboidratos), 1/2 pão francês com requei-
jão (14 g de carboidratos) e 1 maçã (12 g) --- total de carboidratos: 38 g.

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⚫ Bolus de alimentação = total de carboidratos em gramas da refeição ÷


relação insulina/ carboidrato = 38 ÷ 10 = 3,8

Portanto 3,8 UI de insulina regular irá metabolizar os 38 g de carboidrato

PASSO 4: some o bôlus de correção ao bôlus de alimentação

Exemplo
⚫ Bolus de correção calculado acima: 4 UI
⚫ Bolus de alimentação calculado acima: 3,8 UI
⚫ Dose total de insulina regular que deverá ser adicionada antes da refei-
ção : 4 + 3,8 =7,8UI

Alternativa para pacientes que não querem fazer a contagem de


carboidratos

Pode-se adicionar de 2 a 4 unidades de insulina rápida antes da refeição de


acordo com controle de dextro.
Exemplo: se dextro após as refeições > 180: adicionar dose de insulina re-
gular 30 minutos antes da refeição.

Insulinoterapia no diabetes tipo 2

Siga o passo a passo de como introduzir e ajustar as doses de insulina :

1 Adicionar insulina NHP 0,1-0,2 UI/kg ou 10 UI SC a noite (ao deitar);


2 Avaliar a glicemia de jejum e aumentar a dose em 2 UI a cada 3 dias até
atingir as metas (80 a 130). Caso a glicemia abaixe muito (<70), reduzir a dose
em 4 unidades;
3 Ao atingir a meta de glicemia de jejum, solicite nova hemoglobina glicada
com 3 meses. Manter o mesmo tratamento se hemoglobina glicada adequada
(vide capítulo de metas terapêuticas);

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4 Se hemoglobina glicada fora da meta, avaliar glicemia antes do almoço


e antes do jantar .
⚫ Se dextro antes do almoço > 130: adicione insulina NPH antes café da
manhã;
⚫ Se dextro antes do jantar > 130: pode-se acrescentar insulina NPH an-
tes do almoço;
⚫ Se dextro no jejum > 130: altere NPH ao deitar;

Obs: a meta pode variar de acordo com o paciente (vide capitulo de


metas terapêuticas).
***Dose:
Você pode iniciar com 4 Unidades, aumentando 2 unidades a cada 3
dias, ate atingir a meta de dextro.

5 Reavaliar nova hemoglobina glicada em 3 meses, se mesmo assim, estiver


fora da meta, pense em adicionar insulina regular antes das refeições, de acor-
do com o dextro abaixo:
⚫ Se dextro após as refeições > 180: adicione insulina regular 30 minutos
antes da refeição;
⚫ Se dextro ao deitar > 150: deve-se acrescentar insulina regular ao jan-
tar;
Cuidado com a hipoglicemia – ajuste aos poucos (introduza de 2 a 4 U a
cada 3 dias) e monitore o paciente.

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REFERÊNCIAS

1. Endocrinologia clínica / editor responsável Lucio Vilar; editores­associados


Claudio E. Kater ... [et al.]. ­7. ed. ­Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2021.

2. Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes


https://diretriz.diabetes.org.br/category/diabetes-tipo-1/feed/?pdf=6827

3. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas do diabete melito tipo 1


https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_terapeuticas_
diabete_melito.pdf

4. Cuidados com o armazenamento, preparo


e administração de insulina com seringa
https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sul/hu-furg/
saude/areas-de-apoio-e-de-diagnostico/FORMCA1.PDF

5. Manual prático - Preparo e aplicação de insulina sem mistério


https://www.anad.org.br/wp-content/uploads/2019/02/Manual-
Pr%C3%A1tico-Preparo-e-Aplica%C3%A7%C3%A3o-de-Insulina-sem-
Mist%C3%A9rio.pdf

6. Manual orientativo quanto aplicação de insulina e automonitoramento glicemico


http://www.farmacia.pe.gov.br/sites/farmacia.saude.pe.gov.br/files/manual_
orientativo_quanto_aplicacao_de_insulina_e_auto_3.pdf

7. Educação em diabetes
https://jundiai.sp.gov.br/saude/wp-content/uploads/sites/17/2018/10/1-
converted.pdf

8. Caneta de insulina
https://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/03/Panfleto-Caneta-
de-Insulina-Orienta%C3%A7%C3%B5es.pdf

9. Como usar a caneta de insulina


https://admin.saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202212/21105705-como-usar-a-
caneta-de-insulina-com-margens.pdf

10. Diabetes Mellitus Tipo 2: Insulinização


https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/diabetes_mellitus_tipo_2_
insulinizacao.pdf

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