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Etica Final

O documento explora o Código Deontológico da Ordem dos Engenheiros de Moçambique, destacando sua importância na prática profissional e na responsabilidade ética dos engenheiros. Ele enfatiza que a ética na engenharia vai além do conhecimento técnico, envolvendo compromisso com a sociedade, sustentabilidade e integridade. A pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa para analisar os princípios éticos que orientam a atuação dos engenheiros no país.

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Etica Final

O documento explora o Código Deontológico da Ordem dos Engenheiros de Moçambique, destacando sua importância na prática profissional e na responsabilidade ética dos engenheiros. Ele enfatiza que a ética na engenharia vai além do conhecimento técnico, envolvendo compromisso com a sociedade, sustentabilidade e integridade. A pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa para analisar os princípios éticos que orientam a atuação dos engenheiros no país.

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ESCOLA SUPERIOR DE GOVERNAÇÃO

Curso de Licenciatura em Administração Pública

4ºAno / 1ºSemestre

Cadeira: Ética e Deontologia Profissional

Código de Ética dos Engenheiros

Discente: Docentes :

Argentina Moisés Nhaca Prof. Doutor. Alberto Togarepe

Amanda Carimo

Edilson Salomão Cumbe

Ludumila Berta Chichava

Lurdes Zebra

Manuel Sinana

Osvaldo Baúque

Rosália Banze

Stela Gemo

Paloma Rosa

Wilson Chafinya Júnior

Maputo, Abril de 2025


1. Introdução

O exercício da profissão de engenheiro não depende apenas de conhecimentos técnicos,


envolve também responsabilidade, respeito pelas pessoas, pelo ambiente e pela
sociedade em geral. Em Moçambique, essa responsabilidade é orientada por um
documento essencial que é o Código Deontológico da Ordem dos Engenheiros.
Mais do que um conjunto de regras, este código é como uma bússola moral que orienta
o engenheiro a tomar decisões corretas, agir com responsabilidade e colocar o bem da
sociedade em primeiro lugar. Ele define o que é aceitável ou não na prática da
engenharia, protege o interesse público e garante que o profissional cumpra o seu papel
com competência, justiça e respeito.
Num mundo em constante transformação, onde os desafios sociais, ambientais e
tecnológicos se cruzam a ética deixou de ser apenas um ideal e passou a ser uma
exigência. Neste contexto, conhecer e compreender o Código Deontológico da Ordem
dos Engenheiros torna-se fundamental para qualquer pessoa que deseje compreender
melhor o verdadeiro papel do engenheiro na construção de um país mais justo, seguro e
sustentável.
Este trabalho propõe-se, portanto, a explorar esse código, a sua estrutura, os seus
princípios, e a sua importância prática na vida profissional dos engenheiros. Afinal,
mais do que saber construir, é preciso saber como construir com integridade,
consciência e responsabilidade.

1.1. Objectivos

Geral: Compreender o Código de Ética da Ordem dos Engenheiros


Especificos:

2. Metodologia de Trabalho

A metodologia adoptada para este estudo assenta numa abordagem qualitativa, com
ênfase na análise bibliográfica e documental. De acordo com Marconi e Lakatos
(2002:44-46), a metodologia consiste num conjunto de procedimentos sistemáticos e
racionais, que permitem responder aos problemas de investigação de forma estruturada
e fundamentada. Neste contexto, recorreu-se a fontes secundárias, como livros, artigos
científicos, legislação nacional, documentos oficiais da Ordem dos Engenheiros de
Moçambique (OrdEM) e outros materiais relevantes, com o objectivo de compreender
de forma aprofundada os princípios éticos e deontológicos que orientam a actuação dos
engenheiros no país.A pesquisa bibliográfica teve como foco a identificação de
conceitos, fundamentos teóricos e normas relacionadas com a ética profissional e a
deontologia na engenharia. Já a pesquisa documental permitiu o exame do Código
Deontológico da Ordem dos Engenheiros de Moçambique, bem como do Estatuto da
OrdEM, analisando os deveres, direitos e responsabilidades atribuídos aos profissionais
da área.

3. Quadro Conceptual

3.1. Ética
Segundo Aristotele , a ética (derivada de ethos, que significa "carácter", "modo de ser")
está intrinsecamente ligada à busca pela eudaimonia (felicidade ou florescimento human
o). A ética aristotélica é uma ética das virtudes, focada no desenvolvimento de hábitos e
disposições de carácter que conduzem a uma vida plena e virtuosa. A razão prática (phr
onesis) desempenha um papel crucial na deliberação e na escolha da acção corrceta no c
ontexto específico.

3.2. Código de Ética

Um Código de Ética é um documento formal que explicita os princípios, valores e


normas de conduta esperados dos membros de uma determinada profissão ou
organização. Ele serve para:
 Orientar a conduta profissional: Oferece diretrizes claras sobre o
comportamento adequado em diversas situações, auxiliando na tomada de
decisões éticas.
 Estabelecer padrões de excelência: Define os níveis de competência,
responsabilidade e integridade esperados dos profissionais.
 Proteger a sociedade: Garante que os serviços profissionais sejam prestados de
forma ética e responsável, minimizando riscos e danos.
 Fortalecer a credibilidade da profissão: Promove a confiança pública na
categoria profissional, demonstrando seu compromisso com a ética e a
qualidade.
 Servir como referência em casos de conflito: Oferece um parâmetro para
avaliar condutas inadequadas e aplicar sanções disciplinares, quando necessário.
 Promover a reflexão ética: Estimula a discussão e a conscientização sobre os
dilemas éticos inerentes à prática profissional

3.3. Moral

Segundo Émile Durkheim sociólogo francês, via a moral como um conjunto de regras
e normas sociai que são externas ao indivíduo e exercem uma coerção sobre ele. A mora
l é essencial para a coesão social e é transmitida através da educação e da socialização.
Para Durkheim, a moralidade tem uma base social e funcional, contribuindo para a orde
m e a estabilidade da sociedade.

3.4. Deontologia

Diego Gracia Guillén (século XX-XXI), define a deontologia profissional como a ética
aplicada ao exercício de uma determinada profissão. Ele enfatiza que a deontologia se
materializa em códigos de ética que estabelecem os deveres e as responsabilidades
específicas dos profissionais, buscando proteger os interesses da sociedade e a
integridade da profissão. Para Gracia Guillén, a deontologia não é um conjunto fixo de
regras, mas um espaço de reflexão contínua sobre os deveres no contexto da prática
profissional.
A ética, para muitos autores como Aristóteles e Kant, tem uma base filosófica na refle
xão sobre a natureza do bem, do dever e da virtude, a moral, como apontam Durkheim
e Piaget, está mais ligada às normas e costumes sociais e ao desenvolvimento da compre
ensão dessas regras. A deontologia , como enfatizado por Bentham e pelos códigos de é
tica, surge da necessidade de regulamentar a conduta em um contexto profissional espec
ífico. Em essência, a ética representa a filosofia moral individual, a busca interna por pr
incípios universais que guiam o que é considerado certo e bom, fundamentando nossos
valores e crenças mais profundas sobre como devemos agir e viver. A moral, por sua ve
z, manifesta-se como o conjunto de normas, costumes e tradições compartilhados por u
m grupo social ou cultura, definindo o que é considerado aceitável ou proibido em um d
eterminado contexto e moldando o comportamento através da socialização e das expecta
tivas coletivas. Já a deontologia, particularmente a profissional, traduz os princípios étic
os e, por vezes, os valores morais específicos em um código de deveres e obrigações for
mais para o exercício de uma profissão, estabelecendo as responsabilidades, as normas d
e conduta e os padrões de integridade que os profissionais devem seguir para garantir a
confiança pública e a qualidade dos serviços prestados, funcionando como um elo prátic
o entre a reflexão ética e as demandas específicas de uma área de atuação.
3.5. Ética profissional
A ética profissional, em sua essência, representa o conjunto de princípios e normas de
conduta que orientam o comportamento dos indivíduos no exercício de suas respectivas
profissões. Ela transcende a moralidade comum ao incorporar deveres e
responsabilidades específicas que emanam da natureza da atcividade profissional, do
impacto que ela exerce sobre a sociedade e da necessidade de manter a integridade e a
credibilidade da profissão como um todo. A ética profissional busca garantir que os
profissionais atuem de maneira responsável, competente, honesta e justa, protegendo os
interesses dos clientes, colegas, da sociedade em geral e da própria profissão contra
práticas negligentes, antiéticas ou prejudiciais.Este campo da ética aplicada se
materializa frequentemente em códigos de ética profissional, elaborados por conselhos,
associações e outras entidades reguladoras de cada área. Esses códigos detalham os
deveres, os direitos, as proibições e as recomendações específicas para a conduta
profissional, abordando questões como confidencialidade, competência, honestidade,
conflito de interesses, publicidade, relações com clientes e colegas, e responsabilidade
social. A ética profissional não se limita ao cumprimento formal dessas normas, mas
também envolve a reflexão crítica sobre as implicações éticas das decisões e ações no
contexto profissional, buscando sempre a excelência e a conduta moralmente
justificável.
5. Fundamentação Teórica

5.1. Ética na Engenharia

Ser engenheiro não é apenas dominar fórmulas, desenhar projetos ou resolver problemas
técnicos. É, acima de tudo, assumir uma responsabilidade ética perante a sociedade, o a
mbiente e o futuro. A ética na engenharia é a bússola moral que guia a profissão. Ela tra
nsforma conhecimento técnico em soluções verdadeiramente humanas 1. Um engenheiro
ético não constrói apenas estruturas, constrói confiança, segurança, sustentabilidade e pr
ogresso.

a) Responsabilidade que constrói confiança- o engenheiro é responsável por cada


decisão técnica que toma e pelos efeitos que daí possam resultar. Isso significa que
não basta “fazer funcionar” é preciso garantir que funciona bem, com segurança,
qualidade e fiabilidade, respeitando os mais altos padrões da profissão;

b) Sustentabilidade como compromisso de futuro- num mundo com recursos


limitados, os engenheiros têm o dever de adotar práticas que respeitem o ambiente,
promovam o bem-estar social e contribuam para uma economia mais equilibrada. A
consciência de que os recursos naturais não são eternos exige do engenheiro uma
atuação responsável e sustentável;

c) Impacto social e respeito pelas pessoas- cada projeto tem consequências para
alguém, seja um cliente, uma empresa, um utilizador ou toda uma comunidade. Por
isso, o engenheiro deve sempre agir com lisura, respeito e justiça, mantendo o dever
de confidencialidade sempre que necessário e protegendo os interesses de todas as
partes envolvidas;

Ordem dos Engenheiros. (2016). Código de Ética e Deontologia Profissional.https://www.orde


1

mengenheiros.pt/fotos/editor2/regulamentos/codigo_ed.pdf consultado as 13:19 do dia 18 de


Maio de 2025
d) Cumprir a lei com consciência crítica- conhecer e respeitar as leis dos países
onde se exerce a profissão é um dever ético. Contudo, o verdadeiro compromisso
do engenheiro vai além da legalidade: quando uma lei colide com valores éticos
universais, como o respeito pela dignidade humana, é a ética que deve prevalecer.
A consciência crítica e o espírito de melhoria contínua são fundamentais;

e) Prudência, inovação e segurança- a engenharia é um campo de constante


inovação. Ainda assim, cada passo tecnológico deve ser dado com prudência. O
engenheiro deve garantir que os produtos, processos e soluções que desenvolve são
seguros, eficazes e benéficos para a sociedade, promovendo simultaneamente valor
económico e social; e

f) Transparência e comunicação clara- a ética exige também clareza na informação.


É responsabilidade do engenheiro explicar aos clientes e utilizadores:como utilizar
corretamente as soluções propostas, os perigos de um uso inadequad,as
características técnicas dos sistemas,possíveis alternativas mais seguras ou
eficazes,riscos potenciais, mesmo que imprevistos.

5.2. Enquadramento Legal da Profissão de Engenheiro em Moçambique

5.2.1. O Estatuto da Ordem dos Engenheiros de Moçambique ( Lei nº 16/2002 de


26 de Junho)

Um engenheiro é mais do que alguém que faz cálculos ou usa capacete. Ele é um
solucionador de problemas. É quem projeta, planeia e executa obras que servem a
populacao. Seja na construção civil, na energia, no ambiente ou nas tecnologias, o
engenheiro aplica a ciência para melhorar a vida das pessoas. Mas para que essa missão
seja cumprida com seriedade, é preciso haver regras claras e uma entidade que oriente e
fiscalize. Só que ser engenheiro não é apenas saber fazer contas ou usar capacete. É
preciso responsabilidade, ética e conhecimento técnico e é dai que entra a Ordem dos
Engenheiros de Moçambique, conhecida como OrdEM, criada pela Lei nº 16/2002, de
26 de Junho2.

De acordo com o artigo 1 do estatuto da Ordem dos Engenheiros de Moçambique,


adiante designada por Ordem dos Engenheiros, é uma pessoa colectiva, de direito
público, representativa dos engenheiros em exercício em Moçambique que, em

2
https://ordeng.org.mz/ consultado as 15:48 do dia 18 de Maio de 2025
conformidade com os preceitos deste estatuto e demais disposições legais aplicáveis,
exercem a engenharia. A Ordem dos Engenheiros é independente dos órgãos do Estado,
regendo-se por regras próprias.A Ordem dos Engenheiros de Moçambique foi criada
para ser a casa dos engenheiros, existe com o objetivo principal de representar, defender
e orientar todos os profissionais da engenharia no país. Não é apenas uma associação, é
uma instituição pública que regula a profissão, assegurando que os engenheiros
trabalhem com ética, competência e responsabilidade. A Ordem dos Engenheiros de
Moçambique também tem a missão de garantir que a engenharia sirva o
desenvolvimento do país e o bem-estar da sociedade.
5.3. Relação entre o Estatuto e o Código Deontológico
O Estatuto da Ordem dos Engenheiros de Moçambique (Lei nº 16/2002, de 26 de
Junho) estabelece as bases legais para a criação e funcionamento da Ordem, incluindo a
definição das suas atribuições e competência 3s. Entre essas atribuições, destaca-se a
responsabilidade de zelar pelo cumprimento das regras de ética profissional e pelo nível
de qualificação dos engenheiros, conforme descrito no Artigo 5 c). Por sua vez, o
Código Deontológico é um conjunto de normas que orientam a conduta ética dos
engenheiros no exercício da profissão. Ele é aprovado pela Assembleia Geral da Ordem
e tem aplicação obrigatória para todos os membros, independentemente da sua categoria
ou local de atuação, conforme estipulado no artigo 64, nº 2 do Estatuto. Assim, o
Estatuto confere legitimidade ao Código Deontológico, tornando-a uma ferramenta
essencial para garantir a ética e a responsabilidade social na prática da engenharia. A
relação entre o Estatuto e o Código Deontológico é de complementaridade e sustentação
mútua.
Sem o Estatuto, o Código não teria força nem validade, porque é ele quem dá a
legitimidade para que a Ordem imponha normas éticas aos seus membros. Em
linguagem simples, o Estatuto diz: “A Ordem tem o poder de criar regras para garantir
que os engenheiros trabalhem com responsabilidade, honestidade e respeito”. Essas
regras são o Código de Ética, que todos os membros devem seguir obrigatoriamente. Se
alguém não respeitar essas normas, o Estatuto também permite que a Ordem tome
medidas para corrigir e punir quem agir errado. Portanto, o Estatuto sustenta o Código
de Ética porque é o documento que cria a Ordem e lhe dá poder para cuidar da conduta

3
Bazo, Berta Júlio; Chirindza, Paulo Amâncio; Lucas, Zacarias José. "Estatutos da Ordem d
os Engenheiros de Moçambique e suas Implicações Éticas". Maputo, Setembro de 2019
dos seus membros. É como se o Estatuto fosse a raiz da árvore, e o Código de Ética, os
seus ramos que guiam o crescimento correto da profissão. Sem o Estatuto, não haveria
regras éticas que valessem para os engenheiros.
6. Código de Ética e Deontológico dos Engenheiros em Moçambique

O Código de Ética dos Engenheiros em Moçambique é um conjunto formal de normas e


princípios que regem a conduta profissional dos engenheiros, definindo os padrões
éticos e deontológicos que estes devem seguir no exercício das suas funções 4. Este
código é implementado e fiscalizado pela Ordem dos Engenheiros de Moçambique
(OrdEM), entidade reguladora da profissão no país, cuja missão inclui promover a
dignidade da engenharia, garantir a qualidade técnica dos serviços prestados e proteger
o interesse público.
O Código Deontológico da Ordem dos Engenheiros de Moçambique 5 tem por objectivo
manter padrões elevados de conduta pessoal e profissional dos Engenheiros e garantir
um comportamento ético no exercício das suas actividades de forma a dar resposta cabal
à responsabilidade social dos Engenheiros perante a sociedade, a nação e o mundo, e
fazer todos os esforços para combater a corrupção sob qualquer forma e a qualquer
nível.

O documento enfatiza que a atividade do engenheiro não é apenas técnica, mas também
social e ética, dado que as suas decisões e ações impactam diretamente na segurança, no
desenvolvimento sustentável e na qualidade de vida da população. Por isso, o código
destaca que a ética profissional está na base da credibilidade da engenharia e deve guiar
todas as práticas do engenheiro.

6.1. Os Valores que o Código Defende


O Código de Ética dos Engenheiros em Moçambique não é só um conjunto de regras
para “ficar bem na fita”. Ele representa um pacto de valores que todo engenheiro deve
carregar no bolso, como um manual de sobrevivência profissional e moral. Estes valores
guiam as atitudes do engenheiro diante dos desafios técnicos, sociais e ambientais que
enfrentam no dia a dia.
4
Ordem dos Engenheiros de Moçambique. (2021). Código Deontológico da Ordem dos Enge
nheiros de Moçambique. Disponível em: https://ordeng.org.mz/wp-content/uploads/2021/03/Co
digo-Deontologico.pdf

5
https://ordeng.org.mz/codigo-deontologico/ consultado as 10:51 do dia 18 de Maio de 2025
a) Honestidade- é o pilar inicial,a honestidade é o primeiro valor destacado em
quase todos os códigos de ética profissional. De acordo com Silva e Santos
(2018:45-58),diz que a honestidade implica que o engenheiro deve ser claro e
verdadeiro nas informações técnicas e nos relatórios que produz, evitando
manipulações ou omissões que possam prejudicar a segurança ou o interesse
público6. No Código Deontológico da Ordem dos Engenheiros de Moçambique
(OrdEM, 2021), isso é reforçado como um dever de agir com integridade em
todas as fases do trabalho.
b) Responsabilidade- a responsabilidade é um valor ligado diretamente ao impacto
social e ambiental que as obras e projetos de engenharia podem causar. Para
Ribeiro (2017:77-90), a responsabilidade ética exige que o engenheiro não
apenas assine projetos tecnicamente corretos, mas que também pense nas
consequências de suas decisões para a comunidade e para o meio ambiente 7. O
Código da OrdEM deixa claro que o engenheiro deve assumir as consequências
de suas ações e corrigir eventuais erros, protegendo o bem comum.
c) Competência- este é outro valor que não pode faltar. Segundo Costa e Almeida
(2019), a competência é mais do que conhecimento técnico; é o compromisso
constante com o aprendizado e atualização profissional. O Código de Ética
reforça que o engenheiro deve aceitar apenas trabalhos que estejam ao alcance
da sua formação e experiência, para garantir a qualidade do serviço e evitar
riscos desnecessários.

Justiça- a justiça, dentro do Código, está ligada ao trato correto com os colegas de
profissão, clientes e a sociedade em geral. O Código destaca a importância da equidade,
exigindo que o engenheiro seja imparcial e não favoreça indevidamente interesses
pessoais.

a) Respeito- o respeito é um valor que permeia todas as ações do engenheiro. De


acordo com Matias (2018:12-27), respeitar significa não só cumprir as normas
técnicas e legais, mas também valorizar a diversidade cultural, social e
ambiental8. O Código enfatiza o respeito às pessoas envolvidas nas obras, aos
usuários e à comunidade em geral.
6
Silva, J. & Santos, P. (2018). Ética e Responsabilidade Profissional na Engenharia. Revista de
Ética e Tecnologia.
7
Ribeiro, M. (2017). A responsabilidade social do engenheiro. Revista Brasileira de Engenhari
a.
6.2. O Que se Espera do Engenheiro

a) Os engenheiros devem realizar seus trabalhos com rigor técnico, buscando sempre
as melhores soluções técnicas, considerando a economia e a qualidade dos produtos
sob sua responsabilidade.
b) É esperado que os engenheiros mantenham relações profissionais baseadas na
cortesia, respeito mútuo e colaboração, evitando práticas desleais ou prejudiciais.
c) Os profissionais devem recusar qualquer forma de suborno ou vantagem indevida,
comprometendo-se a combater a corrupção em todas as suas formas e níveis.
d) Os engenheiros devem considerar o impacto de suas ações na sociedade,
promovendo o desenvolvimento sustentável e o interesse público.
6.3. O Que Não se Pode Fazer

O que não se pode fazer é tudo aquilo que coloca em causa a confiança, a segurança, a
justiça e a dignidade da profissão. A engenharia não é neutra , ela transforma o mundo. No
exercício da engenharia, não bastam boas intenções e talentos técnicos, é preciso respeitar
regras que protejam vidas, recursos e a própria dignidade da profissão. O Código Deontológico
da Ordem dos Engenheiros, traça uma linha bem definida entre o que é aceitável e o que é
absolutamente inaceitável na conduta dos profissionais.

a) Assumir serviços para os quais não está qualificado- aceitar um trabalho sem
ter as competências ou conhecimentos técnicos necessários é mais do que
irresponsável, é colocar vidas em risco.O engenheiro não deve aceitar encargos
para os quais não possua a devida qualificação e preparação profissional.
b) Copiar projetos ou ideias de colegas- plagiar o trabalho de outro engenheiro é
uma falta grave. Além de ser ilegal, fere os princípios da honestidade e da justiça
profissional. A engenharia exige originalidade, rigor e responsabilidade intelectu
al.
c) Participar em esquemas de corrupção ou subornos- um engenheiro que
aceita subornos, favorecimentos ou interfere de forma ilícita em concursos
públicos trai não só a sua profissão, mas toda a sociedade. O Código
Deontológico condena, sem ambiguidade, qualquer forma de corrupção. O

8
Matias, R. (2018). O papel do respeito na prática da engenharia sustentável. Sustainable Engi
neering Review.
engenheiro deve recusar toda e qualquer forma de corrupção, devendo denunciar
atos que violem o interesse público.
d) Fazer parte de práticas que põem em risco a segurança pública- se o
engenheiro age com negligência, utiliza materiais de má qualidade ou ignora
normas de segurança, ele põe vidas em risco. Não cumprir com os padrões
técnicos e legais não é um simples erro é uma violação ética grave.
e) Divulgar informações confidenciais dos clientes- utilizar ou divulgar
informações sem autorização, ou para proveito próprio, é uma falha grave à ética
profissional. O sigilo profissional deve ser respeitado, exceto se houver risco à
segurança pública.

7. Sanções ou Aplicação Disciplinar

O exercício da engenharia, dada a sua natureza técnica e impacto directo na segurança,


bem-estar e desenvolvimento das sociedades, exige do profissional mais do que
competência técnica mas sim exige conduta ética irrepreensível. O Código de Ética e
Deontologia da dos Engenheiros é o instrumento normativo que orienta o
comportamento dos seus membros, impondo deveres de responsabilidade, integridade,
isenção, competência e compromisso com o interesse público. No entanto, como em
qualquer profissão regulamentada, a transgressão desses princípios acarreta
consequências, que se materializam em sanções ou aplicações disciplinares.

Segundo Silva (2018), as sanções disciplinares são mecanismos fundamentais não só


para punir condutas desviantes, mas também para proteger a credibilidade da profissão e
assegurar a confiança da sociedade nas decisões técnicas tomadas pelos engenheiros.
Tais sanções podem variar de advertências formais a suspensões e até à expulsão,
dependendo da gravidade da infração.

Ao violar o Código, o engenheiro compromete não apenas a sua reputação, mas pode
colocar em risco vidas humanas, património público ou privado, além de causar danos
ambientais significativos. Como reforçam Dias & Ferreira (2021), a ética na engenharia
não é um acessório, mas sim um pilar essencial para a sustentabilidade e segurança das
infraestruturas, das tecnologias e da própria sociedade.

7.1. A Responsabilidade Ética do Engenheiro


O Código de Ética dos Engenheiros explicita que os profissionais devem exercer as suas
funções com independência, rigor técnico e plena consciência do impacto das suas
decisões. Espera-se que actuem de forma a salvaguardar os interesses da sociedade,
recusando práticas fraudulentas, conluios, corrupção, omissões técnicas ou qualquer
outro comportamento que comprometa a ética profissional.

Somado a isso, o engenheiro está obrigado a zelar pela transparência nas relações
profissionais, a proteger o sigilo profissional e a não aceitar atribuições para as quais
não tenha competência comprovada. O descumprimento de qualquer desses deveres
pode dar origem a processos disciplinares conduzidos pelos órgãos jurisdicionais com
base na análise da conduta e seus impactos.

Exemplos de Dilemas Éticos na Engenharia: Casos Reais e Hipotéticos

Caso Real - Desastre da Barragem de Mariana (Brasil, 2015):

Considerado um dos maiores desastres ambientais do mundo, o colapso da barragem da


mineradora Samarco revelou falhas graves de responsabilidade técnica. Estudos
demonstraram que engenheiros e gestores tinham conhecimento prévio de anomalias na
estrutura, mas negligenciaram alertas e medidas correctivas (Almeida & Barbosa,
2017). O caso resultou em processos legais, acções civis e sanções disciplinares por
omissão e negligência ética.

Exemplo Hipotético - Pressão para Reduzir Custos:

Um engenheiro fiscal é pressionado por uma empresa a aprovar materiais de qualidade


inferior, sob alegação de contenção de custos. Mesmo sabendo que a alteração
compromete a segurança estrutural, ele aprova. Posteriormente, ocorre um acidente com
feridos. Neste cenário, o engenheiro violou os princípios da segurança pública e
competência técnica, sendo passível de processo disciplinar e responsabilização civil.

Caso Real - Escândalo das Emissões da Volkswagen (2015):

Neste caso emblemático, engenheiros desenvolveram um software fraudulento para


enganar testes de emissões de poluentes. Como aponta Thompson (2016), a acção
contrariou os deveres de integridade e responsabilidade ambiental, resultando em
condenações judiciais, perdas financeiras e sanções institucionais severas.

Exemplo Hipotético - Conflito entre Sigilo Profissional e Interesse Público:


Uma engenheira ambiental descobre que a empresa onde trabalha está a despejar
resíduos tóxicos sem autorização legal. Confrontada com um dilema entre o sigilo
contratual e o dever de proteger o meio ambiente, decide denunciar às autoridades.
Embora possa sofrer consequências internas, sua conduta é amparada pelos princípios
de responsabilidade pública e protecção da vida, e fundamentais na ética da engenharia
(Kidder, 1995).

Daí que, a actuação ética do engenheiro é indispensável para garantir a qualidade


técnica, a justiça social, a segurança e o respeito ao meio ambiente. As sanções previstas
em caso de violação do Código de Ética não visam apenas punir, mas prevenir práticas
danosas, promovendo uma cultura de responsabilidade e compromisso social dentro da
profissão. Em um contexto como o moçambicano, em que a infraestrutura está em
expansão e os desafios de desenvolvimento são profundos, a ética na engenharia deve
ser compreendida como um instrumento de transformação social e protecção da vida
humana.

8. Importância do código deontológico

O Código Deontológico da Ordem dos Engenheiros de Moçambique (OrdEM) constitui


um instrumento fundamental para garantir a conduta ética e responsável dos profissionai
s de engenharia no país. A sua importância reside no facto de estabelecer diretrizes clara
s que orientam o comportamento dos engenheiros, promovendo a integridade, a compet
ência técnica e o compromisso com o bem comum.

De acordo com o artigo I, n.º 2, o engenheiro tem o dever de “defender a saúde pública,
o ambiente e a utilização racional dos recursos naturais”, o que demonstra a preocupaçã
o da profissão com a sustentabilidade e a proteção ambiental. Esta cláusula evidencia qu
e a prática da engenharia deve sempre estar alinhada com os princípios do desenvolvime
nto sustentável e da responsabilidade social.

Além disso, o artigo I, n.º 3 impõe a obrigação de garantir a segurança do pessoal execu
tante, dos utentes e do público em geral, reforçando o papel da engenharia na preservaçã
o da vida humana e na construção de infraestruturas seguras. Esta responsabilidade ética
é essencial num contexto como o moçambicano, onde o desenvolvimento de obras públi
cas e privadas requer elevados padrões de qualidade e segurança.
A relevância do Código também se manifesta no combate à corrupção, tema tratado imp
licitamente no artigo I, n.º 4, ao afirmar que o engenheiro deve opor-se a qualquer uso fr
audulento do seu trabalho ou que contrarie o bem comum. Esta cláusula é vital para asse
gurar a transparência e a legalidade das intervenções técnicas, contribuindo para uma ad
ministração pública mais justa e eficaz.

No que diz respeito ao exercício profissional, o artigo III, n.º 1 exige que os engenheiros
executem os seus trabalhos com “competência, honestidade, empenho, objetividade e is
enção”, reforçando o ideal de excelência técnica aliado a valores morais. Já o artigo III,
n.º 6 incentiva a formação contínua, ao estabelecer que os engenheiros devem manter-se
“permanentemente atualizados”, o que é particularmente relevante num mundo cada vez
mais dinâmico e tecnológico.

Por outro lado, no plano das relações profissionais, o artigo IV, n.º 1 obriga os engenhei
ros a respeitarem a reputação dos seus colegas, evitando atitudes que possam descredibil
izar a classe. Este espírito de solidariedade e respeito mútuo fortalece a coesão da profis
são e assegura a confiança da sociedade nas suas instituições técnicas.

9. Aplicação do Código Deontológico

9.1. Abrangência

O Código Deontológico aplica-se a todos os membros da Ordem dos Engenheiros de M


oçambique, sem exceções de categoria ou país de residência, conferindo-lhes obrigações
uniformes.

A sua adoção está prevista ao abrigo do artigo 64, nº 2 dos Estatutos da Ordem, que imp
õe o cumprimento dos deveres deontológicos a todos os associados.

Deveres para com a comunidade

1. Procurar as melhores soluções técnicas, “ponderando a economia e a qualidade d


o produto” sob sua responsabilidade.
2. Defender a saúde pública, o ambiente e o uso racional dos recursos naturais.
3. Garantir a segurança de executantes, utentes e do público em geral em obras e pr
ojectos.
4. Opor-se ao uso fraudulento ou contrário ao bem-comum do seu trabalho.

Deveres para com empregadores e clientes


1. Contribuir para os objetivos económicos e sociais da entidade empregadora, pro
movendo produtividade e qualidade.
2. Respeitar o segredo profissional e a confidencialidade das informações, exceto e
m casos de risco grave ao bem-comum.
3. Ser remunerado apenas pelos serviços efectivamente prestados, observando o se
u justo valor.
4. Recusar trabalhos que impliquem conflitos de interesse ou ambiguidades éticas.

Deveres no exercício da profissão

1. Executar o trabalho com competência, honestidade, empenho, objectividade e is


enção.
2. Aceitar apenas tarefas para as quais possua competência e disponibilidade.
3. Pugnar pelo prestígio da profissão, mantendo conduta irrepreensível, boa-fé e lea
ldade.
4. Opor-se a qualquer forma de concorrência desleal.

Ao que diz respeito aos mecanismos de fiscalização e sanções os Estatutos da Ordem de


finem infrações éticas e processos disciplinares específicos, incluindo advertências, susp
ensões e exclusões, de acordo com o artigo 29 dos Estatutos que vigoram.

Conclusão

Através deste trabalho, foi possível perceber que a ética, a moral e a deontologia são elementos
essenciais para o bom desempenho da profissão de engenheiro em Moçambique. O Código Deo
ntológico da Ordem dos Engenheiros de Moçambique não se resume a um documento normativ
o, mas constitui uma referência fundamental que orienta o comportamento dos profissionais dia
nte dos desafios da prática diária. Observa-se que a actuação do engenheiro exige não apenas do
mínio técnico, mas também uma postura responsável, íntegra e comprometida com o bem-estar
colectivo. A existência de normas que regulam a conduta profissional contribui para fortalecer a
confiança da sociedade na engenharia e na sua capacidade de impulsionar o desenvolvimento. A
o longo da análise, verificou-se que o respeito aos princípios deontológicos é essencial para evit
ar práticas antiéticas e assegurar que os interesses da coletividade prevaleçam sobre os interesse
s individuais. Assim, conclui-se que é fundamental, desde a formação académica, promover a se
nsibilização sobre a importância da ética e da deontologia, pois isso se reflete diretamente na qu
alidade do exercício profissional e no progresso do país.
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