ANÁLISE DO BALANÇO HÍDRICO DIÁRIO DA ALBUFEIRA DE CAHORA BASSA

ANEXO 9: Elaboração da curva de vazão de Zumbo

A10.1 Nota introdutória

A curva de vazão é uma expressão matemática do tipo potencial que correlaciona os
níveis hidrométricos e caudais numa secção transversal de um rio. Para que essa
expressão matemática seja eficiente é importante que no âmbito da sua elaboração se
tome em consideração as características do local com destaque a natureza do leito,
zero de escala e inclinação média do perfil longitudinal do rio na secção de medição.

A expressão matemática que relaciona os caudais e as características citadas no

parágrafo anterior é a de Gauckler-Manning que, para o presente estudo, será usada
na optimização dos coeficientes da expressão matemática da curva de vazão de
Zumbo.

O zero de escala é usada na optimização do h0 (o nível hidrométrico que corresponde o

caudal nulo) que para o presente estudo não tomou-se em consideração por falta de
dado desta grandeza.

A10.2 Dados fornecidos pela ARA-Zambeze

Tabela A10-1: Níveis hidrométricos e caudais observados em Zumbo

h Qobs
Data
[m] [m3/s]
23/01/2012 3.82 3161.2
25/01/2012 4.04 3175.6
11/05/2012 2.59 1656.9
13/08/2012 2.58 1807.2
24/12/2012 2.90 1890.7
29/03/2013 4.50 3598.5
09/02/2014 3.96 2930.5

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Figura A10.1 – Resultados da medição de caudal em Zumbo no dia 23/01/2012

Figura A10.2 – Resultados da medição de caudal em Zumbo no dia 25/01/2012

Figura A10.3 – Resultados da medição de caudal em Zumbo no dia 11/05/2012

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A10.3 Elaboração da curva de vazão

a) Estimativa da secção transversal de referência

De acordo com as características das secções transversais disponibilizadas pela ARA-
Zambeze, a secção transversal de referência, no presente estudo, será aproximada a
uma secção rectangular.

Figura 10.4 – Perfil transversal de referência em Zumbo

b) Estimativa do coeficiente Ks (constante de Gauckler-Manning)

Por falta de dados da natureza do leito no local do perfil transversal de referência em
Zumbo, adoptou-se Ks = 30 retirado na tabela A10-2.

Tabela A10-2: Valores de Ks em canais

Natureza do leito Ks
Terra muito regular 60
Terra irregular 45
Terra irregular com vegetação, cursos de água regulares em leitos rochosos 35
Terra em más condições, rios sobre calhaus 30
Terra em completo abandono, rios com muito transporte sólido 20
(Fonte: Quintela 2009)

c) Determinação dos elementos da secção transversal de referência

( )

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Tabela A10-3: Determinação do valor b e inclinação i da secção transversal de referência

Nível
Prof. Q Ks b P R I
Dia Hidrométrico A [m²]
[m] [m³/s] [-] [m] [m] [m] [-]
[m]
23/01/2012 5.50 3.82 3161.20 2659.00 28.00 483.45 494.45 5.38 0.0002
25/01/2012 5.00 4.04 3175.60 2728.30 28.00 545.66 555.66 4.91 0.0002
11/05/2012 4.80 2.59 1656.90 2925.20 28.00 609.42 619.02 4.73 0.0001
Media 5.10 3.48 2664.57 2770.83 28.00 546.18 556.38 5.00 0.0002

a) Curva de Vazão de Zumbo segundo a fórmula de Gauckler-Manning

Para a determinação da curva de vazão em Zumbo segundo a fórmula de Gauckler-
Manning, recorreu-se ao método de mínimos quadrados. É de salientar que os caudais
calculados pela fórmula de Guckler-Manning são correlacionados com as
profundidades na secção transversal de referência do rio e não com os níveis
hidrométricos lidos na escala.

[ ∑ ] [∑ ] [∑ ]
[ ∑ ] [∑ ]

̅ ̅

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Tabela A10-4: Cálculo das coordenadas (Prof.*→Q)

Prof.* (m) A b P R Q
0.00 0.00 546.18 546.18 0.00 0.00
0.50 273.09 546.18 547.18 0.50 68.04
1.00 546.18 546.18 548.18 1.00 215.75
1.50 819.27 546.18 549.18 1.49 423.55
2.00 1092.36 546.18 550.18 1.99 683.30
2.50 1365.45 546.18 551.18 2.48 989.93
3.00 1638.54 546.18 552.18 2.97 1339.82
3.50 1911.63 546.18 553.18 3.46 1730.22
4.00 2184.72 546.18 554.18 3.94 2158.90
4.50 2457.81 546.18 555.18 4.43 2624.00
5.00 2730.90 546.18 556.18 4.91 3123.96
5.50 3003.99 546.18 557.18 5.39 3657.41
6.00 3277.08 546.18 558.18 5.87 4223.14
6.50 3550.17 546.18 559.18 6.35 4820.08
*Profundidade do rio na secção transversal de referência assumindo valor zero no fundo e
máximo na superfície da água.

Tabela A10-5: Determinação da constante c e expoente k

No h Q X = Log(h) Y = Log(Q) XY X^2
0 0.00 0.00 - - - -
1 0.50 68.04 -0.693147 4.22009 -2.92514 0.48045
2 1.00 215.75 0.000000 5.37412 0.00000 0.00000
3 1.50 423.55 0.405465 6.04868 2.45253 0.16440
4 2.00 683.30 0.693147 6.52694 4.52413 0.48045
5 2.50 989.93 0.916291 6.89763 6.32024 0.83959
6 3.00 1339.82 1.098612 7.20029 7.91033 1.20695
7 3.50 1730.22 1.252763 7.45600 9.34061 1.56942
8 4.00 2158.90 1.386294 7.67735 10.64307 1.92181
9 4.50 2624.00 1.504077 7.87246 11.84078 2.26225
10 5.00 3123.96 1.609438 8.04686 12.95092 2.59029
11 5.50 3657.41 1.704748 8.20451 13.98662 2.90617
12 6.00 4223.14 1.791759 8.34833 14.95821 3.21040
13 6.50 4820.08 1.871802 8.48054 15.87390 3.50364
Soma 13.5413 92.3538 107.8762 21.1358
Media 1.04163 7.10414 - -
k 1.6609
c 215.7449

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Figura A10.5 – Curva de vazão de Zumbo segundo a fórmula de Gauckler-Manning

d) Determinação da expressão matemática da curva de vazão de Zumbo

É de salientar que a curva de vazão de Zumbo está em função dos níveis hidrométricos
lidos na escala hidrométrica naquela estação e não em função da profundidade como a
curva de vazão gerada através dos caudais calculados pela fórmula de Gauckler-
Manning.

Para a determinação da curva de vazão de Zumbo, recorreu-se a função SOLVER da

folha de cálculo do EXCEL tendo em conta as seguintes restrições:





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Tabela A10-6: Resultados dos elementos da curva de vazão de Zumbo

h Qobs Qc
Data [Qobs - Qc]2
[m] [m3/s] [m3/s]
23/01/2012 3.82 3161.2 2909.59 63308.56
25/01/2012 4.04 3175.6 3146.79 830.10
11/05/2012 2.59 1656.9 1724.61 4584.85
13/08/2012 2.58 1807.2 1716.00 8317.28
24/12/2012 2.90 1890.7 1999.96 11937.53
29/03/2013 4.50 3598.5 3666.34 4601.66
09/02/2014 3.96 2930.5 3059.68 16687.15
Máximo 4.50 SOMA 110267.1
Mínimo 2.58

a = 234.6498
b= 1.6609
h0 = -0.73328
2
R = 0.97078

Figura A10.6 – Curva de vazão de Zumbo

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