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Maria Da Penha

A Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, foi criada para combater a violência doméstica e familiar contra a mulher, após a luta de Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu diversas agressões de seu marido. Apesar de avanços significativos na proteção das vítimas e na punição dos agressores, a violência contra a mulher ainda é alarmante no Brasil, com altas taxas de feminicídio e resistência das vítimas em denunciar. A lei não apenas penaliza os agressores, mas também estabelece políticas públicas de prevenção e assistência às vítimas, sendo um importante instrumento de proteção aos direitos humanos das mulheres.

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Maria Da Penha

A Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, foi criada para combater a violência doméstica e familiar contra a mulher, após a luta de Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu diversas agressões de seu marido. Apesar de avanços significativos na proteção das vítimas e na punição dos agressores, a violência contra a mulher ainda é alarmante no Brasil, com altas taxas de feminicídio e resistência das vítimas em denunciar. A lei não apenas penaliza os agressores, mas também estabelece políticas públicas de prevenção e assistência às vítimas, sendo um importante instrumento de proteção aos direitos humanos das mulheres.

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A Lei 11.

340/06 é conhecida como Lei Maria da Penha, em memória de


Maria da Penha Maia Fernandes, que lutou durante 20 anos para ver seu
agressor preso. Maria da Penha é biofarmacêutica cearense, casada com o
professor universitário Marco Antonio Herredia Viveros. Em 1983, ela sofreu a
primeira tentativa de homicídio, quando foi baleada nas costas enquanto
dormia. Para tentar ocultar o crime Viveros foi encontrado gritando por socorro
na cozinha, alegando que estava sendo atacado por ladrões. Como
consequência do ocorrido Maria da Penha ficou paraplégica. Após alguns
meses a vítima sofre uma nova tentativa, quando seu marido a empurrou da
cadeira de rodas e tentou eletrocutá-la no chuveiro. E foi, devido a estes
ocorridos, e a luta incessante de Maria Da Penha Maia Fernandes por justiça,
que em 2006 finalmente entra em vigor a Lei 11.340/06, fazendo com que a
violência contra a mulher deixe de ser tratada como um crime de menor
potencial ofensivo.

Com o passar dos anos, já com a lei em vigência, a violência contra a


mulher, seja ela psicológica, moral ou física continua atingindo inúmeras
mulheres. Um dos motivos destas estatísticas ainda serem elevadas é devido
ao fato das vítimas se sentirem amedrontadas e subordinadas ao agressor,
ficando presas em uma relação abusiva, pois não sentem segurança em
denunciar o abuso sofrido, devido aos diversos casos de impunidade dos
agressores.
Em seu artigo 7º, a Lei Maria da Penha prevê as formas de manifestação da
violência de forma genérica. Com base nisso, é possível identificar que existem
diversos tipos de violência como: violência física, psicológica, sexual,
patrimonial e moral, mesmo não havendo um rol taxativo na legislação.

É de extrema relevância introduzir um conceito para cada tipo de


violência existente. Entende-se como violência física toda ação que fere a
integridade ou saúde corporal da mulher, não sendo necessário deixar marcas
evidentes no corpo. Podemos denominar como agressões físicas: tapas,
empurrões, puxões de cabelo, socos, chutes, mordidas, agressão com objetos,
entre outros.
Caracteriza-se como violência psicológica qualquer atitude que cause
diminuição da autoestima ou que cause algum dano emocional. Como
exemplos: acabar ou controlar seus comportamentos, crenças e decisões,
através de: ameaças, humilhação, manipulação, constrangimento, isolamento,
controle constante, insultos, chantagem, e qualquer outro meio que afeta a
saúde psicológica.

Entende-se por violência sexual qualquer ação que faça a mulher


participar, manter ou presenciar de relação sexual não desejada através de
ameaças, intimidação, uso da força física, entre outros. Que proíba de usar
qualquer método contraceptivo ou que a force ao casamento, gravidez, aborto
ou até mesmo a prostituição, por meio de suborno, manipulação; ou que até
mesmo à limita ou proíba de exercer seu direito sexual e reprodutivo. Sexo sem
consentimento é violência sexual mesmo entre cônjuges.

A violência Patrimonial é qualquer ação que consiste em eliminação


parcial ou total de seus pertences pessoais e de trabalho.
E por fim, a violência Moral pode ser conceituada como qualquer ação que
consiste em calúnia, difamação e injúria, como por exemplo quando o agressor
designa uma situação criminosa à vítima, xingamentos e palavras que ofendem
a honra de uma mulher e quando ele afirma um fato ofensivo a reputação da
vítima.

É possível observar que os comportamentos tanto dos infratores quanto


das vítimas são fortemente influenciados por fatores históricos e culturais.
Como resultado, o homem foi criado para ser superior fazendo uso de sua
resistência física e psicológica, enquanto a mulher foi preparada para ser
submissa e reprimida. Essas concepções sociais, que estabelecem o papel dos
gêneros masculino e feminino, influenciam diretamente cada um deles ao
atuarem nos papéis de agressor e vítima. Mas este é apenas um dos vários
fatores que contribuem para a disseminação da violência doméstica e familiar
contra a mulher. Dessa forma, torna-se necessário entender a causa raiz do
problema, bem como os resultados, a fim de fortalecer as políticas públicas
nesse sentido e adotar medidas com o objetivo de eliminar ou pelo menos
reduzir significativamente essa forma de agressão.

Dado um conceito histórico, e apresentada algumas características


desta lei de forma introdutória, vamos agora adentrar na Lei Maria da Penha na
íntegra. Inicialmente, devemos entender o quanto a criação da Lei 11.340/06 foi
um avanço na defesa das mulheres contra a violência doméstica e família, vez
que antes da Lei entrar em vigor, este tipo de violência se enquadrava na Lei n.
9.099/1995, sendo considerado um crime de menor potencial ofensivo, onde as
penas aos agressores se reduziam ao pagamento de cestas básicas e/ou
trabalhos comunitários, demonstrando assim o descaso em que era tratado
este problema. Diante disto, observa-se que a criação da Lei Maria da Penha
foi de extrema relevância para a mudança de cenário no qual este tipo de
violência se encontrava, sendo essencial para que haja um caráter punitivo
mais rigoroso aos agressores e uma proteção mais efetiva das vítimas.

Em 7 de agosto de 2006 foi sancionada a Lei 11.340/06, sendo


considerada pela ONU uma das Leis mais avançadas do mundo, tendo como
uma de suas principais inovações a criação de mecanismos de proteção as
vítimas, como por exemplo as medidas protetivas de urgência. Esta Lei traz
consigo também equipamentos indispensáveis à sua efetividade, como: Casas
de abrigo, Delegacias especializadas de atendimento à mulher, Centro de
referência a mulher e outros, mecanismos estes que caminham em igualdade
com a lei para que ela se torne efetiva na proteção as vítimas.

Em seu artigo 6º a Lei Maria da penha dispõe:

Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a


mulher constitui uma das formas de violação dos
direitos humanos.

Este artigo é de extrema relevância, uma vez que desvincula a Lei


11.340/2006, da Lei 9.099/1995, que considerava este tipo de violência como
de menor potencial ofensivo, passando a ser considerado crime.

Sobre a Lei, é importante ressaltar que esta abrange a todas as pessoas


que se identificam com o sexo feminino, sendo elas hetero ou homossexuais,
ou seja, incluindo também as mulheres transexuais. Para caracterização deste
crime, é necessário que a vítima esteja em situação de vulnerabilidade em
relação ao agressor, no entanto, este não precisa ser necessariamente o seu
cônjuge/companheiro, podendo ser um parente ou uma pessoa de seu
convívio.
Dentre as diversas mudanças trazidas pela Lei Maria da Penha, algumas
das principais novidades são:

• prisão do suspeito de agressão;


• a violência doméstica passar a ser um agravante para aumentar a pena;
• não é possível mais substituir a pena por doação de cesta básica ou
multas;
• ordem de afastamento do agressor à vítima e seus parentes;
• assistência econômica no caso da vítima ser dependente do agressor.

Novidades estas que trazem uma maior segurança para as vítimas, bem
como uma punição mais severa aos infratores, demonstrando uma maior
sensibilidade e seriedade ao se tratar deste tipo de violência.

Considera-se que a criação da Lei Maria da Penha foi um sucesso, pois


após alguns anos da Lei em vigência, estima-se que apenas 2% dos brasileiros
nunca ouviram falar desta e houve um aumento considerável de 86% das
denúncias de violência doméstica e familiar após a sanção desta Lei.

No entanto, mesmo diante de diversos avanços e do sucesso da criação


da Lei, as estatísticas a respeito da violência contra a mulher no Brasil ainda
são extremamente altas, conforme pode-se observar nos dados abaixo:

• Todos os dias cerca de 13 mulheres são assassinadas no Brasil, sendo


os dados do Mapa da Violência, de 2015, realizado pela Faculdade
Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
• Em 2013 foram registrados 4.762 assassinatos de mulheres. Destes,
50,3% foram cometidos por familiares, e neste universo, 33,2% destes
casos, o crime foi praticado pelo parceiro ou ex., de acordo com a
mesma pesquisa.
• 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos
segundo pesquisa feita pelo Instituto Avon em parceria com o Data
Popular (nov/2014).

Dados estes que assustam, vez que mesmo após passados anos da
criação da Lei Maria da Penha, os casos de violência contra a mulher no Brasil
ainda são muito comuns, fato este que causa uma insegurança nas vítimas a
respeito da efetividade e segurança da Lei em questão.

Mas estes números citados acima, demonstram que a Lei não está
funcionando? Não necessariamente. O fato de ainda existirem inúmeros casos
de violência contra a mulher no Brasil, demonstram a necessidade da evolução
constante da lei para uma maior efetividade.

Na realidade realizar a denúncia ainda é um passo muito complicado


para muitas mulheres vítimas de agressão, por diversos motivos, como: ela é
ameaçada e tem medo de apanhar mais ou até de ser assassinada se acabar
com a relação; ela depende financeiramente dele e acha que não vai conseguir
sustentar a si mesma e/ou as/os filhas/os; ela tem vergonha de que os outros
saibam que ela sofre violência, entre outros.

Observa-se então que ainda existe uma desconfiança das vítimas em


relação a Lei Maria da Penha, conforme preceitua a diretora executiva do
FBSP:

“Fortalecer a confiança da mulher no poder público é um dos


principais desafios a serem enfrentados no país”

E para estreitar esta relação entre a vítima e o poder público, é certo


que com o passar dos anos a Lei foi sofrendo alguns ajustes, podendo ser
citado como principais:

• a modificação da Lei para permitir a apreensão imediata de arma de


fogo em posse do agressor.
• em 2023, o STF invalidou o uso da “legítima defesa da honra” em
casos de feminicídio, tornando-o inconstitucional.
• o Governo Federal anunciou novas medidas para combater a violência
de gênero e garantir mais proteção à vida de todas as brasileiras,
sendo uma delas: a retomada e ampliação do Mulher Viver sem
Violência, programa que busca ampliar e integrar os serviços públicos
voltados às mulheres em situação de violência.
• a retomada da Central 180, responsável por registrar denúncias contra
qualquer tipo de violência de gênero e oferecer orientações sobre
como proceder diante dessas situações. A ligação para este canal é
gratuita e o serviço funciona 24 horas.
• Além disso, o governo anunciou a implantação de 40 unidades das
Casas da Mulher Brasileira e a distribuição de 270 viaturas das
Patrulhas Maria da Penha para as delegacias da Mulher em todo o
país.

Por fim, mas também de extrema relevância, é essencial citarmos os


meios pelos quais as vítimas podem realizar uma denúncia, sendo eles:
Virtualmente: quase todos os estados adotaram o Boletim Eletrônico de
Ocorrência, com campo específico para a violência doméstica; ouvidoria
Nacional de Direitos Humanos: Acesse www.humanizaredes.gov.br e faça a
sua denúncia virtualmente. Ela pode ser feita de forma anônima;
presencialmente em uma delegacia da mulher, nas cidades onde existem, ou
em qualquer delegacia de polícia; ligue 180: serviço telefônico exclusivo para
denúncias de violência doméstica e familiar e orientação das vítimas.

Ante ao exposto, é importante ressaltar que a Lei Maria da Penha não


deve ser vista apenas como uma via jurídica para se punir os agressores, pois
ela também prevê o conceito de todos os tipos de violência doméstica e
familiar; cria políticas públicas de prevenção, assistência e proteção às vítimas;
institui as medidas protetivas de urgência, dentre outras propostas. Trazendo
assim a ideia de que a Lei 11.340/2006 representa um importante instrumento
legal de proteção aos direitos humanos das mulheres para uma vida livre de
violência.
Referências:

BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm.
Acesso em: 15 de outubro 2023.
CALAZANS, Myllena; CORTES, Iáris. O processo de criação, aprovação e
implementação da Lei Maria da Penha. In: CAMPOS, C. H. (Org.). Lei Maria da
Penha comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2011.
SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA MULHERES. Ministério dos Direitos
Humanos. Disponível em: http://www.spm.gov.br/. Acesso em: 16 out 2023.
CAMPOS, Amini Haddad; CORRÊA, Lindinalva Rodrigues. Direitos Humanos
das Mulheres: Doutrina, Prática, Jurisprudência, Modelos, Direito Comparado,
Estatísticas, Estudo de Casos, Comentários à Lei 11.340/06 (Lei Maria da
Penha), Legislação Internacional e Coletânea de Normas. Curitiba: Juruá,
2008.
DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na justiça: A efetividade da Lei
11.340/2006 de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

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