Tema: Regime Complementar da Segurança Social
Índice Páginas
1. Introdução..............................................................................................................1
1.1. Metodologia........................................................................................................2
1.1.2. Objectivo Geral................................................................................................2
1.1.3. Objectivo Específico........................................................................................2
2. Surgimento da Protecção Social em Moçambique.................................................2
2.1. Enquadramento Conceptual.................................................................................3
2.1.1. Protecção Social................................................................................................3
2.1.2. Segurança Social...............................................................................................5
3. Subsistemas de Segurança Social............................................................................5
4. Sistemas Formais de Segurança Social em Moçambique........................................6
4.1. Previdência Social para Funcionários de Aparelho do Estado.............................6
4.2. Previdência Social nas Forças Armadas de Moçambique (FADM)......................7
4.3. Previdência Social para Deputados........................................................................8
4.4. Previdência Social para Assalariados.....................................................................9
4.4.1. Organização Administrativa do INSS.................................................................10
4.4.2. Prestações concedidas pelo INSS e evolução dos beneficiários por prestação...11
5. Sistemas Informais de Segurança Social...................................................................12
6. Considerações Finais.................................................................................................13
Referências Bibliográficas.............................................................................................14
1. Introdução
Em Moçambique foram constituídas estratégias de protecção social diferentes e
divergentes, de acordo com a forma como os direitos cívicos, políticos e sociais foram
se constituindo. Na verdade, como afirmavam Barbalet e Giddens, “sociedades
diferentes atribuem direitos e deveres diferentes aos seus cidadãos, porque, não existe
qualquer princípio universal que determine direitos e deveres inalienáveis da cidadania
em geral” (Barbalet, 1989:19) e (Giddens ,1997:59).
A protecção social é considerada de forma geral, como um dos princípios que norteiam
um estado e segundo Quive (2007), “a protecção social é parte integrante dos direitos
sociais veiculados pela Política Social de cada país”.
O sistema de segurança social em Moçambique surge como consequência e interacção
entre os eventos locais e os processos históricos globais que, na visão de Ngoenha
(2000), foram marcados pela colonização, através da expansão do capitalismo no
mundo, como um factor dinamizador do envolvimento das sociedades africanas rumo à
modernidade e desenvolvimento.
Olhando para o pensamento que orientava a abordagem transaccionalista da
antropologia no contexto da problemática e mudança social, Schapera (2001:136),
explica que a modernização das sociedades africanas era determinada pela substituição
das estruturas tradicionais pelas estruturas modernas. Porém, este pensamento mostrou-
se ineficiente na medida em que as estruturas destas sociedades continuaram a resistir
aos “ventos” da modernização, daí a adopção de novas formas de actuação.
Assim, Santos (1995:1) refere que a conceitualização das dinâmicas de protecção social
com base nos laços de solidariedade, como sociedade – providência”, constituem um
dos processos de actuação social, indicadores dos sistemas de troca, cujo funcionamento
continua a obedecer às lógicas não mercantis.
1
1.1. Metodologia
Para a realização do presente trabalho foi feita uma pesquisa com dados colectados
através de levantamento bibliográfico.
1.1.2. Objectivo Geral
Analisar o sistema de segurança social moçambicana.
1.1.3. Objectivo específico
Descrever as principais características que compõe o sistema de segurança social
moçambicana.
2. Surgimento da protecção social em Moçambique
As primeiras evoluções importantes do papel do Estado perante a questão social
remontam da década sessenta do século XX, com a aprovação do Diploma Legislativo
nº 2368 de 25/05/63. Este Diploma cria o Fundo de Acção Social no Trabalho Rural de
Moçambique, e tinha o seguinte objectivo:
“Assegurar a acção social intensa, junto dos trabalhadores rurais na fase de
transição do meio costumeiro e da economia de subsistência para a integração
nos novos regimes jurídicos do trabalho em economia de mercado”.
Em 1973, foi regulado em novos termos o funcionamento e as atribuições do Fundo de
Acção Social, tendo sido criado assim ao abrigo do Decreto nº 332/73 de 3 de Junho a
Junta de Acção Social no Trabalho. Este Decreto tinha a seguinte finalidade:
“Promover económica e socialmente os trabalhadores e suas famílias”.
No período pós-independência, a primeira Lei do Trabalho, Lei nº 8/85 de 14 de
Dezembro, estabelece:
2
“A necessidade de criação de um sistema de segurança social de acordo com as
condições sócioeconómicas e as possibilidades do desenvolvimento da economia
nacional”.
Esta proposta do governo surge como resultado da inexistência de uma instituição
responsável pelo atendimento de questões relativas à previdência social dos
trabalhadores assalariados.
Como medida preventiva, o governo emitiu o Despacho Ministerial de 4 de Julho de
1977, obrigando todas as empresas com esquemas próprios de previdência social a
apresentarem os seus modelos junto do Ministério do Trabalho a fim de serem
harmonizados, passando esta área a ser tutelada por aquele organismo. Esta acção
governamental é entendida como uma medida que visava atingir o seguinte objectivo:
”Salvaguardar os direitos dos trabalhadores no âmbito da previdência social”
(Gomes,1995:8). Em 1988 foi formalmente criada uma Instituição que zelasse
pela previdência social, entendida como o seguro social que é concedido aos
trabalhadores assalariados como beneficiários do sistema de segurança social,
quando estes são atingidos por um dos chamados riscos sociais tais como:
doença, invalidez, velhice e morte.
Deste modo, por Decreto nº 17/88 de 27 de Dezembro foi constituído o Instituto
Nacional de Segurança Social, adiante designado INSS, e tinha o seguinte objectivo:
“Assegurar a assistência material ao trabalhador, nas situações de falta ou
diminuição da capacidade para o trabalho”.
2.1. Equadramento Conceptual
2.1.1. Protecção social
De acordo com o Decreto nº 17/88 de 27 de Dezembro a segurança social é um direito
garantido a todo o cidadão moçambicano.
3
Havendo necessidade de estabelecer um quadro legal da protecção social adequado à
realidade socioeconómica do país, foi promulgada ao abrigo do disposto no nº 1 do
artigo 179 da Constituição e aprovado pela Assembleia da República, a lei nº 4/2007 de
7 de Fevereiro que define as bases em que assenta a protecção social e organiza o
respectivo sistema (INSS, 2009:7)
Para Olivier (1999:6), protecção social são políticas que asseguram que todas as pessoas
em situação de riscos adversos da vida social e profissional tenham economia e
protecção adequadas durante o período de desemprego, doença, maternidade, viuvez,
invalidez e velhice, através de esquemas contributivos. A protecção social começa antes
do início da vida, prolonga-se durante a vida e termina com a morte.
De acordo com a OIT o termo “protecção social” refere-se ao conjunto de medidas
públicas que uma sociedade oferece aos seus membros, para os proteger de dificuldades
económicas e sociais que sejam causadas pela ausência ou uma redução substancial do
rendimento do trabalho como resultado de várias contingências (doença, maternidade,
acidentes de trabalho, desemprego, invalidez, velhice e morte do ganha-pão);
fornecimento de cuidados de saúde; e o fornecimento de benefícios para famílias com
crianças. Portanto, no geral, segundo esta organização internacional, a protecção social
deverá ser associada a instituições públicas, regime regulamentar e iniciativas
destinadas a proteger indivíduos, agregados familiares e quaisquer outras unidades de
relevância.
Por sua vez FRANCISCO (2010: 39), afirma que a protecção social é definida também
como o conjunto de mecanismos, iniciativas e programas com o objectivo de garantir
uma segurança humana digna, libertando os cidadãos de dois medos cruciais no ciclo da
vida humana: 1) Medo da carência, sobretudo alimentar e profissional, seja acidental,
crónica ou estrutural; 2) Medo da agressão e desprotecção física e psicológica
(FRANCISCO, 2010: 39).
4
2.1.2. Segurança Social
A OIT (Organização Internacional de Trabalho) define, segurança social como a
protecção que a sociedade proporciona aos seus membros através de uma série de
medidas públicas contra as carências sociais e económicas que, de outra forma,
poderiam ocorrer pela supressão ou redução substancial dos rendimentos por motivo de
doença, maternidade, acidente de trabalho, desemprego, invalidez, velhice, morte.
De acordo com Paper (1997), protecção social são políticas que asseguram que todas as
pessoas em situação de risco adversas de vida social e profissional tenham economia e
protecção adequada durante um período de emprego, doença, maternidade, viuvez,
invalidez e velhice.
No entender de Pieters (1999:2), segurança social é um corpo de arranjos que moldam a
solidariedade entre pessoas no momento em que enfrentam uma desgraça ou um risco
social, a falta ou ausência periódica de rendimentos ou custos particulares.
Por seu turno Barker e Holtzhausen (1999:11), entendem por segurança social, um
sistema de assistência social garantida pelo Estado a pessoas necessitadas quando os
seus recursos de renda normais tenham sido interrompidos por exemplo por doença ou
reforma. Isto implica assistência para certos grupos em situação de vulnerabilidade (por
exemplo incapacitados, famílias dos falecidos trabalhadores ou pessoas que tenham
sofrido acidentes industriais), ou ainda suplementar os rendimentos dos pensionistas.
Pode incluir também esquemas de seguro social.
3. Subsistemas de Segurança Social
De acordo com a Lei nº 4/2007, de 07 de Fevereiro, o sistema de segurança social em
Moçambique é composto por 3 subsistemas:
5
a) Segurança Social Básica
gerida pelo Ministério que superintende a área da Acção Social, abrange os cidadãos
nacionais incapacitados para o trabalho, sem meios próprios para satisfazer as suas
necessidades básicas, nomeadamente:
a) Pessoas em situação de pobreza absoluta;
b) Crianças em situação difícil;
c) Idosos em situação de pobreza absoluta;
d) Pessoas portadoras de deficiência. em situação de pobreza absoluta;
e) Pessoas com doenças crónicas e degenerativas.
b) Segurança Social Obrigatória, gerida pelo Instituto Nacional de Segurança Social
(INSS), abrange os trabalhadores por conta de outrem e os trabalhadores por conta
própria, nacionais e estrangeiros residentes em território nacional e as respectivas
entidades empregadoras.
c) Segurança Social Complementar, gerida por entidades de carácter privado ou
público, cuja constituição e funcionamento é regulamentada pelo Conselho de
Ministros. Abrange, com carácter facultativo, as pessoas inscritas no sistema de
segurança social obrigatória, visando reforçar as prestações da segurança social
obrigatória, através de modalidades sujeitas à homologação pelo órgão de supervisão,
por proposta da entidade gestora.
4. Sistemas formais de segurança social em Moçambique
4.1. Previdência Social para Funcionários de Aparelho do Estado
Actualmente o Departamento da Previdência Social22 (DPS) no Aparelho do Estado é
regido pelo decreto base 14/78 de 20 de Maio do Conselho de Ministros que fixa os
grupos abrangidos, as contribuições, as pensões, as modalidades, os beneficiários, as
6
competências e consta do Estatuto Geral dos Funcionários de Estado (EGFE).
Entretanto, tendo o Decreto sido aprovado no regime político socialista de economia
planificada, está sendo actualizado através de outros regulamentos, por forma a
adequar-se às transformações sociais, económicas e políticas em curso no nosso país.
A Previdência Social oferece as seguintes prestações:
Para os funcionários do Estado
Aposentação;
Aposentação voluntária;
Aposentação Obrigatória;
Aposentação extraordinária;
Aposentação extraordinária para dirigentes do país;
Aposentação extraordinária para militares;
Aposentação por incapacidade • Pensão de Sobrevivência;
Pensão de Sangue;
Pensão por Serviços Excepcionais e Relevantes Prestados ao País;
Assistência Médica e Medicamentosa para os funcionários do estado;
Subsídio por Morte;
Subsídio de Funeral;
Suplemento de vencimentos;
Licença de parto;
Licença em casos de doenças crónico-degenerativas e mentais.
4.2 Previdência Social nas Forças Armadas de Moçambique (FADM)
O regulamento da previdência social e reforma nas Forças Armadas de Moçambique
(FADM) foi decretado ao abrigo da Constituição da RPM, pelo Conselho de Ministros,
através do Decreto 3/86 de 25 de Junho. Este regulamento estabelece as normas que
regem a constituição e o pagamento dos seguintes abonos:
Pensão de reforma e de invalidez;
7
Pensão de sobrevivência;
Subsídio por morte;
Pensão de sangue e
Pensão por serviços excepcionais e relevantes prestados ao país.
A administração dos serviços de previdência nas FADM, insere-se numa relação
estrutural bilateral entre o Ministério de Finanças e o Ministério da Defesa Nacional. No
Ministério da Defesa Nacional, é da competência da Direcção de Quadros, em conexão
com os diversos ramos do exército e unidades militares, iniciar os mecanismos
burocráticos formais, como seja por exemplo a contagem do tempo de serviço.
4.3. Previdência Social para Deputados
A previdência e segurança social do deputado, é estipulada pela lei número 21/2002,
de 21 de Outubro, prevista no Artigo 24 da Lei n.º 2/95, de 8 de Maio, que aprova o
Estatuto do Deputado e ao abrigo do disposto no n.º 1 do Artigo 135 da Constituição,
sendo que o decreto número 48/2002, de 26 de Dezembro aprova o respectivo
regulamento do Sistema (Lei de Previdência e Segurança Social, 2002). Este subsistema
de segurança social integra:
Pensão de aposentação;
Pensão de aposentação extraordinária;
Subsídio de funeral;
Subsídio por morte;
Pensão de sobrevivência e de Sangue;
Assistência médica e medicamentosa.
O Deputado adquire o direito à pensão de aposentação equivalente a 100 por cento da
remuneração base actualizada da função mais alta exercida, quando preencha
cumulativamente os seguintes requisitos:
Tenha exercido o mandato durante duas legislaturas consecutivas;
Tenha descontado 13 por cento sobre o valor da remuneração base durante essas
legislaturas;
8
Tenha completado 60 ou 55 anos de idade, consoante seja do sexo masculino ou
feminino respectivamente.
4.4 Segurança Social para Assalariados
O INSS surgiu da necessidade que o Governo moçambicano teve de estender a
protecção social para trabalhadores dos sectores público - privado e misto, saídos das
empresas estatais, devido à implementação dos Programas de Reajustamento Estrutural
(PRE). Diga-se que estes trabalhadores até então se encontravam cobertos pelo sistema
de previdência social para funcionários do Estado, embora disso não tenham sido
alguma vez informados.
O Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) foi criado através do decreto N.º
17/88, de 27 de Dezembro. Como gestora do regime de segurança social, entanto que
tal, só veio a ser criado pela lei da segurança social 5/89 de 18 de Setembro. É de referir
que o INSS é uma instituição pública que funciona com base no mecanismo de as-you-
go”, que entretanto ainda não cobre todos os riscos preconizados pela convenção 102 de
1952 da OIT (Senda, 2002).
O INSS é doptado de personalidade jurídica, autonomia administrativa, financeira e
patrimonial, sob tutela de Ministério do Trabalho e com sede na cidade de Maputo. Esta
instituição é gestora da segurança social dos trabalhadores assalariados das empresa
públicas, privadas e mistas, tem uma cobertura nacional, exercendo as suas actividades
em todas as províncias do país, através de delegações, provinciais e distritais.
A este instituto cabe a responsabilidade de gerir e administrar o seguro social
obrigatório para o grupo de trabalhadores acima mencionados. Mas os beneficiários
que, por alguma razão, perdem o poder de contribuir através das empresas, têm, de
acordo com a lei 5/89 de 18 de Setembro, a possibilidade de inscrever-se no INSS de
forma voluntária.
9
4.4.1. Organização Administrativa do INSS
Desde o inicio que a administração do INSS tem um carácter tripartido e dela fazem
parte:
Representantes do Estado;
Representantes dos empregadores e
Representantes dos trabalhadores.
Para a implementação da segurança social o INSS possui uma direcção executiva,
denominada, Direcção Geral, dotada de autonomia financeira e administrativa.
Os funcionários do INSS regem-se pelo Estatuto Geral dos Funcionários do Estado e
são efectivamente funcionários do Estado ao serviço do INSS. Isto implica que sejam
assegurados, na verdade, pelos serviços de previdência social para os funcionários do
Estado mas, pelo facto de estarem a trabalhar para INSS, têm uma série de outras
regalias sociais. É um dos poucos casos em que o funcionário é duplamente beneficiado
e o Estado cobre as despesas inerentes com toda a naturalidade.
De acordo com a Lei da segurança social, é obrigatória a inscrição dos trabalhadores
nacionais assalariados e estrangeiros residentes, bem como das respectivas entidades
empregadoras no sistema de segurança social gerido pelo INSS. Tecnicamente, no
INSS, a entidade empregadora é designada contribuinte e o trabalhador beneficiário.
Para se beneficiarem do regime de segurança social os trabalhadores são descontados
mensalmente 3% do seu salário e a entidade empregadora contribui com mais 4% sobre
o salário do trabalhador. Para além das contribuição dos trabalhadores e das entidades
empregadoras, este regime de segurança social poderá ser financiado pelas
contribuições do Estado, doações, bem como através dos resultados dos seus
10
investimentos. Deste modo, os juros e as reservas do INSS desempenham um papel
importante no co-financiamento do sistema.
É certo que, até ao momento, o INSS não recebe um financiamento directo do Estado.
Mas como os seus funcionários são funcionários do Estado, uma parte dos salários são
pagos através do Orçamento Geral do Estado. Assim, pode-se falar de uma contribuição
indirecta do Estado no sistema de segurança social, além de que, os referidos
funcionários em caso de reforma ou outros benefícios sociais no âmbito da previdência
social, são pagos pelo Estado.
4.4.1.2. Prestações concedidas pelo INSS e evolução do beneficiários por prestação
O dispositivo legal que estabelece o âmbito de aplicação material do Sistema de
Segurança Social define que podem ser criadas outras prestações para além das
derivadas dos riscos inicialmente definidos, desde que as condições sócio - económicas
assim o permitam.
Nestes termos, foram introduzidas no âmbito da Acção Sanitária e Social as prestações
de subsídio de funeral e comparticipação nas despesas de internamento hospitalar
(Diploma Ministerial no 143/93 de 08 de Dezembro).
Actualmente, o INSS atribui as seguintes prestações:
a) Subsídio por doença;
b) Subsídio por morte;
c) Subsídio de funeral;
d) Pensão de velhice;
e) Pensão de invalidez;
f) Pensão de sobrevivência;
g) Abono de velhice;
h) Subsídio de internamento Hospitalar.
11
5. Sistemas Informais de Segurança Social
De acordo com Olivier (2004), a introdução da segurança social na Europa e América
do Norte sob orientação do modelo Bismarkiano, enfatizava a protecção dos
trabalhadores activos e que se encontram no mercado formal de emprego como forma
de aumentar a produção e a produtividade.
A definição da segurança social da OIT trás este ponto mais claro. Por exemplo Olivier
citando Walley (1972:9) sustenta que a segurança social é como “a protecção do padrão
de vida do trabalhador, assegurando a si próprio e sua família no seu local do trabalho
(Olivier, 2004:2).
Actualmente, o resultado da fraca cobertura e a inadequabilidade dos sistemas formais
de protecção social, excluem grande parte das pessoas economicamente activas. A
precariedade das condições de trabalho no mercado formal, associado a todo um
processo de privatização no quadro das reformas económicas, acrescido a implantação
de uma economia do tipo capitalista, concorrem para que os sistemas formais de
protecção social sejam mais excludentes.
Assim, muita população economicamente activa que se encontra enquadrado no
mercado formal e informal de emprego, por exemplo, os trabalhadores dos Conselhos
Municipais, das carpintarias, serralharias, motoristas e cobradores dos transportes semi-
colectivos, empregados domésticos, trabalhadores agrícolas, desportistas, consultores,
os vendedores nos mercados formais e informais etc., é toda excluída dos sistemas
formais de protecção social e, por conseguinte em caso de riscos sociais são cobertos
somente através dos esquemas informais de protecção social.
12
6. Considerações Finais
Chegado o fim do trabalho concluímos, que em Moçambique a segurança social vem
ocupar um lugar importante para o melhor funcionamento da sociedade, que até a não
existência da segurança social numa sociedade poderá reforçar o estado patológico da
sociedade, como o que acontece em muitos países em vias de desenvolvimento, em que
devido a ausência de sistemas eficientes de protecção social esses países são vulneráveis
à pobreza, instabilidade económica e política.
A instabilidade económica tem sido característica destes países porque não tem uma
força de trabalho à altura e que a mesma não existe devido à ausência destes sistemas.
Outra constatação importante está relacionada com a complementaridade dos diferentes
sistemas de segurança social neste país.
É notório o desconhecimento da funcionalidade dos outros subsistemas por parte dos
funcionários da segurança social, isto é, cada sistema considera-se uma ilha totalmente
isolada. Por conseguinte, os sistemas moçambicanos de segurança social não tem
nenhuma relação uns com os outros e no seu funcionamento não se complementam,
para além de que não permitem a transferência das biografias de contribuição de um
sistema para outro.
13