Audio Musica & Tecnologia Agosto 2011
Audio Musica & Tecnologia Agosto 2011
br
YAHOO/BR PLUS
Estúdio e produtora em sintonia com o sucesso
TESTE
AUDIO-TECHNICA AT4080
Um microfone de fita para a nova geração
SINTETIZADORES
Como desenvolver uma sonoridade própria
DE
TÉCNICANSAÇÃO
PROCESSAMENTO DE ÁUDIO MICROFO
6ª parte
Entrevista com o criador do plug-in de reverberação Altiverb
áudio música e tecnologia | 1
2 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 3
ISSN 1414-2821
EDITORIAL Áudio Música & Tecnologia
Ano XXIII – Nº 239 / agosto de 2011
76
Um microfone de fita que supera limitações
Fábio Henriques
Marcio Teixeira
e concursos”, destacou, ressaltando que a instituição possui
convênios com o Sindicato dos Músicos e com o coro do The-
atro Municipal. “Nosso objetivo é transformar o aluno em um
instrumento musical, para que seja capaz de escutar e escrever
qualquer coisa em qualquer tom, em qualquer clave”, afirmou
Costa Netto, arrancando aplausos dos convidados.
Começando um pouco antes, no dia 22, acontece no Pavilhão de Conferências o SET 2011 - Congresso de Tecnologia de
Televisão. Organizado e promovido pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET), o con-
gresso terá palestras, talk shows, tutoriais e debates com profissionais de destaque no mercado.
“O objetivo do Game Music Brasil é fazer com que os músicos descubram este novo mercado, que tem crescido a cada
ano”, destacou Sergio Murilo de Carvalho, idealizador do evento. “Somente em 2010, o mercado de games gerou US$ 24
bilhões de receita em todo o mundo”, acrescentou ele, citando dados divulgados recentemente pela empresa de pesquisa
norte-americana NPD. Inscrições para participar do festival já estão abertas em www.gamemusicbrasil.com.br, onde mais
informações podem ser obtidas.
Para tal, a Pinnacle, que no segmento de broadcast tem entre seus clientes nomes como Globo, SBT e Record,
busca agora ampliar sua rede de revendas no mercado de áudio profissional. No site da distribuidora (www.pin-
naclebroadcast.com.br) é possível conferir os modelos Rode que ela já disponibiliza, como o NT1-A, considerado
um dos mais silenciosos do mundo, e o NTG-1, mic a condensador direcional supercardioide. Entre os acessórios
estão o suporte PSA1, para microfones com peso entre 700 g e 1,5 kg, e a suspensão shock mount SM-3, para
montagem em câmeras de vídeo.
Os seis melhores, escolhidos pelo comitê organizador e por um júri formado por renomados bateristas, irão ensaiar
com o kit V-Drums TD-9KX2 e com o Octapad SPD-30 em lojas parceiras da fabricante. As performances serão
gravadas e disponibilizadas na internet para que sejam escolhidos os três finalistas. Na decisão, que acontecerá no
dia 20 de outubro, em São Paulo, o júri irá definir o vencedor, que levará para casa um prêmio de R$ 10 mil e ainda
representará o Brasil na final internacional do concurso, em Los Angeles, EUA.
Além disso, seu pré-amplificador interno e seu cabo destacável são pro-
tegidos contra interferências de radiofrequência. O M1280 conta com
uma vasta gama de clips e acessórios que tornam o microfone mais ágil
e discreto, inclusive para aplicações de show e gravações audiovisuais.
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áudio música e tecnologia | 17
NOVOS PRODUTOS
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Entre as canções escritas por Luiz, os destaques são Azul Mar, que abre o disco, Na Espiral
e Nego Véio (Para Lenine). As duas únicas regravações que integram o trabalho do artista
são as de O Ronco da Cuíca, de João Bosco e Aldir Blanc, e Farol, de Mau Brasil, outras
duas boas pedidas.
Luiz Brasil, para quem não sabe, é primogênito de uma família de instrumentistas e já emprestou seu talento para
um grande número de expoentes da Música Popular Brasileira, dentre eles Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia,
Cássia Eller e Caetano Veloso. Deste último, foi, por 10 anos, músico, arranjador e produtor.
Das mãos de Luiz Brasil o que se pode esperar é sempre algo muito refinado, como Beira e, voltando alguns anos, o
bem recebido Brasilêru, seu trabalho de estreia, lançado em 2005.
Georgeana Bonow – O Que Nunca Foi Dito Antes Por Nós Dois (Independente)
Georgeana Bonow foi descoberta por Roberto Menescal há alguns anos, quando, a con-
vite do produtor e músico, figurou em coletâneas de regravações de sucessos da música
internacional em ritmo de bossa, lançadas pelas gravadoras Albatroz e Som Livre. Agora,
a menina de voz suave e bem colocada surge em O Que Nunca Foi Dito Antes Por Nós
Dois, seu primeiro CD autoral.
Produzido pela dupla Rafael Garrafa e Pepê Canongia, sendo que o segundo também assina
a mixagem, feita no estúdio 94, no Rio de Janeiro, o disco reúne algumas das canções que
Georgeana escreveu ao longo de sua carreira.
Os destaques ficam por conta de Você Me Beija, Pra Onde Vão As Flores e Meu Jardim. Nesta última, Bonow dá um banho
de interpretação sob um delicado piano. Em Georgiana, canção com versos em inglês que o poetinha Vinícius de Moraes
escreveu para sua filha, uma “quase xará” da cantora, o destaque é a participação do bom e velho “Menesca”, que assina
os arranjos com sua típica maestria.
Outro aspecto que vale destacar é que o som do disco é clássico! Daqueles que priorizam as nuances, bem soltas e con-
fortáveis. Por conta disso, algumas música soam deliciosamente silenciosas perto de outras.
Bela estreia.
ZÉ “HEAVY”
CARRATO
A
paixão de José Luís Carrato pelo áudio começou 1989, entrei para a equipe do IRA! e não parei mais de
cedo, mais ou menos com seis anos de idade, mixar ao vivo. Até tentei conciliar os estúdios com a es-
quando seu pai o levou para ver uma sessão de trada, mas não teve jeito. Produzi alguns discos no início
gravação de uns amigos no antigo Estúdio Vapor, em São dos anos 1990, como o Vivo, dos Ratos de Porão, para a
Paulo. “Aos 17 anos, eu comecei a trabalhar no Estúdio gravadora Eldorado, e álbuns do Yo-Ho-Delic e Virna Lisi
ViceVersa como assistente de gravação. Com o tempo, pas- para o selo Tinitus, do Pena Schmidt. Trabalhei ainda nos
sei a praticamente morar no estúdio, dividindo meu tempo estúdios Norte Magnético, RAC e YB”, lista ele.
como assistente do Paulo Farat durante o dia e gravando
bandas de heavy metal nas madrugadas para o único selo Mas a estrada acabou vencendo. Hoje, Zé Heavy continua
alternativo na época, a Baratos Afins. Daí o apelido Heavy.” operando PA e monitores para bandas alternativas e em as-
censão por todo o Brasil. “Às vezes, também faço mixagens
No final dos anos 1980, ele era um dos técnicos do pro- de CDs de bandas, normalmente de amigos queridos”, des-
dutor Pena Schmidt, prestando serviços para a gravadora taca Zé, que afirma sempre reservar uma boa parte do seu
WEA, mas logo começou a pegar gosto pelos palcos. “Em tempo para conhecer os softwares dos novos mixers digitais.
Melhor turnê em que trabalhou: Yes – The Ladder, South and Cen-
tral America Tour, em 1999. Mixar os monitores desta banda sempre
foi um sonho.
Técnicos de PA: Sou fã do Vidal, d’O Rappa. De fora, gosto do Paul Boo-
throyd. Trabalhamos juntos nos shows do Paul McCartney e AC/DC nos
anos 1990 e ele realmente impressiona pela versatilidade e bom gosto.
Música
Mais
Divulgação
L
ocalizado em Belo Horizonte, Minas Gerais, o podemos dizer que o estúdio atende a clientes de
Música Mais nasceu em 2004 com objetivo de uma região específica. Chegamos, inclusive, a tra-
atender ao público da região norte da cidade balhar com artistas que se destacam no cenário
com uma estrutura que, na área de gravação de áu- musical de nossa cidade”, conta o produtor e téc-
dio, ainda não existia por lá. Neste sentido, idealizou- nico de gravação Walmir Ribeiro.
se também uma mudança na maneira de os estúdios
de gravação de áudio comercializarem seu serviço: Além de Walmir, a equipe conta com o também téc-
não mais trabalhariam com períodos de gravação – nico e produtor musical e fonográfico Robert Dola-
que consiste em alugar horários específicos no estú- bella. Elias Marinho é o arranjador e produtor, Ra-
dio –, mas sim com produção, o que permitiria uma phael Morais é técnico de gravação e o marketing e
flexibilidade maior de tempo, menor estresse e mais propaganda ficam a cargo de Alexandre L.
cuidados dispensados ao trabalho.
Devido à natureza dos diferentes tipos de produção
“Apesar de ter como foco inicial a região norte de de áudio que o estúdio passou a receber, a meta
BH, diversas pessoas de outras regiões da cida- de se trabalhar por produção de obras completas
de tornaram-se clientes do Música Mais. Hoje não em vez de simplesmente locar as salas por perí-
jetivo incentivar as cooperativas a executarem proje- suportadas por uma estrutura de madeirite resina-
tos sociais voluntários. “Devemos criar um jingle, a do, que então recebeu o tratamento acústico. Nas
pedido do cliente, que seja alegre, para cima, e que salas, há o forro mineral OWA (modelo Sirius HP),
motive as pessoas a cantarem junto, tanto na fase de madeira em forma de compensados (revestidos de
divulgação quanto no dia do evento”, revela Walmir, ipê e marfim) e Sonex Flexonic. Na sala da técnica o
falando um pouco sobre o conceito do material. Sonex leva uma cobertura de cor palha.
Divulgação
Tratamento acústico da técnica teve que ser refeito por excesso de harmônicos
A rede elétrica é toda aterrada. O cabeamento foi demandas específicas, principalmente aqueles que
mais uma tarefa que ficou a cargo de Walmir Ribei- gravam somente grupos musicais, e que têm uma
ro, que também tem formação na área de eletrôni- estrutura semelhante à nossa, tendem a diminuir
ca. Basicamente todos os cabos do estúdio são da sua quantidade de trabalho. Em resumo, é preciso
Santo Angelo. Os plugues, por sua vez, são Neutrik. diversificar para se manter”, afirma o técnico, des-
tacando que os funcionários do Música Mais pro-
Walmir Ribeiro destaca o uso de placas de som da curam não apenas atender à demanda, mas tam-
MOTU. “São especiais na hora de registrar áudio di- bém ter um real envolvimento com cada projeto.
gital. Os conversores analógico/digitais são diferen- “Como há muito de subjetivo naquilo tudo que é
ciados, e estas diferenças são facilmente percebidas anterior à gravação de um trabalho, procuramos
na comparação com outras placas. Além disso, me compreender o desejo, o sonho daquele que nos
permitem uma conversa digital com o pré-amplifi- procura com o objetivo de gravar áudio. E então, a
cador Octane, facilitando e melhorando em muito partir daí, é só técnica!”, revela Walmir, que vê no
a qualidade da gravação do áudio. Ainda contamos procedimento a “fórmula do sucesso” do estúdio.
com os plug-ins VST Universal Audio para mixagem
e masterização”, acrescenta. O próximo passo do Música Mais será a construção
de uma sala para dublagem no térreo, pois já exis-
te demanda para este tipo de trabalho. “Identifica-
PRODUÇÃO DIVERSIFICADA mos um déficit nesse segmento. Para que possamos
inaugurar em breve esse espaço dedicado à dubla-
“Segundo a nossa realidade, há uma necessidade gem já trabalhamos com uma previsão de investi-
de atender a todo cliente interessado em gravação mento em estrutura física e também na parte de
de áudio. Percebemos que estúdios que atendem a equipamentos de vídeo”, conclui.
Divulgação
A sala de gravação recebeu diversas camadas de materiais como lã de rocha, forro mineral e Sonex
AMPLIFICADORES:
• Alesis RA 100
• Peavey Bandit 112 (para guitarra)
• Trace Elliot Tramp (para guitarra)
• Akai
MICROFONES:
PERIFÉRICOS:
MONITORES:
• LG Flatron 22”
• Tannoy Reveal (par de referência)
• Yamaha NS-10 M Studio (par de referência)
FONES DE OUVIDO:
• AKG K 141 (x 4)
INSTRUMENTOS:
AS VÁRIAS FACES DE
RODRIGO SANTOS
BAIXISTA DO BARÃO VERMELHO GRAVA DVD EM TRÊS
AMBIENTES DISTINTOS: ESTÚDIO, TEATRO E CÉU ABERTO
Guilherme Rocha
GRAVAÇÃO TRIPLA
O combinado era fazer o show inteiro de uma só vez, sem optei por utilizar o processamento on board da mesa, atu-
repetições. Foi o que aconteceu. Deu tudo certo, com exce- ando apenas sobre o áudio do dia da gravação (monito-
ção de um problema no vídeo de uma música que tocamos ração e PA) e gravando os arquivos “limpos” direto do
com o Frejat. Foram 23 músicas "em uma só tacada", com pré-amplificador para poder equalizá-los posteriormente
entrada e saída de sete convidados e a nossa formação de com mais calma, num ambiente de mixagem controlado.
Guilherme Rocha
canais e equipamentos e poucas horas para trabalhar,
devido ao tempo que a cenografia consumiu no palco. Já
no Arpoador, embora ventasse muito, os elementos de
uma banda de rock falaram mais alto do que a natureza.
Alguns testes, horas antes do show, mostraram que não
seria preciso inserir filtros nas pistas, pois já tínhamos
uma ótima relação sinal/ruído (SNR).
Guilherme Rocha
lançando mão de plug-ins apenas para tarefas que iam show. Portanto, uma música aparentemente balada pode
além das suas capacidades. se transformar numa catarse, caso de O Sono Vem. E outra
pesada, como Pro Dia Nascer Feliz, pode se transformar
Na verdade, a sessão de gravação originou todas as ou- numa bossa nova, como aconteceu no Teatro Ipanema.
tras subsessões de mix, de onde apenas se excluiu o que
não era necessário para cada determinada passagem. Eu Eu não sei dizer se o show do teatro é mais leve que o
mixei as trilhas na própria mesa de gravação (SL24) e os da Kombi, apesar de parecer assim, pois o da Kombi é
arquivos permaneceram no mesmo exato sistema desde o feito com um power trio. Quando vejo o DVD, me es-
momento de sua captação até a finalização. panto com momentos pesadíssimos no teatro que nem
mesmo eu havia notado enquanto tocava. Na verdade, o
Na mix, não economizei no peso. Sou muito roqueiro e conceito do trabalho é mesmo musical/textual. As letras
sabia que o Rodrigo não se oporia. Além disso, prestei são muito importantes no meu trabalho, inclusive aque-
atenção na homogeneidade entre as diferentes canções las que escolhi para o disco em inglês. E o DVD chega
captadas em diferentes circunstâncias, para não ficar para mostrar visualmente quem sou eu, para mostrar o
desagradável para os espectadores. As mixes foram que penso, como vejo a música, as amizades, a busca
geradas a partir de uma noção mesclada de passado, de um sonho, a ralação em equipe.
presente e futuro, pois existe um gravador/reprodutor
multitrack enviando canais para uma mesa de mixagem
COMPROMETIMENTO DO TÉCNICO
em que o engenheiro mixa, em tempo real, para dois
FAZ A CABEÇA DO MÚSICO
canais, como era feito no passado. O sistema de mixa-
gem é 100% digital e portátil, podendo ser operado por
Rodrigo: Fausto é um grande parceiro e amigo. Já haví-
uma pessoa só e facilmente transportado para qualquer
amos trabalhado juntos em algumas situações, e quando
ambiente de mixagem.
o convidei para gravar o DVD, sabia exatamente da sua
dedicação e amor ao trabalho, o que, na minha opinião, é
fundamental. Ele faz o que gosta, e quem faz o que gosta
Arquivo Pessoal Fausto Prochet
PROCESSAMENTO DE ÁUDIO
REVERBERADORES (PARTE 6)
D
evido ao grande interesse sobre o tema, este mês ramos abordar soluções de diversos fabricantes, incluindo
divulgaremos uma entrevista feita com Arjen van os softwares livres e tendo como foco o processamento
der Schoot, dono da empresa Audio Ease, desenvol- de áudio e suas possibilidades, nesta edição teremos nas
vedora dos plug-ins Altiverb e Speakerphone, entre outros. respostas a perspectiva de apenas um desenvolvedor. O
Como vimos nos últimos artigos, essas ferramentas traba- tema principal da entrevista foi o plug-in de reverberação
lham com a abordagem física da reverberação, isto é, com Altiverb, um dos mais utilizados mundialmente para rever-
a convolução do sinal de áudio de entrada com a resposta beração por amostragem e que já citamos em alguns dos
ao impulso medida do ambiente ou equipamento desejado. artigos anteriores.
Além de dono da Audio Ease – empresa líder de mercado Cabe ao leitor usar o seu senso crítico e perceber que
nesse ramo –, Arjen é o desenvolvedor dos softwares da são opiniões de um fabricante que tem, naturalmente, o
companhia. É formado em tecnologia musical e atua há 10 intuito de promover seu produto. De todo modo, saber
anos como professor de desenvolvimento de softwares de como é o ponto de vista de um dos pioneiros nesse tipo
música na Utrecht School of Arts, na Holanda. de ferramenta agrega muito valor à construção do co-
nhecimento no tema que abordamos exaustivamente nas
Diferentemente dos artigos anteriores, nos quais procu- últimas edições.
O que difere o Altiverb de outros sampling rever- é mais eficiente e roda em mais aplicativos. A automação
bs? Na sua opinião, que recursos fariam um pro- funciona melhor, sem “estalos”, por exemplo, mas, nova-
Microfones
Presets de automação
Figura 1 – Trabalhar com presets de automação pode
ser uma saída para mudanças repentinas de ambien-
tes, como os gravados para o filme King Kong
Alto-falante posicionado para reproduzir sweep e
simular fonte sonora (instrumento) em cima do palco
Em quais aplicações o Altiverb tem melhor perfor-
mance: música, games ou TV e cinema? Figura 2 – Sala de concerto preparada para medição
de resposta impulsional. Configuração multicanal.
Música. Oitenta por cento dos nossos usuários estão em (Fonte: manual do Altiverb 6)
produção musical. Difícil imaginar o que exatamente faz
cada cliente, mas eu sei que muitos estão produzindo tra- No mercado de música, quais tipos de uso do
balhos de orquestração e querem ambientes de salas de Altiverb são mais comuns em mixagens: IR de
concerto. Nós temos salas de Amsterdã, Viena, Berlim, Sid- salas, IR de equipamentos clássicos ou IR dos
ney e Los Angeles, por exemplo. Alguns outros usam salas próprios usuários?
de bateria de estúdios de rock de Nova York.
Nós não temos estatísticas sobre isso, mas minha experiên-
Espaços reais são menos “na cara” do que reverbs sintéti- cia diz que seriam espaços acústicos de médio porte, com
cos. Eles criam por vezes a sensação de “ar” ao invés de superfícies de madeira. O Organ Study, em Utrecht [Ho-
adicionar “cauda” à reverberação. landa], o Teldex Studios, em Berlim [Alemanha], o Mozart
Saal, em Viena [Áustria] e o Allair, em Nova York [EUA],
são os que vêm primeiro à minha mente. Salas de 20 x 15
ABORDAGEM FÍSICA X PERCEPTIVA metros e 5 metros de altura, completamente feitas de ma-
deira, tetos irregulares e cadeiras com estofamento são, na
Vale lembrar a consideração que já fizemos sobre a minha opinião, o perfil das universalmente mais utilizáveis.
escolha entre a abordagem física (sampling reverbs,
como o Altiverb) ou perceptiva (o que Arjen chama Por que não é tão comum termos usuários com-
de “reverbs sintéticos”). Não existe uma melhor es- partilhando seus arquivos de resposta ao impul-
colha para todos os casos. Cabe a quem está produ- so, como acontece nos casos de samples de ins-
zindo e mixando o projeto julgar qual sensação é a trumentos e loops musicais?
desejada para aquele trabalho.
Simplesmente por ser mais difícil fazer uma boa gravação
Espaços reais, quando bem capturados, são ótimas de resposta ao impulso. Requer a utilização de alto-falante
opções e dão a impressão subjetiva diferenciada ci- no processo, além de precisar de processamento poste-
tada pelo entrevistado. Porém, por vezes, pode ser rior. Além disso, eu acho que nós estamos arruinando nos-
justamente a imperfeição do reverb sintético que so próprio mercado (risos). Damos as nossas melhores
vai fazer você atingir “o som”. amostras de IR gratuitamente, então não é fácil ganhar
dinheiro vendendo algumas.
Como mencionamos em outra oportunidade, o Alti- Observe na interface do Altiverb que há a possibili-
verb vem com softwares de apoio à captura de res- dade de alterar o posicionamento do microfone que
postas ao impulso pelo próprio usuário. O Sweep fez a captura original da resposta impulsional. Esse
Generator e o IR Pre-Processor, apresentados na úl- é um recurso muito poderoso para mudanças de
tima edição, entram em cena nesse momento. perspectivas dentro dos planos de mixagem. Vale
lembrar que o alto-falante utilizado durante a grava-
Basicamente, o Sweep Generator gera a varredura ção da IR é a fonte sonora (na mix, o áudio que pas-
no espectro de frequência que será reproduzida no sa pelo plug-in) e a posição do ouvinte é justamente
ambiente pelos alto-falantes e o IR Pre-Processor a posição do(s) microfone(s). Além de automação
carregará os arquivos de áudio gravados e os trans- na mixagem, medir variadas posições do cenário
formará em arquivos inteligíveis pelo Altiverb. Para pode ser uma boa alternativa.
uma boa gravação, vale ler também as dicas da úl-
tima Plug-ins etc. (AM&T 238), presentes no entre-
título Medindo suas próprias IRs.
Saída do Altiverb
Entrada do Altiverb (Microfones da
(Sinal de Áudio) medição da IR)
O TÉCNICO E OS
GRANDES FESTIVAIS
(PARTE 1)
Diferenças entre os
Depois de um bom tempo participando de festivais ravelmente, principalmente com relação à quan-
(apresentações de várias bandas no mesmo palco, tidade e qualidade dos equipamentos, tanto no
no mesmo dia ou em dias seguidos) tanto no Brasil quesito PA quanto no quesito consoles. Porém, em
quanto no exterior, falarei neste artigo e também muitos casos a organização por parte da produção
no próximo sobre os lados positivo e negativo que
e atendimento por parte das empresas são pontos
sempre me chamaram atenção. Isso desde os meus
que ainda precisam ser melhorados.
primeiros festivais, no começo dos anos 1990, que
tinham um ou no máximo dois consoles (o segun-
Para mim, um dos aspectos mais positivos destes
do sempre para a banda principal), passando pe-
festivais é ter a chance de encontrar com técnicos
las house mix com vários consoles e equipamentos
analógicos no começo dos anos 2000, e, finalmente, de outras bandas para trocar informações e expe-
chegando aos festivais atuais, com seus consoles di- riências e também ouvir shows diferentes para ver
gitais, além de muitas outras facilidades. o resultado sonoro de outras mixagens, sendo que
ao longo dos anos, ambas — troca de informação e
Como veremos, várias coisas melhoraram conside- técnicas de mixagem — evoluíram bastante.
dos shows nacionais não deixou nada a desejar se de 1990, algumas poucas firmas foram se tornan-
DIVISOR/REBATEDOR
ACÚSTICO
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No mês passado nós vimos como construir uma cabi- usado. Obviamente, a altura terá de ser menor do
ne de isolamento para poder minimizar o vazamento que o pé-direito da sua sala, porém, quanto mais
em nossas gravações. Agora vamos aprender a cons- alto, maior será a eficiência do divisor/rebatedor. A
truir um divisor e rebatedor acústico, que também altura deverá ser entre 1,80 m e 2,10 m. Como o
pode ser muito útil para minimizar o vazamento entre pé-direito de um imóvel tem geralmente entre 2,50
instrumentos posicionados em um único espaço. m e 3 m e os batentes das portas têm geralmente
2,20 m, haverá bastante espaço para a movimenta-
Como a maioria dos home studios possui apenas ção do divisor/rebatedor.
uma única sala, muitas vezes é necessário ter algu-
ma maneira de dividir esse espaço, para, assim, ga- A largura deve ter entre 50 e 150 cm, e quanto
rantir um melhor isolamento entre os instrumentos. mais largo for, maior será a eficiência do seu di-
Os divisores acústicos podem ser usados para dividir visor/rebatedor. Porém, às vezes é melhor utilizar
um espaço como se fossem “paredes móveis”. Outro dois divisores/rebatedores com uma largura me-
grande benefício dos divisores/rebatedores acústi- nor, pois fica mais “maleável” para posicionar, sen-
cos é poder alterar as características sonoras da sala do possível, inclusive posicioná-los com um ângulo
sem precisar fazer uma obra. entre eles. Será sempre possível posicionar dois
divisores/rebatedores lado a lado, caso necessário
Com um divisor, você irá diminuir as reflexões no (mas nunca um em cima do outro).
ambiente, enquanto que usando um rebatedor o re-
sultado será um aumento delas. Assim, é possível A espessura do divisor/rebatedor é a única dimensão
adequar a sala para satisfazer as necessidades acús- que eu sugiro que não mudem, pois vem da espessura
ticas de cada gravação. Mas é possível construir um da lã mineral. Como a lã mineral será responsável pela
divisor que também é um rebatedor! Parece bom absorção das reflexões, a espessura de 10 cm é a que
demais para ser verdade? Então vamos ver como trará maior eficiência na absorção (especialmente nos
construir essas “maravilhas”. graves). Se utilizar uma espessura menor, poderá ter
um acúmulo de graves nas suas gravações, o que ge-
DIMENSÕES ralmente “suja” e “embola” a sonoridade.
• 4 suportes em “L”
MATERIAIS
• Parafusos
• 1 chapa de compensado (naval, de preferência)
de 175 cm x 70 cm x 2,5 cm • Grampeador
• Pelo menos 230 cm x 150 cm de tecido (teci- • Cola industrial para carpete
Figura 2
Figura 5
60 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 61
EM CASA
Lucas Ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical e professor do IATEC.
E-mail: [email protected]
TÉCNICAS DE
(PARTE 6)
MICROFONAÇÃO
OS MICROFONES DIRECIONAIS
A
nteriormente, vimos aqui dois tipos elementa- Apesar de uma fórmula envolvendo uma função tri-
res de microfones em termos de direcionalida- gonométrica ser um pouco assustadora para alguns,
de de captação: os omnidirecionais, também ela indica algo bem simples, pois é apenas o jeito
chamados “microfones de pressão”, que são sensí- matemático de se representar a curva em forma de
veis a quaisquer variações de pressão, independen- 8, característica deste tipo de microfone.
temente da direção de onde estas vêm; e os bidire-
cionais, ditos “microfones de gradiente de pressão”, Pois bem, se agora nós somamos a resposta de um mi-
que respondem às diferenças de pressão entre os crofone omnidirecional com a de um bidirecional, am-
dois lados do diafragma. bos apontando para a mesma direção, temos a super-
posição de seus gráficos, conforme vemos na Figura 1.
Vimos também a descrição matemática das ca-
racterísticas destes microfones. O omnidirecional,
cuja resposta ideal independe do ângulo de inci-
dência, pode ser descrito como ρ (θ) = 1. Ou seja,
para qualquer ângulo θ de incidência, a resposta
do microfone é a mesma.
Figura 1
64 | áudio música e tecnologia
Matematicamente, isto equivale a escrevermos sensibilidade diretamente à frente e nenhuma sen-
algo como: sibilidade para sons vindos de trás (resposta em 180
graus teórica igual a 0).
ρ (θ) = 1 + cos θ
Figura 3
• Ao se gravar uma voz, se o cantor/locutor gira a b) Cardioide: ρ (θ) = 0,5 + 0,5 cos θ
cabeça para ler uma letra/texto situado ao lado
do microfone, haverá uma momentânea dimi- A nossa configuração de referência, com pontos de
nuição nos agudos da voz. -6 dB em 90 graus e extremo de atenuação (teo-
ricamente infinita) em 180 graus (ver Figura 6).
• Se, ao contrário, existe excesso de sibilância (agu-
dos) numa voz, podemos girar um pouco o micro-
fone de forma a não captar a voz a zero grau.
Figura 5
MICROFONES MULTIPOLARES
Divulgação
Frequentemente o leitor vai encontrar microfones de
diafragma grande com chaves seletoras de diagrama
polar. Dois exemplos clássicos são o AKG C414 e o
Neumann U87. Neste tipo de microfone são colocados
dois diafragmas em lados opostos de uma placa rígida
central. Um diafragma então aponta para a frente do
microfone e o outro para trás (no 414, por exemplo,
um diafragma fica do “lado prateado”, na frente, e o
outro do “lado preto”, atrás). Cada um deles apresenta
uma resposta cardioide. Fazendo uma soma elétrica
dos sinais de cada um dos diafragmas, temos que:
Divulgação
Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1 e 2, lançados pela editora Música & Tecnologia.
É responsável pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor musical.
AUDIO-TECHNICA
AT4080
PRODUTO DEIXA PARA
TRÁS AS TRADICIONAIS
LIMITAÇÕES DOS
MICROFONES DE FITA
Divulgação
C
oincidindo com esta época em que estivemos fa-
lando a fundo dos microfones de fita, tive a feli-
cidade de receber para análise um microfone que
justamente usa esta tecnologia, só que com diversos apri-
moramentos – o Audio-Technica AT4080.
Divulgação
O diagrama polar oferecido pelo fabricante é bem simplifi-
cado, sugerindo um desempenho comportado, com pouca
coloração, conforme pode ser visto a seguir. Visão do interior do AT4080: solidez chama a atenção
USANDO
Fábio Henriques
Teste com voz nos estúdios da Canção Nova: microfone apresentou suavidade no extremo agudo
YAHOO/BR PLUS
MÚSICOS E PRODUTORES ABREM AS PORTAS DO ESTÚDIO E
PRODUTORA E CONTAM A FÓRMULA DO SEU SUCESSO
pintadas pelo Marcelão com uma tinta ‘azul calcinha’ Paralelamente ao trabalho que exerciam junto à
horrorosa, mas a sala soava bem. Tinha uma geome- “Rainha dos Baixinhos”, os músicos se voltavam
tria boa e um som grandioso, apesar de, por vezes, o para o mercado independente na intenção de revelar
vazamento do cachorro do vizinho ‘invadir’ as grava- novos nomes. Dessa busca surgiram artistas como
ções”, conta Zé. “Quando isso acontecia, a gente dizia o grupo LS Jack, entre muitos outros que, junta-
pro cliente: vocês estão com sorte! Cada vez que esse mente com Xuxa, totalizam mais de oito milhões de
cachorro late, o disco que está sendo gravado vende CDs vendidos. “Nós fazíamos de tudo um pouco. De
milhões de cópias. Deixa o cachorro aí!”, diverte-se ele. composição a arranjos, pontos importantes na cons-
trução de uma carreira artística”, diz Zé Henrique.
ESTÚDIO SE TRANSFORMA EM PRODUTORA
Além disso, os estúdios que pertenciam às grandes
Sem dúvida alguma, a maior “herança” que Michael gravadoras estavam fechando suas portas e a sala de
Sullivan deixou para Zé Henrique, Marcelão e Knust gravação do Yahoo passava a ser uma excelente opção
foi a produção dos trabalhos da apresentadora Xuxa. para as companhias. Uma delas era a MK Publicitá,
Envolvido com diversos outros trabalhos, ele deixou que chegava forte no mercado religioso, lançando ar-
a responsabilidade nas mãos do trio, que deu conta tistas como Aline Barros, Fernanda Brum e Kleber Lu-
do recado e fez uma boa “poupança”, mais tarde cas, entre outros. “Eles levaram nosso nome para um
revertida em mais e mais equipamentos. público que não era nosso. Por isso, foram e são de ex-
trema importância na nossa história”, resume Knust.
“Assumimos a gestão musical da Xuxa e, com isso,
nos capitalizamos. Duas vezes ao ano, viajávamos TIME GANHA REFORÇO, MUDA DE NOME...
para o exterior, de onde voltávamos com o que ha-
via de mais moderno em termos de tecnologia apli- No início de 2007, quando se dividiam entre produzir
cada em produção musical. Porém, mais importan- outros artistas e selecionar o repertório daquele que
te do que isso foi a oportunidade de conquistar os seria o primeiro DVD do Yahoo, Zé Henrique, Marce-
Grammys Latinos com alguns de seus discos”, gaba- lão e Sérgio Knust ganharam um novo sócio: Paulo
se, no bom sentido, Marcelão. Henrique Castanheira, diretor musical da Rede Glo-
Rodrigo Sabatinelli
Rodrigo Sabatinelli
bo e dono da produtora de conteúdo audiovisual BR nheiros de banda. Apaixonados pelos robustos conso-
Plus. Convidado para produzir o trabalho do grupo, les SSL, eles adquiriram “na raça”, como diz Sérgio,
PH, como é conhecido no meio, acabou aportando um modelo AWS 900+ SE. A compra, entretanto, “se
no estúdio com seu know-how e uma série de perifé- deu por puro amor à música”, segundo Marcelão.
ricos, incluindo pré-amplificadores e compressores.
“Se considerássemos apenas a relação custo-bene-
“Primeiramente, o queríamos como produtor, por fício, não valeria a pena comprá-la, mas deixamos
conta de seu expertise como tecladista e orques- isso de lado e nos voltamos para a real necessidade
trador, pois, entre outras coisas, naquele momento de termos um equipamento como esse à disposição,
estávamos sem tecladista, fundamentando nossos já que nosso objetivo é gerir trabalhos diferencia-
arranjos em baixo, guitarra e bateria. Mas, durante dos, com qualidade. Vamos levar uns anos para qui-
a produção e por conta dela, nossa identificação tar essa compra, mas, até lá, produziremos muito,
com sua filosofia de trabalho cresceu ainda mais e a tenho certeza”, aposta ele.
parceria acabou sendo consequência natural disso
tudo”, conta Marcelão, lembrando que hoje a em- Além da SSL, a sala principal do estúdio conta com
presa se chama Yahoo/BR Plus. um sistema Pro Tools HD3 e monitores Genelec 8040A
– acompanhados de subgraves da mesma marca – e
“Na verdade, nossa parceria se firmou mesmo quando Yamaha NS10, sem contar o rack de periféricos com
ele [Marcelão] me convidou para coproduzir o CD de unidades de pré-amplificadores, compressores e dis-
estreia do Ricky Vallen. No meio do trabalho, juntamos tressors que atendem aos mais exigentes técnicos.
o setup da BR Plus com o que eles tinham no estúdio e
montamos uma estrutura gigantesca. Além dos equi- Na sala de baixo, outro Pro Tools HD3 é comandado
pamentos, trouxe do antigo estúdio uma série de ma- por uma Control 24. No ambiente, o sistema 5.1 é
deiras bacanas, que foram usadas na decoração dessa composto de caixas Genelec 8030. Já o 2.0 é feito com
nova sala e em seu lobby, um ambiente aconchegante, elementos Mackie. Ainda no ambiente, estão dispo-
ideal pra receber artistas e suas equipes”, diz PH. níveis racks com equipamentos de diversas marcas,
como Avalon, Amek, SSL e Focusrite, entre outras.
Com o negócio fechado, os sócios passaram a ter
duas técnicas e duas salas de gravação, que, desde
Rodrigo Sabatinelli
então, podem ser usadas de diversas maneiras, já
que qualquer uma das duas técnicas opera a sala de
cima e de baixo, separadas ou juntas.
Rodrigo Sabatinelli
ele, ao falar do sócio.
NO PROJETO DE ACÚSTICA E NO
COMANDO DA SSL, UM VELHO CONHECIDO
Apesar de terem “munição pesada”, quando o as- produtores, engenheiros e equipamentos. Nela, se-
sunto é tecnologia, os integrantes do Yahoo e PH gundo o próprio Walter, são realizados registros si-
tico, passa pela composição e seleção de repertório, tocando tudo ao mesmo tempo, gravamos teclados,
segue pela criação e gravação de arranjos e vai até baixos, tudo aqui dentro. No Rio de Janeiro, poucas
so investimento, afinal de contas, não adianta ter uma Pelo bate-bola entre os sócios, é possível notar que
Ferrari se não se sabe pilotá-la”, completa Marcelão. a “máquina” Yahoo/BR Plus não para. Não bastasse
a produção dos CDs, eles também têm produzido
Walter, por sua vez, comemora o convite e, de certa clipes desses artistas e DVDs de outros. Para isso,
forma, sua volta à casa. “Trabalhar com pessoas sé- contam com uma estrutura que inclui câmeras e
rias dá retorno financeiro, pelo volume de trabalho, ilhas de edição de ponta.
mas dá, acima de tudo, satisfação. Os caras com-
praram uma SSL num momento em que grandes es- “Fazemos a produção dos clipes e dos DVDs, bem
túdios fechavam suas portas. Estou há 20 e tantos como suas edições e autorações. Temos um sócio nes-
anos no mercado, e me deparar com uma atitude se departamento, o Beto Braga, que é quem cuida de
como essa só me faz acreditar que ainda é possível toda a parte de finalização dos produtos. No novo for-
viver de música nesse país”. mato de mercado, se mantém quem tem competência
individual e não se fecha para parcerias”, encerra PH.
O técnico vai além e diz ainda que os amigos o dei-
xam livre para opinar sobre as concepções musicais
Rodrigo Sabatinelli
de seus trabalhos, exatamente como fazem produtores
do exterior. “Lá fora, o engenheiro participa ativamen-
te do processo. É mais do que um cara que aperta o
Rec. Embora no Brasil nem sempre se trabalhe dessa
maneira, no Yahoo/BR Plus isso é uma realidade. São
caras musicais e criativos, que respeitam muito os pro-
fissionais que convidam para seus projetos”, encerra.
RENOVAÇÃO DE MERCADO É
PAUTA CONSTANTE ENTRE SÓCIOS
LISTA DE EQUIPAMENTOS
Shure SM57 SansAmp/Bass Drive (bumbo 22”, tons 10” e 12” e surdo
Jorge Ronald
RIO DAS OSTRAS
JAZZ & BLUES 2011
O DESAFIO TÉCNICO DE LEVAR A SONORIDADE INTIMISTA
DOS CLUBES PARA UM GRANDE FESTIVAL
E
m sua 9ª edição, o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, tagem do palco principal”, adiantou o prefeito da cidade,
realizado entre 22 e 26 de junho, quebrou mais um re- Carlos Augusto Carvalho Balthazar.
corde de público, atraindo um total de cerca de 120 mil
pessoas. Juntos, seus quatro palcos – Praça São Pedro, Lagoa Segundo Stenio Mattos, produtor executivo do festival, a se-
de Iriry, Praia da Tartaruga e Costazul – receberam 29 shows, leção das atrações é sempre criteriosa. “Queremos levar mú-
que produziram mais de 60 horas de música. A versão 2011 sica de qualidade, e sem custo, para todos. Avisamos para os
da festa musical ficou marcada como a primeira nos últimos artistas que eles irão tocar ao ar livre, na praia, no sol e para
anos em que a chuva não marcou presença, o que, além de 25 mil pessoas por dia, e não em um clube para 300 pessoas.
favorecer as condições técnicas e de sonorização do evento, Todos ficam entusiasmados e compram a ideia”, resumiu ele.
colaborou para que o público saísse de casa para prestigiar o Stenio é o homem à frente da Azul Produções, produtora do
trabalho de músicos e técnicos. festival, que na edição desse ano foi sonorizado pela empresa
local Audiotec. Já a parte de backline ficou a cargo da Só Palco,
O sucesso da edição, que reuniu grandes nomes da música de São Paulo, com apoio da fluminense Gutemberg Pianos.
nacional e internacional, incluindo Ricardo Silveira, Azymu-
th, Nuno Mindelis, Jane Monheit, Saskia Laroo, Medeski, PRÉ-PRODUÇÃO METICULOSA
Martin & Wood, Bryan Lee, Yellowjackets e Tommy Castro
Band, só ajudou a instigar a expectativa para a comemora- Talvez a etapa mais crucial na produção de um evento
ção do décimo ano do evento. “Queremos utilizar, em 2012, deste porte seja justamente a pré-produção, que começa
um espaço ainda maior do que o da Costazul para a mon- praticamente logo após o encerramento do evento ante-
sonora e demandas dos técnicos e músicos dos por Jerubal, sendo que um deles depende to-
talmente do planejamento da equipe técnica. “A
Passada a pré-produção técnica, chega a hora de encarar o mudança de palco tem que ser pensada operacio-
desafio de tirar a coisa toda do papel. O diretor técnico re- nalmente com muito cuidado. São muitos pianos, teclados,
lembra que, no início, as condições técnicas eram realmente baterias, contrabaixos entrando e saindo em posições de
pouco amigáveis. “Havia uma necessidade de convencer os palco diferentes a cada show. É preciso fazer uma troca
rápida, segura e eficiente em festivais.”
áudio música e tecnologia | 89
SHOW
Fernando Barros
Já o outro fator independe completamente da compe-
tência técnica da equipe. “São as intempéries da natu-
reza. Como controlar o vento que é capaz de levar todo
o som do PA para dentro do palco? O técnico não tem
responsabilidade sobre isso. Temos que nos desdobrar.
Depois de todas estas questões resolvidas, mixar o PA
é a parte mais tranquila. Temos tudo sob controle e
previamente ajustado”, afirma.
SONORIZAÇÃO ABRANGENTE
E VERSÁTIL Subwoofers 218A, também da FZ Áudio: sistema da fabricante
já é tradição no Rio das Ostras Jazz & Blues Festival
Uma das novidades do palco principal localizado na Cos-
tazul foi a utilização da Venue Profile, da Digidesign (após
aquisição da marca, a Avid é quem agora fabrica o equi-
missão digital que aposentaria o multicabos. Jerubal ex-
pamento), com todos os seus plug-ins de Pro Tools, em vez
plica que seriam necessárias duas mesas M7ES da nova
da tradicional M7CL, da Yamaha, aplicada apenas na monito-
geração da Yamaha, que ele já usa no Club A, em São Pau-
ração. Os novos monitores FZ M212A também puderam ser
lo, onde atua como responsável técnico. “Aqui, no festival,
testados e aprovados pela equipe técnica e artistas.
ainda estamos usando o multicabos comum e o stage box
da Digidesign. Quem sabe para o ano que vem já podemos
“Sempre utilizamos equipamentos FZ. Isto não foi uma esco-
descomplicar um pouco as coisas, usando, talvez, duas Ve-
lha que partiu de mim. Quando o Stenio propôs este projeto,
nue Profile ou duas M7ES?”.
a Prefeitura agregou uma empresa local, a Sinal Audiotec,
que firmou uma parceria com a FZ logo após os primeiros
anos de festival. Fui
CAPTAÇÃO CRIATIVA
consultado e reconheci
Os microfones disponibilizados pela locadora, de modo geral,
a qualidade e capacida-
Fernando Barros
ao festival praticamen-
te pronto. Foram neces-
sários apenas alguns
ajustes no software em
pontos referentes às
condições climáticas.
Fernando Barros
o ideal seria que todas as bandas fizessem como a de cipal foi utilizada a já conhecida Yamaha M7CL, que, segundo
Tommy Castro. “Ficaria muito mais fácil e prático de se o diretor, é a mesa mais eficiente para se fazer monitor em
trabalhar”, disse ele. festival. “Digo isso porque ela é muito rápida. Com o touchs-
creen, em dois toques você acessa e altera qualquer cena
Para a monitoração de todas as outras bandas do palco prin- sem complicação”, encerra Jerubal. ●
GG: Sim: um raro microfone para saxofone Sennheiser 441 e um pequeno captador de piano fabricado pela Schertler. É uma
captação de contato. Quando você está em uma situação de show ao vivo, os microfones costumam sofrer com feedback. Já
com esse captador isto não acontece.
GG: É, pois trata-se de um estilo cheio de detalhes e nuances que acabam se perdendo. Em um show grande como este, as
pessoas querem festejar, então o ambiente fica um pouco barulhento. Mas os brasileiros gostam de participar do show (risos),
então está tudo bem. Nós entendemos e também gostamos desta energia.
O piano do Yellowjackets foi bastante elogiado. Qual é o segredo para soar tão bem?
GG: Saber onde posicionar os microfones, achando o ponto certo. Para isso, coloco meu ouvido no piano e Russell Ferrante
toca o instrumento com a mão esquerda para que eu possa perceber de onde vêm melhores frequências graves. Em seguida,
posiciono o microfone lá. A mesma coisa com a mão direita. A partir daí temos múltiplos inputs de piano para mixar. Outra
coisa importante é checar a fase de cada um dos inputs. Normalmente uso três inputs, mas neste show usei quatro. Notei
uma grande diferença quando chequei e ajustei a fase durante a passagem de som.
LISTA DE EQUIPAMENTOS
CONTROLADORES
Parte 4
Um pouco mais sobre
os menos populares
N
a edição passada conhecemos alguns con- • Os encoders são “infinitos” (giram interminavel-
troladores incógnitos, como o Monome e o mente) e o valor do parâmetro é indicado atra-
Ohm64. Continuando nesse caminho, neste vés de um “anel” de LEDs em torno do mesmo.
mês vamos falar do Livid Instruments Code e ainda Isso elimina a necessidade de takeover, pois o
sobre alguns outros controladores menos populares valor do parâmetro será atualizado automatica-
que podem ser usados com o Live. Quem sabe um mente através dos LEDs. Além disso, os LEDs
deles não pode ser o seu controlador ideal? indicadores mudam de cor (azul para verde)
quando o encoder é girado no sentido horário.
LIVID INSTRUMENTS CODE
ESPECIFICAÇÕES:
• Tamanho: 15 cm x 28 cm x 5 cm
• Peso: 1 kg
• Construção: chassis de alumínio com acaba-
mento em madeira
• Alimentação: via USB
• Pads: N/A
• Botões: 13 botões de silicone com LEDs
• Knobs/Encoders: 32 encoders que também atu-
am como botões
• Conexão: USB e MIDI In/Out
Livid Instruments Code: o “perfeito”... ou qua-
se. Pena que só possui encoders e botões.
VANTAGENS:
• Plug and Play – não precisa de drivers. • Os encoders também atuam como botões, e,
pressionando-os, pode-se controlar mais algum
• Construção excelente (feito à mão), com aca- parâmetro do Live (disparar clips, por exemplo).
bamento de alta qualidade. Por um custo a Há também um LED branco no fundo que acende
mais, pode ter o esquema de cores da madei- e apaga quando o encoder é pressionado.
ra e do alumínio adaptado.
• Inclui scripts para mapeamento automático dos
• Alimentação via USB elimina a necessidade de seus controles para o Live (e outros softwares),
uma tomada. mas também pode ser configurado manualmente.
BEHRINGER BCF2000
• 8 faders motorizados
• 8 encoders “infinitos” (com anel de LEDs indi-
cando o valor)
• 20 botões com LEDs
• 1 entrada para footswitch
• 1 entrada para pedal de expressão
• Alimentação via USB ou adaptador AC
• MIDI In/Out
BEHRINGER BCR2000
• 35 knobs (não são “infinitos”) Um exemplo de um setup com múltiplos controladores po-
• 8 faders (não motorizados) deria incluir um Launchpad (ou um Monome 256, se dinhei-
• 1 crossfader ro não for um problema) para disparar clips, um Behringer
• 1 “joystick” BCF2000 (ou um Avid Artist Mix, novamente se dinheiro
• Transport (play, stop, rec etc.) não for problema) para controlar os canais do Live e mais
• Display de LCD um Behringer BCR2000 (ou um Livid Instruments Code, se
• 1 entrada para footswitch possível) para controlar os efeitos e instrumentos.
• Alimentação via USB ou adaptador AC
Enquanto não surge um controlador “perfeito”, o que se pode
• MIDI In/Out
fazer é construir o seu próprio controlador MIDI. Há alguns
kits à venda no mercado, mas isso vai ficar para outra edição.
U
m dos poucos mercados que continua viável na Para uma performance solo, cada instrumento tem suas di-
nova ordem da música, como já percebeu o meu ar- ficuldades e vantagens, mas os pianistas sempre depende-
guto leitor, é o das performances ao vivo. Até para rão de um instrumento em razoáveis condições para poder
se vender discos atualmente essa é uma situação que mostrar suas músicas adequadamente. O teclado com som
traz um retorno mais compensador do que você implorar de piano é uma opção, mas, francamente, tão fiel quanto
uma colocação em pontos de venda de rua (quase sem- a capa de um DVD pirata do Largo do Machado aqui no Rio
pre em consignação) ou disputar um espaço nos virtuais ou da Liberdade em SP.
(em terra onde o iTunes não funciona).
Como nem tudo é chumbo nessa vida, aqui e ali começaram
Aqui no Rio de Janeiro ocorre um fenômeno curioso: apesar a aparecer alguns convites para shows solo de piano acús-
da notória “ferveção” da Lapa com suas noitadas disputa- tico com o repertório de meu recente TudoPiano (você já
díssimas e muitas casas noturnas com música ao vivo, va- tem o seu, não é mesmo, leitor?) em lugares minimamente
riedade não é o nome do jogo e grande parte da oferta mu- aparelhados para isso. Com muita alegria, comecei um pro-
sical se concentra em manifestações que misturam curiosos cesso de preparação que dividirei com você no artigo desse
e aprendizes num clima mais para festinha de arromba do mês, que relata uma trajetória que inclui dúvidas, (in) con-
que para show de música. veniências, adaptações e surpresas.
Surpreso, leitor? É o que está rolando na nova ordem da músi- E FOI DADA A LARGADA
ca! A música para ouvir, sem ser necessariamente dançante e
participativa, tem seu espaço em teatros pequenos e médios, - 30 de maio, shopping center Rio Plaza: 16h15min, procu-
mas a um custo alto e com uma acirrada disputa por datas. rando um novo sofá-cama com a patroa
Nomes consagrados disputam palmo a palmo espaço com es- O mundo dos sofás-cama me lembra o dos instrumentos
treantes e artistas de público mais restrito. A oferta de espaços orquestrais virtuais: muita gente precisa, mas eles só exis-
com as mínimas condições técnicas para que esses espetácu- tem de uma maneira que não é a que resolve melhor ou
los aconteçam fica pequena para tantos concorrentes. custam um preço que não está ao alcance da maioria dos
mortais. Procurando bastante sem conseguir algo que sa-
A opção solo, adotada há tempos por artistas do mains- tisfaça, atendo o telefone. Do outro lado, uma daquelas
tream, pode ser um caminho para você, leitor. Assim, não “vozes do passado” me fala que está participando da orga-
depende da boa vontade dos amigos em aprenderem um nização de um festival de música em Santa Teresa chama-
show inteiro para tocar com você na base da amizade, não do Festival Santa Música – parte de um network (Fête de
precisa marcar ensaios e nem pagar transporte de instru- la Musique) que engloba 450 cidades ao redor do mundo
mentos enquanto vai tentando firmar seu nome para ser que também estarão realizando eventos numa grande rede
convidado para gigs com melhores condiçõe$. mundial de celebração à música.
Fernando Moura
vai para se divertir, curtir e viajar, sem contar compassos).
Fernando Moura
comando das operações. Tudo será mandado para os locais O público, mesmo o não especializado, percebe alguma coi-
através de um mero L/R: os microfones (Neumann KM 184) sa estranha no ar (nem que seja a sua insegurança).
do piano estão nos canais 1 e 2, o multiefeito Kaoss Pad
endereçado pelas duas mandadas de efeito do mixer para Entretanto, leitor, preste atenção: é inútil estudar sem ouvir
ficar estéreo volta pelos canais 3 e 4. A interface de áudio do os resultados, analisá-los e traçar metas objetivas. É mui-
computador, de onde bases de alguns números serão acio- to fácil fazer isso nesses tempos de gravações digitais e é
nadas, está nos canais 5 e 6, e o híbrido de instrumento mu- essencial para seu progresso pessoal como instrumentista.
sical e brinquedinho fashion Tenori On está nos canais 7 e 8. Claro que cada performance ao vivo, com todas as suas
tensões, surpresas e decisões em tempo real, ensina muito
Ainda tenho dois canais para um CD player com as bases mais do que uma semana de estudos, mas uma coisa não
mixadas caso o computador resolva dar “xiliquinho” e dois exclui a outra. São diferentes degraus de uma mesma tra-
canais livres para um outro efeito ou microfone para falar jetória. Registre seus ensaios em um gravador digital (ou
para o público. Fechando o sistema, a tradicional e gosmen- até em um celular) e ouça depois, fazendo anotações sobre
ta fita escrita à pilot com o que está em cada canal dá o o que precisa ser melhorado em cada música. Tente não se
toque “vintage reality” do setup. Confira na Figura 3. prender apenas aos aspectos técnicos e considere parâme-
tros como sonoridade, expressão e intensidade.
- 9 de junho, Bariri Estúdios, manhã: estudar é preciso e
anotar as metas também é! CUIDANDO DOS DETALHES
Tom Jobim dizia que estudava pela manhã uma hora de pia-
no todos os dias e me lembro do Horowitz dizendo que se - 10 de junho, Bariri Estúdios, tarde
parasse de estudar por dois dias, sentiria grande diferença. Mas, afinal, o que vai no computador? O que vai ser acio-
Se não estudasse durante cinco dias, seu manager perce- nado de uma programação no computador e o que você vai
beria, e se parasse de praticar por uma semana, o público tocar ao vivo dependem de muitos fatores, que começam
perceberia, e aí seria o começo do fim. A dose é questão pelo tipo de set que você apresentará. Num set de DJ, en-
totalmente pessoal, mas uma coisa é certa: quem quer ser tendo que a parte programada deva ser a principal. Por
performer e atacar ao vivo deve estar sempre com a técnica exemplo, são boas opções o Ableton Live ou o Traktor (me
em dia. Não dá pra ganhar todas na simpatia e no carisma. desculpem os puristas das pickups!) para armazenar as ba-
ses e fazer as mixagens, transições e passagens de clima
ao vivo usando efeitos em tempo real como o Kaoss Pad e
Fernando Moura
Figura 3 – Tenori On, Kaoss Pad, Mixer Mackie Figura 4 – Em 1987, pilotando
e a fita com marcações feitas com caneta pilot um Oberheim Xpander
Em megashows de música pop, até as luzes são acionadas Henry Mancini, que é um número que agrada bastante no
por uma sequência master em que áudio, MIDI e diversos show. Minha performance está marcada para as 15h. Pode
command controls estão sincronizados. Em 1987, por de- ficar difícil arranjar uma superfície escura para projeção.
sistência do baterista, fiz shows de música instrumental to- Quanto menos complicado, melhor.
cando jazz rock fusion com um sequencer QX5 Yamaha dis-
parando programações numa bateria Roland TR 707 ao lado - 14 de junho: comemorando meu aniversário em casa em
de Ronaldo Diamante no baixo e Rodrigo Campello na gui- meio a bolinhos de bacalhau e rolinhos vietnamitas
tarra. Veja a Figura 4, se concentre no DX7, no Oberheim Como sou casado com uma mulher que é uma saudável mis-
Xpander e me desculpe pela calça de oncinha, afinal, todos tura de Tia Nastácia na cozinha e Gertrude Stein no plano
nós já fomos jovens alguma vez na vida. intelectual, nossas festas de aniversário são sempre muito fe-
lizes. Entre um salgadinho e outro, chega o meu amigo mala-
Para essa apresentação solo com piano acústico não haverá barista de contato, David La Croix, com quem já tenho alguns
variações em tempo real na forma das composições. Ou números ensaiados. Não resisto e o convido para participar da
seja, vou tocar a parte de piano usando elementos de meu pirotécnica Jardim das Delícias (vídeo em http://tinyurl.com/
CD TudoPiano como acompanhamento. Assim sendo, optei jardimdasdelicias) e do frevo circense Cangurus em Recife,
por remixar as bases necessárias separadamente e construir que encerrará o show (http://tinyurl.com/cangurus).
uma sequência de tracks de áudio na mesma ordem do setlist
do show. Usarei o mínimo de CPU do laptop, diminuindo os GRAVAÇÕES, PROMESSAS E TRANSTORNOS
riscos daqueles imprevistos que só os computadores podem
trazer para nossas vidas. Para aliviar a impressão de karaokê, - 15 de junho, Bariri Estúdios, hora do almoço: gravando a
nunca mais de duas músicas sequenciadas seguidas e, como performance para objetivar os estudos
dose extra de precaução, gravei (sem paranoia, com todo Faltam três dias e agora estou gravando o set corrido, in-
respeito) um CD com as mesmas bases, na mesma ordem. cluindo paradas entre uma música e outra, preparações no
Adicionei um CD player à lista de equipamentos necessários. laptop e demais brinquedinhos para cronometrar o tempo
Sim, leitor, um tosco, mas confiável CD player comprado total e ficar na duração pedida pela organização do festival.
em algum camelô coreano será o backup de semanas de Prefiro cortar uma música para não ser fominha e dar tem-
preparação e anos de trabalho musical! po ao público de aplaudir.
- 13 de junho, em casa, de manhã bem cedo Faço uma promessa a mim mesmo de falar o mínimo possí-
Recebo por e-mail a lista enviada pela organização do fes- vel entre as músicas e em hipótese alguma contar “causos”
tival com a ordem dos shows e a lista do equipamento à ou fazer piadinhas sobre o dia em que choveu canivete na
disposição dos artistas que irão se apresentar no mesmo apresentação do George Martin na Quinta da Boa Vista pelo
espaço que eu. Duas coisas me chamam a atenção entre Projeto Aquarius e tivemos que tocar Yesterday na versão
as outras informações do e-mail: não haverá passagem de que apresento solo ao piano. Na ocasião, alguns músicos
som entre um grupo e outro e o tempo para troca de setups me seguiram “de bossa” e o público aplaudiu delirantemen-
é de 20 minutos, com apenas um roadie. Sou o terceiro da te sob a chuva torrencial.
lista. Um pianista solo começará os shows e um trio tocará
imediatamente antes de mim. - 15 de junho, Bariri Estúdios: quase fechando a tampa
Chega a notícia ao final da tarde: uma promotora resolve
Anoto mentalmente a necessidade de levar réguas e exten- acatar reclamações de moradores de Santa Teresa sobre a
sões de força para não perder tempo por lá e resolvo deixar suspensão do trânsito naquele dia e “transtornos da ordem
no estúdio o projetor de imagens que uso para projetar pública que poderão ser causados pela programação” e o
as edições em vídeo de trechos de filmes com músicas do festival corre risco de não se realizar. Mas onde estava essa
incrível maneira de
da tecnologia, melhorar muito como
artista e performer. - 19 de junho, Bariri Estúdios: ter-
Fernando Moura é flamenguista, músico, compositor, arranjador e produtor musical, além de ex-fuman-
te. Visite www.myspace.com/fernandomoura.
USANDO O
SINTETIZADOR
COM CRIATIVIDADE
Como buscar uma sonoridade própria aliando tecnologia e imaginação
N
a coluna anterior, falamos sobre como a tora pop britânica Cheryl Cole, em que os sintetizado-
criatividade é uma ferramenta fundamental res “tremulam” no tempo da música (ouça em http://
no trabalho do produtor. Mencionei como tinyurl.com/cherylcfight). Outro é a faixa Rock That
é importante trabalhar texturas e criar uma sono- Body, do Black Eyed Peas (http://tinyurl.com/rockpe-
ridade que o caracterize e que caracterize cada um as). Nela, as notas parecem ser “atraídas” umas pelas
dos seus trabalhos. Para atingir esse objetivo, uma outras. Bandas de rock – como a americana The Killers
ótima opção é construir os seus próprios sons. Seja – também não ficam para trás. Na música Mr. Bri-
fazendo sound design para filmes ou produzindo um ghtside (http://tinyurl.com/brightkillers), por exem-
artista no estúdio, o sintetizador é uma importante plo, eles combinam sintetizadores com guitarras de
ferramenta na busca de sonoridades devido à sua diferentes maneiras em diferentes seções da música,
incrível flexibilidade na utilização de diferentes pa- mantendo-a sempre interessante para o ouvinte.
râmetros que definem o seu som.
Nesta coluna, vou falar um pouco sobre como bus-
Hoje em dia, ele é amplamente utilizado e nor- car a sua própria sonoridade através do uso do
malmente associado a uma estética moderna e de sintetizador e da sua imaginação. Vou começar
alta tecnologia, como na trilha sonora do filme de explicando o princípio básico de funcionamento
lançamento do BMW X1 no Brasil (música Zdarli- de um sintetizador que utiliza síntese subtrativa.
ght, do duo eletrônico alemão Digitalism – http:// Talvez o modelo mais conhecido seja o Minimoog,
tinyurl.com/bmwx1bra). Dentro do cenário da fabricado entre 1970 e 1984. Alguns exemplos vir-
música pop não é diferente: artistas e produtores tuais (plug-ins) são: ES2 (Logic), Subtractor (Re-
usam e abusam dos sintetizadores para chegar a ason), Massive (Native Instruments) e DCAM Syn-
uma sonoridade própria e autêntica. th Cypher (FXpansion). Na edição de fevereiro de
2011, a matéria de capa da AM&T abordou alguns
Um exemplo é a canção Fight For This Love, da can- exemplos disponíveis na internet gratuitamente,
remos um efeito conhecido como tremolo, no qual o amplificador. Na seção abaixo, temos os modulado-
o volume é alterado periodicamente. Portanto, há res (dois LFOs e três envelopes). Separando as duas
normalmente no sintetizador uma seção aonde es- partes (no centro, em azul escuro) está o roteador.
sas conexões são feitas, conhecida como roteador
(router) ou patch. Em alguns modelos, as opções Uma vez identificadas as partes, procure explorar os
de conexão aparecem juntas a cada modulador, seus parâmetros e escute o resultado. Isso lhe trará
como no caso do Subtractor (Reason). mais domínio sobre o instrumento e mais confiança
na busca do som que tanto procura.
Vale lembrar que muitos sintetizadores oferecem
vários outros parâmetros, como mixagem de osci-
ladores, variação de tonalidade, glide, efeitos como FUGINDO DOS PRESETS E
chorus e flanger, LFO delay, diferentes envelopes, di- “ZERANDO” O SINTETIZADOR
ferentes LFOs etc. Porém, o objetivo, por enquanto,
é apresentar o princípio básico e seus parâmetros. Como querermos criar uma sonoridade única, é bom
evitar a utilização dos presets, que são amplamente
usados por muitos produtores. A ideia é criar um
som “do zero”, escolhendo cada um dos seus ele-
mentos até construir algo único e interessante.
USANDO A IMAGINAÇÃO
Até a próxima!
PRO TOOLS HD
Divulgação
AUTOMAÇÃO DE
PARÂMETROS
Normalmente, músicos são autônomos, autômatos Felizmente, os softwares gostam que a gente mande
ou automatizados. neles e, portanto, vamos transferir estes adjetivos
para o mundo virtual, pois nascemos livres e com
Se você anda meio preso a um conjunto finito de a intenção de assim permanecer. O Pro Tools ado-
opções que não permite outras experiências, como ra ser comandado. Sem nós, ele não passa de um
solar sempre em menor melódica ou pentatônica, mero ícone na pasta Digidesign (será possível que
cuidado! Você pode estar sendo autômato e sua mú- esqueceram de renomeá-la Avid ou é alguma coisa
sica não vai muito longe. que não conseguiram resolver?) e, sendo assim, o
adjetivo mais adequado para este software comple-
Se você está sempre fazendo o que o figurino man- xo é “automatizado”.
da, como colocando o microfone na altura dos olhos
do vocalista, para, em seguida, apontá-lo para sua Não é possível compor uma lista de músicas que ti-
boca e seguindo com a gravação só porque era o veram seus técnicos pilotando o fader do canal da
jeito default de o Frank Sinatra gravar, cuidado tam- voz apertando o carretel para girar mais devagar a
bém! Pode ser que, naquele dia, fosse melhor gravar fita ou girando o botão de threshold do compressor
de outro jeito... Esse é o automatizado, aquele que enquanto estava sendo “printado” (verbo novo, com
segue o que é definido, sem questionar. origem na palavra print) o registro definitivo na fita.
Impossível. Tá no sangue querer mudar o normal e
O autônomo é o melhorzinho (já vou explicar o por- daí surgem essas coisas geniais, como aquele lápis
quê do “zinho”). É livre para sonhar e experimentar, na frente do microfone, um guardanapo na frente do
reger a própria orquestra, traçar e conduzir o pró- tweeter e outras técnicas heterodoxas.
prio caminho, mas tem mês que aperta e daí bate
aquela vontade de fazer um belo arroz com feijão só Na música de ambiente virtual, quando o nosso cé-
para pagar a conta de luz. Digo: não vale a pena! rebro imagina alguma coisa difícil de executar na
Talvez fosse a hora de testar no violino se era me- prática, a automação do Pro Tools cai como uma
lhor usar o semitom com quatro comas em vez do luva. Na música Sideral, do Eletrodomestic (minha
de cinco comas ou colocar queijo ralado na farinha extinta banda), fizemos uma automação de mix de
para empanar o camarão, mas é tarde demais. Cros- reverb no canal da bateria e, se não me engano, no
sfading direto para o lado escuro da força: tan tan primeiro disco da Maria Rita, na faixa Não Vale a
tan tan taran... Pena, também há um efeito similar. Na nossa música
NO PRO TOOLS,
momento em que é acionado até o momento em que
para. Durante este trecho a automação sobrescreve
PRATICAMENTE
o que estava embaixo com uma nova informação.
Quando parado, esse modo reverte para o modo
TUDO É PASSÍVEL
Latch. Caso queira que seja o modo Touch ou que
permaneça em Write, visite o menu Setup > Prefe-
DE AUTOMAÇÃO,
rences... > Mixing > Automation e escolha o modo
Touch ou No change, respectivamente nos campos
MAS O MOUSE
After Write Pass e Switch To.
NÃO É O MELHOR
4. Touch - Tocar
Escreve automações somente quando um fader (ou
AMIGO NESSAS
outro botão) é tocado (daí a necessidade de um fa-
der sensível ao toque na superfície de controle) ou
quando move-se ou clica-se em algo. Quando o pa-
HORAS râmetro é solto (perde o contato com o dedo), a
informação anterior contida no canal permanece. Há
Vamos ver, agora, depois dessa imensa introdução, um ajuste que governa o tempo que demora para a
como o Pro Tools pode automatizar tudo para você. automação voltar ao valor anterior, similar ao parâ-
metro Release em um compressor. Esse ajuste fica
em AutoMatch Time, nas preferências da automação
MODOS DE AUTOMAÇÃO em Setup > Preferences... > Mixing > Automation.
Cada canal tem uma caixa de modo de automação 5. Latch - Trinco (a tradução literal, mas a melhor,
(menos o de vídeo) e não necessariamente todos seria “trava”)
estes têm que estar configurados no mesmo modo Similar ao Touch, porém ao soltar o parâmetro a úl-
dentro da sessão. tima informação permanece sendo gravada até que
se pare o playback.
Por default aparece o modo Read (verbo “ler”, em in- 7. Trim - Aparar (apenas para o Pro Tools HD ou 9
glês), mas há sete opções disponíveis. Vamos vê-las: ampliado com o pacote Complete Production Toolkit 2)
ENVELOPES
norama, clique sobre a caixa escrita Volume e escolha ajuste é muito útil para fazer automações de pa-
Pan ou clique no botão contendo o símbolo (+) no norama de forma simétrica.
próprio canal para abrir uma nova playlist e escolha
a opção Pan. Fica-se, estão, com duas playlists: uma
contendo o envelope de volume e a outra o do Pan.
Figura 3 – Canal de áudio com seu Observação: você deve estar se perguntando
envelope de automação de volume como foi que eu fiz para fazer essa imagem dos
modos de edição ao lado do ajuste de grid. Pho-
AJUSTE DA ESCRITA DOS toshop? Não. Basta manter pressionadas as teclas
ENVELOPES DE AUTOMAÇÃO Control + Alt + Command (Mac) ou CTRL + Win-
dows + ALT (PC), clicar em uma área da barra de
Um ajuste importante para a escrita das automa- ferramentas e arrastar este setor para outro lugar.
ções está na janela de preferências que abre a Daí em diante é print screen mesmo.
partir do já mencionado caminho Setup > Prefe-
rences... > Mixing > Automation. O campo Smooth
and Thin Data After Path pode retirar os numero- EDITANDO ENVELOPES COM O MOUSE
sos pontos criados em um envelope de automação
e substituí-los por uma linha mais natural, o que Ao selecionarmos a ferramenta Grabber (mão),
reduz drasticamente o uso da CPU. O ajuste de- podemos clicar nos nós do envelope e arrastar
fault é Some, que podemos traduzir por “parcial”, aquele ponto para outra localização, mudando as-
mas você pode escolher More para mais e Most sim o parâmetro naquele instante. Se selecionar-
para o máximo, e também Little para pouco (me- mos a ferramenta Trimmer, conseguimos mover a
nos que Some) e None para nenhum. amplitude da automação de forma proporcional.
Esta não funciona se a Smart Tools estiver selecio-
nada – tem que ser uma seleção individual. Fora canal e na janela do plug-in clique sobre o ícone
isso, podemos selecionar trechos com a ferramen- Plug-in Automation Enable, que fica próximo ao
ta Selector e apertar teclas modificadoras como topo, no campo Auto. A janela Plug-in Automation
Delete, para apagar, CTRL + C para copiar, CTRL + aparece. Nesta janela há duas colunas: na da es-
V para colar e assim por diante. querda ficam os parâmetros disponíveis e na da
direita os parâmetros ativos. Clique, por exemplo,
sobre o parâmetro Wet/Dry, localizado na coluna
AUTOMAÇÕES BÁSICAS da esquerda, e, então, no botão Add >>. Clique no
botão Ok para fechar a janela.
Como vimos, podemos automatizar parâmetros
simplesmente escrevendo seus envelopes, mas Note que este parâmetro agora aparece em verde
não há nenhuma mágica nisso e ficamos privados (caso o modo de automação deste canal esteja em
de momentos agradáveis quando não usamos fa- Read) ou em vermelho (caso o modo de automação
ders e botões reais. esteja em Write, Touch, Latch ou Touch/Latch).
Caso você queira usar o mouse ou tenha uma su- Agora, para gravar uma automação, faça assim:
perfície de controle, simplesmente escolha um modo
de automação, aperte Play e mova o parâmetro que 1. Mude o modo de automação do canal para Write.
deseja automatizar. Neste âmbito, o que podemos
automatizar são basicamente os seguintes parâme- 2. Dê Play.
tros: Volume, Pan e Mute do canal e Volume, Pan
e Mute das mandadas desse canal. Mas e o resto? 3. Mova o parâmetro – a automação está sendo gra-
Continue lendo... vada e se a sua playlist estiver aberta você vê o
envelope sendo escrito em tempo real.
AUTOMAÇÕES AVANÇADAS
Um atalho para não ter que abrir a janela Plug-in
Para automatizar todo o resto, principalmente Automation: segure as teclas Control + Option +
parâmetros de plug-ins, precisamos dizer ao Pro Command (Mac) ou CTRL + ALT + Windows (PC) e
Tools o que queremos automatizar. Para fazer o clique sobre o parâmetro. Um pequeno menu apare-
efeito “Sideral” em um canal, abra um plug-in de ce. Selecione, então, a opção Enable Automation For
reverb (como o bom e velho D-Verb) no próprio e o nome do parâmetro.
Figura 8 – A opção Wet/Dry Espero que agora você seja autônomo e invista em
disponível para edição na Playlist resultados nada normais para poder criar uma sono-
ridade única usando o seu maior aliado: você mes-
mo, só que multiplicado várias vezes.
Note também que conforme vamos definindo pa-
râmetros a serem automatizados, aparece na Edit Abração e até a próxima!
Daniel Raizer é especialista de produtos sênior da Quanta Brasil, consultor técnico da Quanta Educacional, músico e autor do livro
Como fazer música com o Pro Tools, lançado pela editora Música & Tecnologia. Mantém o blog pessoal danielraizer.blogspot.com.
O CONTROL BAR
DO SONAR X1 PARTE 2
INTRODUÇÃO esta é uma atividade constante na edição diária de
clipes de áudio ou de MIDI. Em vez de dispensar
Dando continuidade ao detalhamento da seção To- uma parte desnecessária da gravação de um instru-
ols Module (módulo de ferramentas) que integra o mento, apenas escondemos o que não fará parte da
Control Bar (barra de controle), estudaremos agora execução. Ao usar o Trim, a porção escondida deixa
as ferramentas do item Edit: Trim, Timing e Split. de soar, mas é mantida como parte do clipe. Esta
Contudo, esta análise só lhe trará bons resultados se porção só é efetivamente descartada quando se faz
você testar cada tópico descrito. Já que estas ferra- um bounce da pista em questão. O Trim proporciona
mentas são utilizadas constantemente, vale a pena o mesmo resultado do Slip Edit ou do Crop Clip (já
gastar um certo tempo no estudo de suas aplicações. muito discutido nesta coluna), que consiste em es-
conder uma porção indesejada de um clipe.
EDIT
Além disso, o Trim é usado para ajustar o Fade In/
Ferramenta de edição. Este item compreende três Fade Out, a posição das notas de MIDI e a atuação dos
ferramentas (Trim, Timing Tool e Split), as quais po- envelopes. Dependendo do posicionamento do mouse
dem ser acessadas através da tecla F8, clicando-se sobre o clipe, um ou outro ajuste é acessado. Para
com o botão direito do mouse sobre o ícone Edit ou testar estas propriedades, siga os seguintes passos:
através da tecla T.
1. Passe o mouse sobre a extremidade superior
Já que o ícone do Edit abriga três ferramentas, a que esquerda do clipe e repare que o ajuste do Fade
In fica disponível (em vermelho). Neste ponto,
fica ativa é sempre a última que foi selecionada. Teste
se você quiser modificar a modalidade da curva
esta propriedade teclando F8 diversas vezes. Repare
do Fade (Linear, Slow ou Fast), clique com o bo-
que os símbolos mudam, indicando qual ferramenta
tão direito do mouse sobre a parte superior da
está ativa. Passemos, então, para o conteúdo do Edit.
própria curva do Fade quando o cursor estiver
mostrando um pequeno triângulo.
- TRIM (AJUSTE)
2. Posicionando o mouse no início de um clipe, o
Permite cortar as bordas de um clipe de áudio ou cursor muda para duas pequenas barras verti-
de MIDI. Ao aplicar o Trim, a porção cortada não é cais, indicando que o ajuste disponível passou
descartada, sendo apenas escondida. Na realidade, a ser o do Trim (Slip Edit).
acordo com uma nova medida definida pelo novo clipe diminuiu para que o conteúdo fosse ajusta-
do à nova duração. Neste caso, a degradação do
espaçamento horizontal. Este recurso é providencial
áudio é mais acentuada.
quando se necessita, por exemplo, ajustar a duração
de uma trilha sonora ou de uma locução ao tempo de
5. O Timing pode ser aplicado, também, nos tran-
uma determinada cena de vídeo. Note que a aplicação
sientes de áudio de forma que os mesmos atin-
deste recurso deve ser feita em pequenas graduações
jam uma nova duração. Em uma pista de áudio,
para que não haja deterioração da qualidade do áudio.
selecione a opção Audio Transients (através da
seta ao lado do Clips, no Track Pane). Assim, o
Sonar passa a mostrar, nesta pista, os transien-
tes de áudio. Estando com a ferramenta Timing
selecionada (F8), arraste um transiente para a
direita. Coloque o Sonar para tocar e repare que
o andamento deste pico de áudio ficou mais len-
to. Esta é uma ferramenta de edição muito pre-
ciosa. Quanto mais você praticar, mais a usará
no dia a dia para consertar interpretações ou
andamentos tocados sem precisão.
DÚVIDA DO LEITOR
Olá, Luciano. o driver ASIO. No menu de áudio (Audio Settings) do
software gravador ou dos instrumentos virtuais apa-
Talvez possa me tirar uma dúvida sobre uma placa recem opções de drivers a serem utilizados. Selecione
que comprei. Sou de Maceió, Alagoas, e adquiri uma ASIO. De qualquer forma, é necessário atualizar este
M-Audio FireWire 610. No entanto, não estou tendo driver através do site da M-Audio e instalá-lo na sua
sucesso usando-a em meu notebook com Windows 7 máquina, senão os instrumentos virtuais ou gravado-
Home instalado. Aparecem ruídos ou o som para por res utilizarão drivers lentos que foram instalados jun-
alguns segundos ou até minutos e depois retorna. tamente com o Windows 7, fornecidos pela Microsoft.
Seria melhor formatar meu PC e passar para o Win-
dows XP ou a versão do Windows 7 Ultimate (que di- Depois que você tiver certeza de que o driver ASIO
zem ser a mais completa) não apresentaria defeitos? está sendo acessado, é necessário regular a latência
para aproximadamente 8 ms (entre 256 e 512 sam-
ples). Com esta configuração, para que o notebook
Caro leitor, não trave ao tocar instrumentos virtuais sampleados
(“pesados”), a CPU deve ser, no mínimo, um Pentium
As causas dos problemas podem ser diversas, mas i3 com 4 GB de memória.
acredito que não seja do seu Windows 7. Primeira-
mente, verifique se o seu software de gravação e de Boa sorte!
execução de instrumentos virtuais está reconhecendo Luciano Alves
Luciano Alves é tecladista, compositor e autor do livro Fazendo Música no Computador. Fundou, em 2003, a escola de música e
tecnologia CTMLA – Centro de Tecnologia Musical Luciano Alves (www.ctmla.com.br), que dispõe de seis salas de aula e um estúdio.
• AEM - Audio e Música - Cursos Virtuais e Produção de CD. As aulas diversos cursos, como Fundamentos
de HomeStudio, Operador de Áudio personalizadas são ministradas pelo de Áudio e Acústica, Pro Tools, Prática
(PA e Monitor), Materização, Sound próprio Luciano Alves. Tel.: (21) 2226-1033 de Gravação, MIDI Básico, Efeitos para
Forge, Sonar, Pro Tools entre vários E-mail: [email protected] Site: www. Mixagem, Sonorização e Produção de
outros. Cursos Presenciais e à ctmla.com.br Música Eletrônica. Tel.: (11) 5573.3818 -
Distância. Tel.: 11 3522-8545 E-mail: Site: www.iav.com.br
[email protected] Site: • DGC Áudio - Curso De Áudio
www.audioemusica.com.br Profissional - Básico e Avançado. • IATEC - Áudio Básico - Home Studio -
Núcleo de formação profissional de Home Theater - Masterização - Medidas
• Curitiba Audiowizards promove cursos Belo Horizonte-MG, oferece cursos em Áudio -Música online - Produção
de áudio básico, regular e intermediário, para músicos, maestros, operadores de Executiva Produção Fonográfica -
além de pré-produção e produção áudio, técnicos de instalação, técnicos Regular de Áudio - Restauração de
musical para formação de técnicos de de gravação, operadores de sistemas Áudio - Roadies - Técnicas de Gravação
PA e estúdio. Tel.: (41) 3223-4432 Site: para igrejas etc. Tel.: (31) 3374- 7726 - Técnicas de Sonorização Tel.: (21)
www.audiowizards.com.br E-mail: [email protected] Site: 2493-9628 E-mail: [email protected]
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De Áudio, Iluminação, Dj, Produção - • Home Studio - Curso ministrado por Sergio • OMID - Cursos de Acústica, Áudio
Treinamentos completos de Áudio (live Izecksohn (coordenador), Pedro Wood, Analógico e Digital, Produção Musical,
e estúdio), DJ e Produção Musical, Daniel Medeiros, Julio Moura e Diogo Composição Musical, sob coordenação
Iluminação, Direção de Produção. Aulas Bortoluzzi. Nele os alunos produzem um de Omid Bürgin (músico, produtor e
com instrutores qualificados e totalmente CD em todas as etapas, experimentando projetista com mais de dez anos de
voltado ao mercado. CAM Porto pessoalmente os programas, a operação experiência nos principais estúdios de
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TRABALHANDO
NAS ALTURAS
P
arece que existem momentos específicos em ria é que esse espaço pode ser compartilhado. Ou seja,
que a humanidade avança significativamente no enquanto se está gravando, editando ou afinando, todas
assunto tecnologia. Claro que a evolução é uma as alterações que você faz aparecem lá, do outro lado
constante, porém, às vezes, esse salto é bem nítido. Em do planeta, sem que se preocupe em enviar arquivos
outros, a mudança não chama tanta atenção: apenas pra ninguém. Da mesma forma, sua “pastinha virtual”,
altera lentamente o modo de as pessoas viverem, pen- onde está sua sessão, também é atualizada sempre que
sarem e trabalharem. o outro produtor mexer nela. Parece incrível, né?
Desnecessário dizer que o surgimento da internet foi um Pois então Hoje já existem serviços que possibilitam
desses marcos. Mas, como todo aparecimento de nova isso. Um deles se chama Dropbox. Você se cadastra
tecnologia, a internet surgiu engatinhando, e eu ouso gratuitamente e instala um aplicativo na sua máquina,
dizer que ainda está. E é durante essa “infância” que que pode ser tanto Mac quanto PC. O sistema coloca
surge algo chamado clouds, ou… nuvens. E muito mais uma pasta no seu HD, e ela se comporta exatamen-
do que um “lugarzinho pra você guardar seus arquivos” te como uma pasta que você criaria. Porém, qualquer
ou um disco virtual, o conceito de clouds vai discreta- pasta que você criar dentro dessa outra chamada Dro-
mente mudar o jeito de trabalharmos e até de lidarmos pbox poderá ser compartilhada com alguém. Uma vez
com a internet e com nossos computadores. compartilhada, tudo o que você coloca, tira ou atualiza
nessa pasta compartilhada reflete de forma idêntica no
Obviamente, nem todas as tecnologias surgem com o computador de lá do outro lado do mundo (contanto
áudio em mente, mas elas deixam a gente pegar em- que ambos estejam conectados à internet).
prestado! Como “trabalhar nas nuvens” poderia, por
exemplo, ser útil para nós, da música e do áudio? Bem... Bem, ainda não sei exatamente como um sistema como
Imaginem o seguinte cenário: você está trabalhando o Pro Tools se comportaria trabalhando assim, com uma
em uma música em parceria com outro produtor. Este sessão sendo lida (e atualizada) diretamente da pas-
outro produtor está, digamos, do outro lado do planeta. ta Dropbox, mas, claro, vale o teste. O que importa é
Você mantém a sua sessão num cloud. Tudo o que você que a tecnologia está aí. “Redonda” e otimizada para as
faz nela é automaticamente uploaded para esse espaço nossas necessidades ou não, o fato é que já consegui-
virtual que se chama cloud. A parte bacana dessa histó- mos ver nitidamente como será nosso futuro próximo.
Enrico De Paoli é engenheiro de música. Mixa e masteriza em seu Incrível Mundo Studio e viaja com seu projeto
de palestras e treinamentos Mix Secrets. Créditos vão de Djavan a Ray Charles. Site: www.EnricoDePaoli.com