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Accountability em Moçambique 28 de 6 de 2025

O trabalho analisa a implementação de um Portal da Transparência em Moçambique como ferramenta para fortalecer a prestação de contas e combater a corrupção. A pesquisa revela que, embora a população reconheça a importância da transparência, existem preocupações sobre a aplicabilidade do portal devido à ocultação de dados e falta de formação digital. A conclusão sugere que a criação do portal pode ser um marco significativo, desde que siga princípios de transparência ativa e envolvimento da sociedade civil.

Enviado por

Aloide Zavale
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Accountability em Moçambique 28 de 6 de 2025

O trabalho analisa a implementação de um Portal da Transparência em Moçambique como ferramenta para fortalecer a prestação de contas e combater a corrupção. A pesquisa revela que, embora a população reconheça a importância da transparência, existem preocupações sobre a aplicabilidade do portal devido à ocultação de dados e falta de formação digital. A conclusão sugere que a criação do portal pode ser um marco significativo, desde que siga princípios de transparência ativa e envolvimento da sociedade civil.

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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA - ISMU

DELEGAÇÃO DE MAPUTO

TEMA

ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM PORTAL DA


TRANSPARÊNCIA COMO FERRAMENTA DE PRESTAÇÃO DE
CONTAS EM MOÇAMBIQUE

Aloide Xadreque Bucuane Zavale

LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

Maputo, Junho de 2025


INSTITUTO SUPERIOR MUTASA - ISMU

DELEGAÇÃO DE MAPUTO

TEMA

ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM PORTAL DA


TRANSPARÊNCIA COMO FERRAMENTA DE PRESTAÇÃO DE
CONTAS EM MOÇAMBIQUE

SUPERVISORA:

Mestre Filomena Zimba

REALIZADO POR:

ALOIDE XADREUQUE BUCUANE ZAVALE

LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

Maputo, Junho de 2025

Maputo, Junho de 2025


Declaração sob compromisso de honra

Eu, Aloide xadreque Bucuane Zavale¸ declaro que o presente trabalho é resultado da minha
investigação pessoal, das orientações do meu supervisor e requisitos e recomendações plasmados
no Guião para Elaboração de Trabalhos Científicos: - Projectos, Trabalhos de Licenciatura ou
Dissertações do Instituto Superior Mutasa - ISMU. O seu conteúdo é original e todas as fontes
consultadas estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia. Declaro ainda que este
trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau
académico.

Maputo, Junho¸2025.

_________________________________
(Aloide xadreque Bucuane Zavale¸)

1
1.3. Índice

1.4. Agradecimento-----------------------------------------------------------------------------------------------VI

1.5. Dedicatória---------------------------------------------------------------------------------------------------VII

1.6. Gráficos, tabelas, siglas, listas de abreviaturas, dedicatória, epígrafe, símbolos:-------VIII

1.7. Resumo---------------------------------------------------------------------------------------------------------IX

1.8. Abstract----------------------------------------------------------------------------------------------------------X

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------- 1

1.1. Contextualização da Pesquisa-----------------------------------------------------------------------------1

1.2. Problema de Pesquisa---------------------------------------------------------------------------------------2

1.2.1. Questão de Partida----------------------------------------------------------------------------------------2

1.3. Hipóteses--------------------------------------------------------------------------------------------------------3

1.3.1. Hipótese Primária------------------------------------------------------------------------------------------3

1.3.2. Hipóteses Secundárias------------------------------------------------------------------------------------3

1.4. Objectivos-------------------------------------------------------------------------------------------------------3

1.4.1. Objectivo Geral----------------------------------------------------------------------------------------------3

1.4.2. Objectivos Específicos-------------------------------------------------------------------------------------3

1.5. Justificativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------4

1.5.1. Contribuição para o campo académico--------------------------------------------------------------4

1.5.2. Relevância prática------------------------------------------------------------------------------------------4

1.6.Delimitação do tema------------------------------------------------------------------------------------------4

1.6.1.Delimitação temporal--------------------------------------------------------------------------------------4

1.6.2.Delimitação espacial---------------------------------------------------------------------------------------4

1.7. Variáveis---------------------------------------------------------------------------------------------------------5

1.7.1. Variável Primária-------------------------------------------------------------------------------------------5

2
1.7.2. Variáveis Secundárias-------------------------------------------------------------------------------------5

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA-------------------------------------------------------------6

2.1. Introdução------------------------------------------------------------------------------------------------------6

2.2. Teoria de base-------------------------------------------------------------------------------------------------7

2.3. Fundamentos da Legitimidade do Controle Cidadão sobre as Contas Públicas-------------8

2.3.1. Democracia---------------------------------------------------------------------------------------------------8

2.3.2. Cidadania e Controle Social------------------------------------------------------------------------------9

2.3.2.1. Fiscalização Governamental--------------------------------------------------------------------------9

2.3.2.2. Controle Social------------------------------------------------------------------------------------------10

2.3.2.3. Base Legal e Institucional para o Controlo das Contas Públicas em Moçambique---12

2.4. Desafios à Transparência: Corrupção e Integridade-----------------------------------------------16

2.4.1. Administração Pública e Corrupção-----------------------------------------------------------------16

2.4.2. Administração Pública-----------------------------------------------------------------------------------16

2.4.2.1. Objecto, Meio e Fim da Administração Pública------------------------------------------------17

2.4.3. Corrupção---------------------------------------------------------------------------------------------------18

2.4.3.1. Corrupção no contexto moçambicano-----------------------------------------------------------19

2.5. Ética e Integridade da Administração Pública------------------------------------------------------22

2.5.1. Ética-----------------------------------------------------------------------------------------------------------22

2.5.2. Integridade-------------------------------------------------------------------------------------------------23

2.5.3. Ética na administração pública------------------------------------------------------------------------24

2.6. Transparência e Prestação de contas como Solução----------------------------------------------26

2.6.1. Transparência Conceito e Importância da Transparência Governamental---------------26

2.6.2. Prestação de contas--------------------------------------------------------------------------------------28

2.7. O Portal da Transparência como Ferramenta de Prestação de contas-----------------------29

2.7.1. Governança Digital e Iniciativas de Transparência Pública------------------------------------29

3
2.7.2. Portal da Transparência---------------------------------------------------------------------------------30

2.8. Marco teórico------------------------------------------------------------------------------------------------31

2.8.1. Teorias-------------------------------------------------------------------------------------------------------31

2.8.1.1. Teoria do Agente-Principal--------------------------------------------------------------------------31

2.8.1.2. Teoria Institucional------------------------------------------------------------------------------------32

2.8.1.3. Teoria da Escolha Racional--------------------------------------------------------------------------34

2.8.2. Análise Cruzada entre a Teoria Base e as Teorias Utilizadas no Trabalho----------------35

2.8.2.3. Teoria da Escolha Racional--------------------------------------------------------------------------36

2.8.3. Análise cruzada das três teorias – Institucional, Agente-Principal e Escolha Racional 37

2.8.3. Qual abordagem se enquadra melhor para o tema---------------------------------------------37

CAPÍTULO 3. METODOLOGIA--------------------------------------------------------------------------39

3.1. Introdução-----------------------------------------------------------------------------------------------------39

3.2. Métodos-------------------------------------------------------------------------------------------------------39

3.2.1. Método de abordagem----------------------------------------------------------------------------------39

3.2.2. Método de procedimento------------------------------------------------------------------------------39

3.3. Classificação da pesquisa----------------------------------------------------------------------------------40

3.3.1. Natureza da pesquisa------------------------------------------------------------------------------------40

3.3.2. Objectivos da pesquisa----------------------------------------------------------------------------------40

3.3.3. Procedimentos da pesquisa----------------------------------------------------------------------------40

3.3.4. Abordagem-------------------------------------------------------------------------------------------------40

3.4. Instrumentos e técnicas de colecta de dados-------------------------------------------------------40

3.5. População e amostra---------------------------------------------------------------------------------------41

3.6. Limitações do estudo---------------------------------------------------------------------------------------42

3.7. Questões Éticas da Pesquisa-----------------------------------------------------------------------------43

CAPÍTULO 4: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS----------------------------------------44

4
4.1. Introdução-----------------------------------------------------------------------------------------------------44

4.2. Perfil sociodemográfico dos respondentes----------------------------------------------------------44

4.3. Análise dos Resultados do Questionário--------------------------------------------------------------45

4.3.1 Percepção sobre a Transparência e a Corrupção-------------------------------------------------45

Parte 2: Percepção sobre Transparência e Corrupção--------------------------------------------------45

4.3.2 Conhecimento e Expectativas sobre o Portal da Transparência------------------------------46

Parte 3: Necessidade de um Portal da Transparência---------------------------------------------------46

4.3.3 Participação Cidadã e Prestação de contas---------------------------------------------------------48

4.3.4 Desafios e Características Esperadas-----------------------------------------------------------------50

Parte 5: Desafios e Sugestões----------------------------------------------------------------------------------50

4.3.5. Percepção Geral-------------------------------------------------------------------------------------------51

Parte 6: Percepção Geral----------------------------------------------------------------------------------------51

CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS--------------------------------------------------------------54

5.1. Introdução-----------------------------------------------------------------------------------------------------54

5.2. Conclusões----------------------------------------------------------------------------------------------------54

5.3. Recomendações---------------------------------------------------------------------------------------------55

5.4. Sugestões para Pesquisas Futuras----------------------------------------------------------------------55

6. Referências Bibliográficas--------------------------------------------------------------------------- 56

6.1. Legislação consultada--------------------------------------------------------------------------------------59

7. Apêndice-------------------------------------------------------------------------------------------------- A

5
1.4. Agradecimento

Agradeço primeiramente ao meu tutor a Mestre Filomena Zimba, pêlo acompanhamento


e pélas orientações emanadas ao longo desta investigação. Agradeço também ao Instituto
Superior Mutasa pêlo conhecimento transmitido ao longo de 04 anos e o apoio institucional, bem
como a todos os cidadãos que gentilmente participaram da pesquisa, contribuindo com
informações valiosas. Estendo minha gratidão aos colegas de curso e há minha família, que me
apoiaram moral e emocionalmente durante todo o processo de elaboração deste trabalho.

VI
1.5. Dedicatória

Dedico este trabalho há minha família, pêlo apoio incondicional, e a todos os


moçambicanos que acreditam na transparência como instrumento de transformação social.

VII
1.6. Gráficos, tabelas, siglas, listas de abreviaturas, dedicatória, epígrafe, símbolos:

Tabela 1 Informações Demográficas dos Participantes.....................................................42

Tabela 2 Percepção sobre Transparência e Corrupção......................................................43

Tabela 3 Percepção sobre a necessidade de um Portal da Transparência..........................44

Tabela 4 Percepção sobre impacto potencial na Ética e Integridade.................................46

Tabela 5 Desafios e Sugestões...........................................................................................48

Tabela 6 sugestões ou comentários sobre a criação de um Portal da transparência..........49

VIII
1.7. Resumo

O presente trabalho tem como tema central a prestação de contas e a potencial


implementação de um Portal da Transparência em Moçambique, com o objectivo de analisar
como tal ferramenta pode contribuir para o fortalecimento da administração pública, combate à
corrupção e promoção de uma cultura de integridade. A pesquisa parte do problema relacionado
à fragilidade dos mecanismos actuais de responsabilização dos gestores públicos, da escassa
participação cidadã no acompanhamento da gestão governamental e da ausência de ferramentas
digitais eficazes e acessíveis para a fiscalização por parte da sociedade civil.

Neste sentido, buscou-se compreender se e como um portal de transparência pode


funcionar como instrumento de prestação de contas, especialmente numa realidade onde a
confiança nas instituições públicas é frequentemente abalada por escândalos de corrupção, má
gestão e falta de prestação de contas. A investigação foi de natureza exploratória, descritiva e
aplicada, com recurso a uma abordagem mista (qualitativa e quantitativa), tendo sido aplicados
questionários a 200 cidadãos e conduzida uma análise documental e entrevistas semiestruturadas.

Os resultados evidenciam que a população reconhece a importância da transparência na


administração pública, mas também manifesta receios sobre a real aplicabilidade do portal,
destacando factores como a ocultação de dados, falta de formação digital da população, ausência
de cultura de prestação de contas por parte dos gestores públicos e a impunidade de infractores.
Além disso, os participantes sugerem a necessidade do envolvimento da sociedade civil na
gestão do portal, publicação periódica de dados acessíveis e compreensíveis, bem como o reforço
das punições para actos ilícitos. O estudo conclui que, embora o portal ainda não esteja
implementado em Moçambique, sua criação pode representar um marco significativo para o
exercício da prestação de contas, desde que estruturado com base em princípios de transparência
activa, acessibilidade, participação cidadã e responsabilização efectiva dos agentes públicos.

Palavras-chave: Prestação de contas, portal da transparência, administração pública,


corrupção, ética, integridade, fiscalização governamental, controle social, ética na administração
pública

IX
1.8. Abstract

The central theme of this work is accountability and the potential implementation of a
Transparency Portal in Mozambique, with the aim of analyzing how such a tool can contribute to
strengthening public administration, combating corruption and promoting a culture of integrity.
The research is based on the problem related to the fragility of current mechanisms for holding
public managers accountable, the scarce citizen participation in monitoring government
management and the absence of effective and accessible digital tools for oversight by civil
society.

In this sense, we sought to understand whether and how a transparency portal can
function as an instrument of accountability, especially in a reality where trust in public
institutions is frequently shaken by corruption scandals, mismanagement and lack of
accountability. The research was exploratory, descriptive and applied in nature, using a mixed
approach (qualitative and quantitative), with questionnaires being applied to 200 citizens and a
documentary analysis and semi-structured interviews being conducted.

The results show that the population recognizes the importance of transparency in public
administration, but also expresses concerns about the real applicability of the portal, highlighting
factors such as data concealment, lack of digital education among the population, lack of a
culture of accountability on the part of public managers and impunity for offenders. In addition,
participants suggest the need for civil society involvement in the management of the portal,
periodic publication of accessible and understandable data, as well as strengthening punishments
for illegal acts. The study concludes that, although the portal has not yet been implemented in
Mozambique, its creation could represent a significant milestone for the exercise of
accountability, provided that it is structured based on principles of active transparency,
accessibility, citizen participation and effective accountability of public agents.

Keywords: accountability, transparency portal, public administration, corruption, ethics,


integrity, government oversight, social control, ethics in public administration.

X
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização da Pesquisa

A pesquisa insere-se no contexto da administração pública em Moçambique, um país que,


apesar dos esforços para aperfeiçoar a transparência e combater a corrupção, ainda enfrenta
desafios estruturais significativos. Moçambique ocupa a 142ª posição no Índice de Percepção da
Corrupção (Transparência Internacional, 2023), reflectindo as dificuldades persistentes em
garantir uma gestão pública eficiente e íntegra. A implementação de um Portal da Transparência
é uma das principais medidas adoptadas mundialmente para fortalecer a prestação de contas,
permitindo que os cidadãos tenham acesso directo e aberto às informações sobre as acções
governamentais.

A falta de transparência não se restringe apenas ao governo central. Instituições


fundamentais, como o Banco de Moçambique, são apontadas por uma postura autoritária e de
não prestação de contas, sobretudo em temas de interesse público, como as falhas nas redes dos
bancos comerciais. Paralelamente, a avaliação para a criação de um Tribunal de Contas, em
estudo conduzido péla Presidente do Tribunal Administrativo e a problemática das dívidas
ocultas reforçam a necessidade de mecanismos que promovam maior transparência e
responsabilidade fiscal na gestão do erário público.

Relatórios apontam que entre as principais causas da corrupção em Moçambique estão a


concentração de poder em um único partido, a fusão de interesses políticos e económicos da
elite, a impunidade, a conexão entre corrupção e crime organizado, a falta de transparência e de
acesso à informação, mecanismos inadequados de responsabilização, a aceitação social da
corrupção, o medo de represálias, uma burocracia ineficiente e politizada. Embora os orçamentos
sejam divulgados, a ausência de detalhes suficientes sobre despesas públicas, leis, regulamentos
e decisões judiciais compromete a prestação de contas e favorece a opacidade na administração
(Bertram I. Spector, Green, Hart, & Ferrell, 2005).

Em aditamento a essas acções, o actual Governo, destaca uma nova era para
Moçambique, na qual o combate à corrupção, ao nepotismo e à incompetência é prioridade. O
Governo promete um Governo mais enxuto, com medidas concretas como a criação de uma

1
central de aquisições de Estado, a revisão de regalias dos dirigentes e a reavaliação de gastos,
visando colocar o povo no centro das decisões e resgatar o patriotismo nacional.

Outros casos emblemáticos evidenciam a complexidade do cenário. O Instituto de Gestão


das Participações do Estado (IGEPE) exigiu que a Procuradoria-Geral da República investigue os
alegados desvios e sabotagem nas Linhas Aéreas de Moçambique, enquanto a Direcção-Geral
das Alfândegas foi implicada num esquema que desviou USD 18,6 milhões por meio de isenções
aduaneiras fraudulentas. Ademais, um relatório do Banco Mundial aponta que as dívidas ocultas
e a corrupção, associadas a poderosas elites políticas e à supervisão inadequada das empresas
públicas, foram determinantes para a derrapagem do crescimento económico de Moçambique,
reduzindo a média de crescimento e afastando investidores do país.

Diante deste cenário multifacetado, a análise do impacto potencial da criação de um


Portal da Transparência em Moçambique assume carácter crucial. Este estudo propõe-se a
investigar como a adopção dessa ferramenta pode fortalecer a prestação de contas, promover
uma gestão pública mais ética e eficiente e, sobretudo, restaurar e consolidar a confiança dos
cidadãos nas instituições estatais.

1.2. Problema de Pesquisa

Embora a transparência seja considerada um mecanismo importante no combate à


corrupção, a eficácia de um portal de transparência em promover prestação de contas no contexto
moçambicano ainda não foi amplamente investigada. O problema de pesquisa se configura na
seguinte questão:

 Qual é o impacto da implementação de um Portal da Transparência na redução de


assimetrias de informação entre governo e sociedade no governo de Moçambique?

1.2.1. Questão de Partida

 Como a implementação de um Portal da Transparência pode reduzir assimetrias de


informação entre governo e sociedade no governo de Moçambique?

Esta questão busca investigar a relação entre a transparência governamental


proporcionada pêlo portal e a efectiva responsabilização dos gestores públicos.
2
1.3. Hipóteses

1.3.1. Hipótese Primária

A implementação de um Portal da Transparência em Moçambique fortifica a prestação de


contas públicas, diminuindo a corrupção e aumentando a confiança pública nas instituições da
Administração Pública.

1.3.2. Hipóteses Secundárias

 A disponibilização de informações actualizadas e acessíveis no Portal da Transparência


aumenta a conscientização e participação cívica na fiscalização das actividades da
administração pública.
 A utilização do Portal da Transparência por órgãos de controlo e péla sociedade civil
resulta em uma maior detecção e denúncia de actos de corrupção na administração
pública.

1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo Geral

 Investigar o impacto da implementação de um Portal da Transparência no fortalecimento


da prestação de contas e na redução da corrupção no governo de Moçambique.

1.4.2. Objectivos Específicos

 Analisar como a transparência na gestão pública pode contribuir para o bem-estar dos
cidadãos;
 Avaliar os benefícios e desafios da implementação de um Portal da Transparência em
Moçambique.
 Investigar como a sociedade civil e os cidadãos podem participar na fiscalização das
finanças públicas.
 Avaliar o impacto da implementação e utilização do Portal da Transparência pêlo
Governo Moçambicano

3
1.5. Justificativa

1.5.1. Contribuição para o campo académico

A análise da implementação de um Portal da Transparência em Moçambique pode


fornecer uma visão valiosa sobre os desafios e as oportunidades de aplicar essas tecnologias no
combate à corrupção, Poucos estudos em Moçambique analisam criticamente ferramentas
digitais de transparência, especialmente sob a perspectiva da administração pública.

1.5.2. Relevância prática

Num contexto em que a transparência e a prestação de contas são essenciais para a


consolidação da democracia e a confiança nas instituições públicas, os resultados da pesquisa
podem fornecer compreensões sobre como melhorar as políticas públicas e procedimentos
administrativos em Moçambique.

1.6.Delimitação do tema

1.6.1.Delimitação temporal

O estudo abrange o período de 2024 a 2025, ajudando a compreender o contexto recente


e os desafios enfrentados pêlo país na construção de uma administração pública mais aberta e
responsável.

1.6.2.Delimitação espacial

Esta pesquisa tem como foco principal a Cidade de Maputo, capital de Moçambique, por
ser onde se concentram os principais órgãos da Administração Pública e onde acontecem os
principais debates sobre transparência e combate à corrupção. A escolha deste local justifica-se
péla sua importância política e institucional, além de oferecer maior facilidade de acesso a
informações.

4
1.7. Variáveis

1.7.1. Variável Primária

 Implementação e utilização do Portal da Transparência.

1.7.2. Variáveis Secundárias

 Redução da corrupção na administração pública.


 Promoção da ética e integridade.
 Conscientização e participação cívica.
 Detecção e denúncia de actos de corrupção.
 Percepção dos cidadãos sobre a transparência governamental.

5
CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Introdução

A transparência governamental tem-se consolidado como um dos principais mecanismos


para difundir a boa gestão pública, prevenir a corrupção e fortalecer a Prestação de contas. No
contexto de Moçambique, a ausência de um Portal da Transparência limita a capacidade dos
cidadãos de a cessarem informações sobre as finanças públicas, dificultando o fiscalização social
e diminuindo a confiança na gestão pública.

Este capítulo inicia-se com a teoria base que permite situar o problema servindo como
alicerce e contribuir para o entendimento de seguida serão analisados os fundamentos que
justificam a legitimidade dos cidadãos em fiscalizar as contas públicas, explorando a democracia,
cidadania e legislação. Além disso, serão abordadas as principais causas da corrupção e da falta
de integridade na administração pública, evidenciando a necessidade de um sistema de
transparência eficaz.

Para isso, o capítulo se organiza em três seções principais. Inicialmente, discute-se o


papel da democracia e da participação do cidadão como base para a fiscalização das finanças
públicas. Em seguida, examinam-se as razões que auxiliam práticas corruptas e minam a
probidade no sector público. Por fim, são apresentados as principais ferramentas legais e
institucionais que possibilitam o controlo social sobre o governo, destacando como um Portal da
Transparência poderia fortalecer a prestação de contas em Moçambique.

Dessa forma, este capítulo estabelece a base teórica para compreender a importância de
um sistema de transparência na gestão pública, a viabilidade da implementação de um Portal da
Transparência como ferramenta de fiscalização do cidadão, combate à corrupção promoção da
ética e integridade.

6
7
2.2. Teoria de base

No campo da gestão, a Teoria da Agência busca explicar a relação entre agentes e


principais nas transacções económicas. De acordo com essa teoria, um actor (o principal) delega
autoridade a outro actor (o agente) para agir em seu nome, sendo que as decisões do agente
podem afectar directamente o bem-estar do principal (Jensen & Meckling, 1976). No contexto da
administração pública, essa teoria levanta preocupações sobre a assimetria de informações entre
os gestores públicos e os cidadãos, pois há incerteza quanto à real defesa dos interesses da
sociedade por parte dos administradores (Slomski, 1999). Nesse sentido, os gestores públicos
têm demonstrado maior preocupação em aumentar a transparência e a divulgação de
informações, com o objectivo de reduzir essa assimetria e, assim, fortalecer a confiança da
população nas instituições governamentais.

Kinzler, Costa, Peiter, Walter e Villar (2022) destacam que o gestor público, no exercício
de suas funções, enfrenta pressões oriundas de diversos grupos de interesse, tais como
instituições internacionais, órgãos fiscalizadores, organizações não-governamentais, usuários dos
serviços públicos, servidores estatais, particulares e média, entre outros. Da mesma forma, a
sociedade também está sujeita a pressões de diferentes naturezas, incluindo sociais, normativas,
legais, éticas e políticas. Diante desse cenário, surge a necessidade de implementar mecanismos
de prestação de contas para fortalecer a relação entre a administração pública e a sociedade. Para
isso, os órgãos governamentais têm adoptado estratégias como controle externo, controle interno,
prestação de contas, divulgação, transparência e responsabilização. Essas medidas favorecem a
construção de uma cultura organizacional fundamentada em princípios éticos e de
responsabilidade, além de actuarem no combate à corrupção, o que contribui para consolidar a
legitimidade da gestão pública perante os cidadãos. Assim, compreende-se que o conceito de
prestação de contas possui múltiplas dimensões e aplicações, sendo influenciado por factores
políticos, sociais e históricos que moldam seu desenvolvimento.

A exigência por transparência, impulsionada péla sociedade, leva os órgãos públicos a


divulgar informações sobre as acções dos gestores, atendendo à demanda popular por mais
visibilidade nos actos administrativos (Matos, Imlau, Ensslin, Ensslin, & Vicente, 2015). Em
consonância com essa necessidade, os mecanismos de prestação de contas são amplamente

8
adoptados no sector público, estabelecendo o dever do gestor de justificar suas acções à
população. Esse processo pode influenciar significativamente as decisões administrativas
(Aleksovska, 2021, como citado por Kinzler, Costa, Peiter, Walter, & Villar, 2022).

A participação activa da sociedade no controle dos actos da administração pública requer


acesso a informações confiáveis e precisas. Esse acesso possibilita que os cidadãos avaliem a
actuação do governo e, com base nisso, exijam esclarecimentos por parte dos representantes,
demandem melhorias na gestão e, em alguns casos, influenciem até mesmo a redefinição dos
objectivos das políticas públicas (Rocha, 2011).

Por fim, Kinzler, Costa, Peiter, Walter e Villar (2022) reforçam que os gestores públicos
continuam enfrentando pressões de diversos segmentos sociais e institucionais. Como resposta a
essas demandas, as organizações públicas têm aprimorado suas práticas de prestação de contas,
adoptando mecanismos como controle externo e interno, prestação de contas, transparência e
responsabilização. Essas iniciativas não apenas favorecem a disseminação de uma cultura ética
na administração pública, mas também são essenciais para o combate à corrupção e a
consolidação da legitimidade governamental perante a sociedade.

2.3. Fundamentos da Legitimidade do Controle Cidadão sobre as Contas Públicas

2.3.1. Democracia

De acordo com Paula Becker (2011), a palavra "democracia" tem origem no grego, sendo
formada pêlos termos demos, que significa "povo", e kratein, que significa "reinar". Dessa
forma, pode-se interpretar a democracia como um "governo do povo" ou "reinado popular". Uma
definição amplamente conhecida desse conceito é a frase atribuída a Abraham Lincoln:
"government of the people, by the people, for the people", que pode ser traduzida como "governo
do povo, pelo povo, para o povo". Em termos mais simples, significa que o poder emana do
povo, é exercido por ele e visa ao seu próprio benefício.

Já para Ferreira (2004), no Novo Dicionário Electrónico Aurélio versão 5.0, a democracia
é entendida como uma doutrina ou sistema político fundamentado na soberania popular e na
equitativa distribuição do poder. Esse regime se caracteriza essencialmente péla garantia da

9
liberdade no processo eleitoral, péla separação entre os poderes e pêlo controle das autoridades,
ou seja, da tomada de decisões e da execução das mesmas.

Como destaca Paula Becker (2011), democracia tem origem grega e significa "governo
do povo", expressão que remete à ideia de participação e soberania popular. Entretanto, para os
fins deste estudo, a definição de Ferreira (2004) oferece uma compreensão mais prática e
institucional do termo, especialmente no que se refere ao controle social e à prestação de contas
— pilares fundamentais para o fortalecimento da gestão pública transparente em Moçambique.

2.3.2. Cidadania e Controle Social

2.3.2.1. Fiscalização Governamental

Controlo governamental é o conjunto de acções e mecanismos por meio dos quais órgãos
públicos, tanto internos quanto externos monitoram e controlam a execução das políticas e a
gestão dos recursos estatais. Segundo Di Pietro (2013), essa prática visa garantir a eficiência, a
legalidade e a transparência na administração pública, prevenindo irregularidades e promovendo
a responsabilização dos gestores. Por meio de auditorias, fiscalizações e avaliações sistemáticas,
a fiscalização torna-se um instrumento essencial para corrigir desvios, melhorar a qualidade dos
serviços públicos e fortalecer a confiança dos cidadãos nas instituições do Estado.

Fiscalização governamental refere-se ao processo contínuo de verificação e controle


exercido sobre a gestão e execução das actividades do poder público, com o intuito de assegurar
o uso adequado dos recursos e a conformidade com os dispositivos legais. De acordo com
Carvalho Filho (2008), essa prática se realiza através de procedimentos formais, como auditorias,
inspecções e a análise de documentos, e por meio da actuação de órgãos como tribunais de
contas e ministérios públicos. A fiscalização desempenha papel crucial na prevenção de fraudes e
irregularidades, contribuindo para a melhoria dos serviços públicos e para o fortalecimento da
democracia por meio da promoção da transparência e da prestação de contas

Fiscalização governamental pode ser entendida como o processo pêlo qual o Estado, por
meio de seus diversos mecanismos de controlo, avalia e acompanha a execução de suas
actividades administrativas e a aplicação dos recursos públicos. Conforme Bresser-Pereira
(2009), essa actividade não se limita ao controle financeiro, mas abrange também a verificação

10
do cumprimento dos princípios da legalidade, da moralidade e da eficiência na gestão pública.
Os instrumentos de fiscalização, que incluem o controlo interno, as auditorias externas e a
actuação dos tribunais de contas, são essenciais para identificar desvios, corrigir falhas e
promover uma cultura de transparência que fortalece a responsabilidade e a confiança da
sociedade nas instituições governamentais.

A interpretação de Fiscalização Governamental mais alinhada ao tema é a de Bresser-


Pereira (2009). Isso porque ela aborda a verificação do cumprimento dos princípios da
legalidade, moralidade e eficiência, aspectos fundamentais para garantir a integridade e a
responsabilidade na gestão pública. O controlo interno, as auditorias externas e a actuação dos
tribunais de contas são instrumentos directamente relacionados a uma fiscalização eficaz e ao
propósito de um portal da transparência. O portal, ao disponibilizar dados e informações sobre a
gestão pública, auxilia na execução desses mecanismos de controlo, permitindo que a sociedade
participe activamente do processo de monitoramento e avaliação.

A definição de Carvalho Filho (2008) também está bem conectada ao tema, ao destacar
que a fiscalização, realizada por órgãos como tribunais de contas e ministérios públicos, é crucial
para prevenir irregularidades e promover a transparência e a prestação de contas. Isso é
directamente relacionado à função do portal da transparência, que é fornecer informações que
permitem à sociedade acompanhar e questionar a gestão pública.

Por outro lado, a definição de Di Pietro (2013) enfatiza mais a legalidade e a


transparência, abordando práticas como auditorias e inspecções. Embora seja relevante, essa
definição é um pouco mais ampla e genérica em relação ao papel específico de um portal da
transparência, que serve como ferramenta prática de acesso a informações para cidadãos e órgãos
de controlo.

2.3.2.2. Controle Social

Para Carvalho Filho (2008), Controle social e cidadania constituem elementos essenciais
da democracia, nos quais o primeiro refere-se à capacidade dos cidadãos, organizações e
instituições da sociedade em fiscalizar e influenciar as acções do Estado, enquanto a cidadania
implica o exercício activo dos direitos e deveres que permitem essa fiscalização. Esse conjunto

11
promove a transparência e a prestação de contas na gestão pública, visto que a participação
cidadã efectiva torna possível a construção de políticas públicas que atendam às necessidades
colectivas. Assim, o controle social, por meio da cidadania activa, actua como mecanismo de
correcção e aprimoramento das práticas governamentais, contribuindo para a eficiência
administrativa e o fortalecimento do Estado Democrático de Direito.

Segundo Bresser-Pereira (2009), o controle social e a cidadania são interdependentes,


pois enquanto a cidadania envolve o pleno exercício dos direitos políticos, civis e sociais, o
controle social representa o instrumento por meio do qual os cidadãos monitoram e avaliam as
acções governamentais. Essa dinâmica estimula a participação activa da sociedade na tomada de
decisões, assegurando que o poder público responda de maneira transparente e responsável às
demandas da população. Dessa forma, o controle social actua na prevenção de abusos e na
promoção da eficiência administrativa, sendo um pilar fundamental para a consolidação de um
Estado que preza péla justiça social e péla legitimidade democrática.

Silva (2011) define controlo social e cidadania como os mecanismos pêlos quais os
indivíduos, por meio de práticas participativas, exercem influência sobre as decisões e acções do
poder público. Nesta perspectiva, a cidadania não se restringe ao gozo dos direitos conferidos
pêlo Estado, mas se manifesta na obrigação de fiscalizar, cobrar e participar activamente da
gestão pública. O controlo social, por sua vez, é percebido como o meio pêlo qual essa
participação é organizada e exercida, através de instrumentos como conselhos, audiências
públicas e ouvidorias. Essa interacção fortalece a democracia, gera maior transparência nas
acções governamentais e cria um ambiente propício para a prestação de contas e a melhoria
contínua dos serviços públicos.

A definição que melhor se enquadra é a de Silva (2011). Porque o autor enfatiza o papel
activo dos cidadãos na fiscalização e participação na gestão pública, ressaltando que o controle
social não é apenas um direito, mas uma obrigação. Além disso, a menção a instrumentos
concretos, como conselhos, audiências públicas e ouvidorias, está directamente ligada ao
objectivo de um portal da transparência, que é fornecer mecanismos acessíveis para que a
sociedade exerça seu papel de fiscalização.

12
A definição de Bresser-Pereira (2009) também é relevante, pois destaca a
interdependência entre cidadania e controle social, mostrando como a participação activa dos
cidadãos é fundamental para garantir que o poder público responda de forma transparente às
demandas sociais. No entanto, essa definição se concentra mais no impacto do controle social
sobre a eficiência administrativa e a justiça social, sem aprofundar a questão dos instrumentos
específicos que possibilitam essa participação, como um portal da transparência.

Já a definição de Carvalho Filho (2008) tem um viés institucional importante ao associar


controlo social e cidadania à transparência e prestação de contas. Entretanto, a abordagem do
autor enfatiza mais o papel das políticas públicas do que os mecanismos concretos de controlo
social que permitem sua implementação eficaz.

Portanto, Silva (2011) apresenta a definição mais alinhada ao estudo, pois conecta a
participação cidadã à fiscalização activa das acções do poder público, utilizando ferramentas
estruturadas que reforçam a transparência e prestação de contas, elementos essenciais para a
efectividade de um portal da transparência.

2.3.2.3. Base Legal e Institucional para o Controlo das Contas Públicas em Moçambique

O Artigo 01 da constituição da republica de Moçambique enuncia que: A República de


moçambique é um estado independente soberano, democrático e de justiça social.

A democracia e a justiça social pressupõem a participação cidadã, o acesso a informação


esta em plena consonância e reforça o compromisso do estado em uma gestão responsável,
inclusiva e orientada ao bem comum.

O número 01 do artigo 02, da Constituição da República de Moçambique afirma que "a


soberania reside no povo". Esta declaração é fundamental no contexto da transparência
governamental e administrativa, pois estabelece o princípio básico de que todo o poder emana do
povo e deve ser exercido em seu nome e benefício. A soberania popular implica que as
instituições e os representantes do governo devem agir de acordo com os interesses e a vontade
dos cidadãos. Este princípio exige um alto nível de transparência nas acções governamentais para
assegurar que as decisões e políticas públicas sejam visíveis e compreensíveis para o público. A
transparência, nesse contexto, é uma manifestação prática do respeito péla soberania popular.

13
Para que o povo possa exercer efectivamente sua soberania, é essencial que tenha acesso
à informação sobre as actividades do governo. Isso inclui informações sobre processos
legislativos, decisões administrativas, a utilização de recursos públicos, e outras áreas críticas da
gestão pública. A transparência permite que os cidadãos monitorem, avaliem e influenciem as
acções do governo, garantindo que estas estejam alinhadas com os interesses colectivos.

Além disso, a transparência promove a responsabilização dos governantes e funcionários


públicos. Quando as acções do governo são abertas ao escrutínio público, os cidadãos podem
identificar e denunciar abusos de poder, corrupção, e outras formas de má gestão. Isso reforça a
necessidade de mecanismos de transparência robustos, como a divulgação proactiva de
informações, acesso facilitado a documentos públicos, e a realização de audiências públicas.

A ideia de que "a soberania reside no povo" também implica a necessidade de processos
participativos, onde os cidadãos têm a oportunidade de se envolver activamente na formulação e
implementação de políticas públicas. A transparência é essencial para esses processos
participativos, pois somente com acesso à informação os cidadãos podem tomar decisões
informadas e contribuir efectivamente para o debate público.

O número 01 do artigo 48 da Constituição da República de Moçambique declara: "Todos


os cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, bem como o direito à
informação". Esta disposição é central para a promoção de uma sociedade democrática,
transparente e responsável. O direito à informação assegura que os cidadãos tenham acesso aos
dados e documentos produzidos e mantidos pêlos órgãos públicos. Este direito é fundamental
para a transparência governamental, permitindo que os cidadãos conheçam e compreendam as
acções do governo, as decisões políticas e a gestão dos recursos públicos. O acesso à informação
permite que os cidadãos participem activamente na vida pública, fiscalizem os actos
governamentais e tomem decisões informadas sobre questões que afectam suas vidas.

A Lei n.º 34/2014, conhecida como a Lei do Direito à Informação, estabelece um


conjunto de princípios que orientam o exercício desse direito fundamental. O artigo 4,
especificamente, destaca vários princípios que garantem a transparência no contexto da
administração pública. Estabelece uma estrutura para assegurar que o direito à informação seja
exercido de maneira eficaz e responsável, promovendo a transparência e a participação

14
democrática na administração pública e na vida social. Estes princípios são fundamentais para a
construção de uma sociedade aberta, onde os cidadãos têm acesso aos dados necessários para
participar plenamente na governança e no desenvolvimento do país.

O número 01 do artigo 248: a administração pública serve o interesse público e na sua


actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.

A Constituição moçambicana estabelece que os órgãos da administração pública devem


actuar em conformidade com os princípios da igualdade, imparcialidade, ética e justiça. Esses
princípios orientam a conduta dos agentes públicos, assegurando que as decisões administrativas
sejam tomadas de forma justa e transparente, promovendo a confiança da sociedade nas
instituições governamentais. Além disso, o princípio da transparência implica a publicidade dos
actos administrativos, permitindo que os cidadãos tenham acesso às informações sobre a gestão
pública e possam exercer o controlo social de maneira eficaz.

Através das Leis n.º 7/2012, de 8 de Fevereiro, e n.º 14/2011, de 10 de Agosto, são
definidos princípios como a transparência, a participação cidadã, a colaboração entre
Administração e administrados, bem como mecanismos de fiscalização e supervisão da gestão
pública. Estes dispositivos sustentam a pertinência da implementação de instrumentos modernos
como o Portal da Transparência, que visam fomentar o controle social, a ética e a integridade na
Administração Pública.

O princípio da transparência, consagrado no artigo 15 da Lei n.º 14/2011, determina que


os actos administrativos devem ser divulgados publicamente, permitindo que os administrados
conheçam as condições jurídicas para exercer seus direitos. Assim, “a obrigatoriedade de dar
publicidade à actividade administrativa” (Lei n.º 14/2011, art. 15, n.º 1) reforça o direito à
informação como base para o exercício da cidadania.

Este princípio também é reafirmado na Lei n.º 7/2012, que determina que os órgãos
públicos devem dispor de meios modernos, como páginas electrónicas e terminais digitais, para
fornecer informações sobre a sua actuação, incluindo planos de actividades, formulários,
contactos e relatórios de gestão (Lei n.º 7/2012, art. 12, n.º 5). A criação de um Portal da

15
Transparência responde directamente a estas exigências legais, promovendo o acesso fácil,
actualizado e confiável às informações públicas.

As duas leis enfatizam o princípio da participação dos administrados. Segundo o artigo


10 da Lei n.º 14/2011, “a Administração Pública deve promover a participação e defesa dos
interesses dos administrados na formação das decisões que lhes disserem respeito”. Já a Lei n.º
7/2012, no artigo 11, detalha formas práticas de participação, como consultas públicas,
elaboração de relatórios independentes, petições, denúncias e representação em órgãos colegiais.

O Portal da Transparência pode operacionalizar essas formas de participação, servindo


como um espaço digital de escuta e de cooperação, onde os cidadãos não só acessão
informações, mas também interagem com a Administração, oferecendo contribuições para o
aperfeiçoamento das políticas públicas.

O princípio da colaboração está consagrado tanto na Lei n.º 14/2011 (art. 9) quanto na
Lei n.º 7/2012 (art. 24). De acordo com a primeira, “a Administração Pública e os administrados
devem actuar em estreita cooperação recíproca” (Lei n.º 14/2011, art. 9, n.º 1). Isso inclui prestar
informações, apoiar iniciativas sociais e considerar sugestões da população.

Neste sentido, o Portal da Transparência pode facilitar a cooperação entre Administração


e cidadãos por meio de ferramentas como linhas verdes, caixas de sugestões electrónicas e
formulários digitais, nos quais os administrados possam apresentar dúvidas, queixas e propostas.
Esta interacção, promovida em tempo real, contribui para a eficiência administrativa e para o
reforço da confiança institucional.

A responsabilidade dos órgãos da Administração Pública é reafirmada nos artigos 10 e 15


das duas leis. A Lei n.º 7/2012 estabelece que a fiscalização deve ocorrer através do “controlo
hierárquico, da tutela administrativa e financeira, das inspecções, auditorias e da prestação de
contas” (Lei n.º 7/2012, art. 10). Já a Lei n.º 14/2011 prevê a sujeição da Administração à
“fiscalização e auditoria periódicas pélas entidades competentes” (Lei n.º 14/2011, art. 15, n.º 3).

16
2.4. Desafios à Transparência: Corrupção e Integridade

2.4.1. Administração Pública e Corrupção

2.4.2. Administração Pública

Segundo Caetano (2001, p. 5), a Administração Pública compreende o conjunto de


decisões e operações por meio das quais o Estado e outras entidades públicas buscam, dentro das
orientações gerais traçadas péla política, assegurar a satisfação regular das necessidades
colectivas de segurança e bem-estar dos indivíduos. Isso é alcançado através da obtenção e
utilização racional dos recursos adequados, seja de forma directa ou por meio de estímulo,
coordenação e orientação das actividades privadas.

Freitas do Amaral (2006) define a Administração Pública, em sentido orgânico, como o


sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado, bem como das demais pessoas colectivas
públicas, que asseguram, em nome da colectividade, a satisfação regular e contínua das
necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar. Essa definição destaca a estrutura
organizacional e os agentes responsáveis péla execução das funções administrativas do Estado.

De acordo com Hely Lopes Meirelles, citado por Bachtold (2012, p. 31), a Administração
Pública é todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à
satisfação das necessidades colectivas. Essa definição enfatiza a estrutura funcional do Estado
destinada à prestação de serviços públicos essenciais à sociedade.

A interpretação que mais se enquadra é a de Caetano (2001). Isso porque sua definição
enfatiza a Administração Pública como um conjunto de decisões e operações voltadas para a
satisfação das necessidades colectivas, o que inclui a busca péla transparência, integridade e
prestação de contas. A implementação de um portal da transparência está directamente ligada à
obtenção e utilização racional dos recursos públicos, um ponto destacado por Caetano (2001).
Além disso, sua definição menciona que o Estado pode actuar directamente ou por meio da
coordenação de actividades privadas, o que pode ser relevante caso a implementação do portal
envolva parcerias com entidades da sociedade civil ou empresas especializadas.

17
A definição de Freitas do Amaral (2006) também é relevante, pois destaca a
Administração Pública como um sistema de órgãos, serviços e agentes que actuam em nome da
colectividade. No entanto, seu foco está mais na estrutura organizacional e nos agentes
administrativos do que nos processos e objectivos da Administração Pública, o que a torna
menos directamente ligada ao seu estudo sobre prestação de contas e transparência.

2.4.2.1. Objecto, Meio e Fim da Administração Pública

Objecto: segundo Hely Lopes Meirelles (2014), possui como objecto a execução directa
ou indirecta dos serviços públicos, sendo o conjunto das actividades administrativas realizadas
pêlo Estado para assegurar o funcionamento dos serviços públicos e a execução de políticas
públicas. Inclui a gestão de bens e recursos, a aplicação da lei e o atendimento às demandas da
sociedade.

Meio: Segundo Dallari (2008), a Administração não pode ser entendida apenas como
gestão técnica, mas como actividade política, orientada péla busca da justiça social e péla
concretização dos direitos fundamentais da população. Refere-se aos instrumentos e mecanismos
através dos quais a Administração actua, como regulamentos, contractos, actos administrativos e
políticas públicas. Inclui também os servidores públicos, as estruturas organizacionais e os
recursos financeiros e materiais.

Fim: é o atendimento ao interesse público. Como ensina Freitas do Amaral (2001), a


missão principal da Administração Pública consiste em satisfazer, de forma contínua, estável e
eficiente, as necessidades colectivas, organizando e prestando os serviços públicos com esse
fim . A Administração, portanto, não age em nome próprio, mas como instrumento de realização
do interesse público. A satisfação das necessidades colectivas constitui o fundamento essencial
da existência e actuação da Administração Pública. Em sociedades organizadas, cabe ao Estado
assegurar o bem-estar colectivo por meio de políticas públicas, serviços e regulações que
correspondam às exigências da população em áreas como saúde, educação, segurança, infra-
estrutura, entre outras.

18
2.4.3. Corrupção

Corrupção é o uso impróprio do poder por agentes públicos ou privados para a aquisição
de benefícios pessoais ou para favorecer terceiros, por meio de práticas como suborno, desvio de
recursos e fraude. Esse procedimento viola os princípios éticos e legais que regem a gestão
pública, transformando processos formais em instrumentos de favorecimento pessoal. Segundo
Ferreira (2009), a corrupção compromete a eficiência do Estado, altera a divisão de recursos e
deteriora a confiança da sociedade nas instituições, gerando impactos negativos para o
crescimento social e económico.

Corrupção pode ser entendida como a prática sistemática de desviar ou utilizar de forma
indevida recursos e informações que pertencem ao sector público, com o objectivo de obter
ganhos pessoais ou favorecer interesses particulares. Essa prática envolve uma série de condutas
ilícitas, como o pagamento de propinas, o nepotismo e o tráfico de influências, que
comprometem os mecanismos de controle e transparência das instituições estatais. Di Pietro
(2013) argumenta que a corrupção é um dos principais entraves à boa governança e à efetivação
de políticas públicas, pois corrói a confiança dos cidadãos no Estado e prejudica o
desenvolvimento econômico e social de um país.

A corrupção consiste na prática de desvio do comportamento ético e legal por indivíduos


que ocupam posições de poder, tanto no sector público quanto no privado, para a obtenção de
benefícios indevidos. Essa prática se manifesta em diversas formas, incluindo suborno, extorsão,
fraude e favorecimento, afectando negativamente a eficiência dos serviços públicos e a justiça
social. Silva (2011) ressalta que a corrupção não só gera prejuízos económicos, mas também
contribui para a perpetuação das desigualdades e para a instabilidade institucional, exigindo a
implementação de mecanismos rigorosos de controle e prevenção para mitigar seus efeitos.

A definição que melhor se encaixa é a de Di Pietro (2013). Porque sua abordagem


destaca a corrupção como um dos principais obstáculos à boa governança e à efectivação de
políticas públicas. A implementação de um portal da transparência tem justamente o objectivo de
combater esse problema, fortalecendo os mecanismos de controlo e transparência das instituições
estatais. Além disso, Di Pietro (2013) enfatiza o impacto da corrupção na confiança dos cidadãos

19
no Estado, o que reforça a necessidade de um sistema que permita o monitoramento contínuo das
acções governamentais, promovendo prestação de contas e participação cidadã.

2.4.3.1. Corrupção no contexto moçambicano

Segundo a Lei n.º 6/2004 como citado pêlo, (Centro de Integridade Pública, 2008, p. 4),
nos artigos 7 e 9, define a corrupção em dois sentidos: primeiro, a corrupção passiva como sendo
a solicitação de vantagem patrimonial ou não patrimonial por funcionário ou agente do Estado
para realizar ou omitir acto contrário ou não contrário ao dever do seu cargo; e corrupção activa
como sendo o oferecimento de vantagem patrimonial ou não patrimonial a funcionário ou agente
do Estado para realizar um acto contrário aos deveres do seu cargo.

As diferentes abordagens teóricas sobre a corrupção distinguem a corrupção política,


também chamada de grande corrupção, da corrupção burocrática, conhecida como pequena
corrupção. A grande corrupção ocorre nos níveis mais elevados do poder político, manifestando-
se quando figuras de autoridade, como chefes de Estado, ministros e altos funcionários, que
deveriam legislar e administrar em nome da população, tornam-se, eles próprios, agentes
corruptos (Doig & Theobald, 2000, como citado por Mosse, 2004, p. 6).

Esse tipo de corrupção envolve indivíduos situados nas esferas superiores do governo,
que utilizam suas posições para obter subornos de empresas nacionais e internacionais,
apropriando-se de benefícios de contractos ou desviando grandes somas de dinheiro público para
contas bancárias no exterior. Por outro lado, a corrupção burocrática ocorre na administração
pública, afectando a implementação de políticas. Esse tipo de corrupção, frequentemente
chamado de "corrupção de rua" ou "de nível baixo", é a que os cidadãos vivenciam no dia-a-dia,
em sectores como saúde, educação, licenciamento comercial, forças policiais, alfândegas e
administração fiscal. Embora as quantias envolvidas sejam, geralmente, pequenas, ajustadas ao
contexto local, podem atingir valores significativos em determinados casos. A corrupção política
e burocrática está interligada, pois a disseminação da corrupção nos altos escalões do poder
tende a influenciar os níveis inferiores da administração pública, que seguem o exemplo e as
ordens dos dirigentes (Andvig et al., 2000, como citado por Mosse, 2004, p. 6).

20
Para combater a corrupção, é essencial compreender seus mecanismos, as oportunidades
estruturais que a favorecem e as fragilidades institucionais que permitem sua proliferação. No
entanto, pouco se discute sobre questões como o nepotismo, o clientelismo e a falta de
independência dos funcionários públicos em Moçambique. Fala-se bastante sobre a corrupção de
menor escala, mas pouco se investe em reformas sectoriais e na autonomia do poder judiciário.
Além disso, a responsabilização é frequentemente ignorada, tornando a expressão "vontade
política" vazia de significado. Não se aborda de forma eficaz a prestação de contas, as regras de
conflito de interesse ou os sistemas de integridade, o que reforça a percepção de que a grande
corrupção é um problema negligenciado (Mosse, 2004, p. 3).

Nos últimos anos, sobretudo após a transição para a democracia, a corrupção tornou-se
um problema crescente em Moçambique, permeando diversos sectores da sociedade. Apesar de
ser uma questão grave, os doadores internacionais ainda não têm exercido uma pressão
significativa sobre o governo para enfrentar o problema. A implementação de mecanismos
institucionais que promovam a transparência, como órgãos de fiscalização, poderia melhorar esse
cenário. No entanto, a ausência de uma cultura consolidada de prestação de contas ainda
compromete os avanços nesse sentido, embora a percepção dos doadores sobre Moçambique
esteja gradualmente mudando (Mosse, 2004, p. 4).

A transparência, a integridade e as regras de conflito de interesse ainda são elementos


frágeis no país, enquanto práticas como clientelismo, nepotismo e tráfico de influência estão
profundamente enraizadas. O ambiente é propício para a corrupção prosperar. Por exemplo, no
caso da declaração de bens, a transparência não deve se limitar ao mero depósito das
informações em um tribunal, acessíveis apenas a um grupo restrito de pessoas, mas sim garantir
o acesso amplo da opinião pública. O mesmo princípio se aplica à gestão dos fundos públicos,
como orçamentos e balanços financeiros anuais, que deveriam ser publicados de maneira
acessível e em tempo hábil para garantir um controle efectivo. Em uma economia de mercado,
até mesmo o acesso ao crédito do tesouro deveria ser submetido a processos concorrenciais
públicos (Mosse, 2004, p. 4).

O combate à corrupção em Moçambique não enfrenta, necessariamente, a ausência de


leis, pois há normativas em vigor e, recentemente, com o apoio de doadores, o governo criou

21
uma Unidade Anticorrupção dentro da Procuradoria-Geral da República e aprimorou a gestão
das finanças públicas com a implementação do SISTAFE. A Assembleia da República aprovou
uma Lei Anticorrupção e trabalha na revisão da legislação sobre contratações públicas. Contudo,
o Estado continua a ser administrado sob uma lógica de clientelismo e nepotismo, tornando as
novas regras frágeis e dificultando a aplicação efectiva das leis existentes. Apesar de alguns
avanços institucionais na luta contra a corrupção, essas mudanças ainda não foram suficientes
para criar uma resposta eficaz ao problema.

As falhas institucionais, a ausência de uma vontade política genuína para responsabilizar


os dirigentes, a degradação dos valores morais, as pressões político-partidárias e o desejo de
enriquecimento rápido continuam a permitir a apropriação dos recursos públicos por uma elite
política e seus aliados. A corrupção persiste em Moçambique porque a responsabilização do
governo perante os cidadãos e a lei ainda é limitada. Esse cenário é favorecido péla falta de uma
fiscalização independente por parte da Assembleia da República, por um sistema judicial que
prioriza interesses políticos em detrimento da aplicação da lei e péla ausência de transparência.
Embora existam leis que estabelecem princípios de boa governança, os mecanismos de controlo
são escassos ou ineficazes, permitindo que a corrupção continue a prosperar.

A corrupção no país opera em dois níveis: entre a elite governante e na administração


pública. No entanto, é a grande corrupção praticada pélas elites que define os limites da
capacidade de acção até mesmo dos indivíduos que desejam promover mudanças. Além disso,
baixos salários e más condições de trabalho tornam os funcionários de nível inferior mais
susceptíveis a práticas corruptas. No entanto, a liderança pêlo exemplo e uma fiscalização
efectiva, tanto pêlo governo quanto péla sociedade civil, são fundamentais para reduzir a
corrupção administrativa.

Entre as principais causas da corrupção em Moçambique, destacam-se: a concentração de


poder em um único partido, a fusão de interesses políticos e económicos da elite, a impunidade
para atos corruptos, a alegada conexão entre corrupção e crime organizado, a falta de
transparência e acesso à informação, mecanismos inadequados de responsabilização, a aceitação
social da corrupção e o medo de represálias, a burocracia ineficiente e politizada, além de

22
factores históricos e culturais que perpetuam essas práticas (Bertram I. Spector, Green, Hart, &
Ferrell, 2005).

Um dos aspectos mais críticos desse problema é a falta de transparência e o difícil acesso
à informação oficial. Embora os orçamentos sejam divulgados, frequentemente não apresentam
detalhes suficientes para permitir uma análise significativa. Dados sobre despesas públicas, leis,
regulamentos, decisões judiciais e preços de serviços públicos são de difícil acesso, o que
compromete a prestação de contas e favorece a opacidade na administração pública (Bertram I.
Spector, Green, Hart, & Ferrell, 2005).

2.5. Ética e Integridade da Administração Pública

2.5.1. Ética

A ética pode ser compreendida como o ramo da filosofia que se ocupa do estudo dos
valores, princípios e normas que orientam a conduta humana em sociedade. Para Pacheco (2010),
a ética envolve a reflexão crítica sobre o que é moralmente correcto ou incorrecto, buscando
fundamentar comportamentos que promovam o bem comum, a justiça e a dignidade humana.
Essa abordagem exige não apenas o cumprimento de regras estabelecidas, mas também a
construção de um compromisso pessoal e colectivo com a integridade e a responsabilidade
social, contribuindo para a convivência harmoniosa e o desenvolvimento ético das instituições e
dos indivíduos.

Machado (2009) define ética como um conjunto de princípios e valores que orientam as
acções dos indivíduos, funcionando como um código moral que regula as relações interpessoais e
as práticas profissionais. De acordo com esse autor, a ética não se restringe ao cumprimento
mecânico de regras, mas exige uma reflexão contínua sobre as consequências das acções e a
promoção do respeito mútuo e da justiça social. Essa perspectiva destaca a importância de uma
conduta responsável e transparente, que contribua para o fortalecimento dos laços comunitários e
para a construção de uma sociedade mais equânime e solidária, onde o bem-estar colectivo
prevaleça sobre interesses pessoais.

Silva e Lima (2015) argumentam que a ética é o estudo sistemático dos valores e normas
que regulam o comportamento humano, permitindo discernir entre acções consideradas virtuosas

23
ou viciosas. Para esses autores, a ética transcende a mera obediência a leis e costumes,
envolvendo uma profunda reflexão sobre as motivações e os impactos das acções individuais e
colectivas. Assim, a ética se configura como um instrumento indispensável para a promoção da
justiça, da transparência e da responsabilidade social, orientando tanto a vida pessoal quanto as
práticas institucionais rumo a um convívio mais harmonioso e sustentável.

A definição que melhor se enquadra é a de Silva e Lima (2015). Isso porque os autores
enfatizam que a ética não se limita ao cumprimento de regras, mas envolve uma reflexão
profunda sobre as motivações e impactos das acções individuais e colectivas. Essa abordagem
está directamente ligada à ideia de prestação de contas, pois um portal da transparência não é
apenas um instrumento legal ou burocrático, mas um mecanismo que exige compromisso ético
das instituições e dos agentes públicos na prestação de contas e no combate à corrupção.

2.5.2. Integridade

Segundo Ferreira (2009), Integridade é a qualidade intrínseca de agir com rectidão e


coerência moral, independentemente das situações, ao alinhar valores éticos e princípios
fundamentais à conduta prática. a integridade envolve a transparência, a honestidade e a
responsabilidade tanto no âmbito pessoal quanto no organizacional, de modo que a acção e o
discurso sejam consistentes. Essa característica se torna essencial para a construção de relações
de confiança, a credibilidade institucional e o fortalecimento dos mecanismos de governança,
contribuindo para uma cultura de ética e prestação de contas que resiste a pressões e tentações
contrárias aos interesses colectivos.

Santos (2012) enfatiza que Integridade pode ser definida como a consonância entre os
valores declarados e as acções efectivamente praticadas, demonstrando uma postura de
honestidade e coerência ética em todos os contextos. Essa qualidade não se restringe à ausência
de condutas ilícitas, mas também à prática activa de princípios como a justiça, a transparência e o
compromisso com o bem comum. Em ambientes organizacionais, a integridade se reflecte na
adopção de sistemas de controlo e governança que promovem a responsabilidade e a prestação
de contas, fundamentais para o fortalecimento da confiança e da legitimidade das instituições
públicas e privadas.

24
De acordo com Silva (2011), integridade é a capacidade de manter uma conduta ética
consistente, onde há plena consonância entre os ideais professados e as acções desenvolvidas,
mesmo diante de pressões e desafios externos. Essa qualidade implica não apenas o cumprimento
de normas e regulamentos, mas também a internalização de valores que promovem a justiça, a
equidade e o respeito às normas morais. Em contextos institucionais, a integridade se manifesta
por meio de práticas de governança que asseguram a transparência, a prestação de contas e a
responsabilização dos agentes, contribuindo para um ambiente de confiança e para o
fortalecimento das instituições democráticas.

A definição que melhor se enquadra é a de Silva (2011). Isso porque a definição ressalta
a consonância entre os ideais e as acções efectivas, um princípio fundamental para a governança
pública e a implementação de mecanismos como um portal da transparência. Além disso, o autor
destaca a prestação de contas e a responsabilização dos agentes, conceitos centrais para garantir
que o portal da transparência não seja apenas um instrumento formal, mas um mecanismo
efectivo de controlo social.

2.5.3. Ética na administração pública

A ética na administração pública, segundo Bresser-Pereira (2009), consiste na aplicação


de princípios morais e valores que orientam a conduta dos agentes do Estado no desempenho de
suas funções. Essa ética não se restringe ao cumprimento formal de normas e leis, mas exige um
compromisso com o bem comum, a transparência, a integridade e a justiça. Na prática, significa
adoptar decisões e comportamentos que promovam a eficiência dos serviços públicos e
fortaleçam a confiança dos cidadãos na administração estatal, contribuindo para a consolidação
de uma cultura de responsabilidade e de prestação de contas.

Di Pietro (2013) define a ética na administração pública como o conjunto de normas,


valores e princípios que norteiam a conduta dos servidores públicos e gestores na execução das
políticas estatais. Para esse autor, a ética implica o compromisso de agir com transparência,
responsabilidade e equidade, transcendendo o mero formalismo jurídico para promover práticas
que assegurem a justiça social. Essa abordagem valoriza a integridade no desempenho das
funções públicas, prevenindo desvios e comportamentos que possam comprometer a

25
legitimidade do poder público, além de fomentar a participação cidadã e o controle social sobre
as acções governamentais.

Meirelles (1998) conceitua a ética na administração pública como a integração dos


valores morais com a prática administrativa, estabelecendo padrões de conduta que colocam o
interesse colectivo acima de interesses individuais ou particulares. Essa definição abrange não
apenas o respeito às normas e regulamentos legais, mas também a promoção de atitudes de
honestidade, imparcialidade e respeito à dignidade humana. Para Meirelles, a ética é essencial
para a construção de uma gestão pública eficiente, que fomente a transparência e a confiança dos
cidadãos, servindo de base para a melhoria contínua dos serviços prestados pêlo Estado e para o
fortalecimento da democracia.

A definição mais pertinente sobre ética na administração pública é a de Di Pietro (2013).


A razão disso é que ela coloca a ética como um compromisso de agir com transparência,
responsabilidade e equidade, aspectos directamente relacionados à implementação de um portal
da transparência. Ela vai além de um simples formalismo jurídico e destaca a justiça social, algo
crucial para garantir que a administração pública seja conduzida de maneira responsável,
proporcionando à sociedade um meio eficaz de monitorar e avaliar as acções governamentais.

A definição de Bresser-Pereira (2009) também se alinha bem ao tema, uma vez que
destaca a importância de promover a eficiência dos serviços públicos e fortalecer a confiança dos
cidadãos na administração estatal. Esses princípios estão directamente ligados à função de um
portal da transparência, que visa garantir a eficiência e a confiança na gestão pública. Contudo, a
definição de Di Pietro se aprofunda mais na necessidade de mecanismos de controlo social, o que
a torna mais alinhada ao seu tema.

Serrano (2010) observa que a ética administrativa tem como objectivo contribuir para a
construção de um novo perfil de profissional público, orientado por princípios como a eficiência,
a moralidade e o compromisso com o bem comum. Para isso, propõe que as investigações em
ética pública se concentrem na identificação dos problemas éticos na administração, nas
variáveis que influenciam a conduta dos agentes públicos e na formulação de estratégias para
fortalecer a moralidade administrativa.

26
Complementarmente, Villoria (2000, como citado por Serrano, 2010) define a ética
pública como um processo colectivo, construído a partir da cooperação entre cidadãos,
instituições estatais e organizações sociais. Essa ética colectiva reforça a ideia de que o
funcionamento ético da sociedade depende da criação de normas que respeitem a liberdade e os
direitos fundamentais, promovendo uma convivência justa e equitativa. Nesse contexto, a ética
pública serve como fundamento para instrumentos como o portal da transparência, ao estimular a
co-responsabilização entre Estado e sociedade.

2.6. Transparência e Prestação de contas como Solução

2.6.1. Transparência Conceito e Importância da Transparência Governamental

A transparência administrativa, segundo Canhadas (2012), é um princípio jurídico


fundamentado no republicanismo, devendo ser aplicada na maior medida possível, ainda que
respeitando restrições legais relacionadas a sigilos exigidos por interesses públicos e privados
protegidos constitucionalmente. Esse princípio abrange todas as informações produzidas ou
mantidas péla Administração Pública ou por entidades que actuem em seu nome. Do ponto de
vista formal, caracteriza-se péla acessibilidade das informações a qualquer interessado,
independentemente de motivação, tanto por meio da disponibilização passiva quanto da ampla
divulgação de ofício. Já do ponto de vista material, exige que as informações divulgadas sejam
claras, organizadas e compreensíveis para a sociedade em geral.

Rodrigues (2018) amplia essa perspectiva ao afirmar que a transparência é um conceito


multifacetado, que vai além da simples divulgação de dados. Para o autor, ela envolve a
disponibilização de informações de maneira clara, acessível e em tempo hábil, permitindo que os
cidadãos compreendam e avaliem as acções do governo. Dessa forma, a transparência contribui
directamente para a promoção da prestação de contas e o fortalecimento da confiança nas
instituições públicas, ao mesmo tempo em que estimula a participação activa da sociedade nos
processos decisórios.

Na mesma linha, Michener e Bersch (2013) definem a transparência como a característica


das organizações que disponibilizam informações de maneira aberta e acessível, possibilitando o
monitoramento e a avaliação das acções governamentais pêlos cidadãos. Para os autores, a

27
eficácia da transparência não depende apenas da existência de dados públicos, mas também da
qualidade das informações oferecidas — sua clareza, relevância e tempestividade são
fundamentais para garantir o controlo social e a participação democrática.

Dentre essas definições, a proposta por Rodrigues (2018) é a que melhor se adequa ao
presente estudo, uma vez que destaca a transparência como um processo dinâmico e essencial à
democracia. A ênfase na apresentação clara, acessível e oportuna das informações é central para
o funcionamento eficaz de um portal da transparência, que deve permitir aos cidadãos
compreender e fiscalizar as acções do governo, promovendo a participação cidadã e a
responsabilização dos agentes públicos.

Ainda que sua definição tenha um viés mais formal, a contribuição de Canhadas (2012)
também se mostra relevante, ao reconhecer a transparência como princípio jurídico e ao apontar
os desafios práticos que envolvem a sua aplicação, especialmente diante da necessidade de
equilibrar o acesso à informação com a protecção de determinados interesses legais. Já a
definição de Michener e Bersch (2013), embora pertinente, apresenta uma abordagem mais
ampla e genérica, sem detalhar os mecanismos concretos de efectivação da transparência —
aspecto essencial para este estudo, que trata da possível implementação de um portal digital de
acesso à informação.

No aspecto etimológico, Gama (2017) destaca que a palavra "transparência" deriva do


latim medieval transparentia, ligada ao verbo transparere, que significa “mostrar a luz através”
ou “deixar a luz atravessar”. Tal origem expressa bem a essência da transparência na
administração pública, entendida como a abertura e o acesso público à informação, permitindo
que todos compreendam os processos de tomada de decisão que os afectam e estejam cientes dos
padrões éticos exigidos dos servidores públicos (Transparência Internacional, 2007, citado por
Gama, 2017, p. 30).

Sob essa perspectiva, a transparência se torna uma ferramenta crucial para prevenir
abusos de poder e práticas corruptas. A simples publicação de dados como gastos com pessoal,
viagens, uso de cartões corporativos ou processos liciatórios, como destaca Gama (2017, p. 35),
pode desencorajar desvios de conduta ao expor tais práticas ao escrutínio público. Portais de

28
licitação, por exemplo, ampliam a participação de fornecedores e reduzem custos ao
promoverem maior concorrência e visibilidade sobre as demandas do poder público.

Além disso, a transparência gera benefícios concretos tanto para a administração quanto
para a sociedade. De acordo com Rivera (2006, citado por Gama, 2017, p. 33), um governo
transparente é mais legítimo, forte e fiscalmente eficiente. A confiança promovida por uma
gestão aberta facilita a colaboração entre cidadãos e governo, reduzindo os custos de transacção
e ampliando o apoio às políticas públicas. O acesso à informação também potencializa o trabalho
da sociedade civil, jornalistas, pesquisadores e órgãos de controlo, que passam a contar com
dados essenciais para a fiscalização, a formulação de políticas e o fortalecimento do controle
social (Rivera, 2006, citado por Gama, 2017, p. 89).

2.6.2. Prestação de contas

Guilhermo O'Donnell (1998) introduziu as formas de prestação de contas, distinguindo


entre prestação de contas vertical e horizontal. A prestação de contas vertical refere-se às acções
realizadas por indivíduos ou grupos organizados em relação aos ocupantes de posições no
Estado, sejam eles eleitos ou não. Já a prestação de contas horizontal é definida como a
existência de agências estatais com direito e poder legal para supervisionar e sancionar acções de
outros agentes ou agências estatais que possam ser consideradas delituosas.

Stark e Bruszt (1998) conceituam a responsabilidade política estendida como a


implicação dos centros de tomada de decisões em redes de instituições políticas autónomas que
limitam a arbitrariedade dos governantes no poder. Essa forma de prestação de contas estende-se
horizontalmente durante todo o mandato, não se restringindo apenas ao processo eleitoral, e
inclui não apenas instituições estatais internas, mas também outras instituições políticas e
agentes organizados da sociedade.

Segundo o CENTRO LATINO-AMERICANO DE ADMINISTRAÇÃO PARA O


DESENVOLVIMENTO (2000), prestação de contas implica que o governo tem a obrigação de
prestar relatos sobre sua governação à sociedade. Sua efectivação depende da capacidade dos
cidadãos de actuar na definição de metas colectivas e da construção de mecanismos
institucionais que garantam o controlo público das acções governamentais, não apenas por meio

29
de eleições, mas também durante todo o mandato dos representantes. A indiferença da população
em relação à política pode inviabilizar o processo de prestação de contas.

A definição que mais se enquadra é a apresentada pelo CENTRO LATINO-


AMERICANO DE ADMINISTRAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO (2000) Isso porque
a implementação de um portal da transparência visa justamente garantir que o governo preste
contas à sociedade, permitindo que os cidadãos tenham acesso contínuo às informações sobre as
acções governamentais. A definição destaca a necessidade de mecanismos institucionais que
garantam o controlo público das acções governamentais, o que está directamente relacionado ao
propósito do portal da transparência: fornecer dados acessíveis e verificáveis, possibilitando o
monitoramento contínuo da administração pública.

2.7. O Portal da Transparência como Ferramenta de Prestação de contas

2.7.1. Governança Digital e Iniciativas de Transparência Pública

De acordo com Gama (2017, p. 40), o Governo Electrónico pode ser definido como o uso
da tecnologia para melhorar o acesso e a entrega de serviços governamentais, beneficiando
cidadãos, empresas e funcionários públicos. Envolve a utilização de serviços electrónicos
baseados em informações para cidadãos, com foco em elementos de participação, como a
democracia, visando atingir os objectivos de um governo balanceado. Além disso, o Governo
Electrónico abrange o uso das tecnologias de informação e comunicação, especialmente a
internet, como ferramentas para um governo mais eficiente, abrangendo todos os aspectos e
facetas da operação de uma organização governamental.

As principais características do Governo Electrónico incluem um forte componente de


serviços e a oferta de informações, como o pagamento de taxas, obtenção de licenças e
agendamento de serviços. Ele também busca transformar os processos de governo e melhorar o
relacionamento com a sociedade, aumentando a eficiência das operações governamentais,
descentralizando os serviços e a administração, e promovendo uma maior responsabilização dos
agentes do governo (prestação de contas). Além disso, o Governo Electrónico oferece uma
variedade de aplicações que podem priorizar desde os serviços electrónicos até o aumento da

30
eficiência nos processos internos e a promoção de maior participação dos cidadãos nas decisões
governamentais.

Outro aspecto importante do Governo Electrónico é que ele é baseado, mas não se limita,
às tecnologias e sistemas de informação e comunicação. Esse fenómeno promove a convergência
de factores como integração, sofisticação e maturidade dos processos, já que as principais
motivações para sua implementação não são económicas, mas sim voltadas para a melhoria dos
serviços. Além disso, a integração de processos, sistemas e dados nas operações de governo é
mais complexa do que nas empresas, com os processos em constante evolução e expansão. O
Governo Electrónico é, por fim, um fenómeno global, com iniciativas inovadoras sendo
implementadas em praticamente todos os países (Gama, 2017).

2.7.2. Portal da Transparência

Soares (2014) define os portais de transparência como plataformas digitais desenvolvidas


por órgãos públicos para divulgar informações detalhadas sobre a gestão administrativa,
financeira e orçamentária. Esses portais visam assegurar o direito de acesso à informação,
permitindo que cidadãos acompanhem e fiscalizem a aplicação dos recursos públicos,
promovendo maior transparência e prestação de contas na administração pública.

Freire, Rego e Oliveira (2015) descrevem os portais de transparência como instrumentos


fundamentais para a democratização da informação pública. Eles ressaltam que tais portais
devem ser estruturados com base em princípios da Ciência da Informação e da Arquitectura da
Informação, garantindo acessibilidade, usabilidade e compreensão dos dados disponibilizados.
Dessa forma, os portais facilitam o controlo social e a participação cidadã nos assuntos
governamentais.

Lima (2021) conceituam os portais de transparência como mecanismos democráticos


informacionais que disponibilizam dados públicos de forma acessível e compreensível. Eles
enfatizam que a eficácia desses portais depende da qualidade da informação apresentada,
incluindo clareza, relevância e actualização, permitindo que os cidadãos exerçam plenamente seu
direito de acesso à informação e contribuam para a fiscalização e melhoria dos serviços públicos.

31
A definição que melhor se enquadra neste estudo é a de Soares (2014), por estabelecer
uma conexão directa entre os portais da transparência e os mecanismos de prestação de contas na
administração pública. Ao enfatizar que essas plataformas digitais têm como principal objectivo
divulgar informações relativas à gestão administrativa, financeira e orçamentária, a definição de
Soares (2014) alinha-se à proposta desta pesquisa, que busca compreender de que forma a
implementação de um portal da transparência pode fortalecer a prestação de contas por parte do
governo. A transparência na aplicação dos recursos públicos constitui um dos pilares
fundamentais da prestação de contas, e essa relação é abordada pêlo autor de maneira clara,
objectiva e pertinente ao contexto da investigação.

Já a definição apresentada por Freire, Rego e Oliveira (2015) também oferece


contribuições relevantes, sobretudo ao destacar a importância da acessibilidade da informação e
da estruturação dos portais com base em princípios da Ciência da Informação e da arquitectura
da Informação. No entanto, embora reconheça o valor desses aspectos técnicos para a eficácia
dos portais, a definição dos autores concentra-se mais na dimensão operacional e tecnológica
dessas plataformas do que em seu papel como instrumentos de responsabilização governamental.
Por essa razão, ela se mostra complementar, mas menos central para os objectivos específicos
deste estudo.

2.8. Marco teórico

2.8.1. Teorias

2.8.1.1. Teoria do Agente-Principal

A Teoria do Agente-Principal é um dos principais referenciais teóricos utilizados para


analisar as relações de delegação de poder e os mecanismos de controlo na administração
pública. No contexto da implementação de um Portal da Transparência como ferramenta de
prestação de contas em Moçambique, essa teoria ajuda a compreender a relação entre os
cidadãos (principais) e os agentes públicos (agentes), bem como os desafios associados à
assimetria de informação e aos incentivos que influenciam o comportamento dos gestores
públicos.

32
A Teoria do Agente-Principal, formulada no campo da economia e das ciências políticas,
descreve a relação entre um principal (quem delega uma tarefa) e um agente (quem executa a
tarefa em nome do principal). Segundo Jensen e Meckling (1976), essa relação ocorre quando
um indivíduo ou entidade (principal) contrata outro (agente) para realizar uma acção ou tomar
decisões em seu nome, gerando um problema de agência decorrente da possibilidade de que os
interesses do agente não estejam totalmente alinhados com os do principal.

A administração pública é um exemplo clássico dessa relação, pois os cidadãos


(principais) delegam poder aos governantes e servidores públicos (agentes) para gerir os recursos
públicos e implementar políticas públicas. No entanto, a assimetria de informação – ou seja, o
fato de que os agentes possuem mais informações sobre suas acções do que os principais – pode
levar a problemas como oportunismo, corrupção e má gestão dos recursos públicos.

No contexto da administração pública, a assimetria de informação ocorre quando os


cidadãos não possuem acesso suficiente às informações sobre as decisões e acções do governo.
De acordo com Prado e Andrade (2014), essa assimetria pode resultar na falta de controlo social,
na baixa responsabilização dos gestores públicos e no aumento da corrupção. Para mitigar esse
problema, mecanismos de transparência governamental, como os Portais da Transparência,
desempenham um papel fundamental, pois reduzem a opacidade das acções do Estado e
permitem que os cidadãos monitorem a gestão pública.

A implementação de um Portal da Transparência é uma forma de minimizar os custos de


agência, permitindo que os cidadãos tenham acesso em tempo real a informações sobre receitas,
despesas, contractos, convénios e outros aspectos da administração pública. Com isso, a
prestação de contas se fortalece, pois os agentes públicos sabem que suas acções podem ser
monitoradas e cobradas péla sociedade.

A prestação de contas, que pode ser entendida como a obrigação dos agentes públicos de
prestar contas aos cidadãos e às instituições de controle, está directamente relacionada à Teoria
do Agente-Principal. Conforme apontam Abrucio e Loureiro (2018), um dos principais desafios
dessa relação é garantir que os agentes públicos tenham incentivos adequados para agir no
melhor interesse dos cidadãos. Quando os incentivos são mal estruturados ou inexistentes, há
maior risco de práticas ilícitas, como desvio de recursos, nepotismo e corrupção.

33
A implementação de um Portal da Transparência fortalece a prestação de contas ao criar
um ambiente de maior escrutínio público. Ao tornar acessíveis informações detalhadas sobre a
gestão pública, o portal actua como um mecanismo de incentivo para que os agentes ajam de
forma ética e responsável. Além disso, a existência de um canal de transparência pode reforçar
os mecanismos de controle social, permitindo que organizações da sociedade civil, a média e
cidadãos fiscalizem e denunciem irregularidades.

2.8.1.2. Teoria Institucional

A Teoria Institucional parte do pressuposto de que as organizações, incluindo os órgãos


do Estado, não operam isoladamente, mas sim em um ambiente social e cultural repleto de
normas, valores e convenções que definem o “fazer institucional”. Segundo Oliveira (2010),
essas instituições actuam como estruturas de legitimidade que orientam o comportamento dos
gestores e impõem padrões de actuação. Assim, as organizações tendem a se adaptar às pressões
do meio, tanto formais quanto informais, buscando não apenas eficiência técnica, mas também a
conformidade com expectativas sociais e regulatórias.

A Teoria Institucional oferece um arcabouço analítico para compreender como normas,


valores, crenças e práticas historicamente enraizadas moldam o comportamento dos actores e das
organizações, incluindo as instituições públicas. No contexto da implementação de um Portal da
Transparência em Moçambique, essa teoria permite analisar como as estruturas institucionais e
os contextos culturais e políticos influenciam a adopção e o funcionamento de mecanismos que
promovem a prestação de contas e a transparência na administração pública.

Na administração pública, a Teoria Institucional revela como as práticas de gestão e os


mecanismos de controlo, como portais de transparência, são influenciados por tradições
administrativas, normas legais e convenções culturais. Moura e Santos (2012) argumentam que a
eficácia de instrumentos de transparência depende da capacidade das instituições em se
adaptarem às pressões por maior prestação de contas e de responderem às demandas da
sociedade por uma gestão ética. Essa adaptação institucional se reflecte na incorporação de
práticas e procedimentos que buscam reduzir a assimetria de informação e aumentar a confiança
dos cidadãos nas acções governamentais.

34
A implementação de um Portal da Transparência deve ser entendida não apenas como
uma questão tecnológica, mas como um processo institucional que demanda a mudança de
práticas e a superação de barreiras culturais e normativas. De acordo com Silva (2014), os portais
de transparência emergem como resposta às pressões institucionais por maior prestação de
contas, exigindo que os gestores públicos ajustem suas rotinas e práticas à exigência social por
transparência e controle. Essa mudança implica a internalização de novos valores e
procedimentos que podem ser dificultados por estruturas organizacionais tradicionalmente
rígidas ou por resistências culturais enraizadas na prática administrativa.

2.8.1.3. Teoria da Escolha Racional

Downs (1974) argumenta que a escolha racional implica que os agentes públicos decidem
suas acções baseados em uma análise de custo-benefício, buscando maximizar ganhos pessoais
mesmo que, eventualmente, tais escolhas possam conflituar com os interesses colectivos. Nesse
cenário, a transparência, por meio de portais de divulgação de informações, actua como um
mecanismo de controlo que altera a matriz de incentivos dos agentes. Ao reduzir a assimetria de
informação entre os cidadãos (principais) e os gestores públicos (agentes), o portal torna o
comportamento oportunista menos atractivo, contribuindo para uma gestão pública mais alinhada
ao interesse geral.

A Teoria da Escolha Racional postula que os indivíduos, incluindo os agentes públicos,


tomam decisões com base na maximização de seus interesses, avaliando custos e benefícios
associados a cada acção. No âmbito da administração pública, essa teoria sugere que os gestores
podem optar por comportamentos oportunistas se os incentivos e mecanismos de controlo forem
insuficientes para alinhar seus interesses aos do bem comum. A implementação de um Portal da
Transparência actua exactamente para modificar esses incentivos ao reduzir a assimetria de
informação, aumentando a probabilidade de detecção de práticas inadequadas e,
consequentemente, fortalecendo a prestação de contas.

De acordo com Weimer e Vining (2007), a Teoria da Escolha Racional na administração


pública fundamenta-se na ideia de que os servidores e gestores respondem a um conjunto de
incentivos e restrições que orientam seu comportamento. Essa perspectiva enfatiza que, na
ausência de mecanismos de controle eficientes, os agentes podem optar por maximizar seus

35
interesses pessoais, comprometendo a eficiência e a legitimidade dos serviços públicos. Portanto,
a implementação de um Portal da Transparência é estratégica, pois oferece aos cidadãos
ferramentas para monitorar a actuação dos gestores, alterando os incentivos e promovendo a
prestação de contas e a integridade na gestão dos recursos públicos.

Oliveira (2010) apresenta a Teoria da Escolha Racional como um modelo explicativo do


comportamento dos agentes públicos, destacando que esses indivíduos tomam decisões com base
na maximização de benefícios pessoais, dentro de um contexto institucional que pode ou não
favorecer a ética e o interesse colectivo.

Segundo esse autor, a transparência alcançada por meio de portais de divulgação de


informações governamentais funciona para reduzir a assimetria de informação, aumentando o
custo do oportunismo e incentivando os gestores a adoptarem práticas que estejam em
consonância com o interesse público. Esse mecanismo de ajuste de incentivos é crucial para o
fortalecimento da prestação de contas na administração pública.

2.8.2. Análise Cruzada entre a Teoria Base e as Teorias Utilizadas no Trabalho

A teoria base apresentada por Kinzler, Costa, Peiter, Walter e Villar (2022) destaca que o
gestor público está sujeito a pressões constantes de diferentes grupos de interesse, o que
impulsiona a necessidade de prestação de contas por meio de mecanismos como controle
externo, controle interno, prestação de contas e transparência. Essa abordagem reforça a
importância da transparência como ferramenta para legitimar a gestão pública e combater
práticas de corrupção, sendo, portanto, uma base conceitual sólida para a presente investigação.

Ao analisar essa perspectiva à luz das principais teorias utilizadas no trabalho, nota-se
uma forte convergência entre a teoria base e as seguintes abordagens: Teoria do Agente-
Principal, Teoria Institucional e Teoria da Escolha Racional.

2.8.2.1. Teoria do Agente-Principal

A teoria base se alinha directamente à Teoria do Agente-Principal ao reconhecer que a


assimetria de informação entre gestores públicos (agentes) e cidadãos (principais) pode
comprometer a transparência e a responsabilização. Ambas as abordagens apontam para a

36
necessidade de mecanismos de transparência como forma de reduzir os custos de agência e
alinhar os interesses entre representantes e representados.

Nesse sentido, a discussão sobre o aumento do nível de evidenciação e transparência


(Slomski, 1999) sustenta a ideia de que, sem instrumentos adequados de controle, os agentes
públicos podem agir de forma oportunista, colocando em risco o interesse colectivo. Assim, a
teoria base reforça os princípios da Teoria do Agente-Principal ao evidenciar que a ausência de
transparência compromete a confiança da população e abre margem para desvios de conduta.

2.8.2.2. Teoria Institucional

Por sua vez, a Teoria Institucional enfatiza que as práticas organizacionais são
influenciadas por normas sociais, valores culturais e pressões institucionais. A teoria base
corrobora esse entendimento ao reconhecer que a prestação de contas é moldada não apenas por
decisões racionais dos gestores, mas também por factores externos, como expectativas sociais e
políticas públicas.

A transparência, nesse contexto, é apresentada como uma resposta institucional às


crescentes demandas por integridade e ética no sector público (Matos et al., 2015). A partir dessa
perspectiva, a adopção de mecanismos como os portais de transparência depende da
configuração histórica e institucional em que estão inseridos, o que reforça a utilidade da
abordagem institucional para compreender os factores que facilitam ou dificultam a
implementação da transparência.

2.8.2.3. Teoria da Escolha Racional

A Teoria da Escolha Racional complementa esse quadro ao argumentar que os agentes


públicos tomam decisões com base na maximização de seus próprios interesses, ponderando
custos e benefícios. A teoria base sugere que, diante de pressões sociais e institucionais, os
gestores adoptam estratégias de transparência como forma de preservar sua legitimidade, reduzir
riscos de sanções e aumentar a confiança pública.

Por fim A teoria base utilizada no trabalho confirma os princípios das três teorias
analisadas.

37
A Teoria do Agente-Principal é validada péla discussão sobre a assimetria de informação
e a necessidade de mecanismos de controlo.

A Teoria Institucional é corroborada péla influência das pressões externas na


implementação de prestação de contas.

A Teoria da Escolha Racional é sustentada péla ideia de que a transparência é uma


resposta estratégica às demandas sociais.

2.8.3. Análise cruzada das três teorias – Institucional, Agente-Principal e Escolha Racional

As três teorias analisadas oferecem abordagens complementares e interconectadas sobre


os desafios e estratégias de promoção da prestação de contas no sector público.

A Teoria do Agente-Principal concentra-se na relação assimétrica entre cidadãos


(principais) e gestores públicos (agentes), abordando a questão dos incentivos e da informação.
Essa teoria é particularmente útil para explicar como a transparência digital pode reduzir a
assimetria de informação e alinhar os interesses dos agentes aos dos principais. A implementação
de um portal da transparência actua, nesse sentido, como um mecanismo que expõe as acções
dos gestores, diminuindo oportunidades de oportunismo e fortalecendo a responsabilização
(Jensen & Meckling, 1976; Prado & Andrade, 2014).

A Teoria Institucional enfatiza o papel das normas, valores, tradições e estruturas formais
e informais que moldam o comportamento dos actores e das organizações. Essa perspectiva
destaca que a adopção de inovações, como um portal de transparência, não depende apenas de
factores técnicos, mas também de pressões culturais, políticas e históricas. Em contextos onde a
cultura organizacional é resistente à mudança, as práticas consolidadas podem dificultar a
implementação de mecanismos de controlo social, apesar das inovações tecnológicas (Oliveira,
2010; Silva, 2014).

Já a Teoria da Escolha Racional postula que os agentes públicos tomam decisões com
base na maximização de seus próprios interesses, avaliando os custos e benefícios de suas
acções. A partir desse ponto de vista, a existência de um portal da transparência altera a matriz
de incentivos ao aumentar o custo do comportamento oportunista e elevar as chances de detecção

38
de irregularidades, incentivando os gestores a agir de forma mais ética e alinhada ao interesse
público (Downs, 1974; Weimer & Vining, 2007).

2.8.3. Qual abordagem se enquadra melhor para o tema

No contexto da implementação de um Portal da Transparência como ferramenta de


prestação de contas em Moçambique, embora todas as teorias ofereçam percepções valiosas, a
Teoria do Agente-Principal parece ser a mais directamente aplicável. Isso ocorre porque o portal
actua fundamentalmente na redução da assimetria de informação entre os cidadãos e os gestores
públicos, um dos pontos centrais dessa teoria. Ao tornar as acções governamentais mais visíveis
e passíveis de monitoramento, o portal alinha os incentivos dos agentes com os interesses dos
principais, promovendo a prestação de contas e a eficiência na administração pública.

No entanto, é importante reconhecer que a compreensão completa do fenómeno também


exige a consideração dos aspectos institucionais (resistência cultural, normas e estruturas
históricas) e dos mecanismos de decisão baseados na escolha racional. Assim, um modelo
integrador que combine elementos das três abordagens pode oferecer a análise mais robusta,
embora, para o foco específico na redução da assimetria de informação e no ajuste de incentivos,
a Teoria do Agente-Principal se destaca como a base teórica mais pertinente.

39
CAPÍTULO 3. METODOLOGIA

3.1. Introdução

Este capítulo apresenta a metodologia adoptada para a realização desta pesquisa, cuja
finalidade é analisar a potencial implementação de um Portal da Transparência como instrumento
de prestação de contas em Moçambique. O estudo busca compreender de que forma essa
ferramenta pode contribuir para a promoção da integridade, ética e controle social na
administração pública.

3.2. Métodos

3.2.1. Método de abordagem

Esta investigação adopta uma abordagem mista, conjugando métodos quantitativos e


qualitativos. A abordagem qualitativa foi empregada para captar percepções, atitudes e
interpretações dos cidadãos sobre os mecanismos de transparência governamental. A abordagem
quantitativa, por sua vez, permitiu mensurar níveis de conhecimento, envolvimento e
expectativas dos cidadãos com relação à implementação de um Portal da Transparência.
Conforme Creswell (2007), a combinação das duas abordagens proporciona uma compreensão
mais robusta dos fenómenos sociais complexos.

3.2.2. Método de procedimento

Revisão bibliográfica e documental, fundamentada em autores nacionais e internacionais,


bem como legislação e documentos institucionais, abordando os temas de prestação de contas,
transparência, combate à corrupção e governança pública (Gil, 2008).

Aplicação de questionário estruturado a cidadãos moçambicanos, com perguntas fechadas


e abertas, visando recolher dados sobre percepções, expectativas e sugestões quanto ao
funcionamento do portal.

40
3.3. Classificação da pesquisa

3.3.1. Natureza da pesquisa

A pesquisa possui natureza exploratória e descritiva. Segundo Gil (2008), a pesquisa


exploratória permite ampliar a compreensão de um fenómeno ainda pouco estudado, enquanto a
descritiva visa caracterizar e apresentar com precisão os aspectos observáveis do objecto em
análise.

3.3.2. Objectivos da pesquisa

A pesquisa é aplicada, pois visa oferecer recomendações práticas e aplicáveis ao contexto


moçambicano para a implementação de mecanismos de prestação de contas através do uso do
Portal da Transparência (Lakatos & Marconi, 2010).3.2.3.

3.3.3. Procedimentos da pesquisa

Foi utilizado o estudo de caso como estratégia metodológica. Yin (2015) afirma que o
estudo de caso é apropriado quando se busca investigar um fenómeno dentro de seu contexto
real, especialmente em situações onde as fronteiras entre o fenómeno e o contexto não estão
claramente definidas. Neste caso, o fenómeno é a transparência governamental e o contexto é a
administração pública moçambicana.

3.3.4. Abordagem

A pesquisa adopta uma abordagem mista. A abordagem qualitativa possibilita captar


significados subjectivos e interpretações dos participantes, enquanto a abordagem quantitativa
permite a análise objectiva dos dados, favorecendo a identificação de padrões estatísticos
(Minayo, 2009).

3.4. Instrumentos e técnicas de colecta de dados

Questionário estruturado: Aplicado a uma amostra de 200 cidadãos moçambicanos,


contendo questões fechadas (de múltipla escolha) e uma aberta, permitindo levantar dados

41
quantitativos e qualitativos sobre o nível de conhecimento e interesse dos cidadãos em relação ao
Portal da Transparência.

O questionário foi administrado por via presencial e online. A aplicação presencial


ocorreu na Baixa da Cidade de Maputo, nomeadamente no mercado do Xiquelene, locais de
grande circulação e representatividade popular. Estes pontos foram estrategicamente escolhidos
por não exigirem credenciais formais para acesso, permitindo maior facilidade na abordagem dos
participantes. A aplicação online foi feita por meio da plataforma Google Forms, o que
possibilitou alcançar indivíduos com acesso à internet, complementando a diversidade amostral.

As respostas à questão aberta final foram analisadas por meio de uma abordagem
qualitativa denominada análise temática por similaridade, que consiste em agrupar os conteúdos
discursivos segundo padrões e temas comuns emergentes, conforme proposto por Bardin (2011).
Essa técnica permitiu captar nuances e profundidade das opiniões dos participantes sobre temas
como corrupção, transparência, punição e participação social.

Revisão bibliográfica e documental: Fundamentada em autores como Meijer (2013),


O’Donnell (1998), Bovens (2007), entre outros, além de instrumentos legais e institucionais de
Moçambique.

3.5. População e amostra

A população total de Moçambique, segundo o Censo Geral da População e Habitação de


2017, é de 28.861.863 habitantes Instituto Nacional de Estatística (2019). Contudo, para fins
desta pesquisa, considera-se como população-alvo os cidadãos economicamente activos (isto é,
aqueles com idade para trabalhar e potencial de participação cívica activa), dado o foco na
prestação de contas e no uso de ferramentas digitais como o Portal da Transparência.

Segundo o mesmo Censo, a população economicamente activa de Moçambique é


estimada em 12.967.173 pessoas, representando aproximadamente 45% da população total
Instituto Nacional de Estatística (2019) A amostra foi composta por 200 participantes,
seleccionados por meio da técnica não probabilística por conveniência Esta técnica, embora não
permita generalização estatística dos resultados, é adequada para estudos exploratórios e de
natureza qualitativa/quantitativa mista, como é o caso desta pesquisa (Creswell, 2007; Gil, 2008).

42
Essa técnica foi escolhida devido à sua viabilidade operacional e péla facilidade de
acesso aos respondentes em espaços públicos (como o mercado do Xiquelene e em pontos de
fluxo urbano na Baixa da cidade de Maputo) e meios digitais (questionário online por meio do
Google Forms). Apesar de não garantir total representatividade estatística, a amostragem por
conveniência permite obter dados relevantes e indicativos de tendências perceptivas em
contextos urbanos de grande fluxo e diversidade.

Cálculo aproximado do tamanho da amostra

2
z ∗p ( 1− p )
2
∗n
e
n=
N +¿ ¿

Onde:

 n: Tamanho da amostra
 N: População-alvo (12.967.173)
 Z: Nível de confiança (1,96 para 95%)
 e: Margem de erro (0,07 ou 7%)
 p: Proporção esperada (0,5 para maximizar a variabilidade)

Assim, o tamanho amostral necessário é de aproximadamente 196 indivíduos, o que


justifica a opção de aplicar o questionário a 200 pessoas, garantindo margem de segurança para
compensar perdas, respostas incompletas ou inconsistentes.

Substituindo os valores:

2
1.96 ∗0.5∗0.5
∗12967173 38416∗0.25
0.07
2 n= ≈ 196
n= 0.0049
12967173+¿ ¿

43
3.6. Limitações do estudo

 A inexistência do Portal da Transparência em Moçambique, o que exige a formulação de


cenários hipotéticos;
 O uso da amostragem por conveniência pode limitar a generalização dos resultados;
 Dificuldades de acesso a documentos oficiais e dados governamentais actualizados; e
 Baixo grau de familiaridade de parte da população com os conceitos de prestação de
contas e governo aberto, o que pode ter influenciado na profundidade das respostas (Gil,
2008).

3.7. Questões Éticas da Pesquisa

Foram observados princípios éticos de pesquisa, incluindo o consentimento informado


dos participantes, anonimato e confidencialidade dos dados, e respeito à dignidade e privacidade
dos indivíduos envolvidos na pesquisa, respeitando os princípios de não maleficência,
beneficência, justiça e autonomia. Além disso, serão adoptadas medidas para garantir a
integridade e validade dos dados colectados, incluindo a triangulação de fontes e métodos, e a
transparência na divulgação dos resultados.

44
CAPÍTULO 4: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Introdução

Neste capítulo, os resultados da pesquisa serão apresentados e discutidos com base nos
dados obtidos por meio do questionário aplicado a 200 cidadãos em diferentes contextos sociais
e educacionais em Moçambique, objectivos específicos, nas questões de pesquisa hipóteses
levantadas, variáveis e com a revisão da literatura e as principais teorias discutidas no Capítulo 2.
A análise dos dados qualitativos e quantitativos será conduzida de forma integrada, permitindo
uma compreensão abrangente do papel das instituições na utilização do Portal da Transparência
para conter a corrupção e promover a ética e integridade na administração pública em
Moçambique.

4.2. Perfil sociodemográfico dos respondentes

Tabela 1 Informações Demográficas dos Participantes

Parte 1: Informações Demográficas


Nº de %
Questão Opções
participantes
Menos de 18 anos 18 9%
18-24 Anos 68 34%
25-34 Anos 42 21%
Idade 35-44 Anos 33 17%
45-54 Anos 24 12%
55-64 Anos 6 3%
65 Anos ou mais 3 2%
Prefiro não dizer 6 3%
Masculino 112 56%
Feminino 85 43%
Género
Outro 3 2%
Prefiro não dizer 0 0%
Nível de Ensino Básico 28 14%
Escolaridade Ensino Médio 55 28%
Ensino Superior
93 47%
Incompleto
Ensino Superior
15 8%
Completo
Pós-Graduação/ 7 4%

45
Mestrado
Doutorado 2 1%
Funcionário Público 22 11%
Representante da
3 2%
Sociedade Civil
Ocupação
Jornalista 1 1%
Pesquisador/Estudante 121 61%
Outro 53 27%
Fonte: Dados da pesquisa (Elaborado pêlo autor)

Os dados demográficos revelam um público é predominantemente jovem e educado. A


maioria dos participantes tem entre 18 e 34 anos (55%) e nível de escolaridade de ensino
superior incompleto ou completo (55%), sendo principalmente estudantes ou pesquisadores
(61%). o que reflecte o perfil da população activa e com maior acesso a informação digital. Isso
e relevante pois pode influenciar positivamente na aceitação e uso de um portal digital de
transparecia.

4.3. Análise dos Resultados do Questionário

4.3.1 Percepção sobre a Transparência e a Corrupção

Tabela 2 Percepção sobre Transparência e Corrupção

Parte 2: Percepção sobre Transparência e Corrupção


Nº de %
Questão Opções participante
s
Concordo totalmente 35 18%
Você acredita que a Concordo 120 60%
transparência é importante Neutro 20 10%
para a administração Discordo 10 5%
pública? Discordo totalmente 5 3%
Não sei 10 5%
Você acha que a Sim 167 83,50%
corrupção é um problema Não 11 5,50%
significativo em seu país? Não sei 22 11,00%
Quais são as Relatórios
14 7,00%
principais fontes de governamentais
informações sobre o uso de Média/Jornalismo 137 68,50%
recursos públicos que você Redes sociais 167 83,50%
utiliza? (Seleccione todas Comunicações 22 11,00%
as que se aplicam) oficiais

46
Outro 47 23,50%
Fonte: Dados da pesquisa (Elaborado pêlo autor)

Este tópico dialoga directamente com o Objectivo Específico 1: “Analisar como a


transparência no governo pode contribuir para o bem-estar dos cidadãos”.
Os resultados indicam que 78% dos inquiridos concordam que a transparência é importante para
a administração pública. Além disso, 83,5% percebem a corrupção como um problema
significativo. Isso confirma a hipótese primária do estudo: que a transparência está directamente
associada ao fortalecimento da prestação de contas e ao combate à corrupção e a hipótese
secundária de que a disponibilização de informações pode aumentar a conscientização e a
vigilância cidadã.

Esse achado respalda a premissa da Teoria do Agente-Principal, a qual postula que a


redução da assimetria de informação entre cidadãos (principais) e gestores públicos (agentes) é
fundamental para minimizar o oportunismo (Jensen & Meckling, 1976; Prado & Andrade, 2014).

A definição de Di Pietro (2013) sobre corrupção destaca que este é um dos maiores
obstáculos à boa governança e à confiança dos cidadãos no Estado, o que foi claramente refletido
nas respostas dos participantes.

O conceito de transparência de Rodrigues (2018) também é fundamental aqui, pois


reforça que a disponibilização clara e acessível de informações é essencial para que os cidadãos
possam compreender e fiscalizar as ações do governo.

As fontes mais comuns de informação sobre os recursos públicos são as redes sociais
(83,5%) e os meios de comunicação (68,5%), evidenciando uma lacuna na comunicação oficial
do governo. Essa assimetria informacional reforça a relevância do problema de pesquisa e a
necessidade de um portal como mecanismo estruturado e oficial de comunicação com os
cidadãos.

47
4.3.2 Conhecimento e Expectativas sobre o Portal da Transparência

Tabela 3 Percepção sobre a necessidade de um Portal da Transparência

Parte 3: Necessidade de um Portal da Transparência


Nº de %
Questão Opções
participantes
Você já ouviu falar Sim 17 9%
sobre Portais da
Não 183 92%
Transparência?
Um Portal da Transparência é uma plataforma online onde o governo publica
informações detalhadas sobre a gestão dos recursos públicos, como gastos do governo,
contractos, licitações e outros dados importantes. O objectivo é permitir que os cidadãos
acompanhem de perto como o dinheiro público está sendo utilizado, promovendo maior
fiscalização e responsabilização dos gestores públicos.
Concordo totalmente 21 11%
Você acredita que a Concordo 119 60%
criação de um Portal da Neutro 31 16%
Transparência seria benéfica Discordo 10 5%
para seu país? Discordo totalmente 5 3%
Não sei 14 7%
Despesas públicas 186 93%
Salários de servidores 192 96%
Quais informações Contractos e licitações 165 83%
você gostaria de acessar em Relatórios de
um Portal da Transparência? auditoria 97 49%
(Seleccione todas as que se Informações sobre
aplicam) 155 78%
programas sociais
Políticas públicas 147 74%
Outros 67 34%
Fonte: Dados da pesquisa (Elaborado pêlo autor)

Este tópico está directamente vinculado ao Objectivo Específico 2: “Avaliar os benefícios


e desafios da implementação de um Portal da Transparência em Moçambique”.
A maioria esmagadora (92%) nunca ouviu falar de Portais da Transparência, o que revela uma
oportunidade de inovação digital no contexto moçambicano e evidencia uma lacuna na
comunicação oficial e aponta para um défice institucional, conforme destacado na Teoria
Institucional (Oliveira, 2010; Silva, 2014).

A definição de prestação de contas do CENTRO LATINO-AMERICANO DE


ADMINISTRAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO (2000) é central aqui, pois aponta o

48
papel dos mecanismos institucionais como garantidores da prestação de contas – exactamente a
função esperada de um Portal da Transparência.

A definição de Silva (2011) sobre controlo social também se aplica, pois reforça o uso de
ferramentas estruturadas (como o portal) como meios efectivos de participação cidadã.

Apesar disso, 71% dos inquiridos concordam ou concordam totalmente que a criação de
um portal seria benéfica. A procura por informações como salários de servidores (96%) e
despesas públicas (93%) demonstra uma demanda por transparência activa. Demonstram ainda
necessidade de mecanismos que reduzam a assimetria informacional e ajustem os incentivos dos
agentes, alinhando-se tanto à Teoria do Agente-Principal (Jensen & Meckling, 1976) quanto à
Teoria da Escolha Racional (Downs, 1974).

A maioria dos inquiridos obtém informações sobre a administração pública por meio de
redes sociais (83,5%) e média tradicional (68,5%), o que sugere um vácuo em termos de
transparência institucionalizada.

Esses dados mostram uma clara demanda por informações públicas estruturadas,
alinhando-se com o primeiro objectivo específico: “Analisar como a transparência no governo
pode contribuir para o bem-estar dos cidadãos.” A confiança na utilidade de tais ferramentas
reforça também a segunda hipótese secundária, de que o uso do portal pélas instituições de
controlo e péla sociedade civil poderá aumentar a detecção de actos de corrupção.

4.3.3 Participação Cidadã e Prestação de contas

Tabela 4 Percepção sobre impacto potencial na Ética e Integridade

Parte 4: Impacto Potencial na Ética e Integridade


Nº de %
Questão Opções
participantes
Você acredita que Concordo totalmente 74 37%
um Portal da Concordo 49 25%
Transparência poderia Neutro 24 12%
ajudar a reduzir a Discordo 21 11%
corrupção? Discordo totalmente 5 3%
Não sei 27 14%
Você acha que um Sim 155 78%
Portal da Transparência Não 29 15%

49
Talvez 10 5%

poderia aumentar a Não sei 6 3%


conscientização da
Você se sentiria Sim 168 84%
mais capacitado a
Não 9 5%
participar de acções de
controle social e Talvez 3 2%
fiscalização com um
Portal da Transparência? Não sei 20 10%

Você acredita que Concordo totalmente 169 85%


um Portal da Concordo totalmente 15 8%
Transparência poderia Neutro 6 3%
fortalecer os mecanismos Discordo 2 1%
de Prestação de contas na Discordo totalmente 0 0%
administração pública?
Não sei 8 4%
Fonte: Dados da pesquisa (Elaborado pêlo autor)

Esta seção está directamente relacionada ao Objectivo Específico 3: Investigar como a


sociedade civil e os cidadãos podem participar na fiscalização das finanças públicas.

Sobre a hipótese principal, 62% dos participantes acreditam que um Portal da


Transparência pode ajudar a reduzir a corrupção, enquanto 78% acham que aumentaria a
conscientização sobre o uso de recursos públicos. Esses dados apoiam a ideia de que a
transparência digital pode reforçar a ética pública. Sendo um instrumento eficaz para o controle
social e a prestação de contas (Weimer & Vining, 2007). Esses dados mostram uma clara
demanda por informações públicas estruturadas, alinhando-se com o primeiro objectivo
específico: “Analisar como a transparência no governo pode contribuir para o bem-estar dos
cidadãos.” A confiança na utilidade de tais ferramentas reforça também a segunda hipótese
secundária, de que o uso do portal pélas instituições de controlo e péla sociedade civil poderá
aumentar a detecção de actos de corrupção.

50
Esses resultados também estão alinhados com o objectivo geral do estudo: “Investigar o
impacto da implementação de um Portal da Transparência no fortalecimento da prestação de
contas e na redução da corrupção no governo de Moçambique.”

Além disso, 84% sentem-se mais capacitados para participar do controle social se um
portal for implementado, o que confirma a hipótese de que essas ferramentas aumentam a
participação cívica.

Bresser-Pereira (2009) e Carvalho Filho (2008) são fundamentais nesta parte, ao associar
cidadania activa ao controle social, ainda que suas definições se concentrem mais nas instituições
do que nos instrumentos.

A abordagem de Silva (2011) é a mais adequada aqui, pois valoriza o uso de mecanismos
concretos de fiscalização (como o portal) como forma de expressão cidadã e de prestação de
contas.

O conceito de ética pública de Silva e Lima (2015) também se aplica, ao ressaltar que a
responsabilização deve vir acompanhada de um compromisso moral das instituições com a
integridade e a equidade.

93% Acredita que um Portal da Transparência poderia fortalecer os mecanismos de


Prestação de contas na administração pública concordando desta forma com o objectivo geral. E
valida a importância de integrar as abordagens teóricas, considerando os aspectos institucionais
(Abrucio & Loureiro, 2018) e racionais (Downs, 1974).

4.3.4 Desafios e Características Esperadas

Tabela 5 Desafios e Sugestões

Parte 5: Desafios e Sugestões


Nº de %
Questão Opções
participantes
Quais desafios Falta de recursos
97 49%
você prevê na financeiros
implementação de um Resistência política 179 90%
Portal da Transparência? Dificuldades técnicas 57 29%
(Seleccione todas as que Falta de interesse 16 8%
se aplicam) público
51
Outro 9 5%
Actualização frequente
169 85%
Quais dos dados
características você Acesso fácil e
57 29%
considera essenciais para navegação amigável
um Portal da Clareza e
113 57%
Transparência ser eficaz? detalhamento das informações
(Seleccione todas as que Disponibilidade de
97 49%
se aplicam) dados em formatos abertos
Outro 20 10%
Fonte: Dados da pesquisa (Elaborado pêlo autor)

Esta parte relaciona-se directamente com o Objectivo Específico 4: Avaliar o impacto da


implementação e utilização do Portal da Transparência pêlo governo moçambicano.

Os principais desafios apontados foram a resistência política (90%) e a falta de recursos


financeiros (49%), que destaca a inércia institucional e os interesses políticos como barreiras à
modernização administrativa. Evidenciam barreiras institucionais significativas, como alertado
por Oliveira (2010) e Silva (2014).

A definição de Freire, Rego e Oliveira (2015) sobre os portais reforça a importância da


estrutura e da acessibilidade dos dados, elementos também valorizados pêlos inquiridos.

As preocupações com qualidade e manutenção dos dados dialogam com o conceito de


governança digital, que envolve mais do que apenas tecnologia: requer compromisso
institucional.

Ainda assim, os participantes indicaram que, para o portal funcionar, ele precisa ter
actualização frequente (85%), informações claras (57%) e cobertura ampla de dados. Estes
achados correspondem ao quarto objectivo específico e à terceira hipótese secundária, que
relaciona a qualidade e frequência da actualização com a percepção de transparência e
responsabilidade do governo. Reforçando os argumentos da Teoria do Agente-Principal e da
Teoria da Escolha Racional, que destacam a importância de reduzir a assimetria de informação e
de ajustar os incentivos para mitigar comportamentos oportunistas (Jensen & Meckling, 1976;
Downs, 1974).

52
4.3.5. Percepção Geral

Tabela 6 sugestões ou comentários sobre a criação de um Portal da transparência

Parte 6: Percepção Geral


Foi realizada uma análise qualitativa As opiniões foram
agrupadas por similaridade temática Gibbs (2009):
Necessidade de transparência 38 19%
Você gostaria de real e não apenas formal
adicionar algum Preocupação com a manutenção 36 18%
comentário ou sugestão ou ocultação de dados
sobre a criação de um Envolvimento da sociedade 34 17%
Portal da Transparência civil
em seu país? Formação para o uso do portal 33 16.5%
Punição aos corruptos 31 15.5%
Publicação de dados 28 14%
compreensíveis e frequentes
Fonte: Dados da pesquisa (Elaborado pêlo autor)

Esta última seção complementa todos os objectivos específicos, reforçando a importância


de um compromisso real com a transparência e não apenas simbólico.

A análise qualitativa dos dados recolhidos revela que as expectativas dos cidadãos em
relação à criação de um Portal da Transparência vão além da simples disponibilização de dados
públicos. Nota-se uma forte preocupação com a transparência real e efectiva (19%), em oposição
à transparência meramente formal ou simbólica. Os inquiridos demonstram receio de que o
portal se torne apenas uma vitrina digital sem impacto prático, caso não haja compromissos
firmes com a abertura e clareza das informações. Ecoa a necessidade, apontada péla Teoria
Institucional, de que mudanças culturais e estruturais acompanhem a implementação tecnológica
(Moura & Santos, 2012; Oliveira, 2010). Ressoa com a definição de ética de Di Pietro (2013),
que vê a ética na administração pública como compromisso activo com a justiça e a equidade.

A preocupação com a manutenção ou ocultação de dados (18%) evidencia a existência de


uma cultura institucional ainda marcada péla opacidade, onde o acesso à informação é, muitas
vezes, dificultado por barreiras burocráticas ou péla ausência de políticas claras de divulgação de
dados. Os participantes temem que as informações publicadas sejam incompletas, manipuladas
ou desactualizadas, o que comprometeria a utilidade do portal. Reforçando a importância de
compromissos sólidos com a transparência, conforme defendido na literatura (Silva, 2014).

53
O envolvimento da sociedade civil (17%) foi destacado como essencial para o sucesso da
iniciativa. Os cidadãos reconhecem que, sem a participação activa de organizações, grupos
sociais e da própria população, a fiscalização das acções governamentais será limitada. A
presença desses actores é vista como um factor que pode pressionar péla actualização regular dos
dados, promover debates públicos e fortalecer o exercício da cidadania.

Além disso, a necessidade de formação para o uso do portal (16.5%) reflecte a


consciência de que o acesso à informação depende também das capacidades técnicas e digitais da
população. Muitos cidadãos ainda enfrentam desafios no uso de ferramentas digitais, e isso pode
limitar a eficácia do portal, tornando-o acessível apenas a uma parcela da sociedade. Integrando
perspectivas tanto da Teoria Institucional quanto da Teoria da Escolha Racional (Downs, 1974).

A punição efectiva aos corruptos (15.5%) surge como um elemento essencial para que o
portal ganhe credibilidade e apoio público. Os inquiridos acreditam que a simples exposição de
dados não é suficiente, sendo fundamental que haja mecanismos legais e institucionais para
responsabilizar os envolvidos em actos ilícitos.

Por fim, foi destacada a importância da publicação de dados compreensíveis e frequentes


(14%). Os participantes demonstraram preocupação com a clareza e periodicidade da
informação, indicando que os dados precisam ser apresentados de forma acessível e útil para que
possam cumprir seu papel de informar e permitir o controlo social. Como previsto péla Teoria do
Agente-Principal (Jensen & Meckling, 1976) e complementados pêlos estudos de Weimer e
Vining (2007).

54
CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1. Introdução

Neste capítulo, serão apresentadas as conclusões da pesquisa com base nos resultados
analisados e discutidos no Capítulo 4. Além disso, serão oferecidas recomendações práticas para
políticas públicas e práticas institucionais, juntamente com reflexões sobre as contribuições da
pesquisa para o campo da administração pública e para o enfrentamento da corrupção.

5.2. Conclusões

A análise dos dados recolhidos demonstra que os cidadãos moçambicanos atribuem


grande importância à transparência na administração pública, reconhecendo-a como um
instrumento fundamental na prevenção e combate à corrupção, bem como na promoção da ética
e integridade. Verificou-se que há uma forte consciência social de que o acesso à informação
pública constitui um direito e um mecanismo eficaz para fortalecer a prestação de contas
governamental. O estudo revelou ainda uma aceitação amplamente positiva da ideia de
implementação de um Portal da Transparência, sendo esta percepcionada como uma ferramenta
necessária para assegurar o controlo social e permitir aos cidadãos acompanhar, fiscalizar e
questionar a gestão dos recursos públicos.

No entanto, identificaram-se também desafios significativos que podem comprometer a


eficácia dessa ferramenta, como a resistência institucional à divulgação de informações, a
limitação de recursos tecnológicos e a falta de uma cultura consolidada de prestação de contas no
sector público. Tais obstáculos demonstram que a implementação de um portal digital de
transparência exige mais do que vontade política — requer mudanças estruturais, investimentos
em tecnologia, e o fortalecimento de práticas democráticas participativas.

As percepções dos inquiridos confirmam, na prática, os pressupostos teóricos utilizados


neste estudo, nomeadamente a teoria do agente-principal, que evidencia a assimetria de
informação entre governantes e governados; a teoria institucional, que aponta para a influência
das regras formais e informais na promoção da integridade pública; e a teoria da escolha

55
racional, que reforça o papel da transparência na dissuasão de comportamentos oportunistas. Em
suma, conclui-se que a implementação de um Portal da Transparência em Moçambique, embora
ainda seja um desafio, representa uma oportunidade estratégica para consolidar a democracia,
fortalecer a confiança nas instituições e promover uma gestão pública mais ética, eficiente e
participativa.

5.3. Recomendações

Com base nas conclusões da pesquisa, são oferecidas as seguintes recomendações para
melhorar a eficiência e eficácia na Transparência na prestação de contas e promover a ética e
integridade e conter a corrupção na administração pública:

 Investir em capacitação e treinamento para os funcionários públicos para garantir que


estejam familiarizados com os princípios de transparência e prestação de contas.
 Medir o impacto das acções de transparência na conscientização e participação cívica.
 Promover a divulgação e uso do Portal entre a sociedade civil, órgãos de controlo e
outros Cidadãos, por meio de campanhas de conscientização e educação pública.
 Fortalecer os canais de comunicação e interacção entre o governo e a sociedade.

5.4. Sugestões para Pesquisas Futuras

 Pesquisas qualitativas mais aprofundadas sobre as percepções de diferentes grupos


sociais em relação ao uso do portal, incluindo mulheres, jovens e pessoas em áreas rurais,
para entender melhor as barreiras específicas enfrentadas por esses grupos.

 Estudo com gestores públicos e políticos: Investigar a percepção dos agentes públicos
sobre a transparência e as suas possíveis resistências à implementação do portal.

 Avaliação do impacto da transparência digital: Após a implementação do portal


(futuramente), realizar estudos de impacto na redução de casos de corrupção, aumento da
confiança cidadã e melhoria da gestão pública.

 Estudos sobre alfabetização digital: Investigar o nível de alfabetização digital da


população moçambicana e sua capacidade de utilizar plataformas tecnológicas de
controle social.
56
57
6. Referências Bibliográficas

 Abrucio, F. L., & Loureiro, M. R. (2018). Políticas públicas e prestação de contas:


desafios para a gestão democrática. São Paulo: Editora UNESP.
 Aleksovska, S. (2021), como citado por Kinzler, Costa, Peiter, Walter, & Villar (2022).
 Andvig, J. C., Fjeldstad, O. H., Amundsen, I., Sissener, T., & Søreide, T. (2000).
Research on Corruption: A Policy-Oriented Survey. Oslo: Chr. Michelsen Institute.
(como citado por Mosse, 2004)
 Bachtold, L. (2012). Prestação de contas na Administração Pública: Responsabilidade e
Controle. Revista do Serviço Público, 63(1), 27–50.
 Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo (Edição revista e atualizada). Lisboa: Edições 70.
 Becker, P. (2011). Ética na administração pública: Limites e possibilidades. Rio de
Janeiro: FGV Editora.
 Bovens, M. (2007). Analysing and assessing prestação de contas: A conceptual
framework. European Law Journal, 13(4), 447–468.
 Bresser-Pereira, L. C. (2009). Administração pública gerencial. Revista de Administração
Pública, 43(1), 7–26.
 Caetano, M. (2001). Manual de Ciência da Administração. Coimbra: Almedina.
 Canhadas, N. P. (2012). Transparência na administração pública: Uma análise crítica dos
portais eletrônicos. Revista de Administração Pública, 46(6), 1401–1425.
 Carvalho Filho, J. M. (2008). Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen
Juris.
 Centro de Integridade Pública. (2008). Análise da implementação da Lei n.º 6/2004 sobre
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 Yin, R. K. (2015). Estudo de caso: Planejamento e métodos (5ª ed.). Porto Alegre:
Bookman.

6.1. Legislação consultada

 Constituição da República de Moçambique. (2018);


 Lei n.º 7/2012 Lei Base da Organização de funcionamento da Administração Pública;
 Lei n.º 34/2014, de 31 de Dezembro, Lei do Direito à Informação;
 Lei n.º 14/2011 Regula a formação da vontade da Administração Publica.

61
7. Apêndice

Apêndice 1: I Roteiro de Perguntas do questionário

O meu nome é Aloide Zavale, finalista do curso de Licenciatura em Administração


Pública no Instituto Superior Mutasa. No âmbito da conclusão da minha formação, estou
a desenvolver um estudo intitulado: ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM
PORTAL DA TRANSPARÊNCIA COMO FERRAMENTA DE PRESTAÇÃO DE
CONTAS EM MOÇAMBIQUE
O principal objectivo desta pesquisa é Investigar o impacto da implementação de um
Portal da Transparência no fortalecimento da prestação de contas e na redução da
corrupção no governo de Moçambique.
Este questionário foi elaborado com o intuito de recolher informações que reflictam a
opinião da população. A sua participação é voluntária, anónima e de extrema importância
para o êxito deste estudo.

Cláusula de Confidencialidade

Declaro que todas as informações fornecidas neste questionário serão utilizadas


exclusivamente para fins académicos, mantendo-se rigorosamente confidenciais e sem
identificação dos participantes. O anonimato dos respondentes será plenamente
respeitado e os dados serão tratados com ética e integridade, conforme os princípios das
boas práticas de investigação científica.

Autorização para Participação

☐ Li e compreendi as informações acima e autorizo a minha participação nesta pesquisa.


☐ Não autorizo a minha participação nesta pesquisa.
Local e Data: ______________________________________
Segue Abaixo o Questionário
Parte 1: Informações Demográficas
Opção marque com “X” na opção que em
Nº Questão
que se enquadra
Menos de 18 anos
18-24 Anos
25-34 Anos
Idade 35-44 Anos
45-54 Anos
55-64 Anos
65 Anos ou mais
Prefiro não dizer
02 Género Masculino

A
Feminino
Outro
Prefiro não dizer
03 Ensino Básico
Ensino Médio
Ensino Superior Incompleto
Nível de Escolaridade
Ensino Superior Completo
Pós-Graduação/Mestrado
Doutorado
04 Funcionário Público
Representante da Sociedade
Civil
Ocupação
Jornalista
Pesquisador/Estudante
Outro
Parte 2: Percepção sobre Transparência e Corrupção
Opção marque com “X” na opção que
Nº Questão
achares melhor para si
05 Concordo totalmente
Concordo
Você acredita que a
Neutro
transparência é importante
Discordo
para a administração pública?
Discordo totalmente
Não sei
06 Você acha que a corrupção é Sim
um problema significativo em Não
seu país? Não sei
07 Quais são as principais fontes Relatórios governamentais
de informações sobre o uso de Média/Jornalismo
recursos públicos que você Redes sociais
utiliza? (Seleccione todas as Comunicações oficiais
que se aplicam) Outro
Parte 3: Necessidade de um Portal da Transparência
08 Você já ouviu falar sobre Sim
Portais da Transparência? Não
09 Concordo totalmente
Concordo
Você acredita que a criação de
Neutro
um Portal da Transparência
Discordo
seria benéfica para seu país?
Discordo totalmente
Não sei
10 Quais informações você Despesas públicas
gostaria de acessar em um Salários de servidores
Portal da Transparência? Contractos e licitações

B
Relatórios de auditoria
Informações sobre programas
sociais
(Seleccione todas as que se
aplicam) Políticas públicas
Outros
Parte 4: Impacto Potencial na Ética e Integridade
11 Concordo totalmente
Você acredita que um Portal Concordo
da Transparência poderia Neutro
ajudar a reduzir a corrupção? Discordo
Discordo totalmente
Não sei
12 Você acha que um Portal da Sim
Transparência poderia Não
aumentar a conscientização da Talvez
população sobre o uso de
recursos públicos? Não sei
13 Você se sentiria mais Sim
capacitado a participar de
Não
acções de controle social e
fiscalização com um Portal da Talvez
Transparência? Não sei
14 Você acredita que um Portal Concordo
da Transparência poderia Concordo totalmente
fortalecer os mecanismos de Neutro
Prestação de contas na Discordo
administração pública? Discordo totalmente
Não sei
Parte 5: Desafios e Sugestões
15 Falta de recursos financeiros
Quais desafios você prevê na
Resistência política
implementação de um Portal
Dificuldades técnicas
da Transparência? (Seleccione
Falta de interesse público
todas as que se aplicam)
Outro
16 Actualização frequente dos
dados
Quais características você Acesso fácil e navegação
considera essenciais para um amigável
Portal da Transparência ser Clareza e detalhamento das
eficaz? (Seleccione todas as informações
que se aplicam) Disponibilidade de dados em
formatos abertos
Outro
Parte 6: Percepção Geral

C
17

Você gostaria de adicionar


algum comentário ou sugestão
sobre a criação de um Portal
da Transparência em seu país?

Link para o questionário online

 https://forms.gle/v6JGeF5fN9oj5RBm6

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