GESTÃO AMBIENTAL NA
MINERAÇÃO ARTESANAL
MÓDULO
MEIO AMBIENTE - II
Projecto: Mineração Artesanal,
Direitos Ambientais e Culturais em Cabo Delgado
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
4 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
FICHA TÉCNICA
Edição: Medicus Mundi e Centro Terra Viva –
Estudos e Advocacia Ambiental
Título: GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO
ARTESANAL
Autoria: Renato Hélder Uane
Coordenação: Justo A. Calvo
Revisão: Borges Chivambo e Vasco Coelho
Desenho Editorial:
HF-Comunicação, Consultoria e Serviços
1ª Edição 2020 (Versão Preliminar).
Proposta de citação: Uane, R. H. (2020), Gestão
Ambiental na Mineração Artesanal, Medicus
Mundi e Centro Terra Viva: Pemba (Cabo Delgado).
Copyright ©: Todos os direitos reservados.
Portanto, o conteúdo desta obra pertence única e
exclusivamente ao seu autor. Esta publicação não
poderá ser reproduzida, na sua totalidade ou em
parte, independentemente do formato ou meio,
seja este electrónico, mecânico ou óptico, para
qualquer propósito, sem a devida autorização
expressa, por escrito, do seu autor, bem como
das direcções executivas da Medicus Mundi e
Centro Terra Viva.
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Moçambique.
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Esta publicação foi produzida com o apoio
financeiro da União Europeia (UE), no âmbito
COM APOIO FINANCEIRO DE: do Projecto “Mineração Artesanal, Direitos
Ambientais e Culturais em Cabo Delgado” e
da Generalitat Valenciana (GVA), no âmbito
do Projecto “Redução do impacto negativo
da mineração artesanal na saúde individual,
comunitária e ambiental”.
O conteúdo da presente publicação é da exclusiva
responsabilidade dos seus autores e não reflecte
necessariamente a opinião da UE, nem da Generalitat
Valenciana, nestas matérias.
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
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PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO DO MANUAL................................7 CAPÍTULO IV: GESTÃO AMBIENTAL DE
ÁREAS DEGRADADAS PELA MINERAÇÃO
SOBRE O MANUAL.........................................................8 ARTESANAL..................................................................31
Apresentação...................................................................8 4.1. O Programa de Gestão Ambiental...................32
Quem utilizará este Manual?.......................................8 4.2. Estágios de recuperação de áreas degradadas
Como usar este Manual?...............................................8 pela mineração artesanal............................................32
Importância do Manual..................................................8 4.3. A Conservação Ambiental segundo o
Regulamento Ambiental para a Actividade
SIGLAS E ABREVIATURAS.........................................9 Mineira.............................................................................33
4.4. Como organizar a comunidade: Comité de
INTRODUÇÃO..............................................................10 Gestão de Recursos Naturais (CGRN)......................34
4.5. Resumindo...............................................................36
CAPÍTULO I: PRINCIPAIS CONCEITOS...............11 4.6. Exercícios práticos.................................................36
1.1. Mineração Artesanal.............................................12
1.2. Área Degradada......................................................12 CAPÍTULO V: AUTOAVALIAÇÃO DO MÓDULO II
1.3. Avaliação do Impacto Ambiental.....................12 DE AMBIENTE...............................................................37
1.4. Boas Práticas Mineiras..........................................12
1.5. Programa de Gestão Ambiental........................12 CAPÍTULO VI: CONCLUINDO.................................40
1.6. Conservação Ambiental.......................................12
1.7. Ecossistema.............................................................13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................41
1.8. Resumindo...............................................................13
1.9. Exercícios práticos..................................................13 Outras fontes consultadas na Web:.........................42
CAPÍTULO II: MINERAÇÃO ARTESANAL E DE
PEQUENA ESCALA.....................................................15
2.1. Caracterização da MAPE a nível mundial e a
nível local, em Cabo Delgado....................................16
2.2. Indústria Extractiva, Mineração Artesanal e
de Pequena Escala........................................................18
2.3. Dificuldades para o desenvolvimento da
MAPE em Cabo Delgado.............................................18
2.4. Potencialidades e oportunidades para a
mineração artesanal.....................................................19
2.5. Resumindo...............................................................20
2.6. Exercícios práticos..................................................20
CAPÍTULO III: LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARA
A MINERAÇÃO ARTESANAL...................................21
3.1. Lei do Ambiente – Lei nº 20/97 de 1 de
outubro............................................................................22
3.2. Lei de Minas – LM (Lei nº 20/2014 de 18 de
Agosto) e Regulamento da Lei de Minas – RLM
(Decreto nº 31/2015 de 31 de Dezembro)...........22
3.3. Regulamento Ambiental para a Actividade
Mineira, Decreto nº 26/2004 de 20 de Agosto....24
3.4. Normas Básicas de Gestão Ambiental –
Diploma Ministerial nº 189/2006............................25
3.5. Competências institucionais na gestão do
ambiente.........................................................................26
3.6. Avaliação do Impacto Ambiental na MAPE...26
3.7. Resumindo...............................................................30
3.8. Exercícios práticos..................................................30
6 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
APRESENTAÇÃO DO MANUAL
ESTIMADO LEITOR/A,
A mineração artesanal tem sido durante muitos
anos um sustento para dezenas de milhares
DIGNIFICAR A MINERAÇÃO
de pessoas em Moçambique, porém a forma ARTESANAL
tradicional de praticar esta actividade económica
tem um efeito negativo sobre o meio ambiente ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS.
e na saúde dos mineiros, das suas famílias e da
população em geral.
ESTÁ NAS SUAS MÃOS!
Por outro lado, sob o ponto de vista formal,
considera-se que esta actividade, tal como está
a ser realizada actualmente, está à margem e não
se encaixa plenamente na legislação nacional em
vigor.
Estes factores, e outros próprios das dinâmicas
que a mineração sempre provoca onde quer que
seja desenvolvida, têm contribuído para que as
condições de trabalho, o apoio social, o acesso
aos serviços sociais e de saúde e a cobertura
legal, não sejam os melhores, quer para os
mineiros e mineiras artesanais, quer para as suas
comunidades.
A medicusmundi e o Centro Terra Viva (CTV)
estão totalmente convictos e seguros que a
mineração artesanal constitui uma oportunidade
para os mais desfavorecidos, desde que esta seja
realizada de uma forma legal, limpa e saudável,
principalmente num contexto em que este
sector económico é extremamente importante
para o país.
O presente manual pretende reforçar a
contribuição para um processo de dignificação da
mineração artesanal, processo este que iniciou há
pouco tempo no país, através da sistematização
de um conhecimento mais abrangente por parte
dos mineiros e mineiras artesanais e das suas
organizações, de modo a melhorar as técnicas
de mineração, incluindo os mecanismos de
participação nos espaços de tomada de decisões
que afectam o sector.
Desta forma, esperamos que este manual possa
contribuir para o processo de desenvolvimento e
democratização de Moçambique, incluindo o uso
sustentável dos seus recursos naturais por todos
os moçambicanos e moçambicanas.
Com grande estima, desejamos que este manual
seja do seu interesse.
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
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PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
SOBRE O MANUAL
APRESENTAÇÃO. COMO USAR ESTE MANUAL?
O presente manual é o Módulo II sobre Meio Para o correcto e proveitoso uso deste
Ambiente, denominado “Gestão Ambiental manual, o utilizador deverá orientar-se
na Mineração Artesanal”. O mesmo contém antes pelo índice, no qual estão alistados
uma introdução e seis capítulos. O primeiro os principais assuntos abordados no
capítulo define os conceitos principais e manual e, seguidamente, em cada capítulo,
mais usados no manual. O segundo faz a encontrará o desenvolvimento de cada um
caracterização da Mineração Artesanal e de dos conteúdos. De forma a complementar e
Pequena Escala (MAPE). O terceiro versa sobre assimilar efectivamente os seus conteúdos,
a legislação ambiental aplicável à mineração recomenda-se vivamente resolver os
artesanal. O quarto descreve as boas práticas exercícios práticos que constam no final de
de gestão ambiental em áreas degradadas cada capítulo e proceder à auto-avaliação
pela mineração artesanal. O quinto reserva- geral do módulo, resolvendo os exercícios
se à auto-avaliação do módulo II de ambiente. propostos no penúltimo capítulo.
E o sexto, e último, apresenta umas breves Quando estiver ministrando uma formação,
conclusões. Assim sendo, no final de cada o utilizador deste manual, deverá expor os
capítulo, para permitir o aprofundamento, conteúdos de forma directa e objectiva,
domínio e assimilação dos conteúdos, reservando mais tempo para a interacção
está disponível uma secção de exercícios com os formandos, mediante as intervenções
práticos. Os conteúdos deste módulo de que resultarão dos trabalhos em grupo.
formação são da exclusiva responsabilidade Este manual não pretende abranger todo
dos autores, por isso mesmo não reflectem o conhecimento e acervo à volta dos
necessariamente as opiniões ou pareceres temas abordados, mas sim oferecer uma
nesta matéria, nem são vinculativos para singela contribuição para a aquisição de
qualquer efeito, em relação à União Europeia conhecimento básico nesta matéria.
(UE) e à Generalitat Valenciana (GVA), as suas
entidades financiadoras. IMPORTÂNCIA DO MANUAL.
Pretende-se que os utilizadores e utilizadoras
QUEM UTILIZARÁ ESTE MANUAL? deste manual, nomeadamente os paralegais,
os líderes comunitários, os membros
Este manual destina-se, principalmente, das organizações da sociedade civil e
ao uso como material didáctico dos comunidade no geral, durante as actividades
paralegais e líderes comunitários, ligados às de formação e sensibilização, não somente
campanhas de sensibilização comunitária, obtenham conhecimentos teóricos
à luz dos projectos “Mineração artesanal: relacionados com a gestão ambiental na
direitos ambientais e culturais em Cabo mineração artesanal, mas que, acima de
Delgado” e “Redução do impacto negativo tudo, ganhem e assumam consciência
da mineração artesanal na saúde individual, ambiental; promovam e defendam os
comunitária e ambiental”, implementados direitos ambientais e implementem acções
pela medicusmundi e Centro Terra Viva, concretas de consciencialização ambiental
com financiamento da União Europeia e na sua comunidade e de recuperação das
Generalitat Valenciana, respectivamente. áreas degradadas pela prática da actividade
Com um conteúdo e linguagem simples e mineira artesanal, que se encontram perto
de fácil compreensão, o manual permite, das suas vivendas e comunidades, de
igualmente, ser consultado e utilizado por modo a gerar mudanças significativamente
outros interessados, como Organizações da positivas e responsáveis em relação ao meio
Sociedade Civil, ONGs, Profissionais da Saúde, ambiente em que vivem e dele dependem,
da Educação, APEs, Activistas e Técnicos do particularmente nos locais de mineração
Serviço Provincial de Infraestruturas e da artesanal e de pequena escala.
DPDTA.
8 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
SIGLAS E ABREVIATURAS
AIA Avaliação do Impacto
Ambiental
APES Agentes Polivalentes
Elementares de Saúde
CCGP Comité de Co - Gestão de Pesca
CGA Comité de Gestão de Água
CGC Conselho de Gestão
Comunitária
CGRN Comité de Gestão de Recursos
Naturais
CTV Centro Terra Viva
GGM Grupo de Gestão Mineira de
Cabo Delgado
CRM Constituição da República de
Moçambique
DPS Direcção Provincial de Saúde
DPDTA Direcção Provincial de
Desenvolvimento Territorial
e Ambiente
EAS Estudo Ambiental Simplificado
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EU União Europeia
GVA Generalitat Valenciana
MAPE Mineração Artesanal e de
Pequena Escala
MBP Manual de Boas Práticas
MMMED Medicus Mundi Mediterrânia
ONG Organizações Não
Governamentais
PACA Planos de Acção Comunitários
de Adaptação
PGA Programa de Gestão Ambiental
PMA Programa de Monitorização
Ambiental
PEM Programa de Encerramento da
Mina
SPI Serviço Provincial de
Infraestruturas (antes DPREME)
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
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PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
INTRODUÇÃO
Moçambique, em particular a província de De forma específica, espera-se que, com a
Cabo Delgado, regista nos últimos dez anos um assimilação e apropriação dos conteúdos
significativo aumento da exploração de recursos deste módulo e todas as actividades com ele
naturais. A exploração desses recursos é feita, relacionadas, os grupos-alvo – e não só –, sejam
principalmente, através da indústria extractiva capazes de:
de grande escala focalizada essencialmente para
pesquisa e extracção de petróleos, gás, grafite, Conhecer e dominar os principais
rubi e outros minerais fósseis, bem como através conceitos associados à gestão ambiental,
da Mineração Artesanal e de Pequena Escala e, especificamente relacionada com a
(MAPE), normalmente, desenvolvida em moldes mineração artesanal e de pequena escala;
informais, com destaque para a extracção de
Conhecer e reflectir sobre a mineração
ouro, rubi, granada, turmalinas, entre outros
artesanal e de pequena escala, as suas
minérios.
dificuldades e as suas potencialidades
A mineração artesanal em Cabo Delgado é
para melhorar a vida e a economia das
praticada, principalmente, nos distritos de
comunidades mineiras de Cabo Delgado;
Namuno, Montepuez, Ancuabe e Balama. É
uma actividade económica com importantes Conhecer a legislação aplicável à gestão
impactos sobre o meio ambiente e na saúde ambiental da mineração artesanal e de
das pessoas residentes, particularmente, nas pequena escala;
comunidades locais desses distritos. A Medicus
Elaborar e implementar programas de gestão
Mundi e o Centro Terra Viva estão a implementar
ambiental para áreas degradadas pela
os projectos “Mineração Artesanal, direitos
mineração artesanal e de pequena escala; e,
ambientais e culturais em Cabo Delgado” e
``Redução do impacto negativo da mineração Influenciar na mudança comportamental em
artesanal na saúde individual, comunitária e relação aos problemas ambientais nas suas
ambiental``, com o objectivo de dignificar a próprias comunidades.
prática dessa actividade, usando como um Finalmente, espera-se que este manual seja
dos veículos, as campanhas de sensibilização de grande importância e de utilidade prática
comunitária, versando sobre temáticas focadas para os grupos-alvo e também para todos os
nos direitos humanos e na saúde ambiental, interessados e afectados pela actividade de
individual e comunitária. mineração artesanal e de pequena escala.
Neste âmbito, foi desenhado o presente módulo
intitulado “Gestão Ambiental na Mineração
Artesanal”, como material complementar
do Módulo I, que também se destina ao uso
nas campanhas de sensibilização e como
material de formação dos paralegais e líderes
comunitários. Assim, constitui o objectivo deste
módulo II, oferecer a este grupo específico, isto
é, líderes comunitários e voluntários paralegais,
um material com conteúdos de fácil leitura
e compreensão sobre os mecanismos de
elaboração, implementação e monitorização
de um programa de gestão ambiental para sua
aplicação em áreas de mineração artesanal; e,
por outro lado, com o objectivo de impulsionar a
organização de grupos de nível comunitário, no
caso o Comité de Gestão de Recursos Naturais,
para a materialização de acções que concorram
para a conservação ambiental de um modo
geral e a resolução de problemas concretos
decorrentes da prática da actividade mineira
artesanal.
10 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
CAPÍTULO I:
PRINCIPAIS CONCEITOS
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
11
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
O primeiro capítulo deste módulo está reservado danos ambientais ao máximo.
à familiarização dos usuários com alguns dos Se a avaliação do impacto ambiental for negativa,
principais conceitos abordados ao longo do ou não for possível a tomada de medidas que
presente módulo, relacionados com temática minimizem os riscos de causar danos ambientais
de gestão ambiental em áreas de mineração superiores aos potenciais benefícios pretendidos,
artesanal, concretamente os conceitos mineração pode-se sugerir que a actividade não seja
artesanal, degradação ambiental, avaliação realizada, ou seja suspensa, se for iniciada.
do impacto ambiental, programa de gestão
ambiental, conservação ambiental e ecossistema. 1.4. BOAS PRÁTICAS MINEIRAS
1.1. MINERAÇÃO ARTESANAL De forma genérica, consideramos boas práticas o
conjunto de técnicas, processos, procedimentos e
O regulamento da lei de minas designa a actividades identificadas, utilizadas, comprovadas
mineração artesanal de “Operações Mineiras e reconhecidas em determinada área do saber,
Artesanais” que, segundo este mesmo dispositivo como sendo os melhores quanto ao mérito,
legal, são aquelas que “utilizem equipamentos eficácia e sucesso alcançados pela sua aplicação
de natureza simples e com volume e escala na realização de uma tarefa. Boas Práticas Mineiras
reduzida de operações mineiras”. No entanto, são as práticas e os procedimentos geralmente
esta definição não parece ser suficientemente empregues na indústria mineira internacional
abrangente, daí que sugerirmos um conceito por operadores diligentes / aplicados, visando
complementar, mas de simples compreensão. a gestão prudente dos recursos, observando os
Assim sendo e, no contexto do presente manual, aspectos de segurança, prevenção e preservação
consideramos Mineração Artesanal ou Garimpo sócio ambiental, eficiência técnica e económica.
a actividade de extracção mineira exercida Além disso, deve-se garantir que essas práticas e
de forma manual, com uso de equipamentos procedimentos sejam igualmente observados na
simples e ferramentas rústicas, com pequena mineração artesanal a nível nacional e local.
ou nenhuma mecanização, praticada em áreas
relativamente reduzidas, com rendimentos 1.5. PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL
económicos modestos e comummente
realizada por indivíduos, famílias e grupos nas À luz do Regulamento Ambiental para Mineração
comunidades locais, sejam eles nativos ou Artesanal, considera-se Programa de Gestão
oriundos de outros locais. Ambiental o documento que contém a análise
técnica e científica da actividade mineira de nível
1.2. ÁREA DEGRADADA 2, bem como os objectivos ambientais, incluindo
os aspectos sociais, económicos e culturais. O
No contexto do presente módulo consideramos fim último do programa de gestão ambiental é
área degradada a porção de território com medir os impactos ambientais decorrentes da
alterações adversas das características naturais do realização uma dada actividade socioeconómica
ambiente, inclui, entre outras, a erosão de solos, e proporcionar melhorias no processo da sua
a poluição das águas e do ar, o desbastamento, a implementação por forma a maximizar ganhos
desertificação, a fragmentação e perda do habitat, ao meio ambiente.
como consequência de factores antropogénicos,
isto é, causados pela acção humana. 1.6. CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
1.3. AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL Consideramos Conservação Ambiental o
conjunto de intervenções viradas à protecção,
Avaliação do Impacto Ambiental é o instrumento manutenção, reabilitação, restauração,
de gestão ambiental preventiva, que consiste valorização, maneio e utilização sustentável
na identificação e análise prévia, quantitativa e dos recursos naturais, de modo a garantir a sua
qualitativa, dos efeitos sócio ambientais benéficos qualidade e valor, protegendo a sua essência
e perniciosos de uma actividade socioeconómica material e assegurando a sua integridade. De
proposta. Este instrumento auxilia na tomada forma mais concreta, a conservação da natureza
de decisão sobre a implementação de qualquer consiste na aplicação de princípios e técnicas que
actividade possível de causar danos ambientais e buscam a utilização racional (maneio criterioso)
oferece orientações e sugestões sobre como fazer dos recursos naturais, garantindo a renovação e
a actividade reduzindo os riscos e os possíveis proporcionando os serviços ambientais
12 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
(a natureza fornece as pessoas serviços ecossistema pode possuir tamanhos variáveis;
indispensáveis à sua sobrevivência – qualidade por exemplo, desde um pequeno jardim onde
de vida, bem-estar). existem pequenos insetos e uma quantidade
considerável de micro-organismos até uma
1.7. ECOSSISTEMA floresta inteira com uma infinidade de factores
bióticos (seres vivos) e abióticos (seres não vivos).
Ecossistema é um complexo dinâmico de Consideram-se como factores bióticos os efeitos
comunidades vegetais, animais e de micro- das diversas populações de animais, plantas e
organismos e seu ambiente não vivo, que bactérias e abióticos os factores externos como a
interagem como uma unidade funcional. Um água, o sol, o solo, e vento, entre outros.
A mineração artesanal é uma actividade que consiste na extracção de recursos minerais
RESUMINDO
de forma manual utilizando equipamentos de natureza simples e com volume e escala
reduzida de operações mineiras. Esta actividade mineira tem o potencial de causar
alterações adversas das características naturais do ambiente, ou seja, o dano ambiental.
Daí que no seu exercício, recomenda-se a implementação das designadas boas práticas
ambientais. As boas práticas ambientais na mineração artesanal devem constar num
Programa de Gestão Ambiental, documento que resulta de uma prévia avaliação do
impacto ambiental da actividade a ser desenvolvida. A efectiva implementação das
boas práticas ambientais pode contribuir para a mitigação dos impactos ambientais da
actividade mineira sobre os ecossistemas, garantindo deste modo para a preservação
e a manutenção da boa qualidade ambiental e, por conseguinte, o bem-estar das
comunidades mineiras, em particular e da sociedade, em geral.
1.9. EXERCÍCIOS PRÁTICOS
1. O que entende por mineração artesanal e de pequena escala?
EM GRUPOS
TRABALHO
2. Em que consistem as boas práticas mineiras artesanais? Deia alguns exemplos.
3. Porque é importante realizar uma avaliação do impacto ambiental da actividade
mineira artesanal?
4. O que é um Programa de Gestão Ambiental e qual é a sua importância?
5. Em que medida a conservação dos ecossistemas contribui para a boa qualidade
de vida?
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
13
14 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
CAPÍTULO II:
MINERAÇÃO ARTESANAL E
DE PEQUENA ESCALA
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
15
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
O segundo capítulo deste módulo faz a Assim, para que esta traga um impacto positivo e,
caracterização da mineração artesanal e efectivamente, contribua para o desenvolvimento
de pequena escala (MAPE) a nível mundial socioeconómico local a curto, médio e longo
e local, e apresenta as dificuldades para o prazo, devem-se fortalecer os mecanismos de
seu desenvolvimento, assim como as suas participação dos seus praticantes, através da
potencialidades e oportunidades. formalização – organização e reconhecimento
–, e a compreensão da natureza e dimensão da
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA MAPE A NÍVEL actividade, que inclui:
MUNDIAL E A NÍVEL LOCAL, EM CABO
DELGADO Os aspectos relacionados ao cadastro das
áreas;
Como referido no capítulo antecedente, a A legalidade da actividade;
mineração artesanal e de pequena escala (MAPE)
As questões demográficas e de
é uma actividade exercida de forma manual,
assentamentos populacionais;
com uso de equipamentos de natureza simples,
e com volume e escala reduzidas. Estima-se que As características da extracção e
trabalham na mineração artesanal e de pequena processamento dos minérios;
escala em todo o mundo cerca de 43 milhões de A disponibilidade de equipamentos
pessoas. Dos quarenta e três milhões de pessoas sociais nos locais onde a actividade é
envolvidas nesta actividade, cerca de 30% são desenvolvida, como escolas, unidades
mulheres1 . Esta actividade, particularmente sanitárias, etc.;
importante para as comunidades rurais com As questões dos direitos humanos:
elevados níveis de pobreza, é desenvolvida na conflitos sociais, desenvolvimento
extracção, frequentemente à mão, de minerais comunitário;
como ouro, diamantes, rubis e cobalto.
Os danos ambientais.
Historicamente, e de um modo geral, a mineração
tinha sido vista muitas vezes, apenas através do
seu contributo para o crescimento económico,
sem considerar os impactos ambientais e sociais
mais amplos e os custos associados. No entanto,
há que reconhecer que esta contribui para a
degradação ambiental e concorre para a escassez
de água, tem impactos negativos sobre os
direitos humanos, a deslocação de populações,
o agravamento da desigualdade económica e
social, desigualdade de género e violência de
género, evasão fiscal e corrupção, e riscos para a
saúde das pessoas.
Neste momento, em muitos países, incluindo
Moçambique, o peso da mineração artesanal e
de pequena escala (MAPE) é muito significativo,
embora no passado, a MAPE tenha sido
desencorajada ou mesmo criminalizada. Os
governos e as grandes empresas de mineração
estão a começar a reconhecer que a MAPE
é, frequentemente, uma importante fonte
de subsistência que deve ser apoiada para
poder melhorar as condições de vida dos seus
praticantes em vez de ser marginalizada.
1 Dados obtidos a partir da Global Plataform for Artisanal & Smal
Scale Mining Data. Disponível em: https://delvedatabase.org/
16 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
QUADRO 1. ÁREAS TÍPICAS DE PROBLEMAS AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE DIREITOS HUMANOS
NO SECTOR DA MINERAÇÃO
Áreas Típicas de Problemas Ambientais, Sociais e de Direitos Humanos no
Sector de Mineração, Designados como Problemas “ASDH“ neste Guia
Problemas ambientais Problemas de Direitos Humanos
Direitos processuais
• Contaminação da água e limitação da • Acesso à informação, participação pública, acesso à
diponibilidade da água justiça e acesso a ações corretivas.
• Rebentamento de barragem e inundações Direitos substantivos
• Produção de Resíduos • Direito à vida
• Poluição do ar • Direito a um padrão de vida adequado, meios de
• Erosão do Solo e contaminação subsistência e os direitos à terra para buscar meios de
subsistência em terra
• Sedimentação dos cursos de água
• Direito á água
• Destruição de ecossistemas
• Direito á saúde
• Impactos na biodiversidade
• Direito á habitação e ao reassentamento
• Radiação radioativa
• Direito à segurança social/proteção social
• Deposição de resíduos submarinos/fluviais
• Direito á liberdade de expressão, associação e reunião
• Drenagem Ácida de Minas (DAM)
• Direitos das mulheres
• Impacto de longo prazo sobre o capital ambiental
• Direitos das crianças
• Aumento do ruído, luz e níveis de pó
• Direitos dos povos indígenas, direitos das minorias
• Abertura de novas áreas para exploração
madeireira ilegal e caça furtiva • Direitos dos deficientes
• Direitos culturais e à proteção do património cultural
Princípios de Direitos Humanos
• A prestação de contas e o Estado de Direito
• Participação e inclusão
Problemas Sociais mais Amplos, Relacionados com
a Mineração e Direitos Humanos
• Desenvolvimento Comunitário
• Impactos da migração na coesão social e nos serviços
sociais
• Outros impactos sobre o capital social
• Conflitos sociais
Problemas Trabalhistas
(Direitos Humanos dos Trabalhadores)
• Saúde & Segurança
• Trabalho forçado/condições de trabalho injustas
• Trabalhadores temporários migrantes vulneráveis
• Trabalho infantil
• Não-discriminação
• Remuneração desigual para o mesmo trabalho,
trabalho não remunerado
• Assédio sexual
Fonte: UNDP-Mining Summary Report 2.
Em África não existem dados fiáveis que estimem Tal como na generalidade de África, em
a população praticante da actividade mineira Moçambique não existem igualmente dados
artesanal. No entanto, alguns dados disponíveis fiáveis que estimem a população praticante da
apontam para a existência de cerca de 10 milhões actividade mineira artesanal. Contudo, algumas
de praticantes, que garantem sustento para cerca fontes disponíveis apontam para a existência
de 50 milhões de pessoas. de cerca de 100.000 mineiros3 envolvidos
directamente na mineração artesanal e de
pequena escala.
2 Extraído de Boas Práticas na Extracção. Disponível em:
https://www.google.com/search?ei=bSsUX7XMZSBhbIPir6GyA0&q=boas+prátic
as+ambientais+na+mineração. 3 Dados obtidos a partir da African Minerals Development Centre
2017. Disponível em: https://delvedatabase.org/
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
17
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
Em Cabo Delgado, a actividade de mineração A mineração a céu aberto é a actividade e
artesanal é uma actividade relativamente recente, operações de mineração de superfície.
tendo ganho maior significância na última
década. Não existem informações fiáveis do A mineração subterrânea é a actividade e
número total estimado de pessoas envolvidas na operações de mineração desenvolvidas por
mineração artesanal nesta província. No entanto, baixo da terra ou subterraneamente.
estudos recentes apontam para a existência
de cerca de 12.000 pessoas trabalhando nos Segundo o regulamento da Lei de Minas (Decreto
locais de mineração artesanal nos três distritos, n°31/2015, de 31 de dezembro), a mineração
Ancuabe, Montepuez e Namuno4. artesanal e de pequena escala são as operações de
mineração realizadas por indivíduos organizados
2.2. INDÚSTRIA EXTRACTIVA, MINERAÇÃO em grupos ou associações, utilizando técnicas
ARTESANAL E DE PEQUENA ESCALA simples e instrumentos tradicionais com baixo
nível de mecanização. Vale a pena destacar
Designa-se por Indústria extractiva a actividade que a mineração artesanal é caraterizada pela
de extracção de matérias-primas da natureza sua precariedade, é praticada frequentemente
(vegetal, animal ou mineral), sem que ocorram de forma ilegal, maioritariamente por jovens.
alterações significativas das suas propriedades Deste modo, a mineração artesanal de pequena
elementares. Na vertente mineral, podem ser escala é realizada mediante a atribuição do
extraídos recursos como ouro, rubi, carvão certificado mineiro a pessoa nacional, singular ou
mineral, petróleo ou gás. A indústria extractiva colectiva, com capacidade jurídica e que prove
pode ser de grande escala, assim como de possuir capacidade técnica e financeira para
pequena escala. A indústria de grande escala realizar operações mineiras de pequena escala.
apresenta, entre outras caraterísticas, volumes Consideram-se operações mineiras de pequena
altos de investimento em recursos financeiros, escala aquelas que:
humanos e materiais, e emprego de tecnologia.
a) Não excedam, em caso de exploração de
A Mineração Artesanal e de Pequena Escala metais preciosos, uma produção anual bruta
(MAPE) é uma designação genérica que se atribui de 12 kg e, em caso de gemas, uma produção
à actividade de extracção de recursos minerais anual bruta de 250 kg;
utilizando equipamentos de natureza simples e b) Não tenham trabalhos subterrâneos
com volume e escala reduzida. Esta actividade de mais de 20 metros de profundidade
desenvolvida de forma manual apresenta-se no ou galerias com mais de 20 metros de
uso mínimo de máquinas e tecnologia, utiliza cumprimento; e,
técnicas simples que exigem mais esforço das c) Não empreguem mais de 15 trabalhadores
pessoas. Em muitos dos casos, é uma actividade nas frentes de produção.
praticada de forma sazonal, a exploração é feita
em depósitos marginais ou pequenos, apresenta Realce-se ainda que a área do certificado mineiro
carências e pouco capital de investimento, o não deve exceder 297 hectares para recursos
trabalho é extremamente intensivo, com baixas minerais.
taxas de recuperação.
2.3. DIFICULDADES PARA O
Assim sendo, nos distritos de Ancuabe, DESENVOLVIMENTO DA MAPE EM CABO
Montepuez e Namuno, a mineração artesanal DELGADO.
é praticada de três formas: aluvionar, a céu
aberto e subterrânea. A mineração artesanal e de pequena escala em
Cabo Delgado, tal como em outros locais onde é
A aluvionar é a actividade e operações de praticada, depara-se com inúmeras dificuldades
mineração realizadas nas margens ou leito para o seu normal florescimento, sendo de
dos rios. Os métodos de mineração aluvionar destacar:
também são usados para extrair minerais e
materiais de terraços aluviais. Uso mínimo de máquinas e tecnologia. A
mineração artesanal utiliza técnicas simples
que exigem mais esforço físico das pessoas;
4 Dados obtidos a partir da African Minerals Development Centre
2017. Disponível em: https://delvedatabase.org/
18 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
Baixa produtividade devido ao uso de Eliminar as fragilidades para minimizar as
técnicas ineficientes e, geralmente, feitas em ameaças; e,
pequenas parcelas de terra. Para aumentar
as suas descobertas, a mineração artesanal, Melhorar as fragilidades para aproveitar as
frequentemente, repete os seus processos de oportunidades.
exploração nas mesmas áreas;
Assim, com vista a eliminar as fragilidades e
Falta de medidas de segurança, vigilância minimizar as ameaças no sector da mineração
sanitária e protecção ambiental; artesanal em Cabo Delgado, particularmente
nos distritos de Ancuabe, Montepuez e Namuno,
Prática sazonal (por exemplo, em tempos de propiciando assim um desenvolvimento
baixa actividade agrícola) ou temporária (em acelerado e aceitável deste sector, e que tenha
resposta ao aumento do preço dos minerais); em conta os aspectos socioeconómicos e
ambientais, foram identificadas as seguintes
Exploração de depósitos marginais ou potencialidades e oportunidades:
pequenos;
2.4.1. POTENCIALIDADES
Carência ou pouco capital para o
investimento e deficiente exploração de toda Existência de recursos minerais diversificados
cadeia de valor do recurso explorado (ouro, em quantidade e qualidade (ouro, rubi,
rubi, granada); granada, entre outros);
Trabalho intensivo, com baixas taxas de Existência de depósitos minerais
recuperação; economicamente viáveis;
Actividade extremamente dinâmica que, Existência de um mercado promissor para a
com maior ou menor celeridade, resulta colocação do produto;
na abertura, abandono (provisório ou
definitivo), encerramento (abandono Existência de organizações da sociedade
forçado) ou transformação dos jazigos, civil apoiando na reestruturação do sector
lavadouros e pedreiras existentes num mineiro artesanal (exemplo: parceria
determinado momento; medicusmundi/CTV e ADEL).
Poucas áreas designadas, mas, em 2.4.2. OPORTUNIDADES
contrapartida, um número cada vez mais
elevado de praticantes e descobertas de Incrementar a quantidade e a qualidade dos
novas áreas. recursos extraídos (exemplo: maior e melhor
produção do ouro permite obter maiores
2.4. POTENCIALIDADES E OPORTUNIDADES rendimentos económicos);
PARA A MINERAÇÃO ARTESANAL
Elevar o conhecimento sobre melhores
A mineração artesanal em Cabo Delgado apresenta técnicas na mineração artesanal (exemplo:
enormes potencialidades e oportunidades introdução do método gravitacional baseado
que, se forem devidamente exploradas, podem no uso de bórax);
conduzir ao desenvolvimento socioeconómico,
particularmente das comunidades praticantes. Incrementar o número de trabalhadores
Porém, quando identificamos as potencialidades mineiros artesanais que pratiquem a
e oportunidades de um determinado local é actividade de forma legal (associações
importante recordar que o objetivo principal e cooperativas trabalhando em áreas
é aproveitar no máximo essas mesmas designadas);
potencialidades, tendo em consideração às
oportunidades que existirem ou forem criadas, Desencadear o processo de reforma legal:
ou seja: propor a elaboração de um regulamento ou
uma lei específica para a mineração artesanal.
Utilizar as potencialidades para minimizar as
ameaças;
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
19
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
A mineração artesanal e de pequena escala é uma actividade económica praticada por
um número cada vez maior de pessoas em todo mundo, e no país, em particular. Em
Cabo Delgado, a mineração artesanal depara-se com inúmeras dificuldades para o seu
desenvolvimento, como o uso de técnicas simples e ineficientes exigindo um enorme
RESUMINDO
esforço físico das pessoas, exploração de depósitos marginais ou pequenos, falta de
medidas de segurança, vigilância sanitária e protecção ambiental, entre outros.
Desta forma, a existência de um potencial diversificado e de depósitos de recursos
minerais economicamente viáveis, particularmente nos distritos de Montepuez,
Ancuabe e Namuno, constitui uma oportunidade para alavancar o sector mineiro
artesanal na província, incrementando a quantidade e qualidade dos recursos minerais
extraídos. Estes factores devem ser acompanhados por uma série de medidas para
melhorar as condições de vida dos seus praticantes, como:
• A legalização da actividade;
• A designação de mais áreas para a MAPE;
• A elevação do nível de conhecimento sobre os métodos e as técnicas de
extracção mais eficazes e que minimizem os impactos sobre o ambiente e a
saúde das pessoas;
• A melhora dos níveis de rendimento económico.
2.6. EXERCÍCIOS PRÁTICOS
1. Como avalia a mineração artesanal quanto ao número de pessoas envolvidas em
Cabo Delgado?
EM GRUPOS
2. Quais são as diferenças entre indústria extractiva, mineração artesanal e de
TRABALHO
pequena escala?
3. Apresente as potencialidades existentes na sua comunidade que possam
alavancar a actividade de mineração artesanal.
4. Identifique as dificuldades que retardam o desenvolvimento da mineração
artesanal na sua comunidade / associação.
5. Identifique as oportunidades existentes que possam contribuir para o progresso
da mineração artesanal na sua comunidade.
20 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
CAPÍTULO III:
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
PARA A MINERAÇÃO
ARTESANAL
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
21
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
O terceiro capítulo deste módulo, trata da e) A igualdade, que garante oportunidades
legislação ambiental aplicável à mineração iguais de acesso e uso de recursos naturais a
artesanal. De forma concreta, faz referência à Lei homens e mulheres;
do Ambiente e o respectivo Regulamento para
Actividade Mineira, e à Lei e o Regulamento de f) A responsabilização, com base na qual
Minas. Por outro lado, elenca as competências quem polui, ou de qualquer outra forma
institucionais na gestão ambiental da actividade degrada o ambiente, tem sempre a obrigação
mineira artesanal e o processo de avaliação do de reparar ou compensar os danos daí
impacto ambiental na MAPE. decorrentes; e,
3.1. LEI DO AMBIENTE – LEI Nº 20/97 DE 1 DE g) A cooperação internacional, para a
OUTUBRO obtenção de soluções harmoniosas dos
problemas ambientais, reconhecidas que são
A Constituição da República de Moçambique as suas dimensões transfronteiriças e globais.
(CRM) estabelece, no seu Artigo 90, que “todo
o cidadão tem direito de viver num ambiente Como se depreende dos princípios acima
equilibrado e o dever de o defender”. Neste expostos, a actividade mineira artesanal deve
contexto e para a materialização desse dispositivo ser praticada em estreita observância desses
constitucional, a Lei do Ambiente, no seu Artigo 4, princípios, por forma a garantir, como fim último,
institui os princípios fundamentais que norteiam a boa qualidade de vida dos cidadãos, sem, no
a gestão ambiental em Moçambique. Princípios entanto, prejudicar o ambiente, devendo-se,
são um conjunto de normas ou padrões de por isso mesmo, privilegiar a gestão racional e
conduta a serem seguidos por uma pessoa ou sustentável dos recursos naturais.
instituição.
A exploração racional e sustentável dos recursos
Assim sendo, os principais princípios emanados naturais, no caso em concreto dos recursos
na Lei do Ambiente são: minerais, pressupõe a observância dos princípios
da precaução, da igualdade, da valorização das
a) A utilização e gestão racionais dos tradições e saber locais, da visão global e integral
componentes ambientais, com vista à do ambiente, da cooperação internacional e
promoção da melhoria da qualidade de sobretudo da responsabilização sobre os danos
vida dos cidadãos e à manutenção da causados ao ambiente.
biodiversidade e dos ecossistemas;
Para operacionalização desses princípios
b) O reconhecimento e valorização das emanados na Lei do Ambiente e permitir uma
tradições e do saber das comunidades correcta gestão do meio ambiente nas áreas
locais que contribuem para a conservação de mineração artesanal, foram elaborados
e preservação dos recursos naturais e do instrumentos específicos, mormente a Lei
ambiente; e Regulamento de Minas e o Regulamento
Ambiental para a actividade mineira, bem
c) A precaução, com base na qual a gestão do assim o Regulamento de Avaliação do Impacto
ambiente deve priorizar o estabelecimento Ambiental.
de sistemas de prevenção de actos lesivos
ao ambiente de modo a evitar a ocorrência de 3.2. LEI DE MINAS – LM (LEI Nº 20/2014 DE
impactos ambientais negativos significativos 18 DE AGOSTO) E REGULAMENTO DA LEI DE
ou irreversíveis, independentemente da MINAS – RLM (DECRETO Nº 31/2015 DE 31 DE
existência de certeza científica sobre a DEZEMBRO)
ocorrência de tais impactos;
É importante, antes de mais, referir que existe
d) A visão global e integrada do ambiente, um distanciamento temporal de mais de 15 anos
como um conjunto de ecossistemas entre a entrada em vigor da Lei do Ambiente
interdependentes, naturais e construídos, vigente (1997) e a legislação mineira vigente
que devem ser geridos de maneira a manter (Lei de Minas – 2014 e Regulamento da Lei de
o seu equilíbrio funcional sem exceder os Minas – 2015), sendo estes dois instrumentos
seus limites intrínsecos; legais relativamente recentes. Norteou a
elaboração destes instrumentos a necessidade
22 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
de adequar o incremento da actividade mineira A Lei de Minas contém um capítulo específico
ao desenvolvimento socioeconómico registado (Capítulo IX – Artigo 68 e seguintes) que se
na última década no País. debruça sobre a Gestão Ambiental da Actividade
Mineira, de tal forma que no Artigo 69 da mesma
Um aspecto inovador que esta lei faz referência, Lei, preconiza-se a classificação ambiental
no seu Artigo 45 e seguintes, é sobre a Mineração das actividades mineiras em categoria A, B
Artesanal e de Pequena Escala. Nesta perspectiva, e C, sendo as actividades mineiras realizadas
à luz dessa Lei e para o benefício directo das ao abrigo da senha mineira e de prospecção
comunidades, são designadas5 áreas para e pesquisa que não empreguem métodos
exploração mineira artesanal por parte das mecanizados de categoria C. Para o efeito, o
comunidades locais. Para tal, são atribuídas instrumento fundamental de gestão ambiental
senhas mineiras6 por um período de até cinco para a categoria C é o Programa de Gestão
anos, podendo ser prorrogado, sucessivamente, Ambiental (PGA).
por períodos iguais, de acordo com a vida
económica da mina. A senha mineira é O regulamento da Lei de Minas (Decreto n°
atribuída à pessoa nacional singular ou colectiva, 31/2015, de 32 de Dezembro) apresenta como
constituída entre nacionais com capacidade requisitos para o pedido de certificado mineiro
jurídica, técnica e financeira que lhe permite para a exploração mineira artesanal de
realizar as operações mineiras artesanais. pequena escala, a apresentação de uma série
de documentos, entre os quais uma Avaliação
Portanto, na perspectiva da gestão ambiental Técnica-Económica que inclua o Plano de
da mineração artesanal, segundo o Artigo 52 Exploração.
da Lei de Minas, é conferido titular da respetiva
área, entre outros, o direito de executar as O Plano de Exploração deve conter, entre outros
actividades de acordo com as boas práticas aspetos que concorrem para a gestão ambiental,
mineiras e sócio ambientais das operações os seguintes:
mineiras artesanais. Por outro lado, são
deveres do titular, entre outros, manter a área Descrição dos métodos de mineração;
e as operações mineiras observando a legislação
aplicável à segurança técnica e saúde bem Em caso de mineração subterrânea, descrição
como a legislação ambiental. das rochas de cobertura do depósito, declives
fixos e temporários das paredes da mina e
A mesma chama atenção para que a actividade terra superficial;
mineira seja exercida em conformidade com
as leis e regulamentos em vigor sobre o uso e Em caso de mineração a céu aberto, indicação
aproveitamento dos recursos minerais, bem como da localização da represa para decantação de
com as normas sobre protecção e preservação resíduos;
do ambiente, incluindo os aspectos sociais,
económicos e culturais. Descrição dos sistemas de abastecimento
de água, energia e materiais locais;
Desta forma, enfatiza a necessidade de actividade
mineira igualmente ser exercida observando o Descrição dos procedimentos de
que se intitula de “boas práticas mineiras”, a fim beneficiação e, onde for adequado, a
de assegurar a preservação da biodiversidade, tecnologia de processamento de minerais;
minimizar o desperdício e as perdas de recursos
naturais e protegê-los contra efeitos adversos ao Descrição das infraestruturas necessárias
ambiente. para a exploração mineira;
Medidas de protecção do meio ambiente,
restauração e reabilitação do terreno, bem
como propostas para a minimização dos efeitos
da exploração mineira no terreno e água
superficial localizada na área mineira, assim
5 Cf. Número 4 do Artigo 6 da Lei de Minas e anexo 7 do Regula-
como na área adjacente em conformidade com a
mento da Lei de Minas. legislação ambiental especifica.
6 Cf. Artigo 116 e seguintes do Regulamento da Lei de Minas.
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
23
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
Note-se que os requisitos constantes do Plano Programa de Encerramento da Mina7 .
de Exploração são destinados ao explorador Assim, o Programa de Encerramento da
mineiro que tenha o certificado mineiro, ou seja, Mina (PEM) são métodos e procedimentos
como referido anteriormente, pessoa nacional, levados a cabo na concepção, desenvolvimento,
singular ou colectiva com capacidade jurídica construção, operação e encerramento, com vista
e que prove possuir capacidade técnica e à desativação da mina, reabilitação e controle
financeira para realizar operações mineiras ambiental do presente e das zonas adjacentes
de pequena escala. O Plano de Exploração pela actividade mineira, incluindo os aspectos
pode contribuir de forma preventiva para a sociais, económicos e culturais. O Programa de
mitigação dos impactos ambientais, porque Encerramento da Mina deve contemplar todos
são requisitos que antecedem a realização da os aspectos, incluindo a recuperação das áreas
actividade. Assim sendo, uma orientação mais degradadas.
concreta é feita no Regulamento Ambiental para
a Actividade Mineira. Para o adequado encerramento da mina, deve-se
ter em conta:
3.3. REGULAMENTO AMBIENTAL PARA A
ACTIVIDADE MINEIRA – DECRETO Nº 26/2004 A mitigação ou eliminação dos danos
DE 20 DE AGOSTO ambientais;
A Lei de Minas chama a atenção para a necessidade A protecção da saúde e segurança da
de actividade mineira artesanal ser praticada em comunidade local;
conformidade com a legislação em vigor sobre
o uso e aproveitamento dos recursos naturais. Permitir o uso produtivo da terra que
O Regulamento Ambiental para a Actividade pressupõe o retorno desta à condição
Mineira, decreto nº 26/2004 de 20 de agosto, original ou a uma condição alternativa
tem como objeto o estabelecer normas para aceitável;
prevenção, controlo, mitigação, reabilitação
e compensação dos efeitos adversos da Propiciar benefícios sociais e económicos à
actividade mineira sobre o ambiente, com vista comunidade local.
a proporcionar o desenvolvimento sustentável.
Por outro lado, o Programa de Gestão
Este regulamento, como referido no ponto Ambiental recomenda que este englobe
anterior, no seu Artigo 10, faz menção ao igualmente, o Programa de Monitorização
Programa de Gestão Ambiental, que é a Ambiental8 (PMA) que é o conjunto de
documentação constituída pelo conjunto métodos e procedimentos para controlo dos
de métodos e procedimentos para atingir os objetivos e metas ambientais, incluindo os
objectivos e as metas ambientais, englobando aspectos sociais, económicos e culturais.
ainda o programa de monitorização ambiental e
o programa de encerramento da mina, incluindo O regulamento ambiental para a actividade
os aspectos sociais, económicos e culturais. mineira recomenda que o Programa de
Gestão Ambiental deve expor os métodos e os
Portanto, de forma simples e num sentido geral, procedimentos através dos quais o proponente
um Programa pode ser entendido como sendo a deve atingir os objetivos e as metas ambientais,
prévia declaração daquilo que se pondera fazer incluindo os aspectos sociais, económicos,
relativamente a alguma matéria, ou seja, refere- culturais e biofísicos, e consiste num Programa
se a algo que se planifica, com a intenção de de Monitorização Ambiental e num Programa de
executar mais tarde, tendo como objetivo, prever Encerramento da Mina.
uma situação com antecedência e informar os
restantes intervenientes sobre algo. Deve ser
planificado por uma pessoa ou equipa com
capacidade, geralmente um especialista no
assunto.
No caso específico, o Programa de Gestão 7 Cf. Número 2 do Artigo 10 do Regulamento Ambiental para a
Ambiental orienta que este deve englobar o Actividade Mineira.
8 Idem.
24 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
O Programa desenvolvido deve cobrir um Controlo da erosão, uso de métodos com
período mínimo de cinco (5) anos, findos os quais vista a minimizar a erosão e a sedimentação;
o mesmo deve ser atualizado e reapresentado
para a aprovação. Correcta gestão dos combustíveis e
matérias contaminados;
Portanto, o Programa de Gestão Ambiental
deverá estabelecer uma meta ambiental a atingir Correcto armazenamento de substâncias
durante a vigência da sua implementação. Assim, tóxicas: arrumadas de forma segura
meta ambiental será o requisito de desempenho ambientalmente;
pormenorizado, sempre que possível
quantificado, aplicável à organização ou a partes Proteger os poços e trincheiras: poços
desta, que decorre dos objetivos ambientais e adequadamente cercados e rodeados por
que deve ser estabelecido e concretizado de barreiras apropriadas, trincheiras ou galerias
modo a que sejam atingidos esses objetivos. enchidas e reabilitadas depois de cessadas as
suas funções;
Neste âmbito, por forma a minimizar os danos
ambientais e dos impactos socioeconómicos Controlo das poeiras;
negativos resultantes da actividade mineira de
nível 1, e que estas actividades sejam conduzidas Controlo dos ruídos;
com uso de métodos simples que evitem a Construção de depósitos de água para evitar
poluição do ar, do solo e das águas e que não a contaminação dos aquíferos subterrâneos;
afectem significativamente a flora e a fauna e
nem atentem contra a saúde humana existe Saneamento de latrinas e das águas
um Diploma Ministerial (nº 189/2006, de 14 de residuais;
dezembro) que orienta a prossecução deste
objetivo, designado Normas Básicas de Gestão Protecção da flora e fauna, evitando no
Ambiental. máximo a remoção de plantas e assegurando
a conservação das espécies da flora e fauna
3.4. NORMAS BÁSICAS DE GESTÃO locais para evitar qualquer destruição
AMBIENTAL – DIPLOMA MINISTERIAL Nº desnecessária.
189/2006
Portanto, as normas básicas de gestão
É nas Normas Básicas de Gestão Ambiental ambiental consubstanciam as boas práticas
onde estão definidas as metas ambientais ambientais, ou seja, é o mínimo a ser observado
a serem atingidas através da implementação em termos de medidas de gestão ambiental,
do Programa de Gestão Ambiental aplicável partindo do pressuposto de que todas as
à mineração artesanal, que se traduzem na actividades públicas ou privadas podem influir
capacidade de: nas componentes ambientais, directa ou
indirectamente.
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
25
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
Normas Básicas de Gestão Ambiental
Definidas Metas Ambientais Aplicável
à Mineração Artesanal
Controlo da erosão, uso de métodos com
vista a minimizar a erosão e a sedimentação; Controlo das poeiras;
Correta gestão dos combustíveis e matérias Controlo dos ruídos;
contaminados;
Contrução de depósitos de água para evitar a
Correto armazenamento de substâncias contaminação dos aquíferos subterrâneos;
tóxicas; arrumadas de forma segura
ambientalmente; Saneamento de latrinas e das águas residuais;
Proteger os poços e trincheiras; poços Proteção da flora e fauna, evitando no
adequadamente cercados e rodeados por máximo a remoção de plantas e assegurando a
barreiras apropriadas, trincheiras ou galerias conservação das espécies da flora e fauna locais
enchidas e reabilitadas depois de cessadas as para evitar qualquer destruição desnecessária;
suas funções.
Fonte: Elaboração própria, 2020.
3.5. COMPETÊNCIAS INSTITUCIONAIS NA GESTÃO DO AMBIENTE
A nível institucional, em matéria de mineração mineiras de nível 3;
artesanal, têm a responsabilidade de gestão
ambiental, em primeiro plano, o Ministério da Em coordenação com o ministério que
Terra e Ambiente e o Ministério dos Recursos superintende a área dos recursos minerais,
Minerais e Energia. Esta responsabilidade a nível proceder à quantificação dos danos
local é materializada pelas respetivas direcções e causados ao ambiente;
serviços provinciais e distritais (DPDTA, Serviços
Provinciais de Infraestrutura - SPI e SDAE). Verificar e assegurar o cumprimento das
medidas constantes dos Planos de Gestão
Em matéria de Avaliação do Impacto Ambiental Ambiental aprovados;
para a área mineira, compete de forma geral ao
Ministério que superintende a área do ambiente, Coordenar com o ministério que
e de forma específica a DPDTA: superintende a área dos recursos minerais
e restantes entidades públicas e privadas,
Coordenar acções para o cumprimento do as questões relacionadas com a preparação
estabelecido no Regulamento Ambiental e execução de políticas, acordos e outras
para a Actividade Mineira; acções relativas ao controlo ambiental das
actividades mineiras levadas a cabo em áreas
Rever e aprovar os programas e termos do património florestal, faunístico, geológico,
de referência para os Estudos do Impacto arqueológico e cultural do Pais;
Ambiental propostos para as actividades
26 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
Aprovar as directivas ambientais no áreas do património florestal, faunístico,
âmbito do presente regulamento; geológico, arqueológico e cultural do País;
Propor directivas ambientais no âmbito do
Aprovar o Plano de Gestão Ambiental Regulamento Ambiental para a Actividade
para todos os projectos classificados Mineira;
como actividades de nível 2, conforme o
especificado no Artigo 11 do Regulamento Assegurar o cumprimento das Directivas
Ambiental para a Actividade Mineira; e Normas Básicas de Gestão Ambiental
conforme o estabelecido no nª 2 do Artigo 5
Aprovar aspetos de gestão ambiental e do regulamento;
emitir a respetiva licença ambiental para
projetos de nível 3; Apreciar e recomendar a aprovação do
Plano de Gestão Ambiental para todos os
Em coordenação com a Ministério que projectos classificados como actividade de
superintende a área dos recursos minerais, nível 2, conforme o especificado no Artigo 11
tomar as medidas apropriadas para a do Regulamento;
protecção, restauração e melhoramento
do ambiente, de acordo com a Lei e o Emitir parecer sobre os aspetos de gestão
Regulamento Ambiental para Actividade ambiental dos projectos de nível 3;
Mineira;
Em coordenação com o ministério que
Emitir parecer sobre a classificação superintende a área ambiental, tomar as
ambiental das actividades mineiras, medidas apropriadas para a protecção,
sempre que se justifique. restauração e melhoramento do ambiente,
de acordo com a Lei e o Regulamento
Por outro lado e nesta sequência, compete de Ambiental para a Actividade Mineira;
forma geral ao Ministério que superintende a
área de recursos minerais e de forma específica Proceder a classificação ambiental das
à SPI: actividades mineiras.
Acompanhar o cumprimento do 3.6. AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL
estabelecido no Regulamento Ambiental NA MAPE
para a Actividade Mineira;
Em Moçambique todas as actividades públicas
Emitir parecer sobre os programas, os ou privadas que, directa ou indirectamente,
termos de referência dos Estudos do Impacto possam influir nas componentes ambientais
Ambiental; estão sujeitas à Avaliação do Impacto Ambiental
(AIA) e, para o efeito, existe um regulamento
Em coordenação com o Ministério que (Decreto nº 54/2015, de 31 de dezembro) que
superintende a área do ambiente, proceder estabelece as normas sobre o processo.
à qualificação e quantificação dos danos
causados ao ambiente; O regulamento define a Avaliação do Impacto
Ambiental como sendo um instrumento de
Em coordenação com o Ministério que gestão ambiental preventivo que consiste
superintende a área do ambiente, proceder na identificação e análise prévia, qualitativa e
ao controlo ambiental e assegurar o quantitativa, dos efeitos ambientais benéficos
cumprimento das medidas constantes dos e perniciosos de uma actividade proposta. O
Planos de Gestão Ambiental aprovados; regulamento da AIA categoriza as actividades
em quatro (4) níveis:
Coordenar com o Ministério que
superintende a área do ambiente, e Actividades de categoria A*: são acções que
restantes entidades públicas e privadas, as devido à sua complexidade, localização e/ou
questões relacionadas com a preparação irreversibilidade, e magnitude dos possíveis
e execução de políticas, acordos e outras impactos, merecem não só um elevado
acções relativas ao controlo ambiental das nível de vigilância social e ambiental; mas
actividades mineiras levadas a cabo em também, o envolvimento de especialistas
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
27
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
nos processos de AIA; desenvolvimento sustentável a longo prazo, são
definidos os seguintes três níveis de actividade
Actividades de categoria A: são acções mineira:
que afectam significativamente aos seres
vivos e áreas ambientalmente sensíveis, e os A actividade de nível I: são as operações
impactos são de maior duração, intensidade, mineiras de pequena escala levadas a
magnitude e significância. As actividades de cabo por indivíduos ou cooperativas, bem
categoria A* e A requerem um Estudo de como as actividades de reconhecimento,
Impacto Ambiental (EIA); prospecção e pesquisa que não envolvam
métodos mecanizados;
Actividades de categoria B: são acções
que não afectam significativamente seres A actividade de nível II: são operações
vivos nem áreas ambientalmente sensíveis mineiras em pedreiras ou actividades de
comparativamente às de Categoria A. As extracção e de exploração de outros recursos
actividades de categoria B requerem um minerais para a construção, actividades de
Estudo Ambiental Simplificado (EAS). prospecção, pesquisa e actividades mineiras
Contudo, o EIA e o EAS devem a ser realizados que envolvam equipamentos mecanizados,
por um consultor credenciado pelo Ministério bem como os projectos-piloto; e,
que tutela a área do ambiente; e,
A actividade de nível III: são operações
Actividades de categoria C: são acções mineiras não incluídas nas definições
que provocam impactos negativos anteriores e que envolvam métodos
negligenciáveis, insignificantes ou mínimos. mecanizados.
Para as actividades de categoria C deve ser
elaborado um Manual de Boas Práticas Para o exercício da actividade de nível II e
(MBP). III, o Regulamento orienta a elaboração do
Plano de Gestão Ambiental e do Termo de
Ainda à luz desse Regulamento, são definidas Responsabilização Ambiental para ter acesso
áreas que podem ser de influência directa ou a licença ambiental. Para a actividade de nível
indirecta dos impactos ambientais. Antes define I, é recomendado a observância das Normas
também o conceito de Área de Influência, como Básicas de Gestão Ambiental dentro do qual
sendo o espaço geográfico passível de alterações recomenda-se a elaboração do Manual de Boas
no seu meio físico, biótico e/ou socioeconómico, Práticas Ambientais.
derivadas dos impactos ambientais de uma
actividade decorrente da sua implantação e/ou Consideremos Boas Práticas Ambientais, as
operação. atitudes e formas de gestão que compõem um
código para orientação e redução dos efeitos
Área de Influência Directa: é a área sujeita negativos das actividades humanas sobre o
aos impactos directos da actividade, cuja ambiente. Adoptar um código de boas práticas
delimitação é em função das características ambientais significa empreender acções com
físicas, bióticas e socioeconómicas dos base em valores e princípios norteadores de
ecossistemas do campo e das características estratégias e práticas operacionais. Um modelo
da actividade; de gestão baseado em Boas Práticas Ambientais
na mineração artesanal tem, entre as suas
Área de Influência Indirecta: é a área actividades, algumas directrizes como:
sujeita aos impactos indirectos da actividade,
abrangendo os ecossistemas e os meios Combater a poluição dos rios e a extinção
físico, biótico e socioeconómico que podem de espécies;
sofrer impactos resultantes das alterações
ocorridas na área de influência do projecto. Combater todas as outras formas de
poluição (ar, água, solos);
Desta forma, e de acordo com o Regulamento
Ambiental para a Actividade Mineira, para Praticar a reciclagem no manejo de
regulamentar o uso e aproveitamento dos resíduos sólidos;
recursos minerais com a observância dos
padrões de qualidade ambiental e com vista a um Menor consumo de água (exemplo: desvio
28 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
de curso do rio, construção de cisterna, Tendo em conta aos últimos desenvolvimentos
tanques de lavagem de camada); verificados no planeta Terra, caracterizado
pelas mudanças climáticas e os seus impactos
Reduzir os impactos potenciais sobre a sobre o meio ambiente, é importante que no
biodiversidade, como a perda de espécies Manual de Boas Práticas Ambientais constem
raras e em extinção; igualmente acções estratégicas para fazer
face ao fenómeno a nível local, elaborando o
Usar a vegetação nativa para restabelecer a
documento complementar anexo ao manual,
vegetação da área explorada;
designado como Plano de Acção Comunitário
Controle da erosão. de Adaptação (PACA).
FIGURA 1. CATEGORIZAÇÃO DE ACTIVIDADES PARA O PROCESSO DE
LICENCIAMENTO AMBIENTAL EM MOÇAMBIQUE
Fonte: Apresentação – Assembleia Geral do MozDGM,
2020.
Podemos considerar ainda como boas práticas ambientais adversos, tratando-se de medidas
de recuperação de áreas degradadas aquelas tanto preventivas como corretivas, que
actividades economicamente viáveis e incluem a recuperação de áreas degradadas
capazes de evitar ou controlar impactos concomitantemente as actividades produtivas.
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
29
A realização da actividade de mineração artesanal e de pequena escala deve ser feita
RESUMINDO em consonância com os preceitos legais. A Constituição da República, a Lei - Mãe,
estabelece que todo o cidadão tem o direito de viver num ambiente equilibrado
e o dever de o defender. Este preceito constitucional pode ser materializado se for
observada a legislação ordinária, como a Lei do Ambiente, que estabelece os princípios
que devem nortear a gestão ambiental, como o princípio da precaução, da utilização e
gestão racionais dos componentes ambientais, de igualdade, de responsabilização, da
visão global e integrado do ambiente. Porém, estes princípios só podem ser alcançados,
entre outros, se forem efectivamente observadas as recomendações constantes da Lei
e Regulamento Ambiental, das Normas Básicas de Gestão Ambiental e do Regulamento
de Avaliação do Impacto Ambiental. No caso em concreto da mineração artesanal,
sendo uma actividade potencialmente causadora de danos ambientais, é importante
que no seu exercício, entre outras, sejam implementadas as boas práticas ambientais.
3.8. EXERCÍCIOS PRÁTICOS
1. O que entende por princípios de uma Lei?
TRABALHO EM GRUPOS
2. Enumerem e comentem os princípios emanados pela Lei do Ambiente.
3. Diferenciem o princípio da precaução do princípio da responsabilização.
4. O que entende por boas práticas ambientais? É possível aplicar as boas práticas
ambientais em nossa realidade e no contexto das comunidades? Quais são essas
práticas?
5. Em que consiste o Programa de Gestão Ambiental previsto no Regulamento
Ambiental para a Actividade Mineira? Quais são os elementos que a compõem e
os objetivos mais importantes?
6. Enumere na sua óptica, três das principais competências da DPDTA e do SPI
(antes DPREME) na gestão ambiental da actividade mineira.
7. Em que categoria enquadramos a actividade de mineração artesanal no processo
de Avaliação do Impacto Ambiental (AIA)?
8. Quais normas básicas de gestão ambiental conhece e avalie se são aplicáveis no
contexto mineiro da sua comunidade (associações ou cooperativas).
30 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
CAPÍTULO IV:
GESTÃO AMBIENTAL DE
ÁREAS DEGRADADAS PELA
MINERAÇÃO ARTESANAL
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
31
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
O quarto capítulo deste módulo aborda os Este programa de monitoria ambiental deve ser
mecanismos estabelecidos para a gestão composto por um conjunto de estudos técnicos
e recuperação das áreas degradadas pela que buscam monitorar (acompanhar) os efeitos
actividade mineira artesanal. Em concreto, faz dos potenciais impactos dos empreendimentos
menção à elaboração do Programa de Gestão mineiros sob os meios fiscos e bióticos,
Ambiental, a implementação e monitorização apresentando também medidas de controlo e
do mesmo e a preparação da comunidade para mitigação destes impactos.
a participar de forma organizada e efectiva no
processo de gestão e recuperação das áreas A monitoria sendo um processo regular e
degradadas pela mineração artesanal. rotineiro, deve incluir:
4.1. O PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL A avaliação sistemática: que pressupõe a
coleta de dados e informações através de
Como referido no capítulo anterior, o diferentes instrumentos de verificação para
Regulamento Ambiental para a Actividade saber se os objetivos foram atingidos ou não.
Mineira (Decreto 26/2004) orienta à elaboração Exige objetivos bem definidos e critérios
do Programa de Gestão Ambiental para as selecionados e claramente identificados; está
áreas de mineração artesanal. O Programa de direcionada para um processo ou situação
Gestão Ambiental é definido como sendo a específica e deve ter em conta o contexto,
documentação constituída pelo conjunto de pois a avaliação visa testar a eficácia de uma
métodos e procedimentos para atingir os acção concreta.
objetivos e as metas ambientais, englobando o
A realização de medições e observações
Programa de Monitorização Ambiental e o Plano
específicas a indicadores e parâmetros
de Encerramento da Mina, incluindo os aspectos
previamente estabelecidos para aferir a
sociais, económicos e culturais.
magnitude do impacto e propor medidas
corretivas.
Para que efectivamente o Programa de Gestão
Ambiental surta os efeitos desejados, ou seja,
recuperar as áreas degradadas pela mineração 4.2. ESTÁGIOS DE RECUPERAÇÃO DE
artesanal é fundamental, antes, seguir alguns ÁREAS DEGRADADAS PELA MINERAÇÃO
procedimentos. ARTESANAL
4.1.1. ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE O Programa de Recuperação de Áreas
ENCERRAMENTO DA MINA Degradadas deve ser empreendido para o uso
alternativo planeado, sustentável, aceitável e de
O primeiro procedimento a seguir é a elaboração acesso seguro das áreas de mineração. O processo
do Programa de Encerramento da Mina, que no pode seguir os passos sucessivos indicados na
caso, são métodos e procedimentos levados figura seguinte.
a cabo na concepção, desenvolvimento,
construção, operação e encerramento, com vista
à desativação da mina, reabilitação e controle
ambiental do presente e das zonas adjacentes
pela actividade mineira, incluindo os aspectos
sociais, económicos e culturais.
4.1.2. IMPLEMENTAÇÃO E MONITORIA
DO PROGRAMA DE MONITORIZAÇÃO
AMBIENTAL
Por outro lado, deve-se ter em conta o Programa
de Monitorização Ambiental, que é o conjunto
de métodos e procedimentos para controlo dos
objetivos e metas ambientais estabelecidas,
incluindo os aspectos sociais, económicos e
culturais.
32 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
FIGURA 1. ESTÁGIOS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS PELA MINERAÇÃO
ARTESANAL
NÍVEL DE NOVA NOVO
RECUPERAÇÃO SITUAÇÃO USO
DEGRADAÇÃO SEM USO
ABANDONO
REGENERAÇÃO VÁRIOS POSSÍVEIS
CONSERVAÇÃO
NOVO AMBIENTE
RECREATIVO
CONSERVAÇÃO
CONDIÇÕES RECREATIVO
MINA REABILITAÇÃO SIMILARES ÀS
ANTERIORES AGRÍCOLA OU FLORESTAL
URBANO
CONSERVAÇÃO Turístico
DO PATRIMÓNIO
INDUSTRIAL EDUCATIVO
RESTAURAÇÃO ESTABILIDADE VÁRIOS POSSÍVEIS
Fonte: Moura, 2015.
A recuperação de áreas degradadas pela para conservação ou recreação; ou a volta
mineração artesanal obedece determinados a condições similares às anteriores (pode
estágios. Uma vez terminado o seu tempo útil ser para conservação, recreação, agricultura
de vida, estas áreas devem ser devidamente ou floresta, urbana/habitações); e ou para
encerradas, dando lugar ao processo de conservação do património industrial
recuperação. Entretanto, a prática mostra que (turístico, educativo);
nem sempre este procedimento é estritamente
Em caso de restauração, a nova situação
obedecido, havendo casos de simples abandono.
será de estabilidade (para vários usos
possíveis).
Porém, independentemente do destino que se
deia – abandono, reabilitação ou restauração
– a mina ganha uma nova forma, ou seja, uma 4.3. A CONSERVAÇÃO AMBIENTAL SEGUNDO
nova situação e se pode dar um novo destino ou O REGULAMENTO AMBIENTAL PARA A
um novo uso, segundo o descreve o gráfico de ACTIVIDADE MINEIRA
acima:
No que concerne à conservação ambiental, o
Em caso de abandono, uma nova situação Regulamento Ambiental para a Actividade
ocorre - a degradação (sem nenhum uso) ou Mineira recomenda e obriga, entre outras que:
a recuperação (com vários usos possíveis);
Em relação a água – aquele que provocar
Em caso de reabilitação, uma nova situação
a contaminação ou degradação da água,
ocorre – um novo ambiente (pode ser usado
independentemente da sanção aplicável,
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
33
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
constitui-se na obrigação de reconstituir a Em relação a deposição de resíduos – o
situação que existiria se tal contaminação ou titular mineiro e o operador não poderão
degradação não se tivesse verificado; depositar no solo e no subsolo lixo ou
resíduos perigosos, bem como exercer
Em relação ao ar – o titular mineiro e o
actividades que acelerem a erosão, fora dos
operador tomarão precauções para limitar
limites estabelecidos por lei e pelos padrões
a emissão de poeiras para a atmosfera,
recomendados. Além disso, deverão tomar
utilizarão água ou adotarão outros métodos
medidas apropriadas para a deposição e
adequados para conter a poeira;
tratamento de resíduos, adoptando métodos
Em relação aos ruídos e vibrações – o adequados para conter os resíduos que
titular mineiro e o operador cumprirão possam contaminar o ambiente do local
com os padrões nacionais e internacionais onde sejam depositados.
recomendados sobre a emissão de ruídos e
vibrações;
FOTO 1. ÁREA RECUPERADA, OUTRORA DEGRADADA PELA MINERAÇÃO ARTESANAL
Fonte: Waihi Golg Mine, Nova Zelândia. Reabilitação progressiva de instalações de encostas durante a vida da mina.
Neste sentido, quanto à responsabilidade é através do estabelecimento dos comités
pelos danos ambientais, o Regulamento comunitários que são formas de organização das
Ambiental para a Actividade Mineira torna populações para permitir que as comunidades se
claro que os titulares mineiros ou operadores mobilizem na identificação e procura de soluções
serão responsáveis pelos danos que venham dos seus problemas, podendo encaminhar outras
a causar ao ambiente em resultado das preocupações às estruturas pertinentes do
operações mineiras. sector público. Os comités comunitários podem
ser constituídos para, entre outras actividades,
4.4. COMO ORGANIZAR A COMUNIDADE: realizar a gestão da terra e outros recursos
COMITÉ DE GESTÃO DE RECURSOS naturais, das escolas, dos postos de saúde e
NATURAIS (CGRN). outras instituições de natureza não lucrativa de
âmbito local.
Segundo o regulamento da Lei dos Órgãos
Locais do Estado (Lei nº 8/2003, de 19 de Maio), Para que as comunidades mineiras participem de
uma das formas de organização comunitária forma activa e efectiva no processo de recuperação
34 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
das áreas degradadas pela mineração artesanal devem ser recomendadas e incentivadas, pois
é importante que elas estejam informadas pode gerar compromissos e confiança nos
e organizadas. Um dos mecanismos formais resultados.
de organização comunitária estabelecidos
legalmente é o Comité de Gestão dos Recursos Uma outra figura importante a envolver no
Naturais (CGRN), dentro do qual, os membros processo de elaboração do Programa de
das associações e cooperativas mineiras podem Gestão Ambiental para a área mineira é o ou a
reforçar o seu papel e sua responsabilidade Paralegal. O/A Paralegal pode desempenhar
na gestão ambiental nas áreas mineiras. Os um papel fundamental no apoio e organização
membros das associações e cooperativas dos Comités de Gestão dos Recursos Naturais.
mineiras integrados no CGRN devem liderar o O/A paralegal tem a responsabilidade de auxiliar
processo de elaboração e implementação do ao Comité de Gestão dos Recursos Naturais na
Programa de Gestão Ambiental. concepção, implementação e monitoria do
Programa de Gestão Ambiental.
Os Comités de Gestão de Recursos Naturais
constituem uma pessoa colectiva de direito Sendo o/a Paralegal um cidadão geralmente
público, sem fins lucrativos, de carácter originário e residente na comunidade local e
humanitário, dotado de personalidade que, de um modo geral, trabalha com motivação
jurídica, autonomia administrativa, financeira e pessoal e de forma voluntária para dar suporte
patrimonial. Estes regem-se por princípios como jurídico básico aos membros das comunidades,
o respeito pelo meio ambiente e a defesa dos este tem, entre outras tarefas, colocar os
direitos e interesses de todos os membros da membros da comunidade em contacto com
comunidade sem descriminação de qualquer pessoas qualificadas para que estes recebam
natureza. orientação e apoio técnico especializado. Os
paralegais têm normalmente um compromisso
No caso, os membros das associações e com os problemas comunitários. Os paralegais
cooperativas mineiras integrados nos CGRN têm realizam intervenções básicas e diárias, como a
o objetivo e a missão de fazer valer todas as coleta de denúncias da comunidade, prestação
preocupações à volta da mineração artesanal, de assistência jurídica básica e divulgação de
principalmente no que concerne à gestão informações.
ambiental. Mas, de forma específica:
É importante que no processo de elaboração
Contribuir na elaboração e implementação do Programa de Gestão Ambiental para área
do Programa de Gestão Ambiental; mineira degradada se tenha em consideração,
não apenas o Plano de Encerramento da Mina e
Contribuir no desenho do Plano de
o Programa de Monitorização Ambiental que
Encerramento das Minas;
inclui os aspectos sociais, económicos e culturais,
Participar na monitoria (avaliação mas também aos desafios do momento, como é
sistemática) do Programa de Monitorização a incorporação das acções estratégicas para a
Ambiental. mitigação das mudanças climáticas, ou seja,
deve-se conceber para o nível comunitário, o
Plano de Acção Comunitário de Adaptação
Uma abordagem integrada para o encerramento
(PACA).
da mina deve incluir o planeamento ambiental,
económico e social, devendo envolver as
A nível comunitário, a elaboração destes
comunidades locais e outras partes interessadas
instrumentos deve ser de forma participativa,
e afectadas em todo o processo.
envolvendo o máximo possível os diferentes
intervenientes locais, ou seja, as partes
A monitorização ambiental contínua vai ser
directamente afectadas e interessadas, como
uma actividade-chave ao longo de todo o
as autoridades locais, os trabalhadores das
período de pós-encerramento, para garantir
minas, os Comités de Gestão dos Recursos
que as actividades envolvidas no encerramento
Naturais, paralegais, as escolas, as organizações
e no pós-encerramento atendam aos objetivos
da sociedade civil e toda comunidade. Deve-se
previamente estabelecidos. O envolvimento das
garantir a participação e envolvimento de todas
comunidades locais, organizações ambientais no
faixas etárias e ter em conta a igualdade de
acompanhamento do plano de encerramento
género.
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
35
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
A gestão ambiental das áreas degradadas pela mineração artesanal e de pequena
RESUMINDO escala, constitui o principal foco deste módulo II. Para que a gestão ambiental aconteça
em áreas degradadas pela mineração artesanal é importante que a comunidade esteja
melhor organizada para ter a capacidade de promover a elaboração do Programa
de Gestão Ambiental, bem como para ter a capacidade de monitorizar a sua
implementação e assim assegurar o desenvolvimento socioeconómico e ambiental
sustentável da sua comunidade.
O/A Líder Comunitário/a, em coordenação e juntamente com o/a Paralegal, devem
reforçar o trabalho e a responsabilidade dos Comités de Gestão dos Recursos
Naturais na protecção e conservação dos recursos naturais da sua comunidade. As
associações mineiras devem fazer parte dos Comités de Gestão dos Recursos Naturais
para fazerem valer as suas preocupações dentro desse grupo. Devem liderar o processo
de elaboração, implementação e monitorização do Programa de Gestão Ambiental.
4.6. EXERCÍCIOS PRÁTICOS
1. O que é um Programa de Gestão Ambiental? Quais são os elementos nele
TRABALHO EM GRUPOS
constantes?
2. Em que consiste a monitorização ambiental? Como a comunidade pode participar
na monitorização ambiental?
3. Quais são as medidas específicas para a recuperação das áreas degradadas?
4. Quais são os membros da comunidade que devem fazer parte do Comité de
Gestão dos Recursos Naturais?
5. Que responsabilidades cabem ao Comité de Gestão de Recursos Naturais na
gestão ambiental das áreas degradadas pela mineração artesanal?
6. Existirá na sua comunidade uma área mineira que precise de fazer uma gestão
ambiental adequada e contribuir para a conservação ambiental e saúde dos
mineiros e das suas famílias?
7. Que passos se podem dar para estabelecer um Programa de Gestão Ambiental e
garantir a sua efectiva implementação e monitoria?
8. Que intervenientes a nível local devem fazer parte do processo de elaboração do
Programa de Gestão Ambiental?
36 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
CAPÍTULO V: 3.
c) Eficiência técnica e económica.
AUTO-AVALIAÇÃO DO d) Todas as afirmações acima são válidas.
4.
MÓDULO II DE AMBIENTE e) Todas as afirmações acima são falsas.
5.
Para avaliar o meu grau de assimilação dos O Programa de Gestão Ambiental tem como
conteúdos do presente modulo II, vou responder objectivos:
às questões que me são colocadas, marcando um
(X) na opção correcta. 1.
a) Económicos, incluindo os aspectos
sociais e culturais.
CAPÍTULO I: PRINCIPAIS 2.
b) Sociais, incluindo os aspectos culturais
e ambientais.
CONCEITOS
c) Ambientais, incluindo os aspectos
3.
A Mineração Artesanal é caracterizada por ter: sociais, económicos e culturais.
d) Culturais, incluindo os aspectos sociais
4.
a) Rendimentos económicos modestos e
1. e económicos.
frequentemente praticada em moldes
clandestinos.
CAPÍTULO II:
b) Equipamentos simples e ferramentas
2.
rústicas. MINERAÇÃO
3.
c) Pouca ou nenhuma mecanização. ARTESANAL E DE
d) Todas as afirmações acima são válidas.
4.
PEQUENA ESCALA
Características da MAPE a nível Mundial:
e) Todas as afirmações acima são falsas.
5.
a) Trabalha na MAPE menos de 40 mil
1.
A Área Degradada pela Mineração Artesanal
pessoas, sendo a maioria homens.
apresenta:
b) Trabalha na MAPE mais de 40 milhões
2.
a) Nenhumas alterações adversas das
1.
de pessoas, sendo a maioria mulheres.
características naturais do ambiente.
c) Trabalha na MAPE menos de 40 mil
3.
b) Óptima qualidade ambiental.
2.
pessoas, sendo a maioria homens.
c) Alterações adversas das características
3.
d) Trabalha na MAPE cerca de 40 milhões
4.
naturais do ambiente.
de pessoas, sendo a maioria mulheres.
d) Sem nenhuma degradação ambiental.
4.
Designa-se indústria extractiva:
As Boas Práticas Mineiras têm como
a) Actividade de extracção mineira de
1.
características:
ouro e rubi apenas.
a) Práticas e procedimentos geralmente
1.
b) Actividade de extracção do petróleo e
2.
empregues na indústria mineira
gás apenas.
internacional por operadores diligentes.
c) Actividade de extracção de matérias
3.
b) Gestão prudente dos recursos,
2.
primas da natureza e pode de pequena
observando os aspectos de segurança,
ou grande escala.
prevenção e preservação sócio
ambiental.
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
37
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
4.
d) Actividade de extracção de matérias- 3.
c) Todo o cidadão tem direito de viver
primas da natureza e só pode ser de num ambiente equilibrado e o dever de
pequena escala. o defender.
Dificuldades para o desenvolvimento da d) Todas as afirmações acima são válidas.
4.
MAPE em Cabo Delgado:
e)
5. Todas as afirmações acima são falsas.
a)
1. Baixa produtividade devido ao uso de
técnicas ineficientes. f)
6. A Lei de Minas confere ao titular da área
mineira:
b) Uso mínimo de máquinas e tecnologia.
2.
g) Executar as actividades de acordo com
7.
c)
3. Carência ou pouco capital para o as más práticas mineiras e sociais.
investimento na actividade mineira.
h) Apenas executar as actividades
8.
d) Todas as afirmações acima são válidas.
4. de acordo com as boas práticas
económicas.
5.
e) Todas as afirmações acima são falsas.
i)
9. O direito de executar as actividades de
acordo com as boas práticas mineiras
e sócio ambientais das operações
CAPÍTULO III: mineiras artesanais.
LEGISLAÇÃO 10.
j) O direito de executar as actividades de
AMBIENTAL PARA acordo as más práticas económicas.
A MINERAÇÃO As Normas Básicas de Gestão Ambiental para
a mineração artesanal orientam para:
ARTESANAL
a)
1. Controlo da erosão e gestão dos
São princípios ambientais os seguintes: combustíveis e matérias contaminados
apenas.
a)
1. Utilização e gestão racionais dos
componentes ambientais. b) Correcto
2. armazenamento de
substâncias tóxicas e protecção de
b) Reconhecimento e valorização das
2. poços e trincheiras apenas.
tradições e do saber das comunidades
locais. c)
3. Controlo das poeiras, ruídos, construção
de depósitos de água, saneamento e
c)
3. Visão global e integrada do ambiente. protecção da flora e fauna apenas.
d) Responsabilização.
4. d) Todas as afirmações acima são válidas.
4.
5.
e) Todas as afirmações acima são correctas. e)
5. Todas as afirmações acima são falsas.
f)
6. Todas as afirmações acima são falsas.
A Constituição da República de Moçambique
estabelece que:
a)
1. Nenhum cidadão tem o direito de viver
num ambiente equilibrado.
b) Todo o cidadão tem o dever de defender
2.
o ambiente e de não se beneficiar do
mesmo.
38 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
CAPÍTULO IV: GESTÃO e) Todas as afirmações acima são falsas.
5.
AMBIENTAL DE Por forma a contribuir para a gestão das áreas
degradadas, os membros das associações e
ÁREAS DEGRADADAS cooperativas mineiras devem ser integrados:
PELA MINERAÇÃO a) No Comité de Gestão de Água – CGA.
1.
ARTESANAL b) No Comité de Gestão de Recursos
2.
Naturais – CGRN.
Elaboração do Programa de Gestão Ambiental:
c) No Comité de Co-Gestão de Pesca –
3.
a) Não contém análise técnica e científica
1. CCGP.
da actividade mineira.
d) No Conselho de Gestão Comunitária –
4.
2.
b) Contém análise técnica e científica da CGC.
actividade mineira.
c) Apenas contém análise económica da
3.
actividade mineira.
d) Não
4. contém nenhuma análise
socioeconómica da actividade mineira.
O Programa de Gestão Ambiental
engloba:
a) Apenas o Plano de Encerramento da
1.
Mina.
b) Apenas o
2. Plano Monitorização
Ambiental.
c) O Plano de Encerramento da Mina e a
3.
Monitorização Ambiental.
d) Todas as afirmações acima são válidas.
4.
e) Todas as afirmações acima são falsas.
5.
A monitoria do Programa de Gestão Ambiental
é:
a) O conjunto de métodos e procedimentos
1.
para controlo dos objetivos e metas
sociais estabelecidas.
b) O conjunto de métodos e procedimentos
2.
para controlo dos objetivos e metas
ambientais estabelecidas.
c) O conjunto de métodos e procedimentos
3.
para controlo dos objetivos e metas
económicas estabelecidas.
d) Todas as afirmações acima são válidas.
4.
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
39
CAPÍTULO VI: CONCLUINDO
A constituição do nosso país confere a todos
os cidadãos o direito de viver num ambiente
saudável e equilibrado, assim como o dever
de o defender. Para que este desiderato
constitucional seja concretizado é importante
que na actividade mineira artesanal também
sejam observadas as medidas de gestão
ambiental. Um dos instrumentos, legalmente
instituído, para a gestão ambiental em áreas de
mineração artesanal, e que deve ser observado,
é o Regulamento Ambiental para a Actividade
Mineira, dentro do qual consta o Programa de
Gestão Ambiental. É no Programa de Gestão
Ambiental que encontramos os métodos e
procedimentos para atingir os objetivos e as
metas ambientais estabelecidas, englobando
o Programa de Monitorização Ambiental e o
Plano de Encerramento da Mina, e incluindo os
aspectos sociais, económicos e culturais.
No essencial, fiquei a saber que a gestão ambiental
em áreas de mineração artesanal é, em primeiro
lugar, da responsabilidade dos seus praticantes,
os mineiros artesanais, pois todos temos o direito
de viver num local não poluído, nem degradado
(exigir água potável, ar limpo, solo conservado,
todas as formas de vida preservadas, incluído o
património genético) e o dever de contribuir para
a preservação do nosso meio ambiente (prevenir
e mitigar os danos ambientais).
Para que isso aconteça, são vivamente encorajados
os/as líderes e paralegais a fortalecerem o
Comité de Gestão dos Recursos Naturais na sua
comunidade, através da promoção de encontros
comunitários de debate de assuntos ambientais;
a ajudarem na elaboração e implementação do
Programa de Gestão Ambiental para as áreas
degradadas pela mineração artesanal, entre
outras actividades de conservação ambiental,
por forma a contribuir para o desenvolvimento
socioeconómico e sustentável das próprias
comunidades.
Deste modo, chegou o momento de pôr em
prática todos os conhecimentos adquiridos ao
longo deste Módulo II, participando em todos
os processos de gestão do meio ambiente na
minha comunidade, principalmente em áreas
degradadas pela mineração artesanal. Eu sou
o/a portador/a das mensagens aprendidas e
responsável pela difusão e implementação das
mesmas na minha comunidade!
40 GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Estudo de Base para Avaliação do Impactos Ambiente. Boletim da República. Maputo, 7
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Moçambique. Caso de Cabo Delgado.
13. Lei nº 20/2014, de 18 de Agosto, aprova a Lei
2. Diploma nº 189/2006, de 14 de Dezembro, de Minas. Boletim da República. Maputo, 18
aprova Normas Básicas de Gestão Ambiental de Agosto de 2014.
para a Actividade Mineira. Boletim da
República. Maputo 14 de Dezembro de 2006. 14. Regulamento da Lei nº 16/2014, de 20 de
Junho, alterado e republicado pela Lei nº
3. Constituição da República de Moçambique 5/2017, de 11 de Maio, Lei da Protecção,
(CRM, 2004). Conservação e Uso Sustentável da
Diversidade Biológica. Boletim da República.
4. Decreto nº 26/2004, de 20 de Agosto, aprova Maputo, 29 de Dezembro de 2017.
o Regulamento Ambiental para a Actividade
Mineira. Boletim da República. Maputo, 20 15. Regulamento da Lei n° 8/2003, de 19 de Maio,
de Agosto de 2004. Lei dos Órgãos Locais do Estado. Boletim da
República. Maputo, 10 de Junho de 2005.
5. Decreto nº 54/2015, de 31 de Dezembro,
aprova o Regulamento sobre o Processo de
Avaliação do Impacto Ambiental. Boletim
da República. Maputo, 31 de Dezembro de
2015.
6. Decreto nº 31/2015, de 31 de Dezembro,
aprova o Regulamento da Lei de minas.
Boletim da República. Maputo, 31 de
Dezembro de 2015.
7. Despacho nº 2/2015, 28 de Fevereiro de
2014, que reconhece como pessoa jurídica
o Comité de Gestão de Recursos Naturais de
Madjecuza. Boletim da República. Maputo,
18 de Março de 2014.
8. Dias, L. P., et al. (2016). O plano de fechamento
de mina: alternativas para reutilização da
área impactada. Florianópolis.
9. Garcia, J., Vigil, A. (2017). Curso de formação
em cuidados primários de saúde: a saúde um
direito humano básico e imprescindível.
10. Hanne, C. (2019). Aplicación de la Guía de
debida diligencia de la OCDE para empresas
comercializadoras de minerales en Colombia.
Xpress Estudio Gráfico y Digital S.A.S.
11. Lei nº 5/2017, de 11 de Maio, Protecção,
Conservação e Uso Sustentável da
Diversidade Biológica. Boletim da República.
Maputo, 11 de Maio de 2017.
GESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO ARTESANAL
41
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PROJECTO: MINERAÇÃO ARTESANAL, DIREITOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM CABO DELGADO
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