Instituto Tecnológico de Aeronáutica
Avaliação de danos sísmicos em túnel de montanha:
Um estudo de caso sobre o Túnel Tawarayama deivo ao terremoto de Kumamoto de 2016
GEO-31 APRESENTAÇÃO
Prof. Paulo Scarano Hemsi e Prof. Jose Antonio Schiavon
GRUPO 1: GUSTAVO VIDAL, ÍTALO RABELO E NATAN UCHOA
TURMA 27 - ENGENHARIA CIVIL AERONÁUTICA
Introdução
Importância da análise de danos sísmicos em túneis de montanha
Conceito tradicional: túneis de montanha como estruturas “naturalmente”
resistentes a sismos
Quebra desse paradigma com eventos como Kobe (1995), Chi-Chi (1999) e
Wenchuan (2008)
Terremoto de Kobe (1995) Terremoto de Chi-Chi (1999) Terremoto de Wenchuan (2008)
Japão Taiwan Província de Sichuan, China
12% dos túneis da área epicentral 26% dos 50 túneis a 25 km 76% dos 18 túneis severamente
severamente danificados severamente danificados e 22% danificados e 22% moderadamente
moderadamente danificados danificados
Objetivo do Estudo
Investigar e classificar os danos sísmicos do Túnel Tawarayama após o terremoto
de Kumamoto
Identificar os fatores influentes
Propor recomendações para projetos futuros de túneis
7 características comuns de danos de acordo com o tipo de dano estrutural:
1) Rachaduras no revestimento
2) Falha por cisalhamento do revestimento
3) Colapso causado por falha de talude
4) Rachaduras no portal
5) Vazamento
6) Deformação da parede
7) Dano invertido
Túnel Tawarayama, Japão
Localização do Túnel Twarayama e epicentro dos terremotos de Kumamoto.
Características do Túnel Tawarayama
Localização: 22,4 km do epicentro
Comprimento: 2057 m
Método de escavação: NATM (New Austrian Tunnelling Method)
Geologia predominante: Andesito denso e Andesito fraturado (rocha ígnea afanítica)
Classificações CII, DI, DII, DIII referem-se à
qualidade ou resistência geotécnica da rocha
Perfil geológico do
Túnel Tawarayama Seção transversal do
Túnel Tawarayama
O túnel atravessa 3 diferentes formações:
1) Holoceno Quaternário
2) Pleistoceno Quaternário
3) Plioceno Terciário
Perfil geológico do Túnel Tawarayama
Classificação dos solos
Comportamento na
Classe Tipo de material Descrição Suporte necessário
escavação
Sem estrutura rochosa, Muito instável. Colapsa Escavação com cuidado e
CII Solo ou Saprolito
pode ser argiloso com facilidade suporte pesado
Rocha ainda reconhecível, Concreto projetado,
Rocha muito Instável, com tendência a
DI mas muito alterada e com chumbadores, às vezes
fraturada/alterada se desagregar
fraturas forepoling
Estrutura rochosa ainda
Suporte moderado:
presente, mas com Pode manter estabilidade
DII Rocha fraturada moderada concreto projetado, telas
fraturas visíveis e por pouco tempo
metálicas
espaçadas
Rocha quase desagregada Forepoling, chumbadores,
Rocha pouco Altamente instável. Risco
DIII ou em blocos soltos, concreto projetado
resistente/fragmentada de desmoronamento
resistência muito baixa espesso
Método Construtivo - NATM (Novo Método Austríaco de Tunelamento)
1. Escavação em pequenos avanços
2. Monitoramento constante
Concreto Projetado
3. Suporte imediato e flexível
Forepoling
Espaçados em uma grade de 0,6 m x
1,0 m com comprimento de 3,0 m
Revestimento Primário
Concreto projetado
Técnica que consiste em lançar concreto a
alta velocidade sobre uma superfície para
criar uma camada de proteção e reforço.
Rockbolt
Parafusos de aço inseridos em rochas para
criar uma ancoragem e aumentar a
resistência da estrutura.
Revestimento Secundário
Seção transversal do
Concreto armado Túnel Tawarayama
Material de construção que combina
concreto com armações de aço para
aumentar a resistência estrutural.
Espessura de 0,30 m. Espessura do Distribuição dos
Rocha
concreto projetado parafusos de rocha
Características
10,20m de largura grade de 1,5 x 1,2 m e
7,97 m de altura CII 0,10 m
comprimento de 3 m
Sobrecarga máxima de
cerca de 300 m
grade de 1,2 x 1,0 m e
DI 0,15 m
comprimento de 4 m
grade de 1,2 x 1,0 m e
DII 0,20 m
comprimento de 4 m
grade de 1,2 x 1,0 m e
*Para DIII foi realizado forepoling, DIII* 0,25 m
comprimento de 4 m
especialmente nos portais.
O Terremoto de Kumamoto (2016)
Dois eventos principais: 6.5 Mj (14/04) e 7.3 Mj (16/04)
Acelerômetro registraram picos > 790 gal
Movimento horizontal predominante foi o mais destrutivo
Distribuição de aceleração de pico dos terremotos de Kumamoto no Japão Ondas de aceleração medidas no local de observação de Nakamatsu (16/04)
Ondas de aceleração componentes Onda de aceleração do
Tremor de 14 de abril de 2016 Tremor de 16 de abril de 2016
de NS, EW e UD componente NS, EW e UD do tempo
de 15 s até 30s
Aceleração máxima do solo medida em diferentes locais de observação induzida pelo abalo principal do terremoto de Kumamoto.
As ondas NS e EW representam os movimentos horizontais da superfície do solo, e a
onda UD representa o movimento vertical do solo
Os valores máximos das acelerações NS, EW e UD são 794,3 gal (cm/s2 ), 606,6 gal
(cm/s2 ) e 652,9 gal (cm/s2 ), respectivamente
Danos às fundações rochosas e edifícios causados pelo movimento horizontal são
muito mais severos do que aqueles causados pelo movimento vertical
Tipos de Danos Observados
Trincas no revestimento
Trincas anelares;
Longitudinais;
Transversais e;
Inclinadas
Danos em juntas de construção
Colapso e desplacamento do concreto
Danos no pavimento
Vazamentos de água subterrânea
Número e proporção de danos sísmicos no Túnel Tawarayama
causados pelo Terremoto de Kumamoto em 2016
Distribuição dos danos sísmicos causados ao Túnel
Tawarayama pelo terremoto de Kumamoto em 2016
Distribuição dos danos sísmicos causados ao Túnel Tawarayama pelo terremoto de Kumamoto em 2016
Trincas Anelares
Distribuição regular em ~23% do túnel
Espaçamento médio de 10m
Relação com camadas alternadas de Andesito denso e fraturado
Causa: deformações axiais induzidas por ondas sísmicas oblíquas
Danos com esse padrão
foram encontrados em
outros túneis
Trincas em anel transversais
e trincas em anel inclinadas
e seus esboços
3 tipos
Fissura singular na
abóbada da coroa
Fissura simétrica
Fissuras longitudinais e seus esboços Fissura assimétrica
Fissura circular do revestimento de concreto. Fissura circular nos vãos de S119 a S126
no Túnel Tawarayama; resultado do esboço e mapeamento da fissura circular.
Trincas em anel com deslocamento máximo de 8 mm foram as mais encontradas
Maioria das fissuras longitudinais ocorreu no portal (S001)
Comprimento de algumas fissuras longitudinais excedeu a dimensão do vão do
revestimento (10 m)
Fissuras assimétricas na parede lateral de S140, S184 e S188
Fissuras transversais perpendicularmente à direção do eixo do túnel e fissuras inclinadas de
40 a 70° em relação ao eixo do túnel, principalmente na ponte e nas paredes laterais
(cisalhamento por tração)
Algumas fissuras em anel se desenvolveram a partir da propagação e iteração de fissuras
transversais e inclinadas
Esboços dos danos sísmicos nos vãos do
Túnel Tawarayama
Mecanismo dos Danos
Trincas: causadas por tensão axial e flexão
Spalling/colapso: resultante da ovalização e
concentração de tensões
Pavimento: deformações por interação com solo
solto e proximidade do epicentro
Vazamentos: consequência de danos prévios e
presença de água
Quando a tensão axial ao longo da direção de extensão do túnel excede
a resistência correspondente do concreto de revestimento, fissuras,
especialmente fissuras anelares e transversais, podem se iniciar e se
desenvolver.
O movimento relativo entre os diferentes vãos do túnel ao longo do eixo
contribui para esses danos.
Em geral, ondas sísmicas paralelas ou que cruzam obliquamente o eixo
do túnel resultam em deformações axiais, como tensão axial,
compressão, flexão e deformação.
Modo e mecanismo de deformação axial de túneis de
montanha sob ação sísmica
Verificou que a onda perpendicular ou em ângulo de incidência de 45° em relação ao
eixo do túnel tem um efeito significativo na iniciação e propagação de fissuras
longitudinais pelo método de elementos finitos.
Existência de zona de falha e imperfeição de contato entre revestimento do túnel e a
rocha circundante pode agravar a deformação axial
Condições geológicas afetam significativamente a resposta sísmica dos túneis de
montanha
Desplacamento e colapso do revestimento de concreto
O desplacamento do revestimento de concreto na parede lateral frequentemente se
desenvolve junto com fissuras no revestimento, especialmente fissuras inclinadas.
Quando a onda sísmica se propaga normal ou quase normal ao eixo do
túnel, a forma da seção transversal do túnel seria distorcida, resultando
no desenvolvimento de deformação oval ou deformação por compressão
da seção transversal do túnel
Descobriu-se uma zona de desprendimento de rocha circundante ao redor do túnel. A
investigação revelou a presença de cascalho na camada de impermeabilização. A rocha
circundante solta e a cavidade existente atrás do revestimento influenciaram a
imperfeição do contato entre o revestimento do túnel e a rocha circundante, levando ao
desprendimento do revestimento de concreto e até ao colapso.
Mecanismo de deformação da seção
transversal de túneis de montanha sob
onda sísmica
Danos no pavimento: elevação e rachaduras principalmente no
portal do túnel
Classificados em 3 tipos:
Fratura transversal e deslocamento
Mantendo a elevação da estrada
Elevação invertida
O portal é escavado em uma formação
quaternária relativamente solta,
movimento pode ser amplificado na
seção do portal
Andesito denso e britado aparecem
Fratura transversal
alternados ao longo do túnel, podendo
com deslocamento
levar à fratura transversal e
deslocamento na interface entre rocha
macia e dura
Variação da seção transversal do túnel
ou as curvas geram variação de tensão
Mantendo a elevação no túnel, podendo causar danos ao
da estrada pavimento.
Vazamentos de água subterrâneas: 17 vazamentos contabilizados
Classificados em 2 tipos:
Vazamento na junta de construção
Vazamento no revestimento de concreto
Vazamentos podem ocorrer onde a
água subterrânea é abundante
Vazamento
Danos sísmicos ao revestimento de
na junta de concreto e ao pavimento são pré-
construção condições para danos de vazamento
Vazamento no
revestimento
de concreto
Fenômeno Especial
Trincas anelares com espaçamento regular
Possível efeito de ressonância entre sismo e litologia alternada
Esboço de fissuras em anel nos vãos
de S119 a S126 e espaçamento
Implicações para o design sísmico longitudinal de túneis estimado correspondente (i denota o
número de fissuras em anel).
Danos sísmicos à estrutura do túnel
normalmente ocorrem no solo mole ou na
interseção de diferentes tipos de rocha por
deslocamento relativo do solo ou compressão
do solo onde solos moles e duros se encontram
Andesito denso e andesito britado aparecem
em inclinação alternada com espaço entre 10
Espaçamento estimado de fissuras
circulares contínuas no Túnel Tawarayama. m e 20 m
Recomendações dos autores
Evitar portais próximos a encostas instáveis
Evitar cruzamento com zonas de falha ativa
Incluir sistemas de absorção longitudinal (ex.: estruturas
de amortecimento em anel)
Obrigado pela atenção!
Perguntas e Discussão